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@dewaneios_

semana dos poVos indígenas 2023 - 16 a 22 de aBril


Fotografia: Acervo ANMIGA
Revisão: Daniela Silva Huberty
Projeto gráfico e diagramação: Cristina Pozzobon
Ilustrações: Wanessa Ribeiro

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temática. Caso queira falar conosco, entre em contato pelo e-mail:
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Conselho de Missão entre Povos Indígenas - COMIN


Fone: 55 51 3590-1440

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B217mBaniwa, Braulina.
Mulheres : corpos-territórios indígenas em resistência!/Braulina Baniwa, Joziléia Kaingang,
Giovana Mandulão ; organização Kassiane Schwingel. – Porto Alegre : Fundação Luterana
de Diaconia : Conselho de Missão entre Povos Indígenas, 2023.

32 p.: il. ; 21 cm.


ISBN 978-85-93033-16-2

1.Mulheres indígenas- Brasil. 2. Diversidade. 3. Povos indígenas - Brasil - Direitos. 4.


Antirracismo. 5. Antimachismo. 6. Índios e violência.I. Kaingang, Joziléia. II. Mandulão,
Giovana. III. Schwingel, Kassiane. IV. Título.

CDU 396(=1.81-82)

(Bibliotecária responsável: Sabrina Leal Araujo – CRB 8/10213)


Braulina Baniwa
Joziléia Kaingang
Giovana Mandulão
Organização
Kassiane Schwingel

Fundação Luterana de Diaconia


Porto Alegre - RS
2023
A ANMIGA - Articulação Nacional zação das nossas próprias vidas.
das Mulheres Indígenas Guerreiras Queremos que, a partir deste
da Ancestralidade é um movimento material, profissionais da educação,
ancestral, tradicional e social, criado professoras e professores, educadoras
e constituído por mulheres indígenas e educadores sociais, consigam com-
dos seis biomas brasileiros, desde o bater os preconceitos sobre povos in-
chão da aldeia até o chão do mundo. dígenas em seus espaços de atuação,
O corpo-território das ancestralidades trabalhando para uma educação an-
está em rede de voz e falas potências tirracista. Destacamos que este é um
de ser as mulheres Biomas, porque texto pensado para docentes, como
somos terra, sementes, raiz, tronco, instrumento de formação, porém cada
galhos, folhas e frutos, mulheres pessoa pode adaptar o material ou par-
conectadas com o corpo da Terra. te dele para uso direto em sua sala de
Somos diversas, somos avós, mães, aula. Este material quer, não somente
irmãs, filhas e netas. Nós pelas que tematizar a presença e atuação de mu-
vieram antes de nós, nós por nós e lheres indígenas, mas, especialmente,
nós pelas que virão. ser a própria fala dessas mulheres a
Desse lugar, buscamos romper partir de seus biomas. Nossa invisibi-
com a lógica do racismo trazendo nos- lidade, embora tenhamos uma grande
sa voz e nosso olhar nos mais diversos contribuição na sociedade, é algo que
espaços. Evidenciando quem somos este material quer enfrentar.
nós, as mulheres indígenas, e como é Para as próprias mulheres indíge-
nossa atuação, queremos trazer tam- nas, queremos que seja um material
bém nossa ancestralidade, tão potente onde possam “se ver” e ver outras mu-
e diversa. Nós, que somos promotoras lheres de vários biomas. Ver “outras de
de saúde e vida, ocupamos o espaço nós” no espaço de voz e representação
deste material como estratégia de luta pode trazer outros pensamentos sobre
no enfrentamento ao racismo e valori- o papel das indígenas na luta por di-
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reitos. Como ANMIGA, queremos dar
visibilidade e reconhecimento para
mulheres que atuam de forma tão
intensa nos territórios, mesmo que te-
nha sido necessário fazer um recorte
limitado pelo tamanho do material. Joziléia Kaingang, Indígena
As mulheres presentes aqui são parte Kaingang, do bioma da Mata Atlântica,
do nosso coletivo, dessa grande rede membra co-fundadora da ANMIGA e
em que atuamos. Dar visibilidade a da ABIA, antropóloga indígena.
estas vozes é dar visibilidade a todo o
processo de construção que a ANMIGA
vem fazendo, que é fortalecer as redes
e vozes coletivas.

Nós, da ANMIGA, estamos orga-


nizadas a partir da compreensão do
corpo-território de:
Mulheres Terra, as co-fundado-
Giovana Mandulão, indígena do
ras da rede,
povo Macuxi/ Wapichana do estado
Mulheres Raízes, que estão no de Roraima. Especialista em saúde
chão do território, articulando a rede indígena, graduada em Nutrição.
para dentro das bases a partir de seus Colaboradora da APIB e da ANMIGA.
saberes e fazeres,
Mulheres Sementes, que arti-
culam e organizam nossas mobiliza-
ções nos estados,
Mulheres Água, que atuam nas
articulações e construções para além
do território brasileiro.

Somos terra, raízes, sementes e Braulina Baniwa, Indígena mulher


água, conectadas com nossa ancestra- do Bioma Amazônia. Indígena
lidade e atuando no tempo presente multiplicadora de saberes e Indígena
para a garantia da vida, não somente Antropóloge e co-fundadora da
por nós, mas por todas e todos. ANMIGA e ABIA.
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Quando pensamos no nosso corpo- contexto é de ensinar e aprender, de se
-território indígena, é necessária uma construir a partir das nossas ervas medi-
reflexão para além do que entende- cinais, para sermos fortes, inteligentes,
mos comumente sobre um corpo. Nós, com habilidades para fazer artesanato,
mulheres indígenas, nascemos em um tudo em construção. Nos construímos
lugar que se constrói a partir de um nesse corpo-território desde que somos
ambiente, de um bioma. Então, quan- criança, desde o nosso nascimento. En-
do falamos de corpo-território, estamos tão, quando pensamos o corpo-território
falando que nós carregamos heranças da mulher indígena, é com tudo que
ancestrais, que carregamos heranças a compõe e, principalmente, a partir
espirituais nos nossos corpos e, além dessa coletividade, nossas experiências
das heranças, carregamos a sabedoria conjuntas que vão dando suporte uma
coletiva dos nossos povos. para a outra.
Quando falamos de corpo-território, Um exemplo é o caso das mulheres
dizemos que, embora possamos estar Kaingang, onde as araucárias são lu-
em um outro lugar que não é mais o nos- gar de pertencimento, pois pertencem
so território dito tradicional, nosso bio- àquela árvore, assim como aquela árvo-
ma ou as nossas aldeias, carregamos no re pertence a elas. Há uma identificação
nosso corpo a marca da coletividade dos com os lugares em que está a floresta
nossos povos, a sabedoria das nossas das araucárias, mostrando que são
anciãs, a nossa ancestralidade e espiritu- corpos-territórios coletivos, que são for-
alidade. Quando nascemos, já fazemos madas a partir do lugar em que vivem,
parte de um coletivo, nascemos numa a partir do bioma em que estão. Esse
comunidade e é a partir dali que vamos reconhecimento mostra que podemos
nos formando. Com a sabedoria e o en- estar do outro lado do mundo e, mes-
sinamento das mais velhas e dos mais mo assim, sermos um corpo-território
velhos e fortalecendo a aprendizagem indígena/Kaingang, que vai estar com a
com as crianças, que também ensinam. ancestralidade, espiritualidade, história
Para os povos indígenas, todo esse e memória do lugar e do povo.

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É importante dizer que o corpo
reflorestarmentes: indígena é político e ele não está
trata-se de separado do território. Então, quan-
um grande do nós lutamos pela demarcação de
terras, estamos também lutando pela
cHamamento continuidade da nossa existência
que faZemos À enquanto o corpo indígena daquele
território. Quando o movimento das
Humanidade, na mulheres indígenas articula de forma
tentatiVa de mais sistemática os diálogos, fica evi-
proporcionar a dente que o nosso corpo também é
um território de conhecimento, carre-
todos os poVos do gado de ancestralidade, carregado de
mundo uma noVa uma educação indígena que traz essa
diversidade e especificidade das ciên-
forma possíVel de cias indígenas. Isso é pensado sempre
nos relacionarmos de forma coletiva, pois uma indígena
com a mÃe terra falar em sua língua, por exemplo, é
dar continuidade ao conhecimento
e tamBém entre milenar das ancestrais. Trazer o prota-
nÓs, seres que nela gonismo de voz das mulheres indíge-
ViVemos. nas não é só algo individual daquela
que está falando, é também diálogo
com vários corpos políticos e vários
territórios de vários biomas.
Estes corpos que são territórios e
estes territórios que são corpos não
podem ser dissociados. Por exemplo,
no próprio sistema de saúde indígena
há dificuldade, pois quando estamos
fora do território, vivendo no espaço
da cidade, somos consideradas “desal-
deadas”. O não reconhecimento pelo
Estado é uma violência, porque conti-

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nuamos sendo de nosso povo, com per- tância da representatividade no espaço
tencimento e conhecimento do povo, político, não só para mulheres, como
trazendo em nós a geração que tudo para os povos indígenas.
nos ensinou. Além de saber nossa his- O nosso direito de existir se soma
tória, sabemos também de onde somos na rede ANMIGA desde 2021. Nos so-
e para onde estamos indo. mamos às nossas ancestrais, com as
Os corpos-territórios são coletivos, nossas vozes e corpos coletivos, para
por isso, quando uma indígena está denunciar os contínuos ataques que es-
ocupando um espaço, junto com ela tamos sofrendo, diante de muitas vio-
está todo seu povo. Somos carregadas lências, silenciamentos e discriminação
do conhecimento de nossas avós e a de gênero, desde os primeiros contatos.
continuidade nessa geração. Corpo- Nossos corpos-territórios resistem a um
-território como corpo político coletivo processo sistemático de ataques desde
também quando estamos reunidas en- a invasão. Para além de denunciar, nós,
tre nós. Vamos aprendendo umas com mulheres indígenas, também anuncia-
as outras, para além do corpo-território mos esta nossa resistência, que se dá
que carregamos de nossos povos, fir- no fazer a proteção coletiva, no cuidar
mando nossa voz coletiva e ativa. Por- dos corpos-territórios, dialogando com
que nos entendemos como elos fortes a nossa educação indígena feita dentro
de uma grande rede, apesar de sermos das casas, até mesmo na hora do fazer
de povos diferentes. dormir das filhas e dos filhos, no prepa-
Historicamente, mulheres indí- ro do alimento das famílias. Falamos da
genas construíram trajetórias muito importância de reflorestarmentes,
importantes para o reconhecimento e desde nossos corações e mentes, nos
valorização deste papel que desenvol- cuidando para continuarmos existindo
vemos. Por isso, a necessidade de trazer como corpo-território de mulheres dos
a memória narrativa e colaboração di- seis biomas.
reta das indígenas, com nossas formas
de tecer a história dos povos indígenas
no Brasil no mobilizar e articular. Hoje,
estamos em todos os espaços somando
e convergindo no jeito de fazer coletivo
das mulheres. Coordenamos e falamos
para o público em geral sobre a impor-

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O corpo-território precisa ser ali- em perigo a segurança alimentar.
mentado para que consiga garantir a Também os efeitos socioeconômicos,
vida, nutrido para que se desenvolva resultados da pandemia da Covid-19,
e se mantenha saudável. Por isso, a agravam ainda mais o contexto de luta
segurança alimentar tem papel tão por segurança e soberania alimentar
importante para os povos indígenas e, das mulheres indígenas. Para além de
especialmente, para nós mulheres in- toda situação adversa, atravessamos
dígenas. Segundo a FAO - Organização um período difícil da conjuntura po-
das Nações Unidas para a Alimentação lítica brasileira, com perda de direitos
e a Agricultura, o maior desafio da se- que haviam sido conquistados, fazen-
gurança alimentar hoje é o acesso à do com que o país voltasse ao mapa
alimentação adequada e saudável, da fome. Diretamente afetadas, vimos
que seja dada de forma permanente e nossas comunidades, nossas filhas e
sustentável, como articulado pela Polí- nossos filhos enfrentarem, mais uma
tica Nacional de Segurança Alimentar e vez, um contexto de fome.
Nutricional do Brasil. Disponibilidade Para enfrentar a fome, usamos
dos alimentos, acesso aos mesmos e nosso modo de ser e produzir para
consumo adequado do ponto de vista garantir um corpo-território forte,
nutricional são os três pilares sobre os bem nutrido e alimentado. Embora
quais se assenta o conceito de seguran- tenhamos batido recorde na liberação
ça alimentar. de agrotóxicos no Brasil nos últimos
Embora esteja pactuada a inten- anos, seguimos fazendo nossos ro-
ção de promoção da segurança e so- çados e tentando produzir alimento
berania alimentar, temos enfrentado saudável. Lutamos para manter nossa
muitos desafios com as mudanças alimentação tradicional, pois sabemos
climáticas, a escassez de recursos hí- que é dela que o corpo-território busca
dricos e a degradação do solo, que são a nutrição para se manter.
algumas das ameaças que colocam Para além de nós, compreendemos

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que a segurança e soberania alimentar corpo-território, buscamos que seja res-
são direitos de todos os povos, pois não peitado o nosso modo de vida no que se
queremos alimento envenenado na mesa refere à qualidade de vida de cada povo.
de ninguém. De acordo com os dados da Sendo assim, a soberania alimentar é
pesquisa realizada pela Rede Brasileira de alimentar-se saudavelmente, de modo
Pesquisa em Soberania e Segurança Ali- sustentável, ou seja, que ocorra de for-
mentar e Nutricional e apresentados no ma a reduzir o adoecimento dos povos
2º Inquérito Nacional sobre Insegurança indígenas. Garantindo o que é de direito,
Alimentar no Contexto da Pandemia da sem causar danos ao meio ambiente.
Covid-19 no Brasil, em 2020 mais da Nós, mulheres indígenas, somos as
metade das pessoas viviam em estado de responsáveis pela determinação do que
insegurança alimentar no Brasil. será consumido nos lares, bem como a
Entretanto, não temos como ga- determinação dos produtos plantados.
rantir segurança alimentar sem ga- Nesse sentido, nós temos um papel im-
rantir os direitos que conquistamos portante na soberania alimentar indíge-
na Constituição Federal de 1988, no na. Culturalmente, em muitos povos, é
que diz respeito à terra, território e a mulher quem gerencia e determina
aos bens naturais que a constituem. essa parte da alimentação, que vai des-
Para garantir a soberania alimentar de a criação, a plantação até o preparo.
dos povos indígenas, é primordial que É evidente que há variações entre os
nossos direitos sejam respeitados e hábitos alimentares de cada povo, mu-
assegurados, principalmente no que dando assim a base da alimentação.
diz respeito à terra e ao território. Os Mas, quem determina o modo que vai
recursos naturais são a base da nossa ser plantado e a forma que será servido,
economia e segurança alimentar e são normalmente somos nós, as mulheres
fonte inegável da nossa identidade es- indígenas. Daí a importância de nos
piritual, cultural e social. fortalecermos, levando o conhecimento
E, nesse entendimento, a terra e o referente à nossa atuação quanto à valo-
território estão intimamente ligados ao rização do saber tradicional na produção
nosso corpo, que vive no adoecimento da autossuficiência, sustentabilidade e
devido aos impactos sofridos constan- autonomia das comunidades, de modo
temente. Quando lutamos pelo nosso a respeitar também a natureza.

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O primeiro ataque violento à nossa vítimas de outras violências na relação
existência foi a chegada dos não indí- com não indígenas, deixando evidente o
genas e das não indígenas dentro dos quanto não somos bem-vindas. Dos vá-
nossos territórios, não respeitando esse rios exemplos em espaços que podería-
espaço enquanto corpo de conhecimen- mos citar, destacamos as indígenas mães
to, de múltiplas práticas e vivências. O no espaço da universidade, que nos últi-
contato e invasão dos nossos territórios mos 10 anos se desafiaram a demarcar
é considerado por nós como um dos com seus corpos-territórios também o
maiores ataques violentos sofridos pelos espaço das universidades. Esta presença
nossos corpos-territórios. Portanto, des- resistência fez e faz a diferença, tanto que
de 1500 sofremos ataques sistemáticos. hoje podemos ver que algumas universi-
O contato com essa violência acon- dades e programas se reinventaram a partir
teceu sob diferentes formatos e pretex- do diálogo com as mulheres nos espaços.
tos, seja com a mentira de “salvação da São muitas situações violentas que atra-
alma” que nos discriminou de forma vessam as existências dos corpos-territórios
silenciosa, até deixar de falar as línguas das mulheres indígenas, muitas delas
indígenas nesse processo. Embora sem- vinculadas ao racismo e ao machismo. O
pre existiu resistência a essas violências, simples fato de não dominar a língua portu-
o enfrentamento com maior visibilida- guesa já é motivo para processos de exclu-
de acontece quando começamos a nos são e discriminação, a simples presença de
reunir na primeira e segunda Marcha nossos corpos em espaços diversos já nos
das Mulheres Indígenas, denunciando torna vítimas de olhares preconceituosos,
que o nosso corpo-território tem sofrido especialmente quando estamos com nos-
muitas violências. Desde a não demar- sas pinturas de jenipapo e urucum.
cação do nosso território, num proces- No enfrentamento à violência racis-
so que violenta nosso corpo e nossa ta, temos construído estratégias de visi-
existência, até o não acesso aos nossos bilidade para nossas presenças. Temos
alimentos. ocupado espaços na publicidade e nas
A partir da ocupação de outros espa- redes sociais, trazendo a diversidade de
ços pelos nossos corpos, fomos sendo povos no Brasil e mostrando nossos ros-

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tos, corpos, vozes. Pautamos o governo
emBora nÓs para que nossas línguas sejam reconhe-
tenHamos Hoje cidas como co-oficiais, bem como cons-
um acesso a truímos em diálogo e acompanhamos a
execução de políticas públicas.
uniVersidades A sexualização de nossos corpos-
atraVés de aÇÕes -territórios também é um processo
muito violento que vivenciamos, es-
afirmatiVas pecialmente quando os não indígenas
e políticas de nos assediam ou mesmo quando que-
lei de cotas, rem nos encaixar num mesmo padrão.
Dizemos que somos diversas, assim
na maioria como nossos corpos-territórios e nos-
dos casos nÃo sos biomas. Nossos corpos-territórios
não estão à disposição!
conseguimos Infelizmente, as violências não acon-
permanecer na tecem somente fora de nossas comuni-
uniVersidade dades. As realidades mostram cenários
de violências contras as indígenas, assim
deVido ao como outras mulheres não indígenas
racismo vivenciam em seus espaços e comunida-
estrutural. des. Nosso esforço, com destaque para
os 28 encontros realizados nos territórios
pela ANMIGA, tem sido de nos aproximar-
mos e entendermos as dores, umas das
outras. Temos falado das violências que
sofremos desde a infância até virarmos
anciãs. Mesmo na dor e nas lágrimas, nos
acolhemos e sonhamos com o bem viver
coletivo, sem violência.
Pautamos nossa atuação e nossas
vidas na construção de corpos-territórios
livres da violência, lugares seguros para
todas e todos. Queremos terra demarcada,

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rio sem garimpo, comidas sem agrotóxicos que comete uma violência precisa de
e ter corpos-territórios respeitados em sua um acompanhamento, precisa de uma
diversidade, sem assédio e sem violência formação, para além de responder pelo
doméstica. Esse grito é de todas nós! o que faz e sofrer as consequências.
Acolhemos nossas parentas quando Quando entendemos que precisamos
ouvimos umas às outras, comemos jun- na nossa comunidade de um conjunto
tas, cantamos juntas. Quando uma de harmônico, isso é, ter homens-mulheres-
nós é violentada, todas nós somos. Nos- -crianças-pessoas anciãs saudáveis, nós
sa percepção é coletiva, nos cuidamos entendemos que a violência naquele
em nossos grupos e também nas redes, lugar é um agente externo. Agente este
que têm sido um espaço estratégico para que prejudica e destrói, sendo mais um
estarmos, mas que também gera muitos fruto do violento processo de colonização.
ataques. Não aceitamos que nenhuma Para além da violência de gênero,
de nós seja atacada, pois com elas estão temos nos articulado em rede para o en-
sendo atacados nossos biomas. Quando frentamento de outras violências, com pa-
uma de nós morre, também morre um pel importante da comunicação. Quando
pouco de cada uma de nós. acontece algo em um território, como um
Para além do acolhimento, temos nos ataque de madeireiros ou a queima das ca-
articulado na busca por mecanismos no sas de reza, dentre várias outras situações de
sistema de justiça para enfrentar a violên- violência, nós rapidamente conversamos e
cia, mas também temos pensado em como somamos nas denúncias das situações.
educar os nossos filhos, como falar sobre as Nesse sentido, reforçamos o sentimento de
violências nas nossas comunidades para coletividade, de que ninguém está sozinha
que esse processo seja interrompido. Fala- ou sozinho. Por isso, adotamos de forma
mos sobre a violência porque a primeira tão veemente o termo “parente” entre nós,
coisa que precisamos para enfrentar o que algo que vai muito além de parentesco san-
vivemos, seja a violência externa ou seja guíneo, mas sim como parente indígena,
violência interna, é fazer com que os nossos um termo que reflete o cuidado entre nós.
homens da comunidade também abracem Temos certeza que nossa caminha-
com a gente esta luta. da por um corpo-território seguro, sem
Precisamos que os homens estejam violências, ainda apresentará muitos
lado a lado para enfrentar essa violência, desafios, mas é coletivamente e na nos-
pois uma mulher agredida é uma agres- sa ancestralidade que encontraremos
são ao território, ao povo. Um homem todos os caminhos para essa construção.

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Pensar o corpo-território indígena de dizer qual é o momento da vida e qual
como um espaço livre e saudável tem a é o momento da morte, a espiritualidade é
ver não somente com as dimensões físicas, feita da nossa ancestralidade.
mas também envolve a espiritualidade. Do A espiritualidade dos povos indígenas
mesmo modo, para os povos indígenas, perpassa todo o entendimento sobre a
a questão espiritual está ligada ao nosso vida, a comunidade e o território. Para mui-
corpo-território presente. Nós entendemos tos povos, se existe um mundo onde vive-
a espiritualidade como um todo. Enten- mos, que é o mundo deste plano, existem
demos a espiritualidade como as nossas também outros mundos que compõem
águas que correm nos nossos territórios, a cosmovisão indígena. Acreditamos que
entendemos a espiritualidade no território nós não estamos sós aqui, e também es-
que a gente vive, entendemos como parte tamos presentes em outros lugares que
que nos compõe enquanto seres humanos fazem parte do todo.
e feito também de seres não humanos. A partir dessa compreensão, vemos
Nós, mulheres indígenas, entendemos a medicina indígena e a espiritualidade
que nós só podemos ser quem somos a intimamente conectadas. Muitas vezes,
partir da compreensão do todo, a partir da a medicina ocidental não alcança a com-
compreensão da espiritualidade que está plexidade das doenças e curas indígenas,
presente no nosso canto, no nosso rezo, na justamente por promover o distancia-
batida do nosso maracá. Nós entendemos a mento das dimensões físicas e espirituais,
espiritualidade como este lugar dos nossos buscando fragmentar este corpo-território
espíritos também, que vêm para este mun- que, para nós, é um corpo único. Nossa
do e que estão neste mundo representados medicina indígena foi, ao longo do proces-
de diversas formas, seja nos animais, seja so histórico, atuando para a manutenção
nas plantas, seja nos nossos alimentos, seja de um corpo-território saudável e apren-
no nosso canto e na nossa dança. A espiritu- dendo a lidar com uma série de doenças
alidade que está em tudo, está para além de trazidas pelas pessoas invasoras, também
um discurso, ela está além de acreditar em em todas as dimensões.
um único ser superior que pode ter o direito Na linha de frente da medicina indí-

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saúde. Somos as remedieiras, somos quem
conhece cada remédio do mato, a partir da
sabedoria das gerações, da ancestralidade.
Nós aprendemos umas com as outras sobre
o que é importante, sobre qual alimento ou
chá vai reverter uma doença, qual é a mas-
sagem que deve ser feita numa criança ou
numa mulher. Tudo isso tem a ver com a
o termo mais espiritualidade e com o conhecimento an-
conHecido pelas cestral que carregamos e que é passado de
pessoas nÃo indígenas geração a geração.
Temos esse potencial, temos esse co-
para denominar uma nhecimento e sabemos o que fazer quando
lideranÇa espiritual há um adoecimento.Atuamos junto a outras
pessoas, como quando acompanhamos um
indígena é "pajé", porém caso que é para os pajés, por exemplo. Nos-
HÁ VÁrios nomes para sa sabedoria permite saber qual o melhor
definir essa pessoa, encaminhamento, reconhecendo quem
tem acesso ao mundo espiritual e levando
dependendo do poVo. até ele as crianças e as pessoas adultas quan-
tamBém HÁ Homens e do o remédio não dá conta de tratar aquele
adoecimento. Muitas vezes, é o pajé quem
mulHeres nessa funÇÃo, trabalha nesse campo espiritual e que vai
sempre com papel dar uma resposta para esse adoecimento,
muito importante nas mas, somos nós, indígenas mulheres, que
temos a sabedoria de manejar tanto o remé-
comunidades. dio quanto essa questão espiritual.
Outra questão que tem afetado o
gena, estamos nós, indígenas mulheres, corpo-território como lugar de saúde é a in-
que ocupamos um lugar das que têm a terferência de outras práticas religiosas que
sabedoria milenar para poder fazer os chás, adentraram nos territórios. Essa chegada
fazer a comida. Nossa medicina vem da nas nossas comunidades também trouxe
perspectiva do cuidado ao corpo adoecido, desrespeito com as nossas práticas de es-
mas também, antes, na manutenção da piritualidade dentro de nossas casas. A im-

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posição de igrejas cristãs, que muitas vezes numa tentativa de impor o cristianismo
se dizem “salvadoras de almas”, silenciaram como a religião a ser seguida, como o
nossas práticas, nossos conhecimentos. Ins- “melhor caminho” para nós. Trazemos
tituições religiosas que adentraram em nos- esse tema, através de nossas vozes, para
sos espaços com intuito de evangelização denunciar a violência desse processo que
acabam, muitas vezes, ferindo nosso corpo- tentou dizimar nossas práticas espirituais.
-território e nossa ancestralidade. Frente a essas violências,para além das
Essa violência religiosa se traduz no denúncias, temos tentado recuperar não
não reconhecimento das nossas práticas, só a terra que foi roubada, mas também a
promovendo o maior genocídio no que diz nossa existência em todas as dimensões.
respeito à nossa espiritualidade. Em alguns Continuamos semeando a nossa vida,
momentos, fomos inocentes nesses conta- pois entendemos que nós somos a cura
tos com outras religiões e, muito silencia- da Terra. Temos insistido na importância
das, acabamos praticando outras religiões de curar os nossos corpos-territórios indivi-
e deixando as nossas de lado. Em alguns dualmente, mas também coletivamente.
contextos, essa foi também uma estraté- Levantamos as nossas vozes para defen-
gia de sobrevivência, infelizmente. Porém, der a floresta, para defender os lagos, as
a partir do momento em que acessamos montanhas, as planícies, os desertos e os
nossos direitos, compreendemos que falas mares. Também para defender cada uma
como a “salvação à alma” são uma violência de nós e dizer que somos nós quem deci-
com as nossas práticas. Há, nesse sentido, dimos sobre os nossos corpos-territórios,
também um processo de valorização do sobre nossa espiritualidade. Construímos,
nosso conhecimento a partir da espirituali- no dia a dia, um mundo onde as nossas
dade que é praticada pelas mulheres. vidas importam, onde todas as vidas hu-
A intolerância religiosa tem sido uma manas e não humanas importam.
violência constante em muitos corpos-ter- Nós somos indígenas mulheres que
ritórios, como no caso do povo Guarani e partem do nosso conhecimento para ocu-
Kaiowá, que tem suas casas de reza ataca- par, com as nossas forças ancestrais, este
das e queimadas. Essas atitudes violentas lugar da cura da Terra. Nós temos mulheres
são fruto do imaginário construído sobre benzedeiras que, desde o pé no chão da al-
nossas espiritualidades pelas igrejas cris- deia e o pé no chão do mundo, promovem
tãs, tão distante de nossas práticas reais. vida. Seguiremos resistindo como semen-
Desde muito tempo, há um esforço de tes de cura para todas e todos e também
traduzir a bíblia para os povos indígenas, para este mundo que está doente.

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Cada povo tem suas especificidades gica ensinar-praticar para se desenvolver.
e, ao mesmo tempo, tem aproximações Existe, entre nós, uma reciprocidade
culturais. Na educação, percebemos muito grande, trocas de afetos não ver-
muitas características parecidas, como os balizados acontecem de forma constan-
cuidados umas com as outras, das mais te. As mulheres jovens cuidam das avós,
velhas, nossas avós, mães e tias, com as dando apoio e suporte na casa e na roça,
mais jovens. As indígenas, que carregam e estas, por sua vez, ensinam tudo o que
os saberes ancestrais, são as responsáveis aprenderam para as mais jovens, garan-
por nos alimentar e cuidar de toda a fa- tindo que aquele saber, ou saber-fazer,
mília. E, nesta ação de alimentar corpo possa contribuir na continuidade da vida.
e espírito, estão muitos cuidados, desde No processo da escolarização e na ten-
fazer a roça e plantar as sementes até o tativa de fazer a inserção da escola como
momento de colher e cozinhar o alimen- ferramenta do Estado para a dominação
to. Estas mulheres são responsáveis pelo dos povos, implementa-se a educação
cuidado com nossos corpos, preparando escolar. Esse agente externo teve papel
o corpo-território com chás, banhos de fundamental na tentativa de modificar
ervas, emplastos, benzimentos. Também as culturas indígenas, trazendo a língua
na educação sobre modos sociais de ser portuguesa brasileira, por exemplo, como
indígena, contando as histórias que tra- oficial e produzindo o apagamento ou infe-
zem narrativas de aprender com o hábito riorização das línguas indígenas. Assim foi
da escuta, do desenvolvimento da crian- com a alimentação, o modo de produção de
ça na interação do aprender fazendo as alimentos, o modo de vestir e deixar de usar
práticas cotidianas da casa/comunidade as pinturas e os artesanatos que enfeitam e
indígena. Entendemos que o cuidado é ritualizam os corpos e os territórios. A educa-
um processo educativo na vida indígena. ção escolar esteve neste lugar de opressora
Quando meninas, aprendemos nas brin- para nossos povos durante séculos, como
cadeiras a cuidar da outra e do outro, pra- arma, com propósito da destruição do nos-
ticando com as crianças pequenas, com so conhecimento, subalternizando nossa
os animais da casa. Essa é a ação pedagó- ciência e deslegitimando nossa pedagogia.

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Embora a força do Estado com a escola
entendemos a educaÇÃo tenha feito modificações intensas e subs-
como o todo que Vai tanciais nas culturas indígenas, houve e há
resistência, e isso reverbera no “amansar o
se constituindo no giz”, que Celia Xakriabá tem cunhado, de
corpo da comunidade tomada da escola, modificá-la para que
a partir das casas, do ela passe a pertencer aos povos e suas co-
munidades. As indígenas têm feito com a
territÓrio das aldeias, escola a gestação, parindo mais uma filha,
com as Brincadeiras, cuidando, “educando” e construindo a es-
com os artesanatos, na cola como espaço do corpo-território das
nossas terras indígenas.
roÇa, com o preparo da Ao construir histórias como contra-
terra, com o plantio, narrativas, com autonomia para contar a
própria versão, a presença indígena não
a colHeita, o preparo faz parte apenas de uma história passada,
do alimento. na casa de mas sim de uma história que está sendo
farinHa, assim como na tecida no presente, rumo ao futuro. Aman-
sar o giz é ressignificar a escola indígena,
casa de pimenta, se faZ refletindo sobre os desafios e a impor-
educaÇÃo. tância da educação territorializada. (Texto
Amansar o Giz – Celia Xakriabá, (https://
piseagrama.org/amansar-o-giz/)
Nós, indígenas, tivemos um confli-
to muito sério no campo da educação
quando ela tornou-se oficial. A educação
aos moldes da oficialidade é, dentro de
um sistema que é “para todas e todos”,
um sistema que é para indígenas e não
indígenas. E, infelizmente, esse modelo
silencia e invisibiliza as culturas dos po-
vos indígenas e de outras populações. Na
proposta da educação oficial, tem que ca-
ber a educação específica e diferenciada

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e aí percebemos que é um conflito muito
grande, porque é uma mudança de con-
ceito, de ideias e uma mudança do pró-
prio sistema da educação ocidental.
A educação indígena parte das nossas
a professora
sabedorias ancestrais e com pedagogias cHiquinHa paresi
que partem do fazer cuidado, do fazer co- tem defendido, em
munitário, que vai dar sustentabilidade
para a Educação Escolar Indígena, com a espaÇos, que a
nossa presença das indígenas, exercendo educaÇÃo escolar
o papel do cuidado com a nossa filha es-
cola. Ainda há uma longa caminhada para
para indígenas e a
desconstruirmos a valorização e a imposi- educaÇÃo escolar com
ção do Estado nas escolas indígenas, das indígenas sÃo duas
ciências e disciplinas não-indígenas fren-
te à ciência e pedagogia indígena, mas coisas completamente
seguimos nos fortalecendo na construção diferentes. a
de novos caminhos possíveis. educaÇÃo específica
É nesse contexto que muitas mulheres
indígenas, mães da escola e da Educação e diferenciada das
Escolar Indígena, têm atuado na formação escolas indígenas tem
de professoras e professores indígenas
que vão trabalhar na sala de aula, com
uma sustentaBilidade.
a proposta de atuar na educação escolar
no contexto do seu próprio povo, com a indígena, nos espaços ditos informais e
educação diferenciada. Com isso, buscam também em espaços formais. Nesse caso,
construir a compatibilidade entre a educa- é a mulher indígena que forma outras
ção escolar que está no mundo não indíge- educadoras e outros educadores, para
na e no nosso mundo indígena, trazendo a que não se rendam a outro modelo de
diversidade que temos no grande territó- educação “de fora”. São as indígenas que
rio dos povos do Brasil. mantêm a sustentabilidade da educação
Há o desafio, que nós estamos pro- indígena: os costumes, a cultura, a iden-
pondo, de promover este lugar das mu- tidade, as línguas e o todo que forma o
lheres indígenas que fazem educação corpo-território das e dos indígenas.

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Assim como os biomas formam protagonistas e multiplicadoras nos es-
este grande território, também é no paços de tomadas de decisão política,
coletivo que formamos o grande cor- buscamos fortalecer o papel de comba-
po-território indígena. Assim como as te à violência e as crescentes violações
árvores se comunicam e se fortalecem de direitos, praticadas diariamente con-
entre si por um bonito sistema de co- tra os povos indígenas do Brasil. Nesses
municação por suas raízes, também encontros, vivenciamos nossas culturas
nós, indígenas mulheres, estamos co- e, sob a perspectiva das mulheres, reco-
nectadas em rede. Rede que nos for- nhecemos, valorizamos e fortalecemos
talece e que precisa de encontro físico os modos de vida dos diversos povos
para nutrir-se. indígenas. Realizamos práticas de troca
Para isso, a ANMIGA se desafiou a e escuta por meio de oficinas e rodas de
promover encontros e reencontros das conversa, também como estratégia de
indígenas mulheres, promovendo uma aproximação e reflexão.
rede de articulação e trazendo mulheres Muitas reflexões foram e continu-
que participam de diversas frentes de am sendo feitas pela nossa rede, pelo
atuação, desde as suas comunidades/ nosso movimento. Uma delas diz res-
aldeias e associações, como professoras, peito à forma como nos identificamos:
anciãs, benzedeiras e lideranças que são mulheres indígenas ou indígenas
destaques a nível nacional, regional e mulheres? Para nós, o pertencimento
local. Realizamos 28 encontros em to- étnico define nosso lugar na socieda-
dos os biomas, envolvendo mulheres de antes mesmo da questão de gênero,
de mais de 200 povos. então o termo “indígenas mulheres”
A partir de cinco eixos principais, pode ser o mais adequado. Porém,
promovemos espaços de discussão, muitas construções já foram feitas
buscando fortalecer a participação qua- também com o termo “mulheres indí-
lificada das mulheres indígenas. Como genas”, dando grande visibilidade às

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nossas lutas. Seguiremos nessa e em ANMIGA nos territórios, e também
outras reflexões, para que cada mulher ajudarão as mulheres a ecoar suas
que compõe nosso corpo-território co- vozes. Em setembro de 2023, estare-
letivo sinta cada vez mais segurança mos reunidas em Brasília (DF) para a
sobre quem é, quem somos. realização da terceira Marcha das Mu-
Como forma de pensar a conti- lheres Indígenas. Lá, fortaleceremos
nuidade dos processos, em nossos ainda mais nossa rede, assim como
encontros foram escolhidas as mu- fazemos desde os nossos territórios.
lheres raízes e sementes para serem Repetiremos que nós somos a conti-
mobilizadoras e articuladoras. Elas nuidade ancestral e diremos sempre:
organizarão a vinda das mulheres e Nós pelas que nos antecederam, nós
serão porta-vozes das atividades da por nós e nós pelas que virão.

Foto: Edivan Guajajara

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Foto: Daniela Huberty

Foto: Oka Apyãwa

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Foto: Edivan Guajajara

Foto: Daniele Guajajara

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Você é professora ou educadora e quer
apoiar de forma mais direta a luta das
indígenas? Veja nossas dicas:

: Reconheça e valorize as populações indígenas que estão


nos territórios em que você vive;
: Traga as indígenas para a sua escola, promovendo rodas
de vivência e trocas interculturais;
: Acompanhe como o seu município está atendendo os
direitos indígenas;
: Siga as redes da ANMIGA para acompanhar as lutas e
propostas das indígenas.

www.anmiga.org

@anmigaorg
9 788593 033179

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