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II

 Há na religião algo de eterno destinado a sobrevivência a todos os


símbolos.
 Não pode haver sociedade que não sinta a necessidade de conservar e
reafirmar os sentimentos coletivos e as ideias coletivas.
 A restauração moral é obtida através de reuniões, assembleias,
congregações – onde os indivíduos reafirmam em comum seus
sentimentos.
 Hoje encontramos alguma dificuldade para imaginar como serão essas
cerimônias no futuro – pois não existem mais aquelas causas que
entusiasmavam os nossos pais/avós, e não provocam o mesmo ardor.
 O cristianismo recomendava, por exemplo, aos senhores, tratar
humanamente seus escravos; a proposta era que houvesse igualdade e
fraternidade humana, mas hoje isso deixa espaço para injustas
desigualdades.
 Não há clareza em como se portar diante dos humildes, pois se tornou
uma piedade platônica. (isto é, fala-se muito e pouco se age - *essa
parte não precisa escrever, é meu ver dessa parte*)
 Não há “renovação” de Deuses, os mais antigos envelhecem e morrem
– tornando ineficaz a tentativa de Comte de organizar uma religião com
velhas lembranças históricas. Ele entendeu que não se faz um culto
através de um passado morto e sem da própria vida.
 Chegará um dia que as sociedades conhecerão horas de efervescência
criadora, de onde surgirão novas fórmulas que servirão de guia para
humanidade; uma vez vividas, os homens sentirão a necessidade de
revivê-las de tempos em tempos; a fim de conservar sua lembrança por
meio de festas que revivifiquem regularmente seus frutos.
 A fé revolucionária durou pouco, pois as decepções e o desânimo
substituíram rapidamente o primeiro momento de entusiasmo.
 A religião é um sistema de ideias cujo objetivo é exprimir o mundo –
cada festa, os ritos, os cultos, as assembleias – cada uma tem sua
cosmologia.
 Existem dois elementos da vida religiosa – um está voltado para a ação
que ele solicita e regula; o outro para o pensamento que ele enriquece e
organiza.
 Quando se atribui ao pensamento religioso características específicas,
recusa-se a admitir que a religião possa um dia vir a perder seu papel
especulativo.
 A religião estudada até aqui comete aos símbolos empregados mais
desconcertantes para a razão – onde tudo parece misterioso. Aqui o
contraste entre a razão e a fé foi mais acentuado.
 As realidades em que se aplica a especulação religiosa são aquelas que
servirão como objetos para a reflexão dos pensadores: a natureza, o
homem e a sociedade.
 A religião se esforça por traduzir essas realidades em linguagem
inteligível que não difere à natureza, daquela empregada pela ciência.
 As noções essenciais da lógica científica são de origem religiosa.
 A ciência emprega em todos seus procedimentos um espírito crítico
ignorado pela religião; cerca de precauções para “evitar a precipitação e
a prevenção”, para manter à distância as paixões, os preconceitos e
todas as influências subjetivas.
 O pensamento científico é apenas uma forma mais perfeita do
pensamento religioso.
 A ciência tende a substituir a religião em tudo que diz respeito as
funções cognitivas e intelectuais, ideia de vida psíquica a ciência como
profanação.
 A ciência nega que a religião, é um princípio de fatos dados, uma
realidade.
 A ciência não poderia substituir a religião por ela exprime a vida, não a
cria, ela tenta explicar a fé.
 O que o cientista contesta na religião não é o direito de ser, é o de
dogmatizar sobre a natureza das coisas, a competência de conhecer o
homem e o mundo, sendo que ela não conhece nem a si própria, ela é o
objetivo da ciência, ela não pode impor leis à ciência.
 Entretanto, a religião não parece desaparecer, mas sim cada vez mais
se transformar.
 O culto, a fé, é algo de eterno na religião.
 Os homens não podem celebrar cerimoniais sem ver razão nestas, nem
acertar fé sem compreender. É preciso uma teoria, teoria essa que se
utiliza das ciências sociais, psicológicas, da natureza, mas isso não é
suficiente, porque a lei é um motivo para agir, e a ciência permanece
sempre à distância da ação; por isso a religião não pode dispensar a
especulação.
 Mesmo atribuindo-se o direito de superar a ciência, deve começar por
conhecê-la e por se inspirar nela. Não se pode afirmar nada do que ela
nega, negar nada do que ela afirma, não se pode estabelecer nada que
não se apoie direta ou indiretamente sobre princípios que se lhe tomam
emprestados.
III
 Todo sistema de crenças é caracterizado por um número de
representações fundamentais e de atitudes rituais que em todas as
partes têm a mesma significação objetiva e em todas as partes
preenchem as mesmas funções. Ou seja, toda religião, independente do
grau de complexidade, tem características profundamente similares, o
privilégio das religiões denominadas primitivas é que estas ainda têm
visível o cunho de suas origens, o fato religioso desta pode ser
identificado.
 O pensamento religioso originou as noções fundamentais do
pensamento, também chamadas de categorias do entendimento. Estas
são entendidas como a base de nossos julgamentos e são, por exemplo:
noções de tempo e espaço, de gênero, número, causa, substância,
personalidade etc.
 As categorias para uns não podem ser derivadas da experiência: elas
são logicamente anteriores e a condicionam. Para outros, ao contrário,
elas seriam construídas, feitas de peças e pedaços. Elas não são algo
inerente ao espírito humano, mas que, mesmo sendo construídas
socialmente, tem poder de coerção sobre as ações humanas e pode se
caracterizar como um fato social: a teoria do conhecimento parece,
portanto, chamada a reunir as vantagens contrárias das duas teorias
rivais sem ter seus inconvenientes.
 A ciência tende a substituir a religião em tudo que diz respeito as
funções cognitivas
 A conclusão geral é que a religião é uma coisa eminentemente social.
As representações religiosas são representações coletivas que
exprimem realidades coletivas.; sendo assim as categorias, que
derivam, diretamente, do pensamento religioso, são também coisas
sociais.

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