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Fichamento n.

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Fichamento do texto “Da família medieval à
família moderna” de Ariès

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”


Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara
Curso de Pedagogia
Resumo
Na família medieval o serviço doméstico se confundia com a aprendizagem em
uma forma bem comum de educação. Através do serviço doméstico que se transmitia
conhecimentos a uma criança, sendo ela de diferente família, costume o qual se tinha na
época.

Já na Idade Moderna inicia-se o processo de escolarização, onde a escola deixa de


ser reservada aos clérigos e passa a consolidar-se como instrumento normal de iniciação
social da passagem do estado de infância ao adulto. Essa medida também serviu para isolar os
jovens das sujeiras do mundo dos adultos, crescendo assim o sentimento de infância e a
participação da família na vida da criança, tornando-a o centro.

O sentimento de família na Idade Moderna, não se desenvolve quando a casa está


muito aberta para o exterior, ele exige segredo. Quanto mais o homem vive na rua, mais
monopoliza seu tempo e menor é o lugar da família em sua sensibilidade.

Havia quem defendesse o antigo método de aprendizagem da Idade Média, indo a


favor de suas características que mergulhavam as crianças diretas na sociedade, na qual a
própria às preparavam, inexistindo separações por idades.

A reorganização e a criação de uma nova noção de família, a reduziu e


transformou-a, não mais eram presentes os criados, clientes e amigos, ela seria composta
apenas por pai, mãe e filhos.

Junto com essa nova organização da família veio os direitos dos não
primogênitos, onde na Idade Moderna nasce o sentimento de preocupação pela a igualdade de
todos os filhos em relação aos recursos de seus pais.

A principal característica da família moderna em relação aos filhos, certamente foi


tornar a criança peça indispensável da vida quotidiana da família, diferenciando-se assim dos
antigos costumes da família medieval. Com essa nova característica, os pais passaram a se
preocupar mais em relação a educação, a carreira e o futuro de seus filhos.
Citações diretas

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o


sentimento da infância não existia – o que não quer dizer que as crianças
fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da
infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não
existia. (Ariès, 1973, p. 156)

Essa especialização do traje das crianças, e sobretudo dos


meninos pequenos, numa sociedade em que as formas exteriores e ultraje
tinham uma importância muito grande, é uma prova da mudança ocorrida na
atitude com relação às crianças. (Ariès, 1973, p. 157)

Um novo sentimento da infância havia surgido, em que a


criança, por sua ingenuidade, gentileza e graça, se tornava uma fonte de
distração e relaxamento para o adulto, um sentimento que poderíamos
chamar de “paparicação”. Originalmente, esse sentimento pertencera às
mulheres, encarregadas de cuidar das crianças – mães ou amas. (Ariès, 1973,
p. 158)

O primeiro sentimento da infância – caracterizada pela


“paparicação” – surgiu no meio familiar, na companhia de criancinhas
pequenas. O segundo, ao contrário, proveio de uma fonte exterior à família:
dos eclesiásticos ou dos homens da lei, raros até o século XVI e de um maior
número de moralistas do século XVII, preocupados com a disciplina e a
racionalidade dos costumes. (Ariès, 1973, p. 163)
Comentário

As famílias na idade média diferenciam-se muito das famílias modernas,


principalmente no que se refere às atitudes em relação às suas crianças; essas eram mantidas
em casa até os sete ou nove anos, a partir daí, eram entregues a outra família, na condição de
aprendizes, para realizarem serviços domésticos.

Acreditava-se que era por intermédio dessas tarefas, que haveria a obtenção de
conhecimento, experiência e valores humanos para a vida em sociedade. Dessa forma, as
crianças passavam um intenso tempo longe de suas casas, o que não permitia um sentimento
de afeição entre pais e filhos, dispondo a família como papel moral e social.

A partir do século XV, com a apropriação da educação das crianças pela escola,
surge uma mudança significativa nas famílias. Mesmo que havia um afastamento das crianças
para ingressarem nas escolas, esse afastamento não possuía as mesmas características da
época que iam viver com outras famílias, como mencionado anteriormente.

Ao fim do século XVII, a volta das crianças aos seus lares, foi um dos fatores que
contribuíram para um novo arranjo familiar, pois nesse contexto surgira uma grande
preocupação com a educação e carreira de tais, tornando-as figuras centrais da família.
Referência bibliográfica
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Tradução Dora
Flanksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2005. (2- Da Família Medieval à Família Moderna,
p. 154-189).

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