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TRADICIONAIS DA INFÂNCIA
MÓDULO I: O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DE TODOS
2020
RESGATANDO BRINCADEIRAS TRADICIONAIS DA INFÂNCIA
OBJETIVOS DO CURSO
• Problematizar e incluir no discurso da importância sobre o brincar todas as pessoas
que estão na escola, tendo em vista que o brincar é mais que uma ferramenta de
aprendizado, é um eixo estruturante do currículo.
• Discutir sobre as culturas das infâncias a fim de compreender a dimensão estrutu-
rante do brincar no currículo.
• Dialogar sobre as contribuições culturais, sociais, afetivas e cognitivas dos jogos e
brincadeiras nos processos de desenvolvimento e aprendizagem nas diferentes fa-
ses e ciclos de aprendizagem.
• Compartilhar o repertório de jogos e brincadeiras, seus objetivos, estruturas e as
possibilidades de aplicação no contexto escolar.
• Resgatar jogos e brincadeiras tradicionais.
CONTEÚDO DO MÓDULO
Módulo I – 23/03 a 29/03 - O brincar no desenvolvimento de todos
• Diferentes infâncias, diferentes brincar.
• Retomando os teóricos Piaget, Vygotsky, Wallon sob a luz da contemporaneidade.
• O saber da experiência que configura o brincar.
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INTRODUÇÃO AO CURSO
Caros participantes,
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PARA REFLETIR
Vamos pensar: O que é uma criança? Do que ela precisa para viver e se desenvolver?
Qual o lugar dela na família e na sociedade? Será que a criança sempre foi vista da mes-
ma maneira?
A infância nem sempre teve a importância e a visibilidade que tem atualmente, e entender
a forma com esse tema era considerado em outros tempos é de extrema importância para
entendermos o modo como pensamos sobre a criança hoje. Compreender a concepção de
criança através dos tempos também nos ajudará não só a entender a valorização que o
brincar ganhou nos discursos que perduram até hoje, como também ter um panorama do
espaço que essa prática ocupou no decorrer dos séculos.
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Famílias camponesas
Além das famílias aristocráticas existiam as
famílias camponesas que viviam em aldei-
as e vilas onde tudo era comunitário: o la-
zer, as comemorações, os eventos e qual-
quer acontecimento significativo. Da mes-
ma forma como nos castelos, onde viviam
as famílias aristocráticas, não havia valori-
zação da privacidade: as crianças assistiam aos atos sexuais dos pais, pois as casas eram peque-
nas e isso era considerado natural. Os laços afetivos dos filhos não estavam restritos aos geni-
tores. Tomar conta dos filhos era algo compartilhado entre parentes, em especial moças soltei-
ras e idosos, já que essa tarefa não era algo central na vida dos pais e nem tão carregada de
afetos. Havia alta taxa de mortalidade infantil, relacionada a hábitos pouco higiênicos e subali-
mentação. Amamentar era considerado um incômodo e uma perda de tempo. Os bebês eram
enfaixados para que não se movimentassem de forma a atrapalhar o trabalho dos adultos. As
crianças costumavam ficar sozinhas em casa desde a tenra idade ou eram deixadas com amas-
de-leite, quando havia recursos para isso. Mães muito pobres expulsavam seus filhos da casa e,
assim, ficavam livres para o trabalho fundamental ao seu sustento.
A educação ocorria principalmente entre os 7 e os 10
anos na casa de uma família que não a de origem. As crian-
ças circulavam de forma relativamente livre pelo espaço e
aprendiam a depender mais da comunidade do que dos
pais. A função da transmissão de conhecimento, fiscalizada
pelo coletivo, era a de manter a tradição da aldeia, sendo
que a aprovação e a desaprovação eram relativas às regras comuns e à submissão hierárquica.
Quando isso era descumprido, os castigos eram em sua maioria físicos.
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Século XVIII
Somente a partir do século XVIII as mães passaram a ser vistas como “cuidadoras” dos fi-
lhos, substituindo as amas de leite. Estas foram acusadas de promulgar os maus hábitos e falta
de saúde nas crianças. Assim, a noção de higiene e cuidados com as crianças passam a ser cen-
tral. Surge a noção de “amor materno”.
Século XIX
Famílias burguesas
Diferente das famílias do Antigo Regime, a família burguesa vivia num contexto urbano,
regido pela produtividade e competitividade. Neste
contexto os lares eram locais protetores, santuários.
As crianças passaram a ganhar uma maior importân-
cia social. Vistas como futuras forças produtivas, era
preciso prepará-las desde cedo para assumirem
posteriormente esse papel. Assim, eram treinadas a
José Ferraz de Almeida Júnior
Cena de Família de Adolfo Augusto Pinto—1891 respeitar regras e amar seus superiores.
Era esperado que a criança, desde muito cedo - mais cedo do que suas capacidades
permitiam - aprendesse a controlar seu corpo, mantendo-o limpo e impedindo manifestações
de agressividade ou de sexualidade. A expectativa em relação aos pequenos era de obediência
aos adultos. Qualquer expressão inadequada era vista como ingratidão e maldade, fazendo
com que a criança se sentisse extremamente culpada e temesse a perda do amor dos pais, ou
seja, daqueles que eram praticamente seus únicos vínculos.
Famílias operárias
As crianças da classe operária foram aquelas nasci-
das originalmente em famílias camponesas que passa-
ram a habitar os polos urbanos. Desde muito novas, já
trabalhavam em moinhos e minas ou nas próprias fábri-
cas, às vezes junto com os pais.
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Século XX e XXI
Família moderna
Chegamos aos dias de hoje. Será que sofremos influências do mo-
do como as crianças foram consideradas nestas diferentes épocas?
Atualmente a infância é pensada de formas muito variadas. Alguns
acreditam que as crianças são seres inocentes e puros; outros a
consideram travessas e indomáveis. Há ainda aqueles que acredi-
tam que as crianças nada sabem do mundo e precisam ser preen-
chidas de conhecimento; enquanto que, para outros, as crianças já trazem sobre o mundo de-
terminadas competências e ideias que vão se transformando à medida que ela aprende e expe-
rimenta. Todas essas perspectivas sobre a infância se formaram com alguma influência do que
foi historicamente pensado e vivido sobre esse tema. Por isso, consideramos importante trazer
essa breve perspectiva histórica do olhar sobre a criança nas sociedades de cada época. Olhar
para trás nos faz entender melhor o presente, não é mesmo?
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A Invenção da Infância
Este documentário, realizado em 2000, aborda as diferentes visões da infância em si-
tuações sociais distintas. Utilizando-se da frase proferida ao final do vídeo: “ser criança
não significa ter infância”, o filme convoca a uma reflexão relevante sobre o que é ser
criança no mundo contemporâneo. Assinala, porém, que assegurar o direito à infância
não significa garantir o direito a viver a infância, seja pela exclusão social promovida
pela exploração do trabalho infantil ou pela exposição às rotinas exaustivas do mundo
adulto. O documentário auxilia, ainda, na reflexão sobre o que é ser criança nos dias
atuais, mostrando realidades de infâncias expostas às violações dos direitos huma-
nos.
Produção: M. Schmiedt - Ministério da Cultura/Governo Federal
Idioma: Português
Palavras-chave: Direitos da criança. Inclusão. Infância. Ser criança. Trabalho.
Duração: 25min56s
https://vimeo.com/64661145
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PARA REFLETIR
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VOCÊ SABIA?
Assistam aos dois vídeos abaixo no site do Território do Brincar, uma óti-
ma referência sobre o tema do nosso curso: o brincar.
https://territoriodobrincar.com.br/videos/memorias-do-sr-adao/
https://territoriodobrincar.com.br/videos/memorias-de-dona-joana-2/
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É importante que no ambiente escolar a brincadeira seja valorizada como uma experiên-
cia em si e, também, como um meio que favorece as crianças a vivenciarem outras experiên-
cias.
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Por meio de atividades que favoreçam a brincadeira livre, articulada a outros momentos
em que a brincadeira é alimentada por uma atividade dirigida ou em que é utilizada como es-
tratégia para o trabalho com os outros conteúdos. Segundo Moyles (2002, p.33):
Por meio do brincar livre, exploratório, as crianças
aprendem alguma coisa sobre situações, pessoas, ati-
tudes e respostas, materiais, propriedades, texturas,
estruturas, atributos visuais, auditivos e cinestésicos.
Por meio do brincar dirigido, elas têm uma outra di-
mensão e uma nova variedade de possibilidades, es-
tendendo-se a um relativo domínio dentro daquela
área ou atividade. Por meio do brincar livre subsequente e ampliado, as crianças provavelmen-
te serão capazes de aumentar, enriquecer e manifestar sua aprendizagem.
Para conseguirmos fazer esta articulação entre as diferentes experiências que as crianças podem
viver no ambiente escolar, é importante compreendermos quais são as intervenções do professor na
brincadeira da criança:
Intervenções diretas:
Organização dos espaços e materiais
Incitação
Papel de coautor
Intervenções indiretas:
Observação
Atividades dirigidas
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https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
secretarias/cultura/bma/acervos/
index.php?p=24109
BIBLIOGRAFIA
Referências bibliográficas
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Porto Alegre: Artmed, 2007.
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