Você está na página 1de 192

A medida do tempo e a

A medida
idadedodatempo
Terra e a
idade da Terra
A medida do tempo e a idade da Terra

2
A noção de tempo é um conceito fundamental em geologia …

E a idade da Terra, uma


questão central!

3
Unidade de tempo para o último século Ano
Unidade de tempo para o estudo da civilização romana Séculos
Unidade de tempo para o estudo da pré-história Milhar de anos
Unidade de tempo no domínio da Geologia MILHÕES DE ANOS (M.a.)

4
O tempo em geologia tem uma dimensão diferente daquela
habitualmente usada por qualquer ser humano.

Os físicos e químicos
estudam processos Os geólogos estudam
que decorrem em processos que podem
fracções de segundo! durar longos períodos…

Orogénese
(formação de
Reacções
montanhas),
químicas,
expansão dos
propagação
fundos
das ondas
oceânicos,
sonoras, etc.
erosão , etc.

5
Mas será que todos os fenómenos geológicos são
lentos à escala humana?
➢ Sismos
➢ Erupção vulcânica

➢ Avalanches

➢ Impacto de um meteorito

➢ Inundações

6
O conceito de tempo geológico foi
construído lentamente ao longo
dos tempos!

7
Idade da Terra

“Talvez seja um pouco indelicado perguntar a nossa Mãe Terra


a sua idade, mas a Ciência a confessa sem vergonha e de
tempos em tempos tem atrevidamente tentado arrancar-lhe
um segredo que é proverbialmente bem guardado”
Arthur Holmes, 1913

8
O conceito medieval da
idade da Terra.

Publicado na Crónica de
Cooper, Londres, 1560.

9
1664 – James Ussher (arcebispo irlandês) –
A Terra tinha sido criada às 9.00 horas da
manhã de 26 Outubro de 4004 a. C.
fonte para os cálculos: Bíblia

10
1707-1788 – Buffon – Idade Terra:
74 382 anos
fonte para os cálculos: experiência com
esferas metálicas em arrefecimento

11
1726 – 1797 – James Hutton (um dos Pai
da Geologia) – acontecimentos da Terra
(discordâncias angulares) não cabiam
em milhares de anos mas sim em
milhões de anos.
fonte para os cálculos: discordâncias angulares

12
James Hutton é visto frequentemente como o primeiro
geólogo moderno. Em 1785 apresentou uma teoria
intitulada Teoria da Terra, onde explicou que a Terra será
muito mais antiga do que tinha sido suposto previamente,
a fim de permitir "que houvesse tempo para ocorrer
erosão das montanhas de forma a que os sedimentos
originassem novas rochas no fundo do mar, que
posteriormente foram levantadas e constituíram os
continentes.

13
1897 – William Thomson (Lord
Kelvin), físico – Terra tinha 100 M. a.
fonte: leis da física e cálculos baseados na
dissipação do calor da Terra (fusão -
arrefecimento)

Lord Kelvin (William Thomson - 1824 - 1907)

Não foi bem aceite, porque não permitia aos geólogos da época
conciliar as suas observações – necessitavam de mais tempo
para a história da Terra

14
1871 – 1937 – Rutherford – Idade da
Terra: 2500 M.a.
fonte: radioactividade na datação das
rochas (mais antigas)

1953 – Clair Patterson – 4550 M. a.


fonte: idade dos meteoritos

15
Actualmente considera-se que o nosso
planeta tem aproximadamente 4 600 M.a.
16
Querem ter uma noção? … 4600 M.a. ???

Imagina uma ampulheta gigante cheia de Por ano, é arrancado dos Himalaias e por
grãos de arroz! 1 Kg de arroz tem 5000 acção dos agentes erosivos, 1 mm de
grãos… A idade da Terra corresponderia a material…
uma ampulheta com 91 000 Kg de arroz em Ao fim de 1 M.a. já 1 Km foi arrancado!!!!
que, por ano, caía um grão …

17
“O movimento das placas tectónicas da Terra
produziu ao longo do tempo maravilhas como o
cume do Evereste e dispôs os continentes na forma
como os conhecemos. Pelo meio esqueceu-se da
Baía de Hudson, no Canadá. Agora, cientistas do
Canadá e dos Estados Unidos descobriram que na
costa oriental da baía podem estar as rochas mais
antigas que se conhece da crosta terrestre,
produzidas há 4,28 mil milhões de anos.

"Existem datas mais antigas para minerais isolados provenientes do Oeste da Austrália, mas estas são
as rochas mais antigas que se conhece até agora”, disse num comunicado Richard Carlson, investigador
do Departamento de Magnetismo Terrestre, do Instituto de Carnegie em Washington.
A descoberta foi publicada hoje na revista Science. Os investigadores estudaram amostras de uma
cintura de rochas metamórficas chamadas Nuvvuagittuq. Ao medirem a composição dos isótopos de
neodímio e de samário, elementos químicos raros que existem nestas rochas, conseguiram datar as
amostras entre os 3,8 e 4,28 mil milhões de anos.
A Terra tem 4,6 mil milhões de anos e é muito raro encontrar-se restos da crosta original, a maior
parte da qual foi esmagada e reciclada no interior do planeta várias vezes. (…)”
in Público, 2008

18
Porque é que conhecer a idade da Terra é assim tão
importante…?

Se a Terra for “jovem”, ficamos


praticamente reduzidos a uma
opção – foi Deus que a criou …

Se a Terra for bem “velha”, a


evolução (dos seres vivos, por
exemplo) é teoricamente possível!

19
Muitas questões podem ser colocadas sobre o que
aconteceu ao longo destes 4600 M.a. …
 Quando apareceram e como evoluíram os primeiros seres vivos …

 Que tipo de organismos povoaram a Terra? …

 Será que existiram crises biológicas?

 Quais as suas causas?

 Quem foi afectado por essas crises?

Para conseguir responder a tudo isto é


necessário determinar idades – precisamos de
Relógios Geológicos (rochas, fósseis, …)!
20
“Relógios” sedimentológicos “Relógios” paleontológicos
➢ Litostratigrafia ➢ Biostratigrafia
– Biozona unidade biostratigráfica
– Unidade litostratigráfica - Formação – Princípio da Identidade
– Princípios litostratigráficos: Paleontológica
•Sobreposição – Fósseis de identidade
•Continuidade lateral estratigráfica, fósseis de fácies e
•Horizontalidade fósseis vivos.
•Inclusão
•Intersecção

Métodos de datação físicos


➢ Datações radiométricas
➢ Magnetostratigrafia

21
22
Como datar os principais acontecimentos da história da
Terra?
Datação Datação
Relativa Absoluta

Relaciona a idade de Permite datar com


dois acontecimentos precisão o objecto
e determina qual o de estudo, obtendo
mais antigo e o mais uma idade expressa
recente em M.a.

23
“Relógios” sedimentológicos
24
25
Datação
Relativa

Litostratigrafia

Estabelecem relações de idade entre


diferentes camadas sedimentares
com base na aplicação dos princípios
da Estratigrafia.
26
Datação relativa
• Método que avalia a idade das formações
geológicas umas em relação às outras. Como?
Analisando a posição relativa dessas
formações e averiguando acerca da existência
de fósseis (de idade).

Datação absoluta
• Método que avalia a idade das formações
geológicas usando referências numéricas
(M.a.). Como? Através de um complexo uso de
tecnologias e análises laboratoriais de
amostras das rochas que se pretendem datar.

27
DATAÇÃO RELATIVA

28
➢ Ramo da estratigrafia
➢ Permite: o estabelecimento da idade relativa dos estratos

➢ Estuda as rochas estratificadas, de acordo com:


✓ Composição litológica;
✓ Relações entre estratos;
✓ Génese;
✓ Forma geométrica.

29
Formação
Composto por um conjunto de rochas com propriedades litológicas
e posição estratigráfica semelhantes e que é facilmente distinguível
das restantes, com tecto e muro devidamente localizados.

30
➢ A idade relativa foi a primeira a ser utilizada.

➢ Não dependente de conhecimentos tecnológicos.

➢ Dependente da compreensão dos processos geológicos e do


seu registo.

➢ Permite estabelecer a sucessão temporal das rochas numa


determinada região.

31
A datação relativa baseia-se em pressupostos estratigráficos

32
Com vista à datação relativa, desde há muito que se utiliza um conjunto de
princípios simples, baseados, sobretudo, nas relações geométricas entre as
rochas.
Princípios Estratigráficos

Sobreposição dos estratos

Horizontalidade original

Continuidade lateral
É de salientar que a cronologia
relativa não permite determinar
Identidade paleontológica a idade absoluta. Para isso, terá
de ser feita a datação
radiométrica baseada na
Inclusão desintegração regular de isótopos
radioactivos naturais.

Intersecção
33
Numa sequência estratigráfica, na sua posição original, ou seja,
não deformada, qualquer estrato é mais recente do que os
estratos que estão abaixo dele e mais antigo do que os estratos
que a ele se sobrepõem.

Este princípio foi enunciado


pela primeira vez por Steno, no
séc.XVII

34
As camadas que se encontram no topo de uma sequência
estratigráfica original (sequência vertical de estratos) são mais
recentes que as camadas inferiores.
Isto permite analisar um perfil vertical de camadas como uma linha
vertical de tempo!

35
Se não ocorrerem deformações, a deposição ocorre por ordem
cronológica, da base para o topo – uma camada é mais recente
que a que lhe serve de base e mais antiga do que as que lhe estão
acima.

36
Mais recente

Mais antiga

37
Princípio da sobreposição - Grand Canyon

38
As descontinuidades no registo geológico, marcadas pela
ausência de estratos, devido à não ocorrência de sedimentação
no local ou à erosão de estratos que existiam designam-se
Discordâncias estratigráficas ou lacunas estratigráficas .

39
Uma discordância angular corresponde a um período de tempo
durante o qual não ocorreu sedimentação (e a erosão actuou),
iniciando-se depois uma nova sedimentação num ângulo
diferente.

Discordância angular
na Costa Vicentina -
Praia do Telheiro

40
Discordância angular

41
A velocidade e as condições de sedimentação variam ao longo do tempo e pode
mesmo haver períodos de interrupção da sedimentação. Se as rochas afloram
durante essa interrupção, podem ser erodidas. Se, posteriormente, a
sedimentação, devido a nova imersão, prosseguir, forma-se um estrato que
assenta numa superfície erodida. Essa superfície representa uma superfície de
descontinuidade.

42
43
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos

Dobras deitadas
Este princípio nem sempre
pode ser usado para datar os
estratos de forma relativa!
Se ocorrerem determinadas
deformações nas rochas a
posição dos estratos será
alterada e, às vezes, até
invertida (como no caso das Inglaterra, Crackington Haven
dobras deitadas)!!!

44
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos

Dobras deitadas

Dobra - Alberta, Jasper National Park (Canadá)

Na superfície de erosão S S´ a ordem de


antiguidade observável é incompatível
Inglaterra, Crackingtoncom o
Haven
princípio da sobreposição.
O estrato 4 que é o mais recente ocupa, no
flanco invertido, a posição de mais antigo.

45
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos
Terraços fluviais
Mais antigo
O rio, por erosão, escava um novo leito,
Mais recente
provocando a formação de degraus onde
deposita sedimentos – terraços fluviais. Os
últimos a serem depositados foram os da zona 3
(mais recentes).

Grutas
Mais antigo Os sedimentos depositados em grutas são
mais modernos do que as camadas que lhe
servem de tecto.
Mais recente

46
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos
Terraços fluviais

Os que ocupam posição superior (A) mais


elevados, são mais antigos do que os que se
encontram menos elevados (B).

47
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos
Terraços fluviais

48
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos
Depósitos subterrâneos - Grutas
O sedimento (S) é mais recente do que as
rochas que se sobrepõem.

49
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos
Intrusão magmática

Instala-se nas séries sedimentares sendo mais nova


do que os estratos atravessados.

50
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos

Falhas

Estes estratos apresentam a mesma idade


apesar de não estarem “nivelados” Blocos rochosos que
fracturam (“partem”) e
que se movimentam
um em relação ao
outro.

51
Excepções ao princípio da Sobreposição de Estratos

O Princípio da Sobreposição
deve ser aplicado com
precaução, uma vez que em
terrenos que experimentaram
fenómenos de deformação,
como dobras e falhas, o
geólogo deve apoiar-se em
métodos de interpretação
complementares.

A sua aplicação poderá no entanto ser válida para estratos que se encontrem
em posição inclinada, desde que a deformação de origem tectónica, posterior à
deposição dos estratos, não tenha provocado a sua inversão.

52
53
Os sedimentos que formam os estratos depositam-se inicialmente
segundo planos horizontais ou perto deste;

54
55
Permite estabelecer correlação de idades e de posição entre
estratos localizados em lugares eventualmente distanciados.

56
Um estrato sedimentar tem sempre a mesma idade ao longo da
sua extensão, independentemente da ocorrência de variação
lateral de fácies.

57
58
59
60
Em vários ponto da Terra pode existir a mesma sequência
estratigráfica, isto é, há correlação entre estratos distanciados
lateralmente!

61
Isto foi usado para provar a existência da
Pangea – margens da África e da América
do Sul contêm rochas do mesmo tipo
(idênticas sequências estratigráficas)

62
Os fósseis são também importantes no estabelecimento das
relações entre os diferentes estratos, permitindo a atribuição
de uma datação relativa.

Os fósseis podem ser restos de


organismos ou vestígios da sua
actividade.

“Relógios” paleontológicos

63
A palavra fóssil deriva do termo latino fossilis que quer dizer
“tirado da terra”. Os fósseis são os restos materiais (ossos,
dentes, chifres, conchas, troncos, etc) de antigos organismos
ou vestígios da sua actividade que ficaram conservados nas
rochas.

64
No século XIX, William Smith, um engenheiro inglês verificou que
rochas com localizações geográficas distintas podiam apresentar o
mesmo conteúdo fóssil.

65
Foi o primeiro a usar os fósseis para relacionar as rochas de
diferentes locais.
66
As camadas que apresentam os mesmos fósseis estratigráficos
têm a mesma idade.

67
As camadas que apresentam os mesmos fósseis estratigráficos têm a
mesma idade.

68
Estratos de diferentes locais têm a mesma idade,
desde que possuam o mesmo conteúdo fóssil.

69
Toda a estrutura geológica (filão, intrusão magmática, falha,
etc) que intersecta outra é mais recente do que ela.

70
71
72
73
Fragmentos rochosos incorporados numa rocha são mais antigos
do que a rocha que os engloba.

74
Na intrusão C existem fragmentos das
camadas A e B, logo as camadas A e B são
mais antigas do que a intrusão C.

75
Este princípio aplica-se, por exemplo a rochas compostas por
fragmentos de outras (como o conglomerado)

Fragmentos ou porções de
uma rocha que se encontram
incorporados (inclusão)
noutra são mais antigos que
as rochas que os contêm. Xenólito

76
77
78
http://www.wwnorton.com/college/geo/egeo2/content/animations/10_4.htm

http://www.wwnorton.com/college/geo/animations/geologic_history.htm

http://www.wwnorton.com/college/geo/animations/unconformity.htm

http://www.wwnorton.com/college/geo/animations/stratigraphic_column.htm

79
80
81
82
83
84
85
86
A ordem cronológica das estruturas é C, B, D, A e E.
Os estratos da sequência C foram os primeiros a depositar-se, na Era Paleozóica,
dado terem fósseis de trilobites. Foram desviados da sua posição inicial e sobre
eles depositaram-se os estratos da sequência B (na Era Mesozóica, dado terem
fósseis de amonites).
Posteriormente, surgiu uma intrusão magmática (D) que atravessou as estruturas
geológicas C e B, consolidando. Após erosão superficial depositou-se a sequência
estratigráfica A (na Era Cenozóica), que foi erodida na zona E por um curso de
87
água.
88
89
“Relógios” paleontológicos
90
91
Através dos dados da litostratigrafia, vimos que podemos correlacionar determinados
acontecimentos geológicos ocorridos numa dada região. No entanto, quando queremos
correlacionar determinado tipo de formações geológicas com outras muito afastadas
geograficamente, apenas com base nos dados relativos às suas características litológicas,
estes revelam-se insuficientes.
Biostratigrafia pode ser considerada uma ciência de fronteira entre a estratigrafia e a
paleontologia, tendo como principal objectivo o estudo temporal dos fósseis existentes
no registo estratigráfico, esta
-Utiliza a paleontologia para organizar as sequências geológicas em unidades
biostratigráficas com o objectivo de fazer o estudo temporal dos fósseis aí existentes;

-Permite correlacionar formações geológicas geograficamente afastadas e a nível


global, comparando a idade relativa de diferentes formações no espaço e no tempo;

-Resulta numa escala biocronostratigráfica.

92
Unidades Biostratigráficas - Biozonas
A Biostratigrafia é um ramo da estratigrafia que permite
correlacionar e fazer a datação relativa de rochas, através do
estudo das associações fósseis nelas contidas.
A Biostratigrafia estuda a distribuição temporal dos fósseis
através do registo estratigráfico.

93
Unidades Biostratigráficas - Biozonas
A biozona pode ser definida como o
estrato, ou conjunto de estratos, que
apresenta um conjunto de fósseis
característico.

94
Princípio da Identidade Paleontológica

Estratos com os mesmos fósseis


possuem…

A mesma idade!

Os fósseis são contemporâneos das rochas onde se encontram!

95
Princípio da Identidade Paleontológica

O processo de fossilização
acompanha o processo de
formação da rocha, logo
fóssil e rocha possuem a
mesma idade (datação
relativa)!

Rocha e fóssil são


contemporâneos!

96
Os fósseis, salvo raras excepções, encontram-se nas rochas
sedimentares

Fósseis em calcários.
Armação de Pêra. Pt

Icnofósseis em Quartzitos – Trilobites em Xistos – Vila


Penha Garcia. Pt Boim . Pt

97
Um fóssil é um objecto geológico,
mas com uma origem biológica.
Assim, para termos um fóssil, têm
de coexistir uma realidade
biológica (a informação sobre um
organismo pretérito identificável) e uma
realidade geológica (o molde, a
mineralização, etc., do resto ou do
vestígio biológico) num contexto
geológico (no registo geológico).

BIOSFERA GEOSFERA

98
A maior parte dos fósseis são
antigos, antiquíssimos, com
muitas dezenas ou centenas
de milhões de anos de idade.
Mas, atenção, há também
fósseis muito recentes.

Turritella sp.

99
Neste preciso momento, em ambientes
marinhos de pequena profundidade, ao longo
de toda a costa portuguesa, estão a ser
enterrados vestígios orgânicos (conchas,
carapaças, etc.) por processos de geodinâmica
externa.

Turritella e outros fragmentos de conchas em


rocha sedimentar não consolidada.
100
101
Um fóssil, mais que um objecto, é uma entrada de informação biológica no
registo geológico.

102
Princípio da Identidade Paleontológica

103
Princípio da Identidade Paleontológica

104
Mas nem todos os fósseis podem
ajudar a datar litologias …
apenas os …

Fósseis de idade ou
estratigráficos

105
Fósseis de idade ou estratigráficos
São fósseis de seres que fossilizam facilmente (têm partes duras) e, por isso,
ficam muitas vezes registados nas rochas
➢ OCORRÊNCIA EM ABUNDÂNCIA

São fósseis de seres que não viveram durante muito tempo (à escala
geológica).
➢ CURTA DISTRIBUÇÃO TEMPORAL

São fósseis de seres que existiram em grande quantidade e que se expandiram


numa grande área geográfica (assim, permitem correlacionar estratos em
diferentes pontos do globo)
➢ AMPLA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

106
As trilobites eram artrópodes (como as
aranhas, lagostas, insectos, etc) exclusivos
do meio marinho!
Possuíam um exoesqueleto de quitina
endurecido com carbonato de cálcio (por
isso os seus fósseis são tão abundantes!).
A maioria das espécies de trilobites tinha
sistema de visão muito apurado e olhos
complexos. O seu tórax tinha muitos
segmentos e, por isso, podiam enrolar-se
e defender-se dos predadores (como os
bichos da conta!)
Surgiram há cerca de 540 M.a. e
extinguiram-se há cerca de 250 M.a
(Paleozóico).

107
108
109
Fósseis de idade - Graptólitos

Os graptólitos surgiram há cerca


de 523 M.a. e extinguiram-se há
330 M.a. (Paleozóico).
Eram pequenos animais
marinhos que viviam em colónias
(apenas de alguns cm) e que se
expandiram por várias regiões do
globo.

110
Fósseis de idade - Amonite
As amonites eram animais marinhos e
tinham corpo mole… no entanto uma
carapaça encarregava-se de os
proteger (e facilmente fossilizava)! Os
maiores podiam atingir 1 m de
diâmetro! Estes seres eram carnívoros
e surgiram há cerca de 225 M.a. e
extinguiram-se há 65 M.a (Mesozóico).

111
Fósseis de idade - Amonite

112
Exemplos de Fósseis de Idade

113
114
Os foraminíferos
planctônicos fazem
parte de um grupo
de microfósseis
calcários
encontrados em
ambiente marinho.

115
Mas nem todos os fósseis apresentam características que lhes permitem ajudar
na datação de rochas…
Os corais são formados por pequeninos
Fósseis de ambiente ou animais de corpo mole (pólipos) que vivem
juntos num grande grupo (colónia). Ao longo
fósseis de fácies do tempo vão construindo uma estrutura
calcária onde se alojam e vive em conjunto
com uma alga que se chama zooxanthelae. É
esta alga minúscula responsável pelas cores
que observamos nos corais como verde,
Corais amarelo, azul, lilás, castanho e muitas outras.
Quando morrem, novos pólipos crescem por
cima dos esqueletos de calcário que ficam
(um kg de coral pode ter mais de 80.000 pólipos).
Assim, quando vemos um recife de coral,
apenas a fina camada superficial é que é
constituída por pólipos vivos na verdade!

116
Os corais estão entre as comunidades
marinhas mais antigas que se conhecem -
a sua história remonta desde há 500
milhões de anos atrás!!!!

NÃO SÃO BONS FÓSSEIS DE IDADE!


Pólipos de corais

Mas… estes seres só conseguem


sobreviver em ambientes aquáticos de
águas quentes, calmas e pouco
Fósseis de ambiente profundas!!!!
ou fósseis de fácies Por viverem em ambientes tão
característicos e altamente específicos
eles são considerados …
117
118
Fósseis de ambiente ou fósseis de fácies

➢ Permitem caracterizar paleoambientes

➢ São fósseis de seres que apresentam uma reduzida


distribuição geográfica pois habitam apenas locais
com condições específicas.

➢ São fósseis de seres que viveram durante muito


tempo (à escala geológica).

119
120
Fósseis vivos

➢ Seres que habitam a Terra desde há milhões de anos e que,


para além de existirem actualmente, são encontrado também
sob a forma de fóssil!
Existem diversos motivos pelos quais um organismo sobrevive milhões de anos sem sofrer
mudanças. Uma das explicações é o simples facto desse organismo se encontrar muito
bem adaptado à diversidade de condições do meio que habita. Já outros organismos não
evoluem devido à continuidade mais ou menos estável das características do seu habitat.
A sobrevivência de alguns fósseis “vivos” também pode dever-se ao facto destes
habitarem ambientes isolados, onde não enfrentam a competição com outros organismos
potencialmente melhor adaptados a esses ambientes.

121
122
123
Fósseis vivos

124
➢ Na Natureza, não há "fósseis bons" e "fósseis
maus".

➢ Estabelecer uma divisão rígida entre fósseis


que são indicadores de idade e fósseis que são
inúteis para datação é um procedimento
artificial e desprovido de fundamento.

➢ Todos os fósseis encerram algum tipo de


informação estratigráfica, temporal, e como tal
os fósseis de qualquer grupo taxonómico, em
circunstâncias propícias, podem desempenhar o
papel de “fóssil índice”.
Silva, C.M. da (2008) -Temas de Paleontologia: Fóssil índice.
Acessível em http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/

125
➢ Permitem compreender a evolução dos seres vivos, as adaptações e
extinções ao longo da história da Terra;

➢ Permitem reconstituir os organismos numa dada época, o seu modo de vida,


como é que interagiam entre si e como se relacionavam com o meio
ambiente onde viviam;

➢ Permitem reconstituir os ambientes do passado e assim reconstituir a


geografia da Terra;

➢ Permitem reconstituir os climas do passado;

➢ Permitem efectuar a datação relativa dos estratos rochosos.

126
1. O facto das medusas terem
sido cobertas por areia assim
que deram à costa, permitindo
a sua preservação.
2. A ausência de um esqueleto.
3. A existência de partes duras,
tais como esqueleto ou concha
calcária.
4. Arenito. Rocha sedimentar.
5. O ambiente onde fossilizam,
uma vez que permitiu a sua
preservação, teria que ser um
ambiente (praia) com uma taxa
de sedimentação elevada, de
modo a cobrir rapidamente as
medusas.

127
É frequente os geólogos recorrerem ao estudo de associações de
diferentes fósseis de idade, evitando datações baseadas apenas num
(seriam menos precisas!).

Quais os melhores
fósseis de idade?
Ceratites,
goniatites,
belemnites e
amonites
(existiram em grande
número - barra larga - e
tiveram uma curta
duração na história da
Terra!

128
Quais dos estratos apresentados possuem a mesma idade?

AeK ; B, E e L ; C, F e M ; D, G e N
(pois possuem os mesmos fósseis – Princípio da Identidade Paleontológica)

129
Como ordenar
cronologicamente as
Conglomerado
Calcário
estruturas de A a F?

Mais antigo Mais recente


C D A B F E

130
http://www.wwnorton.com/college/geo/animations/geologic_history.htm

131
Métodos de datação físicos
132
133
Datação Absoluta

Datações Radiométricas Magnetostratigrafia

Baseados em cálculos matemáticos

134
A datação relativa não conseguiu satisfazer todos aqueles que
se questionavam sobre a idade de diferentes acontecimentos,
que se encontram registados nas rochas e, sobretudo, sobre a
idade da própria Terra.

Com a descoberta da radioactividade, em


1896, pelo francês Henri Becquerel, abriram-
se novas portas para se determinar a idade
absoluta da Terra ou a idade dos fenómenos
geológicos.

135
Pela descoberta da Marie Curie isolou Ernest Rutherford
radioactividade elementos (Prémio Nobel da
espontânea, Antoine radioactivos: Química em 1908)
Becquerel partilhou uranio, rádio, … Foi concluiu que a
o Prémio Nobel da a primeira mulher a radioactividade
Física em 1903, com ganhar um prémio podia ser usada
Pierre e Marie Curie Nobel para determinar a
idade de uma rocha

136
Só a partir do séc. XX utilizando o conhecimento sobre a
desintegração espontânea de alguns elementos químicos
radioactivos constituintes das rochas foi possível chegar à idade
absoluta das rochas.

Permite chegar a um valor aproximado em milhares ou milhões


de anos.

137
Datação radiométrica ou Isotópica
A idade radiométrica determina-se com recurso a estudos
laboratoriais e requer meios técnicos específicos. Com a
descoberta da radioactividade, soube-se que os isótopos com
propriedades radioactivas se transformam ao longo do tempo
noutros cada vez mais estáveis, independentemente das
condições ambientais.

138
Datação radiométrica ou Isotópica
A radioactividade é uma das principais fontes de energia térmica
interna da Terra!

139
Datação radiométrica ou Isotópica
O ambiente no qual vivemos é naturalmente
radioactivo.
Respiramos carbono-14, que é radioactivo;
comemos bananas que apresentam na sua
composição potássio-40, com núcleo instável, nos
nossos ossos e sangue existe rádio-226 …

Vivendo em um ambiente radioactivo, os seres


humanos, e todos os demais seres vivos, são
naturalmente radioactivos. O problema está na
quantidade de radiação à qual estes seres são
expostos: acima de certo nível a exposição às
radiações provoca, no corpo humano, e nos demais
seres vivos, várias reacções adversas (danos nas
células e no material genético).

140
Datação radiométrica ou Isotópica
Os átomos fazem parte da
constituição da matéria
(de tudo aquilo que existe)! …
Nas rochas também existem
átomos!

Alguns deles (urânio, rádio, etc)


são radioactivos, isto é, ao longo
dos tempos, e naturalmente, os
seus núcleos vão-se desintegrando
espontaneamente para se
tornarem mais estáveis. Quando
isso acontece liberta-se energia!

141
Datação radiométrica ou Isotópica

142
Datação radiométrica ou Isotópica
Isótopos
Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico, com números de massa
diferentes e números atómicos iguais. A diferença está no número de neutrões.
Um mesmo elemento químico pode apresentar-se:
➢ com igual número de protões e de neutrões, que é a forma mais abundante
e estável e representa, geralmente, cerca de 95 a 99% desse elemento;
➢ com diferente número de protões e de neutrões, mas estável;
➢ com diferente número de protões e de neutrões, mas instável, estando em
constante transformação.

143
Datação radiométrica ou Isotópica
O mesmo elementos químico, carbono por exemplo, pode ter no
núcleo do átomo:
➢ O mesmo número de protões e neutrões (6P + 6N) C - 12 Estável
➢ Diferente número de protões e neutrões (6P + 7N) C - 13 Estável
➢ Diferente número de protões e neutrões (6P + 8N) C - 14 Instável

As formas instáveis dos elementos


químicos são designadas isótopos
radioactivos.
Estes isótopos são utilizados nos
Nota: C12, C13 e C14 são isótopos de métodos de datação absoluta ou
carbono! radiométrica.

144
Datação radiométrica ou Isotópica

massa atómica
número atómico

Estável Estável Instável


145
Datação Radiométrica ou Isotópica
• Baseia-se: no decaimento radioactivo de isótopos instáveis.
• Permite: a datação absoluta
• Decaimento radioactivo:
- Ocorre em núcleos de átomos de elementos instáveis.
- A força que une os protões e os neutrões não é suficientemente elevada
para impedir que ocorram modificações no seu número.
- São acompanhadas pela libertação de partículas atómicas ou ondas
electromagnéticas.
- Elementos como o Potássio (K), Rubídio (Rb), Urânio (U) e Carbono (C)
apresentam decaimento radioactivo.

146
Datação Radiométrica ou Isotópica

Os núcleos dos isótopos instáveis desintegram-se


espontaneamente formando um átomo de um elemento químico
diferente, mais estável!

Átomo inicial: ISÓTOPO – PAI (instável)

Átomo formado após desintegração: ISÓTOPO – FILHO (mais estável)

147
Datação Radiométrica ou Isotópica
Porque razão o decaimento radioactivo oferece uma boa
forma de medir o tempo de forma absoluta?
✓ A taxa de decaimento radioactivo
(desintegração dos isótopos-pai em isótopos-filho) é
constante para cada isótopo!
(não varia com condições de pressão, temperatura ou outros
aspectos associados aos processos geológicos)
✓ A desintegração é irreversível: o isótopo-pai
não volta a adquirir as propriedades iniciais!
✓ Quando a rocha se forma adquire elementos radioactivos que
se começam a desintegrar marcando o momento de formação
daquela rocha!
148
Datação Radiométrica ou Isotópica
… o conceito mais importante…

Tempo decorrido para que metade do


Período de semi-vida
número de isótopos-pai radioactivos
ou período de semi-
sofra desintegração, transformando-
transformação
se em isótopos-filho.

No final de um período de semi-vida, 50% dos isótopos-pai já foram


transformados em isótopos-filho… No final do 2º período de semi-vida, metade
da metade que restou (¼) do nº original de isótopos-pai ainda permanecem na
rocha… No 3º período de semi-vida 1/8 e assim por diante!
(restará sempre uma quantidade residual de isótopos-pai na rocha)

149
Período de semi-vida ou período de semi-transformação

150
Espectrometro de massa – consegue detectar
quantidades diminutas de isótopos!

151
A datação radiométrica com
grau de precisão aceitável (2 a
5% da idade real) foi realizada a
partir de 1950, quando o
espectrómetro de massa foi
desenvolvido. A ciência que faz a
datação radiométrica das rochas
denomina-se Geocronologia.

152
K – Potássio
Ar - Árgon

Cinética do decaimento radioactivo do K-40 em Ar-40

A determinação das taxas de decaimento radioactivo permitiu verificar que


aquelas se mantêm constantes ao longo do tempo, não sendo afectadas
pelas condições físico-químicas do ambiente.

153
Basta conhecer o período de semi-vida e o nº de isótopos-pai e filho existentes
na rocha para que se possa calcular o tempo decorrido desde que o processo de
desintegração se iniciou (idade da rocha)

154
À medida que os milhões de anos passam, o potássio 40 decai lentamente e, um a um, os
átomos de árgon 40 substituem os de potássio 40 no cristal. A quantidade de árgon 40
acumulada é uma medida do tempo decorrido desde a formação da rocha. Decorridos 1,26
mil milhões de anos, o rácio será 50-50. Ao fim de mais 1,26 mil milhões de anos, metade do
potássio 40 remanescente terá sido convertido em árgon 40, e assim por diante.

155
Há medida que o tempo passa aumenta na rocha o número de
isótopos-filho e diminui o número de isótopos-pai!
A margem de erro é de apenas alguns M.a.

156
Na altura em que a rocha
se formou os isótopos
ficaram incorporados
nos minerais e, nesse
momento inicial, apenas
existiam isótopos-pai e
nenhuns isótopos-filho!

157
O que inferir quando a
quantidade de
isótopos-filho e
isótopos-pai é igual ?
Passou um período de
semi-vida!

O que inferir quando a


quantidade de
isótopos-filho é 3
vezes superior à
quantidade de
isótopos-pai?
Passaram dois
período de semi-vida!

158
A idade da rocha é dada pela fracção ou pelo
número de semividas decorrido até ao
momento em causa. Considera a figura (o
isótopo-pai é o carbono (C-14), o isótopo-filho
é o azoto (N-14) e a semivida é de 5700 anos. A
partir do momento em que se atinge uma
semivida, neste caso a 1º, recomeça a
contagem, pelo que temos 50% desintegrado=
1 semivida (pai= 50% da quantidade inicial)–
idade 5700 anos, 75 % desintegrado= 2
semividas (pai 25% da quantidade inicial)-
idade= 2*5700= 11400 anos; 87,5%
desintegrado= 3 semividas (pai= 12,5% da
quantidade inicial)– idade= 4*5700= 22800
anos (…)

-Selecione a opção
correta:

159
A idade da rocha é dada pela fracção ou pelo
número de semividas decorrido até ao
momento em causa. Considera a figura (o
isótopo-pai é o carbono (C-14), o isótopo-filho
é o azoto (N-14) e a semivida é de 5700 anos. A
partir do momento em que se atinge uma
semivida, neste caso a 1º, recomeça a
contagem, pelo que temos 50% desintegrado=
1 semivida (pai= 50% da quantidade inicial)–
idade 5700 anos, 75 % desintegrado= 2
semividas (pai 25% da quantidade inicial)-
idade= 2*5700= 11400 anos; 87,5%
desintegrado= 3 semividas (pai= 12,5% da
quantidade inicial)– idade= 4*5700= 22800
anos (…)

-Selecione a opção
correta:

160
Qual o melhor isótopo para
datar rochas jovens?

É que se a rocha for “velha” e a taxa de


decaimento for rápida, os isótopos-pai
já se transformaram quase todos em
isótopos-filho: sabemos que o relógio
isotópico parou, não sabemos é há
quanto tempo isso aconteceu!

161
O Carbono-14 é muito usado na
arqueologia e é o ideal para datar
fósseis ou quaisquer outros
resíduos orgânicos… Porquê?

Todos os seres vivos contém


carbono.
Ele é aborvido pelos seres
fotossintéticos e daí segue por
toda a cadeia alimentar!
Quando os seres morrem inicia-se
o decaimento!
E a arqueologia estuda eventos
recentes – interessam isótopos
com menor tempo de semi-vida!

162
ISÓTOPOS RADIOACTIVOS C14
Os átomos de Carbono-14
criados pelos raios cósmicos
combinam-se com o oxigénio
para formar dióxido de carbono,
que, posteriormente, as plantas
absorvem e incorporam através
da fotossíntese. Como os animais
e humanos comem plantas,
acabam por ingerir também o
Carbono-14.

163
ISÓTOPOS RADIOACTIVOS C14
A relação entre o Carbono-12 e o Carbono-14 no ar e em todos os
seres vivos mantém-se praticamente constante no tempo.
Quando um ser vivo morre cessa a absorção de novos átomos de
Carbono.
A relação entre o Carbono-12 e o Carbono-14 no momento da
morte de um organismo vivo é a mesma que nos outros
organismos vivos, mas o Carbono-14 continua a decair e não é
reposto.
Em 1949 Libby, Anderson e Arnold descobriram que é possível
estimar a idade de um resto mortal (amostra) de um ser.

164
ISÓTOPOS RADIOACTIVOS C14
Estes investigadores mediram a taxa de decaimento do carbono-
14. Nesta medição concluíram que, após 5568 ± 30 anos, metade
do C-14 que existia na amostra inicialmente decaiu.
Assim, ao medir a quantidade de Carbono-12 e de Carbono-14
numa amostra, e ao compará-la com a relação existente num ser
vivo, é possível estimar a sua idade.

1. Qual a idade de um osso com 50% de C14?

2. Quando morreu um ser, cuja amostra no laboratório revelou


25% de C14?

165
166
O gráfico representa a curva de semitransformação do átomo - pai em
átomo - filho:

• Considere que uma rocha possui


átomos – filho e os átomos – pai,
sendo que este último tem uma semi –
vida de 65 M.a.

• 1.- Determine a idade da rocha se essa


mesma rocha contiver:
• 1.1- 50% de átomos – pai.
• 1.2- 75% de átomos – filho.

• 2.- Se a rocha tiver 195 M.a. de idade,


qual a percentagem presente de:
• 2.1- átomos – pai ?
• 2.2- átomos – filho ?

167
https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/
legacy/radioactive-dating-game

168
Limitações da datação radiométrica ou isotópica
✓ Não permite datar rochas sedimentares!
(este método pressupõe que as rochas sejam sistemas fechados, não existindo entradas ou saídas de
isótopos. Mas, se as rochas sofrerem erosão ou meteorização, podem ocorrer perdas de isótopos (pais
e filhos) o que irá influenciar a idade atribuída!).
Cada grão de areia tem um relógio calibrado para uma data distinta, a qual remonta provavelmente a
muito antes de a rocha sedimentar se formar. Assim, em matéria de cronometragem, a rocha
sedimentar é uma confusão. Não serve!

✓ Atribuí uma idade à rocha e não ao metamorfismo!


(Se tivermos em conta que as rochas metamórficas resultam de modificações, devidas a pressão e
temperatura, sofridas por outras rochas, o metamorfismo que as afectou não elimina os átomos-filho
que elas possam conter nesse momento e, dessa forma, obtém-se uma idade superior à que deveria
corresponder à última fase de metamorfismo.

✓ Nem sempre as rochas contêm grandes quantidades dos isótopos


necessários à sua datação.

169
Limitações da datação radiométrica ou isotópica
As rochas ígneas costumam conter
muitos isótopos radioactivos diferentes.
A solidificação das rochas ígneas
vulcanicas dá-se bruscamente, o que
tem uma consequência feliz: todos os
relógios de um dado fragmento de
rocha são calibrados em simultâneo.

Apenas as rochas ígneas


proporcionam bons relógios
radioactivos!

170
Limitações da datação radiométrica ou isotópica
As rochas estão
constantemente a ser
recicladas e transformadas
noutras – é impossível datá-
las por completo!

O melhor que há a fazer é combinar


todos os métodos de datação para que
se consiga elaborar um calendário da
história da Terra!
Em locais onde ocorram afloramentos com mais do que um tipo de rocha,
podem-se datar as rochas magmáticas por datação absoluta e, em seguida,
estabelecer uma equivalência com os restantes fenómenos geológicos que se
encontrem representados na área em estudo.

171
Por que motivo a estratigrafia não
permite medir o tempo de forma
absoluta?
Os sedimentos não se acumulam numa taxa
constante em nenhum ambiente de
sedimentação (podem até haver longos
momentos de ausência de sedimentação). Por
exemplo, durante uma inundação, um rio poderá
depositar uma camada de areia de vários metros
de espessura em questão de poucos dias,
enquanto durante todos os anos que se
seguirem entre as inundações ele apenas
deposita uma camada de areia com poucos
centímetros de espessura. Além disso a taxa de
erosão também não é constante.

172
173
1. Supõe que num cristal
de zircão existe 75% de U-
235. Qual a percentagem
de Pb-207 no cristal?
2. Qual a fracção de
semivida relativa a essa
situação?
3. Calcula a idade do
referido cristal.

25%
½ de semivida
0,35x109 anos (350 M.a)
Como a semivida é de
0,7x109 anos,
metade da semivida é de
0,35x109 anos

174
175
1: Com o passar dos anos, diminui a concentração dos isótopos-pai e aumenta a dos isótopos-filho.
2: 12.060 M.a.
3.1: Faria uma quantificação dos dois isótopos e somaria a concentração do isótopo – pai e do
isótopo-filho, para obter a concentração inicial do 40 K.
3.2:A soma de isótopos-pai + isótopos- filho tem de dar 100%.
Comparando a concentração inicial do isótopo- pai, com a concentração actual e com base no
tempo de semi -vida , é possível determinar a idade da amostra .
3.3: 2520 M.a
4: Permite obter uma datação fiável.

176
177
Suponha que encontrou, no decorrer de uma saída de campo, três rochas A, B e C
com as seguintes características:
A – apresenta aproximadamente a mesma quantidade de Pb-206 e de U-238;
B - apresenta elevadas quantidades de U-235 e reduzidas quantidades de Pb-207;
C – apresenta elevadas quantidades de Ar-40 e reduzidas quantidades de K-40.
1. Procure determinar a idade aproximada, em milhões de anos da rocha A.
2. Qual das rochas B ou C, será mais antiga?
3. Indique os critérios em que se baseou para responder às questões anteriores.
Suponha, ainda, que uma equipa de arqueólogos pretende determinar a idade de
um conjunto de importantes achados arqueológicos.
4. Indique qual o elemento químico que aconselharia como o mais indicado
para fornecer informações mais precisas sobre a idade radiométrica desses
achados. Fundamente a sua escolha.
Tempo semi-vida U-238 – 4 500 M. a.

178
Magnetostratigrafia

179
Magnetostratigrafia – Datação absoluta

A Terra, tal como a maior parte dos planetas do


Sistema Solar, possui um campo magnético
natural.
Este campo magnético é responsável pela
orientação da agulha magnetizada de uma
bússola.
O campo magnético terrestre pode ser
comparado a um dipolo geocêntrico, estando as
linhas de força originadas por este campo
magnético distribuídas no espaço como se um
íman estivesse situado no centro da Terra, cujo
Pólo Sul estaria localizado no hemisfério norte.

180
Os fenómenos de inversão do campo
magnético terrestre são eventos
globais e síncronos muito frequentes
no registo geológico, ocorrendo,
aproximadamente, entre 1 a 10
inversões por cada milhão de anos.

181
A estes eventos são posteriormente
atribuídas idades, sendo propostas
escalas magnetostratigráficas que,
em conjunto com a biostratigrafia e
as datações radiométricas,
permitem o estabelecimento de
correlações entre diferentes
unidades litostratigráficas.

182
Os constituintes de alguns minerais, como a magnetite (Fe3O4) e a
hematite (Fe2O3), podem adquirir de forma permanente uma
orientação definida de acordo com a direcção das linhas de força
do campo magnético existente na altura da sua magnetização.

183
O campo magnético terrestre influencia a orientação da agulha de
uma bússola.
Também os átomos constituintes de certo tipo de minerais
presentes quer nos sedimentos, quer em lavas ficam orientados
sob a influência deste campo magnético terrestre.

184
Magnetostratigrafia – Datação absoluta
➢ A Magnetostratigrafia é o ramo da Estratigrafia que estabelece a
escala de mudanças do campo magnético terrestre ao longo da
história da Terra.
➢ Diz-se polaridade normal sempre que o campo magnético se
dispõe com uma polaridade semelhante à actual e, pelo
contrário, diz-se polaridade inversa quando o campo magnético
apresenta uma orientação oposta à actual.
➢ O registo da polaridade, quer nos sedimentos quer em lavas,
permitiu a construção de uma Escala magnetostratigráfica.

185
Polaridade normal

Quando o norte magnético


coincide com o norte
geográfico

Polaridade inversa

Quando o norte magnético se


orienta para o sul geográfico

Reconstrução do paleomagnetismo em depósitos de lavas


186
O paleomagnetismo foi um importante apoio para a teoria da
Tectónica de Placas.

Polaridade Normal e
Polaridade inversa
Expansão dos fundos oceânicos
187
O paleomagnetismo foi um importante apoio para a teoria da Tectónica de Placas.

188
189
Escala Magnetostratigráfica
A unidade básica é designada cron de polaridade –
intervalo de tempo com polaridade homogénea, ou com
predomínio de uma das polaridades, e uma duração
superior a 100 000 anos.

A sua construção inicia-se no registo da


polaridade actual, que é normal. Depois
regista-se o primeiro período com
polaridade inversa, seguido de nova
polaridade normal, até há cerca de 170
milhões de anos atrás. Depois disso o registo
é mais escasso.

1
190
9
A partir dos estudos das
inversões de polaridade
em rochas vulcânicas foi
possível construir uma
escala
magnetostratigráfica.

Escala magnetostratigráfica

191
192

Você também pode gostar