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Zoneamento Ecológico-Econômico do

Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Zoneamento
Ecológico-Econômico
do Estado de Mato Grosso do Sul

PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

Campo Grande, MS
2009
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul


André Puccinelli
Governador do Estado

Murilo Zauith
Vice-Governador do Estado

Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias


Secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo - SEPROTUR

Osmar Domingues Jeronymo


Secretário de Estado de Governo - SEGOV

Edson Giroto
Secretário de Estado de Obras Públicas e de Transportes - SEOP

Carlos Alberto Negreiros Said Menezes


Secretário de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia - SEMAC

Mário Sérgio Maciel Lorenzetto


Secretário de Estado de Fazenda -SEFAZ

Thie Higuchi Viegas dos Santos


Secretária de Estado de Administração - SAD

Carlos Eduardo Xavier Marun


Secretário de Estado de Habitação e Cidades - SEHAC

Tânia Mara Garib


Secretária de Estado de Trabalho e Assistência Social - SETAS

Maria Nilene Badeca da Costa


Secretária de Estado de Educação - SED
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Beatriz Figueiredo Dobashi Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável
Secretária de Estado de Saúde - SES
Acordo de Cooperação Técnica celebrado entre MMA e SEMAC
Wantuir Francisco Brasil Jacini Convênio MMA/Nº2007CV00001-SEDR
Secretário de Estado de Justiça e Segurança Publica - SEJUSP
Sumário

A. Ilusões, duras realidades e espírito de iniciativa na constituição do Mato Grosso do Sul. ...... 05 Ga.2 Zona do Chaco - ZCH ..................................................................................................................... 87
Ga.3 Zona Depressão do Miranda - ZDM ................................................................................................ 89
B. Metodologia ......................................................................................................................... 11 Ga.4 Zona Iguatemi - ZIG ........................................................................................................................ 90
Ga.5 Zona das Monções - ZMO .............................................................................................................. 92
C. Matriz PEIR .......................................................................................................................... 17 Ga.6 Zona Planicie Pantaneira - ZPP ........................................................................................................ 93
C1. Elementos de Pressão ............................................................................................................................ 19 Ga.7 Zona de Proteção da Planicie Pantaneira - ZPPP .............................................................................. 95
Ga.8 Zona Sucuriú-Aporé - ZSA ............................................................................................................. 97
C1.1 Impactos Climáticos Mundiais ........................................................................................................ 21
Ga.9 Zona Serra da Bodoquena - ZSB .................................................................................................... 98
C1.2 O Poder Econômico, Político e Militar MUNDIAL ............................................................................. 23 Ga.10 Zona Serra de Maracaju - ZSM ..................................................................................................... 99
C1.3 Exportações do Mato Grosso do Sul .............................................................................................. 25 Gb. Corredores de Biodiversidade ............................................................................................................... 101
A Produção Agrícola do Estado do Mato Grosso do Sul ......................................................................... 28 Potenciais Corredores da Biodiversidade .............................................................................................. 104
C2. Elementos de estado .............................................................................................................................. 31 Gc. Arcos de Expansão ............................................................................................................................... 105
Gc.1 Arco Norte ................................................................................................................................... 108
C2.1 Classes de Solos de Mato Grosso do Sul ....................................................................................... 34
Gc.2 Arco Leste ................................................................................................................................... 108
C2.2 O Estado do Clima de Mato Grosso do Sul ..................................................................................... 36 Gc.3 Arco Sul ....................................................................................................................................... 108
C2.3 Caracterização da Vegetação e Biodiversidade ................................................................................ 38 Gc.4 Arco Sudoeste ............................................................................................................................. 109
Recursos Hídricos .................................................................................................................................. 40 Gc.5 Arco Corumbá-Ladário ................................................................................................................ 109
Qualidade de Vida da População ............................................................................................................. 42 Gd. Eixos de Desenvolvimento .................................................................................................................... 115
Gd.1 Eixo de Desenvolvimento do Agronegócio .................................................................................... 117
C3. Os Impactos ........................................................................................................................................... 45 Gd.2 Eixo de Desenvolvimento da Energia ............................................................................................ 117
C3.1 Principais Problemas Ambientais de Mato Grosso do Sul ............................................................... 48 Gd.3 Eixo de Desenvolvimento e de Integração Fronteira Sul ................................................................ 117
Gd.4 Eixo de Desenvolvimento da Indústria .......................................................................................... 117
C4. As Respostas ......................................................................................................................................... 49
Gd.5 Eixo de Desenvolvimento do Turismo ........................................................................................... 118
C4.1 Áreas Protegidas ............................................................................................................................ 52
C4.2 Alguns dos estudos existentes utilizados .......................................................................................... 53 H. Carta Síntese de Gestão e Ações Estratégicas .................................................................... 125
D. Carta de Vulnerabilidade Natural ........................................................................................... 55
Construção da Carta de Vulnerabilidade Natural de Mato Grosso do Sul ....................................................... 57
Definição de Termos Técnicos do Zoneamento Ecológico-Econômico
E. Carta de Potencialidade Socioeconômica e Risco ................................................................. 63 de Mato Grosso do Sul ........................................................................................................... 129
Construção da Carta de Potencialidade Socioeconômica de Mato Grosso do Sul .......................................... 65
Bibliografia ............................................................................................................................. 133
F. Vulnerabilidade + Potencialidade e Definição do Quadro Regional ......................................... 73

G. Zoneamento Ecológico-Econômico do Mato Grosso do Sul .................................................. 81


Ga. As Zonas Ecológico-Econômicas ............................................................................................................ 83
Ga.1 Zona Alto Taquari - ZAT ................................................................................................................... 86
Zoneamento Ecológico-Econômico do
4 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Índice de mapas Mapa 31. Eixos de Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul ..................................................................... 119
Mapa 32. Eixo de Desenvolvimento do Agronegócio .................................................................................. 120
Mapa 1. Mapa Pedológico do Estado de Mato Grosso do Sul ...................................................................... 33
Mapa 33. Eixo de Desenvolvimento da Energia .......................................................................................... 121
Mapa 2. Vegetação e Biomas do Estado de Mato Grosso do Sul .................................................................. 37
Mapa 34. Eixo de Desenvolvimento da Integração da Fronteira Sul ............................................................ 122
Mapa 3. Sub-bacias e principais rios do Estado de Mato Grosso do Sul ...................................................... 39
Mapa 35. Eixo de Desenvolvimento da Indústria ........................................................................................ 123
Mapa 4. Qualidade de vida da população de Mato Grosso do Sul ................................................................. 41
Mapa 36. Eixo de Desenvolvimento do Turismo ......................................................................................... 124
Mapa 5. Impactos Ambientais do Estado de Mato Grosso do Sul ................................................................. 47
Mapa 37. Carta Síntese de Gestão e Ações Estratégicas ............................................................................ 127
Mapa 6. Áreas Protegidas ............................................................................................................................ 51
Mapa 7. Vulnerabilidade Natural do Estado de Mato Grosso do Sul .............................................................. 58
Mapa 8. Vulnerabilidade (Geologia) .............................................................................................................. 59
Índice de figuras
Mapa 9. Vulnerabilidade (Geomorfologia) .................................................................................................... 60 Figura 1. Histórico da Ocupação do Território de Mato Grosso do Sul .......................................................... 10

Mapa 10. Vulnerabilidade (Cobertura Vegetal) .............................................................................................. 61 Figura 2. Impactos Climáticos Mundiais ....................................................................................................... 22

Mapa 11. Vulnerabilidade (Solos) ................................................................................................................ 62 Figura 4. Cenário Econômico Internacional .................................................................................................. 24

Mapa 12. Potencialidade Social do Estado de Mato Grosso do Sul ............................................................... 66 Figura 5. Exportações de Mato Grosso do Sul ............................................................................................. 27

Mapa 13. Vulnerabilidades Sociais - Áreas de ocorrência ............................................................................. 68 Figura 6. Áreas de lavoura e pecuária no Mato Grosso do Sul (em hectares) ............................................... 29

Mapa 14. Potencialidades Econômicas - Áreas com atrativos relevantes para Figura 7. Dados Climatológicos de Mato Grosso do Sul ............................................................................... 35
Conservação ou Recuperação ..................................................................................................................... 69 Figura 8. Demanda e disponibilidade de água Q Retirada / Q7,10 (%),
Mapa 15. Potencialidades Econômicas - Incentivo Fiscal .............................................................................. 70 nas sub-bacias de Mato Grosso do Sul ......................................................................................................... 40

Mapa 16. Potencialidade Socioeconômica do Estado de Mato Grosso do Sul .............................................. 71 Figura 9. Qualidade da água nas sub-bacias de Mato Grosso do Sul ....................................................... 40

Mapa 17. Índice de Potencialidade Socioconômica do Estado de Mato Grosso do Sul ................................. 72 Figura 10. Indicador de riqueza dos municípios do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005 ...................... 42

Mapa 18. Sobreposição dos Índices de Potencialidade Socioeconômica com Figura 11. Indicador de longevidade dos municípios do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005 ............... 43
Índices de Vulnerabilidade Natural ................................................................................................................ 75 Figura 12. Indicador de escolaridade dos municípios do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005 .............. 43
Mapa 19. Regiões de Recuperação .............................................................................................................. 76 Figura 13. Estudos Realizados ..................................................................................................................... 54
Mapa 20. Regiões de Consolidação ............................................................................................................. 77 Figura 14. Produto Interno Bruto dos municípios de Mato Grosso do Sul .................................................... 67
Mapa 21. Regiões de Conservação .............................................................................................................. 78 Figura 15. Zona Alto Taquari - ZAT ............................................................................................................... 87
Mapa 22. Regiões de Expansão ................................................................................................................... 79 Figura 16. Zona do Chaco - ZCH .................................................................................................................. 88
Mapa 23. Zonas Ecológico-Econômicas do Estado de Mato Grosso do Sul .................................................. 85 Figura 17. Zona Depressão do Miranda - ZDM ............................................................................................. 90
Mapa 24. Potenciais Corredores de Biodiversidade e Áreas Protegidas de Mato Grosso do Sul .................. 103 Figura 18. Zona Iguatemi - ZIG ..................................................................................................................... 91
Mapa 25. Arcos de Expansão de Mato Grosso do Sul ................................................................................ 107 Figura 19. Zona das Monções - ZMO ........................................................................................................... 93
Mapa 26. Arco de Expansão Norte - AEN ................................................................................................... 110 Figura 20. Zona Planicie Pantaneira - ZPP ..................................................................................................... 95
Mapa 27. Arco de Expansão Leste - AEL ................................................................................................... 111 Figura 21. Zona de Proteção da Planicie Pantaneira - ZPPP ........................................................................... 96
Mapa 28. Arco de Expansão Sul - AES ...................................................................................................... 112 Figura 22. Zona Sucuriú-Aporé - ZSA .......................................................................................................... 97
Mapa 29. Arco de Expansão Sudoeste - AES ............................................................................................. 113 Figura 23. Zona Serra da Bodoquena - ZSB ................................................................................................. 99
Mapa 30. Arco de Expansão Corumbá-Ladário .......................................................................................... 114 Figura 24. Zona Serra de Maracaju - ZSM .................................................................................................. 100
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Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 5

Ilusões, duras realidades e espírito de iniciativa


na constituição do Mato Grosso do Sul. A
6
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 7

O
Sul de Mato Grosso hoje é fruto de uma composição Esses relatos exerceram um considerável fascí- Ao contrário de suas experiências anteriores no O Itatim estava localizado na planície pantaneira,
histórica, desde sua ocupação, marcada por busca nio no imaginário dos conquistadores que, sonhando México, com os Astecas, e no Peru e Bolívia, com na região banhada pelo Rio Mbotetey, na área com-
de metais, prear índios, criatório bovino e moderna com o enriquecimento fácil e rápido, passaram a acre- os Incas, onde encontraram uma fonte inesgotável preendida atualmente pela bacia hidrográfica dos Rios
agricultura que se entrelaçaram em uma simbiose ditar que a quantidade de prata existente, segundo esse de riquezas em ouro e prata, além de uma população Miranda e Aquidauana, na parte não inundável do Pan-
conjugada de otimismo, violência, ilusões e movi- mito, fosse considerada como sendo o equivalente ao indígena densa, ali os índios não se submeteram; tanal Sul Mato-Grossense.
mentos concretos de expansão das relações capita- volume de uma serra. Assim, o mito da Serra de Pra- tratavam - se de povos nômades, vivendo da caça,
Para os espanhóis radicados em Assunção, se
listas. ta, pertencente a um rei branco, transformou-se da pesca e da coleta, oferecendo dura resistência
estabelecer no Itatim era muito importante. Tratava-
gradativamente no principal objetivo da conquista eu- aos espanhóis.
A história da colonização e conquista da Bacia Pla- se de região estratégica, a porta de entrada ao Peru e
ropéia. (SILVA NOVAIS, p.36, 2004).
tina e das regiões do médio e alto Paraguai estão dire- Em pouco tempo, a nova colonização estava der- o sonho acalentado pelos assuncenhos era o de par-
tamente ligadas à busca das riquezas do Peru e à riva- As divulgações na Corte Portuguesa, da possibi- rotada, tanto pela falta de alimentos, como também ticipar do comércio na região mais próspera das colô-
lidade lusa – espanhola. O uso de objetos de prata entre lidade de riquezas, provocaram a imediata reação da pelos constantes ataques promovidos pelos indíge- nias espanholas.
os índios da região, obtidos através das relações eco- Coroa. Naturalmente se aguçaram as rivalidades en- nas. Buenos Aires, centro da conquista da Serra de
Outro fator importante estava relacionado à ques-
nômicas que mantinham com as populações incaicas, tre lusos e espanhóis em torno da posse daquela área. Prata, teve que ser despovoada e, praticamente todos
tão do trabalho, á questão das encomendas. A predo-
despertou a cobiça entre os primeiros navegantes eu- Imediatamente, uma expedição deixou o Porto de Lis- os expedicionários, da armada de Dom Pedro de
minância da população guarani nessas áreas, além
ropeus que incursionavam por esses territórios. boa sob o comando de Martim Afonso de Souza. An- Mendonza, transferidos para Assunção.
da facilidade do trato, assegurava a manutenção dos
tes de voltar a Lisboa, Martim Afonso de Souza, con-
As primeiras embarcações que navegaram sob as Em Assunção, os espanhóis encontraram condi- europeus. “A mão de obra indígena – relata GADELHA,
trariando determinações reais, fundou, em 1532, São
águas do Rio da Prata, ocorreram ainda na primeira ções mais favoráveis para o início da colonização. Nas 1980: 77 - representava a única riqueza que podia o
Vicente e Piratininga que não se situavam na Costa do
etapa dos descobrimentos e conquista da América. margens do rio homônimo, no local denominado pe- colono possuir, em território pobre de minério como o
Pau-Brasil, o que revela o prioritário interesse dos por-
los indígenas de Lambaré, eles entraram em contato Paraguai e onde, devido à relativa abundância, as ter-
No começo do século XVI, mais precisamente a tugueses, ou seja, a busca dos metais preciosos, já
com os cários, índios agricultores e sedentários e que ras não eram compradas e nem adquiridas e sim ob-
partir de 1502, os espanhóis estavam empenhados que o local escolhido para a fundação das vilas favo-
estavam em condições de produzir os alimentos ne- tidas por real doação. Assim, a riqueza e prestígio de
na busca de um caminho marítimo que os conduzis- recia, mais que a Costa do Pau-Brasil, o acesso ao
cessários para a subsistência dos espanhóis. um indivíduo eram medidos pelo número de encomen-
sem a Molucas, objetivo maior do comércio mercan- Paraguai e às minas do Peru.
das por ele possuídas”.
tilista. Foi essa busca que os trouxe ao estuário do Rio Muito cedo se desfez o sonho da conquista da
Por outro lado, a preocupação dos espanhóis com
da Prata. Serra de Prata. Quando em 1548, os espanhóis No ano de 1600, os espanhóis resolveram pela
O fracasso das expedições ao as expedições portuguesas na região platina acabou
radicados no Paraguai percorreram o mesmo cami- fundação de uma pequena cidade em território do
A princípio, o Continente não despertou muito
Peru fez com que o colonizador por acelerar o processo de sua ocupação. Além dis-
nho trilhado por Aleixo Garcia e chegaram ao territó- atual Estado de Mato Grosso do Sul; o espaço sele-
interesse entre os navegantes europeus, já que cons- so, Francisco Pizarro, que se havia apoderado do Im-
direcionasse seus movimentos em tituía um obstáculo aos que procuravam o monopólio pério Inca em 1531, retornou à Espanha, levando gran-
rio de Charcas, em terras peruanas, constataram que cionado localizava-se na região banhada pelo Rio
as mesmas já haviam sido ocupadas por patrícios Mbotetey na área compreendida atualmente pela
direção ao Guairá, Itatim e a Ilha de das ricas especiarias orientais. À medida que as em- de tesouro do Peru.
seus, vindos da Costa Ocidental, que ali chegaram e bacia hidrográfica dos Rios Miranda e Aquidauana.
barcações espanholas foram se aproximando da cos-
Santa Catarina, na tentativa de ta meridional atlântica da América do Sul, seus ocu-
Havia também a preocupação da Coroa Espanhola já haviam organizado núcleos de povoamento e se (MARTINS, 2002, p. 246). A cidade recebeu o nome
porque Portugal não parecia disposto a aceitar os ter- apossado das riquezas. Desfez – se, dessa forma, o de Santiago de Xerez.
encontrar meios para desenvolver pantes passaram a explorá-la e manter contatos com
mos do Tratado de Tordesilhas e procurava incluir o sonho dos colonizadores de Assunção de se apos-
os nativos, colhendo deles, histórias e lendas sobre Embora fosse um povoado extremamente po-
suas atividades de produção de as supostas riquezas que existiam na terra, o que cons-
Rio da Prata na linha de demarcação. Este fato provo- sarem delas.
bre, sem um produto que despertasse interesse nas
cou, por parte dos espanhóis, a imediata ocupação
maneira lucrativa e estabelecer tituiu em poderoso incentivo para a exploração do O fracasso das expedições ao Peru fez com que demais colônias espanholas, no entanto, o rebanho
da região visando, não apenas ao controle da área em
Continente Americano. o colonizador direcionasse seus movimentos em di- bovino e eqüino se desenvolveu muito bem. “Pos-
contato com a metrópole já que, torno da foz Rio da Prata, mas também o dos cami-
reção ao Guairá, Itatim e à Ilha de Santa Catarina, na suía vultosa gadaria, além de far tas lavouras”
Os indígenas faziam referência à existência de uma
o Paraguai estava fora das rotas serra situada à longa distância do litoral, pertencente
nhos que demandavam as lendárias riquezas do Peru.
tentativa de encontrar meios para desenvolver suas (TAUNAY, 1961, 2º ed.: 62, T.I.). A ajuda vinda de
oficiais que colocava a metrópole a um rei branco, cujo reino de Paytiti continha um cen-
Em fevereiro de 1535, os espanhóis aportaram à atividades de produção de maneira lucrativa e estabe- Assunção parece que era freqüente não só em ar-
margem ocidental do Rio da Prata, onde levantaram lecer contato com a metrópole, já que o Paraguai es- mamentos, mas também em gado bovino, o que per-
em contato com as suas colônias tro produtor de prata muito utilizada pelos nativos na
uns pequenos fortes, ao qual deram o nome de Santa tava fora das rotas oficiais que colocava a metrópole mitiu a rápida estruturação desse rebanho em Santia-
costa de Santa Catarina.
americanas. Maria de Buenos Aires. em contato com as suas colônias americanas. go de Xerez.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
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a oeste rumo às fronteiras castelhanas levou à desco- Essa facilidade de se chegar às terras do país do início, em 1878, com vistas ao fornecimento para o das ‘raças finas’ se extinguiram ele prosperava”.
berta das minas de ouro em Cuiabá, o que atraiu mi- vizinho permitiu que o contrabando de gado desem- mercado platino, através da formação da Companhia (VALVERDE, 1972, p. 116).
lhares de portugueses e seus escravos africanos para penhasse importante papel na economia sulina: o gado Matte Laranjeira que tomou grande impulso em 1902,
Após a guerra, as atenções a região. No afã de preservar os sítios auríferos, as era vendido no país guarani. Na volta os criadores tra- quando se associou a capitais argentinos e formou a
Ao lado da melhoria do padrão racial, o arame far-
pado começou a aparecer nas propriedades do Panta-
do Governo Imperial voltaram-se atenções da Coroa Portuguesa voltaram-se exclusi- ziam sal, medicamentos, produtos alimentícios e ou- Companhia Laranjeira, Mendes e Cia., com sede em
nal como condição essencial para o ‘azebuamento’ do
vamente para o norte de Mato Grosso, onde foram tros produtos de difícil obtenção para os isolados fa- Buenos Aires.
para Mato Grosso, sobretudo para rebanho. As fazendas foram sendo cercadas, e as pas-
sendo constituídos fortes e vilas na fronteira com a zendeiros sulistas.
Um novo empreendimento importante para a eco- tagens divididas, propiciando a seleção dos animais.
a região do Pantanal sul, medidas Bolívia.
O Brasil manifestava constante preocupação com nomia estadual foi a concessão dada pelo Governo do Com isso, o rebanho foi sendo direcionado e preparado
foram sendo tomadas para Por outro lado, os espanhóis voltaram as suas a integridade de seus territórios a oeste, o que o levou Estado para a exploração do minério de ferro e para a produção de carne. “O rebanho regional era co-
estimular a economia local. atenções para o sul de Mato Grosso, onde os portu- a manter conversações freqüentes com o Governo manganês pela Societé Anonyme d’Ougree Mariharye nhecido na época por sua inferior qualidade e, exata-
gueses não tinham pontos de ocupação; fundaram, paraguaio. e à Societé Metallurgique d’ Esperance Langdoz para mente por dispor de exígua quantidade de carne, só
então, o forte de Vila Real da Conceição, acima da a fabricação do aço, tendo se iniciado aí o processo poderia ter aproveitamento industrial lucrativo nos
O segundo presidente republicano do Paraguai,
boca do Rio Ipané, à margem esquerda do Paraguai. de aproveitamento industrial das jazidas de Corumbá saladeiros e charqueadas” (ALVES, 1984.) e por isso foi
Antonio Carlos Lopes, não se negava a abrir a nave-
A cidade, porém, enfrentou muitas dificuldades, com capital belga. aos poucos sendo substituído pelo gado graúdo de for-
Em resposta, os portugueses mandam executar gação do rio homônimo para os navios brasileiros,
pois, mesmo sendo a via mais fácil e mais rápida para ma arredondada, muito andejo e com visível acúmulo
um minucioso levantamento das vias navegáveis da “desde que fosse a troca de um tratado que desse O período que se estendeu de 1870 a 1910 foi
atingir os tesouros peruanos, a presença dos guaicurus de carne no posterior.
Bacia do Paraguai, com o objetivo de implantar pon- fronteiras seguras ao país guarani”. (POMER, 1979: marcado pela lenta integração do Pantanal sul de Mato
e paiaguases nas rotas impediam a livre circulação e tos estratégicos militares visando atender a expansão 70). As diplomacias do Império do Brasil e da Repú- Grosso ao mercado nacional, quando foram sendo De todo modo, os elementos destacados, aludidos
o comércio regular. Afastada dos demais núcleos es- colonialista lusa e estancar o avanço de súditos espa- blica do Paraguai foram incapazes de resolver as con- construídas as bases para o desenvolvimento da pe- anteriormente, consolidaram uma paisagem produtiva
panhóis, a cidade não conseguiu prosperar e seus nhóis. A partir de 1775, foi fundado o Forte de Coimbra tendas entre os dois países e com isso a guerra foi cuária de corte. muito diferenciada entre a parte norte da parte sul do
habitantes sobreviveram enfrentando privações e cons- às margens do rio Paraguai; em 1776, a cidade de deflagrada. velho Mato Grosso. O sul, com Campo Grande à frente,
tantes ataques dos nativos. O Estado de Mato Grosso, sobretudo a região sul,
Albuquerque e em 1778, Corumbá assegurando as- foi indelevelmente consolidando uma modernidade sen-
A Guerra do Paraguai interrompeu um período pro- recebeu, no final do século XIX e começo do XX, gran-
A necessidade indispensável de mão-de-obra in- sim o domínio da margem direita do Rio Paraguai, sivelmente superior àquela existente na pecuária tradi-
missor de desenvolvimento econômico na região do de impulso com a modernização do porto de Corumbá,
dígena, domesticada para a economia agrícola colo- garantindo o controle da sua navegação. cional do norte. Esta diferença se acelera com muita
Pantanal sul de Mato Grosso. Durante quase cinco anos, a instalação da indústria da carne e siderúrgica, a com-
nial, motivou a vinda de missionários jesuítas para a intensidade a partir dos anos cinqüenta: a chegada de
Com a fundação de vilas-presídios e fortes na desapareceu a livre navegação no Rio Paraguai. Isso pra de grandes extensões de terra por empresas es-
região. A catequese dos índios guaranis itatins, as- paulistas minimamente capitalizados (nos 50) para as
fronteira, era intenção, também, formar colônias com comprometeu a economia de toda a Província, atingiu trangeiras e a construção da rede ferroviária federal.
sentados no âmbito dos Campos de Xerez, resultou terras das vacarias de Dourados; dos gaúchos (nos 60)
soldados e suas famílias e, quando possível, estimu- duramente o sul e se constituiu num verdadeiro desas- Tudo isso foi mudando as feições da região. Em 1912,
na constituição da província jesuítica do Itatim ou do já capitalizados, substituindo tradicionais ervais no cone
lar a aproximação, a amizade e o casamento – talvez tre para a população pantaneira. a iluminação pública foi inaugurada em Corumbá e
Pantanal Católico. sul; e de super-capitalizados no inicio dos 70, todos
melhor dizendo: acasalamento - com as nativas, com depois dela veio a rede de telefonia. (AMORIM, 1917).
Após a guerra, as atenções do Governo Imperial ligados à moderna agricultura, consolidaram uma con-
Os padres receberam amplos poderes para reu- o objetivo de aumentar a população e, conseqüente- Em 1904, estava concluída a ligação telegráfica de,
voltaram-se para Mato Grosso, sobretudo para a re- dição de desconforto institucional entre o sul e norte do
nir os naturais em povoados, governarem-nos sem mente, a ocupação territorial. praticamente, todo o sul do Estado, com a inaugura-
gião do Pantanal sul, medidas foram sendo tomadas velho Mato Grosso, como se verá a seguir.
qualquer dependência das cidades e fortalezas vizi- ção da estação de Corumbá.
Os fortes construídos para a defesa da Capitania para estimular a economia local. Como efeito, empre-
nhas. O propósito dos jesuítas era fazer dos indíge- contra eventuais ataques do incômodo vizinho acaba- sas nacionais e estrangeiras se estabeleceram e pas- A melhora do preço do rebanho bovino e a absor-
nas, cristãos. ram por agregar os indígenas. Tornaram-se esses for- saram a prestar serviços de navegação entre Corumbá ção do excedente produzido no interior das fazendas
A necessidade de mão-de-obra indígena domes- tes, pólos atrativos, permitindo, mais tarde, a forma- e as cidades do Prata, com o estabelecimento de li- pelo mercado aumentaram os rendimentos dos pro-
ticada também exerceu forte atração sobre os ban- ção dos primeiros núcleos urbanos, como Corumbá, nhas de cargas e de passageiros. dutores rurais, os quais estreitaram relações com seus
deirantes paulistas que desde, meados do século XVI, Miranda e Albuquerque. pares, sobretudo de Minas Gerais, e começaram a
A cidade de Corumbá passou a desempenhar o
já excursionavam pela região e passaram, a partir de incorporar novas técnicas ao processo de produção;
Quando da emancipação das colônias espanho- papel de capital do Rio Paraguai. Era o entreposto en-
1630, a assediar os pólos castelhanos. Desde 1632 a crescendo a especialização da própria pecuária, com
las e portuguesas, com o surgimento de duas novas tre os portos platinos e europeus e de toda a Provín-
1649, a província jesuítica do Itatim foi transformada o contínuo aumento da produção. Com relação ao
pátrias independentes, Bolívia e Paraguai, as tensões cia, tornado-se a principal porta de embarque da ex-
em um grande palco onde se encontraram jesuítas a e as relações comerciais não só se mantiveram como portação dos bens produzidos no Pantanal e da entra-
manejo, muito pouco mudou, mas a grande reavaliação Apesar de escassamente
serviço da Espanha, colonos espanhóis e os bandei- foi o melhoramento do padrão racial do rebanho na
rantes paulistas lutando pelo controle da mão-de-obra
foram ao longo do século XIX se ampliando com to- da da cultura platina, com todas as suas decorrências
busca do aumento do desfrute e da produtividade. povoada, a Província de Mato
das as suas contradições. Para o produtor sul-mato- (Cf. ALVES, 1984; CORRÊA, 1999; ESSELIN, 2003).
indígena. Estes últimos impuseram fragorosa derrota grossense, até 1856 era muito mais fácil e rápido Desde o último quartel do século XIX, os produ- Grosso atraiu investimentos
ás frentes de colonização espanhola: assaltaram os Apesar de escassamente povoada, a Província de
aldeamentos, escravizaram os nativos e destruíram
comercializar nas praças do Paraguai e da Bolívia do
Mato Grosso atraiu investimentos estrangeiros; a aber-
tores de Uberaba passaram a importar da Índia o gado estrangeiros, a abertura do rio
que com São Paulo e Rio de Janeiro. reprodutor zebuíno, cuja característica era a rustici-
as reduções dos padres jesuítas. tura do Rio Paraguai à navegação constituiu em im-
dade. Os animais se adaptavam muito bem ao clima
Paraguai a navegação constituiu
As autoridades do Império assistiram por muito portante fator para o desenvolvimento de diversas ati-
À medida que as frentes de colonização dos es- tempo à província de Mato Grosso gravitar economi- vidades econômicas.
tropical, podiam ser criados extensivamente, não de- em importante fator para o
panhóis foram destruídas deixaram de constituir em- pendiam de muitos cuidados e se revelaram extrema-
camente em torno dos círculos comerciais paraguaios,
Uma delas foi a exploração da erva-mate, que
desenvolvimento de diversas
pecilho à entrada dos portugueses na região. A contí- mente precoces, fortes para o trabalho do campo e
com tendência a se desligar da precária unidade
nua penetração dos bandeirantes em direção ao sul e monárquica e se juntar à República Paraguaia.
ofereceu o cenário atual do Mato Grosso do Sul, ten- de rápida reprodução. “Onde os animais das chama- atividades econômicas.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 9
A moderna agricultura tema de intercâmbio inter-regional (entrada de mer-
cadorias principalmente do Sudeste e Sul) e interna-
bre do álcool, grandes canaviais foram plantados e,
com eles, modernas destilarias. Surgiram culturas tra-
dos cafezais”, esses sitiantes iniciaram suas culturas
pelo plantio de café e a extração de madeira (PÈBAYLE
na compleição do Mato Consolidada no Estado há
cional; (a cultura da soja no Mato Grosso desde seus dicionais tomaram novo impulso; cresceram as plan- & KOECHLIN, 1981).
primórdios visava ao mercado intencional). Ampliou, tações de milho, arroz e feijão. O trigo, enquanto par-
Grosso meridional pouco mais de vinte anos, a soja também, circuitos produtivos auxiliares (comércio ur- ceiro da soja em quase todo o país, logo conquistou a
A implantação de serrarias, o nascimento de uma
pequena produção mercantil e as necessidades de
bano, produção agrícola para o consumo urbano, pro- posição de terceira maior cultura do Estado (ao lado
É praticamente impossível identificar qualquer se- movimentou a economia, dução industrial de calcário moído). Promoveu, com do milho), perdendo apenas para a soja e o arroz. No
serviços urbanos (educação, saúde, comércio, etc.)
tor da economia, na história recente do velho Mato Gros- fizeram surgir em 1963, no Planalto Mato-grossense,
modificou a política e criou uma efeito, a implantação de rígidos blocos estruturais setor urbano, o crescimento do volume e a velocidade
cinco municípios e oito vilas. Campo Grande foi o pólo
so e no atual Mato Grosso do Sul, que tenha se desen-
volvido independentemente ou se divorciado da mo- nova história. Esse feijão, hoje fixos como a modernização e construção de estradas de circulação das mercadorias abstraíram contingen-
de ligação entre essa região e os grandes centros pro-
e pontes. Foram construídos silos e armazéns que tes populacionais do Sudeste, Sul e Nordeste, resul-
derna agricultura, mais especificamente a sojeicultura. alimentando as máquinas dutores (São Paulo, sobretudo), além de constituir-se
caracterizaram um aumento de mais mil por cento tando na implantação de novos núcleos urbanos. O
O crescimento de indústrias como frigoríficos, cimen- em tradicional centro de comércio de gado desde os
to, destilarias, moinhos de trigo, peças e equipamen-
esmagadoras locais, enriqueceu e em dez anos. Os aeroportos e campos de pouso tor- Mato Grosso meridional cresceu 6,1% ao ano, um
anos vinte. Por conseqüência, gerou em seu útero uma
naram-se comuns na paisagem do cerrado. percentual muito superior à média nacional, como
tos, calcário moído, etc.; o setor urbano, com cresci- empobreceu homens, destruiu decorrência das atividades econômicas.
pequena e dinâmica burguesia mercantil.
mento populacional e nascimento de cidades, está li- O crescimento da sojeicultura demandou novas
gado direta ou indiretamente, à modernização do setor
mitos e realidades, moveu necessidades de caráter científico-técnico: a eletrifi- Foi uma derradeira época de ouro. Vendedores
Todo o dinamismo alcançado pouco representou
se compararmos ao processo desencadeado pela
rural, o que significa estar ligado à sojeicultura. máquinas e capitais. cação rural, a comunicação telefônica e a de toda espécie, engenheiros, trabalhadores volantes,
chegada dos granjeiros, a partir de 1968/69. Arren-
informatização. Organizou-se inclusive, um centro de médicos, aventureiros e lúmpen-proletariado de toda
Consolidada no Estado há pouco mais de vinte dando terras de pecuaristas e ervateiros, os primeiros
máquinas agrícolas, adubos, pesticidas, dentre outros, pesquisa (Embrapa) voltado para as necessidades da ordem chegaram à busca de empregos ou de uma
anos, a soja movimentou a economia, modificou a granjeiros - como assim eram chamados, embora não
provocou a emersão de novas relações entre os ho- produção, reunindo, em 1976, mais de 200 pesqui- situação perdida em seus lugares de origem. Essa
política e criou uma nova história. Este grão, hoje trabalhassem com aves – chegaram ao cerrado mato-
mens. O movimento dado pelo avanço do cultivo mono sadores em trabalho efetivo na região. força de trabalho, produzindo, construiu monumentos
alimentando as máquinas esmagadoras locais, enri- grossense em 1968, a tempo de preparar a terra para
cultural da soja aumentou o volume e a importância que se volatizaram ou perpetuaram, “acotovelando-
queceu e empobreceu homens, destruiu mitos e re- A edificação dos arranjos espaciais fixos exigiu a o plantio daquele ano. Acostumados como estavam
dos fluxos, criando, como efeito, novas formas de se” em múltiplas formas de viver e habitar. Um cauda-
alidades, moveu máquinas e capitais. Noutras pala- co-participação do Estado (tanto em nível regional com a sojeicultura, com base mínima de capitaliza-
consumo e inaugurando novas formas diferenciadas loso movimento de pessoas desaguou em brutal des-
vras, impôs-se como símbolo de uma nova socieda- quanto nacional). Os investimentos do setor privado ção, plantaram soja resistindo, inclusive, a uma orien-
de vivência, modificando a estrutura dos estabeleci- controle do uso do solo urbano e, também, em des-
de, símbolo do capitalismo, símbolo da reprodução na construção e na manutenção da estrutura fixa do tação técnica inicial que indicava o cultivo do algodão
mentos agropecuários. Em menos de cinco anos (70- controlada especulação imobiliária. A rede urbana, que
do espaço. espaço permaneceram próximos de zero, corroboran- e, à revelia, alcançaram sucesso. Arrendatários de
74), houve uma redução significativa no seu número; desse movimento nasceu, representou um entrelaça-
do com um padrão recorrente na história brasileira de 1968/69 já eram proprietários de terras em 1970/71
O volume de terras com capacidade produtiva triplicou áreas de lavouras temporárias; o percentual mento do complexo sistema de intercâmbio plantado
utilizar os benefícios estatais para beneficiamento de e capitalizados para adquirir (ou arrendar) outras áre-
ociosa e seus preços, pelo menos dez vezes mais de proprietários e arrendatários sofreu uma redução na região.
interesses específicos. as. A notícia de boa colheita atraiu novos granjeiros e
baixos que as do Sul e Sudeste do país, atraíram para de mais de 50% e 20%, respectivamente (IBGE, 1989).
Não restam dúvidas de que Mato Grosso produ- capitalistas para a região, além de levar fazendeiros
a região Centro-Oeste, principalmente para o Sul de Nesse quadro, a participação do Estado foi mui-
A necessidade de movimentação cada vez mais zia mercadorias. Todavia, não podemos dizer que es- locais a re-dimensionarem seus investimentos para a
Mato Grosso, os principais investimentos durante os to além da construção da chamada infra-estrutura e
acelerada de capitais constantes e circulantes ampliou sas mercadorias eram produzidas dentro de um modo soja. O desdobrar do processo é conhecido.
anos setenta. Inicialmente, foram os pequenos arren- das linhas especiais de crédito. Em nome da “ajuda”
o fluxo de investimentos, provocando a expansão para de produção capitalista claramente delineado. Tam-
datários oriundos do Rio Grande do Sul e do Paraná aos pequenos proprietários, o Estado (regional) in-
áreas produtivas ainda não ocupadas. Grandes gru- bém não podemos afirmar que toda a produção ali
que, no final da década de 1960, em conjuntura des- vestiu na organização de um aparato técnico consti-
pos econômicos foram atraídos, carregando altos in- existente era pré-capitalista. Na verdade, havia, no
favorável aos ervateiros e pecuaristas, plantaram soja tuído de tratores, adubos, colheitadeiras e técnicos,
vestimentos. antigo Mato Grosso, uma conjugação de diferentes
com sucesso, no vale do Ivinhema. a serem utilizados por pequenos, médios e grandes
(até antagônicos) modos de produção e circulação.
A seguir, grandes levas de capitalistas promove- agricultores, capitalizados ou não. Essa atuação do
Os resultados favoráveis de boa safra do feijão-
ram o avanço dos limites do cone sul do Estado, che- Estado incrementou a ampliação do modo de coo- A situação começou a se alterar irreversivelmente
soja, a própria conjuntura internacional da valorização
gando às áreas tradicionalmente pastoris de Campo peração capitalista na agricultura; promoveu a ace- a partir do final dos anos cinqüenta e início dos anos
do produto motivaram os grandes capitais do Sul e do
Grande. Antes do terceiro quartel da década de seten- leração do processo de concentração fundiária; soli- sessenta. A migração de considerável volume de for- A moderna agricultura promoveu
Sudeste, sedentos de lucros, a investir maciçamente
na sojeicultura, modificando por inteiro a geografia
ta, invadiram os sertões de Camapuã, Cassilândia e dificou e ampliou o mercado interno, além de possi- ça de trabalho para a região localizada entre os Rios uma verdadeira revolução no
Paranaíba. Os comerciantes locais capitalizados, que bilitar a formação de uma consciência nova, anti- Dourados e Naviraí deu origem a um processo de cir-
sulina do velho Mato Grosso.
antes investiram no plantio de café, motivados pelo autonomista. culação de mercadorias diferenciado existente até espaço. Transfigurou
A movimentação de capitais no extremo sul de crédito fácil, pelos bons-ares do mercado internacio-
A medida em que se expandiu a área de plantio,
então no extremo sul do velho Mato Grosso. completamente a paisagem e o
Mato Grosso alterou por completo as relações produ- nal, e principalmente prejudicados pelas grandes per-
tivas vigentes até então. das dos cafezais com as freqüentes geadas, junta-
abriu-se um leque de investimentos que alcançaram Empresas colonizadoras, como a viação São Paulo modo de produção existente.
número de setores cada vez mais expressivos. No – Mato Grosso, Vera Cruz, Someco, entre outras, in-
A circulação de volumosos fluxos de mercadori- ram-se aos bem sucedidos sojeicultores e fizeram
campo, em regiões “impróprias” à sojeicultura – como vestiram em compras de grandes glebas de terras,
Noutras palavras: permitiu a
nascer São Gabriel do Oeste.
as (humanas e não-humanas) adicionou estranhos Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas - gran- dividindo-as em pequenos lotes (8 a 25 ha.) e prati- construção de uma nova história.
artefatos à natureza local, engendrando uma destrui- O afluxo de capitais ao Mato Grosso do Sul du- des grupos empresariais (CICA, Reflorest Invest, Sei- camente “doavam” a pequenos produtores despoja-
ção constante da economia natural desenvolvida há
Como efeito, suscitou o florescer
rante os anos setenta, orientado para a ampliação e va, Faber Castel, Transparaná, etc.) investiram pesado dos de suas terras no Sul e principalmente, no Sudeste
séculos. A penetração de capitais constantes como manutenção da sojeicultura, criou um complexo sis- na silvicultura (eucaliptos e pinus). Com a primeira fe- e no Nordeste. Incentivados pela “política de expansão de uma nova unidade federativa.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
10 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

A rapidez com que a soja se desenvolveu, pro- rias direcionava seus intentos (em menos de dois anos do no norte, mais de duzentos foram assentados no sul. Neste contexto, o sul se separava do norte de Mato
moveu, também, paralelamente: (i) a ampliação do – 1966-68 – se construíram mais de 800 km em uma E, com a força política concentrada majoritariamente Grosso em diversos níveis e formatos. Ambas as partes
caráter comercial nas diversas propriedades agríco- região que possuía pouco mais de 2.000 km); implan- no sul – onde também estavam 70% da população – se viam amarradas em seus intentos desenvolvimentistas.
Os grandes projetos de las; (ii) a expulsão e a expropriação de pequenos pro- taram-se mais de 1.400 km de estradas vicinais no sul foram sugados para a parte meridional do Estado 80 a Sem ações pró nem reações contra, em 1976, o então
migração promovidos por grandes dutores, forçando-os a migraram para regiões mais do Mato Grosso. Paralelamente à construção de estra- 90% dos investimentos da área federal. Esse fato deixa- Presidente da Republica, General Geisel, solicitou ao seu
ao norte; a ampliação do mercado interno; (iii) a trans- das, os governos construíram outros grandes fixos va o norte desprovido de investimentos estruturais im- Ministro do Interior, Rangel Reis, um estudo sobre a viabi-
empresas que permitiram a
formação gradativa de grandes latifundiários em em- como hidrelétrica; expansão da rede de transmissão portantes para o desenvolvimento da região. lidade da divisão de Mato Grosso.
ocupação do interior do Estado presários agrários; e, (iv) o enriquecimento precoce de energia; silos e armazéns, e principalmente esco- Assim, colhendo o resultado desta conformidade
Tais atitudes minaram, por fora, a grande priori-
(direção Sul), no final da década de comerciantes locais. Por fim, dilatou o processo las, praças e avenidas. Intensificou-se ainda mais a
dade pastoril. Com o advento da moderna agricultura, de elementos – novo modo de ser da história na eco-
de prostrar rígidas barreiras arcaicas, aprofundou gi- circulação de fluxos de capital e mercadorias. nomia política regional – engendrada, em especial,
de cinqüenta e sua intensificação, gantescamente as contradições intra-relações huma-
a velha oligarquia terminou sendo minada “por den-
Nota-se que tanto Pedro (Pedrossian) quanto os tro”. Como efeito, tradicionais pecuaristas foram obri- pelo frenesi da modernização do campo e suas in-
durante anos da década de nas e intra-regiões, e passou a substituir, pari passu,
Josés (Fragelli e Garcia Neto) administraram “dois” gado a promover a modernização mais intensa nas tercessões, a Constituição de Mato Grosso do Sul
o “espírito estreito e provinciano” pelo “espírito de
sessenta,suscitaram – como iniciativa”.
Estados. Observando os Relatórios de Governo dos formas de produção de suas propriedades. A emer- ocorreu de direito em 11.10.77 e de fato em 1° de
três governadores, percebe-se que para cada km de gência de um capitalismo rural foi inevitável no sul de Janeiro de 1979.
vimos – um, vigoroso movimento Todavia, é mister ressaltar o caráter não-uniforme estrada construída no norte do Estado, mais de 15 Mato Grosso, e com ele a reorientação na mentalida-
de fluxo e refluxo de mercadorias. da exploração. Não se configurou, apesar do avanço km foram construídos no sul; para cada tijolo assenta- de existente.
proveniente da sojeicultura, qualquer uniformização do
espaço. Relações atrasadas, pré-desenvolvidas conti-
A soja, ou seja, a moderna agricultura promoveu
nuaram a existir e a ter função dentro do processo geral
uma verdadeira revolução no espaço. Transfigurou com-
da acumulação capitalista.
pletamente a paisagem e o modo de produção existen-
te. Noutras palavras: permitiu a construção de uma nova Não há dúvidas do fato de que, se não houvesse
história. Como efeito, suscitou o florescer de uma nova uma mudança substancial na estrutura produtiva da
unidade federativa. grande propriedade latifundiária pastoril, não haveria
acontecido o Mato Grosso do Sul.
Com a intensificação do plantio da soja a partir
de 1971, a agricultura passou a assumir progressi- Campo Grande há muito se constituí numa cidade
vamente um caráter nitidamente comercial. O antigo de comerciante. A presença política desse setor sen-
agricultor ou pecuarista foi, pari passu, cedendo lu- tiu-se desde a criação da Associação Comercial, em
gar à empresa rural moderna. O modo capitalista de 1926. Todavia, a partir dos anos 50, os comerciantes
produção da soja suplantou as técnicas tradicionais assumiram a administração municipal e não mais fo-
da economia natural rotineira ali existente há sécu- ram desalojados do poder. Evidentemente que, ao nos
los; os instrumentos primitivos de produção agríco- referimo-nos aos comerciantes, não estamos falando
la foram cedendo lugar a técnicas, instrumentos e dos grandes latifundiários (também comerciantes).
máquinas cada vez mais aperfeiçoadas. Noutros ter- Referindo-nos a uma pequena “burguesia” comercian-
mos, a antiga forma imobilista de se produzir mer- te, ligada ao centro dinâmico da economia brasileira,
cadoria foi vencida por procedimentos dinâmicos e ativas no comércio de exportação de matérias-primas
modernos que impulsionaram o desenvolvimento das (gado em primeiro plano) e importação de produtos
forças produtivas e do trabalho social. manufaturados do Sudeste (São Paulo, principalmente)
para Mato Grosso. Os grandes projetos de migração
A introdução e ampliação do cultivo da soja pos-
promovidos por grandes empresas que permitiram a
sibilitaram que um grande número de trabalhadores,
ocupação do interior do Estado (direção Sul), no final da
isócronos e espacialmente, utilizando modernos ins-
década de cinqüenta e sua intensificação, durante anos
trumentos e máquinas sob o comando único capita-
da década de sessenta, suscitaram – como vimos - um
lista, produzissem a mesma espécie de mercadori-
vigoroso movimento de fluxo e refluxo de mercadorias.
as. Este cultivo também agrupou, conjuntamente, tra-
Os comerciantes constituíram-se nos principais bene-
balhadores sem nenhuma especialização com tra-
ficiados pelo processo, auferindo expressivos lucros.
balhadores altamente especializados (tratorista, mo-
Foram estes comerciantes que promoveram as muta-
toristas, técnicos agrícolas, agrimensores, mecâni-
ções nas relações políticas na eleição de 1965.
cos, aviadores, etc.); no mesmo processo, desen-
cadeou a necessidade de recrutadores de mão-de- As administrações dos governos pós 1965 deixa-
obra, contabilistas, escriturários, fiscais de produ- vam “às claras” o projeto político de um novo tempo. A
ção e uma série de gerentes de produção. construção de estradas para o transporte de mercado-
11

Metodologia B
12
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 13

– no caso do ZEE/MS, em que o objeto central é o da Matriz PEIR, cuja base investigativa consiste, nes- 3. O que podemos fazer e o que estamos fazen-
ordenamento de uso e ocupação do território – para ta primeira aproximação, na utilização de dados se- do agora?
Introdução estabelecer e delimitar porções territoriais com carac- cundários, isto é, não se coloca como necessária a 4. O que acontecerá se não atuarmos neste mo-
terísticas próprias, com formas, funções, estrutura e constatação primária. mento?
O objetivo central desta Primeira Aproximação do processos compatíveis. Além disso, as zonas devem
Assim, é importante conhecer as características Assim, identificam-se os quatro processos bási-
Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Mato possuir delimitações concretas e visíveis para que as
das principais atividades econômicas em diversas cos que são objeto da análise, incluindo a formula-
Grosso do Sul - ZEE/MS é, através do cruzamento das normas de regulação de uso possam ser socialmente
escalas, as necessidades globais, os principais deter- ção das perspectivas futuras do meio ambiente terri-
duas ordens de fatores (econômico-social e ecológi- aceitas e cumpridas (BECKER e EGLER, 1997).
minantes da ocupação do território, a organização torial.
co), estudar divisões territoriais com fins de identifi-
Como princípio, o ZEE/MS exige uma série de social e institucional regional e as formas de partici-
car zonas com naturezas específicas, possibilitando Deste modo, os componentes da Matriz PEIR são
entendimentos prévios da realidade do território pação das organizações sociais nas questões am-
propostas diretrizes e recomendações para uso. A classificados em:
(Ab’Saber, 1986) o que estabelece, por sua, vez a bientais do Mato Grosso do Sul. Em síntese, o desíg-
identificação dos fatores ecológicos e da intensidade • Pressão exercida pela atividade humana so-
necessidade de um diagnóstico multidisciplinar para nio principal da Matriz GEO é avaliar especificamente
da ocupação do solo convergirá em um processo de bre o meio ambiente, geralmente denominada
identificar as vulnerabilidades e as potencialidades como os diversos processos de urbanização e ocu-
zoneamento visando à organização do território, indi- causas ou vetores de mudança. O conhecimen-
específicas de uma das áreas, ou sub-espaços do ter- pação do solo pressionam o meio ambiente natural,
cando as formas do seu uso, com medidas de preser- to dos fatores de pressão busca responder à
ritório em estudo. Somente neste sentido poderá ser através da análise dos fatores que pressionam os re-
vação e diretrizes para exploração econômica das zo- pergunta “Por que ocorre isto?”;
um instrumento de orientação de parâmetros para a cursos naturais e os ecossistemas, e as conseqüên-
nas definidas e, como efeito, possibilitando a realiza-
sua utilização. cias que provocam quanto (i) ao estado do meio am- • Estado ou condição do meio ambiente que re-
ção de maior eficiência produtiva em obediência a prin-
biente, (ii) aos impactos na qualidade de vida e, (iii) sulta das pressões. As informações referen-
cípios e parâmetros de utilização sustentável dos re- Assim colocado, são apresentadas, em seguida,
às respostas dos agentes públicos, privados e soci- tes ao estado respondem, por sua vez, à per-
cursos naturais. as diretrizes metodológicas para elaboração dos tra-
ais aos problemas gerados. gunta “O que está ocorrendo com o meio
balhos de apresentação do ZEE/MS em sua primeira
Segundo Milton Santos (1996), para entender a ambiente?”;
aproximação. A estrutura da análise se baseia nos indicadores
organização do espaço faz-se necessário empregar
inseridos na Matriz conhecida como Pressão – Esta- • Impacto ou efeito produzido pelo estado do
quatro termos disjuntivos e associados: forma, fun-
do – Impacto – Resposta, PEIR. Esta Matriz busca meio ambiente sobre diferentes aspectos,
ção, estrutura e processo. A forma, enquanto condi-
estabelecer um vínculo lógico entre seus diversos como os ecossistemas, qualidade de vida hu-
ção visível do objeto; a função, enquanto tarefa ou
atividade a ser cumprida pelo objeto; a estrutura, con-
A metodologia GEO componentes, de forma a orientar a avaliação do es- mana, economia estadual, etc.; respondem à
tado do meio ambiente, desde os fatores que exer-
solidando a inter-relação entre os objetos e a maneira para o ZEE/MS cem pressão sobre os recursos naturais (os quais
pergunta “como o meio ambiente afeta a qua-
lidade de vida das populações?”
como eles se inter-relacionam; e o processo, enquan-
podem ser entendidos como as “causas” do seu es-
to movimento de transformação da estrutura, consor- O approach da análise para o ZEE/MS será a ação • Resposta é o componente da Matriz que
tado atual), passando pelo estado atual do meio am-
ciando a relação tempo e mudança. Estes elementos do desenvolvimento, tanto mundial, nacional quanto corresponde às ações coletivas ou individu-
biente (“efeito”), até as respostas (reações) que são
tomados individualmente apresentam apenas realida- regional, do meio ambiente, na perspectiva da susten- ais que aliviam ou previnem os impactos
produzidas para enfrentar os problemas ambientais
des limitadas do mundo. Mas, se considerados em tabilidade. Não se trata, portanto, de examinar as ca- ambientais negativos, corrigem os danos ao
Como princípio, o ZEE/MS racterísticas de todo o processo de desenvolvimento
no território.
conjunto e relacionados entre si, constroem uma base meio ambiente, conservam os recursos na-
exige uma série de entendimentos teórica e metodológica a partir da qual podemos dis- em si mesmo, e sim de avaliar o seu significado sobre Os componentes da Matriz que expressam dife- turais ou contribuem para a melhoria da qua-
o estado do meio ambiente, através de indicadores rentes formas de relacionamento território-ambiental
prévios da realidade do território o cutir os fenômenos espaciais em sua totalidade. lidade de vida da população local. Podem ser
das dinâmicas sociais, econômicas, políticas e e atributos do meio ambiente e da qualidade de vida preventivas ou paliativas. Os instrumentos
que estabelece, por sua, vez a Para que se possa convergir para a identificação
territoriais. correspondem, por sua vez, à tentativa de responder deste componente respondem à pergunta “O
de zonas com problemáticas específicas é preciso
necessidade de um diagnóstico observar e considerar estes elementos estabelecidos Neste caso, a base de investigação é o GEO,
a quatro perguntas básicas sobre o meio ambiente, que podemos fazer e o que estamos fazendo
em qualquer escala: agora?”.
multidisciplinar para identificar as por Milton Santos. É necessário, portanto, afluir no metodologia utilizada pelo PNUMA (Programa das
sentido de identificar as diferenciações pertinentes Nações Unidas para o Meio Ambiente) desde 1995, a 1. O que está ocorrendo com o meio ambiente Além disso, as respostas à pergunta “O que acon-
vulnerabilidades e as entre os objetos geográficos consolidados (ou em qual produz periodicamente informações sobre o com- do Mato Grosso do Sul? tecerá se não atuarmos agora?” orientam a análise
potencialidades específicas. consolidação) em cada parte do Mato Grosso do Sul portamento global do meio ambiente, avivado a partir 2. Por que ocorre isto? das perspectivas futuras do meio ambiente local.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
14 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

A lógica subjacente à Matriz PEIR permite esta- • Um guia para a equipe técnica do ZEE/MS no Quadro 1 - Área, População e Densidade Demográfica dos Municípios do Estado de Mato Grosso do Sul.
belecer uma ponte para projetar os desdobramentos sentido de ordenar as informações cientificas;
Município Área (Km²) População(IBGE-2007) Densidade Demográfica
futuros das condições do meio ambiente, incluindo o
• Uma base de dados sobre o território do Mato
exercício de análise das conseqüências possíveis de Água Clara 11.031,07 13.183 1,195078666
Grosso do Sul, capaz de permitir o acompa-
nossas ações atuais (cenários). Com isto, existe a
nhamento do estado do meio ambiente; Alcinópolis 4.399,68 4.299 0,977117406
possibilidade de uma ação estratégica visando ou à
manutenção de estruturas benéficas ou à correção dos • Uma forma de consolidar indicadores Amambaí 4.202,30 33.426 7,954219334
rumos dos problemas ambientais de cada localidade ambientais adequados, possibilitando a formu- Anastácio 2.949,21 22.364 7,583057948
ou região. lação de estratégias e programas preventivos
Anaurilândia 3.395,54 8.380 2,467943243
à degradação do meio ambiente;
O diagrama abaixo apresenta as inter-relações Angélica 1.273,20 7.253 5,696674283
possíveis entre os componentes da Matriz PEIR. • Um instrumento capaz de estabelecer um diá-
Antônio João 1.143,75 8.350 7,300546448
logo afiançado com diferentes atores sociais;
e, Aparecida do Taboado 2.750,13 19.819 7,206568417
Ciclo da metodologia PEIR: Aquidauana 16.958,50 44.920 2,648819801
• Uma ferramenta que fortaleça a capacidade
institucional na produção do desenvolvimento Aral Moreira 1.656,19 9.236 5,576671688
PRESSÃO
sustentável. Bandeirantes 3.115,51 5.888 1,889896820
Nestes termos, a Matriz PEIR buscará uma intera- Bataguassu 2.416,72 18.687 7,732387478
ESTADO ção dos componentes econômicos e ambientais de
Batayporã 1.828,21 10.564 5,778316980
utilização do território.
É necessário aludir que o Bela Vista 4.895,54 22.868 4,671187650
IMPACTO
ZEE deve se constituir em um Bodoquena 2.507,24 8.168 3,257760314
instrumento que sustente o Bonito 4.934,32 17.275 3,500990410

redirecionamento das
RESPOSTA
Área de abrangência e a Brasilândia 5.806,89 12.136 2,089930379

atividades produtivas, em especial definição cartográfica Caarapó 2.089,71 22.723 10,87377842


Esta Matriz torna-se, neste sentido, um instru- Camapuã 10.758,43 13.192 1,226200993
no tocante ao uso do solo e do mento analítico que permite organizar e agrupar de
Campo Grande 8.096,05 724.524 89,491037050
potencial hídrico, adequando as maneira lógica os fatores que incidem sobre o meio a. Área de estudo Caracol 2.938,68 5.095 1,733774575
ambiente; os efeitos que as ações humanas produ-
ações econômicas a uma zem nos ecossistemas e nos recursos naturais; o O Estado do Mato Grosso do Sul possui uma Cassilândia 3.649,83 20.916 5,730677867
racionalização de exploração dos impacto que isto gera à natureza e à qualidade de área de 357.124,962 Km² (o sexto maior Estado Chapadão do Sul 3.850,69 16.193 4,205217087
vida; assim como as intervenções da sociedade e do do Brasil) e possui uma população de apenas
espaços naturais. 2.265.274 habitantes, o que caracteriza uma baixa
Corguinho 2.640,81 4.165 1,577165223
Poder Público.
densidade demográfica: 6,4 hab/km². Guarda uma Coronel Sapucaia 1.028,90 13.979 13,586380770
E, considerando que uma das funções do
longa área de fronteira com o Paraguai e com a Corumbá 64.960,86 96.373 1,483554798
Zoneamento Ecológico-Econômico é contribuir para a
Bolívia, significando que mais de quarenta por cen- Costa Rica 5.722,83 18.277 3,193697388
tomada de decisões no âmbito das políticas públicas,
to de seu território está incluído na área de Faixa de
relacionadas com o ordenamento territorial, esta Ma- Coxim 6.411,55 31.816 4,962293061
Fronteira.
triz consolida-se como importante instrumento para Deodápolis 831,26 11.261 13,546855810
avaliar o impacto ambiental das ações e políticas em Em termos geopolíticos é composta por 78 mu-
nicípios. Nos seis municípios mais importantes do Dois Irmãos do Buriti 2.344,61 9.350 3,987868350
curso. Desta forma, é possível analisar medidas cor-
retivas, adotar novos rumos no enfrentamento dos Estado (Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Douradina 280,69 4.900 17,457043200
problemas ambientais e identificar competências e Lagoas, Ponta Porã e Aquidauana) concentra-se mais Dourados 4.086,39 181.869 44,506063670
níveis de responsabilidade dos agentes sociais com- da metade da população, sendo que somente na ca-
Eldorado 1.017,79 11.934 11,725428090
prometidos. pital, Campo Grande, vive um terço da população do
Estado. Fátima do Sul 315,27 18.789 59,595969210
Isto posto, a Matriz PEIR é um excelente instru-
Figueirão 4.914,78 3.280 0,667374735
mento para consubstanciar um diagnóstico da reali- O Estado de Mato Grosso do Sul apresenta imen-
dade ambiental do Mato Grosso do Sul, além de defi- sos vazios demográficos. O quadro abaixo demonstra Glória de Dourados 491,76 9.644 19,611272210
nir os elementos de pressão externa e interna à utili- que poucos são os seus municípios com população Guia Lopes da Laguna 1.210,47 10.208 8,433074041
zação do território. Neste sentido, deverá se constituir acima de cem mil habitantes e com uma razoável den-
Iguatemi 2.946,68 14.632 4,965593446
em: sidade demográfica:
Inocência 5.776,26 7.342 1,271064448
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 15
Município Área (Km²) População(IBGE-2007) Densidade Demográfica b.Composição da base É necessário aludir que o ZEE deve se constituir que contém elementos de articulação entre elas. São
em um instrumento que sustente o redirecionamento células fundamentais para o zoneamento ecológico-
cartográfica das atividades produtivas, em especial no tocante econômico. Considerando a estrutura geológica do
Itaporã 1.322,00 18.605 14,073341740
Itaquiraí 2.063,88 16.924 8,200105045 O Estado de Mato Grosso do Sul possui, ainda, ao uso do solo e do potencial hídrico, adequando as Mato Grosso do Sul, estas unidades devem respei-
uma cartográfica oficial muito desatualizada, que sir- ações econômicas a uma racionalização de explora- tar o máximo possível, a formação das bacias e suas
Ivinhema 2.009,89 20.567 10,232913590
va de base para a produção de mapas temáticos e ção dos espaços naturais. A ordenação do território sub-bacias.
Japorã 419,80 7.362 17,536755250 estudos territoriais específicos. Pretende-se que, pa- deve ser aqui entendida como “expressão espacial
Como forma de dar sustentação a uma análise
Jaraguari 2.913,00 5.577 1,914521112 ralelamente à elaboração do ZEE/MS, seja produzido das políticas econômicas, sociais, culturais e ecoló-
integrada do meio físico, deve-se considerar os con-
tal conjunto cartográfico, em trabalho coordenado pela gicas” como está definida na Carta Européia de Or-
Jardim 2.201,73 23.341 10,601233120 ceitos externados por TRICART (1977) na sua Eco-
AGRAER, da SEPROTUR. denação do Território, de 1983. E, neste sentido,
Jateí 1.927,97 3.808 1,975138566 dinâmica que estabelece uma relação entre a
compatibilizar os componentes ambientais com a
A Base Cartográfica utilizada pelo ZEE/MS reúne morfogêneses (quando prevalece os processos
Juti 1.584,60 5.353 3,378141725 dinâmica socioeconômica celebrando a dinamização
as cartas topográficas na escala de 1:250.000, além modificadores dos solos - dinâmicos) e a pedogêneses
Ladário 342,51 17.906 52,278918220 e a sustentabilidade.
de imagens atuais do satélite Landsat e do satélite (quando prevalece o processo formador do solo - es-
Laguna Carapã 1.733,85 5.813 3,352664165 CBERS-2, disponíveis, para apoiar a elaboração do Assim, se faz necessário, para passos mais táveis). Neste caso, obteve-se a situação apresenta-
Maracaju 5.298,84 30.912 5,833729646 ZEE/MS. As cartas utilizadas foram fornecidas pela consubstanciados, a consolidação de uma espacia- da no quadro a seguir:
Diretoria do Serviço Geográfico do Exército, no for- lização conseqüente e dinâmica, entendendo que o
Miranda 5.478,63 23.965 4,374271145
mato analógico, para comparação e aferição com os ZEE é a expressão da resultante da interação dos pro- Quadro 2 - Análise integrada do meio físico.
Mundo Novo 479,33 15.968 33,313374790 dados disponíveis em formato digital ou inserção das cessos naturais com os processos sociais, susten-
Naviraí 3.193,84 43.391 13,585844500 mesmas no banco de dados. tando a dinâmica econômica e os objetivos políti- Unidade Relação pedogêneses/ Valor a
Nioaque 3.923,80 15.203 3,874562350 cos. morfogêneses atribuir
O estudo dos temas GEOLOGIA, GEOMOR-
Nova Alvorada do Sul 4.019,21 12.026 2,992131039 FOLOGIA, PEDOLOGIA, CLIMATOLOGIA, HIDROLOGIA Nestes termos, é necessário abarcar especifi- Estável Prevalece a 1
se deram a partir dos mapas do Macrozoneamento cidades destes dois processos, mas, com capacida- pedogêneses
Nova Andradina 4.776,10 43.495 9,106810248
Geoambiental do MS, elaborados por MATO GROSSO de de sustentar sua integração. Neste aspecto, a
Novo Horizonte do Sul 849,12 4.967 5,84960612 DO SUL (1989), dos mapas do Plano de Conservação Metodologia GEO não responde, sozinha, às necessi- Intergrades Prevalece o equilíbrio 2
Paranaíba 5.402,78 38.969 7,212770912 da Bacia do Alto Paraguai - PCBAP -, na escala de dades conclusivas do ZEE/MS, sendo necessária a entre pedogêneses e
morfogêneses
Paranhos 1.302,14 11.092 8,518298368 1:250.000, e do Plano Estadual de Recursos Hídricos incorporação de outra metodologia que considere a
do Mato Grosso do Sul - PERH (2008), dentre outros, potencialidade social como complemento indispensá- Instável Prevalece a 3
Pedro Gomes 3.651,17 8.307 2,27516049
digitalizados pela própria equipe do ZEE/MS e pela vel para obter a integração ecologia - economia, tão morfogêneses
Ponta Porá 5.328,62 72.207 13,55078547 AGRAER. necessária ao zoneamento territorial.
Porto Murtinho 17.734,93 14.861 0,837951105
A Matriz metodológica sugerida neste caso é a
Ribas do Rio Pardo 17.308,72 19.159 1,106898847 mesma adotada para a Amazônia Legal pela Secreta- O modelo aplicado a cada tema individualmente
Rio Brilhante
Rio Negro
3.987,53
1.807,67
26.560
4.961
6,660766605
2,744424437
Ampliação metodológica e ria de Assuntos Estratégicos da Presidência da Repú-
blica, que envolve a geração de três cartas integra-
dentro de cada unidade recebe o valor mediante a
média dos valores individuais. A atribuição dos valo-

Rio Verde de Mato Grosso 8.151,98 18.579 2,27907961 outras ferramentas das: uma carta temática da vulnerabilidade natural
(plenamente retratada pela Metodologia GEO); outra
res deve obedecer aos critérios, dentro de cada pai-
sagem:
Rochedo 1.560,65 4.346 2,784742482 É mister contabilizar que a Metodologia GEO em- carta temática sobre a potencialidade socioeconô-
• Geologia – basicamente relacionados à histó-
Santa Rita do Rio Pardo 6.141,62 7.162 1,166142782 pregada neste ZEE servirá para diagnosticar a atua- mica do território e uma última carta que subsidie a
ria da evolução do ambiente geológico;
lidade tanto do ambiente natural quanto humano, o gestão do território, baseada nos diversos níveis de
São Gabriel do Oeste 3.864,86 21.063 5,449875403
que proporciona o entendimento da realidade em sustentabilidade existente. • Geomorfologia – amplitude do relevo, declivi-
Selvíria 3.258,65 6.413 1,967991069 seus múltiplos aspectos, porém não permite avan- dade e grau de dissecação;
Sete Quedas 825,93 10.659 12,90553016 çar no estabelecimento de ferramentas para con- • Pedologia – a maturidade dos solos, basica-
cretizar o ordenamento territorial do Mato Grosso
a. A construção da carta temática
Sidrolândia 5.286,49 38.147 7,215941012 mente;
do Sul. da vulnerabilidade natural
Sonora 4.075,44 12.548 3,078933621 • Vegetação – a densidade da cobertura vege-
Tacuru 1.785,32 9.203 5,154832621 A análise requer a avaliação da situação do Esta- Como foi aludida, esta carta temática será defi- tal;
do do Mato Grosso do Sul em termos de infra-estru- nida com base na Metodologia GEO, especialmente
Taquarussu 1.041,12 3.117 2,993888318 • Climatologia – valores extremos de pluviosi-
tura, recursos humanos, capacitação técnica, bem na sua parte relacionada ao estado (o que está ocor-
Terenos 2.841,24 14.458 5,088623277 rendo com o meio ambiente). Esta deve indicar as dade, duração dos períodos chuvosos.
como detectar o estágio de desenvolvimento atual.
Três Lagoas 10.206,37 85.914 8,41768425 Estes elementos requisitam a implantação de um Sis- unidades territoriais básicas (BECKER & EGLER,
tema de Informações Geográficas (SIG) descentrali- 1996) contendo atributos ambientais que permitem
Vicentina 310,22 5.627 18,13897413
zado. diferenciá-las uma das outras, ao mesmo tempo em
Zoneamento Ecológico-Econômico do
16 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Constituindo em uma tabela que sintetiza a escala dos valores utilizados: Desta forma, podem ser classificadas: Conservação – áreas que, devido à sua vulnera-
bilidade, requerem atenção especial, tanto para o uso,
Uni. Geologia Valor Solos Valor Relevo Valor Vegetação Valor Média Consolidação – áreas já consolidadas em termos
sempre em manejo especial, de seus recursos natu-
de uso de solo e que são atualmente utilizadas para
rais, quanto para a implantação das atividades econô-
1 atividades produtivas, inclusive com capacidade
micas, que devem priorizar a preservação de sua
ambiental e tecnológica para ampliação.
2 condição de uso do solo e de sua biodiversidade.
Expansão – áreas com nível de vulnerabilidade
Esta Primeira Aproximação deverá ser conduzida
suportável, o que permite vislumbrar a expansão de
É importante contabilizar que os procedimentos Estes potenciais devem ser representados cartogra- no sentido de apresentar as zonas das áreas represen-
atividades para o desenvolvimento econômico de for-
metodológicos desta Matriz seguem as orientações ficamente a partir do conjunto de informações coletadas. tativas descritas acima, na Carta Temática de Gestão
ma estratégica e programada, com manejos territoriais
constantes nas Diretrizes Metodológicas e Patamar e ações estratégicas, ficando para a Segunda Aproxi-
Para que possa ser construída a carta de gestão é adequados.
Mínimo para o Zoneamento Ecológico-Econômico mação o detalhamento técnico, por sub-bacias. Toda-
necessário integrar os resultados das duas cartas, que
(SAE/PR-CCZEE, 1991) que, nesta Primeira Aproxi- Recuperação – devido à sua vulnerabilidade via, não poderá se eximir da obrigação de definir em
devem ser estabelecidas em uma carta geral de
mação do ZEE/MS, deve estabelecer valores indicativos natural e/ou o uso indiscriminado do seu solo, re- cada zona a condição do uso do solo, ainda que gené-
vulnerabilidade e potencialidade.
mediante os dados secundários existentes, ficando o quer ações de recuperação ambiental, associada rico, dentro de três perspectivas: uso recomendado, uso
trabalho de detalhamento para segunda fase com apro- à grande potencialidade socioeconômica detecta- recomendado sob manejo especial e uso não recomen-
ximações provocadas por dados primários.
Construção da carta da. dado, como é demonstrado no quadro seguinte:

b. Construção da carta temática de temática de gestão e Quadro 3 - Condições do uso do solo por zona, e demais especificações

potencialidade socioeconômica ações estratégicas Área Condição Especificação


Esta Primeira Aproximação
Para esta Primeira Aproximação, a carta de poten- Após a elaboração das cartas temáticas de vulne- Zonas Recomendadas Referem-se a usos de solo de interesse socioeconômico, cujos im- deverá ser conduzida no sentido
cialidades foi construída mediante a utilização de da- rabilidade e de potencialidade social é possível a elabo- A, B, ... Z pactos sejam compatíveis com a vulnerabilidade natural do meio
dos secundários, consolidando quatro dimensões, es- ração da Matriz de sobreposição, resultante da aplica- ambiente, necessitando somente das mitigações apontadas pelo
de apresentar as zonas das áreas
pecialmente aqueles produzidos pelas condições de ção de critérios técnicos de pontuação, gerando inten- licenciamento ambiental, na forma da Lei. representativas descritas na
pressão e impactos: Humano; Produtivo; Institucional; sidades de vulnerabilidade e potencialidade conjugadas.
e Natural. A partir desta visão geral é possível desenhar uma Car-
Referem-se a usos do solo de interesse socioeconômico e cuja Carta Temática de Gestão e
Recomendadas sob implantação, seja pelas condições de vulnerabilidade natural do
Os potenciais natural, institucional, produtivo e ta de Gestão do território, tendo como base meto- Ações Estratégicas, ficando para
Manejo Especial meio ambiente, seja pelo potencial impacto ambiental existente,
dológica a mesma desenvolvida e adotada pela SAE,
humano, devem, assim como na carta de vulnerabil- necessitam de meios adicionais de mitigação, adequação ou com- a Segunda Aproximação o
idade natural, estabelecer parâmetros que possam entretanto com adaptações necessárias a realidade do
representar três níveis de potencialidades: Mato Grosso do Sul.
pensação sócio-ambiental. detalhamento técnico,
Referem-se a usos do solo de interesse socioeconômico e cuja por sub-bacias.
Não Recomendadas implantação, seja pelas condições de vulnerabilidade natural do
Nível Relações Valor
meio ambiente, seja pelo potencial impacto ambiental existente,
necessitam de meios adicionais de mitigação, adequação ou com-
Alto Alta potencialidade socioeconômica (requer nível de investimento reduzido para 3
pensação sócio-ambiental, especiais e específicos.
alto nível de retorno social, natural e produtivo)

Médio Média potencialidade (requer alto nível de investimento para alta possibilidade 2
de retorno social e nível de retorno produtivo e natural incerto)
Definições de econômicas, caracterizadas como ações estraté-
Baixo Baixa potencialidade (requer alto nível de investimento com baixa possibilidade 1 gicas.
de retorno social e natural e retorno produtivo incerto) Ações Estratégicas Considerando que o território possui malhas, nós e
Por fim, a Primeira Aproximação do Zonea- redes, como define RAFFESTIN (1983), o ZEE/MS apon-
A síntese da vulnerabilidade mento Ecológico-Econômico do Mato Grosso do ta os eixos, os pólos de ligação, os arcos de expansão,
natural e da potencialidade Sul traça, como complemento de sua carta as zonas, os eixos de desenvolvimento e os corredores
social fornecerá condições de temática da gestão do território, ante as condi- de biodiversidade - definidos mais a diante - permitindo
classificar as zonas baseadas ções de pressão imposta pelas inter-relações en- ações públicas e privadas no sentido de dar consistên-
no seguinte esquema proposto gendradas pelo cenário mundial e nacional, bem cia de uso às diversas malhas (transportes, energia e
por BECKER e EGLER (1996): como pela necessidade de ampliação da capaci- serviços), consolidando os pontos nodais de articula-
dade produtiva e competitiva do Estado, um con- ção e ampliando de forma positiva as redes e os circui-
junto cartográfico macro de permissividade e es- tos de comunicações, informações e cooperação.
pecialidades territoriais para atividades socio-
17

Matriz PEIR C
18
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 19

Elementos de Pressão C1
20
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 21

C1.1•Impactos Climáticos Mundiais

O
mundo está passando por um período ano entre 2000 a 2005. Existem fortes evidências de • risco de perda significativa da biodiversidade a alterações no desenvolvimento da cultura, bem como bém à eutrofização dos rios e lagos, à acidificação
de grandes transformações. O Relatório que as emissões de GHG continuarão a crescer nas por meio da extinção de espécies em muitas estabelecer condições para a incidência de insetos, dos solos, à contaminação de aqüíferos e reservatóri-
realizado pelos grupos de trabalho do Pa- próximas décadas, se mantidas as atuais políticas áreas tropicais da América Latina; pestes ou doenças ocasionadas por microorganismos os de água e à geração de gases associados ao efeito
inel Intergovernamental sobre Mudança de mitigação e práticas de desenvolvimento susten- (bactérias e fungos). estufa. Em 2006, foram consumidas 8.906.056 tone-
• redução da produtividade de algumas das im-
Climática, em 2007, registra afirma que o aquecimento tável. ladas de fertilizantes no Brasil.
portantes culturas agrícolas, com conseqüên- O aumento da temperatura e a redução de chu-
global é inequívoco, com evidente elevação da tempe-
Vários cenários projetam para as próximas duas cias negativas para a segurança alimentar. Nas vas podem estar associados ao aquecimento global e Os agrotóxicos são utilizados para o controle de
ratura média global do ar e dos oceanos, redução da
décadas um aumento de 0,2°C por década e mesmo zonas temperadas, o rendimento da soja au- ao desmatamento da Amazônia. Se estas hipóteses pragas, doenças e ervas daninhas. Existe uma ten-
neve e do gelo e aumento do nível médio global do mar.
que emissões permanecessem constantes, aos níveis mentará, mas no geral haverá um aumento no forem confirmadas, a produtividade e a lucratividade dência de que se acumulem no solo e na biota e os
Entre 1995 e 2006, ocorreram onze anos mais de 2000, haveria uma elevação de 0,1°C por década. número de pessoas em risco de fome; da soja caminharão para uma redução significativa, seus resíduos podem chegar às águas superficiais
quentes desde 1850 e a tendência linear de aqueci- Um aumento médio de temperatura maior que 1,5- com alto impacto na economia do Brasil e na segu- por escoamento e às subterrâneas por lixiviação. Em
• mudança no padrão de precipitação e o desa-
mento nos últimos 50 anos é duas vezes maior do 2,5°C colocaria em risco de extinção cerca de 20% a rança alimentar. 2005, seu consumo foi de 208.367,3 toneladas em
parecimento de áreas glaciais afetarão signifi-
que a dos últimos 100 anos. O nível do mar se elevou, 30% das espécies de plantas e animais existentes todo o território nacional, o que representou cerca
cativamente a disponibilidade de água para
em média, 1,8 mm por ano no período de 1961 a 2003, atualmente. de 3,2kg/ha.
mas entre 1993 e 2003 essa média foi de 3,1 mm. A
A produtividade agrícola deve sofrer um leve au-
consumo humano, para a agricultura e para a
geração de energia.
Panorama do Brasil: As terras em uso agrossilvopastoril permitem ve-
freqüência e a intensidade de alguns eventos climáti-
cos extremos mudaram nos últimos 50 anos.
mento em locais de médias e altas latitudes para uma
Na II Conferência Regional de Mudança Climáti- Meio-Ambiente rificar a capacidade da agricultura, da pecuária e da
elevação da temperatura entre 1-3°C, dependendo silvicultura em atenderem à crescente demanda mun-
ca: América do Sul, foram vários os exemplos apon-
Foram verificadas evidências de que os sistemas da cultura. Nas áreas de baixas latitudes, a produti- As recentes secas na Amazônia e no sul do Bra- dial por alimentos, energia e matérias primas. Ao ve-
tados de impactos negativos da mudança climática
físicos e biológicos naturais estão sendo afetados pelas vidade será reduzida, mesmo para pequenos aumen- sil, bem como o furacão Catarina são exemplos de rificar a utilização das terras, podemos detectar a
global que já se fazem sentir, entre eles:
mudanças climáticas regionais, particularmente pelo tos da temperatura entre 1-2°C, aumentando o risco possíveis efeitos da mudança climática global no ter- pressão sobre o solo e as disputas existentes entre
aumento da temperatura, em todos os continentes e da fome. • na Patagônia, Terra do Fogo e Península Antár- ritório brasileiro, que também se fazem sentir em alte- diferentes formas de uso, como, por exemplo, a ex-
na maioria dos oceanos. A análise de 75 estudos, tica: desde 1978 as áreas glaciais estão so- rações na biodiversidade, no aumento do nível do mar, pansão da fronteira agrícola, principalmente para o
Espera-se que a mudança climática reduza a dis-
baseados em 29.000 observações, mostra que 89% frendo retração; nos impactos na saúde, na agricultura e na geração plantio de soja, que ocorre no cerrado e na Amazô-
ponibilidade de água, aumentando o estresse já exis-
das mesmas são consistentes, com mudanças espe- de energia hidrelétrica. nia brasileira e que substituem a vegetação nativa
tente sobre os recursos hídricos, proveniente do cres- • perda de biodiversidade e de massa florestal;
radas em resposta ao aquecimento. O Brasil encontra-se em quarto lugar na lista dos por cultivos e pastagens. Por outro lado, também
cimento econômico e da população, da mudança no • alta freqüência de eventos hidrológicos extre-
países que mais liberam gases causadores do efeito ocorre o aumento de áreas legalmente protegidas que
As mudanças climáticas são guiadas por causas uso da terra e do processo de urbanização. mos, como inundações e secas.
estufa, principalmente em razão dos desmatamentos levam à recuperação e à incorporação de áreas de-
naturais e antropogênicas. As emissões de greenhouse
Os cientistas elaboraram cenários que levam em e das queimadas, que respondem por mais de 75% gradadas.
gases (GHGs) - gases de efeito estufa -, em razão de
atividades humanas, cresceram 80% entre 1970 e Panorama da América consideração as variáveis política, cultural e tec- das emissões brasileiras. Em compensação, o país As queimadas são autorizadas pelos órgãos
nológica que podem expandir, manter ou reduzir a está reduzindo de forma acelerada o consumo de subs-
2004, sendo que a utilização de combustíveis fósseis
e minerais foi responsável pela emissão de 56,6 % do
Latina: Meio-Ambiente emissão de gases de efeito estufa no futuro. O impac- tâncias que comprometem a camada de ozônio.
ambientais para renovação e abertura de pastos e
ocorrem de forma controlada, enquanto os incêndi-
to da mudança climática é maior onde a vulnerabilidade
total dos gases causadores do efeito estufa em 2004. Os países da África sub-saariana, da Ásia e da No que diz respeito à concentração de poluentes os não são controlados. Ambos representam as prin-
natural regional é mais elevada. Essas condições são
América do Sul, são os mais vulneráveis às conseqü- no ar, nas regiões metropolitanas, o Brasil está ten- cipais ameaças aos ecossistemas brasileiros e es-
Os cientistas do Painel Intergovernamental con- particularmente significativas na América Latina e nas
ências do aquecimento global. O Relatório do Painel dendo a uma estabilização ou mesmo ao declínio das tão se concentrando principalmente no sul e leste da
sideram muito provável que a elevação da temperatu- zonas polares.
Intergovernamental de Mudança Climática prevê alguns concentrações máximas e médias observadas, pro- Amazônia Legal. Representam danos à biodi-
ra média global esteja ocorrendo em razão do aumen-
impactos do aquecimento global na América Latina: A previsão é de um aumento da temperatura en- vavelmente em razão do controle das emissões vei- versidade, intensificam os processos erosivos do
to da concentração de GHG na atmosfera. Os países
tre 1,4°C e 5,8°C até 2100 e de aumento do nível do culares, das mudanças tecnológicas nos motores e solo, comprometem recursos hídricos, emitem ga-
desenvolvidos, que abrigam cerca de 20% da popula- • no meio do século, o aumento da temperatura
mar entre 0,2m e 0,7m. Essas mudanças climáticas da melhoria na qualidade dos combustíveis. Mas a ses de efeito estufa e comprometem a saúde da po-
ção mundial e respondem por 57% do PIB (paridade e a conseqüente diminuição da água no solo
irão provocar alterações no regime das precipitações concentração anual média ainda é muito elevada em pulação.
do poder de compra) global, são responsáveis por 46% levarão a uma gradual substituição da floresta
e podem comprometer profundamente a produtivida- São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
do total das emissões de gases de efeito estufa. tropical pela savana no leste da Amazônia. A O Brasil apresentou um total de 117.453 focos
de e a lucratividade da soja, irrompendo processos
vegetação semi-árida tenderá a ser substituí- O uso de fertilizantes, que permite aumentos subs- de calor em 2006, redução de 48% em relação ao ano
De 1990 a 1999, a taxa de crescimento das emis- súbitos na dinâmica social, econômica e ambiental. A
da pela vegetação árida; tanciais na produtividade agrícola, está associado tam- anterior.
sões de CO2 foi de 1,1% ao ano e subiu para 3,3% ao temperatura, associada a outros fatores, pode induzir
Zoneamento Ecológico-Econômico do
22 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 23

C1.2•O Poder Econômico, Político e Militar MUNDIAL

S
ão profundas as alterações econômicas Gráfico 3. Projeção do Consumo de Energia de Alguns Países 1990- Gráfico 5. Projeção das Importações Mundiais de Soja 2007-2017 Entre a 2ª e a 3ª década do século XXI, a influên- como com o crescimento de contratos de energia nova
2030 (quadrilhões de BTU). (thousand metric tons).
e políticas observadas no panorama cia da China rivalizará com a dos EUA e a transição de celebrados pela China com a Arábia Saudita e países
mundial, com a gradativa ascensão de poder pode aumentar a probabilidade de conflito ar- Africanos. A cúpula China/África, realizada em novem-
países asiáticos a posições estratégicas mado. O grande desafio para os EUA e para o mundo bro de 2006, contou com a presença de 48 dos 53
no mercado e comércio internacionais. está na coalizão de interesses de longo-prazo dos EUA países africanos, mostrando a forte influência que a
e da emergente e poderosa China. O crescimento mi- China exerce atualmente no continente.
Gráfico 1. Participação nas Exportações Mundiais por Região (%) litar e a corrida armamentista são indicadores da dis-
1948-2006. A influência da China é cada vez maior nos orga-
posição de escolher a guerra ao invés da paz, quando
nismos internacionais, em particular no Conselho de
paridade e disputa estão presentes.
Segurança da ONU. Por ser membro permanente, pos-
O Relatório do Departamento de Defesa dos EUA sui poder de veto e tem bloqueado muitas das tentati-
para o Congresso Americano sobre o poder militar da vas de ações dos EUA em várias partes do mundo.
Fonte: International Energy Outlook 2007. Fonte: FAPRI. China aponta para a rápida ascensão, reconhece o seu Por meio de ajuda econômica e de relações comerci-
poder político regional e econômico mundial, destaca ais, os chineses têm diminuído a capacidade de pres-
A população mundial está crescendo de forma ace- A China tem capacidade de ascender rapida- que o país tem aspirações globais e potencial para são dos EUA sobre outros países, aumentando dessa
lerada, com um incremento de 1,7 bi de pessoas entre mente, chegando à semi-superpotência em competir militarmente com os EUA. forma o seu próprio poder de influência sobre várias
1987 e 2007. O PIB per capita subiu de US$ 5.927 em 2015. O status de poder dos EUA está longe de nações em diversos continentes.
WTO: International Trade Statistics 2007 1987 para US$ 8.162 em 2004. O crescimento ser ultrapassado por qualquer outro grande poder Gráfico 6. Gastos Militares por Região (US$ bi).
populacional e a elevação do poder aquisitivo estão le- mundial, mas a ascensão da China indica expan-
A crise econômica americana é intensificada pelo vando a um aumento acentuado da demanda por pro- são do seu poder político e os EUA se defenderão
aumento dos preços do petróleo e por debates em dutos que dependem de recursos naturais cada vez mais da ameaça.
torno do final do ciclo baseado nos combustíveis fós- escassos. Os dez países que são os principais impor-
A atrofia de poder de um Estado é fator significa-
seis, cujas reservas registradas apontam para um tadores de grãos têm uma dependência em torno de
tivo para a rápida ascensão de outros Estados, o que
horizonte de esgotamento. 70% de outras nações, a chamada “Síndrome Japão”.
cria um importante cenário para a mudança de poder
Gráfico 4. Parcela do Consumo de Grãos Proveniente das Importa-
entre eles. A crise econômica pode causar uma acen-
Gráfico 2. Produção Mundial de Petróleo (Cenário Moderado). ções tuada queda do poder e trabalha como agente mais
rápido do que o crescimento econômico
na mudança do status de poder entre Es-
tados.
Fonte: SIPRI.
O relatório do Departamento
A velocidade da ascensão do status Os americanos mostram-se incertos quanto aos de Defesa dos EUA para o
de poder da China será afetada pelo com- rumos a serem trilhados pelos líderes chineses, estão Congresso Americano sobre o
prometimento militar dos EUA e pelo au- preocupados com a expansão do poder militar da China
mento ou decréscimo da sua capacida- e com a forma de utilização desse poder. Afirmam
poder militar da China aponta para
de de mobilização internacional, como que o Exército de Libertação do Povo está preparan- a rápida ascensão, reconhece o
também pelo ritmo da integração política do-se para lutar e vencer conflitos de curta duração e
Fonte: LAKO, P.; KETS, A. Resources and Future Availability of Energy
Sources. A Quick Scan.
seu poder político regional e
da União Européia. alta intensidade contra adversários com alta tecnologia.
Fonte: USDA econômico mundial, destaca que o
O crescimento econômico acelerado da China leva A política unilateral dos EUA provocou uma que- Os EUA denunciam que os gastos com defesa da
a uma demanda crescente por energia e a um aumen- O momento atual é de transição de um mundo da acentuada na sua capacidade de mobilização polí- China continuam acima dos admitidos oficialmente e país tem aspirações globais e
to das tensões com os EUA em várias regiões produ- unipolar, dominado pelos EUA, para um mundo tica internacional a partir de 2003. O único país em que podem ter girado em torno de US$ 85 bilhões e potencial para competir
toras de petróleo. As disputas entre os dois países multipolar, com a ascensão de vários países, desta- condições de representar uma ameaça aos EUA, atu- U$ 125 bilhões em 2007. Mostram-se apreensivos
cando-se a China e a UE, que se fortalecerá de forma almente, é a China, pelo fato de possuir forte poder com o aumento do intercâmbio e das atividades de militarmente com os EUA.
também ocorrem em torno das reservas mundiais de
minérios. significativa caso consiga unificar-se politicamente. militar, político e econômico. cooperação militares entre a China e a Rússia, bem
Zoneamento Ecológico-Econômico do
24 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 25

C1.3•Exportações do Mato Grosso do Sul

Principais Produtos
Principais Blocos Exportados pelo MS
Econômicos e Países A soja e seus derivados são os produtos que têm
maior participação na pauta de exportações do MS. Já
de Destino das chegaram a representar 41,52% delas em 2000 e tiveram

Exportações do MS o pior resultado em 2004, com 31,62%. Em 2008, foram


responsáveis por 34,83% das exportações do Estado.
A União Européia foi, historicamente, o principal Podemos perceber uma participação crescente do
parceiro comercial do Estado do Mato Grosso do Sul, Até 2006, Campo Grande era o município que
grão de soja no total das exportações do complexo da
posição que vem sendo ameaçada pela Ásia nos últi- Os minérios e seus derivados representaram en- mais exportava, tendo sido superado por Dourados
soja, o que significa que estamos exportando o produto
mos anos. O Oriente Médio também vem ganhando tre 5,85% (em 2001) e 17,91% (em 2008) da pauta em 2007, que por sua vez foi ultrapassado por
com menor valor agregado, permitindo que seja industri-
destaque, tendo superado o MERCOSUL nos dois úl- de exportações do MS. Os minérios de ferro não aglo- Corumbá em 2008. O acentuado aumento das expor-
alizado em outros países, particularmente na China.
timos anos. merados e seus concentrados foram os que trouxe- tações de Corumbá está ligado à maior venda de pro-
Em 2008, a China importou US$ 5.324.052.177 ram mais retorno para o MS (US$ 232.526.246), se- dutos minerais, às valorizações das commodities e
Em 1999, 43% das exportações do MS destina- em grãos de soja do Brasil, o que representou 32,46% guidos pelo ferro fundido bruto não ligado (US$ do dólar.
vam-se à UE, percentual que foi reduzido para 21% do total dessas importações; US$ 824.025.672 em 75.973.107) em 2008.
em 2008. Em segundo lugar, em 1999, aparecia o Apenas como exemplo, as exportações de miné-
óleo de soja bruto, apenas 5,02% do total, e US$
MERCOSUL, com 20% das exportações do MS, valor Em sua maior parte, esse minério é exportado rios de ferro não aglomerados passaram de US$
5.850.000 em óleo de soja refinado, 0,04% do total;
que caiu para 11% em 2008. A Ásia, que aparecia em sem processamento industrial.Em 2008, a China im- 66.226.379, em 2007, para 232.516.246 em 2008.
Os bovinos e seus derivados têm uma participa- portou US$ 4.114.503.367 em minérios de ferro não As vendas externas de ferro fundido bruto saíram de
terceiro lugar, com 15% em 1999, passou para 33%
ção significativa na pauta de exportações do MS. Já aglomerado e seus concentrados do Brasil, o que re- US$ 1.511.754, em 2007, e chegaram a US$
em 2008. Finalmente, o Oriente Médio, que comprava
chegaram a representar 34,13% delas em 2001 e ti- presentou 25,08% do total dessas importações. 75.973.107 em 2008.
3% dos produtos do MS em 1999, foi responsável por
veram o pior resultado em 2007, com 16,40%, em
13% em 2008.
razão da febre aftosa que também interferiu no resul-
A China, desde 2004, é o principal país para o tado de 2006. Em 2008, foram responsáveis por Municípios Exportadores Exportação dos
qual se dirigem as exportações do MS. Em 2008, 18% 23,32% das exportações do Estado.
delas foram destinadas aos chineses e, se somarmos São 45 os municípios do Estado do MS que ex- Municípios por Fator
Os bovinos e seus derivados Em 2008, MS exportou US$ 357.768.411 em car- portaram em 2008: Corumbá, Dourados, Campo Gran-
têm uma participação significativa
Hong Kong, esse percentual sobe para 22%.
nes desossadas frescas, refrigeradas ou congeladas; de, Sidrolândia, Ponta Porã, Caarapó, Naviraí, Nova Agregado
US$ 101.799.516 em couros e peles e US$ 29.209.181 Andradina, Bataiporã, Chapadão do Sul, Iguatemi So-
na pauta de exportações do MS. em miudezas, línguas, tripas, rabos, sebos, gorduras, nora, Três Lagoas, Costa Rica, Bataguassu, Maracaju,
Os municípios que exportam Bens de Capital são
Ponta Porã, Anastácio, Corumbá, Campo Grande, An-
Já chegaram a representar 34,13% fígados, preparações e conservas e bovinos vivos. Paranaíba, Rio Brilhante, Laguna Carapã, Camapuã,
gélica, Itaporã, Amambaí, Bandeirantes, Ivinhema e
Itaporã, Fátima do Sul, Porto Murtinho, Amambaí, São
delas em 2001 e tiveram o pior Gabriel do Oeste, Eldorado, Aparecida do Taboado,
Ladário. Os Bens de Capital são responsáveis por ape-
nas 0,21% das exportações do MS.
resultado em 2007, com 16,40%, Bodoquena, Glória de Dourados, Ribas do Rio Pardo,
Aral Moreira, Coxim, Anastácio, Miranda, Mundo Novo, Os municípios que exportam Bens Intermediári-
em razão da febre aftosa que os são: Corumbá, Dourados, Campo Grande, Nova
Nova Alvorada do Sul, Cassilândia, Água Clara, Ladário,
também interferiu no resultado Angélica, Bandeirantes, Bela Vista, Ivinhema, Terenos Andradina, Chapadão do Sul, Ponta Porá, Caarapó, So-
nora, Naviraí, Costa Rica, Três Lagoas, Maracaju, La-
de 2006. Em 2008, foram Depois da China, Argentina (10%), Rússia (9%), e Itaquiraí.
guna Carapã, Camapuã, Rio Brilhante, Paranaíba, Fá-
Arábia Saudita (6%), Holanda (5%), França (5%) e EUA
responsáveis por 23,32% das Os primeiros quinze municípios mencionados são
tima do Sul, Bataguassu, São Gabriel do Oeste, Itaporã,
(4%) foram os países que mais receberam produtos responsáveis por 70,84% das exportações do Estado
exportações do Estado. exportados pelo MS em 2008. do Mato Grosso do Sul.
Eldorado, Sidrolândia, Amambaí, Bodoquena, Glória
Zoneamento Ecológico-Econômico do
26 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

de Dourados, Aparecida do Taboado, Aral Moreira, (8,95%), Naviraí (7,80%), Ponta Porã (6,23%), Caarapó Dourados é responsável por 50,45% das exportações 27,07% das remetidas para a Grécia, por 16,71% das portações do Estado para Bahren, 26,93% das desti-
Coxim, Iguatemi, Ribas do Rio Pardo, Mundo Novo, (6,21%) e Iguatemi (5,06%). do MS para o Chile e Bataguassu por 49,55%. exportações do MS para a Espanha. Sidrolândia se nadas à Jordânia e 16,70% das que vão para a Arábia
Nova Alvorada do Sul, Bataiporã, Cassilândia, Água incumbe de remeter para a Croácia, Moldávia e Lituânia Saudita.
Os municípios que mais exportam Bens de Con- Os municípios do MS que exportam para a Amé-
Clara, Ladário, Bandeirantes, Ivinhema e Anastácio. 100% dos produtos enviados pelo MS a esses países,
sumo Duráveis são Corumbá (75,095) e Ponta Porá rica do Nor te são Corumbá, Campo Grande, Campo Grande remete 37,02% das mercadorias
para a Moldova 59,45%, para a Holanda 52,43%, para
Os Bens Intermediários estão subdivididos em (20,73%). Sidrolândia, Três Lagoas, Bataguassu, Paranaíba, destinadas ao Irã pelo Estado e 31,94% da que vão
a Alemanha 17,96% e para a Suíça 17,73%.
Alimentos e Bebidas Destinados à Indústria, Insumos Camapuã, Itaporã, Porto Murtinho, Amambai, Glória para o Egito. Naviraí destina para o Síria 90,45% das
Industriais, e Peças e Acessórios de Equipamentos de Dourados, Água Clara e Bandeirantes. Nova Andradina destina para a Itália 49,25% das exportações do MS para o país e 23,04% das que vão
de Transporte. Exportação dos Corumbá é responsável por 95,85% das exporta-
exportações do Estado para os italianos. Campo Gran- para o Irã. Bataiporã se encarrega de 66,82% das ex-

Os Insumos Industriais são responsáveis por 70,55% Municípios por País ções do MS para os EUA. Campo Grande se encarre-
de é responsável por 64,45 das remessas de MS para
o Reino Unido, por 29,15% das destinadas à Itália,
portações do MS para Israel e de 25,79% das que vão
para o Egito. Bataguassu é o responsável por 20,26%
dos Bens Intermediários exportados pelo Estado. ga de 63,90% das exportações do Estado para o Mé-
Corumbá participa com 54,36% dos insumos industri- de Destino xico e Camapuã por 30,43%. Sidrolândia destina para
por 27,52% das remetidas para a Grécia e por 17,95%
das que vão para a Romênia. Costa Rica é responsá-
das exportações do MS para Israel. Chapadão do Sul
remete 67,48% dos produtos do Estado enviados para
ais vendidos ao exterior, Campo Grande com 17,23%, o Canadá 98,06% do total das exportações do MS
Os municípios do MS que exportam para a Amé- vel por 67,13% das exportações do Estado para a a Turquia. Itaporã é responsável por 100% das expor-
Dourados com 6,97% e Nova Andradina com 6,13%. para aquele país.
rica do Sul são Corumbá, Dourados, Campo Grande, Suíça. Aparecida do Taboado envia para a Sérvia 100% tações do MS para o Líbano e Sidrolândia por 100%
Os Alimentos e Bebidas Destinados à Indústria Sidrolândia, Ponta Porã, Bataiporã, Chapadão do Sul, Os municípios do MS que exportam para a Euro- das exportações do MS para o país e para a Moldova das que vão para o Chipre.
contribuem com 29,29% dos Bens Intermediários. Três Lagoas, Costa Rica, Bataguassu, Maracaju, Rio pa são: Corumbá, Dourados, Campo Grande, 40,55%. Bataguassu é responsável por 100% das ex-
Dourados é responsável pela exportação de 41,63% Brilhante, Camapuã, Itaporã, Amambai, Eldorado, Sidrolândia, Caarapó, Naviraí, Nova Andradina, portações do Estado para a Bósnia. Angélica remete
desses produtos, seguido por Corumbá (14,71%), Aparecida do Taboado, Bodoquena, Glória de Doura- Chapadão do Sul, Iguatemi, Sonora, Três Lagoas, Costa para a Suécia o total das exportações do MS para o
Chapadão do Sul (8,82%) e Caarapó (8,71%). dos, Anastácio, Mundo Novo, Ladário, Bandeirantes, Rica, Bataguassu, Maracaju, Paranaíba, Laguna país.
Bela Vista, Ivinhema e Itaquiraí. Carapã, Itaporã, Fátima do Sul, Por to Murtinho,
As Peças e Acessórios de Equipamentos de Trans- Os municípios do Estado do Mato Grosso do Sul
Amambaí, São Gabriel do Oeste, Glória de Dourados,
portes representam apenas 0,16% da exportação de Corumbá é responsável por 97,53% das exporta- que exportam para o Oriente Médio são: Corumbá,
Ribas do Rio Pardo, Aral Moreira, Anastácio, Miranda,
Bens Intermediários. São exportados por Ponta Porá ções do MS para a Argentina e por 75,99% das que se Dourados, Campo Grande, Caarapó, Naviraí, Nova
Cassilândia, Água Clara e Ivinhema.
(90,39%), Corumbá (9,39%) e Ladário (0,16%) destinam à Bolívia. Dourados vende 79,07% do total Andradina, Bataiporã, Iguatemi, Sonora, Três Lagoas, Corumbá é responsável
exportado pelo Estado para a Venezuela, 19,93% da Corumbá é responsável por 82,31% das exporta- Costa Rica, Bataguassu, Paranaíba, Itaporá, Amambaí,
Os municípios que exportam Bens de Consumo
mercadoria que vai para a Colômbia e 18,83% do total ções do Estado destinadas à Bélgica, por 48,63% das
por 95,85% das exportações
Eldorado, Aparecida do Taboado, Sidrolândia,
são: Dourados, Sidrolândia, Campo Grande, Bataiporã,
Naviraí, Ponta Porá, Caarapó, Iguatemi, Bataguassu,
destinado à Bolívia. Ponta Porã envia para o Paraguai enviadas para a França e por 47,21% das que são Chapadão do Sul, Rio Brilhante e Itaporã. do MS para os EUA. Campo
82,68% do montante exportado pelo MS ao país. remetidas para a Espanha. Dourados se encarrega de
Nova Andradina, Três Lagoas, Paranaíba, Corumbá,
enviar 71% dos produtos que vão para a Romênia,
Corumbá é responsável pela remessa de 43,44% Grande se encarrega de 63,90%
Maracaju destina para a Colômbia 43,51% das expor-
Itaporã, Aparecida do Taboado, Amambaí, Rio Brilhan-
tações do Estado para aquele país e para o Uruguai 56,93% dos destinados à Portugal, 44,23% das envi-
das exportações do MS para a Arábia Saudita. Doura- das exportações do Estado para o
te, Ribas do Rio Pardo, Maracaju, Terenos, Itaquiraí e dos envia 100% dos produtos que vão do MS para o
adas para a Grécia, 36,02% das exportações do MS
Ladário.
18,62%. Campo Grande se encarrega de 87,87% das
Iêmen, 75,59% dos que têm por destino o Iraque, México e Camapuã por 30,43%.
exportações do Estado para o Peru, de 19,25% para a para a Alemanha, 32,11% das que vão para a Holanda,
Na pauta de exportações de Bens de Consumo Venezuela e por 17,92% para a Colômbia. Três Lago- 23,55% das mercadorias remetidas para a França,
65,20% das mercadorias que o Estado destina para Sidrolândia destina para o Canadá
os Emirados Árabes, 50,51% das direcionadas para a
do MS predominam os Não Duráveis (99,14%). Os as envia 100% das exportações do Estado que são 20,06% das enviadas para o Reino Unido e por 14,74%
Jordânia, 30,85% dos produtos remetidos para a
98,06% do total das exportações
municípios mais importantes na venda ao exterior destinadas ao Equador e 40,53% das que vão para o das destinadas à Espanha.
desses produtos são Dourados (21,61%), Sidrolândia Uruguai. Rio Brilhante remete 31,47% dos produtos
Arábia Saudita e 15,52% das que vão para o Irã. do MS para aquele país.
Chapadão do Sul se encarrega por 30,16% das Caarapó se encarrega de despachar 96,23% dos pro-
(21,16%), Campo Grande (17,65%), Bataiporã que são enviados pelo MS para o Uruguai. Glória de mercadorias do Estado destinadas à Portugal, por dutos do Estado que vão para Omã, 57,99% das ex-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 27
Zoneamento Ecológico-Econômico do
28 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

A Produção Agrícola do Estado do Mato Grosso do Sul

Lavouras Temporárias de MS, 8% na Leste de MS e apenas 0,2% na Panta-


nais Sul Mato-grossense.
Na microrregião de Cassilândia, 56% da área plan-
tada de algodão herbácio localizava-se em Costa Rica
e 44% em Chapadão do Sul.

E
m 2007, as lavouras temporárias do Mato
Grosso do Sul geraram uma riqueza de
R$ 3.759.509.000. A soja contribuiu com
57% desse valor, o milho com 19%, Lavouras Permanentes
a cana-de-açúcar com 13%, o algodão herbácio com
As lavouras permanentes do MS, em 2007, gera-
4%, o arroz com 2%, a mandioca com 2% e todas as
ram uma riqueza de R$ 28.021.000. O café contribuiu
outras culturas temporárias juntas com apenas 3%.
Na mesorregião Sudoeste de MS, 85% da área Na microrregião de Dourados ganharam desta- com 34% desse valor, a banana com 24%, a borracha
plantada com soja estava concentrada na microrregião que os municípios de Rio Brilhante com 41% da área com 15%, a laranja com 7%, o coco-da-baía com 7%,
de Dourados, 13% na microrregião de Iguatemi e 2% plantada de cana-de-açúcar, Maracaju com 26%, Nova a uva com 3%, a tangerina com 2%, o limão com 2%, a
na microrregião de Bodoquena Na mesorregião Sudoeste, 82% da área plantada Alvorada do Sul com 20% e Dourados com 11%. Os erva-mate com 2% e todas as outras culturas perma-
com milho estava concentrada na microrregião de percentuais de participação dos outros municípios nentes juntas com 4%.
Na microrregião de Dourados ganharam desta- Dourados, 15 % na microrregião de Iguatemi e 3 % na podem ser observados no gráfico abaixo.
que os municípios de Maracaju, que abrigou 18% da microrregião de Bodoquena.
área plantada de soja dessa microrregião, Ponta Porã
15,9%, Dourados 13,9% e Rio Brilhante 13,9%. Os Na microrregião de Dourados ganharam desta-
percentuais de participação dos outros municípios que os municípios de Maracaju, que cultivou 17% da
O MS participou com 8% do total da riqueza gerada área de milho dessa microrregião, Dourados 17%, Rio
podem ser observados no gráfico abaixo.
pela lavoura da soja no Brasil, com 5% da criada pelo Brilhante 14% e Caarapó 10%. Os percentuais de par-
milho, com 4% da proveniente do algodão herbácio, com ticipação dos outros municípios podem ser observa-
3% da originada pela cana-de-açúcar, com 2% daquela dos no gráfico abaixo.
do arroz e com 1% da obtida pela mandioca em 2007.
Para produzir essa riqueza foram necessários O MS participou com 0,12% do total da riqueza gera-
3.032.633 hectares de área, 56% dos quais ocupados da pela lavoura permanente do café no Brasil, com 0,23%
com soja, 29% com milho, 6% com cana-de-açúcar, da criada pela banana, com 1,32% da proveniente da bor-
2% com sorgo, 2% com algodão herbácio e os 5% res-
4. Algodão Herbáceo racha, com 0,04% da originada pela laranja, com 0,32%
tante com outras culturas. A área plantada com algodão herbácio no MS, daquela do coco-da-baía, com 0,05% da obtida pela uva,
em 2007, estava dividida da seguinte forma: 70% na com 0,13 da gerada pela tangerina, com 0,16% da criada
Do total da soja plantada na mesorregião Centro
mesorregião Leste de MS, 16% na Sudeste de MS e pelo limão e com 0,39 da proveniente da erva-mate.
Norte de MS, 59% estava localizada na microrregião do
Alto Taquari e 41% na microrregião de Campo Grande. 14% na Centro Norte de MS. Essa riqueza foi produzida em 5.859 hectares de área,
Já na mesorregião Leste de MS, 82% da área plantada Na mesorregião Leste, 99% da área plantada com 34% dos quais ocupados com café, 22% com banana,
com soja ficava na microrregião de Cassilândia, 11% algodão herbácio estava concentrada na microrregião 14% com borracha, 9% com erva-mate, 6% com coco-
na microrregião de Três Lagoas, 7% na microrregião de 3. Cana-de-açúcar de Cassilândia, 1 % na microrregião de Andradina e da-baia, 6% com laranja, 3% com tangerina, 2% com li-
Nova Andradina e apenas 0,2% na microrregião de 0,3 % na microrregião de Três Lagoas. mão e os restantes 4% com outras culturas permanentes.
A área plantada com cana-de-açúcar no MS, em
Paranaíba. Toda a área plantada com soja na mesor-
2007, estava dividida da seguinte forma: 58% na
região Pantanais Sul Mato-grossense estava concen-
mesorregião Sudoeste de MS, 27% na Leste de MS,
trada na microrregião de Aquidauana.
1. Soja 14% na Centro Norte de MS e apenas 1% na Panta-
nais Sul Mato-grossense.
No Estado do Mato Grosso do Sul, em 2007, a soja
estava distribuída de forma bastante desigual, pois 69%
2. Milho Na mesorregião Sudoeste, 68% da área plantada
da sua área plantada localizava-se na mesorregião Sudo- Em 2007, no MS, a área cultivada com milho es- com cana-de-açúcar estava concentrada na microrregião
este de MS, 20% na Centro Norte de MS, 11% na Leste de tava concentrada, já que 75% dela localizava-se na de Dourados, 32 % na microrregião de Iguatemi e 0,2 %
MS e apenas 0,02% na Pantanais Sul Mato-grossense. mesorregião Sudoeste de MS, 17% na Centro Norte na microrregião de Bodoquena.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 29
30
31

Elementos de estado C2
32
33
Zoneamento Ecológico-Econômico do
34 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

C2.1•Classes de Solos de Mato Grosso do Sul

Classificação geral dos


A
s principais classes de solos, e sua dis- na área da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná; em sua total. Esta classe de solo encontra-se na Zona Planí- • Organossolos (Solos Orgânicos), ocupa uma área
tribuição no Estado de Mato Grosso do maior parte encontra-se concentrada em toda a área cie Pantaneira, em sua maior parte no Pantanal do de 200 Km2, representando 0,06% do total.
Sul, foram organizadas de acordo com o da Zona Serra de Maracaju bem como ao longo da Paiaguás, acompanhando o Rio Taquari, e no Panta-
• Neossolo Quartzarênico (Areias Quartzozas), ocupa solos
mapa de zoneamento ecológico-econô- rede de drenagem nas Zonas: Sucuriu-Aporé, das nal da Nhecolândia; localiza-se na parte Leste em um
uma área de 57.880 Km2, representando uma área de
mico e do mapa pedológico baseado no Macrozo- Monções e Iguatemi. Encontra-se também no divisor prolongamento Norte-Sul e uma pequena porção na De uma maneira geral, as classes de solos de maior
16,51% do total. Esta classe de solo encontra-se em
neamento Geoambiental do Estado. Os processos erosivos de águas com a Bacia do Rio Paraguai em uma faixa parte Sudoeste. Na Bacia do Rio Paraná, esta classe risco potencial à susceptibilidade a processos erosivos
sua maior parte na área da Bacia do Rio Paraná, princi-
como a erosão laminar, ravinas e voçorocas, provocados estreita norte-sul. de solo está localizada ao longo dos principais afluen- são: Neossolos Quartzarênicos, Regossolos, Solos
palmente na Zona das Monções, em uma pequena área
pelo uso e ocupação do solo baseados em uma política tes do Rio Paraná, nas Zonas: Sucuriu-Aporé, das Litólicos, como as formadas por arenitos, que geraram
• Latossolo Vermelho Amarelo (Latossolo Vermelho- da Zona Sucuriu-Aporé e na parte sul do Estado na Zona
desenvolvimentista e expansionista do país, ocasionaram Monções e Iguatemi em uma pequena faixa acompa- solos muito arenosos, onde predominam grãos de areia,
Amarelo), ocupa uma área de 1.610 Km2, represen- Iguatemi. Na área da Bacia do Rio Paraguai, esta classe
diversos níveis de degradação do solo no Estado de Mato nhando o Vale do Rio Paraná. soltos e sem coesão, com erodibilidade muito forte e
tando 0,46% do total. Esta classe de solo encontra-se está localizada em um prolongamento Norte-Sul, abran-
Grosso do Sul, em diversas áreas, principalmente da per- de baixa fertilidade natural. Em geral, a altíssima
principalmente nas Zonas: Proteção da Planície • Planossolo Háplico (Planossolo Solódico), ocupa gendo principalmente as Zonas: Alto Taquari, Proteção
da de solo atingindo as sub-bacias hidrográficas. Para permeabilidade atenua, em parte, a erosão superficial,
Pantaneira e Alto Taquari. uma área de 7.210 Km2, representando uma área de da Planície Pantaneira e Depressão do Miranda.
obter uma avaliação atualizada de vulnerabilidade, foi ne- mas favorece a erosão em profundidade caracterizan-
2,06% do total. • Neossolo Regolítico (Regossolo), ocupa uma área de do-se por sua instabilidade e potencial natural de risco
cessário elaborar mapas de classes de solos conforme • Nitossolo Vermelho ou Argissolo Vermelho (Terra
zoneamento ecológico-econômico de Mato Grosso do Sul, Roxa Estruturada), ocupa uma área de 770 Km2, re- • Planossolo Háplico ou Planossolo Solódico (Solonetz 8.030 Km2, representando uma área de 2,29% do total. à erosão. Considerando-se o uso e ocupação do solo
visando a medidas e alternativas para a recuperação de presentando 0,22% do total. Solodizado), ocupa uma área de 14.600 Km2, repre- Esta classe de solo encontra-se nas sub-bacias do do Estado ressaltam-se que nas outras classes de so-
áreas degradadas nos seus aspectos físicos integrados, sentando uma área de 4,17% do total. Esta classe de Miranda, Apa e Nabileque, correspondendo às Zonas De- los tem ocorrido problemas com relação à erosão, prin-
• Argissolo Vermelho (Podzólico Vermelho-Escuro),
com o uso e ocupação do solo. solo está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio pressão do Miranda, Serra da Bodoquena e do Chaco. cipalmente ao longo das margens dos rios, devido a
ocupa uma área de 17.250 Km2, representando 4,92%
Paraguai, principalmente na Zona do Chaco e Planície uma elevada densidade de drenagem e vales de pro-
O estado das condições dos solos do Mato Gros- do total. • Neossolo Fúlvico (Solos Aluviais), ocupa uma área
Pantaneira fundidade expressiva recobertas basicamente por
so do Sul considerando os diversos níveis de degrada- de 50 Km2, representando uma área de 0,01% do to-
• Argissolo Vermelho-Amarelo (Podzólico Vermelho- Latossolos e Podzólicos, de textura média constituídas
ção ambiental, nos meios receptores, quanto aos • Plintossolo (Plintossolo), ocupa uma área de 2.590 tal. Esta classe de solo encontra-se no extremo leste
Escuro), ocupa uma área de 3,81%, representando de arenitos finos com relevo bastante dissecado, mui-
poluentes líquidos e sólidos, no solo e gasosos na at- Km2, representando uma área de 0,74% do total. da Zona Iguatemi.
3,81% do total. Esta classe está localizada principal- tas vezes associados a solos rasos, como os Solos
mosfera, atingem o meio ambiente, assim como nos • Vertissolo (Vertissolos), ocupa uma área de 5.610
mente na Bacia do Rio Paraná, nas Zonas: Sucuriu- • Plintossolo (Plintossolo Solódico), ocupa uma área Litólicos ou Podzólicos, constituem-se em áreas de forte
processos erosivos atingem as bacias hidrográficas. Km2, representando uma área de 1,60% do total.
Aporé, Monções e Iguatemi e na Bacia do Rio Paraguai, de 1.810 Km2, representando uma área de 0,52% do risco de susceptibilidade à erosão, tanto na superfície
em uma faixa no prolongamento norte-sul, abrangen- total. • Vertissolo (Vertissolos Solódico), ocupa uma área de como em profundidade, devido, em primeiro lugar, à

Classes de solos do as Zonas: Proteção da Planície Pantaneira, Alto


Taquari, Depressão do Miranda, Serra da Bodoquena
• Gleissolo ou Plintossolo (Glei Húmico Vértico), 1.410 Km2, representando uma área de 0,40% do total. instabilidade natural da área, fato que decorre das ca-
racterísticas do material geológico (arenitos), do rele-
ocupa uma área de 400 Km2, representando uma área • Chernossolo Rêndzico (Rendzina), ocupa uma área
• Latossolo Vermelho Distrófico (Latossolo Verme- e nas partes elevadas da Zona do Chaco. vo, com vertentes apresentando dinâmica hídrica su-
de 0,11% do total. de 2.670 Km2, representando uma área de 0,76% do
lho-Escuro) ocupa uma área de 81.810 km2, repre- perficial e sub-superficial e do solo com formação de
• Espodossolo Humilúvico (Podzol Hidromórfico), total. Esta classe encontra-se, principalmente, na Zona
sentando 23,34% do total. Esta classe de solo está • Gleissolo ou Plintossolo (Glei Pouco Húmico), ocu- areias finas, de fácil deslocamento e transporte e em
ocupa uma área de 28.750 Km2, representando 8,20% Serra da Bodoquena.
localizada, principalmente na área da Bacia do Rio pa uma área de 12.030 Km2, representando uma área segundo lugar ao uso e ocupação do solo realizadas de
do total. Esta classe de solo encontra-se principalmente
Paraná e distribuída em uma grande faixa acompa- de 3,43% do total. Esta classe de solo encontra-se na • Neossolo Litólico (Solos Litólicos), ocupa uma área maneira inadequada em relação às características dos
na área da Bacia do Rio Paraguai, na Zona Planície
nhando o Rio Paraná, abrangendo as Zonas: Sucuriu- Zona Planície Pantaneira, na parte oeste, acompanhan- de 11.678 Km2, representando uma área de 3,33% do solos de cada área do Estado.
Pantaneira.
Aporé, das Monções, do Iguatemi e parcialmente na do em uma faixa o Rio Paraguai e o Taquari, e no pro- total. Esta classe de solo encontra-se nas partes eleva-
O Pantanal do Mato Grosso do Sul vem sofrendo,
Zona Serra de Maracaju. Localiza-se também, parci- • Chernossolo Argilúvico (Brunizém Avermelhado), longamento de diversos cursos d’água da sub-bacia das da Serra de Maracaju, Bodoquena e Urucum-Amo-
ininterruptamente, depósitos de sedimentos oriundos
almente, na área da Bacia do Rio Paraguai, abrangen- ocupa uma área de 990 Km2, representando 0,28% do Miranda e na Zona Sucuriu-Aporé. lar, correspondendo às Zonas: Proteção da Planície
dos Planaltos através de usos e manejos não adequa-
do, em pequenas faixas localizadas nas Zonas: Alto do total. Esta classe de solo se encontra nas partes Pantaneira, Alto Taquari, Serra de Maracaju e do Chaco.
• Neossolo Quar tzarênico Hidromórfico (Areias dos às características do solo e da morfologia do rele-
Taquari, Proteção da Planície Pantaneira, Depressão elevadas da planície do Pantanal, na área da Morraria
Quatzozas Hidromórficas), ocupa uma área de 2.540 • Associações Complexas, ocupam uma área de vo, ocasionando, muitas vezes, os processos erosivos
do Miranda e Zona do Chaco. do Urucum, na Zona Planície Pantaneira e na Zona
Km2, representando uma área de 0,73% do total. Esta 5.403 Km2, representando uma área de 1,54% do to- intensos e concomitantemente o assoreamento de ca-
Serra da Bodoquena.
• Latossolo Vermelho (Latossolo Roxo), ocupa uma classe de solo encontra-se na área Sudoeste do Panta- tal. Esta classe de solo é encontrada nas partes eleva- nais da rede de drenagem que convergem para as Pla-
área de 37.757 Km2, representando 10,77% do total. • Planossolo Háplico (Planossolo), ocupa uma área nal da Nhecolândia, correspondendo a uma faixa de das da Zona Alto Taquari, em menor parte na Zona nícies (SAKAMOTO, 1997).
Esta classe de solo está localizada, principalmente, de 27.130 Km2, representando uma área de 7,74% do deposição do rio Taquari e Negro, na sua foz. Proteção da Planície Pantaneira.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 35
Zoneamento Ecológico-Econômico do
36 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

C2.2•O Estado do Clima de Mato Grosso do Sul

Regime pluviométrico, sistemas


O
O Centro-Oeste, devido à sua localização característica principal desse tipo de clima é a pre- b - Oeste e sudoeste, nos municípios de Corumbá, do ano, a deficiência de chuva é menos sentida por
latitudinal, caracteriza-se por ser uma re- sença concreta de dois períodos distintos: Miranda, Bodoquena, Porto Murtinho e Rio Negro – ser menor a necessidade de água.
gião de transição entre os climas quentes inserido na região do Pantanal. Este tipo de regime frontais e influências geográficas
a - uma estação chuvosa que compreende os meses Acresce-se, ainda, que no sul do Estado e no Pan-
de latitudes baixas e os climas mesotérmi- tem grande variação devido à área alagada do Panta- O caráter do regime das chuvas em Mato Grosso
de meados de setembro a fins de abril onde se con- tanal há ocorrência de precipitações decorrente das fren-
cos de tipo temperado das latitudes médias (NIMER, 1979). nal. A diversidade entre o ambiente vegetal e aquático do Sul se deve, exclusivamente, aos sistemas regio-
centram 90% dos valores pluviométricos e, tes frias que, por ser menos constantes, reduzem a efi-
cria uma alternância de variações, onde os níveis dos nais de circulação atmosférica. cácia da seca, diferentemente dos meses de novembro
O sul da Região Centro-Oeste é afetado pela mai- b - um período seco com os restantes 10% das chuvas rios se elevam, junto com a temperatura e a vegeta-
O relevo exerce alterações sobre este regime onde e dezembro, onde persiste uma pequena estiagem em
oria dos sistemas sinóticos que atingem o sul do país, nos meses entre o fim de abril ao inicio de setembro. ção parcialmente encoberta, proporcionando uma
até mesmo a circulação espacial da precipitação já média de 13 dias e 8 dias respectivamente, justamente
com algumas diferenças em termos de intensidade e estabilidade térmica com valores acima dos 25ºC em
É resultado do sistema permanente de alta pres- apresenta detalhes de especial relevância. no período de plantio da cultura da soja no Estado.
sazonalidade do sistema. toda a estação da primavera e do verão. Esta região,
são do Atlântico Sul que se projeta mais para o norte da
atualmente, tem o domínio de uma atividade antrópica O que acontece no Estado é uma característica A visibilidade horizontal e vertical é boa, princi-
Sobre a Região Centro-Oeste, a alta da Bolívia, um Bahia, criando um ar mais instável no início do inverno
recordista no Estado. O maior índice de queimadas do identificada recentemente, em que os sistemas fron- palmente nos meses de novembro a abril, passando a
centro de pressão anti-ciclônico, semi-permanente na e mais estável no inicio do verão, além da presença do
Estado localiza-se na região oeste. tais que avançam pelo setor meridional têm seu eixo insuficiente e ruim nos meses de maio a setembro.
Região Central da América do Sul, e que rege o clima anti-ciclone fixo da Bolívia e da baixa pressão do Chaco
do Estado de Mato Grosso do Sul, é gerada a partir do Paraguaio, que determinam a entrada de nebulosidade c - Centro-leste, nos municípios de Campo Grande, alongado em direção aos conglomerados de nuvens Os meses de janeiro, fevereiro e março são muito
forte aquecimento convectivo (liberação de calor laten- no oeste, norte e centro do Estado. Este movimento vai Jaraguari, Bandeirantes, São Gabriel, Terenos, Ribas instáveis ativas na baixa do Chaco Boliviano, princi- instáveis, com muitas nuvens convectivas, uma vez que o
te) da atmosfera durante os meses de verão do Hemis- causar as pancadas de chuvas de nuvens instáveis nas do Rio Pardo e Sidrolândia – inclui uma região de palmente na primavera e no verão. anticiclone continental ainda não se intensificou o bastante
fério Sul (VIRGI, 1981). tardes quentes do verão da Região Central do país, prin- transição no sentido norte-sul. Os aspectos climáti- Ocorre também que, com a chegada da frente fria a ponto de impedir a penetração das massas polares.
cipalmente do centro-sul do Mato Grosso do Sul. cos tendem ao tropical chuvoso com uma leve varia- na região sul do Estado, a massa polar ganha força no Os meses de abril a setembro caracterizam-se
A Região Centro-Oeste é caracterizada pela atua-
ção caracteristicamente temperada onde as máximas continente argentino e paraguaio, forçando o avanço pela redução gradual da precipitação e da umidade
ção de forças que associam movimentos de sistemas A composição desses sistemas, tendo a frente à temperaturas são relativamente baixas no período en- do ar frio pela vertente oeste sobre o leito do Rio relativa do ar, com algumas regiões apresentando né-
tropicais com sistemas típicos de latitudes médias. circulação ciclônica do Chaco Paraguaio se intensifica tre outubro a fevereiro. Paraguai até a região de Porto Murtinho, Corumbá e voa seca, fumaça e estiagens.
Durante os meses de maior atividade convectiva, a ao nível da superfície quando são guiados pelas fortes
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é um d - Região de transição sudoeste e sul, nos municípi- Ladário, trazendo, como consequência, uma redução
correntes com velocidade de fluxo nos níveis de 200hpa O aumento da umidade em situações de inversão
dos principais fenômenos que influenciam no regime os de Ponta Porã, Dourados, Naviraí, Amambaí, drástica da temperatura nessas regiões, inclusive, com
e a metade da velocidade do nível de 500hpa nos me- térmica provoca na região sul a presença de nevoei-
de chuvas dessa região (QUADRO e ABREU, 1994). Mundo Novo e seus conglomerados – estende-se pela valores térmicos abaixo daqueles indicados na região
ses de julho e agosto, causando formação de nuvens ros e queda na temperatura. Esses fenômenos desa-
região sul do Mato Grosso do Sul. Entre os tipos exis- central de Campo Grande, Terenos e São Gabriel do
Este gradiente é resultado do deslocamento das convectivas no oeste e noroeste do Estado e queda in- parecem com a chegada de pancadas de chuvas pro-
tentes no estados, este regime é o que mais se iden- Oeste.
massas frias de altas latitudes, afetando principalmente tensa da umidade relativa na porção central. É a cha- venientes da instabilidade vespertina, comuns na re-
mada baixa do Chaco, além da atividade da frente equa- tifica e se caracteriza como temperado. Por ter um inverno onde as médias da umidade gião sul e oeste do Estado.
os Estados do Sudeste e o Mato Grosso do Sul. Nas
torial. relativa do ar oscilam entre 45% e 55%, observam-se
áreas carentes de chuvas, como o Pantanal, os desvios No domínio da meso-escala, tamanhos limites
negativos causam, às vezes, problemas graves para a No extremo sul do Mato Grosso Sul vigora, pela Caracterização climática regional valores entre 12% e 15%, com registros de umidade
(mínimos) de floresta-clareira, que ainda podem alterar
relativa mínima de 10%, todas as regiões, exceto o
economia agrícola, energética e social. Outro aspecto mesma classificação (Koeppen), o clima wCa (tropical Região Norte – predomínio do clima equatorial a circulação de micro-climas e conseguintemente in-
Norte, começam a apresentar períodos de estiagens
digno de nota é a observância eventual de índices de altitude), com estação chuvosa no verão e parte da das massas úmidas da Amazônia com temperaturas fluem no clima regional, precisariam ser pesquisados.
com mais de doze dias.
pluviométricos díspares. Citamos como exemplo o má- primavera, e seca e fresca no inverno. As mudanças nos médias bem elevadas no inverno e índices Modelos meteorológicos de meso-escala, com re-
ximo de precipitação ocorrido em Corumbá, onde, em ciclos indicam uma redução na frequência das geadas, pluviométricos altos no verão. As chuvas ficam raras. Há regiões chegando a ín-
solução espacial da ordem de quilômetros, seriam utiliza-
maio de 1947, no decurso de 24 horas, foram registrados que, embora fracas, persistem na região centro-sul. dice zero de chuvas por mais de 30 dias nos meses de
Região Central – estações de verão com muitas dos para investigar o comportamento da camada limite
144,0mm bem como em Campo Grande, no mês de junho, julho e agosto, e outros locais tendo, em média,
chuvas e inverno quente e seco, predomínio do clima atmosférica, circulação atmosférica, formação de nuvens,
abril de 2002, foi assinalado com um total de 242,2mm, de 4 a 5 dias de ocorrência precipitáveis no mês.
ambos em plena estiagem, considerando que as médias
Regimes térmicos regionais tropical alternando temperaturas baixas no fim do ou- e também como eles combinam para produzir diferentes
tono e chuvas no fim do verão. Outra situação observada é relacionada ao prazo climas sobre áreas desmatadas e de floresta nativa.
históricas nessas localidades, naqueles meses, eram de a - Extremo norte, nos municípios de Sonora, Pedro de duração do período de insuficiência de chuva, que
53,4mm e 101,2mm respectivamente. Assim, pode-se Gomes, Coxim e Alcinópolis – possui um regime tér- Região Sul e Leste – predominantemente tropical A convecção úmida é o principal caminho atra-
é variável em todas as regiões.
ter uma idéia real do significado das perturbações cau- mico correspondente a uma média climática e esta- com inverno quente e seco, apresenta temperaturas vés do a qual água, a energia e os gases-traço são
sadas pela frente da Zona de Convergência do Atlântico tística com pouca diferença de temperatura entre as oscilando próximas a 5ºC no início do inverno e tem- No sul do Estado, este prazo é de um a três me- transportados da camada superficial da atmosfera para
Sul (ZCAS) e pelos ativos fenômenos climáticos El Niño médias diárias. peratura elevada no fim da primavera. ses; no Pantanal é de seis a oito meses, enquanto que a troposfera.
e La Ninã em Mato Grosso do Sul. na região central, norte e leste, conhecido como cer-
Os meses quentes correspondem a setembro e a Região Oeste - clima quente e úmido com inver- Presume-se que uma grande parte dos impactos
rada, predomina o período de cinco a seis meses.
As grandes áreas compreendidas no Estado en- outubro, com valores médios entre 28ºC e 29ºC respec- no ameno. Tem, como característica, a estabilidade da mudança de usos da terra sobre a precipitação e o
quadram-se, segundo a classificação climática de tivamente com máximas chegando aos 39ºC e mínimas da umidade relativa do ar com alta temperatura e pou- Note-se, contudo, que em virtude do período de clima, ocorre devido a mudanças na intensidade e
Koeppen, no clima do tipo aW (tropical chuvoso). A de 26ºC. co vento. Sofre o domínio da alta da Bolívia. insuficiência de chuva abranger a estação mais fria frequência de precipitações convectivas.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 37
Zoneamento Ecológico-Econômico do
38 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

C2.3•Caracterização da Vegetação e Biodiversidade

A
vegetação do sul do Estado do Mato efetiva e são responsáveis por esse índice mais ele- mínio da Mata Atlântica. Contudo, essas formações Para o Parque Estadual das Várzeas do Rio Muitas das espécies ameaçadas de extinção em
Grosso do Sul, além do cerrado, tem re- vado da conservação quando comparado com os ou- foram as que mais sofreram antropização, principal- Ivinhema, PEREIRA et al., (dados não publicados) es- outras regiões são abundantes no Pantanal como o
lações fitogeográficas com o Chaco, tros Biomas. mente por se encontrarem em solos mais férteis, hoje timam uma diversidade de espécies fanerogâmicas cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), cuja
Amazônica, Floresta Atlântica e Floresta restam menos de 22% da área, os quais estão confina- em torno de 850 espécies. população se encontra na ordem de 36.000 animais
Quando se considera a Bacia do Alto Paraguai
Meridional, resultando em uma paisagem florística bas- dos a pequenos fragmentos muito distantes uns dos (MAURO et al., 1998). A onça (Panthera onca) teve
(BAP), um estudo realizado pela ONG Conservation Na Floresta Estacional Semi-decidual, do mu-
tante diversificada (RIZZINI, 1979). O Chaco penetra pelo outros, a maioria em Unidades de Conservação. sua área de distribuição bastante reduzida, porém ainda
International estimou que o Estado de Mato Grosso nicípio de Dourados, PEREIRA et al. (2007a) encon-
sudoeste e a Amazônia pelo noroeste, ambos princi- é possível encontrar populações vigorosas em algu-
do Sul suprimiu 73.060 Km² de vegetação natural, traram em um hectare 125 espécies arbóreas, distri-
palmente no Pantanal, enquanto espécies da Floresta mas sub-regiões do Pantanal. A ariranha (Pteronura
Atlântica e da Floresta Meridional vêm do sul e do leste.
sendo responsável por 45% do total suprimido na área
da BAP, ou 20% da área total da Bacia (HARRIS et al.,
Diversidade de Espécie buídas em 36 famílias e 90 gêneros. Em uma área de
302 hectares de Cerrado PEREIRA et al.(2007b)
brasiliensis) foi muito perseguida devido à alta quali-
Os cerrados cobrem 65%, as florestas semidecíduas dade da sua pele. Devido às leis de proteção à fauna e
2005). O estudo ainda apontou que municípios como O avanço da urbanização e das fronteiras agríco- amostraram um total de 190 espécies.
8,9% e o Chaco 3,8% (MATO GROSSO DO SUL, 1989). efetiva presença da fiscalização, as populações des-
Jardim e Bodoquena já perderam entre 40 e 60% de las, com a conseqüente devastação da vegetação ori- A destruição de habitats é uma das principais sa espécie se recuperaram e atualmente podem ser
O encontro do Cerrado com os domínios vizinhos sua vegetação original, enquanto Bonito já perdeu en- ginal, resultou em uma degradação sem precedentes causas de extinção da fauna silvestre. Como não é vistos grupos de ariranhas em todas as sub-regiões,
cria faixas de transição denominadas ecótonos que tre 60 e 80% (HARRIS, et al. 2005). no quadro natural do Mato Grosso do Sul. Muito em- possível manejar espécies silvestres independentes notadamente no o Pantanal do Rio Negro.
se apresentam como espaços vitais específicos para bora se reconheça a carência de estudos sobre a flora
Com relação ao Cerrado, restam apenas 32% de dos habitats nos quais ocorrem, faz-se necessário a
animais e vegetais, baseados na multiplicidade, e di- e a fauna, avança-se para um cenário onde perdas Apesar da proteção existente, ainda há espécies
cobertura vegetal natural na porção estadual (Tabela conservação dos mesmos para a perpetuação des-
versidade estrutural (BOURLEGAT, 2003). irreversíveis da biodiversidade tendem a ocorrer, an- como o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus) que
1). Predominam as fisionomias florestal e campestre, sas espécies.
tes que se possam compreender suas interações. necessita maiores estudos e proteção. Essa espécie
Contudo, não diferente do que ocorreu em outros as quais ocupam 13 e 17% da área total do Cerrado
Assim como para a flora, os dados referentes à é uma das mais vulneráveis devido ao habitat que
Estados, o processo de ocupação caracterizou-se pela no referido Estado, respectivamente. Segundo MA- A riqueza de espécies vegetais no Mato Grosso fauna são bastante restritos e quase todos direcionados ocupa que são os campos. No território brasileiro,
falta de planejamento e conseqüente destruição dos CHADO et al. (2004), entre o período de 1985 e 1993, do Sul é alta, em virtude da ocorrência de vários tipos para a região do Pantanal. Acredita-se que a riqueza com a utilização massiva das terras do cerrado para
recursos naturais. Ao longo da história, a cobertura a perda da área do Bioma Cerrado foi em média de de fisionomias vegetais e influências fitogeográficas; seja muito grande, uma vez que o Estado apresenta atividades agropecuárias, essa espécie se tornou rara,
vegetal nativa do Mato Grosso do Sul, representada 1,5% ao ano. No ritmo em que tais atividades vêm contudo os dados ainda são pontuais, necessitam-se uma fitofisionomia bastante diversificada. sendo avistada somente em áreas de proteção como
pelos diferentes Biomas (Cerrado, Floresta Atlântica e acontecendo, as áreas de Cerrado que circundam o de mais estudos para que se faça uma estimativa mais
A diversidade faunística do Pantanal é bastante o Parque Nacional de Emas. O Pantanal é uma das
Pantanal), foi sendo fragmentada, cedendo espaço Bioma Pantanal deverão estar totalmente destruídas precisa. Para o Pantanal, a diversidade florística é su-
rica, ocorrendo pelo menos 264 espécies de peixes, últimas áreas na qual essa espécie ocorre em abun-
para as culturas agrícolas e pastagens. até o ano de 2030. perior a 3.500 espécies de plantas.
652 de aves, 102 de mamíferos, 177 de répteis e 40 dância considerável em terras particulares. O veado
É possível observar na Tabela 1 a quantificação Considera-se Domínio de Mata Atlântica (DMA) a POTT & POTT (2006), ao realizarem um levanta- campeiro ocupa principalmente a área central do Pan-
de anfíbios, 1.100 espécies de borboletas (BRITSKI
da cobertura vegetal natural por Bioma no Mato Gros- área originalmente coberta por um mosaico de forma- mento das espécies arbóreas de fragmentos flores- tanal (sub-região do Paiaguás e Nhecolândia), com
et al., 1995). A fauna é, em grande parte, derivada
so do Sul, bem como a quantidade de áreas ções florestais e ecossistemas associados, sujeitos à tais, apontam um total de 355 espécies distribuídas densidade de 0,57 grupos/km² (MOURÃO et al.,
do Cerrado, com influências amazônicas. Um dos
antropizadas. Nota-se que o Bioma Pantanal ainda é influência do Oceano Atlântico. De acordo com a defi- em 229 gêneros e 67 famílias. Esses autores deixam 2000).
aspectos mais interessantes é a alta densidade de
bastante conservado, pois apresentava 90.8% de co- nição do Decreto-lei 750/93, o DMA extrapolaria os li- claro que estes dados são preliminares e que o rol de muitas espécies dos grandes vertebrados brasilei- Os levantamentos indicaram que entre as espécies
bertura natural, contra 9,2% de área antrópica até 2002 mites do Bioma Mata Atlântica ao incluir as florestas espécie deverá aumentar com mais estudos. ros, não encontrada em nenhum outro lugar do con- autóctones mais abundantes, a capivara (Hydrochaeris
(PROBIO, 2007). Sem dúvida, a existência de exten- estacionais de algumas regiões mais interiores no con-
POTT et al. (no prelo), ao levantar a flora fanero- tinente. hydrochaeris) está amplamente distribuída em todo o
sas planícies pantaneiras, que ficam inundadas por tinente. Assim, as formações florestais do Mato Gros-
gâmica do Maciço do Urucum, apontam um total de Entre as aves, a principal espécie ameaçada de Pantanal. O número de grupos está na ordem de 76500.
muito tempo durante o ano, inviabiliza sua ocupação so do Sul, com exceção do Cerradão, estariam no Do-
937 espécies, 464 gêneros e 116 famílias, sendo 228 extinção é a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), As maiores densidades foram registradas ao longo do
espécies de árvores, 204 de arbustos, 331 de ervas e que foi muito comercializada devido a sua beleza e ao Rio Negro e nas proximidades do Rio Taquari, nos Panta-
Tabela 1 - Cobertura vegetal original e antropizada em hectare por Bioma no Mato Grosso do Sul (fonte PROBIO, 2007).
167 de trepadeiras ou lianas. Para o complexo Aporé- seu tamanho. É considerada o maior psitacídeo do nais do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás (MAURO,
Bioma Cobertura Vegetal Cobertura Vegetal % remanescente Sucuriú, POTT et al. (2006) apontam um total de 1579 mundo, sendo que as duas áreas de distribuição mais 2002). Atualmente, tem-se uma população mínima es-
Original (ha) antropizadas (ha) espécies distribuídas em 617 gêneros e 130 famílias importantes da espécie são o Chaco e o Pantanal. Ain- timada em cerca de 3,7 milhões de jacarés em todo o
Cerrado 21.847.680,70 14.722.762 32%
fanerogâmicas. da existe algum comércio clandestino dessa espécie Pantanal. As maiores densidades dessa espécie se en-
Na área da Lagoa Misteriosa, foram registradas 166 para Xerimbabo. Existem cálculos populacionais indi- contram nas proximidades do Rio Taquari, no Pantanal
Pantanal 90.080.550 830.880 90,8%
espécies de plantas, distribuídas em 45 famílias de retos para todo o Pantanal, porém são estimativas da Nhecolândia, e nas proximidades do Rio Negro, no
Floresta Atlântica 5.039.447 3.915.537 22% Pantanal do Rio Negro (MAURO, 2002).
angiospermas e 123 gêneros (BAPTISTA-MARIA, 2007). (MAURO, 2002).
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 39
Zoneamento Ecológico-Econômico do
40 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Recursos Hídricos

M
ato Grosso do Sul é um Estado conside- râneas, resultante do uso indiscriminado de A planície do Paraguai, o Pantanal, na época das de análise utilizado. No método mais conservador, que frendo crescente degradação na qualidade de suas águas.
rado rico, em termos de disponibilidade agrotóxicos. Nesse contexto, destacam-se as Bacias cheias (outubro a março), pode ficar recoberta por considera a vazão com 7 dias de duração e tempo de Já se detectam trechos comprometidos devido a lança-
de recursos hídricos que, além da ex- do Rio Pardo e do Rio Ivinhema, respectivamente, re- lençol d’água contínuo de até 25 km de largura. A retorno de 10 anos (Q7,10), as Bacias do Rio Negro e do mentos de efluentes industriais e esgotos domésticos.
ploração do turismo e lazer, possibilitam presentadas pelos municípios de Campo Grande e hidrografia da região do Pantanal é bastante rica em Rio Nabileque tornam-se muito críticas, em termos de
Conforme estipulado pela Resolução Conama no
outros usos como a implementação de infraestrutura Dourados. (PERH, 2008). bacias, rios e lagos, onde ocorrem grandes inunda- disponibilidade. A Bacia do Apa e do Miranda teria uma
357/05 e Deliberação CECA no 003/97 para Rios de
de transporte, irrigação, geração de energia e apoio ções anuais, as chamadas cheias do Pantanal, cau- posição confortável, e as demais, excelente.
A Região Hidrográfica do Rio Paraguai, em Mato Classe 2, as concentrações de DBO ultrapassam no
ao desenvolvimento de diversas atividades produtivas. sadas pelas freqüentes e intensas chuvas caracterís-
Grosso do Sul, ocupa uma área de 187.636,300 km², De acordo com o diagnóstico sobre a avaliação exutório dos cursos d’água das Bacias do Rio Ivinhema
ticas do verão.
O Pantanal mato-grossense é considerado a mai- que representa 52,54% da área total do Estado de MS, da qualidade da água, realizado por meio do Índice de (Córrego Água Boa), do Rio Pardo (cabeceira), do Rio
or planície inundável do mundo e apresenta caracte- tem uma população espacialmente bem dispersa, de- O uso do solo para o cultivo de soja e a implanta- Qualidade da Água – IQA, a qualidade da água é clas- Miranda e Rio Apa. Nesse sentido, o parâmetro fósfo-
rísticas ecologicamente importantes, tais como gran- vido à configuração geológica e geográfica existente, ção de pastagem, resultaram em importante altera- sificada como boa nas UPGs Ivinhema, Aporé, Cor- ro ultrapassa em todas as bacias. O parâmetro
de diversidade biológica, alta produtividade natural e e que é propícia à exploração mineral, com ricas jazi- ção na geração de sedimentos que se deslocam para rentes, Taquari e Miranda. As demais bacias não coliformes fecais apresenta valores em desacordo com
um regime hidrológico delicado. Por sua importância das de ferro, manganês, calcário no Maciço do o Pantanal, ao depender dos processos que ocorrem dispõeem dos dados dos parâmetros constantes da o estabelecido nas Bacias dos Rios Ivinhema e Mi-
ecológica foi declarado Patrimônio Nacional pela Cons- Urucum, nas proximidades de Corumbá, e uma área no planalto, sobretudo no leque aluvional do Taquari. metodologia do IQA, dificultando a avaliação da quali- randa. No que se refere à turbidez, as Bacias do
tituição Federal de 1988, e Patrimônio Natural da Hu- alagada contida na Região do Pantanal. Destacam-se dade da água por essa metodologia. Ivinhema (Córrego Água Boa) e do Taquari (Rio Coxim)
Com relação ao balanço entre demanda e disponi-
manidade e Reserva da Biosfera, pela UNESCO, em nessa Região os Rios Taquari, Miranda, Negro e Apa, apresentam, em grande par te do período de
bilidade de água, a situação das bacias hidrográficas Os dados de monitoramento demonstram que as
2000. No Brasil dois terços de sua área se encontra à margem esquerda do Rio Paraguai. monitoramento, desconformidade com o estabeleci-
varia de excelente a muito crítica, conforme o método bacias hidrográficas de Mato Grosso do Sul vêm so-
no Estado de Mato Grosso do Sul. do pela legislação para rios de classe 2.
No território de Mato Grosso do Sul configuram-se As águas das UPGs Ivinhema, Aporé,
duas das doze Regiões Hidrográficas do Brasil, definidas Correntes e Taquari apresentam valores de
pela Resolução nº 32/2003 do Conselho Nacional de pH de levemente ácidas a ácidas.
Recursos Hídricos: a Região Hidrográfica do Paraguai,
De acordo com o diagnóstico sobre a
constituída pela Bacia do Rio Paraguai, a oeste, e a Re-
avaliação da qualidade da água, realizado
gião Hidrográfica do Rio Paraná, constituída pela Bacia
por meio do Oxigênio Dissolvido – OD20%,
do Rio Paraná, a leste (Figura 8). A Serra de Maracaju
a qualidade da água é classificada como
praticamente delimita o divisor de águas no Estado de
ótima nas bacias dos Rios Iguatemi, Amam-
MS, que se estende de nordeste a sudoeste, configuran-
bai, Pardo, Verde e Apa. Na Bacia do Negro
do paisagens bem distintas, em termos geomorfológicos
a qualidade é boa e na Bacia do Nabileque
e de recursos naturais, entre as duas grandes Bacias
predomina a qualidade ruim (Figura 9).
hidrográficas do Rio Paraná e do Rio Paraguai.
A qualidade das águas subterrâneas
A Região Hidrográfica do Paraná ocupa uma área
do Estado, de maneira geral é, boa, po-
total de 169.488,662 km², o que representa aproxi-
rém, as informações disponíveis não per-
madamente 47,46% da área do Estado de MS, e é
mitem a sua classificação. Há poucos es-
habitada por 78,26% da população sul-mato-
tudos de qualidade das águas subterrâne-
grossense, em 2005. Nessa Região destacam-se os
as, não havendo rede de monitoramento
Rios Aporé, Sucuriú, Verde, Pardo, Ivinhema, Amambai
de qualidade de águas subterrâneas em
e Iguatemi, à margem direita do Rio Paraná. É a bacia
MS. A Resolução Conama nº 396/2008
hidrográfica ambientalmente mais impactada, com
dispõe sobre a classificação de águas sub-
problemas ambientais referentes às emissões das in-
terrâneas e sobre as diretrizes aos órgãos
dústrias instaladas e lixões, supressão de matas
competentes para o enquadramento das
ciliares e das áreas de reserva legal, processos
mesmas.
erosivos provocados pelas atividades da agricultura e
Figura 8 - Demanda e disponibilidade de água Q Retirada / Q7,10 (%), nas sub-bacias de Mato Grosso do Sul. Figura 9 - Qualidade da água nas sub-bacias de Mato Grosso do Sul.
pecuária, e poluição das águas superficiais e subter-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 41
Zoneamento Ecológico-Econômico do
42 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Qualidade de Vida da População

A
qualidade de vida da população do Quadro 5 - Parâmetros para a Classificação dos Municípios, por Categoria, Segundo Dimensões do IRS-MS Estado do Mato aponta para uma melhoria nesse quesito. Em relação Em 2005, o Grupo 2, em relação aos dois anos
Mato Grosso do Sul foi estudada com Grosso do Sul – 2003 e 2005. à longevidade, a melhora foi ainda mais significativa anteriores, perdeu para o Grupo 1 os municípios de
um pertinente nível de detalhes pelo em tempos recentes. Na educação, houve uma pe- Douradina, Laguna Carapã e Água Clara, e para o Gru-
Dimensões do IRS-MS Categorias
IRS-MS (Índice de Responsabilidade quena melhora. po 3 o município de Ponta Porã. O Grupo 2 incorporou
Social) durante os anos de 2003 e 2005. Os dados Alta Média Baixa os municípios de Itaporã, Bataguassu, Aparecida do
constantes deste IRS são suficientes para respon- 2003 2005 2003 2005 2003 2005 Taboado, Sidrolândia, Selvíria, Paranaíba e Nova
der, nesta Primeira Aproximação do ZEE-MS, às in- Municípios do Grupo 2
Riqueza 53 a 40 49 a 41 39 a 26 40 a 27 25 a 3 26 a 5
Andradina, que vieram do Grupo 3, além de Alcinópolis
dagações sobre a qualidade geral de vida dos habi- O Grupo 2 é constituído por municípios com mé- e Santa Rita do Rio Pardo que estavam no Grupo 4 em
tantes do Estado. Longevidade 91 a 78 93 a 79 77 a 61 78 a 56 60 a 25 55 a 17 dia riqueza, longevidade alta, média ou baixa, e esco- 2003. Houve uma melhora no quadro geral dos muni-
Escolaridade 75 a 64 84 a 75 63 a 50 74 a 55 49 a 7 54 a 16 laridade alta, média ou baixa (Figura 12). cípios do Estado no quesito riqueza.

Parâmetros Utilizados O Grupo 2 passou a apresentar


lado houve aumento de dois pontos no patamar máxi- longevidade alta para mais três municí-
na Classificação dos mo, houve também redução de 8 pontos no patamar pios, além de Sonora: Aparecida do

Municípios mínimo, aumentando a diferença entre o maior e o


menor valor que era de 66 pontos em 2003 e passou
Taboado, Bataguassu, Itaporã. Apenas
Alcinópolis e Ribas do Rio Pardo apre-
As variáveis utilizadas na constituição dos Indi- para 76 pontos em 2005. sentaram baixa longevidade. Oito muni-
cadores de Riqueza, Longevidade e Escolaridade fo- cípios aparecem com escolaridade alta:
O patamar máximo de escolaridade passou de 75
ram padronizadas em uma escala de 0 a 100. Por Itaporã, Bataguassu, Aparecida do Ta-
em 2003 para 84 em 2005 e o patamar mínimo se
meio da análise fatorial, foi estabelecido o peso de boado, Costa Rica, Alcinópolis, Si-
deslocou de 7 para 16, mostrando melhora significa-
cada uma delas. Multiplicando os pesos correspon- drolândia, Maracaju e Naviraí, e três com
tiva no indicador de escolaridade do Estado ocorrida
dentes por cada uma das variáveis e somando os baixa: Porto Murtinho, Brasilândia e
no período. A diferença entre o padrão máximo e o
resultados, chegou-se a cada um dos indicadores. Ribas do Rio Pardo.
mínimo permaneceu a mesma, de 68 pontos.
Utilizando análise de cluster, constituíram-se os gru-
pos. O Quadro 5 detalha os intervalos de valores que
foram utilizados para classificar os municípios como Os Grupos Municípios do Grupo 3
sendo de alta, média ou baixa riqueza, escolaridade
O Grupo 3 é composto por municí-
ou longevidade.
Municípios do Grupo 1 pios que apresentam baixa riqueza, alta,
Pode-se verificar que o patamar máximo de ri- média ou baixa longevidade, e alta ou
queza caiu de 53, em 2003, para 49 em 2005. A hipó- O Grupo 1 é constituído por municípios com alta média escolaridade.
tese que se levanta é de que a grave crise do agro- riqueza, longevidade alta, média ou baixa, e escolari-
dade alta, média ou baixa (Figura 12). No Grupo em questão, os municí-
negócio no Brasil, que teve início no segundo semes-
pios de Angélica, Glória de Dourados e
tre de 2004 e foi agravada pela descoberta do foco de Observamos que o Grupo 1 incorporou também Bandeirantes possuíam alto indicador de
febre aftosa no Estado, contribuiu para essa queda no os municípios de Douradina, Água Clara e Laguna longevidade e nenhum município apa-
patamar de riqueza. Por outro lado, o patamar mínimo Carapã. Passou a apresentar longevidade alta o muni- receu com indicador baixo, seja em
de riqueza subiu de 3 para 5. Houve uma redução da cípio de Chapadão do Sul e nenhum município apre- longevidade ou em escolaridade. Em re-
diferença no indicador de riqueza entre o mais rico e o sentou longevidade baixa. Em relação à escolaridade, lação à educação, sete municípios apre-
mais pobre, que era de 50 pontos em 2003 e passou apenas Laguna Carapã apresentou indicador baixo.
para 44 em 2005.
Pode-se perceber que houve uma redução nos
O patamar máximo de longevidade passou de 91, valores do indicador de riqueza para os municípios de
no ano de 2003 para 93 em 2005 e o patamar mínimo Chapadão do Sul e São Gabriel do Oeste. O aumento Figura 10 - Indicador de riqueza dos municípios
se deslocou de 25 para 17, mostrando que, se por um do número de municípios no grupo com alta riqueza do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 43

Figura 11 - Indicador de longevidade dos municípios do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005. Figura 12 - Indicador de escolaridade dos municípios do Mato Grosso do Sul, para o ano de 2005.

sentavam alto indicador de educação: Angélica, mero de municípios com alta escolaridade: de sete, Sul, Jaraguari, Anaurilândia e Nioaque apresentavam e Bataiporã apresentaram alto indicador de lon- lizados pelo Índice de Responsabilidade Social, tanto
Vicentina, Selvíria, Cassilândia, Aparecida do Taboado, em 2003, para 9, em 2005 – Angélica, Deodápolis, alto indicador de longevidade. gevidade. o de 2003 quanto o de 2005. Estes parâmetros não
Deodápolis e Ivinhema. Cassilândia, Vicentina, Fátima do Sul, Ivinhema, Gló- distam muito dos índices de IDH e de GINI, que tam-
Em 2005, permaneceram nesse grupo os muni-
ria de Dourados, Rio Negro e Bela Vista. Consideran- bém colocam a população do Estado em condições
Em 2005, o Grupo 3 perdeu, em relação aos
do que seis dos municípios desse grupo, em 2003,
cípios de Jaraguari, Taquarussu, Rio Verde de Mato Municípios do Grupo 5 muito favoráveis em relação a outros Estados da fe-
dois anos anteriores, para o Grupo 2 vários municípi- Grosso, Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Bataiporã,
estavam no Grupo 4, pode-se perceber que o quadro O Grupo 5 é constituído por municípios com bai- deração.
os já mencionados e incorporou Caracol, Rochedo, Anaurilândia, Pedro Gomes, Eldorado, Terenos,
geral é de melhora significativa. xa riqueza, baixa longevidade e baixa escolaridade.
Inocência, Corguinho, Novo Horizonte do Sul e Bonito Bodoquena, Coxim, Aquidauana, Miranda, Itaquiraí, Todavia, cabe lembrar que a população do Mato
que, em 2003, estavam no Grupo 4. Ponta Porã, que Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Iguatemi e Mundo Em 2005, esse grupo cedeu o município de Juti Grosso do Sul é muito pequena, o que possibilitaria
estava no Grupo 2, passou para o Grupo 3. Em rela- Municípios do Grupo 4 Novo. Foram para o Grupo 3 os municípios já menci- para o Grupo 4, incorporou os municípios de Aral a presença de condições socioeconômicas mais fa-
ção à longevidade, aumentou para cinco o número de onado, e para o Grupo 5 os municípios de Aral Moreira Moreira e Sete Quedas, que estavam no Grupo 3 em voráveis, especialmente em termos de qualidade de
municípios com alta longevidade – Cassilândia, Cara- O Grupo 4 se compõe de municípios com baixa e Sete Quedas. Esse grupo incorporou o município de 2003, e, também, o novo município de Figueirão. vida.
col, Rochedo, Bandeirantes e Inocência - quando, em riqueza, alta e média longevidade, e baixa escolaridade. Juti, que em 2003 estava no Grupo 5.
De modo geral, podemos dizer que a qualidade
2003, eram três. Continuou a não existir no grupo Os municípios de Alcinópolis, Caracol, Pedro Go- Os municípios de Jaraguari, Taquarussu, Rio Ver- de vida da população do Mato Grosso do Sul é de
municípios com baixa longevidade. Aumentou o nú- mes, Rio Verde do Mato Grosso, Novo Horizonte do de do Mato Grosso, Nioaque, Guia Lopes da Laguna regular para boa, considerando-se os parâmetros uti-
44
45

Os Impactos C3
Zoneamento Ecológico-Econômico do
46 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 47
Zoneamento Ecológico-Econômico do
48 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

C3.1•Principais Problemas Ambientais de Mato Grosso do Sul


Geossistema Problemas ambientais Geossistema Problemas ambientais Geossistema Problemas ambientais
A–1 A estabilidade do ambiente é rompida sob antropismo inadequado, com a F–1 Instabilidade crescente em função da diversificação dos diversos tipos de L–1 Instabilidade critica para o Geofácie L – 1.1, sugerindo-se sua preserva-
pulverização do horizonte A e a compactação em subsuperficie, podendo ocupação. ção. No Geofácie L – 1.2 devem-se atentar pela manutenção das condi-
ocorrer à erosão eólica e acentuar-se o escoamento superficial difuso, ções de estabilidade geoambiental.
com remanejamento de material fino, no Geofácie A – 1.1Em alguns locais F–2 O uso inadequado do solo tende a acelerar os processos erosivos, levando
do Geofácie A – 1.1 pode ocorrer a proliferação de termiteiros (cupinzeiros). o ambiente de transição á instabilidade. M–1 Aceleração dos processos de erosão superficial pelo desmatamento rom-
F–3 Fitoestabilidade rompida pelo desmatamento, tendendo ao assoreamento pendo o equilíbrio ambiental.
A–2 As condições de instabilidade são refletidas na intensidade dos processos
de escoamento com remanejamento de material de calibre diverso. Local- dos vales pelo uso inadequado das áreas adjacentes, constituídas de ma- M–2 Aceleração dos processos de erosão superficial pelo desmatamento
mente ocorrem deslizamentos de massas. teriais friáveis. indiscriminado, podendo romper a estabilidade.
A–3 Áreas de instabilidade critica no Geofácie A – 3.1, decorrentes das condi- F–4 Instabilidades crescentes em função da diversificação dos tipos de ocupa- N–1 O desmatamento e o pisoteio do gado, provocam a acentuação dos efeitos
ções litológicas e geomorfológica. Nos Geofácies A – 3.2 e A 3.3 há ten- ção, por vezes inadequados, face à baixa potencialidade rural das terras. A do impacto pluvial, desestabilizando o equilibro ambiental.
dência de evolução do estagio de transição para a instabilidade, em função persistência em usos inadequados, como a lavoura pode levar a N–2 No Geofácie N – 2.1 e possível o desencadeamento da estepização caso
da crescente ocupação do solo. desertificação.Nas áreas reflorestadas por eucaliptos são necessários es- ocorra o desmatamento indiscriminado. Instabilidade critica no Geofácie
tudos específicos para identificação da origem da mortandade verificada N – 2.2.
A–4 Instabilidade crescente em decorrência dos desmatamentos e ocupação em muitos talhões. Embora atribuída a formigas, há possibilidade de ser
indiscriminada nas ver tentes de maior declividade, com riscos de N–3 Instabilidade critica nos Geofácies N – 3.1 e N – 3.2.Forte tendência a
devido à deficiência hídrica, uma vez que em plantações de eucaliptos
assoreamento dos rios e conseqüente desequilíbrio no ecossistema. estepização, nos Geofácies N – 3.3, N – 3.4 e N – 3.5, decorrente do
situadas mais próximas dos rios Paraná não se verifica tal fenômeno.
A–5 Áreas de instabilidade decorrente da dinâmica fluvial, responsável pela desmatamento, o qual propicia o aumento da evaporação e
F–5 Aceleração dos processos de erosão super ficial decorrentes dos consequentemente, a concentração de sódio na superfície.
erosão, transporte e acumulação (no leito e no vale fluvial) de sedimentos desmatamentos altera a estabilidade das áreas situadas nas vertentes de
de diversos calibres. O–1 Alargamento periódico de 4 e 6 meses ao ano.Elevação do lençol freático
forte declive e vales.
B–1 Áreas de instabilidade critica, sua cobertura vegetal deve ser preservada a próximo à superfície.Salinização.Deficiência hídrica para as plantas, de-
G–1 No Geofácie G – 1.1, aceleração dos processos erosivos resultantes do correntes do potencial osmótico do solo, devido à salinização.O
qualquer custo. desmatamento, alterando a estabilidade ambiental e nas demais, instabilida- desmatamento pode provocar a estepização.
B–2 Descaracterização da fitoecologia pela ocupação, acarretando de maneira de acentuada, tendendo a critica decorrente da natureza do solo e do relevo.
gradativa a desestabilização da ecodinâmica. O–2 Inundação generalizada de 6 a 9 meses ao ano.Com o desmatamento e
G–2 Instabilidade acentuada tendendo a critica decorrente da natureza do ma- conseqüente aumento da evaporação pode ocorrer concentração de sódio
B–3 Descaracterização da fitoecologia pela ocupação, acarretando de maneira terial e do desmatamento indiscriminado, podendo ocorrer savanização. na superfície, com tendência a estepização.
gradativa a desestabilização da ecodinamica.Instabilidade critica da Geofácie G–3 A atuação dos processos erosivos e acelerados pelo desmatamento gene-
B – 3.6, acentuada pelos fatores litológicos e relevo. O–3 Instabilidade ambiental com inundações, desbarrancamentos localizados
ralizado, levando a área ao desequilíbrio ambiental e possível savanização. e salinização.
B–4 Descaracterização da fitoecologia pela ocupação intensiva do solo, ten- G–4 Áreas de instabilidade, devendo ser observado o código de preservação
do com conseqüência a gradual desestabilidade do espaço ecológico. O–4 Alagamento com duração de ate 4 meses ao ano.O desmatamento pode
ambiental. acelerar a estepização, devido ao aumento da evaporação e conseqüente
Instabilidade critica no Geofácie B – 4.2, em decorrência da litologia e do
relevo. H–1 Instabilidade decorrente do regime fluvial com solapamento nas margens concentração de sódio na superfície do solo.
e alargamento nas planícies. O antropismo ameaça a vegetação natural, P–1 Alagamento periódico de ate 4 meses ao ano.O desmatamento de áreas
B–5 Instabilidade decorrente do regime fluvial com desbarrancamento nas alterando a estabilidade ambiental.
margens. circunvizinhas contribui para o entulhamento de sedimentos e
I -1 A aceleração dos processos de erosão superficial em conseqüência dos consequentemente e arborização com espécies invasoras da Savana. Como
C–1 Instabilidade acentuada no Geofácie C – 1.4 com aceleração dos proces- desmatamentos altera a estabilidade das áreas situadas em vertentes decorrência verifica-se a degradação dos campos naturais.
sos erosivos, em decorrência do desmatamento generalizado. Nos de- íngremes.Ricos de degradação ambiental nas áreas de mineração de
mais geofácies a instabilidade poderá ser desencadeada a partir da erosão P–2 Alagamento periódico de 4 a 6 meses ao ano.O desmatamento provoca o
calcário. Existência de calcário possibilita a infiltração das águas, impedin- desenvolvimento de espécies invasoras e a degeneração floristica primitiva.
regressiva nas cabeceiras de drenagem. do localmente o escoamento no vale.
C–2 Fitoestabilidade rompida pelo desmatamento. No fundo dos vales, difícil P–3 Alargamento periódico de 4 a 6 meses ao ano.Tendência à salinização.
I–2 Predomínio dos processos de ablação redundando em estagio atual de
adaptação de plantas exóticas devido às oscilações do excesso de água e P–4 Alagamento periódico de 6 a 9 meses ao ano.Devem ser evitadas a indus-
estabilidade. As áreas calcarias com predominância dos processos de dis-
regime de inundações periódicas. trialização e o uso de agrotóxico, porque a dificuldade de escoamento acar-
solução encontram-se em estagio de transição.Nas áreas de mineração
C–3 Fitoestabilidade rompida pela interferência antropica, com tendência a reta o acumulo de material poluído, e consequentemente o desequilíbrio
do calcário Xaraiés o desmatamento e o entulhamento de material dificul-
ablação do horizonte superficial do solo. ecológico.
tam a restituição da flora e favorecem o assoreamento.
D–1 Instabilidade critica decorrente das condições litológicas, solos e de relevo. P–5 Alargamento periódico de 4 a 6 meses ao ano. Colmatagem das “baias”
J–1 Aceleração dos processos de erosão superficial, em conseqüência dos
decorrentes do aumento do volume da carga sedimentar, pelo
D–2 Instabilidades acentuadas no Geofácie D – 2.4 m conseqüência da ocupa- desmatamentos, alterando a estabilidade dos Geofácies J – 1.1 2 J – 1.5 e
desmatamento das áreas planaltinas, que restringe o reservatório de água,
ção humana.Aceleração dos processos erosivos, decorrentes do o aumento da instabilidade geoambiental nos Geofácies J – 1.2 e J – 1.4..
rompendo o equilíbrio faunístico.
desmatamento alterando a estabilidade ambiental. J–2 A situação de instabilidade poderá ser rompida com a utilização inadequa-
P–6 Alargamento permanente relacionado às condições geotectônicas.
E–1 Instabilidade acentuada e localmente critica decorrente do mau uso. da do solo, sobretudo nas encostas, nos pontos de maior declive.
P–7 Instabilidade ambiental, com inundações e desbarrancamentos localizados
E–2 A situação de transição poderá ser acelerada pelo mau uso conforme se J–3 Instabilidade decorrente do regime fluvial, desbarrancamento localizado
nas margens, e grande carga sedimentar no leito do rio. O desmatamento
observou nas áreas instáveis de escoamento concentrado e semiconcentrado das várzeas.O uso indiscriminado de agrotóxico provoca desequilíbrio eco-
junto às margens e desaconselhável.
intensificando os processos de vocoroçamento. lógico.
49

As Respostas C4
Zoneamento Ecológico-Econômico do
50 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 51
Zoneamento Ecológico-Econômico do
52 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

C4.1•Áreas Protegidas

C
omo contribuição a manutenção do espaço ambiental do Mato Grosso do Sul, ÂMBITO MUNICÍPIOS DENOMINAÇÃO DA UC Área (SIG) ÂMBITO MUNICÍPIOS DENOMINAÇÃO DA UC Área (SIG)
foram criados diversos espaços territoriais protegidos de âmbitos federal, esta- ABRANGIDOS em ha. ABRANGIDOS em ha.
dual e municipal existentes no território estadual catalogadas abaixo. As infor- Estadual Nova Andradina RPPN Fazenda Vale do Anhanduí 979 Municipal Rochedo APA Rio Aquidauana 44.463
mações apresentadas não noticiam a área de abrangência das respectivas zo- Nova Andradina RPPN Laranjal 500 Amambai APA do Rio Amambai 56884,205
nas de amortecimento para àquelas UCs pertencentes ao grupo de Proteção Terenos RPPN Fazenda Nova Querencia 50,0198 Deodápolis APA das Microbacias do Rio Dourados 65.642
Integral. Jardim RPPN Xodo do Vô Ruy 487,6239 e do Rio Brilhante
Terenos RPPN Laudelino Barcelos 200 Coxim Área de Preservação Ambiental 3.105
Federal Nova Andradina, Área de Proteção Ambiental Ilhas e 888.627 Córrego do Sítio
ÂMBITO MUNICÍPIOS DENOMINAÇÃO DA UC Área (SIG)
Bataiporã, Eldorado, Várzeas do Rio Paraná/PR Paranaíba APA da Bacia do Rio Paranaíba 88.724
ABRANGIDOS em ha.
Itaquiraí, Ivinhema, Bela Vista APA dos Mananciais S. das Nascentes 150.282
Estadual Ladário, Corumbá Estrada Parque Pantanal 9.281 Jateí, Mundo Novo, do Rio APA
Aquidauana, Dois Estrada Parque de Piraputanga 10.124 Naviraí, Novo Horizonte Nova Alvorada do Sul APA do Rio Anhanduí 68.376
Irmãos do Buriti do Sul, Taquarussu. Vicentina APA da Microbacia do Rio Dourados 24.937
Camapuã, São Gabriel, Área de Preservação Ambiental 17.174 Bonito, Bodoquena, Parque Nacional Serra da Bodoquena 49.171 Chapadão do Sul APA das Bacias do Rio Aporé e 362.590
Rio Verde de Mato Rio Cênico Rotas Monçoeiras do Jardim, Porto Murtinho Sucuriú
Grosso, Coxim Rio Coxim Costa Rica Parque Nacional da Emas 132.825 Costa Rica APA das Nascentes do Rio Sucuriú 413.049
Bonito Monumento Natural do Rio Formoso 18 Naviraí, Mundo Novo, Parque Nacional da Ilha Grande 107.961 Terenos APA da Sub-Bacia do Rio Cachoeirão 58.899
Bonito Monumento Natural Gruta do Lago 238 Itaquiraí, Eldorado Terenos APA do Córrego Ceroula e Piraputanga 51.247
Azul Aquidauana RPPN Fazendinha 21.345 Ponta Porã APA das Nascentes do Rio APA 17.195
Aquidauana, Corumbá Parque Estadual do Pantanal do Rio 77.847 Bela Vista RPPN Fazenda Margarida 1.999 Rio Verde MT APA das Sete Quedas de Rio Verde 18825,46
Negro Corumbá RPPN Fazenda Acurizal 13.844
Campo Grande Parque Estadual do Prosa 133 Alcinopolis Parque Municipal Templo dos Pilares 100
Corumbá RPPN Fazenda Penha 12.262 Anastácio Parque Municipal Natural de Anastácio 3
Campo Grande Parque Estadual Matas do Segredo 177 Nova Andradina RPPN Laranjal 475,05
Costa Rica, Alcinopolis Parque Estadual das Nascentes do Rio 30.619 Aquidauana Parque da Lagoa Cumprida 3
Corumbá RPPN Paculândia 8.310 Costa Rica Parque Municipal da Lage 6
Taquari Corumbá RPPN Reserva Ecológica Fazenda 2.000
Jateí, Navirai, Parque Estadual das Varzeas do Rio 74.297 Aquidauana Parque Municipal João Dias 48
Arara Azul
Taquarussu Ivinhema Aquidauana Parque Municipal do Pirizal 10
Dois Irmãos do Buriti, RPPN Fazenda Lageado 2.360
Sonora Parque Estadual da Serra de Sonora 5.210 Sete Quedas Parque Municipal Sete Quedas 19,301
Aquidauana
Água Clara RPPN Vista Alegre 69 Iguatemi Parque Natural Municipal do Piray 3,42
Sete Quedas RPPN B’Longalé 736
Água Clara RPPN Fazenda Cachoeira Branca 135 Costa Rica Parque Municipal Salto do Sucuriu 53,8281
Jardim RPPN Buraco das Araras 29,0348
Aparecida do Taboado RPPN Fazenda Reserva Sabiá 15,7 Porto Murtinho Parque Municipal da Cachoeira do APA 59,1039
Maracaju RPPN Morro da Peroba 607
Aquidauana RPPN Fazenda Serra Alta Piraputanga 4709 Três Lagoas Parque Natural Municipal de Jupiá 19
Municipal Amambai, Paranhos, Área de Proteção Ambiental da bacia 832.706
Aquidauana RPPN Pata da Onça 8.685 Sete Quedas, Japorã, do rio Iguatemi Paranhos Parque Natural Municipal da Nascente 13,9181
Corguinho RPPN Gavião de Penacho 77,719 Tacurú, Mundo Novo, do Rio Destino
Aquidauana RPPN Fazenda Rio Negro 8.182 Iguatemi, Coronel Naviraí Parque Natural Municipal Córrego 8
Corumbá RPPN Rumo ao Oeste 954 Sapucaia, Eldorado Cumandaí
Bonito RPPN Fazenda São Geraldo 682 Campo Grande Área de Proteção Ambiental da Bacia 66.954 Corumbá Parque Natural Municipal de 1.251
Bonito RPPN Fazenda São Pedro da Barra 88 do Córrego do Ceroula Piraputangas
Campo Grande RPPN UFMS 13 Campo Grande Área de Preservação Ambiental 35.533 Três Lagoas Parque Natural Municipal do Pombo 3.300
Corguinho RPPN Reserva Ecológica Vale do 81,75 Mananciais do Córrego Guariroba Três Lagoas Parque Natural Municipal Recanto das 71
Bugio Campo Grande Área de Preservação Ambiental 3.550 Capivaras
Corumbá RPPN Fazenda Santa Cecília 8.928 Mananciais do Córrego Lageado Alcinopolis MN Serra do Bom Jardim 5.597
Corumbá RPPN Fazenda Poleiro Grande 16.606 Ponta Porã APA das Nascentes do Rio APA 19.617 Figueirão MN Serra do Figueirão 5.047
Corumbá RPPN Fazenda Nhumirim 863 Coronel Sapucaia APA da Bacia do Rio Amambai 56884,20 Anastácio MN Morro do Córrego São Firmino 618
Costa Rica RPPN Ponte de Pedra 169 Aral Moreira APA das Nascentes do Rio Amambai 77.244 Sonora MN Serra do Pantanal 5.071
Jardim RPPN Fazenda Cabeceira do Prata 292 Porto Murtinho APA do Rio Perdido 36.146 Jaraguari MN Campo Alegre 3.597
Miranda RPPN Portal do Pantanal Sul I 119 Fátima do Sul APA da Microbacia do Rio Dourados 30.277 Jaraguari MN Serra do Bonfim 1.220
Miranda RPPN Portal do Pantanal Sul II 320,1289 Nova Alvorada do Sul APA do Rio Vacaria 46.405 Nioaque MN Serra de Nioaque 66.108
Miranda RPPN Fazenda Caiman 5.607 Corguinho APA Rio Aquidauana 45.054 Corguinho MN da Serra de Maracajú 36.595
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 53

C4.2•Alguns dos estudos existentes utilizados

Macrozoneamento Sul e Mato Grosso, através de suas Secretarias de


Estado do Meio Ambiente, sob a coordenação do Mi-
rando em suas especialidades e permanentemente
interagindo entre si. Representou, desta forma, o pri-
Cenários e Estratégias de O PAE foi elaborado no período de fevereiro a
agosto de 2004. Para sua elaboração foram consi-
Longo Prazo - MS 2020
Geoambiental nistério de Meio Ambiente, com a finalidade de definir meiro grande projeto brasileiro de política pública vol- derados 44 estudos e projetos demonstrativos, in-
diretrizes para a conservação ambiental da bacia, tada para o planejamento ambiental de aspecto ter- O Planejamento estratégico, apoiado em cenári- cluindo o Diagnóstico Analítico do Pantanal e Bacia
om o propósito de prevenir problemas

C
promovendo o ordenamento territorial com base no ritorial e se constituiu em um dos componentes do os, tem por objetivo: instrumentalizar de modo eficaz do Alto Paraguai – DAB. Está respaldado também
futuros da ordem ambiental, o Estado de planejamento ambiental, seguindo os princípios do de- Programa Nacional de Meio Ambiente - PNMA, que os decisores, do setor público ou privado, na constru- nos diversos debates ocorridos tanto na preparação
Mato Grosso do Sul desenvolveu, em senvolvimento sustentável, fundamentado em um tra- tinha como principal objetivo o fortalecimento ins- ção de um certo futuro. Criar base de informações daquele diagnóstico como durante a elaboração do
conjunto com a Fundação Instituto Bra- balho técnico-científico. titucional dos governos estaduais no que concerne à essenciais à tomada de decisão, seja para aproveitar Programa.
sileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Macro- Gestão Ambiental, especialmente no empreendimen- as oportunidades antecipadas pelos cenários, seja
O PCBAP se desenvolveu a partir da década de O PAE reflete, portanto, resultados da participa-
zoneamento Geoambiental, composto de mapas to de ações públicas de controle da qualidade am- para neutralizar as ameaças do ambiente.
1990 como concepção de política pública para aten- ção consultiva, como consultiva, como contribuição
temáticos dos recursos naturais do Estado, em bases biental.
der demandas geradas pelas questões sócio- Assim, o primeiro passo no planejamento estra- ao aperfeiçoamento do processo de melhoria am-
cartográficas atualizadas e de mapas do Potencial
ambientais que, progressivamente, se intensificavam tégico é a construção de cenários lastreados em hi- biental da bacia hidrográfica ao Alto Paraguai e do
Geoambiental e Avaliação do Potencial dos Recursos
na área correspondente à bacia do alto Rio Paraguai póteses coerentes e consistentes de futuros plausí- Pantanal, incluído naquela Bacia, permitindo que seja
Naturais, a nível estadual e microrregional.
(planícies pantaneiras, planaltos e depressões veis. concebido e implantado um modelo de gerencia-
O trabalho (publicado no ano de 1989) foi desen- circundantes), e ainda com a perspectiva de diag- O Plano Estadual de Recursos mento integrado, especialmente ajustado ao seu con-
Desenhando possíveis cenários para Mato Gros-
volvido com a colaboração das Unidades Militares do nosticar os problemas existentes decorrentes da Hídricos so do Sul, governos, empresas, públicas e privadas,
texto.
Exército, Aeronáutica e Marinha sediadas no Estado, pressão cada vez mais acentuada do processo de
O PERH é uma avaliação da situação atual da instituições políticas e associações diversas da soci-
com os centros de pesquisa da Embrapa, com a ex- ocupação das terras de Cerrados pelas atividades
tinta Superintendência de Desenvolvimento da Região qualidade e quantidade dos recursos hídricos, aspec- edade podem planejar suas decisões e os investimen-
de pecuária bovina em pastagens cultivadas com
Centro-Oeste – SUDECO, com o Corpo de Bombeiros, tos econômicos, sociais, de legislação e recomenda- tos com antecipação. No caso de governos, definindo
gramíneas exóticas; de agricultura mecanizada para
Polícia Militar, Secretarias de Estado e Prefeituras ções para a melhoria do Sistema de Gerenciamento e implementando estratégias que resultem na gera-
produção de grãos; das atividades garimpeiras de
Municipais, destacando ainda a participação voluntá- de Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul, através ção de mais emprego e renda, com elevação da qua-
ouro nas bordas da planície pantaneira; da pesca
ria da classe produtora. da sistematização e unificação de dados de diversas lidade de vida da população.
predatória; da conversão de matas das cordilheiras
organizações e instituições da área, possibilitando à
Importante enfatizar que esse Diagnóstico repre- em pastos plantados; das práticas abusivas das
população, aos políticos e aos usuários da água co-
sentou a real situação dos recursos naturais no Esta- queimadas; da caça ilegal; do crescimento de cida-
nhecimentos que embasem a participação desses no
des no entorno, com geração progressiva de gran-
do à época, tanto com relação a suas potencialidades
processo de tomada de decisões da gestão de recur- Programa de Ações Estratégicas
como ao equilíbrio ambiental e, sem dúvida, ainda re- de quantidade de resíduos sólidos e líquidos, sem
sos hídricos de Mato Grosso do Sul. para o Gerenciamento Integrado do
presenta em importante documento de consulta e ori- tratamento adequado; dos graves problemas de ero- Todos esses Diagnósticos
entação para o Zoneamento Ecológico-Econômico de são nos planaltos e assoreamento de rios como o A construção do diagnóstico envolveu diversos Pantanal e Bacia do Alto Paraguai
Taquari, São Lourenço, Cuiabá; do uso intensivo de segmentos por meio do Grupo de Trabalho do Plano representaram a real situação dos
Mato Grosso do Sul. O objetivo do Programa de Ações Estratégicas
agrotóxicos nas áreas agrícolas do entorno, entre Estadual de Recursos Hídricos (GT 40) que aponta-
para o Gerenciamento Integrado do Pantanal e da Ba- recursos naturais no Estado à
outros. ram situações de escassez e mau gerenciamento, além
de previsões possíveis de se garantir água para todos
cia do Alto Paraguai – PAE é propor um programa de época, tanto com relação a suas
A partir desse diagnóstico, seriam elaborados curto prazo voltado para a implantação de projetos e
Plano de Conservação da prognósticos, convergidos na direção de promover com o fortalecimento de instrumentos, da gestão e
instrumentos capazes de apoiar o gerenciamento in-
potencialidades como ao equilíbrio
Bacia do Alto Paraguai - ações públicas e privadas com o propósito do desen- de políticas de recursos hídricos.
tegrado daquela região, assegurando o Desenvolvi- ambiental e, sem dúvida,
volvimento econômico e social, tendo como pressu- A atual etapa do PERH-MS compreende a fina- mento Sustentável da parte brasileira da Bacia.
ainda representam em importante
PCBAP e o zoneamento postos a preservação, conservação e recuperação lização do diagnóstico e de cenários futuros. Em 2009,
O PAE, juntamente com a implementação de re-
ambientais. será iniciada a fase de elaboração de propostas, que documento de consulta e
ecológico-econômico O PCBAP Foi executado ao longo de cinco anos, incluem planos, programas, ações e diretrizes para
comendações propostas no Plano de Conservação da
Bacia do Alto Paraguai – PCBAP, concluído em 1996, orientação para o Zoneamento
contando, inclusive, com parcerias técnico-científicas, garantir o desenvolvimento sustentável de Mato Gros-
Precursor do Zoneamento Ecológico-Econômico,
so do Sul com base na conservação das águas e seu
constituem o resultado do Projeto Implementação de Ecológico-Econômico de
o Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai – envolvendo a EMBRAPA, IBGE, UFMS, UFMT e IPH- Gerenciamento Integrado de Bacia Hidrográfica para
PCBAP foi realizado nos Estados de Mato Grosso do UFRS, através das suas equipes de pesquisas, ope- uso sustentável. o Pantanal e Bacia do Alto Paraguai. Mato Grosso do Sul.
54
55

Carta de Vulnerabilidade Natural D


56
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 57

Construção da Carta de Vulnerabilidade Natural de Mato Grosso do Sul


(Referência - Mapas 07, 08, 09, 10 e 11)

O
conhecimento da vulnerabilidade natural é um ins- lidando estas como uma espécie de Unidade Territorial sas regiões do Estado, possibilitando, desta maneira, tossolos, são considerados valores próximos da
trumento fundamental para construir uma visão de Básica (UTB). As limitações cominadas (tempo e re- coibir agressões ambientais irreversíveis, instituir estabilidade, os valores intermediários são atribuí-
futuro dos sistemas naturais, considerando os diver- cursos) levou a equipe a considerar as sub-bacias ações corretivas emergenciais e, como efeito, conso- dos às associações de solos podzólicos, enquanto
sos elementos que compõem os processos de ocu- existentes no Mato Grosso do Sul como unidades que lidar maior produtividade no uso das atividades eco- que ao predomínio de solos litólicos atribuem-se
pação territorial do Mato Grosso do Sul. possuem atributos ambientais dinâmicos e que per- nômicas. valores próximos à instabilidade”. (Crepani et alli,
mitem aproximá-las ou distanciá-las em termos de 1996: 132).
É necessário constatar e avaliar o comporta- A “âncora” cartográfica para esta primeira apro-
vulnerabilidade. Mesmo reconhecendo as dificuldades
mento a partir de princípios muito claros, do ponto ximação foi a escala de 1: 1.500.000. Mesmo respei- Vegetação – a densidade da cobertura vegetal foi o
postas, a bibliografia consultada permitiu o conheci- principal parâmetro utilizado para estabelecimento
de vista da dinâmica dos sistemas naturais, que tando uma unidade holística, o modelo de Tricart foi
mento da gênese, a constituição física, a forma e es- dos valores, todavia, também foi considerado o seu
sirvam de referências para indicar, no conjunto ter- aplicado individualmente sobre cada sub-bacia, dis-
tágio de evolução do meio físico somado ao da con- grau de preservação da cobertura vegetal. Neste
ritorial, os elementos formadores de processos tribuindo os valores estabelecidos conforme a Tabela
duta do meio biótico, permitindo, desta forma, a caso, foi feita uma média entre os dois valores,
erosivos modificadores do terreno, aqueles elemen- anterior, resultando em uma média individual, consi-
integração das informações e avaliação integrada do considerando: estável, aquela parte da bacia que
tos formadores de solos construtores da estabili- derando uma escala de vulnerabilidade de erosão dis-
ambiente nos temas: geologia, pedologia, geomor- apresenta altos índices de cobertura vegetal com
dade do terreno. tribuída entre os valores: de 1 a 1,69 estável; 1,70 a
fologia, clima e fitogeografia. alto índice de proteção da umidade do solo, asso-
2,39 intergrades e 1,40 a 3,00 instável.
Esta Carta de Vulnerabilidade Natural foi concebi-
Dos temas abordados o estudo do clima ficou ciada ao alto grau de preservação desta cobertura;
da com base na metodologia desenvolvida alicerçada Assim, o valor atribuído para cada tema dentro
prejudicado pelo alto grau de uniformidade climáti- instável para um baixo índice de cobertura vegetal
nos conceitos definidos pelo pesquisador Jean Tricart de cada unidade de sub-bacia seguiu as orientações
ca existente no Estado, que necessitando um estu- com baixo grau de preservação; valores intermedi-
(1977), na sua Ecodinâmica, que possibilita observar pertinentes em Crepani et alli, 1996 (129-135), obe-
do muito aprofundado, o que somente será possí- ários para a condição entre estas duas grades.
o território de forma mais sinóptica e holística. decendo aos seguintes critérios:
vel numa aproximação posterior. A interpretação dos Ao final, pôde-se constituir uma Tabela onde se
Esta atividade foi desenvolvida por uma equipe dados fixou-se na geologia, geomorfologia, pe- Geologia – “... basicamente aqueles relacionados a
atribuiu valor individual para cada parte da sub-bacia
técnica multidisciplinar (geógrafo, geomorfólogo, bi- dologia e vegetação. A vegetação deturpava os da- historia da evolução do ambiente geológico onde
(unidade da paisagem), sendo a soma dos campos
ólogo, etc) que, após as análises dos dados disponí- dos de vulnerabilidade dos biomas existentes, o se insere a unidade da paisagem (no nosso caso
identificada e dividida pela quantidade de campos con-
veis1, utilizaram os conceitos definidos na Ecodinâmica mais preservado é o Pantanal, com quase 90% da as sub-bacias), o que permite sua origem e sua
siderados, estabelecendo-se, como efeito, uma mé-
de Tricart para atribuir os valores de referência à vul- cober tura original, consolidando esta região geo- tendência futura, e os elementos relativos ao grau
dia de cada ítem – Vm = T1+T2+..Tn / N – nesta
nerabilidade seguindo a escala de valores sugeridos gráfica com maior estabilidade do que as bacias do de coesão das rochas” (Crepani et alli, 1996: 132).
equação: Vm realiza-se a média de todos os campos
na Tabela seguinte: Planalto, onde a presença de fortes desmatamentos, Foram atribuídos valores, considerando como es-
identificados; T1,T2 a vulnerabilidade estabelecida em
agricultura e silvicultura concebe uma vulnerabi- tável, as rochas que apresentaram maior grau de
cada campo identificado; e N o número total de cam-
Vulnerabilidade Relação Pedogêneses/ Valor lidade maior. Contudo, a cobertura vegetal está di- coesão; instável para rochas com grau de coesão
pos identificados.
Morfogêneses retamente ligada à capacidade de proteção, redu- muito baixo, solo de tipo arenoso; e intermediário
para aquelas rochas com grau de coesão tipica- Depois de calculadas as médias dos quatro itens
Estável Prevalece a pedogênese 1 zindo, sobremaneira, a capacidade de erosão e
mente entre estas duas grades. (geologia, geomorfologia, pedologia e vegetação), foi
transpor te; assim, a densidade de vegetação per-
Intergrades Equilíbrio entre 2 estabelecidas um peso três (x3) para geologia,
mite um grau maior de maturação do solo, a vege- Geomorfologia – os valores estabelecidos tiveram
pedogênese e geomorfologia e pedologia e peso de um (x1) para a
morfogênese
tação não pode ser desconsiderada, porém, mere- como base os índices morfogenéticos de amplitu-
vegetação, chegando-se a um quadro de valores que,
ce ser ponderada. Ainda que tenham sido consi- de do relevo, declividade e grau de dissecação, re-
Instável Prevalece a morfogênese 3 divididos por 10, resulta uma média geral do grau de
derados no contexto geral, os dados terminaram sen- sultando como estáveis para os maiores índices vulnerabilidade da unidade (sub-bacia) sintetizada na
do minimizados quando se ponderou um peso maior morfogenéticos; instável para os índices menores;
1
Para esta primeira aproximação do ZEE foram utilizados os dados Fonte: Tricart, 1977 equação: GV = Gl (x3) + Gm (x3) + Pd (x3) + Vg
secundários já existentes, tendo como eixo essencial as seguintes para os solos. e, intermediários para as combinações dos índices
referencias: IBGE/CPRM Atlas Multireferencial – MS; PCBAP – Pla- (x1) / 10, onde GV é média geral de vulnerabilidade,
no para Conservação da Bacia do Alto Paraguai e Plano Estadual de A interpretação dos dados foi realizada conside- A intenção final desta Carta de Vulnerabilidade morfogenéticos entre as duas grades. Vg a vulnerabilidade estabelecida na geologia, Gm a
Recursos Hídricos (PERH). O ideal, entretanto, seria trabalhar com rando os padrões identificados no mapeamento exis- Natural foi chegar a um nível de conhecimento que vulnerabilidade estabelecida na geomorfologia, Gv a
Pedologia – neste item, a característica central utiliza-
imagens de satélites, todavia as limitações impostas definiram que
esta será a conduta para a segunda aproximação do ZEE/MS quan- tente, definidos pela textura, padrões de drenagem, permita, ainda que preliminarmente, orientar as ativi- da foi a maturidade do solo. “... de maneira que os vulnerabilidade estabelecida na cobertura vegetal e 10
do o estudo será pormenorizado. relevo etc. localizados dentro das sub-bacias, conso- dades desenvolvidas por ações antrópicas nas diver- solos mais maduros, com predominância de la- o número total de pesos estabelecidos.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
58 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 59
Zoneamento Ecológico-Econômico do
60 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 61
62
63

Carta de Potencialidade Socioeconômica e Risco E


64
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 65

Construção da Carta de Potencialidade Socioeconômica de Mato Grosso do Sul


(Referência - Mapas 13, 14, 15, 16 e Figura 14)

A
Carta de Potencialidade é um instrumento necessário O indicador de longevidade tende a uma reflexão, e aplicação de capitais; e aptidão restrita para os ca- enquanto do total, 16 municípios aparecem com índi-
para identificar as potencialidades econômicas e so- as condições de assistência à saúde, a mortalidade sos de utilização imediata das terras com baixo nível ces superiores a 2,3 (alta potencialidade), e outros
ciais de uma dada região, no sentido de construir, em infantil, as condições de infra-estrutura sanitária, o tecnológico e aplicação de capitais. Deste modo, fo- 16 aparecem com índices inferiores a 1,50 (baixa
conjunto com a Carta de Vulnerabilidade Natural, a volume de acidentes de trânsito, criminalidade e ram ponderadas a qualidade das terras e as terras com potencialidade), colocando, desta forma, a grande
Carta de Gestão do Território. Isto é, coloca-se como envolvimento da população com drogas, retratando, potencialidade para uso como boa, regular ou restrita maioria dos municípios com potencialidade interme-
parte indecomponível da integração de informações como efeito, as condições gerais de salubridade dos aptidão, na seguinte equação T = (t1+t2)/2 onde diária.
para análise territorial, ao mesmo tempo em que se municípios, em especial das cidades. T=potencialidade produtiva; t1=qualidade da terra;
É óbvio, todavia, que qualquer índice atribuído para
tem o papel de ser um instrumentos técnico para de- t2=tipo de aptidão. Sempre utilizando as variações
Enquanto o indicador de escolaridade reflete os identificar a potencialidade regional merece cuidados,
finir políticas de ordenamento do território. de 1 para pior e 3 para a melhor condição.
níveis de alfabetização, a permanência na sala de aula entretanto há que se ter parâmetro para uma base
Esta Carta foi construída com base nos seguin- reflete a capacidade do município em disponibilizar Dado à origem dos dados secundários utilizados interpretativa. A insegurança está no fato de que qual-
tes objetivos: a) avaliar o papel da estrutura produtiva mão-de-obra para as atividades econômicas, sem, neste trabalho, a citar o Índice de Responsabilidade quer índice é amplamente questionável quando con-
regional; b) identificar fatores e vetores impulsio- contudo, identificar a qualidade do ensino e as apti- Social do Estado de Mato Grosso do Sul - 2005, e o frontado com a realidade existente ou até mesmo com
nadores do desenvolvimento socioeconômico; c) dões pertinentes. Atlas Multirreferencial do Estado de Mato Grosso do fatores históricos, por exemplo, uma terra com exce-
constatar conflitos entre a aptidão para uso da terra e Sul – 1990, não foi possível consolidar a análise por lente aptidão agrícola pode estar localizada em região
O Índice de Responsabilidade Social de MS 2005
o tipo de uso existente; d) identificar as regiões com sub-bacia e sim por município. de difícil acesso ou até mesmo em áreas de preserva-
também forneceu uma ferramenta para a dimensão pro-
elevado nível de potencialidade social. Foram aplicados desde os índices de aproveita- ção ou de propriedade da União. E a insuficiência está
dutiva: o indicador de riqueza. Considerando que as
mento e potencialidade aos indicadores de lon- no inegável questionamento de que nenhum quantun
Os procedimentos utilizados para construção do variáveis utilizadas foram o consumo residencial e pro-
gevidade, de escolaridade, de indicador de riqueza e de variáveis consolidará um índice que traduzirá toda
Mapa da Potencialidade Socioeconômica do Mato dutivo (comércio, serviços, indústria e agricultura) de
de uso e aptidão agrícola das terras para uso imedia- a realidade. O que deve ser dito é que um amontoado
Grosso do Sul teve como parâmetro duas dimen- energia elétrica, a remuneração média com carteira
to. Para os indicadores de riqueza, longevidade e es- de fatores pode provocar novos e sustentáveis indi-
sões: a humana e a produtiva. É justo aludir que a assinada do setor privado e emprego público, e o valor
colaridade, dentre a variação entre os números esta- cadores de potencialidade, mesmo assim, não haverá
dimensão institucional e a infra-estrutura, tão im- adicionado fiscal per capta, este indicador preencheu
belecidos como indicadores (riqueza: 7 para o menor condição suficiente que aponte um índice absoluto que
portantes e decisivas para os destinos regionais, as necessidades de avaliação do município com rela-
indicador e 49 para o maior; longevidade: 21 para o corresponda com grandeza inquestionável ao poten-
não foram utilizados nesta primeira aproximação, ção a sua capacidade de produção de riqueza.
menor e 91 para o maior; e escolaridade: 14 para o cial produtivo e social de uma dada região ou de um
exceto a consideração sobre os subsídios fiscais
Todavia, a potencialidade produtiva ficaria des- município.
apresentados pelos municípios; também não foi menor e 80 para o maior) foram estabelecidos inter-
proporcional se não fosse considerada a aptidão agrí-
considerado o índice de densidade demográfica, pelo valos de 1 (para o município com menor indicador) a Por outro lado, ficar devendo um indicador de
cola das terras existentes no Estado. Não a questão
fato de que este índice pouco acrescentava nas aná- 3 (para o maior), com as variações 1,1, 1,2, 1,3... 2,9 potencialidade por conta de fatores adversos seria um
referente ao uso atual e sua produção, e sim a catego-
e 3. Assim, foi possível consolidar um índice para este
Enquanto o indicador de lises territoriais, considerando a baixíssima densi-
ria potencialidade de uso imediato da terra para a agri-
conjunto de indicadores na seguinte equação: P=
erro que a equipe técnica do ZEE não poderia come-
dade populacional do Estado, ficando para a Segun- teu. Deste modo, esta Carta de Potencialidade está
escolaridade reflete os níveis de da Aproximação o seu detalhamento. Mas, foram
cultura e a pecuária com pastagem plantada. Isto se
(T+R+L+E)/4, onde P é o índice de potencialidade, consolidada em estudos pré-existentes trabalhados por
deve à condição agropecuária do Mato Grosso do Sul
T, o indicador de uso e aptidão agrícola das terras, R,
alfabetização, a permanência na consideradas as informações adicionadas pelos
como elemento relevante para o estágio atual de sua
conceituados técnicos, isto é, tratou de se sustentar
municípios como favorecimento com incentivos fis- o indicador de riqueza, L, o indicador de longevidade, em eixos mais tangíveis possíveis – não que os fato-
sala de aula que, por sua vez, cais, potencial de exploração mineral, áreas com
economia e o futuro do desenvolvimento. Foram ana-
e E, o indicador de escolaridade. res intangíveis não sejam relevantes, senão o contrá-
lisadas as terras aptas para lavouras; as terras propí-
reflete a capacidade do município atrativos relevantes para conservação e recupera-
cias para pastagem plantada; as terras com aptidão Considerando que os números ficaram, confor- rio, apenas nesta Primeira Aproximação não houve
ção e as áreas de risco social (cortiços, favelas e possibilidades de considerá-los.
em disponibilizar mão-de-obra para pastagem natural; as terras com aptidão inter- me metodologia aplicada, em uma variação entre 1 e
invasões). 3, podemos estabelecer que o município com valor
mediária, e terras indicadas para conservação. Tam- Por fim, é importante lembrar também que os
para as atividades econômicas, Para construção do índice com dimensão huma- bém foram consideradas os tipos de manejo na utili- entre 1 a 1,59 é considerado de baixa potencialidade, números indicados nesta Carta de Potencialidade es-
sem, contudo, identificar na, esta Carta de Potencialidades teve como base o zação das terras: aptidão boa a de utilização imediata entre 1,60 a 2,29 considerado de média potencialidade tão dispostos a uma situação específica: a definição
e de 2,30 a 3 como de alta potencialidade.
a qualidade do ensino e as Índice de Responsabilidade Social - IRS de MS 2005, das terras com baixo nível tecnológico e aplicação de territorial para construção de um zoneamento territorial
extraindo dele os indicadores de longevidade e de capitais; aptidão regular para casos de utilização ime- O Índice Geral de Potencialidade – IGP - do Esta- ecológico-econômico (e social) do Mato Grosso do
aptidões pertinentes. escolaridade. diata das terras com nível intermediário de tecnologia do ficou em 1,82, ou seja, uma potencialidade média, Sul.
66
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Zoneamento Ecológico-Econômico do
68 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 69
Zoneamento Ecológico-Econômico do
70 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 71
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Vulnerabilidade + Potencialidade
e Definição do Quadro Regional F
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Zoneamento Ecológico-Econômico do
76 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 77
Zoneamento Ecológico-Econômico do
78 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 79
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Zoneamento Ecológico-Econômico
do Mato Grosso do Sul G
Zonas, Corredores de Biodiversidade,
Arcos de Expansão e Eixos de Desenvolvimento
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83

As Zonas Ecológico-Econômicas Ga
84
85
Zoneamento Ecológico-Econômico do
86 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Zonas Ecológico-Econômicas

D
eve-se entender como Zona uma porção 4. Pagamento por Serviços Ambientais, como meca- 10. Simplificação dos processos de licenciamento sões são constituídos de litologias predominantemente Cabe ainda destacar que o município melhor colo-
delimitada do território onde se materia- nismo de compensação econômica para proprietá- ambiental, em especial os referentes aos usos do areníticas e subordinadamente siltitos e argilitos. Cons- cado no ranking do PIB/MS é São Gabriel do Oeste,
lizam as malhas, se expressam as for- rios de terras que conservem os recursos naturais solo recomendados para cada zona. titui-se por modelados de dissecação tabulares, embora a melhor renda per capita desta Zona esteja em
mas de utilização do solo e se estabele- acima das obrigações impostas pela legislação, prin- colinosos e aguçados, entremeados por cuestas, pon- Alcinópolis, o que é perfeitamente compreensível se
11. Fortalecer a estrutura urbana dos Pólos de Liga-
cem, concretamente, a relação entre as potencialidades cipalmente no que se refere à manutenção da vege- tões e escarpas. Nos chapadões, ocorrem sedimen- levarmos em conta a população total desse município.
ção, qualificando sua infra-estrutura, equipamen-
socioeconômicas pertinentes e a vulnerabilidade natu- tação nativa e proteção dos recursos hídricos. tos terciários, com espessura de 20 a 40 m, constitu-
tos públicos e serviços básicos, visando criar con- Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural,
ral, indicando a situação de consolidação, expansão, ídos por colúvios pedogeneizados.
5. Implantação de programas públicos de desenvol- dições para seu funcionamento como irradiador de constata-se que esta região apresenta um nível de ins-
recuperação ou de preservação no uso do solo.
vimento integrado de microbacias, destinados à serviços e dinamizador do desenvolvimento regio- Nesta Zona, predominam as classes de solos: tabilidade relativamente alto. Os solos com baixo nível
Nestas Zonas são descritas, ainda em termos contenção de processos erosivos, recuperação nal e dos respectivos Arcos de Expansão. Argissolo Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho, de coesão, somado ao relevo com declividade varian-
gerais, os três tipos de diretrizes de uso do solo (Re- de Áreas de Preservação Permanente e melhoria Latossolo Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho do entre plano a ondulado, e às nascentes dos Rios
A seguir são apresentadas as Zonas Ecológicas
comendadas, Recomendadas Sob Manejo Especial e da produtividade nas propriedades rurais. Distrófico, Neossolo Litólico, Neossolo Quartzarênico, Taquari, Jauru e Coxim, rios que deságuam na Planície
Econômicas, com as respectivas diretrizes de uso:
Não Recomendadas) com possibilidade de orientar Neossolo Quartzarênico Hidromórfico e Plintossolo. Pantaneira, compondo bacia hidrográfica singular, com
6. Promoção e incentivo à elaboração, revisão ou
certificações econômicas e incentivos (públicos e pri- parte no planalto, parte na planície pantaneira, retratam
implementação dos Planos Diretores Municipais, nos A Zona apresenta vegetação de savana arbórea
vados) e licenciamentos ambientais. uma paisagem com predisposição à erosão de mode-
termos da Lei 10.257/2001, denominada Estatuto aberta um pouco menos antropizada que as Zonas
rada a forte que, embora possam ser controlados por
Ga.1 Zona Alto Taquari - ZAT
As Zonas, como definidas, organizam o uso e a das Cidades, bem como da Política Urbana do Esta- vizinhas Monções e Sucuriú – Aporé; contudo, as áre-
práticas conservacionistas simples, podem conduzir à
ocupação do território, considerando a infra-estru- do de Mato Grosso do Sul, instituída no Artigo 213 as protegidas representam apenas 2,34% do total.
ocorrência de voçorocas. Entrementes, nesta Zona apa-
tura existente e projetada, as condições ambientais, de sua Constituição Estadual, compatibilizando-os Nesta, encontra-se o Parque Estadual das Nascentes
recem também manchas consideráveis de terras com
socioeconômicas e culturais levantadas. Foram de- às diretrizes deste Zoneamento. do Rio Taquari, importante unidade na estratégia de
finidas com base em análises de estudos técnicos
Localização preservação da biodiversidade do Cerrado, apresenta
aptidão para pecuária, ainda que com restrições, e al-
7. A utilização de recursos hídricos, seja de aqüíferos gumas manchas de solos agricultáveis, na sua parte
referentes à gestão do território e zoneamentos A Zona Alto Taquari está situada na porção norte ainda, a APA Municipal Bacia Sucuriú, APA Municipal
ou de mananciais, deverá seguir as diretrizes esta- mais ao norte. Por outro lado, a Carta de Potencialidade
ambientais e geográficos existentes e nas duas Car- do Estado, fazendo divisa com o Estado de Mato Gros- Rio Aquidauana (Rochedo), APA Rio Cênico, Rotas
belecidas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos socioeconômica desta Zona apresenta-se muito varia-
tas: de Vulnerabilidade Natural e de Potencialidade so e se limitando a oeste com a Zona de Proteção da Monçoeiras, MN Municipal Serra de Figueirão e MN
e dos demais instrumentos da Política Estadual dos da: aproximadamente metade possui uma potencia-
Socioeconômica que resultaram no diagnóstico do Planície Pantaneira, tendo seus limites definidos, a Municipal Serra do Bom Jardim.
Recursos Hídricos, devidamente compatibilizadas lidade socioeconômica de baixa para média e a outra
ZEE/MS - Primeira Aproximação e que definem as leste, pelos divisores da Bacia do Rio Taquari. Ao sul
com as diretrizes deste Zoneamento. É importante zona de recuperação ambiental, es- parte apresenta uma potencialidade socioeconômica
formas de uso e ocupação em cada zona, respeitan- tem limites com a Zona Serra de Maracaju.
pecialmente para a preservação dos recursos hídricos que varia de média para alta. Nestes termos, unindo a
do as Diretrizes Gerais Não Zonais estabelecidas a 8. No licenciamento ambiental dos empreendimen-
A Zona Alto Taquari contém as sedes dos muni- por contemplar áreas de planaltos da Bacia do Alto baixa para média potencialidade socioeconômica com
seguir: tos ou atividades em Áreas Prioritárias para Prote-
cípios de Figueirão, Alcinópolis, Camapuã, Pedro Go- Paraguai (BAP). Ressalta-se que o comportamento a alta vulnerabilidade, na sua maior parte, a Zona do
ção da Biodiversidade, e em Corredores da
1. Regularização de áreas de Reserva Legal priori- mes e Sonora e parte dos municípios de São Gabriel hidrológico da BAP, tanto no Planalto quanto no Panta- Alto Taquari deve ser classificada como uma ZONA DE
Biodiversidade, deverá ser exigida a adoção de
tariamente em áreas contíguas às Áreas de Pre- do Oeste, Rio Verde, Coxim, Rio Negro e Corguinho. nal, é fator determinante na dinâmica do meio ambi- RECUPERAÇÃO, conforme a metodologia estabelecida
medidas de compensação ambiental para criação
servação Permanente, Corredores de Biodiver- Aproximadamente 60,5 mil habitantes fazem parte ente regional, onde, em grande parte, a qualidade nesta Primeira Aproximação.
de Unidades de Conservação que contemplem tais
sidade ou outras áreas protegidas. dessa Zona. A cidade de Camapuã é a que apresenta ambiental da planície pantaneira sofre impactos dos
áreas, visando ao ressarcimento financeiro pelos
a maior população com, aproximadamente, 14 mil processos que ocorrem no planalto.
2. Fomento e incentivo a iniciativas de certificação efeitos de impactos ambientais não mitigáveis, in-
habitantes. Já Alcinópolis conta com a menor popula- Diretrizes de Uso do Solo
social, ambiental e empresarial, de atividades pro- dependentes de serem licenciados com EIA/RIMA.
ção que, em valores absolutos, aproxima-se de 1,8
dutivas visando aos mercados mais qualificados.
9. As diretrizes de usos, classificadas em Recomen- mil habitantes. A ZAT toda possui uma área de, apro-
Caracterização Gerais
3. Concentrações de empreendimentos industriais dadas, Recomendadas sob Manejo Especial e Não ximadamente, 27.103,909 Km2. Analisando o aspecto econômico dos municípios
de significativo impacto ambiental somente se- Recomendadas deverão ser acolhidas nos proces- Por apresentar uma faixa de solos com medianas
de Camapuã, São Gabriel do Oeste, Pedro Gomes e
rão localizadas nas faixas de domínio dos Eixos sos de licenciamento ambiental e nos programas reservas de nutrientes, relevo de baixa ondulação de
Sonora, se constata que o forte da economia é o setor
de Desenvolvimento, e aprovadas em acordo com de subsídios e incentivos do Governo estadual, bem Descrição terciário, ficando o setor primário como segundo fator
norte a sul da Zona, ao mesmo tempo em que apresen-
as proposições contidas nos Arcos de Expansão, como para regulamentar a aplicação de compen- ta solos de textura média, é possível consolidar estas
A Zona Alto Taquari apresenta topografia consti- de geração do PIB. Já nos municípios de Figueirão e
observando as diretrizes de uso específicas de sações financeiras pelo uso de recursos naturais, terras para a pecuária com pastagens plantadas con-
tuída de chapadões, planaltos e depressões, variando Alcinópolis, o setor econômico de maior importância
cada zona. estabelecidos pela legislação em vigor. sorciada com a silvicultura.
entre 350 a 850 m de altitude. Os planaltos e depres- para o PIB municipal é o primário.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 87
Porém, a ocupação desordenada produziu danos
ambientais relacionados ao empobrecimento do solo e
Ga.2 Zona do Chaco - ZCH
processos erosivos com deposição de sedimentos e
assoreamento em cursos de água, em especial nas nas-
Localização
centes dos rios que deságuam na Planície Pantaneira, A Zona do Chaco está localizada no extremo su-
com nascentes de seus afluentes em estado elevado de doeste do Estado, na confluência dos Rios Apa e
degradação. A textura dos solos, ali presentes, retrata Paraguai, na fronteira com o Paraguai, se limitando a
uma paisagem que inspira muito cuidado na utilização leste e ao norte pelos limites municipais de Caracol e
de suas terras, devendo, inclusive, se estabelecer pro- Porto Murtinho.
gramas incisivos de recuperação de áreas degradadas e A ZCH abrange dois municípios e suas sedes,
preservação de nascentes e matas ciliares. Porto Murtinho e Caracol, onde residem, aproximada-
mente, 19 mil habitantes. A área total da zona é de
Específicas 20.674,000 Km2 aproximadamente.
Recomendadas
· Implantação de atividades de pecuária de corte e
Descrição
de leite, silvicultura, fruticultura, criação de peque- Corresponde ao prolongamento meridional do
nos animais. Pantanal, constituindo-se em uma vasta bacia de de-
· Extrativismo mineral para produção industrial de posição, com altimetrias que variam de 130 a 400
cerâmica. metros. Distingue-se da Região Pantaneira, por apre-
sentar formações superficiais com alto teor de sódio.
· Implantação de empreendimentos agroindustriais,
com instalação e processos produtivos conside- Aloja sedimentos pleistocênicos e holocênicos
rando a vulnerabilidade dos solos, o uso racional e com profundidades variáveis. É recoberta por Argissolo
a preservação de recursos hídricos, bem como a Vermelho Amarelo, Chernossolo Rêndzico, Gleisssolo,
restauração ecológica de áreas de preservação Latossolo Vermelho, Neossolo Litólico, Neossolo
permanente e de cabeceiras de rios e proteção de Regolítico, Planossolo Háplico e Vertissolo.
áreas de beleza cênica. Nesta Zona, encontram-se extensas áreas de ve-
· Implantação de agricultura mecanizada com alta getação chaquenha (savana estépica com várias
tecnologia nas áreas de terras com declividade, fisionomias) a qual ocupa quase toda a sua extensão.
adequadas às práticas conservacionistas. Também é possível observar o único remanescente de
Floresta Estacional Decidual das Terras Baixas no Esta-
· Implantação de infra-estrutura e empreendimentos
do. Esta formação encontra-se em áreas descontínuas
voltados ao turismo, fortalecendo, em especial, a
do Pantanal de Nabileque e no Pantanal do Paraguai.
Região Turística Rota Norte, que inclui Camapuã,
Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Embora seja uma área preservada, seu uso deve
Costa Rica e Alcinópolis. se dar de forma racional, uma vez que, somente 1,24%
de sua área são terras protegidas. Nesta Zona, encon-
Recomendadas sob Manejo Especial
tra-se uma porção muito pequena do Parque Nacional
· Piscicultura. Serra da Bodoquena, além da APA Municipal do Rio
· Atividade de pecuária extensiva não consorciada Perdido e a RPPN Olhos Verdes (Faz. Margarida).
com a agricultura.
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor Caracterização
econômico. Quanto ao setor produtivo, destaca-se o município
· Implantação de micro e pequenas centrais hidrelé- de Porto Murtinho, onde a economia, em consonância
tricas. com a prática de sua pecuária, seguindo-se, em impor-
tância, os setores terciário e secundário. O município
Não Recomendadas
de Caracol também apresentou a mesma ordem de
· Implantação de usinas hidrelétricas. importância dos setores na composição do Valor Adi-
· Instalação de empreendimentos e atividades cau- cionado Bruto do PIB para o ano base de 2005.
sadoras ou que acelerem processos erosivos e o Nesta Zona, apesar de o município de Porto
carregamento fluvial de sedimentos. Murtinho configurar um Indicador de Riqueza e ranking
Zoneamento Ecológico-Econômico do
88 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

no PIB/MS bem superior ao de Caracol, ambos não ambiente em bom estado de conservação. Ressal-
diferem quanto ao PIB per capita. ta-se a necessidade de medidas rigorosas de con-
trole sanitário, uma vez que parte desta Zona en-
É importante destacar, nesta Zona, a existência
contra-se na região de fronteira com o Paraguai.
da Reserva Indígena Kadiwéu, legalmente demarcada,
com cerca de 590 mil hectares e população de apro- · Destaca-se a condição fronteiriça desta Zona, e a
ximadamente 2 mil pessoas, situadas no entorno da proximidade com mercados consumidores latino-
Serra da Bodoquena até o Rio Paraguai. americanos, estabelecendo uma potencialidade para
implantação de atividades industriais exportadoras,
Conforme análise da carta de Vulnerabilidade, esta
especialmente pelo Porto na via navegável do Rio
região é de instabilidade, ainda que conte com parte sig-
Paraguai, localizado no município de Porto Murtinho.
nificativa em condições de integrades para instável. Pela
Carta de Potencialidade Econômica, esta Zona possui · Implantação de empreendimentos agrícolas para
um nível de baixo para médio, em termos de produção produção de biocombustíveis, com a utilização de
da riqueza e utilização imediata das terras. A maior parte espécies vegetais nativas, especialmente buriti e
de suas terras são de áreas de pastagens naturais com bocaiúva. Trata-se de uma região com boa ocor-
as mesmas condições existentes na Zona de Planície rência de palmáceas oleaginosas, possibilitando
Pantaneira. Ressalta-se a existência, na parte leste des- seu cultivo em escala comercial.
sa zona, de terras com aptidão regular que possibilitam
· Aproveitamento do potencial turístico etno-cultural
pastagens plantadas. Nesses termos, a união da baixa
atrelada à reserva indígena Kadiwéu, respeitada a
potencialidade e da alta vulnerabilidade resulta na classi-
legislação e as políticas indigenistas.
ficação da Zona do Chaco Brasileiro como uma ZONA
DE CONSERVAÇÃO/RECUPERAÇÃO, conforme a Recomendadas sob manejo especial
metodologia estabelecida nesta Primeira Aproximação. · A exuberância da biodiversidade dos rios e das
savanas do Chaco destaca um rico potencial ecoló-
Diretrizes de Uso do Solo gico-econômico, muito mais quando observado o
crescimento do mercado mundial por produtos dife-
Gerais renciados. Neste sentido, a pesca, o criatório de
Há dois fatores muito particulares para serem pon- animais silvestres e o aproveitamento de plantas
derados sobre esta Zona em função da sua constituição nativas pantaneiras apresentam-se como recursos
física: o primeiro trata-se da existência de uma espécie a serem explorados. Destaque para a criação de
de “garganta” do Rio Paraguai, com estreitamento natu- peixes em tanques armados nos próprios rios, a cri-
ral de seu leito, que dificulta a passagem do volume das ação de jacarés para produção de carne e couro,
águas, o qual é responsável pela manutenção do regime utilização de plantas nativas para produção de
de cheias da planície pantaneira, portanto de significati- biocombustíveis, assim como outros. Todavia estas
va importância para preservação do ecossistema de todo explorações requerem cuidados especiais no pre-
Pantanal; o segundo é a presença da parte mais signifi- paro do ambiente, na produção de matrizes, na qua-
cativa de vegetação chaquenha do Brasil, em bom esta- lificação da mão-de-obra e na adoção de tecnologia.
do de preservação e que necessita de estratégias eco- · O crescente custo dos transportes rodoviários colo-
nômicas e ambientais para sua manutenção. ca o Rio Paraguai no centro das possibilidades de
Esta Zona apresenta aptidão para a manutenção da sua utilização para a navegação através do porto de
pecuária extensiva, nas mesmas condições apontadas para Porto Murtinho, uma vez que o mesmo está em con-
a Zona da Planície Pantaneira. Ressalta-se ainda, o poten- dições favoráveis, a jusante da “garganta do Rio
cial do extrativismo vegetal a partir de plantas nativas como Paraguai”.
o buriti e a bocaiúva para a produção de biocombustíveis, · Produção de carvão de madeira nativa para uso
quebracho para extração do tanino, carandá e outras es- industrial.
pécies florestais para a exploração madeireira.
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
Específicas econômico.

Recomendadas Não Recomendadas

· A primeira e mais segura forma de exploração eco- · Instalação de empreendimentos e atividades que
nômica desta Zona é a pecuária extensiva. Foi esta alterem a moldura do terreno e o regime hídrico
atividade que através dos tempos resguardou um dos rios da planície pantaneira e do Chaco.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 89
Ga.3 Zona Depressão do Abrange a planície da Bacia do Rio Miranda e pe-
quena área das Bacias do Apa e Nabileque. Nesta Zona,
nerabilidade se apresenta com mais vigor do que a
condição intergrades. Enquanto na Carta de Poten-
· Silvicultura direcionada para a produção de bio-
combustíveis, utilizando plantas nativas, especial-
Recomendadas Sob Manejo Especial
· Silvicultura direcionada à produção de móveis, cons-
Miranda - ZDM na Bacia do Rio Miranda, na porção lindeira com a zona cialidade existe uma parte muito significativa de baixa mente ao longo da fronteira.
trução civil e energia.
da planície pantaneira, estão situadas áreas de produ- para média e uma outra, de media para alta poten-
· Incentivo à implantação ou fortalecimento de ativi-
ção agrícola irrigada que utilizam água captada dos cialidade. Nestes termos: o simples cruzamento des- · Implantação de empreendimentos agroindustriais
Localização Rios Miranda e Salobra. tas duas Cartas daria uma classificação de Expansão
dades produtivas alternativas, de âmbito local ou
voltados à produção de biocombustíveis preferenci-
regional, tais como criação de pequenos animais,
À Zona Depressão do Miranda correspondem a simplesmente, todavia considerando a proximidade e almente a partir do aproveitamento da matéria pri-
fruticultura, pecuária leiteira, horticultura orgânica,
três unidades geomorfológicas: a Depressão do ligação com a Planície Pantaneira, esta Zona da De- ma nativa.
Caracterização pressão do Miranda deve ser classificada como ZONA
artesanato e similares para geração de renda de
Miranda, a Depressão de Bonito e a Depressão de pequenos e médios produtores. · Expansão da agricultura intensiva nas áreas lindeiras
Aquidauana - Bela Vista, situadas entre a Serra de Há um contraste quanto ao ranking apontado no DE RECUPERAÇÃO/EXPANSÃO seguindo a metodo- da Zona da Planície Pantaneira.
Bodoquena e o Planalto de Maracaju, em conformida- Indicador de Riqueza do Índice de Responsabilidade logia (e suas particularidades) adotada nesta Primeira · Projetos de utilização do turismo ecológico, rural,
histórico e de compras consorciado à condição · Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
de com a Carta de Geomorfologia do Atlas Multir- Social, em cujo documento, Aquidauana aparece com Aproximação.
fronteiriça de Bela Vista. econômico.
referencial. Estende-se desde a Planície Pantaneira até o melhor desempenho desta Zona, embora ficando em
a fronteira com o Paraguai. Sua definição se deve, prin- trigésimo terceiro município no panorama estadual. O · Considerando a região de fronteira como zona de · Produção de carvão de madeira nativa para uso
município de Guia Lopes da Laguna é o que apresenta
Diretrizes de Uso do Solo industrial.
cipalmente, à paisagem e topografia que favoreceu alta vigilância para o controle de zoonose, reco-
predominância da agropecuária e pastagens, utilizan- a posição mais baixa para o mesmo ranking. menda-se a utilização destas terras para silvicultu- Não Recomendadas
do-se de solos variados, com diferentes aptidões agrí- Gerais ra de plantas nativas.
Analisando outro aspecto econômico, constata- · Pecuária extensiva na Zona de Alta Vigilância sani-
colas. se que em seu conjunto, o principal setor de produ- A fragilidade do terreno e a sua vizinhança com a
tária ao longo da fronteira.
Na ZDM se encontram as sedes dos municípios ção na composição do Valor Bruto do PIB é o terciário, Planície Pantaneira fazem desta Zona quase uma se-
de Miranda, Aquidauana, Anastácio, Nioaque, Jardim, seguido do setor primário e, por último, o setor se- qüência da Zona de Proteção da Planície Pantaneira,
Guia Lopes e Bela Vista e parte dos municípios de cundário, com uma manifestação bem incipiente em significando que grande parte do que se aplica na-
Bonito, Bodoquena, Corumbá, Antonio João, Dois Ir- alguns desses municípios. quela Zona também se aplica nesta, com exceção de
mãos do Buriti, Maracaju e Ponta Porã, possuindo uma que a ondulação mais suave do terreno pode abran-
No que concerne à renda per capita, os municípi-
área de aproximadamente 25.077,114 Km2. dar seus impactos. Neste aspecto, devem-se apoiar
os não ganham destaques no ranking estadual para
medidas que reduzam os impactos ambientais atra-
Nesta Zona, residem aproximadamente 165 mil esse indicador socioeconômico: Aquidauana, em dé-
vés do instrumento de Pagamento por Serviços
habitantes, concentrados sobremaneira o município cima quinta, e Guia Lopes da Laguna em qüinquagé-
Ambientais, como mecanismos de compensação eco-
de Aquidauana (40 mil) e o município de Guia Lopes, sima oitava colocação são exemplos. A situação si-
nômica para proprietários de terras que conservem
o de menor população (12,5 mil). milar se apresenta com a produção da riqueza.
os recursos naturais acima das obrigações impostas
Se definindo como uma espécie de Zona de tran- pela legislação, principalmente no que se refere à
Descrição sição apresenta, ao mesmo tempo, atividades do Pan- manutenção de formações vegetais primárias.
tanal, da serra, de fronteira e do planalto interiorano.
Apresenta planaltos modelados planos e disse- A presença de empreendimentos consolidados de
Pecuária extensiva, lavouras de arroz irrigado, gado
cação com topos colinosos e tabulares e relevos em turismo rural, em especial de ecoturismo e turismo
melhorado, silvicultura, entre muitas outras, coe-
forma de colinas. pesqueiro, associado ao potencial existente para tu-
xistentes há tempos. No município de Miranda, en-
rismo de Patrimônio Histórico Cultural, indica a im-
As classes de solos predominantes são: Argissolo contra-se a única iniciativa em atividade de criação
portância de iniciativa de incentivo ao desenvolvimento
Vermelho Amarelo, Chernossolo Rêndzico, Cher- para aproveitamento econômico da carne e couro do
e manutenção da atividade turística na região.
nossolo Argilúvico, Gleissolo, Latossolo Vermelho, jacaré no Pantanal. Isso pode ser uma grande vanta-
Neossolo Quar tzarênico, Neossolo Regolítico, gem ou uma dispersão de investimentos. É uma região de pecuária histórica, mas que tam-
Nitossolo Vermelho, Vertissolo, Planossolo Solódico, bém apresenta núcleo de modernização tecnológica
Além disso, a Zona foi local de acontecimento de
Planossolo Háplico e Plintossolo. quanto ao melhoramento genético do rebanho de cor-
valor histórico nacional, conhecido como Retirada da
te. Tradicionalmente, harmoniza-se com a conserva-
Nesta Zona, mais de 80% da cobertura vegetal Laguna, episódio da Guerra da Tríplice Aliança, cujos
ção da biodiversidade ainda que demande adoção de
original já foi antropizada, restando apenas fragmen- marcos e referências, apresentam potencial para sua
práticas de conservação de solos, nem sempre pre-
tos de vegetação de Cerrado e Floresta Estacional exploração como turismo cultural.
sentes.
Semidecidual Aluvial. Como agravante, somente 2,82% Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural
são áreas protegidas e não apresentam nenhum par- nota-se que sua situação é de intergrades para instá- Específicas
que, somente a APA Municipal das Nascentes do Rio vel; todavia, possui o agravante de ser uma região for-
APA, RPPN Dona Aracy, MN Municipal Morraria madora da Planície Pantaneira de grande vulnera- Recomendadas
Anastácio, MN Municipal Serra de Nioaque, RPPN bilidade. Esta condição desmobiliza investimentos · Fortalecimento da atividade de pecuária extensiva
Neivo Pires I (Portal do Pantanal do Sul) e RPPN Neivo impactantes, ainda mais se observarmos a baixa ca- e semi-extensiva com aprimoramento tecnológico
Pires II(Portal do Pantanal do Sul). pacidade de coesão de suas terras, ou seja, a vul- capaz de sustentar a prática de recria e engorda.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
90 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Ga.4 Zona Iguatemi - ZIG pal Microbacia Rio Dourados, APA Municipal
Microbacia do Rio Dourados e Brilhante, RPPN
B’longalê (Fazenda Floresta Negra), APA Sub-Bacia do
Localização Rio Ivinhema – Angélica, Parque Estadual Várzeas, Rio
Ivinhema e Parque Nacional da Ilha Grande.
A Zona Iguatemi está localizada no extremo sul
do Estado, contígua à Zona das Monções, separada A Zona Iguatemi abrange toda Bacia do Rio
desta pelo Rio Ivinhema, em trecho que se estende Iguatemi, e parte das Bacias do Rio Amambaí e Rio
até seu encontro com o Rio Paraná e contida entre as Ivinhema, onde há a maior concentração de demanda
divisas com o Estado do Paraná, fronteira com o pelo uso da água de MS para a dessedentação animal
Paraguai e com a Zona Serra de Maracaju. (uso predominante), a irrigação e o abastecimento
urbano. Os recursos hídricos dessa região recebem
Fazem parte da Zona Iguatemi vinte sedes muni-
grande carga de poluentes de efluentes industriais, do
cipais, sendo elas: Angélica, Deodápolis, Ivinhema,
carreamento de sedimentos oriundos dos processos
Vicentina, Glória de Dourados, Jateí, Novo Horizonte
erosivos e de defensivos agrícolas.
do Sul, Caarapó, Jutí, Naviraí, Amambai, Tacuru,
Iguatemi, Eldorado, Japorã, Mundo Novo, Sete Que-
das, Paranhos, Itaquiraí e Coronel Sapucaia. E ainda, Caracterização
parte dos municípios de Laguna Carapã e Fátima do
Sul. Nesses municípios residem, aproximadamente, Dentre os municípios da ZIG, o melhor destaque
330 mil habitantes, sendo que apenas o município de no ranking do PIB estadual fica para o município de
Naviraí tem mais de 40 mil habitantes, Amambai com Naviraí. Quanto à renda per capita, somente três mu-
32 mil e Ivinhema com 20 mil. A área total da ZIG é de, nicípios apresentam valores iguais ou superiores a 10
aproximadamente, 30.266,264 Km2. mil reais, assim como doze municípios têm indicador
de renda per capita igual ou menor que 6 mil reais.
Segundo o Índice de Responsabilidade Social – IRS,
Descrição com exceção de Naviraí, todos os municípios da Zona
apresentam baixos indicadores de riqueza.
Apresenta uma superfície inclinada para o Sudes-
te. Os afluentes responsáveis pela esculturação do Quanto à participação dos setores produtivos,
relevo apresentam padrões paraleodendríticos, com marcadamente o setor econômico terciário se sobres-
uma configuração de relevo plano e dissecação em sai tendo, na seqüência, a presença do setor primário
formas tabulares e colinosos de topos tabulares e pla- na grande maioria dos municípios, cabendo um des-
nos que acompanham a direção NO-SE da drenagem. taque aos municípios de Caarapó, Naviraí, Iguatemi,
Eldorado, Mundo Novo e Sete Quedas, nos quais o
As principais classes de solo são Argissolo Ver-
setor secundário ocupa a segunda posição como fa-
melho Amarelo, Gleissolo, Latossolo Vermelho,
tor gerador de PIB.
Neossolo Flúvico, Neossolo Quartzarênico, Organo-
ssolos, Planossolos Háplicos, além de associação Apesar de Amambai e Naviraí exercerem, parcial-
complexa de solos. mente, o papel de centros regionais de serviços, não
se detecta um padrão econômico mais definido no
A Zona Iguatemi encontra-se inserida principal-
conjunto de municípios, apresentando iniciativas eco-
mente no Bioma da Mata Atlântica com diversas
nômicas variadas e tentativas de diferenciação de ar-
fisionomias, profundamente antropizadas, restando,
ranjos produtivos locais. Predomina ainda a pecuária,
hoje, apenas fragmentos de Floresta Estacional
se notando a progressiva implantação de empreendi-
Semidecidual e Floresta Estacional Semidecidual
mentos industriais, notadamente usinas de açúcar e
Aluvial. Além disso, é possível observar também, pe-
álcool, aproveitando a proximidade com mercados
quenas manchas de Cerrado.
paulistas e paranaenses e existência de infraestrutura
Com relação às áreas protegidas, destaque se faz em melhor situação. Outro fato relevante nessa mis-
para as extensas áreas da APA Intermunicipal da Ba- celânea econômica dos municípios se refere aos situ-
cia do Rio Iguatemi e da APA Federal Ilhas e Várzeas ados ao longo da fronteira seca com o Paraguai, que
do Rio Paraná que representam 45%% do total de áre- não conseguem tirar proveito dessa possibilidade de
as protegidas desta Zona (52,14%). Além destas, en- interlocução e comércio internacional, se mantendo
contram-se ainda APA Municipal da Bacia do Rio ao longo do tempo como localidades sem perspecti-
Amamba, APA Municipal do Rio Vacaria, APA Munici- vas maiores, seja no campo econômico, social, cultu-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 91
ral ou outro. Há, de certa forma, uma espécie de ex- Específicas
clusão dessas cidades dos processos socioeconô-
Recomendadas
micos ortodoxos, sem a constituição de situações
compensatórias advindas da condição fronteiriça. · Implantação de silvicultura consorciada com a pe-
cuária semi-extensiva (de corte ou de leite) e/ou a
Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural,
agricultura produtora de alimentos, ressalvados os
constata-se que esta região foi lugar presente do Bioma
cuidados pertinentes à vigilância sanitária ao lon-
Mata Atlântica. Atualmente, possui em torno de apenas
go da fronteira.
20% deste Bioma, ou seja, é uma região profundamente
modificada. Ao mesmo tempo, os solos não possuem, · Implantação ou fortalecimento de atividades pro-
apresentam um baixo grau de coesão e maturidade de dutivas de âmbito local e regional com capacidade
baixa para média; entretanto a topografia do terreno on- para o criatório de pequenos animais, agricultura
dulado para plana permite sua utilização com capacida- de pequeno porte.
de reduzida de erosão. Isto é, a vulnerabilidade está de
· Considerando a região de fronteira como Zona de
integrades para instável. Pela potencialidade socio-
Alta Vigilância para o controle de zoonoses, reco-
econômica trata-se de uma Zona com duas partes cla-
menda-se a utilização destas terras para silvicultu-
ramente definidas: uma com potencialidade de média
ra bem como a implantação de uma agricultura
para alta, e outra de baixa para média. De qualquer modo,
produtora de biocombustíveis.
o potencial da região ainda está diretamente ligado à
condição de utilização de suas terras, por isso existe · Implantação e implementação das agroindústrias.
uma potencialidade latente, relacionada ao tipo de uso Recomendadas Sob Manejo Especial
proposto. Nestes termos: unindo a média potencialidade
com uma vulnerabilidade de intergrades para instável a · Piscicultura.
Zona Iguatemi é classificada como uma ZONA DE RE- · Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
CUPERAÇÃO/EXPANSÃO, conforme a metodologia esta- econômico.
belecida nesta Primeira Aproximação.
Não Recomendadas
· Quaisquer atividades agropastoris sem adoção de
Diretrizes de Uso do Solo técnicas apropriadas para conservação do solo e
respectivo monitoramento.
Gerais · Pecuária extensiva não consorciada com agricul-
Recomendam-se as atividades econômicas que tura e silvicultura.
observem as condições naturais e a tradição histórica
· Pecuária extensiva na Zona de Alta Vigilância sani-
regional, fortemente vinculada ao extrativismo vege-
tária ao longo da fronteira.
tal, ou seja, que propiciem em seus ciclos produtivos
a agregação de processos que promovam a recupe-
ração de partes do Bioma Mata Atlântica.
Por se tratar de uma Zona de Recuperação/Ex-
pansão, recomendam-se atividades de agricultura con-
sorciada com a pecuária semi-extensiva, agroindústria,
industrialização em geral, além da silvicultura, inclusi-
ve de espécies nativas, a exemplo da erva-mate, bem
como a utilização da madeira para indústria moveleira
e construção.
No que se refere à dinamização da atividade eco-
nômica de fronteira, recomenda-se a indução de forte
articulação com o Pólo de Ligação de Ponta Porã, prin-
cipal ponto de comunicação e comércio do Estado com
o Paraguai, para a organização e hierarquização das
cidades da ZIG e seu fortalecimento interurbano e de
racionalização de serviços públicos e viabilização de
infra-estrutura pública.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
92 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Ga.5 Zona das Monções - ados por topos tabulares e áreas planas, configura
topografia suave e ondulada. Na área da Bacia do
Paraná e seus afluentes há muitas áreas de várzeas
que são consideradas como potenciais áreas de
também o sétimo PIB do Mato Grosso do Sul. Essa
situação econômica de Nova Andradina difere por com-
dades que possam expor os solos a intempéries e
formação de processos erosivos. Assim, as ativi-
ZMO Rio Ivinhema, o relevo é formado por modelados recarga do aqüífero, portanto de grande vulnerabi- pleto da realidade do município de Taquarussu, que dades a serem desenvolvidas devem priorizar a
entremeados por dissecados tabulares, com decli- lidade ambiental. ocupa a penúltima colocação nesse mesmo ranking. manutenção da vegetação nativa, o uso racional e
vidade suave e áreas de acumulação fluvial nas pro- Já com relação à renda per capita, os municípios com preservação de recursos hídricos e restauração eco-
Localização ximidades dos leitos dos rios de maior porte. A par- Caracterização maiores valores absolutos também são os de Bata- lógica de áreas de preservação permanente e cabe-
A Zona das Monções está localizada ao leste do te sudeste desta Zona é constituída pelos vales do guassu e Nova Andradina, estando ambos na faixa de ceiras de rios.
Estado, sendo definida principalmente pelas caracte- Rio Paraná e seus afluentes, com altimetrias varian- Analisando o aspecto econômico da ZMO, à ex- 10 a 15 mil reais de renda per capta.
rísticas pedológicas de sua área, que apresenta do de 250 a 300 m. Na maior parte dessa área não ceção de Campo Grande e Três Lagoas, os demais
há deficiência hídrica para as plantas, em função de municípios têm como principal elemento de composi-
Constitui o grande vazio territorial a ser ocupado Específicas
hegemonicamente solos de baixa aptidão agrícola, e utilizado. Contabiliza-se, segundo estudos variados,
grande susceptibilidade à erosão e com grandes vazi- grande disponibilidade de água no solo. São áreas ção do PIB, o setor primário, com o terciário apresen- Recomendadas
nesta Zona, algo em torno de dez milhões de hectares
os populacionais e infra-estrutura de transporte rare- planas constituídas de sedimentos fluviais atuais e tando-se como segundo fator, ficando para o setor
de terras e pastagens degradadas ou de baixa aptidão · Agropecuária consorciada com a silvicultura,
feita. Limita-se a leste com o Rio Paraná, ao sul com a sub-atuais. secundário a menor contribuição na formação do PIB
agrícola. Apesar de ser atravessada por duas rodovi- agroindústria e indústrias em geral.
Zona Iguatemi e a oeste com a Zona Serra de Maracaju municipal. Já em Campo Grande e Três Lagoas, a or-
As classes de solos predominante nesta Zona são as federais, BR 262 e BR 267, os corredores de trans-
e Zona Alto Taquari. dem de importância dos setores na composição do · Para culturas de alta capacidade de rendimento re-
Argissolo Vermelho Amarelo, Gleissolo, Latossolo porte não foram suficientes para adensar a atividade
PIB são semelhantes, apresentando-se em primeiro comenda-se a utilização da agricultura mecaniza-
A ZMO contém as sedes de treze municípios, sen- Vermelho, Neossolo Quartzarênico, Neossolo Litólico, produtiva, de modo geral. Campo Grande, Três Lago-
plano o setor terciário, seguido, na ordem de contri- da com alta tecnologia, especialmente a silvicultu-
do eles, Bandeirantes, Jaraguari, Campo Grande, Ribas Nitossolo Vermelho e Planossolo Háplico, além de as e Nova Andradina, de maneira diferenciada e em
buição, pelo setor secundário e primário. Esta análise ra produtora de madeira para móveis, celulose e
do Rio Pardo, Água Clara, Três Lagoas, Santa Rita do associação complexa de solos. intensidade diferentes, arranjam processos de cres-
permite vislumbrar claramente a concentração indus- energia.
Pardo, Brasilândia, Bataguassu, Anaurilândia, Nova Esta Zona encontra-se totalmente no Bioma Cerra- cimento econômico localizados. Iniciativas relevantes
trial no Mato Grosso do Sul, bem como a lógica da
Andradina, Bataiporã e Taquarussu e parte dos muni- de silvicultura e agroindústria e indústrias de base são · Consórcio rotativo da pecuária extensiva ou semi-
do, apresentando suas mais diversas fisionomias; além grande presença do terciário em Campo Grande face
cípios de Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul, Camapuã registradas. extensiva com a agricultura mecanizada produtora
disso, é possível observar, margeando os cursos d’água, à sua condição de sede governamental do Mato Gros-
e Figueirão. Apesar de não ser essa a Zona de maior de grãos, possibilitando o rodízio de utilização da
Formações Pioneiras de Influência Fluvial, extensas áre- so do Sul. Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural,
concentração de municípios, é nela que se concentra terra evitando o desgaste e a redução da capacida-
as de silvicultura de eucalipto e pequenos fragmentos esta Zona é substancialmente intergrades. Ainda que
a maior parcela populacional do Mato Grosso do Sul, Na observação do ranking do PIB estadual, como de produtiva.
de Floresta Estacional Semidecidual Aluvial às margens possua um volume de terras com baixa coesão e
com mais de 900 mil habitantes, dos quais mais de 2/ não poderia ser diferente, Campo Grande ocupa a pri- · Nas áreas de interflúvios ao longo da porção leste
dos córregos e rios, e Floresta Estacional Semidecidual muitos Neossolos Quartzarênicos, há um terreno muito
3 residem no município de Campo Grande. Nos de- meira posição não somente desta Zona como tam-
Submontana. plano e com uma vegetação que garante um grau de recomenda-se a implantação ou fortalecimento de
mais municípios, a população está localizada em maior bém do Mato Grosso do Sul, ficando para Jaraguari a atividades produtivas de âmbito local e regional com
Embora esta Zona apresente for tes pressões umidade ainda segura, enquanto a Carta de Poten-
número em Três Lagoas, cabendo aos municípios res- condição de município com menor desempenho nes- capacidade para o criatório de pequenos animais,
antrópicas 13,39%, é constituída de áreas protegidas; cialidade apresenta uma metade com potencial de
tantes números populacionais que variam entre 6 e se quesito. No conjunto dos municípios desta Zona a
médio para elevado e a outra metade com elevada agricultura de pequeno porte.
14 mil habitantes. É importante destacar que a grande destaque se faz para o Parque Estadual das Várzeas renda per capita varia entre 9 e 16 mil reais.
do Rio Ivinhema, estratégico para a conservação da potencialidade. Nestes termos, esta Zona das Mon- Recomendadas Sob Manejo Especial
maioria dessas populações e cidades está situada em A região marginal do Rio Paraná, da Zona, agrupa
biodiversidade da região; apresenta, ainda, a APA Fe- ções deve ser classificada como ZONA DE EXPAN-
sua periferia, seja no eixo dinamizado pela cidade de os municípios de Bataguassu, Anaurilândia, Bataiporã, · Implantação de empreendimentos agroindustriais
deral Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, APA Municipal do SÃO, conforme a metodologia aplicada nesta Primeira
Campo Grande, capital do Estado, ou ao longo das Nova Andradina, Brasilândia e Taquarussu, contando em áreas de aluviões recentes.
Córrego Guariroba, APA Municipal Bacia Sucuriú, APA Aproximação.
regiões marginais do Rio Paraná, onde se avizinham a com, aproximadamente, 83 mil habitantes, dos quais
Municipal das Nascentes do Rio Sucuriu, APA Munici- · Ampliação da pecuária extensiva não consorciada
cidades com economias mais dinâmicas do Estado a maior parcela, aproximadamente 40 mil habitantes,
pal do Lageado, APA Municipal do Rio Anhandui, APA com a produção agrícola.
de São Paulo. A área total da ZMO é de aproximada- tem como residência o município de Nova Andradina, Diretrizes de Uso do Solo
mente 74.754,377 Km2. Municipal do Rio Vacaria, APA Sub Bacia do Rio · A utilização artesanal racional de áreas de fundo
além do qual também pode ser mencionado o municí-
Ivinhema – Angélica, RPPN Cabeceira do Mimoso, de vale para produção de cerâmica.
RPPN Cachoeira Branca, RPPN Douradinho, Parque
pio de Bataguassu, com aproximadamente 20 mil ha- Gerais
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
Descrição Estadual Matas Segredo, Parque Estadual Prosa, Par-
bitantes. Aos demais municípios resta uma pequena
Por se tratar de uma Zona de Expansão, reco-
parcela da população total dessa zona. econômico.
que Municipal Pombo, RPPN Ponte de Pedra, RPPN mendam-se atividades de agricultura consorcia-
Na área da Bacia Rio Verde, o relevo é formado
UFMS e RPPN Vista Alegre. Quanto ao aspecto econômico desta parte da das com a pecuária semi-extensiva, agroindústria, Não Recomendadas
por modelados de dissecação colinosos, com
Com referência a seus recursos hídricos, com- ZMO, predomina a contribuição do setor terciário para industrialização em geral. A presença de grandes
declividade suave e alguns ressaltos topográficos que · Quaisquer atividades agropastoris sem adoção de
preende toda a Bacia do Rio Verde e Bacia do Rio a formação do PIB municipal em todos os municípios. vazios demográficos e baixa produção evidenciam
são responsáveis pela declividade da paisagem e área técnicas apropriadas para conservação do solo, e
Pardo, parte da área da Bacia do Rio Sucuriú ao nor- Uma ressalva deve ser feita aos municípios de Nova a necessidade de infra-estrutura urbana, rural e
plana de acumulação. Na área da Bacia Rio Pardo, o respectivo monitoramento.
te, e parte da Bacia do Rio Ivinhema, ao sul. Nessa Andradina e Bataguassu, onde o setor secundário apre- de transpor te para indução novos arranjos produ-
relevo é formado com declividade suave com mode-
Zona, o sistema Aqüífero Bauru, um dos mais im- senta uma maior contribuição no PIB municipal, uma tivos.
lados tabulados entremeados de áreas planas e mo-
portantes aqüíferos de MS, é responsável pelo es- singularidade socioeconômica para a grande maioria
delados de acumulação nas proximidades do Rio Considerando a fragilidade do solo de grande
coamento regional das águas subterrâneas para os dos municípios do Mato Grosso do Sul.
Paraná. Encontram-se topos colinosos de baixa parte desta Zona, associada ao potencial de hidro-
declividade. Na área do Rio Sucuriú, o relevo apre- Rios Pardo, Verde e Sucuriú, e de rios menores nas Ainda nesta região, é o município de Nova An- energia, fica evidente a necessidade de atenção es-
senta modelados de dissecação colinosos entreme- Bacias dos Rios Quitéria e Santana. Ao longo do Rio dradina que se apresenta com o melhor PIB, sendo pecial quanto à ocupação de fundos de vale e ativi-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 93
Ga.6 Zona Planicie associadas a um campo graminoso, savanícola. Na
depressão pantaneira ocorre uma grande mancha de
Pantaneira - ZPP contato entre a Savana e a Savana-Estépica, também
chamada de “Ecótono”, onde se verifica a mistura
florística entre esses dois tipos de vegetação. Ela se
Localização verifica nas imediações do Rio Negro, na divisa do Pan-
Localiza-se na porção noroeste do Estado, na tanal da Nhecolândia com o Pantanal de Miranda, con-
bacia hidrográfica do Rio Paraguai, e corresponde, em forme o PCBAP.
sua delimitação, à porção sul-mato-grossense da Pla- Próximo ao Rio Negro e ao Rio Itiquira é possível
nície Pantaneira, conforme definido neste Zoneamento, observar uma pequena faixa de Floresta Estacional
com exceção de seu extremo sudoeste, onde se defi- Semidecidual Aluvial, que é uma formação florestal ri-
ne pelos limites municipais de Porto Murtinho. beirinha que ocupa as acumulações fluviais
Nesta Zona encontram-se duas sedes municipais, quaternárias. No restante desta Zona (acima do rio Ne-
Ladário e Corumbá, situadas na margem oposta do gro) encontram-se extensas áreas de várias fisionomias
Rio Paraguai, em território brasileiro, onde também de Cerrado. Salienta-se que esta Zona apresenta a ve-
se localiza a Morraria do Urucum, e nas quais resi- getação em melhor estado de preservação conforme
dem, aproximadamente, 119 mil habitantes. Deste PROBIO (2007) merecendo atenção, no entanto, pois
total, 100 mil habitantes têm como domicílio o muni- as áreas protegidas (unidades de conservação e Terras
cípio de Corumbá. Abrange também partes dos mu- indígenas) representam apenas 3,84%.
nicípios de Sonora, Coxim, Rio Verde, Aquidauana e
Possui as seguintes unidades de conservação:
Miranda. A ZPP possui uma área de aproximadamen-
RPPN Dona Aracy, Estrada Parque Pantanal, RPPN
te 79.101,145 Km2 .
Fazenda Arara Azul, RPPN Fazenda Nhumirim, Fazen-
da Paculândia, RPPN Fazenda Poleiro Grande, RPPN
Fazenda Rio Negro, RPPN Fazenda Santa Cecília II,
Descrição
RPPN Fazendinha, MN Municipal Serra do Pantanal,
A Planície Pantaneira, que compõe a maior parte Acurizal, Parque Estadual Pantanal Rio Negro, Parque
da Zona, constitui uma extensa superfície de acumula- Estadual Serra Sonora, Parque Municipal Piraputanga,
ção, de topografia muito plana, de baixa declividade, Parque Nacional do Pantanal, RPPN Penha, RPPN
oscilando entre 80 a 200 m de altitude, com complexa Rumo ao Oeste, RPPN Santa Sofia.
rede hidrográfica, sujeita a inundações periódicas, sen- Essa Zona abrange uma complexa área de drena-
do o Rio Paraguai o seu eixo principal de drenagem gem da planície pantaneira, constituída por pequenos
regional. Esta vasta planície é uma depressão constitu-
cursos d’água (córregos), linhas de drenagem de
ída de deposição e aloja um pacote de sedimentos do
declividade moderada, mas sem canal bem desenvol-
pleistoceno e holoceno, com espessuras que chega a
vido (vazantes), vazantes com seção definida (corixos
atingir 500 m. Na planície são identificadas duas fei-
e corixões), banhados, lagoas, baias e salinas.
ções geomorfológicas distintas: áreas interfluviais bai-
xas de acumulação inundável e as planícies ligadas ao A planície pantaneira é ocupada por um grande
sistema flúviolacustre, identificadas segundo os pro- número de depressões que, quando cheias, formam
cessos genéticos de acumulação flúviolacustre e de uma paisagem de pequenos lagos, que se interligam
acumulação fluvial. nas águas altas e represam a água depois que os ní-
veis do rio principal baixam. Durante o período em
Os solos predominantes nesta zona são classifi-
que os rios permanecem nos limites do seu leito e
cados como: Argissolo Vermelho Amarelo, Chernossolo
não ocorrem precipitações, o volume de água retido
Rêndzico, Chernossolo Argilúvico, Espodossolo,
nas depressões diminui, sob efeito da evaporação e
Gleissolo, Neossolo Quartzarênico, Neossolo Litólico,
infiltração.
Neossolo Regolítico, Planossolo Háplico, Planossolo
Solódico, Plintossolo e Vertissolo. Nessa região de planície pantaneira ocorre um
fenômeno muito peculiar chamado de “Dequada”. Esse
Na Porção Sul desta Zona encontra-se uma porção
fenômeno natural é caracterizado pela alteração das
pequena de vegetação Chaquenha, também chamada características da água, dentre as quais a redução do
de Savana Estépica, por possuir uma cobertura arbórea oxigênio dissolvido, decorrentes do escoamento das
em geral com plantas lenhosas, baixas e espinhosas, águas de inundação nos períodos pós-cheias.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
94 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Os fatores antrópicos que podem comprometer a meio natural. A já mencionada positiva condição de pre- Todavia, esta preservação deve ser como um fator pantaneiro deverá ser estimulada como fonte de ca- ção de jacaré para produção de carne e couro, uti-
qualidade ambiental e hídrica e/ou os processos ecoló- servação da planície pantaneira é diretamente decor- de diferenciação na dinamização de qualquer atividade pitalização dos tradicionais pecuaristas. lização de plantas nativas para produção de biocom-
gicos no Pantanal são relacionados em muitas vezes rente da pecuária tradicional extensiva, realizada pelos econômica. Nesse sentido, o exame dos processos bustíveis, assim como outros. Todavia toda esta
· A utilização dos recursos naturais do Pantanal e sua
às atividades realizadas no planalto, como desmata- produtores locais, com conhecimento patrimonial produtivos históricos mostra que é perfeitamente possível exploração requer cuidados especiais no preparo
beleza ímpar para práticas que reforçam a manuten-
mentos, práticas agropecuárias inadequadas e minera- vernacular acumulado referentes a práticas adequadas equilibrar a sua utilização com agressão mínima ao meio do ambiente, na produção de matrizes, na qualifi-
ção do quadro ambiental é outra forma recomenda-
ção, que podem resultar na erosão dos solos e no de manejo, de controle de queimadas, de manutenção ambiente, a exemplo da consolidada pecuária tradicional cação da mão-de-obra e na adoção de tecnologias.
da. Nesse aspecto, o turismo em áreas rurais, cultu-
assoreamento dos rios da planície a jusante. É impor- de matas, dentre outros. Como contraponto, a explora- pantaneira e do turismo de pesca. Além disso, é
ral e contemplativo, dentre outras, coloca-se como · O custo crescente dos transportes coloca o Rio
tante destacar que alguns dos principais rios que cor- ção dos recursos minerais da Morraria do Urucum e extremamente importante que a preservação do Pantanal
uma alternativa viável ecológica e economicamente. Paraguai no centro das possibilidades de sua utiliza-
tam a planície pantaneira têm nascentes em outras re- das jazidas de calcário que se encontram na região, se signifique ganhos sociais e econômicos para todo o
ção para a navegação. Ainda mais se considerada
giões da bacia, como o rio Taquari, Miranda, Negro e realizados de forma sustentável, apresentam alta conjunto do Estado e da Nação, como efeito, o custo de · Como parte recomendável não pode ser despreza-
as atividades exploratórias de minérios e o aumento
Aquidauana. potencialidade socioeconômica, assim como a pesca sua preservação não poderá cair apenas sobre os ombros da a condição fronteiriça desta Zona. As condições
da produção de grãos no MS e na Bolívia. Todavia, o
daqueles que ali vivem e sobrevivem do ambiente natural. apresentadas pelas proximidades com mercados
Nessa Zona, em posição lindeira a planície profissional e turística, vinculadas fortemente às tradi- Rio Paraguai com o seu ciclo de cheias e secas é o
Sendo assim, recomenda-se, prioritariamente, a consumidores latino-americanos estabelecem uma
pantaneira, do outro lado do rio Paraguai, outra for- ções culturais pantaneiras. principal cordão da sobrevivência do ecossistema
implantação, em parceria com entidades e comunidades potencialidade de aproveitamento desta Zona para
mação merece destaque: a Morraria de Urucum e Embora as sedes de municípios ali existentes pos- pantaneiro. Neste aspecto, a preservação do seu vo-
da região pantaneira, de programas integrados de de- implantação de atividades industriais exportadoras,
Jacadigo, com elevações que atingem cerca de 700 suam índices de produção de riqueza de média para lume de águas, sua fauna aquática, suas margens e
senvolvimento sustentável, de acordo com as suas pe- em especial de médio e pequeno porte, que apro-
metros de altitude e que possuem grandes reservas alto, não se caracteriza como uma região de alta as matas ciliares tornam-se vitais a preservação de
culiaridades culturais, relevância ambiental e dinâmica veitem as vantagens comparativas existentes em
de ferro e manganês, com atividade extrativista e in- potencialidade socioeconômica tradicional, por causa todo Pantanal. Isto impõe severas restrições à utili-
socioeconômica própria. forma de Zonas Processadoras de Exportação ou
dustrial. Nestas localidades há uma situação de con- das peculiaridades de uso da área rural, devendo, nes- zação do rio como caminho de transporte; neste
de outro arranjo similar.
flito pelo uso da água, em Corumbá, entre as minera- te caso, ser observada sob a ótica da sustentabilidade caso, o peso, o tamanho, a velocidade e o tipo do
ções e outras ocupações. Devido às características Recomendadas sob manejo especial produto transportado devem ser perfeitamente ade-
da interação entre o homem pantaneiro e o próprio Específicas
geográficas e geológicas da região, córregos utiliza- ambiente pantaneiro, ou seja, uma relação, acima de · A grande reserva mineral de ferro e manganês na quados a capacidade do rio e as condições do lugar.
dos são alimentados por águas subterrâneas que tudo, de caráter cultural. E, analisada sob esse enfoque, Recomendadas Morraria do Urucum e Jacadigo é um potencial que · Produção de carvão de madeira nativa para uso
percolam o maciço rochoso do Urucum, o qual apre- pode-se dizer que existe uma potencialidade cultural e deve ser explorado, especialmente se considerada a
· A primeira e mais segura forma de exploração eco- industrial.
senta uma geologia bastante particular. O avanço da socioeconômica alta. Por outro lado, os dados grande pressão externa por aço do mercado mundial
nômica desta Zona é a pecuária extensiva e semi- Não recomendadas
mina provocou uma mudança no padrão natural de transparecidos na Carta de Vulnerabilidade Natural apon- global. Todavia, sua utilização significa instituir práti-
extensiva histórica e cultural. Foi esta atividade que
percolação da água subterrânea, acarretando a dimi- cas extremamente agressivas ao meio ambiente tanto · Instalação de empreendimentos e atividades que
tam para uma grande vulnerabilidade ambiental. Nes- através dos tempos conseguiu resguardar um am-
nuição de vazão dos córregos e, no caso do córrego na parte de extração e beneficiamento quanto de trans- alterem a moldura do terreno (mecanização de la-
tes termos, unindo essa peculiar alta potencialidade biente com alto nível de conservação. Deve-se ob-
Urucum, a secagem de sua nascente (PERH, 2008). porte. Neste caso, a sua ampliação deve ser condici- vouras com destruição de “cordilheiras”, aterramento
cultural socioeconômica com a alta vulnerabilidade, a servar que esta atividade pelas condições históricas
Zona da Planície Pantaneira deve ser classificada como do manejo do rebanho de forma extensiva, em onada a medidas rigorosamente estabelecidas quan- de lagoas, polderização, dentre outros), o regime
uma ZONA DE PRESERVAÇÃO com variável de adapta- grandes propriedades, utilizando as pastagens na- to à utilização sustentável da água e da vegetação do hídrico dos rios da planície pantaneira, nos termos
Caracterização entorno. do Plano Estadual de Recursos Hídricos e respectivos
ção CONSOLIDAÇÃO das atividades de tradição cultu- turais, os ciclos de cheia e seca, e as condições do
A respeito do setor produtivo, cabe ressaltar que ral ali presente, conforme a metodologia estabelecida terreno, consolidou um criatório de carne saudável, comitês de bacias hidrográficas pertinentes.
· A exuberância da biodiversidade dos rios e das
na ZPP o setor primário ganha destaque na composi- nesta Primeira Aproximação. tendendo ao sistema de criação orgânico; mas, savanas do Pantanal destaca um rico potencial eco- · Instalação de empreendimentos e atividades indus-
ção do PIB municipal dado a expressividade de sua também resulta, hoje, um baixo rendimento produtivo lógico-econômico, muito mais quando observado triais potencialmente causadoras de significativos
pecuária, seguido, na ordem, pelos setores secundá- propiciando uma pecuária que pouco ultrapassa a o crescimento do mercado mundial por produtos impactos ambientais, na planície pantaneira, em
rio (industrial) e terciário (comércio e serviços).
Diretrizes de Uso do Solo fase de cria. Observa-se que em tempos recentes, diferenciados. Neste sentido, a pesca, o manejo conformidade com a legislação de licenciamento
as diversas faces do mercado de carnes somado às ou criatório de animais silvestres e as plantas ambiental vigente.
Nesta Zona, bem como no contexto estadual, emer- Gerais
condições produtivas do rebanho pantaneiro não vis- pantaneiras apresentam-se como recursos poten-
ge o município de Corumbá que passou da quinta para · Implantação de silvicultura com espécies exóticas
Esta Zona, por conter a maior planície interior lumbra grandes capacidades competitivas para o ciais a exploração. Destaque para a criação de pei-
a segunda colocação em Mato Grosso do Sul quando ao bioma Pantanal.
inundável do planeta, reconhecido patrimônio nacio- pecuarista. Indicando, como efeito, o redimensio- xes em tanques armados nos próprios rios, a cria-
se considera os dados constantes no Índice de Res-
nal, e possuir um nível de preservação elevado mere- namento das práticas executadas no Pantanal que
ponsabilidade Social do MS. Igualmente, o município
ce atenção especial. As atividades ali desenvolvidas comprometem a manutenção das condições
de Corumbá sobressai-se economicamente ao consi-
devem estar atentas ao nível de preservação da planí- preservadas do meio ambiente. Neste sentido, faz-
derarmos o seu PIB per capita, que supera em muito o
cie e as condições históricas de sua ocupação. Não se necessário a adoção do Pagamento por Serviços
mesmo indicador para o município de Ladário, estando
sendo possível, portanto, permitir atividades que, Ambientais, como mecanismos de compensação
entre os maiores de Mato Grosso do Sul.
mesmo vantajosas momentaneamente, venham com- econômica para proprietários de terras que conser-
Conforme a Carta de Potencialidade Socioeco- prometer a qualidade do ecossistema pantaneiro. Neste vem os recursos naturais acima das obrigações im-
nômica, porção significativa das terras possui uma ca- sentido, toda e qualquer atividade produtiva na planí- postas pela legislação, principalmente no que se
pacidade muito reduzida utilização mais intensiva já que cie pantaneira deverá ser monitorada, visando à pre- refere a manutenção da vegetação nativa e proteção
o tipo, textura do solo e a rugosidade do terreno não servação histórica e cultural do uso sustentável desse dos recursos hídricos. Como ainda a incorporação
permitem sua utilização sem grandes interferências no ambiente natural. de certificação da condição diferenciada do criatório
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 95
Ga.7 Zona de Proteção da Quanto ao aspecto fitogeográfico, observa-se a
vegetação de Cerrado com várias fisionomias, bas-
Planicie Pantaneira - ZPPP tante antropizadas. Merece atenção pela sua impor-
tância como área de proteção da Planície Pantaneira,
assim, o seu uso deve ser cauteloso. Nesta Zona en-
Localização contram-se 14,22% de áreas protegidas (Unidades
A Zona de Proteção da Planície Pantaneira está de Conservação e Terras Indígenas), sendo estas: a
situada em posição contígua à Zona da Planície APA do Córrego Ceroula e Piraputanga, APA Munici-
Pantaneira, ao seu leste, e corresponde às áreas de pal Córrego do Sítio, APA Municipal da Sub-Bacia do
afloramento da Formação Aquidauana e Botucatu, se- Rio Cachoeirão, APA Municipal das Sete Quedas de
gundo a Carta de Geologia do Atlas Multirreferencial Rio Verde, APA Municipal Rio Aquidauana (Cor-
(MATO GROSSO DO SUL, 1990), se estendendo des- guinho), APA Municipal Rio Aquidauana (Rochedo),
de a divisa com o Estado de Mato Grosso até o en- Gavião de Penacho, Lageado, MN Municipal Serra
contro com as Depressões de Miranda e Aquidauana de Maracaju, MN Municipal Serra do Pantanal, Par-
- Bela Vista, definidas na Carta de Geomorfologia do que Estadual Serra Sonora e Reserva Ecológica Vale
mesmo Atlas. do Bugio.

A ZPPP se estende pelos municípios de Coxim, Abrange as Bacias dos rios Miranda (através do
Rio Verde, Rio Negro, Rochedo e Corguinho, que tem Rio Aquidauana), Taquari, Correntes e Negro. É a par-
sede na Zona, e parte dos municípios de Sonora, Pedro tir desta Zona que os Rios Miranda, Correntes, Taquari
Gomes, Aquidauana, Terenos, Dois Irmãos do Buriti, e Negro atingem a Zona da Planície Pantaneira, sendo
São Gabriel do Oeste e Bandeirantes. A população to- que os dois últimos sofrem uma drástica redução de
tal nesses municípios é de 67,6 mil habitantes con- velocidade, decorrente da brusca mudança de
centrados, sobremaneira, nos municípios de Coxim e declividade, provocando deposição de sedimentos,
Rio Verde, restando aos demais municípios uma pe- assoreamento do leito e uma perda de poder erosivo
quena contribuição no quadro populacional desta zona. que se traduz por uma seção transversal maior que a
A ZPPP possui uma área de aproximadamente do estirão a montante.
17.547,565 Km2.
Caracterização
Descrição Dos municípios citados anteriormente, Coxim é o
Nesta Zona encontram-se os patamares e que apresenta melhor destaque no ranking do Indica-
escarpas da Borda Ocidental da Bacia do Paraná, que dor de Riqueza, e Rio Negro o menos representativo.
constituem superfícies com altimetria variando de 200 Entretanto, numa análise pontual sobre o PIB dos
a 600 metros em três compartimentos. O primeiro municípios desta Zona, constata-se que, apesar de o
Patamar inclui a Serra do Pantanal e a Serra de município de Coxim estar bem posicionado, ocupan-
Maracaju, representado por uma frente de cuestas, do a décima oitava colocação estadual, é o município
esculpidas em litologias da Formação Furnas. O se- de Corguinho que tem o melhor PIB per capita.
gundo é a Depressão Interpatamar constituída por Quanto à participação dos setores produtivos
litologias das formações Ponta Grossa e Aquidauana. nesta Zona, excetuando-se o município de Corguinho,
O terceiro Patamar, esculpido em litologias areníticas onde o principal setor econômico é o primário, nos
da Formação Botucatu, constitui um desdobramento municípios de Coxim, Rio Negro, Rio Verde e Roche-
do relevo cuestiforme. O relevo apresenta modelados do o setor econômico de maior destaque é o terciário,
planos e formas dissecadas, e relevos escarpados com seguido do setor primário. Em todos os municípios o
cristas, colinas, interflúvios tabulares e vales com pla- setor secundário tem menor contribuição na compo-
nície alúvio-coluvial. sição do PIB municipal.
As principais classes de solos encontradas nesta Registram-se, principalmente ao longo da Ro-
zona são: Argissolo Vermelho Amarelo, Gleissolo, dovia Estadual MS 080, iniciativas importantes liga-
Latossolo Vermelho, Latossolo Vermelho Amarelo, das ao turismo, especialmente o rural, aproveitando-
Latossolo Vermelho Distrófico, Neossolo Litólico, se do potencial paisagístico e de recursos naturais
Neossolo Quar tzarênico, Neossolo Quartzarênico próprios, como a água mineral, a cerâmica e o arte-
Hidromórfico, Planossolo Háplico e Plintossolo. sanato.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
96 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural, movendo, em especial, o fortalecimento da Região


constata-se que é uma Zona com predominância de Turística Caminho dos Ipês, integrada por Campo
terras marginais, com solos de textura média e baixa Grande, Rochedo, Corguinho e Rio Negro.
reserva de nutrientes. Há a presença de terreno com
· Incentivo à implantação ou fortalecimento de ativi-
ondulações, patamares e escarpas da Bacia do Paraná
dades produtivas alternativas, de âmbito local ou
que apresentam alta suscetibilidade à erosão. Confor-
regional, tais como criação de pequenos animais,
me a Carta de Potencialidades, esta Zona apresenta
avicultura, pecuária leiteira, horticultura orgânica, flo-
um nível muito baixo de produção de riqueza e utiliza-
ricultura, apicultura, artesanato e similares para ge-
ção da terra. De forma geral, a potencialidade
ração de renda de pequenos e médios produtores.
socioeconômica é, em sua maior parte, de baixa para
média. Nestes termos, esta Zona de Proteção da Pla- · Criação de instrumentos para Pagamento por Ser-
nície Pantaneira é caracterizada como uma ZONA DE viços Ambientais, como mecanismos de compen-
CONSERVAÇÃO, considerando, em especial, a sua sação econômica para proprietários de terras que
posição geográfica de anteparo da planície do Panta- conservem os recursos naturais acima das obriga-
nal, conforme metodologia aplicada nesta Primeira ções impostas pela legislação, principalmente no
Aproximação, e de afloramento de formações geoló- que se refere à manutenção da vegetação nativa,
gicas importantes e possíveis áreas de descarga de proteção de nascentes e cursos d’água.
aqüíferos. Recomendadas Sob Manejo Especial
· Atividades de pecuária extensiva, nas etapas de
Diretrizes de Uso do Solo recria e engorda.
· Atividades de silvicultura com espécies não nati-
Gerais vas.
Esta Zona requer o estabelecimento de planos de · Implantação de empreendimentos de exploração e
recuperação e conservação de cabeceiras de manan- industrialização de recursos minerais.
ciais e áreas de preservação permanente, especial-
· Produção de carvão de madeira nativa para uso
mente em encostas protegidas ou furnas.
industrial.
Considerando a sua condição geográfica, esta
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
Zona deverá priorizar programas público-privados, vi-
econômico.
sando inserir os produtos pantaneiros tradicionais e
os produzidos na própria região, nos mercados naci- · Piscicultura.
onais e internacionais diferenciados, mediante estí- Não Recomendadas
mulo aos processos de certificação social, de origem
ambiental e empresarial e de adoção de sistemas de · Instalação de empreendimentos e atividades cau-
produção orgânica, e mecanismos de desenvolvimento sadoras ou que acelerem processos erosivos e o
limpo, entre outros, como forma de alavancar alterna- carregamento fluvial de sedimentos.
tivas viáveis de revitalização econômica sem agres- · Instalação de empreendimentos e atividades indus-
são da vizinha planície pantaneira. triais potencialmente causadores de significativo
impacto ambiental.
Específicas
Recomendadas
· Em primeiro plano, a atividade agrícola de lavouras
permanentes, em especial a silvicultura e a fruti-
cultura, associadas à agroindústria, preferencial-
mente de pequeno e médio porte, prioritariamente
providas de certificações e processos ambiental-
mente corretos.
· A proximidade com o Pantanal do Rio Negro suge-
re implantação de empreendimentos e atividades
turísticas como o ecoturismo e o turismo rural, pro-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 97
Ga.8 Zona Sucuriú-Aporé - Parque Municipal Salto Sucuriú, Parque Nacional das
Emas, RPPN Ponte de Pedra e RPPN Reserva Sabiá.
ZSA Abrange toda a área das Bacias dos Rios Aporé,
Santana e Quitéria e metade da área da Bacia do Rio
Localização Sucuriú. Nesta Zona, o sistema Aqüífero Bauru, um
dos mais importantes aqüíferos de MS, é responsável
A Zona Sucuriú-Aporé está localizada na porção pelo escoamento regional das áreas subterrâneas para
nordeste do Estado, fazendo divisa com os Estados os Rios Pardo, Verde e Sucuriú, e de Rios menores
de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, se estendendo nas Bacias dos rios Quitéria e Santana.
até a margem esquerda do Rio Sucuriú, desde seu
encontro com o Rio Paraná, até seu contato com os
limites da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari. Caracterização
A ZSA é composta por sete municípios e suas res- Desses municípios, Paranaíba é o que apresenta
pectivas sedes, Costa Rica, Chapadão do Sul, Cas- melhor destaque no ranking do PIB para esta Zona, en-
silândia, Inocência, Paranaíba, Aparecida do Taboado e quanto Selvíria é o município que aparece com o indi-
Selvíria, além de parte do município de Três Lagoas. A cador mais problemático economicamente. Entretanto,
população total nesses municípios é de 129,5 mil habi- faz-se necessário mencionar que nenhum dos municí-
tantes. A maior concentração populacional está sediada pios desta Zona está entre os piores desempenhos no
em Paranaíba onde residem 39,6 mil habitantes. A referido ranking. Neste conjunto de municípios, as mai-
menor população é a do município de Selvíria que tem ores rendas per capita fica para os municípios de
aproximadamente 6,1 mil habitantes. A área da ZSA é Chapadão do Sul e a para o município de Cassilândia.
de, aproximadamente, 29.396,194 Km2.
Quanto à participação dos setores produtivos
nesta Zona, predomina, como setor de maior desta-
Descrição que, o terciário, à exceção do município de Inocência,
onde o setor econômico mais importante é o primá-
Composta por regiões de relevo esculpido em rio. Cabe uma consideração particular para o municí-
litologias do Grupo Bauru, de idade cretácea, está repre- pio de Cassilândia, onde a seqüência dos setores se
sentada pelas Formações Adamantina e Marília, apresen-
inverte: secundário sobressai sobre o primário.
ta altimetrias entre 300 a 600 metros. Os patamares são
planos e de áreas dissecadas de topos tabulares, colinosos Os municípios de Costa Rica e Chapadão do Sul
e aguçados. As rampas são constituídas de planos e for- se apresentam como locais de agricultura tecnificada,
mas dissecadas de topos convexos e tabulares. Nas áre- produtores de soja, principalmente, e de algodão, es-
as do Rio Sucuriú, o relevo é constituído de modelados tando o segundo município em processo de consolida-
de dissecação colinosos por topos colinosos e áreas pla- ção como um centro regional de serviços. De modo
nas onde configuram a topografia suave e ondulada. Os geral, há um aproveitamento da situação de contato com
modelados de acumulação das áreas planas cor- os mercados dos outros Estados vizinhos, especialmen-
respondem às várzeas dos principais rios. Alguns ressaltos te em Chapadão do Sul e Aparecida do Taboado, apre-
topográficos aparecem aliados a topos colinosos. sentando, este último, incipiente processo de industri-
alização, embora o traçado da Ferronorte, que passa
As classes de solos predominandes são: Argissolo
pela Zona, não esteja sendo devidamente utilizado. De
Vermelho Amarelo, Gleissolo, Latossolo Vermelho,
modo geral, como no imenso entorno , prevalece a pe-
Neossolo Quartzarênico, Neossolo Litólico, Nitossolo
cuária, nos três estágios de criação.
Vermelho, Planossolo Háplico.
Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural,
A vegetação desta Zona caracteriza-se por uma
nota-se que a Zona em questão possui uma grande parte
savana arbórea aberta, que foi bastante alterada, res-
de estável a intergrades e outra de intergrades para
tando hoje apenas alguns fragmentos. Atualmente, é
instável, ou seja, é uma região muito intergrades, as-
possível observar extensas plantações de Eucalipto, e
sim como a vizinha Zona das Monções, enquanto a Carta
uma vegetação secundária de influência antrópica.
de Potencialidade Socioeconômica demonstra vasta
Nesta zona, as áreas protegidas representam 15,65%,
área de potencialidade elevada e outra de média para
sendo estas a APA Municipal Bacia Sucuriú, APA Mu-
alta potencialidade. Nestes termos, com baixa vulne-
nicipal das Nascentes do Rio Sucuriu, Parque Estadu-
rabilidade e grande potencialidade, a Zona Sucuriú-Aporé
al Nascentes do Taquari, Parque Municipal do Lage,
pode ser classificada como ZONA DE EXPANSÃO, con-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
98 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

forme a metodologia aplicada nesta Primeira Aproxi-


Ga.9 Zona Serra da abertas (Savana Gramíneo-Lenhosa), como formações
um pouco mais fechadas (Savana Arbórea Aberta).
qualitativos, o que faz desta Zona, conforme a teo-
ria da Ecodinâmica, uma Zona de intergrades. Quan-
vidade, consolidando roteiros turísticos mais con-
sistentes.
mação.
Bodoquena - ZSB Nesta Zona, as áreas protegidas representam
to à Carta de Potencialidade, observa-se um nível
· Fortalecer o município de Bonito como Destino Na-
de potencialidades elevado quanto à produção de
Diretrizes de Uso do Solo 7,20%. Destaca-se o Parque Nacional da Serra da cional Indutor, em conformidade com o enqua-
riqueza e à utilização imediata das terras, conside-
Gerais Localização Bodoquena, que embora com sérios problemas de
rada entre média para alta potencialidade. Nestes
dramento feito pelo Ministério do Turismo, incluin-
implantação e manejo, representa um ponto funda- do, de forma ativa, as comunidades locais em sua
A Zona Serra da Bodoquena está localizada no termos, unindo uma vulnerabilidade intergrades com
Na porção oeste desta Zona encontram-se os pata- mental na conservação da biodiversidade. Possui ain- cadeia produtiva.
sudoeste do Estado, tendo início às margens do Rio a média para alta potencialidade, esta Zona Serra
mares superiores com solos de aptidão agrícola variada. da a APA Municipal do Rio Perdido, RPPN Cara da
Apa, na fronteira com o Paraguai, tendo seus limites da Bodoquena é classificada como ZONA DE EX- · Aprimoramento tecnológico da pecuária, com
Nesse sentido, recomenda-se a implantação de agricul- Onça, RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, RPPN Fa-
definidos em conformidade com a Carta de Avaliação PANSÃO, conforme a metodologia estabelecida nes- melhoria do rebanho, em consórcio com outras
tura com alta mecanização para a produção de alimento zenda da Barra, RPPN Fazenda São Geraldo, MN Esta-
do Potencial dos Recursos Naturais do Atlas Multir- ta Primeira Aproximação. atividades produtivas de base tecnológica mais
de energia. dual Gruta Lago Azul, MN Estadual Rio Formoso, RPPN
referencial, que a delimita em função da existência de avançada.
Já a porção leste desta Zona está inserida na região Olhos Verdes (Faz. Margarida) e as terras indígenas
reservas relevantes de calcário e mármore. Recomendadas Sob Manejo Especial
do bolsão arenoso, coberta por Neossolos Quartza- Xodó do Vô Ruy. Diretrizes de Uso do Solo
rênicos, com erodibilidade muito forte e de baixa fertili- Essa Zona contém as sedes dos municípios de · Implantação de empreendimentos agroindustriais
dade natural. A altíssima permeabilidade atenua, em par- Bonito e Bodoquena e par te dos municípios de para produção de biocombustíveis com a utiliza-
te, a erosão superficial, mas favorece a erosão em pro- Miranda, Jardim e Bela Vista. Nesses, a população é
Caracterização Gerais ção de espécies vegetais nativas.
fundidade, na sua parte mais a leste (Cassilândia, Para- de 26,5 mil habitantes, os quais estão concentrados, O município de Bodoquena apresenta o maior In- Trata-se de uma região com particular beleza na- · Implantação de projetos e empreendimentos de
naíba e Inocência). Sendo assim, a utilização de suas em sua maioria, no município de Bonito que abriga dicador de Riqueza e PIB per capita, o que pode ser tural e com bom nível de preservação, denotando que aqüicultura, conforme normas a serem discutidas
terras inspira muito cuidado, devendo, inclusive, se esta- mais de dois terços desse quantitativo populacional. explicado, num primeiro momento, pela disparidade as atividades econômicas presentes nesta Zona, em pelos respectivos Comitês de Bacias e aprovados
belecerem programas incisivos de recuperação de áreas A área total desta Zona é de, aproximadamente, populacional entre esses municípios, já que os valo- especial a pecuária e o turismo, apresentam pressão pelos organismos ambientais, compatibilizando-os
degradadas e preservação de nascentes. 12.369,359 Km2. res totais do PIB bruto por município demonstram uma ambiental, até o momento, suportável, devendo-se com as atividades de turismo ecológico.
diferença significativa a favor de Bonito. recomendar a consolidação dessas funções produti-
Específicas · Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
Recomendadas
Descrição Em Bonito, a participação dos setores produtivos vas.
econômico.
obedece a uma hierarquia de contribuição econômica Há a presença de terras férteis e com capacidade
· Implantação de agricultura mecanizada para produ- Esta região corresponde a um conjunto serrano · Exploração sustentável das jazidas de mármore,
onde o principal setor é o terciário, sendo clara a par- para supor tar maiores investimentos, no setor
ção de alimentos e agroindústria, dirigidos à exporta- contornado por depressões com altimetrias variando calcário e fosfato, compatibilizando-a com a ativi-
ticipação do turismo nesse quadro. Seguem-se, nes- agropecuário e nas reservas minerais de grande qua-
ção, a oeste desta Zona, em conformidade com a de 200 a 700 metros. Encontra-se muito falhada, fra- dade turística e com a preservação dos complexos
se município, o setor primário e secundário. Já em lidade ali existentes.
aptidão agrícola existente, a leste, implantação de sil- turada e dobrada, originando feições complexas. O seu de cavernas existentes.
Bodoquena, embora o carro-chefe da economia mu-
vicultura diversificada variada e a consolidação da bloco mais compacto e representativo, a Serra da
nicipal seja o setor terciário, o setor secundário supe- Não Recomendadas
pecuária, com modernização do manejo. Bodoquena, compreende feições de relevos dobrados Específicas
ra o setor primário. Essa inversão entre os setores
muito evoluídos e relevos cársticos, com formas Recomendadas · Pecuária extensiva na zona de alta vigilância sani-
· Considerando as condições desta Zona em belezas na- secundário e primário em Bodoquena se deve, entre
dissecadas, outros apresentando modelados de dis- tária ao longo da fronteira.
turais, especialmente nos arredores do Rio Sucuriú, in- outros aspectos, pela existência da fábrica de cimen- · Implantação de empreendimentos e atividades vol-
solução e alojando relevos ruiniformes.
centivar a exploração sustentável do turismo na região. to naquele município. tados ao ecoturismo, aproveitando o potencial dos · Produção de carvão de madeira nativa para uso
· Implantação ou fortalecimento de atividades produ- Apresentam solos rasos e ocorrência de aflo- municípios de Bodoquena e Jardim para essa ati- industrial.
Ao mesmo tempo em que a Serra de Bodoquena
tivas de âmbito local e regional com capacidade para ramentos rochosos e relevo de morros. As depres-
apresenta possibilidades de se tornar pólo minerário,
o criatório de pequenos animais e instalação de pe- sões são ramificadas com planos localizados entre as
pela ocorrência de reservas significativas de már-
quenos produtores agrícolas. elevações e o sopé da Serra da Bodoquena.
more, calcário e fosfato, sua formação geológica
· Pecuária leiteira intensiva e semi-extensiva. As classes de solos predominantes são: Argissolo aponta importantes perspectivas de descobertas de
Vermelho Amarelo, Chernossolo Rêndzico, sítios arqueológicos e a existência de sistemas de
Recomendadas Sob Manejo Especial
Chernossolo Argilúvico, Gleissolo, Latossolo Verme- cavernas de grande valor científico, turístico e am-
· Implantação de micro e pequenas centrais hidrelé- lho, Neossolo Litólico, Neossolo Regolítico, Planossolo biental, e sua ocupação; principalmente na região de
tricas e usinas hidrelétricas. Háplico, Planossolo Solódico, Plintossolo e Vertissolo. Bonito, esses sistemas resultaram na sua consagra-
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor Nesta Zona, encontra-se uma das maiores áreas ção como grande destino eco-turístico de relevância
econômico. de Floresta Estacional Decidual Submontana do Esta- internacional. É uma condição, ao mesmo tempo,
Não Recomendadas do, localizada entres os município de Bonito e promissora e preocupante, que exige medidas de
Bodoquena, que representa um dos maiores remanes- gestão adequadas.
· Quaisquer atividades agropastoris sem adoção de
técnicas apropriadas para conservação do solo e centes de floresta do Domínio Atlântico do Mato Grosso Na Carta de Vulnerabilidade, observa-se que o
respectivo monitoramento. do Sul. nível de degradação ambiental é reduzido nesta
Além disso, ainda é possível observar, nesta Zona, Zona. Há presença de recursos hídricos em bom
· Implantação de novos assentamentos para a refor-
vegetação de Cerrado tanto nas fisionomias bastante estado de conservação, em termos quantitativos e
ma agrária.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 99
Ga.10 Zona Serra de Latossolo Vermelho Distrófico, Neossolo Litólico,
Neossolo Quartzarênico e Planossolo Háplico.
Maracaju - ZSM Esta Zona encontra-se parcialmente inserida no
Bioma da Mata Atlântica, contudo foi a que sofreu e ain-
Localização da vem sofrendo as maiores pressões, sendo conside-
A Zona Serra de Maracaju foi delimitada basica- rada a área mais crítica da vegetação do Mato Grosso do
mente em função da ocorrência denominada Forma- Sul. Restam hoje pequenos fragmentos de Floresta
ção Serra Geral, conforme a Carta de Geologia do Atlas Estacional Semidecidual Aluvial (trata-se de formação ri-
Multirreferencial, e que corresponde à existência de beirinha ou floresta ciliar que ocorre ao longo dos cursos
solos com aptidão agrícola boa e regular, conforme o de água ocupando os terrenos antigos das planícies
mesmo Atlas. Tem início ao sul, na fronteira seca com quaternárias) bastante alterados e na porção mais ao sul
o Paraguai e se estende rumo ao norte até parte do encontram-se pequenas manchas de Cerrado.
território municipal de São Gabriel do Oeste. Apesar de sua importância como representante da
Esta Zona contém as seguintes sedes municipais: biodiversidade Atlântica, as áreas protegidas represen-
Terenos, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nova Alvora- tam apenas 3,65% do total desta zona, além de não
da do Sul, Maracaju, Rio Brilhante, Antônio João, apresentar nenhum Parque. Nela encontram-se a APA
Douradina, Itaporã, Fátima do Sul, Ponta Porã, Laguna do Córrego Ceroula e Piraputanga, APA Municipal do
Carapã, Aral Moreira, Dourados e São Gabriel do Oeste, Córrego Guariroba, APA Municipal da Bacia do Rio
mais parte dos municípios de Campo Grande, Jaraguari, Amambaí, APA Municipal da Sub-Bacia do Rio
Bandeirantes, Rochedo, Corguinho, Rio Negro, Amambai, Cachoeirão, APA Municipal das Nascentes do Rio APA,
Juti, Caarapó, Vicentina, Camapuã e Anastácio. A ZSM APA Municipal do Rio Anhandui, APA Municipal do Rio
possui uma área de, aproximadamente, 40.835,034 Km2. Vacaria, APA Municipal Microbacia do Rio Dourados e
A Zona Serra de Maracaju é habitada por, aproxima- Brilhante, APA Municipal Rio Aquidauana (Corguinho),
damente, 500 mil habitantes, concentrados, majoritaria- Parte da APA Rio Cênico Rotas Monçoeiras, APA Sub-
mente, no município de Dourados onde residem mais de bacia do Rio Ivinhema – Angélica, RPPN Laudelino Flo-
180 mil pessoas. Esse número populacional coloca Dou- res de Barcellos, MN Municipal Morraria, RPPN Campo
rados como o segundo maior município do Mato Grosso Alegre, MN Municipal Serra de Bonfim, MN Municipal
do Sul. No restante dos municípios, apenas três localida- Serra de Nioaque, RPPN Morro do Peroba (Fazenda
des têm valores populacionais entre 25 e 30 mil habitan- Capão Bonito) e RPPN Nova Querência.
tes. Os demais municípios têm populações que em ne- Esta Zona é área de divisão hidrográfica das Bacias
nhum dos casos ultrapassa a casa dos 20 mil habitantes. do Paraná e Paraguai, abrangendo grande parte da Bacia
do Rio Ivinhema e parte das Bacias dos Rios Amambaí,
Pardo e Miranda. Há a ocorrência do Sistema Aqüífero
Descrição
Serra Geral, no centro-sul do Estado, no limite entre as
Corresponde ao Terceiro Patamar da Vizinha Zona Regiões Hidrográficas do Paraguai e Paraná, com maior
de Proteção da Planície Pantaneira, com relevo desdo- área de afloramento nesta última, abastecendo a cidade
brado de cuestas da borda ocidental da Bacia Sedi- de Campo Grande (na Bacia do Pardo), Dourados, Ponta
mentar do Paraná, esculpido em litologias basálticas Porã, Caarapó, Sidrolândia, e aflorando nas Bacias dos
da Formação Serra Geral, constituídas de escarpas ín- Rios Miranda e Apa, no extremo leste de ambas.
gremes e muito dissecadas. Os patamares são consti-
tuídos de relevos planos e dissecados, com altimetrias
que variam de 240 a 700 metros. O seu prolongamento Caracterização
é a região do Planalto Basáltico, onde se apresenta A melhor colocação no ranking do PIB é a de Doura-
rampeado, delineando um plano inclinado com orienta- dos, que está em segundo lugar, no Estado. A situação
ção norte-noroeste/sul-sudeste. Os modelados planos mais desconfortável, economicamente, nesse ranking é
e de dissecação apresentam topos tabulares e conve- a de Antonio João, não somente nesta Zona como tam-
xos. Os vales de fundo plano e baixas vertentes bém no contexto estadual, visto que este município está
dissecadas são constituídos de materiais alúvio- entre os dez piores no referido ranking no total dos se-
coluviais e de alteração do basalto. Os modelados pla- tenta e oito municípios. Outro aspecto que merece ob-
nos e de dissecação são os topos tabulares com servação é a renda per capita em seus municípios, dos
altimetrias que variam de 300 a 600 metros. quais, aproximadamente, 50 % dos mesmos têm renda
As classes de solos predominantes são: Argissolo per capita acima de 10 mil reais e 20 % desses municípi-
Vermelho Amarelo, Gleissolo, Latossolo Vermelho, os não têm renda per capita maior que 6 mil reais.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
100 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Em um eixo imaginário são organizadas as cida- desaparecimento continuado do Bioma do Cerrado e


des de Ponta Porã, Dourados, Maracaju e São Gabriel comprometendo com poluição (ainda controlada) vários
do Oeste, constituindo uma espécie de corredor onde corpos d’água, inclusive suas nascentes.
se manifestam as iniciativas agrícolas mais exitosas e Neste sentido, é necessário ter um cuidado espe-
em torno do qual se estruturam cadeias de agronegócios cial para com as matas ciliares, várzeas e fragmentos
de grande potencialidade econômica. É uma das ra- de vegetação nativa existentes, em especial ao longo
zões da existência de rede urbana mais adensada e de do Rio Ivinhema, onde se assenta o Corredor de Biodi-
maior consistência regional, tendendo a constituir po- versidade proposto. Igual cuidado deve ser dispensado
larizações importantes, no futuro. com a utilização de agrotóxicos nas lavouras.
Complementarmente, e de modo miscigenado, re-
gistra importante relevância de atividade pecuária, princi- Específicas
palmente de recria e engorda, necessitando, ao sul, de Recomendadas
políticas específicas de fronteira quanto à sanidade ani- · A ampliação da agricultura mecanizada, com alto
mal, necessidade que se manifesta de modo diverso quanto nível de tecnologia empregada, sem grande
a outro aspecto significativo, o turismo, que aponta uma reestruturação fundiária.
quantidade positiva tanto pelo volume de viajantes quanto · Aumento sustentável da produtividade da agricul-
pela sustentabilidade que apresenta historicamente. tura e da agroindústria.
Observando a Carta de Vulnerabilidade Natural · A implementação da indústria urbana de exporta-
pode-se identificar uma grande faixa de terras com ção, colocando-se aqui, como alternativa, a inicia-
alta capacidade de coesão e maturidade, aliada a um tiva de uma ZPE (Zona de Processamento para Ex-
relevo plano com poucas ondulações, o que permite a portação) em Ponta Porã, aproveitando-se a con-
utilização geral dos solos com relativa intensidade tanto dição fronteiriça regional.
para a agricultura quanto para a pecuária. O conjunto · O consórcio rotativo da pecuária com a agricultura
dos solos permite avaliar que a grande maioria en- mecanizada produtora de grãos, possibilitando o
contra-se no estágio de estável para intergrades e rodízio de utilização da terra, evitando-se a redu-
completamente estável. A potencialidade aparece, pre- ção da capacidade produtiva.
dominantemente, na condição de média para alta,
· Implantação e fortalecimento de atividades produ-
porém com mais de 30% do total da zona com status
tivas alternativas, de âmbito local e regional, com
de alta potencialidade. Nestes termos, a presença de
capacidade de impulsionar a pequena propriedade
um terreno com baixa vulnerabilidade e com alta
pastoril e assentamentos de trabalhadores rurais.
potencialidade classifica esta Zona Serra de Maracaju
· Considerando a região de fronteira, como zona de
como sendo ZONA DE CONSOLIDAÇÃO conforme a
alta vigilância para o controle de zoonose, recomen-
metodologia adotada nesta Primeira Aproximação.
da-se a utilização destas terras para silvicultura, prin-
cipalmente de espécies nativas (exemplo da erva-
Diretrizes de Uso do Solo mate) e para o fortalecimento da indústria moveleira
e construção civil.
Gerais
· Fortalecer a estrutura urbana do Pólo de Ligação de
Por se tratar de uma Zona Consolidada, faz-se ne-
Ponta Porã, qualificando sua infra-estrutura, equipa-
cessário o fortalecimento da estrutura urbana, em espe-
mentos públicos e serviços básicos, visando criar
cial dos Pólos de Ligação, qualificando a sua infra-estru-
condições para seu funcionamento como irradiador
tura, equipamentos públicos e serviços básicos, visando
de serviços, destino turístico e dinamizador de políti-
aperfeiçoar a sua funcionalidade como irradiadora de
cas transfronteiriças com o Paraguai, em conjunto com
serviços e dinamizadora do desenvolvimento regional.
os municípios da linha de fronteira da Zona Iguatemi.
Trata-se de uma Zona de terras de boa e regular apti- Recomendadas Sob Manejo Especial
dão agrícola dentro do Mato Grosso do Sul, historicamen-
· Ampliação da pecuária extensiva não consorciada
te produtora de alimentos com alta tecnologia, devendo-
com a produção agrícola.
se, portanto, priorizar a manutenção desta vocação.
· Piscicultura.
Deve-se observar que é uma região com grande
· Aproveitamento de fauna e flora nativa com valor
desenvoltura econômica no campo, provocando ao lon-
econômico.
go da história um intenso desmatamento com grande
prejuízo às matas ali existentes, em especial à Mata de Não Recomendadas
Dourados, exuberante até o final dos anos sessenta do · Pecuária extensiva na zona de alta vigilância sani-
século passado. Tal desmatamento tem provocado um tária ao longo da fronteira.
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Corredores de Biodiversidade Gb
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Zoneamento Ecológico-Econômico do
104 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Potenciais Corredores da Biodiversidade

O
s Corredores Ecológicos ou da Biodiversidade são áre- e neste, áreas prioritárias para conservação da bio- Estado do Mato Grosso do Sul, próximas ao maciço do
as estrategicamente destinadas à conservação am- diversidade foram identificadas. Esses limites foram fi- Amolar. Também merecem destaque as áreas no
biental na escala regional. Compreende uma rede de xados com base na distribuição de elementos da biota. Nabileque. Ao sul, localiza-se a região de influência do
áreas protegidas, entremeada por áreas com variáveis Realçando a importância biológica da área e com a iden- Chaco Paraguaio, com suas formações mais secas.
graus de ocupação humana (BRASIL, 2006). O manejo tificação da ação de conservação mais urgente.
LESTE / OESTE – Porção foi dividida nos eixos
é integrado para ampliar a possibilidade de sobrevivên-
Para cada área foi realizado um diagnóstico da superior, médio e inferior. O primeiro é formado pe-
cia de todas as espécies, a manutenção de processos
importância biológica e uma avaliação das ações los rios Cuiabá, São Lourenço e Piquiri. Liga as
ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma prioritárias para a conservação. Essas ações abran- chapadas ao rio Paraguai, incluindo o PARNA da
economia regional baseada no uso sustentável dos re- gem a proteção (criação de unidades de conserva- Chapada dos Guimarães, a reserva indígena Bororo
cursos naturais (FERNANDES, 2006). ção), o estudo cientifico (inventários), uso direto dos e a RPPN do SESC. No rio Piquiri, destaca-se a en-
Esses corredores aumentam a conexão entre re- recursos bióticos e a restauração e recuperação de trada do rio na planície com o estabelecimento de
manescentes de paisagens permitindo o trânsito e as áreas antropizadas (manejo). áreas protegidas no norte da região do Paiaguás. P
trocas genéticas de espécies no longo prazo (BRA- eixo médio relaciona o Pantanal com os chapadões
Foram essenciais na escolha os conceitos de encontra-se convertida em agropecuária, onde poucas
SIL, 2006). Além disso, têm também por objetivo a de Goiás, mas precisamente como PARNA das Emas.
bacias hidrográficas e de gradientes nas áreas e em manchas nativas ainda existem.
inclusão da sociedade em seus processos, práticas e Nesta região nascem os rios Taquari, Jauru, Coxim e
sua priorização onde teve a indicação de uma aborda-
política, da conservação da biodiversidade, denotan- Verde, cuja influência sobre o Pantanal é preponde- Na Primeira Aproximação, foram deferidos como
gem que incorpasse a estratégia dos corredores eco-
do a responsabilidade desses com os recursos natu- rante, sendo responsáveis pelas sub-regiões da Potenciais Corredores de Biodiversidade, as cabecei-
lógicos. Com esse objetivo tentando estabelecer um
rais, implicando assim o envolvimento ativo dos ato- Nhecolândia e Paiaguás. Nesta área estão previstas ras e Áreas de Preservação Permanente ao longo de
regime de uso da terra capaz de compatibilizar o seu
res locais e o desenvolvimento de sua capacidade de algumas ações conservacionistas como a expansão corpos d’água seguintes:
potencial produtivo com a conservação de seus re-
planejamento e habilidade de implementação de ações do PARNA das Emas e a APA do Alto Taquari. Plei- 1. Potencial Corredor de Biodiversidades Panta-
cursos naturais, e para isso foram usados os traba-
de conservação tornando-os fundamentais para a teia-se ainda a criação de uma área protegida que nal – Cerrado – Ao longo do Rio Taquari, do
lhos mais recentes na época como o Plano de Con-
sustentabilidade dos corredores. possa representar as áreas de influência do rio encontro como o Rio Paraguai até sua nas-
servação da bacia do Alto Paraguai (PCBAP).
Taquari. O Eixo inferior é composto pela bacia dos cente, Rio Coxim, Rio Verde, desde a nascen-
Quanto à nomenclatura dos corredores, ainda não As áreas apontadas como prioritárias estão divi- rios Negro e Miranda, sendo o primeiro, o mais con- te até o deságüe no Rio Paraná.
está claro se há diferenças conceituais e metodológicas didas em três classes. O nível máximo de prioridade servado do Mato Grosso do Sul. Algumas medidas
entre “corredor de biodiversidade” e “corredor ecológi- refere-se a áreas nucleares, onde se recomenda o 2. Potencial Corredor de Biodiversidade Pantanal
de conservação estão sendo tomadas nesta área,
co”, havendo especialistas que vêem diferenças e ou- estabelecimento de unidades de conservação de uso – Mata Atlântica – Ao longo do Rio Miranda,
como criação do Parque Natural e o sítio RAMSAR,
tros que não (CASES, 2006). Neste documento, optou- direto ou indireto. Um segundo nível de priorização desde o encontro com o Rio Paraguai até a
nas cabeceiras do rio Miranda. O PARNA da Serra da
se em chamá-los de Corredores de Biodiversidade. engloba as áreas onde as políticas de desenvolvimen- sua nascente, Rio São Francisco, Rio Passa
Bodoquena, que engloba os afluentes do rio Miranda
to devem observar padrões rígidos quanto a ações de Cinco, Rio Santa Maria e Rio Ivinhema, desde
O potencial para a conservação e utilização susten- e os rios Formoso e Salobra.
desmatamento, erosão, poluição por agentes quími- sua cabeceira até o deságüe no Rio Paraná.
tável da diversidade biológica existente na figura de “cor-
Extra a planície Pantaneira existem as áreas que
redores” ainda não é suficientemente explorado no Bra- cos, além de implementar um plano pormenorizado 3. Potencial Corredor de Biodiversidade do Chaco
merecem prioridade e foram demarcadas, abrangendo
sil. Várias experiências com corredores de biodiversidade para o uso do solo. As demais áreas devem receber – Partindo do Rio Paraguai, ao longo do rio
os cerrados do Mato Grosso do Sul. Inicialmente, fo-
estão sendo desenvolvidas por entidades governamen- um tratamento diferenciado por parte dos gestores Aquidabã e se estendendo pelo rio Salobra até
ram indicadas as várzeas do Ivinhema, com
tais e não-governamentais em quase todos os biomas públicos e privados para proteção deste (MMA, 1998). o rio Miranda.
ecossistemas fluviolacustre importantíssimos na
brasileiros. Porém, todas as experiências encontram-se Os corredores identificados foram divididos em: homeostase do rio Paraná. Um pouco mais ao norte, 4. Potencial Corredor de Biodiversidade da Pla-
ainda na fase inicial de implementação. encontra-se a bacia do rio Sucuriú, cujas nascentes são
NORTE / SUL – Acompanhando os rios Paraguai e nície Pantaneira – Ao longo do Rio Negro, des-
Para a Primeira Aproximação do ZEE foram estu- Jaurú no Mato Grosso, desce em direção ao Mato Gros- próximas ao PARNA das Emas e cuja foz com o rio de seu encontro coma Vazante do Corixão se
dados os corredores definidos pelo Ministério do Meio so do Sul até a região do rio Apa, próximo à cidade de Paraná oferece condição impar para a reprodução de estendendo pela Vazante do Feioso até as en-
Ambiente (MMA) em 1998 quando foi realizado o “Se- Porto Murtinho. Esta área engloba a REBIO Serra das peixes migratórios. Outra porção já bastante alterada costas da Serra de Maracaju, interligando atra-
minário de Áreas e Ações Prioritárias para a Conserva- Araras, a EE Taiamã, o PARNA do Pantanal Mato- no sul do estado abrange os campos de vacaria, com vés desta com o rio Taquari, nas proximidades
ção da Biodiversidade dos biomas Cerrado e Pantanal” Grossense e as RPPN Doroche e Penha estas já no ocorrência da erva mate. Atualmente, sua maior parte da cidade de Coxim.
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Arcos de Expansão Gc
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Zoneamento Ecológico-Econômico do
108 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

Arcos de Expansão (Mapas 26 a 30)

S
ão arranjos voltados à expansão da ca- vorável em termos de força de trabalho, organização território, com especial atenção ao escorrimento produtoras de energia e celulose/papel, além da side- • Priorizar a implantação de empreendimentos indus-
pacidade produtiva em localidades onde empresarial e infraestrutura disponível. superficial das águas pluviais; rúrgica e moveleiro-madeireira. Incluem-se também triais que utilizem Mecanismo de Desenvolvimento
a potencialidade socioeconômica deva ser • Priorizar a implantação de empreendimentos indus- neste Arco, como atividades indutoras, o aproveita- Limpo (MDL) e estratégias de Produção mais Lim-
Sendo assim, a definição produtiva indutora deste
desenvolvida em compatibilidade com a triais que utilizem Mecanismo de Desenvolvimento mento do potencial hidroelétrico do Rio Sucuriú, com pa (P+L);
Arco é a PRODUÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE
vulnerabilidade natural existente e em condições supor- Limpo (MDL) e estratégias de Produção Mais Lim- cuidados redobrados, no Corredor de Biodiversidade
COMMODITIES com agricultura de alta tecnologia, pe- • Priorizar a implantação de empreendimentos e par-
táveis e sustentáveis. Estes Arcos organizam, a partir pa (P+L); e Rio Verde, possibilitando a implantação de empre-
cuária intensiva de pequenos animais como ainda, in- cerias que resultem em processos de recupera-
das redes de cidades e eixos de desenvolvimento, as endimentos geradores de energia elétrica e a produ-
dústria da agropecuária e de cerâmica, que possibilite • Priorizar a recuperação das áreas de preservação ção de solos degradados;
políticas públicas e as iniciativas privadas que, estrate- ção de agroenergia e biocombustíveis, com aprovei-
maior efetivação de valor agregado. Para esta produ- permanente, e regularização de reservas legais, em
gicamente, busquem a especialização territorial produ- tamento de biomassa. Para todos estes empreendi- • Monitorar o uso e .a qualidade dos corpos d’água,
ção deverão ser observadas as áreas de vulnerabilidade especial ao longo dos rios Taquari, Coxim, Jauru,
tiva, o aumento da produção e da produtividade, a am- mentos deverá ser observada a Vulnerabilidade Natu- especialmente quanto à conservação do solo, e a
natural nas proximidades da Planície Pantaneira, em Figueirão e Rio Verde de forma a viabilizar o poten-
pliação do emprego qualificado, a inovação tecnológica ral caracterizada pelo terreno arenoso suscetível a ero- conservação e recuperação de áreas de preserva-
conformidade com a Carta de Vulnerabilidade Natural e cial Corredor de Biodiversidade proposto;
e a elevação da capacidade competitiva geral do Estado sões, com grandes dificuldades de recuperação. ção permanente.
as diretrizes gerais e zonais dessa Primeira Aproxima- • Monitorar a qualidade dos corpos d’água, especi-
frente às demandas nacionais e internacionais.
ção. Em locais com aptidão para culturas permanentes almente quanto à conservação do solo, e a conser- De forma complementar, este Arco deverá consi-
São estruturas econômicas dinâmicas que podem, devem-se privilegiar aquelas produtoras de alimentos vação e recuperação de áreas de preservação per- derar, na implantação das políticas indutoras, a impor- Gc.3 Arco Sul (Mapa 28)
continuamente, incorporar ou excluir localidades ou (fruticultura em especial), não se descartando, contu- manente. tância econômica e ecológica do turismo, especialmente
setores produtivos, em conformidade com o seu pró- do a plantação de culturas agrícolas permanentes que nas denominadas Regiões Turísticas da Costa Leste e Em conformidade com as diretrizes de uso
prio desenvolvimento e com a avaliação dos proces- aproveitem essa aptidão agrícola, como a heveicultura, Vale do Aporé, que vêm se consolidando como destino estabelecidas para a Zona Iguatemi, e parte sul da Zona
sos implantados e os resultados obtidos. silvicultura, dentre outras. A produção, neste Arco, des- Gc.2 Arco Leste (Mapa 27) de turismo náutico, de praias de água doce, pesca es- Serra de Maracaju, o Arco Sul é dirigido ao aumento da
tinar-se-á prioritariamente à exportação, significando, portiva e turismo rural, com aproveitamento dos lagos competitividade territorial da sua área de influência,
A realização dos Arcos de Expansão deverá se dar, Em conformidade com as diretrizes de uso
portanto, a elevação do padrão de competitividade e criados nos reservatórios construídos, inclusive. mediante a implantação de processos de desenvolvi-
necessariamente, a partir de iniciativas do Governo estabelecidas para as Zonas das Monções, Iguatemi e
certificação dos produtos definidos. mento local sustentável, visto que há potencialidade para
Estadual, em parceria com os governos locais, setores Sucuriú-Aporé, o Arco Leste é dirigido ao aumento da Ações Governamentais:
uma produção que recupere a tradição cultural de
produtivos, comunidades e entidades múltiplas, públi- É importante observar que neste Arco não se competitividade territorial de sua área de influência, Socioeconômicas extrativismo vegetal, incentivando a recuperação de áre-
cas ou privadas, baseadas fundamentalmente a partir inviabilizam outras cadeias produtivas, como a pecu- mediante a instalação de processos de inclusão de gran- • Incentivar a construção de indústrias com alta as degradadas com silvicultura nativa e as relações de
de quatro diretrizes, de natureza socioeconômica ou ária extensiva, indústria de biocombustíveis, agro- des extensões de terras de baixa aptidão agrícola, ha- tecnologia e que funcione com baixa capacidade fronteira. Na área de influência do Arco são encontra-
ecológica: Incentivar, Subsidiar, Priorizar, e Monitorar. energia e o turismo, todavia, estas não se colocam no vendo necessidade de altos investimentos para sua cor- ociosa, associadas à silvicultura; dos variados tipos de solos e um conjunto numeroso
mesmo nível de prioridade, como ações de competiti- reção e utilização à dinâmica produtiva do Estado. Em
No ZEE/MS – Primeira Aproximação - são pro- de municípios de pequeno porte, que tem possibilitado
vidade territorial e especialização produtiva. • Incentivar e subsidiar a instalação de empreendi-
postos cinco Arcos de Expansão, com as seguintes relação à Vulnerabilidade Natural, a área abrangida tem a presença da pecuária e agricultura, ambos com ren-
mentos que adensem a atividade turística e forta-
características: Ações governamentais: boa capacidade de suporte ambiental, e a análise da dimentos variados e várias iniciativas de arranjos pro-
leçam as cadeias produtivas associadas;
potencialidade socioeconômica aponta vantagens com- dutivos locais. Deve ser ainda considerada a condição
Socioeconômicas • Subsidiar a cadeia industrial de energia, indústria
parativas, pela sua localização estratégica, em relação fronteiriça com o Paraguai, que estimula o comércio de
Gc.1 Arco Norte (Mapa 26) • Incentivar a produção (agrícola, pecuária e industri- ao principal mercado produtor e consumidor do País. química, siderúrgica e madeireira, observando os
reexportação e outras formas de complementaridades,
al) associada à incorporação seqüencial de novas Enfraquecida por baixíssima e irregular densidade parâmetros de acesso à tecnologia e ao volume
assim como a hidrovia do Rio Paraná e a divisa com os
Em conformidade com as diretrizes de uso tecnologias e redução de capacidades ociosas; produtivo;
populacional e rarefeita malha rodoviária de acesso e Estados do Paraná e São Paulo.
estabelecidas para a Zona Alto Taquari e parte das • Incentivar a implantação de cursos de capacitação • Priorizar a criação de cursos de nível superior e pós-
escoamento, recomendando, destarte, investimentos
Zonas Sucuriú-Aporé, das Monções e da Serra de técnica visando aumentar a competitividade, pro- graduação em Engenharia Florestal e Química. Considerando a qualidade das terras, a condição
em empreendimentos industriais.
Maracaju, o Arco Norte é dirigido ao aumento da dutividade e capacidade de inovação; fronteiriça e a devastação da vegetação do Bioma Mata
competitividade territorial da sua área de influência, Considerando-se a baixa aptidão agrícola das ter- Ecológicas Atlântica, este Arco tem como definição produtiva
• Subsidiar o aumento sustentável da produção. ras e as dificuldades para efetivação da agricultura
mediante instalação de processos de inovação • Priorizar a recuperação das áreas de preservação indutora a INTEGRAÇÃO FRONTEIRIÇA E ADENSA-
tecnológica, voltados a produção agrícola e agro in- Ecológicas produtora de alimentos, a definição produtiva indutora permanente e regularização de reserva legal, em MENTO DAS CADEIAS PRODUTIVAS LOCAIS ASSO-
dustrialização, por possuir recursos minerais e ter- • Priorizar a implantação e melhoria de corredores para este Arco será a PRODUÇÃO DE ENERGIA, com especial ao longo do Rio Verde e Rio Ivinhema de CIADOS À RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DA MATA
ras com aptidão agrícola, com vulnerabilidade natu- de transporte, infraestrutura e logística, de forma alta tecnologia. Aqui se materializa um grande poten- forma a viabilizar o potencial Corredor de Biodi- ATLÂNTICA . A cultura extrativista herdada do antigo
ral suportável, e potencialidade socioeconômica fa- compatível com as condições sócio-ambientais do cial para a implantação de indústrias de silvicultura, versidade proposto; ciclo da erva-mate, como foi denominado esse perío-
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 109
do econômico, possibilita a indução de culturas como • Monitorar a integridade do Parque Estadual das Vár- teira, mostrando-se necessária a construção de um paisagens e à conservação e recuperação de áre- deve ser fortalecida e articulada com outros roteiros
a própria erva mate (Ilex paraguaiensis) e outras silvi- zeas do Rio Ivinhema, da cobertura vegetal ao longo elo no sentido de aprofundar a escala produtiva. A as de preservação permanente; importantes, como o das águas e o turismo andino.
culturas de origem da Mata Atlântica; mas também do potencial Corredor de Biodiversidade, que corta exploração da reserva de mármore no entorno de Bo-
• Monitorar a manutenção do potencial hídrico da Considerando-se o volume e a qualidade das reser-
possibilita a cultura de grãos e de mandioca em man- este ARCO, e das Várzeas marginais ao Rio Paraná. nito, bem como das reservas de calcário e fosfato,
Serra da Bodoquena e da região chaquenha, nas vas minerais, o potencial turístico (de pesca e con-
chas de terras de qualidade, bem como a integração poderá ser ampliada de forma consistente e sustentá-
proximidades de Porto Murtinho. templativo) e o potencial de exploração da relação
da pecuária semi-extensiva com culturas permanen- vel, observando a condição ambiental regional.
tes e temporárias. A condição fronteiriça possui gran- Gc.4 Arco Sudoeste (Mapa 29) O foco principal de atuação do Arco Sudoeste é a
fronteiriça, este Arco deve possuir uma definição produ-
tiva indutora voltada para a expansão da EXPLORAÇÃO
des potencialidades, corroborando para que haja
Em conformidade com as diretrizes de uso promoção da consolidação e associação das cadeias Gc.5 Arco Corumbá-Ladário MINERO-INDUSTRIAL, TURISMO e de COMÉRCIO IN-
intersecções de complementaridades de toda ordem.
estabelecidas para as Zonas Depressão do Miranda, do produtivas apontadas, de modo a incluir nessas, de (Mapa 30) TERNACIONAL. Tanto a exploração do minério quanto o
Devem ser apoiadas as iniciativas referentes ao co-
Chaco e Serra de Bodoquena, o Arco Sudoeste é dirigi- forma proativa, as comunidades e sua força de traba- turismo, e de relações econômicas com a fronteira estão
mércio fronteiriço, em especial de reexportação, e as Em conformidade com as diretrizes de uso esta-
do ao aumento da competitividade territorial de sua área lho, valorizando bens e modos culturais e explorando, subutilizados em relação ao potencial existente. Todavia,
possibilidades de nascimento, do lado paraguaio, de belecidas para a Zona Planície Pantaneira, o Arco
de influência, mediante instalação de processos de con- de forma sustentável, os recursos naturais existentes. todo este potencial está condicionado à existência da pla-
maquillas e, do lado brasileiro, de instalação de uma Corumbá-Ladário se dirige ao aumento da compe-
solidação e associação de cadeias produtivas vincula- nície pantaneira, o que significa a imposição de gestões
ZPE em Ponta Porã, além das potencialidades comer- Ações Governamentais: titividade territorial de sua área de influência mediante
das à diversidade econômica, presente em sua área de ambientais específicas. A navegação pelo Rio Paraguai,
ciais que podem ser exploradas com os Estados do instalação de processos de revitalização socio-
influência. Percebe-se que esta região é extremamente Socioeconômicas por exemplo, pela função que ocupa no cenário ecológi-
Paraná e São Paulo. econômica e cultural e de consolidação e inovação de
propícia para expansão de atividades turísticas devido • Incentivar o desenvolvimento tecnológico e a co, impõe limites restritivos ao volume de carga, ao ta-
cadeias produtivas, preferencialmente de forma as-
Ações Governamentais: ao “Circuito das Águas” existente entre Jardim, Bonito integração da pecuária com a agricultura; manho das embarcações e a sua velocidade.
sociada. Sua área de influência encontra-se em uma
Socioeconômicas e Bodoquena. É propícia ainda à expansão do turismo • Priorizar a implantação do eixo de desenvolvimen- região caracterizada como de conservação, pela rele- Ações Governamentais:
de pesca em Porto Murtinho e do turismo histórico (e to de turismo com a construção, ampliação e ma- vância ambiental e cultural, devendo ser estabelecidas
• Priorizar a implantação da ZPE em Ponta Porã, o Socioeconômicas
de fronteira) com a incorporação de Bela Vista, nutenção de infraestruturas necessárias; condições especiais para sua consecução. O Arco se
nascimento de pequenas unidades industriais, co-
conurbada com Bella Vista Norte (Py), e Nioaque, pos- • Incentivar a ampliação e modernização da extra-
merciais e de serviços em cidades na linha de fron- • Incentivar a dinamização do porto fluvial de Porto estabelece em torno da conurbação Corumbá-Ladário,
sibilitando percorrer parte significativa do território pal- ção e industrialização do minério de ferro, manga-
teira com a implantação do corredor de integração Murtinho; mas a referida área de influência abrange a planície
co da Guerra do Paraguai (ou Tríplice Aliança). A insti- nês e calcário, em articulação com o Eixo de De-
fronteiriça; • Incentivar a exploração sustentável das jazidas mi- pantaneira e o corredor hidroviário do Rio Paraguai.
tuição do Parque Nacional da Serra da Bodoquena re- senvolvimento de Industrialização;
• Incentivar a pecuária semi-extensiva em consórcio nerais da região; Separado da planície pantaneira pelo Rio Paraguai,
força, em longo prazo, essa potencialidade. • Incentivar o turismo cultural, ecológico, rural,
com a silvicultura e com culturas anuais; • Incentivar o aproveitamento de espécies da fauna o Maciço do Urucum possui reserva mineral de ferro
A presença de jazida de mármore (estimativas de contemplativo e de fronteira por meio de progra-
• Subsidiar a silvicultura e a indústria moveleira de e flora nativas de valor econômico, mediante ma- e manganês, explorada há mais de um século, e que
47,6 milhões de m3 de textura fina e cores variadas) mas de qualificação específicos e da dinamização
pequeno e médio porte; nejo ambiental adequado; estrutura a primeira cadeia produtiva a ser consolida-
nas proximidades da cidade de Bonito, além das reser- das redes de cooperação com a Bolívia;
• Subsidiar a produção de biocombustível por meio da. A crescente ampliação do comércio mundial de
• Priorizar a implantação de infraestruturas intermodais vas de calcário e fosfato, revela um grande potencial • Priorizar a instalação de uma ZPE (Zona para
do aproveitamento e plantio de palmeiras oleagino- aço faz desta reserva um potencial estratégico para o
de transporte, especialmente que viabilizem a inexplorado de expressiva capacidade econômica. Ob- Processamento de Exportação) em Corumbá;
sas nativas (bocaiúva e buriti) e seu processamento; Estado. Mais ainda. Há uma mobilização por parte do
integração com a infraestrutura sulina, notadamente servam-se também terras apropriadas para pecuária na Governo boliviano no sentido de iniciar a exploração • Subsidiar pequenas unidades industriais que te-
a do Estado do Paraná; região que contorna a Serra da Bodoquena e se esten- • Incentivar a criação de cursos de nível superior e pós-
do maciço do Mutum (braço do Urucum) na fronteira. nham potencial para exportação;
• Priorizar a criação de cursos de nível superior e dem até a região chaquenha de Porto Murtinho. graduação em Geologia, Arqueologia e Turismo.
• Priorizar a criação de cursos de nível superior e
pós-graduação em Engenharia Florestal. Ecológicas Deve ser considerada a condição fronteiriça de
Considerando o solo, o potencial turístico e o po- pós-graduação em Comércio Exterior, Turismo e
Corumbá e Ladário na semi-conurbação com Puerto So-
Ecológicas tencial de exploração mineral (mármore, metais, • Priorizar a recuperação das áreas de preservação Engenharia de Minas e, ainda, programas continu-
ares e Puerto Quijarro (cidades bolivianas). Esta relação
calcáreo, dentre outros), este ARCO tem como defini- permanente e regularização de Reserva Legal, em ados de capacitação e certificações.
• Priorizar a recuperação das áreas de preservação fronteiriça realiza diariamente movimento financeiro na or-
ção produtiva indutora a expansão sustentável e as- especial ao longo do Rio Miranda, Rio Nioaque e
permanente e regularização de reserva legal, em es- dem de U$ 3 milhões através do gasoduto, da movimen- Ecológicas
sociada do TURISMO, MINERAÇÃO SUSTENTÁVEL E Córrego Urumbeva, de forma a compor o potencial
pecial ao longo do Rio Ivinhema, de forma a compor tação portuária e dos fluxos de exportação para Bolívia • Monitorar a exploração e industrialização do miné-
AGROPECUÁRIA. Atualmente, a pecuária exercida Corredor de Biodiversidade com os Rios Brilhante e
o potencial Corredor de Biodiversidade proposto; via ferrocarril. Esse corredor de comércio internacional é, rio, mantendo-as dentro de parâmetros aceitáveis
nesta região é predominantemente de baixa produtivi- Ivinhema (a leste), e do Rio Nabileque (a oeste) de
• Priorizar a implantação de empreendimentos indus- além disso, uma das alternativas de implantação de sis- de utilização da natureza, e de recuperação das áre-
dade, considerando o potencial das terras utilizadas, modo a compor o potencial Corredor de Biodiver-
triais que utilizem mecanismo de desenvolvimento tema viário que atravessa o continente, interligando os as degradadas;
o que merece um programa de melhoria da qualidade sidade no Chaco;
limpo (MDL) e estratégias de Produção Mais Lim- dois oceanos. Constitui a segunda cadeia produtiva, que • Priorizar a implantação de empreendimentos indus-
e manejo do rebanho. Recomenda-se que a pecuária • Priorizar a implantação de empreendimentos indus- deve ser fortalecida por meio de políticas inovadoras.
pa (P+L); triais que utilizem Mecanismo de Desenvolvimento
esteja consorciada com a agricultura, preferencialmen- triais que utilizem mecanismo de desenvolvimento
• Priorizar a recuperação de áreas degradadas por Há ainda o potencial turístico da pesca e do turis- Limpo (MDL) e estratégias de Produção Mais Lim-
te o plantio de palmeiras oleaginosas nativas (bocaiúva limpo (MDL) e estratégias de Produção Mais Lim-
intermédio da silvicultura com especial atenção a mo contemplativo do Pantanal. A cidade de Corumbá é pa (P+L);
e buriti) para a produção de biocombustíveis. pa (P+L);
de espécies nativas; um dos destinos indutores da política brasileira de tu- • Monitorar a manutenção do potencial hídrico na
O Turismo (de Bonito em especial) é, atualmente, • Priorizar a recuperação de solos e pastagens de-
• Monitorar a qualidade dos corpos d’água, especi- rismo, posto que assumiu em virtude da importância região da Morraria do Urucum;
uma atividade de pouca articulação em rede, especi- gradados;
almente quanto à conservação do solo, e à conser- para essa atividade que o Pantanal Mato-Grossense • Monitorar a capacidade de suporte do ambiente,
vação e recuperação de áreas de preservação per- almente em relação ao Pantanal, aos atrativos históri- • Monitorar o uso e a qualidade dos corpos d’água, possui, sendo um dos mais conhecidos destinos do especialmente curso d’água e ictiofauna, frente ao
manente; cos regionais (Guerra da Tríplice Aliança) e com a fron- especialmente quanto à conservação do solo e turismo internacional. É a terceira cadeia produtiva, que turismo de pesca e contemplativo.
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Eixos de Desenvolvimento Gd
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Eixos de Desenvolvimento (Mapas 31 a 36)

E
ixos de Desenvolvimento são arranjos planalto da Bacia do Alto Paraguai, com incipientes ini- infra-estrutura e serviços públicos visando à conso- Os municípios situados em seu traçado abrigam Miranda, Zona Proteção da Planície Pantaneira, Zona
territoriais estruturados em função de ciativas de empreendimentos de turismo rural. lidação das cadeias produtivas da silvicultura e da cerca de 120 mil moradores e respondem a 4% do Serra de Maracaju e Zona das Monções. Ou seja, cor-
corredores de transporte, dos Pólos de agroenergia, atraindo investimentos privados e par- PIB estadual, aproximadamente. ta regiões de fragilidade ambiental muito variada: desde
Apresenta ainda uma baixa densidade populacional,
Ligação e dos Arcos de Expansão, res- cerias público-privadas e integrando vasta área do o Pantanal, a região ecológica mais frágil do Estado,
com população total de 857.225 habitantes. A estrutu- O Eixo tem um componente estrutural: a Rodovia
ponsáveis pela organização espacial dos vetores de território, atualmente subutilizada, ao processo pro- passando por uma parte muito consolidada de baixa
ra de transporte é deficiente, com malha rodoviária pou- a ser implantada, entre as cidades de Antônio João e
investimentos públicos e privados em infra-estrutura dutivo do Estado. Com isso, se viabiliza a implanta- vulnerabilidade, até as terras com fragilidade
co densa, com seu principal corredor rodoviário (BR Mundo Novo, passando pelas cidades existentes en-
econômica e logística para desenvolvimento de uma ção de modais de transporte e produção de energia intergrades dos municípios de Ribas do Rio Pardo,
163) com capacidade esgotada e a ferrovia (Ferronorte) tre esses dois extremos, como corredor de escoa-
ou mais cadeias produtivas, articulados com corre- proveniente de biocombustíveis e aproveitamento de Água Clara e Três Lagoas.
subutilizada. mento e via de ligação e integração entre os peque-
dores de exportação e com mercados consumidores potencial hidroelétrico, ar ticulando a ocupação
nos municípios da área de fronteira. O Eixo tem a fun- Sob o traçado deste Eixo encontram-se dois im-
nacionais. Colocam-se, assim, como fulcros de O Eixo de Desenvolvimento do Agronegócio tem territorial com o adequado desenvolvimento urbano
ção prioritária de favorecer a articulação de ações portantes eixos de transportes: a BR 262 e os cami-
integração, desenvolvimento regional e competitividade a função principal de estruturar a expansão da capa- e social das cidades e das áreas de abrangência do
públicas de integração intermunicipal e internacional, nhos de ferro da antiga Estrada de Ferro Noroeste do
territorial. cidade agrícola do Estado, com a ampliação das áre- Eixo, especialmente Camapuã, Ribas do Rio Pardo,
visando à qualificação das atividades econômicas exis- Brasil, atualmente operada pela ALL (América Latina
as produtivas e fomento de ações de elevação da pro- Água Clara, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina,
O ZEE/MS – Primeira Aproximação - contém os tentes, para o desenvolvimento local e regional, além Logística), em concessão federal. Nos últimos anos,
dutividade rural e modernização tecnológica, e a in- Bataguassu, Figueirão, Alcinópolis, Pedro Gomes e
seguintes Eixos de Desenvolvimento: de servir de ferramenta para implementação de ações a BR 262 passou por um processo de restauração
corporação de iniciativas de implantação de mecanis- Sonora.
• Eixo de Desenvolvimento do Agronegócio transfronteiriças com o Paraguai. que possibilita um aumento substantivo de sua capa-
mos de produção certificada e de manejo ambiental
cidade de carga, consolidando-a como o segundo
• Eixo de Desenvolvimento da Energia adequados às condições de vulnerabilidade nas Zo- O objetivo geral deste Eixo é criar ambientes inte-
• Eixo de Desenvolvimento e de Integração da nas de influência. Em termos estratégicos, o Eixo de- Gd.3 Eixo de Desenvolvimento e de grados, seguros e controlados, ao longo da fronteira
ponto de entrada de produtos no Mato Grosso do Sul,
sendo também um caminho de ligação da Bolívia ao
Fronteira Sul verá integrar suas localidades às dinâmicas produti- Integração Fronteira Sul (Mapa 34) seca sul, para desenvolvimento de novos arranjos pro-
Porto de Santos e Paranaguá. Atualmente, a Ferrovia
vas em curso, na região mais consolidada economi- dutivos, atração de investimentos externos e organi-
• Eixo de Desenvolvimento da Indústria O Eixo de Desenvolvimento e de Integração Fron- Novoeste apresenta nível de sucateamento muito ele-
camente do Estado, delineada pelo Eixo Campo Gran- zação dos investimentos públicos.
• Eixo de Desenvolvimento do Turismo teira Sul tem, em seu extremo sul, a cidade de Mundo vado, cumprindo papel limitado no transporte de mi-
de/Dourados/Maracaju.
Novo, percorrendo as cidades de Japorã, Sete Que- nério de ferro e manganês. Todavia, jamais pode ser
das, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta desprezada a sua capacidade de mobilização econô-
Gd.1 Eixo de Desenvolvimento do Gd.4 Eixo de Desenvolvimento
Porã e Antônio João, abrangendo duas Zonas: Iguatemi mica, se restaurada. Há que ser contabilizados ainda
Agronegócio (Mapa 32) Gd.2 Eixo de Desenvolvimento da Indústria (Mapa 35)
e Serra de Maracaju. O Eixo está contido no Arco Sul três axiais de transportes: um, o Rio Paraguai e os
da Energia (Mapa 33) deste ZEE, em região fortemente influenciada pelo O Eixo de Desenvolvimento da Indústria está situ- seis portos na região da fronteira Brasil-Bolívia que,
O Eixo de Desenvolvimento do Agronegócio está
O Eixo de Desenvolvimento da Energia tem início na ambiente de fronteira. Com exceção de Ponta Porã, ado em uma faixa territorial com segmentos de carac- apesar da fragilidade ambiental oferecida por seus
situado ao norte do Estado, tendo início na cidade de
cidade de Costa Rica e, através do traçado da Rodovia todos os municípios da região são de pequeno porte, terísticas variadas do Mato Grosso do Sul, ligando as meandros, cumpre (e cumpriu historicamente) desta-
Campo Grande, passando pelas cidades de Rochedo,
MS 426, a ser implantada, em direção a Água Clara, se com populações abaixo de 14 mil moradores, de base cidades de Corumbá, no seu extremo Oeste, a Três cado papel no transporte de minério e grãos; o outro,
Corguinho, Rio Negro, Rio Verde, Alcinópolis, Figueirão,
estende até a cidade de Nova Andradina. Está situado, agropecuária predominante. Lagoas, no extremo Leste do Estado, passando pela o Rio Paraná, hoje com um potencial de navegação
Costa Rica, se estendendo até a cidade de Chapadão
portanto, nas Zonas Sucuriú- Aporé e das Monções. Capital do Estado, Campo Grande. muito pouco explorado; e, por fim, o gasoduto Brasil-
do Sul. Em seu traçado, percorre quatro Zonas Ecológi- A área de influência do Eixo se caracteriza, ainda,
Bolívia que possibilita a disponibilidade de energia lim-
cas Econômicas: Serra de Maracaju, Proteção da Pla- Está em posição axial norte-sul em relação à vasta por intensa integração social e econômica informal Estão incorporados neste Eixo os municípios –
pa com preço mais competitivo.
nície Pantaneira, Alto Taquari e Sucuriú-Aporé. região do Estado, sem infra-estrutura de transporte, com as comunidades paraguaias situadas na faixa de de Leste para Oeste – de Três Lagoas, Água Clara,
com pequena população urbana e com atividades eco- fronteira, com conseqüências na formação das iden- Ribas do Rio Pardo, Campo Grande, Sidrolândia, Ro- É importante aludir que este Eixo liga dois Arcos
A área de influência do Eixo apresenta característi-
nômicas diversificadas e descontinuadas, com pre- tidades e expressões culturais locais e regionais, em chedo, Jaraguari, Terenos, Dois Irmãos do Buriti, de Expansão definidos neste ZEE: o grande Arco Les-
cas ambientais diversas onde se registram cabeceiras
dominância de pecuária extensiva. forte intercâmbio comercial e mútua migração de for- Aquidauana, Anastácio, Miranda, Ladário e Corumbá. te e o Arco Corumbá-Ladário, com definições muito
de mananciais, tanto da Bacia do Rio Paraguai quanto
ça de trabalho, que, por outro lado, causam impacto Estes municípios agrupam uma substantiva parte da claras para incrementar atividades econômicas, além
da Bacia do Rio Paraná; solos com aptidão agrícola Os municípios influenciados diretamente pelo Eixo
não-formal nos sistemas sociais públicos do lado bra- população do Mato Grosso do Sul, totalizando de atravessar uma região consolidada economicamen-
variada; dois importantes pólos agrícolas com forte possuem uma população de, aproximadamente, 70
sileiro. 1.139.258 habitantes (aproximadamente 49% do Es- te, estruturada entre São Gabriel do Oeste, Campo
aporte tecnológico, São Gabriel do Oeste e Chapadão mil moradores e respondem a 4% do PIB do Estado.
tado). Grande e Dourados.
do Sul, e municípios com poucas perspectivas e alter- Registra-se, na faixa de influência do Eixo, quan-
O Eixo tem como função prioritária a organiza-
nativas de atividades econômicas, alguns situados so- tidade considerável de terras indígenas e assentamen- Este Eixo passa por cinco Zonas definidas por este Em termos econômicos este Eixo passa por ci-
ção territorial e a orientação para investimentos em
bre a zona de transição entre a planície pantaneira e o tos rurais. ZEE: Zona Planície Pantaneira, Zona Depressão do dades que juntas somam 44% do PIB do Estado
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118 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

(Corumbá, Campo Grande e Três Lagoas) e são os reorientando a distribuição espacial da produção in-
municípios mais industrializados e em pleno proces- dustrial, a produção da silvicultura e a readaptação
so de crescimento. A proximidade com São Paulo tem dos transportes às fragilidades pertinentes.
feito de Três Lagoas uma cidade com forte desenvol-
Isto se justifica devido aos elementos levantados
vimento industrial; Campo Grande, por ser a capital
anteriormente. O Pantanal é um patrimônio nacional;
do Estado e a cidade mais populosa (possuindo, por-
mais que isto, é um patrimônio das gerações futuras
tanto, abundância de mão-de-obra, sendo centro dis-
do povo do Mato Grosso do Sul. Neste sentido, o que
tribuidor e de consumo) também tem se
for possível realizar para não mudar as características
consubstanciado em uma localidade de expansão in-
físicas de seu terreno deverá ser implementado. Por
dustrial; e Corumbá, onde as reservas minerais de
outro aspecto, os municípios e a sua população não
ferro, manganês e calcário colocam-na como uma
podem ser penalizados com restrições impositivas que
natural receptora de indústrias da mineração e a sua
corroborem com a inércia econômica e desestimulem
condição de fronteira evidencia várias possibilidades
investimentos. A função deste Eixo é, senão, reparar
industriais. Estas três cidades apresentam um ritmo
os equívocos estabelecidos pela ausência de planeja-
elevado de tráfego de carga-e-descarga e transbordo
mento na ordenação do território.
de passageiros de transportes rodoviários, transfor-
mando-os em três destacados Pólos de Ligação na
estrutura sócio-produtiva do Estado. Não podem ser
Gd.5 Eixo de Desenvolvimento
desprezadas, ainda, as cidades de Aquidauana, Ribas
do Rio Pardo, Água Clara e Sidrolândia, com cresci- do Turismo (Mapa 36)
mentos industriais consideráveis em tempos mais re- O Eixo de Desenvolvimento do Turismo está situ-
centes. ado no sudoeste do Estado, tendo em um de seus
Observando-se a Car ta de Potencialidades extremos a cidade de Bela Vista, contendo em seu
Socioeconômicas deste ZEE, os municípios que com- traçado as cidades de Jardim, Guia Lopes da Laguna,
põem o Eixo possuem uma boa capacidade de produ- Bonito, Bodoquena, Miranda, Corumbá e Ladário. Atra-
ção de riqueza, especialmente aqueles situados na vessa as Zonas Serra de Maracaju, Depressão do
Bacia do Rio Paraná, como Três Lagoas, Ribas do Rio Miranda, Serra da Bodoquena e Planície Pantaneira,
Pardo, Campo Grande e Sidrolândia. É esta capacida- com ambientes econômicos diferentes: fazendas
de de produção de riqueza que deverá ser pantaneiras, pólos de mineração, atrativos turísticos
potencializada pelo Eixo, em especial considerando o de relevância internacional e regiões de fronteiras. In-
potencial de uso da terra estabelecido. Por outro lado, corporam, em seu traçado, praticamente todas as
em termos sociais, praticamente, todos os municípi- paisagens importantes do Estado e contêm áreas de
os respondem com uma condição muito satisfatória; valor patrimonial, ambiental, arqueológico e pale-
nestes termos, há espaço para potencializar a utiliza- ontológico.
ção da mão-de-obra através programas de capacitação Os municípios situados em seu traçado abrigam
profissional para o fim industrial. cerca de 295.000 moradores, e respondem por, apro-
Porém, a Carta de Vulnerabilidade Natural aponta ximadamente, 10 % do PIB do Estado.
alguns riscos consideráveis. A primeira e mais consi- O Eixo se realiza através de vários corredores de
derável é o fato de que o Eixo corta a Planície do Pan- transporte e ligação: o hidroviário do Rio Paraguai,
tanal onde, praticamente, fica inviabilizada a manipu- que possibilita a conexão do Eixo até Buenos Aires e
lação industrial de cargas perigosas como, por exem- Montevidéu; o ferroviário, que possibilita sua articula-
plo, a de produtos químicos, com potencial de desas- ção com os circuitos turísticos andinos; e o aéreo,
tres de proporções irreparáveis. Esta fragilidade aponta que possibilitasse ligação com importantes pólos,
também no sentido de limitar o uso da terra nesta re- como por exemplo, Foz do Iguaçu no Paraná.
gião e o transporte de grandes volumes de cargas por
O Eixo de Desenvolvimento do Turismo tem a fun-
barcaças no Rio Paraguai, limitando, como efeito, a
ção prioritária de fortalecer e expandir o principal corre-
indústria da agricultura e a indústria da madeira, entre
dor turístico do Estado, a partir de dois destinos
outras muitas.
indutores do turismo nacional: Corumbá e Bonito, e um
O Eixo possui a função prioritária de expandir a dos mais fortes pólos receptivos do Estado, Ponta Porã,
capacidade industrial do Estado, aproveitando as tradicional local de turismo de compras, viabilizando
potencialidades estabelecidas, ao mesmo tempo, sua inserção em circuitos turísticos mais amplos.
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Carta Síntese de Gestão e Ações Estratégicas H


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Zoneamento Ecológico-Econômico do
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Carta de Gestão do Território e Ações Estratégicas

E
sta Carta de Gestão não é uma conclusão, apenas re- requerer maiores cuidados: a Zona da Planície de conservação dos recursos naturais. Possibilita re-
trata a síntese de todo o trabalho desenvolvido pelo Pantaneira, Zona de Proteção da Planície Pantaneira, equilibrar a atual estrutura da ocupação territorial, com
Zoneamento Ecológico-Econômico em sua Primeira Zona de Depressão do Miranda e Zona do Chaco Brasi- adequada distribuição da infra-estrutura alinhada a
“... esta Carta de Gestão do
Aproximação. É, portanto, orientadora para políticas leiro. Mesmo que estas Zonas apresentem integração dos transpor tes. Cria um novo marco
públicas na organização do território e na definição de potencialidades diversas estão assentadas sobre ter- Território e Ações Estratégicas se regulatório de uso e ocupação do território com uma
ações estratégicas. É, assim, um instrumento para o renos com limitada capacidade de uso imediato do solo propõe a ser um legítimo aparelho possível redefinição e reorientação dos investimentos
desenvolvimento a partir do momento em que asseve- para atividades intensivas; este fato não reduz suas tanto do setor público como do setor privado, o que,
ra os Arcos de Expansão e dos Eixos de Desenvolvi- potencialidades apenas requer uma atenção mais arti- de apoio às ações noutros termos, capacita o Estado de criar condições
mento, plenamente definidos e relacionados aos ele- culada aos manejos ambientais de conservação. En- descentralizadas pautadas na para re-diversificação da base econômica com
mentos de distribuição da infra-estrutura logística que quanto as demais Zonas, que também possuem limites flexibilização normativa e participação vinculada dan-
interligam os Pólos de Ligação e certifica parâmetros na utilização do solo, porém, são regiões com maior
valorização e reverência aos do força às localidades; possibilitando, por efeito, a in-
para a especialização produtiva das diversas regiões capacidade para o adensamento de atividades produti- recursos naturais, na inclusão serção de iniciativas produtivas locais apoiadas na cri-
do Estado. vas mais diversificadas. ação de dinâmicas econômicas inovadores capazes
social e na capacidade
de melhor a capacidade endógena dos municípios de
Entretanto, há que contabilizar que a consolidação Há ainda, dois objetos plotados nesta Carta dig-
competitiva do território sul-mato- pequeno porte (maioria no Mato Grosso do Sul). Esti-
da economia está assentada sobre as onze Zonas defi- nos de registro: um os potenciais corredores de
nidas – diga-se após largo processo de estudos técni- biodiversidade e, outro, as grandes áreas de conser- grossense. Mas, sobre muito, esta mula a criação de instrumentos de certificação social,
econômica, ambiental e empresarial, como ainda, a
cos e exaustivos debates com a comunidade. As Zonas vação e reservas. Estes potenciais Corredores de Carta necessita se consolidar em adoção de sistemas de produção orgânica e mecanis-
são objetos geográficos que delimitam porções Biodiversidades pretendem se consolidar como uma
territoriais com características próprias com formas, rede de ligação entre pequenas e grandes unidades não ser o estatuto das proibições, mos de desenvolvimento limpo. Abre também a possi-
bilidade de reavaliar e reavivar a preservação do
funções, estrutura e processos compatíveis; partindo de conservação dentro do Estado, especialmente li- a constituição do nada pode, a patrimônio cultural, artístico e arqueológico, mediante
de suas delimitações concretas, confirmam-se em ins- gando uma ponta (o Rio Paraguai) a outra (o Rio
trumentos de orientação estabelecendo parâmetros uti- Paraná). Estes Corredores apresentam-se apenas
compleição da intransigência e da a proteção de bens e valores representativos.
lização do território. Nestes termos, as ações para o como proposta, devido ao fato de que as experiências carência de diálogo. Senão, muito Por todos os meios esta Carta, solidifica o firme pro-
desenvolvimento econômico, em suas diversas esca- encontradas no Brasil estão em fase de pósito de estimular a qualidade de vida das comunidades
ao contrário. A condução de seus
las, devem ser compatibilizadas as diretrizes transcor- implementação, requerendo estudos mais reduzindo a vulnerabilidade social. Ou seja, apresenta-se
ridas do conjunto das especificidades consolidadas para aprofundados e mais consistentes, todavia, a sua pre- desígnios está no princípio de um como um documento que reafirma as metas gerais
cada Zona. sença nesta Carta respalda a necessidade de serem longo processo de parceria e estabelecidas em Primeira Aproximação neste Zonea-
observados quando da implantação de projetos eco- mento Ecológico-econômico do Mato Grosso do Sul.
É sempre importante reafirmar que estas Zonas
nômicos. Assim, como as áreas de preservação e diálogo com a comunidade
são frutos de um cuidadoso levantamento das condi- Por fim, mas jamais em último lugar, esta Carta de
ções do grau de vulnerabilidade natural sobreposta as
reservas, estas disciplinadas no estatuto legal, de- calçado na deferência aos Gestão do Território e Ações Estratégicas se propõe a
vem ser observadas como forma de desestimular
potencialidades socioeconômicas pertinentes. Esta
rusgas e contradições.
antagonismos de idéias, na ser um legitimo aparelho de apoio às ações descentra-
sobreposição permitiu captar as peculiaridades de cada lizadas pautadas na valorização e respeito aos recur-
parte do território e, como efeito, indicar diretrizes ge- Esta Carta funda com susceptível autoridade uma
reverência aos princípios sos naturais, na inclusão social e na capacidade com-
rais e específicas do uso do solo. E, dentre as diretrizes compreensão do território. Permitindo, assim, que democráticos e no cultivo ao petitiva do território sul-mato-grossense. Mas, sobre
específicas foi possível estabelecer ações recomen- ações públicas e privadas possam dar consistência ao muito, esta Carta necessita se reafirmar como não ser
respeito mútuo.”
dadas, recomendadas sob manejo especial e não reco- uso das diversas malhas (transportes, energia e servi- o instituto das proibições, a constituição do nada pode,
mendadas, de tal modo que as Zonas tornam-se a base ços em geral); reafirma e consubstancia os pontos a compleição da intransigência e da ausência de diálo-
sobre a qual todos os outros rudimentos devem se con- nodais de articulação e juntura; além de permitir a Com base nestas premissas, esta Carta de Gestão go. Senão muito ao contrário. A condução de seus pro-
solidar. ampliação positiva das redes e dos circuitos de comu- do Território e Ações Estratégicas propõe a reorientação pósitos está no principio de um longo processo de diá-
nicações, informação e cooperação, relacionando to- do desenvolvimento do Mato Grosso do Sul perfeita- logo calçado na deferência aos antagonismos de ideias,
Ainda que todas as Zonas estabelecidas sejam
dos aspectos às condições naturais e a elevação das mente alinhado ao processo de integração a mercado na reverencia aos princípios democráticos conduzidos
passiveis de intervenções que resguardem suas pro-
condições de vida de toda população. nacional e internacional mediante a responsabilidade no respeito mútuo.
priedades naturais, vale aludir que quatro delas vão
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 129

Definição de termos técnicos do Zoneamento Ecológico-Econômico de Mato Grosso do Sul


(contribuições de fontes diversas)

A Áreas Prioritárias para conservação da Biodiversidade - são áreas


prioritárias para a conservação, utilização sustentável e reparti-
canal de drenagem da bacia hidrográfica, cheio de meandros, baixa
velocidade, espalhando na época de cheia suas águas, nutrientes e vida
Chaco – o Gran Chaco Sul-Americano ou simplesmente Chaco é o
único bosque seco subtropical do mundo, coberto pela mata seca
Ablação - São todos os processos pelo qual a neve, o gelo ou a água ção dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições para toda a planície pantaneira. contínua mais extensa da América do Sul. Estende-se por aproxi-
são perdidos por uma geleira, pelo gelo flutuante ou pela cobertura do Ministério do Meio Ambiente, instituídas por portaria ministeri- madamente um milhão de km2 pela Bolívia, Paraguai e na Argen-
Bacia hidrográfica - área total drenada por um rio e seus afluentes.
de neve sazonal. Inclui derretimento, evaporação, desprendimen- al. Estas áreas estão identificadas no “Projeto de Conservação e tina e uma pequena faixa no Brasil, com cerca de 70 mil km2. Tem
Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – Binário – Provindo do Latim “binariu”, pode ser usado como adjetivo - grande riqueza de espécies, com 3.400 plantas, cerca de 500 aves,
to, erosão eólica e avalanches. É também usado para expressar a
PROBIO”. São consideradas para fins de criação de Unidades de aquilo que tem duas unidades, dois elementos, ou como substan- 150 de mamíferos, 120 de répteis e 100 de anfíbios. O nome Chaco
quantidade perdida por esses processos.
Conservação (UCs), pesquisa e inventário da biodiversidade, utili- tivo masculino – conjugado. deriva da palavra “Chaku”, da língua indígena quíchua, que quer
Acidificação - Aumento da acidez do meio resultante da volatilização
zação, recuperação de áreas degradadas e de espécies Biocombustível – combustível produzido a partir de fontes (matérias- dizer “território de caça”, uma alusão às expedições de caça anu-
de diversos compostos, nomeadamente óxidos de azoto e amô-
sobreexplotadas ou ameaçadas de extinção e repartição de bene- primas) biológicas renováveis como o álcool (etanol), biomassa ais, realizadas pelo império Inca na região, visto que havia uma
nia que contaminam as chuvas, provocando alterações quími-
fícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao conheci- (bagaço de cana-de-açucar, por exemplo) e biodiesel. Os enorme quantidade de animais silvestres que viviam no Chaco.
cas.
mento tradicional associado. biocombustíveis reduzem muito as emissões de CO2 enxofre, com- Coliformes Fecais – são bactérias que estão presentes em grandes
Agroenergia - termo utilizado para identificar a concepção e ações parados aos combustíveis como o óleo diesel e gasolina. São obti-
Arqueologia - (do grego, «archaios», antigo, e «logos», discurso de- quantidades no intestino dos animais de sangue quente, reprodu-
estratégicas para aproveitamento de produtos agrícolas e flores- dos a partir de milho, soja, linhaça, pinhão-manso, mamona, cana-
pois estudo, ciência) é a disciplina científica que estuda as cultu- zem-se ativamente à temperatura de 44,5 ºC, valor de temperatu-
tais para a produção de energia renovável. Estas ações podem de-açúcar, óleo de palma, esgoto, restos de comida, dejetos ani-
ras e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios ra este que lhes permite também fermentar o açúcar e a lactose,
ser desenvolvidas através da utilização de produtos como: a cana, mais e arroz, mas não são limitados a apenas essas fontes.
materiais. É uma ciência social, isto é, que estuda as sociedades, com produção de ácidos e gases. São muitas vezes usadas como
incluindo a produção de álcool combustível e a co-geração de
podendo ser tanto as que ainda existem, quanto as já extintas, Biodiversidade - Ou diversidade biológica é a diversidade da natureza indicadores da qualidade sanitária da água, e não representam por
energia elétrica, os óleos e gorduras vegetais e animais para a
através de seus restos materiais, sejam estes móveis (como por viva. si só um perigo para a saúde, servindo antes como indicadores da
produção de biodiesel, as florestas (plantadas ou nativas) e seus
exemplo um objeto de arte, as vénus) ou objetos imóveis (como é presença de outros organismos causadores de problemas para a
produtos e co-produtos e outros resíduos agropecuários, como Biomas – Unidade ecológica de grande extensão de área modelada pela
o caso das estruturas arquitectónicas). Incluem-se também no saúde.
por exemplo, estercos para produção de biogás. interação entre os climas, seres vivos e solo de uma determinada
seu campo de estudos as intervenções feitas pelo Homem no região. Os biomas possuem fisionomia homogênea e um tipo de Commodities - termo usado em transações comerciais internacio-
Agroindústria - indústria que mantém suas relações com a agricul- meio ambiente. formação vegetal predominante, sendo facilmente identificáveis. São nais para designar um tipo de mercadoria em estado bruto ou
tura ou depende desta, já que se beneficia de matéria-prima
Arranjos Produtivos Locais (APLs) - são aglomerações de empresas grandes os impactos sofridos pelos biomas brasileiros – Caatinga, com um grau muito pequeno de industrialização. As principais
oriunda da agricultura. Já agroindústria artesanal é uma indús-
localizadas em um mesmo território, que apresentam especiali- Campos Sulinos (Pampa), Cerrado, Floresta Amazônica, Mata Atlân- commodities são produtos agrícolas como café, soja e açúcar
tria que processa alimentos de origem animal e vegetal obtendo
zação produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, co- tica, Pantanal e Zona Costeira e Marinha –, que já perderam grande ou minérios, como o cobre, aço e ouro, entre outros.
produtos que mantenham características tradicionais, culturais parte de sua área original.
operação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais
ou regionais, produzidos em pequena escala, obedecendo Commodities ambientais - são mercadorias originadas de recursos
como: governo, associações empresariais, instituições de crédi- Biopirataria - A exploração, manipulação, exportação e/ou comer-
parâmetros fixados em regulamentos. naturais padronizadas para compra e venda: água, energia, ma-
to, ensino e pesquisa. cialização internacional de recursos biológicos que contrariam as deira, biodiversidade, reciclagem, emissão de poluentes e miné-
Agronegócio - o conjunto de atividades relacionadas a um produto normas da Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992.
Assoreamento - depósito de sedimentos (transportados a curtas ou a rio, ou seja, matérias-primas vitais para a sobrevivência da agri-
de origem agropecuária. O agronegócio abrange desde a produ-
longas distâncias) resultantes de processos erosivos nos solos e cultura e da indústria no Brasil e no mundo. As commodities
ção de insumos, a produção primária (carne e peles), o abate e
processamento, a distribuição e o consumo.
rochas, por ação das águas, ventos, processos químicos,
antropogéneos e físicos.
C ambientais diferenciam-se das demais por serem produzidas ou
extraídas de forma sustentável, em processos que não gerem
Antropização – processo resultante da ação realizada pelo ser hu- Cerrado – é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta. externalidades negativas e nem comprometam o potencial de re-
mano, bom ou mal, através de atividades de ocupação dos terri-
tórios, produção agropecuária, desenvolvimento econômico e B Abriga 5% de todos os animais e plantas da Terra. Suas árvores
tortas, céu azul, seus períodos de grandes estiagens, as águas
cuperação do ambiente, respeitando o equilíbrio dos ecossistemas
em que estão inseridas.
convívio com o ambiente natural. Bacia do Alto Paraguai – ou Região Hidrográfica do Paraguai – tem apro- cristalinas e cores contrastantes estão presentes em 192,8 mi- Compensações Ambientais - medidas tomadas pelos responsáveis
Aquífero - o mesmo que reservatório de água subterrânea; Estrato ximadamente um milhão e cem mil quilômetros quadrados, possui lhões de hectares do Brasil. Representa 22,65% do território bra- pela execução de um projeto, destinadas a compensar impactos
ou formação geológica que permite a circulação da água através mais de 173 mil quilômetros quadrados na porção Oeste do Estado sileiro, onde vivem mais de 22 milhões de pessoas, 19 mil espéci- ambientais negativos, notadamente alguns custos sociais que não
dos seus poros ou fracturas, de modo a que o Homem possa de Mato Grosso do Sul. A bacia é compartilhada por Mato Grosso e es de plantas e 1.575 de animais catalogados. Apesar da riqueza, a podem ser evitados ou uso de recursos ambientais não renováveis.
aproveitá-la em quantidades economicamente viáveis tendo em Mato Grosso do Sul, no Brasil, além da Bolívia e Paraguai. Na planície fronteira agrícola abrange 50% do bioma e ameaça o equilíbrio da
biodiversidade e as águas do Brasil, pois no Cerrado estão as prin- Competitividade Territorial – é a capacidade de uma comunidade
conta um determinado uso. está o Pantanal, de importância ecológica mundial - a maior área
cipais bacias hidrográficas do país. territorial para assegurar as condições econômicas do “desenvol-
úmida continental de água doce do planeta. O rio Paraguai é o principal
Zoneamento Ecológico-Econômico do
130 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

vimento sustentado”. Entende-se que as condições econômicas elétrica, concentração de gases dissolvidos (oxigênio, gás relações com a natureza. É o segmento da atividade turística que Estepização - corresponde a diferentes graus de desaparecimento do
são condição necessária, mas não suficiente. A capacidade de carbônico e metano), de nutrientes (nitrogênio, carbono e fósforo) desenvolve o turismo de lazer, esportivo e educacional em áreas estrato arbóreo
atrair e fixar população, gerar empregos - preferencialmente em- e de material em suspensão, que por sua vez influenciam a naturais utilizando, de forma sustentável, o patrimônio natural e
Eutrofização - fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (com-
pregos qualificados - e inovar, são indispensáveis. O desafio é ciclagem de nutrientes e a transferência de energia entre os elos cultural, incentivando sua conservação, promovendo a formação
postos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio, normalmente
como conciliar a relação conflituosa entre a geração de emprego, da cadeia trófica. de uma consciência ambientalista através da interpretação do
causado pela descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou in-
o necessário aumento da produtividade, a introdução de inova- ambiente e garantindo o bem-estar das populações envolvidas.
Desbarrancamento – escavar profundamente um terreno, formando dustriais) num corpo de água mais ou menos fechado, o que leva
ções tecnológicas no processo de produção, a manutenção de
buracos El Niño - são alterações significativas de curta duração (12 a 18 me- à proliferação excessiva de algas, que, ao entrarem em decompo-
bons níveis de empregabilidade e a agregação local de valor aos ses) na distribuição da temperatura da superfície da água do Oce- sição, levam ao aumento do número de microorganismos e à
produtos. Desenvolvimento Sustentável- desenvolvimento que satisfaz as ne-
ano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Estes eventos modi- conseqüente deterioração da qualidade do corpo de água (rios,
cessidades do presente sem comprometer a capacidade das futu-
Configurações Territoriais - são o conjunto composto por sistemas ficam um sistema de flutuação das temperaturas daquele oceano lagos, baías, estuários, etc).
ras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.
naturais, herdados por determinada sociedade, e por sistemas chamado Oscilação Sul e, por essa razão, são referidos muitas
de engenharia, sendo que esses agregam os aspectos técnicos Desertificação - perda de capacidade do solo para realizar as suas vezes como OSEN (Oscilação Sul-El Niño). Seu papel no aqueci-
e culturais, historicamente estabelecidos. Assim, diferentes gru- funções, deixando de ser capaz de manter ou sustentar a vege- mento e arrefecimento global é uma área de intensa pesquisa, F
pos sociais, em momentos históricos diferentes, apresentam tação; este processo de degradação do solo pode ser natural ou ainda sem um consenso.
provocado por fatores tais como a remoção da cobertura vege- Ferrocarril – tradução da palavra “estrada-de-ferro” para o espa-
usos diferenciados do ambiente. As configurações territoriais, Erosão - desgaste do solo resultante da remoção de partículas finas
tal, a sua impermeabilização ou contaminação. nhol.
bem como o significado que lhes é atribuído, provêm das ações deste por agentes como o vento, água e seres vivos.
realizadas sobre o território. Está impressa no mundo natural Deslizamento – movimento de grande quantidade de terra ou mate- Fitoecologia – é o estudo das interações das plantas entre si e com
uma intervenção cultural que o transforma. Portanto, ambiente é Erosão Eólica - é um tipo de erosão pelo vento com a retirada super- o meio ambiente
rial rochoso, ao longo do plano de inclinação de uma vertente.
tratado como uma construção: cada grupo decodifica o ambiente ficial de fragmentos mais finos. A deflação ocorre freqüentemente
Este tipo de deslocamento ocorre normalmente a velocidades Fitoestabilidade – estabilidade de um ecossistema
a partir de recortes apreendidos e criados deacordo com sua em regiões de campos de dunas com a retirada preferencial de
notórias, por ação da gravidade. Acontece frequentemente em
situação histórico-cultural (definição do artigo “Possíveis vere- material superficial mais fino (areia, silte), permanecendo, mui- Fitogeografia - ou corologia é a ciência do ramo da Biologia que
conseqüência de um sismo ou de fortes chuvas.
das para educação ambiental”, de Maria Rita Avanzi). tas vezes, uma camada de pedregulhos e seixos atapetando a versa sobre a distribuição geográfica dos vegetais nas diversas
Diagnósticos - conhecimento (efetivo ou em confirmação) sobre superfície erodida. regiões do globo conforme as zonas climáticas e factores que
Conservação ambiental - é o polo complementar de preservação algo, ao momento do seu exame; ou descrição minuciosa de possibilitam a sua adaptação, principalmente a açõa do
Erosão Laminar – é a remoção de camadas delgadas de solo sobre
ambiental. Enquanto esta desenvolve ações preventivas visando algo, feita pelo examinador, classificador ou pesquisador; ou juízo homem. Diferente da Biologia, visa incluir o homem no meio
toda uma área é a forma de erosão menos notada, e por isso a mais
a não afetação degenerativa do meio ambiente (ou da natureza), declarado ou proferido sobre a característica, a composição, o natural.
perigosa. Em dias de chuva as enxurradas tornam-se barrentas. Os
aquela ocupa-se com ações corretivas e de manutenção da in- comportamento, a natureza etc. de algo, com base nos dados e/
solos, por sua ação, tomam coloração mais clara, e a produtividade Florística - (derivado de “flora”) é uma disciplina da botânica e
tegridade, da feição e do bem-estar do mesmo meio ambiente. ou informações deste obtidos por meio de exame.
vai diminuindo progressivamente. A erosão laminar arrasta primeiro biogeografia que estuda a distribuição de espécies de plantas e
Conurbação - processo de urbanização que resulta em integração Domínios Morfoclimáticos - entre os diversos tipos de clima e relevo as partículas mais leves do solo, e considerando que a parte mais a sua relação, em diversas áreas geográficas
física de cidades e compartilhamento de sistemas socioeco- existente no Brasil, observamos que os mesmos mantêm grandes ativa do solo de maior valor, é a integrada pelas menores partículas,
nômicos e de serviços. relações, sejam elas de espaço, de vegetação, de solo entre ou- Frente do Atlântico Sul - consiste numa banda de nebulosidade
pode-se julgar os seus efeitos sobre a fertilidade do solo.
tros. Caracterizando vários ambientes a longo de todo território semi-estacionária, que se estende desde o sul da Amazônia,
Convecção - é um fenômeno físico observado num meio fluido (líqui- Escoamento superficial - tem origem, fundamentalmente, nas precipi- passando pela Região Centro-Oeste e prolongando-se para o
nacional. Para entende-los, é necessário distinguir um dos outros.
dos e gases) onde há propagação de calor através da diferença de tações. Ao chegar ao solo, parte da água se infiltra, parte é retirada Oceano Atlântico, acarretando chuvas que podem ser intensas.
Pois a sua compreensão deve ser feita isoladamente. Nesse sen-
densidade (g / m3) desse fluido submetido a um gradiente de pelas depressões do terreno e parte se escoa pela superfície. Inici-
tido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber (1970), faz uma classi- Fruticultura – cultivo, produção de espécies vegetais frutíferas.
temperatura. almente a água se infiltra; tão logo a intensidade da chuva exceda a
ficação desses ambientes chamados de Domínios Morfoclimáticos.
capacidade de infiltração do terreno, a água é coletada pelas peque-
Este nome, mor foclimático, é devido às características
D morfológicas e climáticas encontradas nos diferentes domínios,
nas depressões. Quando o nível à montante se eleva e superpõe o
obstáculo (ou o destrói), o fluxo se inicia, seguindo as linhas de
G
que são Domínio Amazônico, Domínio dos Cerrados, Domínio dos
maior declive, formando sucessivamente as enxurradas, córregos, Gasoduto - Tubulação destinada a conduzir a grandes distâncias pro-
Degradação do solo - compreende os processos de salinização, Mares de Morros, Domínio das Caatingas, Domínio das Araucárias,
ribeirões, rios e reservatórios de acumulação. dutos gasosos, particularmente gases naturais ou derivados de
alcalinização e acidificação que produzem estados de Domínio das Pradarias e mais as faixas de transição.
petróleo (Dicionário Aurélio)
desequilíbrio físico-químico no solo, tornando-se inapto para o Espécie Pioneira - espécie que coloniza inicialmente uma área nova
cultivo. não ocupada por outras espécies. Geossistema - corresponde a um nível taxonômico caracterizado
Dequada - As interações entre os ambientes terrestre e aquático
E Estatuto da Cidade - instrumento que regulamenta os artigos 182 e
pela convergência de semelhanças dos componentes físicos e
bióticos e de suas dinâmicas. Pode ser composto por um ou
promovem o fenômeno regionalmente conhecido como Ecossistema - complexo que inclui a comunidade viva, o seu meio e 183 da Constituição. Na América Latina, apenas o Brasil e a
mais Geofácies.
“dequada”, “um ‘fenômeno síntese’, que reflete as característi- as suas interações, funcionando como uma unidade ecológica na Colômbia dispõem de uma lei específica para os instrumentos
cas peculiares de funcionamento (produção-metabolização-de- natureza. de desenvolvimento urbano. A nova ordem, fundada no princípio Geofácies - compreende unidades ambientais elementares com me-
composição-ciclagem) natural do sistema de áreas alagáveis/ da função social da propriedade, pretende garantir o direito a nor nível de diversidade interna e, portanto, de maior coerência.
Ecoturismo - também conhecido como turismo ecológico é a ativida-
inundáveis do Pantanal”. Constitui-se de alterações limnológicas cidades sustentáveis, compreendido como o direito de todos à
de de lazer em que o homem busca, por necessidade e por direito, Geomorfologia - é um ramo da Geografia que estuda as formas da
que ocorrem periodicamente no rio Paraguai, com efeitos sobre terra urbana, à moradia, ao saneamento, à infra-estrutura, ao trans-
a revitalização da capacidade interativa e do prazer lúdico nas superfície terrestre. Para isso, tende a identificar, descrever e
a transparência da água, potencial hidrogeniônico, condutividade porte e aos serviços públicos.
analisar tais formas, entendidas aqui como relevos, assim como
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 131
todos seus aspectos genéticos, cronológicos, morfológicos, muitas vezes como OSEN. Seu papel no aquecimento e Matriz PEIR - A matriz PEIR define e relaciona o conjunto de fatores qualidade de águas.
morfométricos e dinâmicos, tanto pretéritos como atuais. Com
isso, busca entender - e basea-se - na relação entre os proces-
arrefecimento global é uma área de intensa pesquisa, ainda sem
um consenso.
que determinam as características atuais do meio ambiente em
qualquer nível de agregação territorial (local, regional, nacional,
P
sos climáticos, as interferências bióticas e antrópicas, os pro- global), buscando estabelecer uma vinculação lógica entre os seus Paleontologia - é a ciência natural que estuda a vida do passado da
Lençol Freático - é o nome dado a superfície que delimita a zona de
cessos endógenos, estruturas litológicas e a cobertura pedológica componentes. Define os padrões de relacionamento entre as ações Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico,
saturação da zona de aeração, abaixo da qual a água subterrâ-
que influênciam a caracterização e a dinâmica de determinado antrópicas urbanas e o meio ambiente. bem como os processos de integração da informação biológica
nea preenche todos os espaços porosos e permeáveis das ro-
relevo no registo geológico, isto é, a formação dos fósseis.
chas ou dos solos ou ainda de ambos ao mesmo tempo. Meandro - curva acentuada de um rio que corre em sua planície aluvial
Geotectôneas - termo criado em 1850, tendo como objeto de análise e que muda de forma e posição com as variações de maior ou Pantanal Mato-grossense ou planície pantaneira – é uma imensa
Licenciamento Ambiental – Procedimento administrativo pelo qual o
fenômenos geológicos de escala ampla, (montanhas, continen- menor energia e carga fluviais durante as várias estações do ano. planície alagável de 147.574 km2, dividida em 11 pantanais: Pan-
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
tes, oceanos), notadamente com respeito aos seus processos Meandros são típicos em planícies aluviais (topografia madura), tanal de Barão de Melgaço, do (rio) Paraguai, de Poconé, de
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
de formação e evolução, destacando-se, desde seu início, como mas podem ocorrer de forma mais restrita, também, em outras Cáceres, do Paiaguás, da Nhecolândia, do Aquidauana, do Abobral,
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
um ramo praticamente independente dentro da Geologia. condições como sobre terrenos sedimentares horizontalizados. do Miranda, do Nabileque e de Porto Murtinho. É uma área plana,
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma,
Gestão Ambiental - uma prática muito recente, que vem ganhando possam causar degradação ambiental, considerando as Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL – É um mecanismo situada no centro da América do Sul. A altitude varia de 80 a 150
espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é pos- diposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicá- previsto no Protocolo de Kioto, criado para reduzir as emissões de metros acima do nível do mar e, ao redor da planície, existem
sível a mobilização das organizações para se adequar à pro- veis ao caso (Resolução CONAMA 237/97). gases responsáveis pelo aquecimento global. O MDL torna possí- planaltos escarpados. A declividade do rio Paraguai, principal lei-
moção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Seu vel, também, o desenvolvimento sustentável em países emergen- to da bacia, é considerada inexpressiva – em média um centíme-
Litologia – refere-se à ciência que estuda os processos de litificação, tro por quilômetro – o que dificulta o escoamento da água e possi-
objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, servi- tes, pois os países industrializados que não cumprirem suas me-
ou às categorizações referentes a esses mesmos processos e bilita o alagamento. As águas correm muito lentas e, nos lugares
ços e ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se tas de lançamento de poluentes na atmosfera podem compensar o
aos tempos geológicos em que ocorreram. mais planos, transbordam nas margens.
em conta o fator ambiental. Atualmente ela começa a ser enca- problema financiando projetos de redução da poluição nesses
rada como um assunto estratégico, porque além de estimular a Longevidade - esperança de vida à nascença ou expectativa de vida é países. Segundo estimativas do Banco Mundial, esse mercado Pedogênese - Processos que levam à formação do solo. No clima
qualidade ambiental também possibilita a redução de custos o número médio de anos que um indivíduo pode esperar viver, se pode movimentar cerca de US$ 1 bilhão por ano. tropical úmido o intemperismo químico ocupa um papel de desta-
diretos (redução de desperdícios com água, energia e maté- submetido, desde o nascimento, às taxas de mortalidade obser- que na formação dos solos.
Meso escala - é o estudo de fenômenos atmosféricos menores que a
rias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos vadas no momento (ano de observação). É calculada tendo em
escala sinótica porém, maiores que a microescala. Dimensões Plano Estadual de Recursos Hídricos - É um instrumento da Política
ambientais). conta, além dos nascimentos e obituários, o acesso a saúde, edu-
horizontais geralmente oscilam de um a centenas de quilôme- Nacional e Estadual de Recursos Hídricos. Visa fundamentar e ori-
H cação, cultura e lazer, bem como a violência, criminalidade, polui-
ção e situação econômica do lugar em questão. Também é o nú-
tros. Exemplos de sistemas de mesoescala são as brisas do mar, entar a implementação da Política de Recursos Hídricos e o
complexos convectivos de mesoescala, Linhas de Instabilidade, gerenciamento águas do Estado. É um instrumento de longo pra-
Habitat - local físico onde um organismo vive, obtém alimento, abri- mero de anos que em média, uma pessoa terá probabilidade de
dentre outros. zo, com horizonte de planejamento compatível com o tempo de
go e condições de reprodução. viver.
Microclima - corresponde às condições climáticas de uma superfície implementação de seus programas e projetos. O PERH estabelece
Heveicultura – cultivo, produção de seringueira. realmente pequena. Pode-se considerar dois tipos de microclima: diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de
Hidrovias – via fluvial em rios, lagos ou mares, utilizada para o trans-
M microclima natural - que corresponde a superfícies da ordem de água, em quantidade e qualidade e gerencia as demandas sob a
10 e 100 m; e microclima da planta - o qual é caracterizado por ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social.
porte e comunicação. Mananciais - mananciais de água são as fontes, superficiais ou sub-
variáveis climáticas medidas por aparelhos instalados na própria Precipitação Convectiva - são também chamadas de chuvas de verão na
terrâneas, utilizadas para abastecimento humano e manutenção
planta região Sudeste do Brasil e são provocadas pela intensa
I de atividades econômicas. As áreas de mananciais compreen-
dem as porções do território percorridas e drenadas pelos cursos Mitigação - ato de abrandar, amansar, suavizar, aliviar, atenuar, suavi- evapotranspiração de superfícies úmidas e aquecidas (como flores-
d´água, desde as nascentes até os rios e represas. zar-se. tas, cidades e oceanos tropicais). O ar ascende em parcelas de ar que
Incentivos fiscais - mecanismo de financiamento instituído pela Lei
se resfriam de forma praticamente adiabática (sem trocar calor com o
8.313/91 que permite deduzir do Imposto de Renda devido de pes- Mata Atlântica - A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Morfogênese - desenvolvimento da forma e da estrutura de um orga- meio exterior) durante sua ascensão. Precipitação convectiva é comum
soas físicas pagadoras do IR ou pessoas jurídicas, tributadas com Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Ori- nismo. no verão brasileiro, na Floresta Amazônica e no Centro Oeste.
base no lucro real, o total ou parte do valor por elas direcionado, ginalmente estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do
mediante doação ou patrocínio, a propostas culturais aprovadas país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões Prognóstico - alusivo ao conhecimento de”]), lato sensu, vem a ser:
pelo Ministério da Cultura. onde hoje estão as fronteiras com Argentina e Paraguai. Na diversi- O conhecimento (efetivo ou a se confirmar) antecipado ou prévio
dade da Mata Atlântica são encontradas matas de altitude, como a sobre algo; ou conjetura sobre o desenvolvimento de um negócio
Intergrades – intermediário. Oxigênio Dissolvido - é a quantidade o oxigênio dissolvido na água.
Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a neblina qualquer, de uma situação, etc.; ou juízo médico, baseado no diag-
É o elemento principal no metabolismo dos microrganismos nóstico e nas possibilidades terapêuticas, acerca da duração, evo-
é constante. Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais
L impressiona na região. A maior parte das espécies de animais
aeróbios que habitam as águas naturais ou os reatores para trata-
mento biológico de esgotos. Nas águas naturais, o oxigênio é in-
lução e termo de uma doença; ou predição, agouro, presságio,
brasileiros ameaçados de extinção são originários da Mata Atlânti- profecia, relativos a qualquer assunto.
La Niña - são alterações significativas de curta duração (12 a 18 dispensável também para outros seres vivos, especialmente os
ca, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e Psitacídeos - É nessa família que encontramos as araras, papagaios,
meses) na distribuição da temperatura da superfície da água do peixes, onde a maioria das espécies não resiste a concentrações
a arara-azul-pequena. Em alguns trechos remanescentes de flores- periquitos, jandaias, maracanãs, tuims, agapornis, etc. No mundo,
Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Estes eventos de oxigênio dissolvido na água inferiores a 4,0 mg/L. É, portanto,
ta os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do as espécies encontram-se distribuídas pela área tropical do globo
modificam um sistema de flutuação das temperaturas daquele um parâmetro de extrema relevância na legislação de classifica-
planeta. terrestre (neotropical, afrotropical, oriental e australiano) e irradi-
oceano chamado Oscilação Sul e, por essa razão, são referidos ção das águas naturais, bem como na composição de índices de
Zoneamento Ecológico-Econômico do
132 Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS

am-se para as áreas subtropicais e frias. O Brasil é o país mais rico várias fases do processo, as quais compreendem: estudo do clima,
do mundo nesta família, possuindo desde exemplares menores como determinação da espécie e definição do material genético,produção
o tuim com 12 cm até o maior representante, como a arara-azul, de mudas, preparo do solo, controle de formigas e outros
com 1 m de comprimento. Na época do descobrimento de nossas invasores,tratos culturais, tratos silviculturais e colheita planejada.
terras, essa abundância já era reportada, sendo o nosso país
Solapamento de base - quando há remoção e transporte de solo
designado como “Terra dos papagaios”.
criando bancos de solapamento nas margens.

R U
Ravinas - fenômeno de destruição dos agregados do solo pelo Unidades de Conservação - um espaço geográfico claramente defini-
impacto das gotas da chuva do, reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou
Reexportação – exportar novamente, nova exportação. outros igualmente eficientes, com o fim de obter a conservação a
longo termo da natureza com os serviços associados ao
Regime Pluviométrico - consiste basicamente na distribuição das
ecossistema e os valores culturais.
chuvas durante os 12 meses do ano. Tanto o regime quanto o
índice pluviométrico são representados nos climogramas por
colunas mensais. Pela análise das colunas é possivel caracteri- V
zar o regime e, consequentemente, o índice pluviométrico.
Vale Fluvial - um acidente geográfico por onde passa ou já passou
Reserva da Biosfera - Territórios delimitados e reconhecidos inter-
um rio.
nacionalmente, destinados a conservar atributos, principalmente
os biológicos. Conservar as formas tradicionais de utilização dos Voçorocas - é um fenômeno geológico que consiste na formação de
espaços e dos recursos naturais, compreender o funcionamento grandes buracos de erosão, causados pela chuva e intempéries,
do sistema ambiental, melhorar a gestão dos recursos naturais, em solos onde a vegetação é escassa e não mais protege o solo,
a divulgação dos conhecimentos científicos e encontrar solu- que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurra-
ções comuns para os problemas relativos aos recursos naturais. das. Pobre, seco, e quimicamente morto, nada fecunda.
Vulnerabilidade Natural - é o fator determinante do ordenamento

S territorial (zonas) ou ocupação do espaço e uso dos recursos


naturais. O que define a vulnerabilidade são as dinâmicas – apre-
Salinização - é a concentração progressiva de sais, provocada pela endidas -, estritamente naturais – ecodinâmica.
evapotranspiração intensa, principalmente em locais de climas
tropicais áridos ou semi-áridos, onde normalmente existe dre-
nagem ineficiente.
Z
Savanização - substituição da floresta por cerrado. Zona de Processamento de Exportação – ZPE - criada pela Lei no
11.508, a ZPE têm a finalidade de reduzir desequilíbrios regio-
Sazonalidade - relativo a estação do ano; próprio de uma estação. nais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e promover
Silvicultura - a ciência dedicada ao estudo dos métodos naturais e a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social
artificiais de regenerar e melhorar os povoamentos florestais com do País. As ZPEs caracterizam-se como áreas de livre comércio
vistas a satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas
tempo, é aplicação desse estudo para a manutenção, o aproveita- para a produção de bens a serem comercializados no exterior,
mento e o uso racional das florestas. O sucesso de um projeto de sendo consideradas zonas primárias para efeito de controle
silvicultura depende do planejamento e implantação adequada nas aduaneiro.
Zoneamento Ecológico-Econômico do
Estado de Mato Grosso do Sul - ZEE/MS 133

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