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UNIVERSIDADE FEDERAL DE INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA

Thais Pilheiro Belvedere

GANGA ZUMBA, ZUMBI – A LOGICA ESCRAVAGISTA, E O CONTROLE DA MEMÓRIA NA


HISTOREOGRAFIA E NO CONTAR A HISTÓRIA NEGRA BRASILEIRA

Dissertação

Foz do Iguaçu
2017
História da Construção do Ocidente

Thais Pilheiro Belvedere

GANGA ZUMBA, ZUMBI – A LOGICA ESCRAVAGISTA, E O CONTROLE DA MEMÓRIA NA


HISTOREOGRAFIA E NO CONTAR A HISTÓRIA NEGRA BRASILEIRA

Resumo : Enquanto a pesquisa sobre Ganga Zumba estavá sendo feita a quantidade de
variadas informações que se contradiziam muito em relação ao parentesco de Zumbi e
Ganga Zumba e os anos em que liderou Palmares - no Google. E no Google Acadêmico o
pouco conteúdo acadêmico disponível foi alarmante. Onde foi encontrado mais conteúdo
sobre Ganga Zumba foi no Periódicos da Capes, artigos científicos, porem a maioria deles
aborda Zumbi dos Palmares, e muitos artigos acadêmicos são estrangeiros; fatos que
podem ser apontados da conjuntura racista, da lógica escravagista e colonialista falada no
livro O Discurso do Colonialista de Césares, bem amostráveis, onde a memória do negro
escravizado, resistente não leva importância.

Palavras chave: Colonialismo, lógica escravocrata, Palmares, Ganga zumba

Ganga Zumba foi rei dos Palmares, o maior Quilombo da história do Brasil que
sobreviveu a quase um século, o “grande chefe”, foi quem tentou um acordo de
paz com os portugueses em 1678, de onde vem o questionamento se ele seria
herói ou traidor de Palmares. Na historiografia, artigos científicos há duas versões
uma em que os conflitos continuaram e que Ganga Zumba teria morrido
inexplicavelmente, e outra que ele teria sido envenenado por um de seus
seguidores. De qualquer maneira Zumbi seu sobrinho e quem assumiria o trono
não concordava com o acordo de paz que Ganga Zumba fez com os brancos e
inicia uma insurreição contra o tio, não queria viver como um subalterno nas terras
dos brancos, que não cumpririam a promessa, provavelmente, de não torná-los
escravos novamente. Com a morte de Ganga Zumba, Zumbi ascende ao trono,
onde passa 20 anos em guerra com os portugueses até a tomada do quilombo em
1694 pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Zumbi escapa e passa dois anos
rondando a floresta com suas tropas, é traído e com seus últimos 20 soldados é
cercado e morto, sua cabeça é exposta ao público em 20 de novembro de 1895
desmentindo a fama de imortal “zumbi” quer dizer “espirito” nas línguas bantu do
sul da África.

Palmares era um pedaço da África bantu transplantado para o Brasil. "Em


plena escravidão, Zumbi foi líder de uma comunidade livre e que acolhia
pessoas perseguidas, como judeus, muçulmanos, mulheres acusadas de
bruxaria e índios", afirma Pedro Paulo Funari, da Unicamp. A população
geral dos Palmares pode ter chegado a 30 mil pessoas, em vilas e numa
aldeia central fortificada, defendida por armas de fogo. Quem mandava
eram os monarcas bantus, mantendo costumes ancestrais. E isso incluía a
escravidão: só quem chegava por seus próprios meios, fugido, era
considerado livre. ( MARTON, Fabio – 2014 Aventuras na história)

Em O Discurso do Colonialista de A. Césaire onde ele diz que a lógica


escravocrata move o capitalismo, e por tanto até hoje as justificativas colonialistas
são revividas e reatualizadas, em uma parte da narrativa ele aborda o Nazismo,
onde o colonialismo cevero foi empregado no próprio ambiente civilizatório. Hoje
existe o museu do holocaustro nazista e uma série de memórias revividas quando
se é contada a história afim de que nunca mais ocorra, e pela vergonha do
holocaustro ter acontecido, a história ser recontada como forma de relembrar e
garantir que nunca mais se repita, de certa forma ocorre para pagar um tipo de
divida com o povo judeu depois da violencia nazista. Césaire aponta o nazismo
afim de lembrar que não tem uma movimentação de vergonha do escravismo,
porque o escravismo não foi um atentado, holocaustro com o homem branco e sim
com o homem negro. O judeu não sofreu com a despersonalização, o negro teve
suas histórias apagadas, nomes apagados, eles são despersonalisados pela
cultura escravocrata da época, hereditariamente essa visão foi passada sendo
reatualizada e revivida afiliada ao pensamento escravocrata.

Os negros sempre lutaram contra a escravidão, e o holocaustro que sofreram na


escravião não é comentádo e muito menos usado como módelo afim de que
violencias não se repitão. Havia quilombos por todo o pais, a fuga, os atentados a
feitores e senhores, suicidio, queima de plantações, e a morte de recem nascidos
eram algumas das formas que encontravam de resistir, salvando a si mesmos e a
quem amavam.

O movimento revolucionário que foi feito nos quilombos, e a grandiosidade que foi
Palmares não deveria ser nunca um tema secundário, pouco falado, que não tem
a mesma percurção e nem se aproxima do contar sobre o holocaustro nazista.
Isso mostra a profundidade que o pensamento escravagista tem sobre o controle
da memória, e que ele ainda esta muito presente e que foi somente reatualizado
ao longo do tempo para se moldar as novas necessidades e novas construçoes de
pensamentos ao longo da história.

BIOGRAFIA

MARTON, Fabio – As aventuras na História

CÉSAIRE – O Discurso do Colonialista

FINGER, Vinicius – Zumbi e a Construção da Identidade Negra: Uma Análise sobre a


História em quadrinhos “Zumbi” – a saga de palmares”

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