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Arquiteta: Sâmia de Paulo Farrapo

A resistência ao novo é um comportamento comum do homem pela incerteza do


futuro. As mudanças que decorreram bruscamente na revolução industrial estão vivas de
forma direta ou indireta na humanidade até hoje. O uso de relógio é um ícone. A forma
de morar e trabalhar são as mais marcadas. A necessidade de otimizar e produzir o
máximo possível são gatilhos psicológico que boa parte da humanidade não consegue
desligar. A globalização do mundo capitalista fez refletir em todos os campos. Na era da
comunicação as redes sociais que tinha como objetivo a socialização, mas logo tornou-
se espaço para comercialização.
A aproximação das pessoas para socializar tornou-se interesse mercantil, a
palavra do momento é ter networking, visto que nossas “amizades” devem nos levar a
algum ganho futuro. Se com as relações interpessoais estão dessa forma, com as
edificações as intenções não mudam. Construir o máximo, com o mínimo para
rentabilizar é a sina. As residências passaram a ter ambientes integrados pela praticidade
de convivência e diminuir o gasto com materiais de construção. Os quartos passaram a
ser cada vez mais compactos. Cozinha e área de serviço e em alguns casos as salas
passaram a ser corredores de transição.
A casa antes da pandemia da Covid-19 era idealizada para dormir. Marido e
esposa trabalham para sustentar a casa, pois o custo de vida é alto e um salário mínimo é
insuficiente. Essa é a realidade dos assalariados do Brasil. No trabalho luzes brancas são
usadas com intensão de deixar as pessoas em alerta. Traços retos no prédio reforçam a
objetividade do trabalho pela constante busca de resultados. Salas sem janelas são cada
vez mais vista em meio aos prédios comerciais. Por consequência a iluminação natural é
pouco observada causando disfunções no relógio biológico dos funcionários. A
ventilação natural é quase inexistente, visto que o compromisso de vedação para não
matar a eficiência dos ar condicionados é mais importante.
Trabalhar em ambiente integrados também firmaram presença nas empresas.
Tornando a cultura e rotina estressante, a poluição sonora desperta irritabilidade e
estresse desencadeando ansiedade e depressão. Os chefes buscam salas de vista
privilegiadas para chamar a atenção e corrigir a postura dos funcionários que possam
está dispersando a atenção dos demais no horário de trabalho. A semelhança
característica das salas dos chefes nas indústrias, geralmente localizava-se em posição
privilegiada para ver toda a área de operação para supervisionar, é um espelho.
Mobiliários projetados com base no Neufert, direciona as medidas voltadas para um
jovem esbelto, alto, apto a fazer qualquer função não é coerente com o Brasil que busca
a equidade para sua população com idade ativa de trabalho são homens e mulheres de
18 a 65 anos, portadoras de necessidades especiais ou não, podem compões a massa
trabalhadora.
A copia de soluções arquitetônica veio com a colonização, pois os portugueses
queriam cultivar e estabelecer a sua cultura, arquitetura, arte e etecetera para a colônia
brasileira. A questão é que um país com essa instancia teve a participação e ocupação
pela Espanha, Holanda, entre tantos outros além da população indígena aqui já
existente. Resultou em uma nação de culturas, religiões, culinárias, dialetos ricos. Cada
país tem seu desenvolvimento, a colonização explorativa não foi um ponto favorável
para o Brasil.
O uso de tecnologias construtivas diferentes permeia boa parte do Brasil. A
quarentena pela Covid-19 fez repensar sobre os ambientes e as interações sociais.
Reformas foram feitas por boa parte da população na busca de ambientes que suprissem
de fato as necessidades, com atenção especial para área de lazer. Quanto estendemos
para o âmbito urbano somatizam problemas da ocupação desenfreado do solo. Reflexo
esse da mudança da vida rural para a vida urbana desassistido na revolução industrial e
a insalubridade geradora das doenças urbanas. Intervenções e ordenamentos na
construção foram cruciais para melhorar a saúde física da população.
Atualmente temos expectativa de vida maior e os avanços dos estudos apontam
as doenças psicológicas foram ampliadas com a pandemia da Covid-19. A
neuroarquitetura é uma ferramenta importante na busca de amenizar esse impacto.
Somos produtos do meio, logo esse deve está voltado para o bem estar das pessoas de
forma primordial.
O termo, neuroarquitetura, é relativamente novo no Brasil e carece de ser
estudada conforme cada região, culturas, religião, história que segue em cada território.
Para isso o arquiteto tem que imergir e compreender o contexto do espaço geográfico,
da química dos materiais, da física das intemperes, da biologia das plantas e pessoas, e
por fim das funções que ali serão realizadas. Não é uma formula feita, o desafio é gerar
empatia e extrair das pessoas informações importantes. As pessoas estão comprometidas
com suas experiencias passadas e acreditam que na maioria das vezes é a única forma
de se fazer algo sendo inicialmente resistente a mudanças.

REFERÊNCIAS
Alves Soares da Silva, M., & Marcílio, B. M. S. (2020). ESPAÇOS E EMOÇÕES:
REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DO ISOLAMENTO SOCIAL NA
PANDEMIA DA COVID-19. Ensaios De Geografia, 5(10), 68- 74.
https://doi.org/10.22409/eg.v5i10.42564 VEJA NA BIBLIOTECA
VILLAROUCO, Vilma et al. NEUROERGONOMIA, NEUROARQUITETURA E AMBIENTE
CONSTRUÍDO – TENDENCIA FUTURA OU PRESENTE?. Ergodesign & HCI, [S.l.], v. 8,
n. 2, p. 92-112, dec. 2020. ISSN 2317-8876. Disponível em:
<http://periodicos.puc-rio.br/index.php/revistaergodesign-hci/article/view/1459

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