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Nutrição Humana 2022/1

Estudo de Caso Macronutrientes – Revisão Prova 1º Bimestre

Identificação: S.M.O., sexo masculino, 80 anos e 5 meses, natural de Cachoeiro de Itapemirim, aposentado,
divorciado.

Queixas: Doença de Alzheimer há 7 anos; Diabetes tipo II há 28 anos e Hipertensão arterial sem informação
do tempo dessa doença. Encaminhado para o atendimento nutricional pelo instituto de referência em
psiquiatria que frequenta há 3 meses, em decorrência das complicações clínicas (fragilidade).

Outras informações: Baixa aceitação alimentar, perda de peso expressiva nos últimos meses. Dificuldades de
locomoção e relato de quedas frequentes. Relata dificuldade em caminhar por longas distâncias, subir escadas
ou degraus, ficar em pé parado por alguns minutos, necessitando de ajuda de bengala.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Histórico de peso corporal

O paciente, por relato da cuidadora, sempre foi magro, porém desde o diagnóstico de DA perdeu 12 Kg, destes
6 kg nos últimos 3 meses.

Dados antropométricos

Avaliação do estado nutricional

• Peso Atual: 52 kg
• Estatura: 171 cm
• IMC: 17,80 kg/m² (Baixo Peso)
• Circunferência de Cintura: 87 cm
• Circunferência da Panturrilha: 27 cm (risco de desnutrição)
• Edema MMII +/++++

Diagnóstico nutricional

Baixo peso; risco de fragilidade e sarcopenia.

Avaliação Bioquímica

Paciente apresenta hiperglicemia de jejum (glicose de jejum = 154 mg/dL), hipercolesterolemia (LDL = 175
mg/dL), hipertrigliceridemia (TG = 206 mg/dL) e baixo valor de HDL (HDL = 32 mg/dL), hipoalbiminúria
(<3,5g/dL).

ALIMENTAÇÃO

O paciente apresenta prótese dentária mal ajustada e dificuldade de mastigação. Possui baixa produção de
ácido clorídrico, não aceita alimentos duros, pouco cozidos ou fibrosos como carnes e verduras. Tem
preferência por purês de frutas e legumes, sopas batidas ou alimentos amassados de fácil ingestão. Gosta de
leite, mas não consome, por apresentar muito desconforto gastrointestinal após o consumo.

Frequentemente recusa refeições ficando até 16 horas sem alimentar-se.

Padrão alimentar rico em carboidratos simples (açúcares), além de gordura saturada e trans de produtos
ultraprocessados (salsicha e biscoitos). Baixo consumo de ômega-3.
Paciente apresenta constipação crônica, evacuando de 1 a 2 vezes por semana, em algumas vezes somente
com o auxílio de laxantes.

Em relação à análise quantitativa da dieta, o consumo calórico é insuficiente, e os macronutrientes estão


distribuídos da seguinte forma: Carboidratos - 70%, Lipídeos – 22% e Proteínas – 8%.

QUESTÕES

1. Analise a proporção dos macronutrientes na dieta do paciente em questão. Elas estão adequadas?
Quais são as faixas de recomendação (em %) de cada macronutriente estabelecidas pela AMDR (DRI)?
Considerando que a necessidade calórica do paciente seja de 2000 kcal/dia, quantas calorias e gramas
deveriam ser ofertadas por cada macronutriente?

Carboidratos – 45 a 65% - 900 a 1.300 kcal – 225g a 325g

Proteínas – 10 a 35% - 200 a 700 kcal – 50 a 175g

Lipídeos – 20 a 35% - 400 a 700 kcal – 44,4g a 77,8g

O consumo de carboidratos está acima da faixa recomendada, e o de proteínas, abaixo da faixa recomendada.

2. Vimos no caso que a dieta do paciente é rica em carboidratos simples. Pelo o que você aprendeu sobre
carboidratos, como eles são classificados e quais são considerados simples ou açúcares? Cite
exemplos.

Os carboidratos podem ser classificados de acordo com o seu tamanho em: monossacarídeos (molécula única),
dissacarídeos (2 monossacarídeos), oligossacarídeos (3 a 10 monossacarídeos) e polissacarídeos (mais de 10
unidades de monossacarídeos). Os mono e dissacarídeos são considerados carboidratos simples ou açúcares.

3. Além de uma dieta rica em açúcares simples, o paciente possui um baixo consumo de fibras, que
constituem um tipo diferente de carboidrato. Como as fibras podem ser classificadas e como cada
tipo poderia contribuir nos problemas apresentados pelo paciente.

As fibras podem ser classificadas em solúveis (formam gel em contato com a água) e insolúveis. As fibras
solúveis tem entre suas propriedades diminuir a absorção de colesterol e glicose e diminuir o pico glicêmico
pós-prandial, o que seria importante para esse paciente, que demostra pelos exames altos valores sanguíneos
de glicose e colesterol. Já as fibras insolúveis aumentam o bolo fecal, estimulam o peristaltismo e facilitam a
eliminação fecal, podendo ser úteis no quadro de constipação.

4. Um alto consumo de carboidratos simples e baixa em fibras consistiria em um padrão alimentar de


alto ou baixo índice glicêmico? Explique.

Esse padrão alimentar seria de alto índice glicêmico. O índice glicêmico diz respeito ao valor atribuído à
capacidade dos alimentos fontes de CHO de elevar a glicemia pós prandial, baseando se na velocidade de
absorção do CHO. Considerando que os carboidratos simples tem absorção mais rápida (não precisam ser
quebrados), e por isso capacidade de elevar a glicemia mais rapidamente, e as fibras diminuem a velocidade
de absorção da glicose, um padrão rico em açúcares simples e baixo em fibras seria de alto índice glicêmico.

5. Vimos que o paciente fica longos períodos sem se alimentar. No período de jejum, qual polissacarídeo
de reserva ele utiliza para manter sua glicemia? Em quais órgãos ele fica armazenado? Qual hormônio
secretado pelo pâncreas é responsável por estimular a quebra desse polissacarídeo (glicogenólise)
para fornecimento de glicose ao corpo no período de jejum?
Nos seres humanos o carboidrato de reserva é o glicogênio, que armazena energia no fígado e nos músculos.
No jejum, o glucagon é o hormônio secretado pelo pâncreas que é responsável por estimular a quebra do
glicogênio em glicose (glicogenólise), para normalização da glicemia.

6. Além da glicogenólise, quando findadas as reservas de glicose do organismo, o hormônio citado acima
estimula a produção de glicose à partir de outros nutrientes (lipídeos e proteínas). Qual o nome desse
processo?

Além da glicogenólise, o glucagon também estimula a gliconeogênese, que é a produção endógena de glicose
a partir de outros substratos (gordura e proteína).

7. Podemos ver no caso que o paciente possui diabetes tipo II. Esse tipo de diabetes é frequentemente
caracterizado pela resistência das células a ação de um hormônio produzido no pâncreas, além da
secreção insuficiente desse mesmo hormônio por esse órgão. Identifique o hormônio em questão e
descreva seu papel na manutenção da glicemia normal.

O hormônio em questão é a insulina. Ele é responsável por permitir a entrada da glicose nas células. Na sua
ausência, pela dificuldade da glicose entrar na célula, ela se eleva na corrente sanguínea.

8. Vimos que o paciente possui desconforto gastrointestinal após o consumo de leite. Que carboidrato
estaria envolvido nesse sintoma, e que enzima digestiva estaria deficiente nesse caso?

O carboidrato envolvido é a lactose. Na deficiência de lactase, a enzima que quebra a lactose, ela permanece
intacta no intestino, causando sintomas de desconforto.

9. O paciente possui baixa produção de ácido clorídrico no estômago e come pouca carne, pois sente
que a digestão é difícil e incômoda. Qual a relação entre o ácido clorídrico e a digestão da proteína
das carnes? Qual enzima digestiva está diretamente envolvida?

O ácido clorídrico presente no estômago, é responsável pelo desnaturação das proteínas e pela ativação do
pepsinogênio em pepsina. A pepsina é a enzima responsável pelo início da digestão das proteínas no
estômago.

10. O baixo consumo de laticínios e carnes (fontes de proteína animal) pode configurar um risco
nutricional, uma vez as fontes de proteína animal são consideradas completas ou de alto valor
biológico, por conterem todos os aminoácidos essenciais. O que são aminoácidos essenciais?

Aminoácidos essenciais são aqueles não produzidos pelo organismo, sendo portanto, essencial que sejam
obtidos por meio da alimentação.

11. Observa-se que paciente vem perdendo peso nos últimos anos. Pelo quadro de sarcopenia, presume-
se que grande parte do peso perdido seja de massa muscular, o que condiz com o baixo consumo
proteico do paciente (além da sua dificuldade de digerir proteína) e a perda de força relatada. Nesse
caso, o paciente estaria em balanço nitrogenado positivo ou negativo?

O paciente está provavelmente em balanço nitrogenado negativo, ou seja, a quantidade de nitrogênio


excretado é maior do que a quantidade de nitrogênio ingerido, indicando que a eliminação do nitrogênio vem
tanto de fontes dietéticas, quanto da degradação do tecido endógeno.

12. A deficiência no consumo proteico é algo muito preocupante e deve ser corrigida na dietoterapia.
Além da construção tecidual, as proteínas tem diversas outras funções vitais no organismo. Relacione
uma função reguladora da proteína com o quadro de edema do paciente e os baixos valores de
albumina (proteína circulante no sangue).
Uma das funções reguladoras das proteínas é a regulação da pressão osmótica dentro dos vasos sanguíneos.
Essa regulação é feita pela albumina, logo, baixos valores de albumina causam desregulação da pressão
osmótica e extravasamento de líquidos para os tecidos, quadro conhecido como edema.

13. Cite outras três funções importantes das proteínas no organismo.

Função estrutural (constituinte dos tecidos), hormonal (alguns hormônios são proteínas), enzimas, anticorpos,
fatores de coagulação sanguínea, transporte de substâncias.

14. Vimos que o paciente possui hipercolesterolemia, que representa o aumento dos valores de colesterol
LDL no sangue, que pode representar um aumento no risco cardiovascular. No entanto, apesar dessa
relação entre colesterol e doenças cardiovasculares, o colesterol, um tipo de lipídeo esteroide, exerce
importantes papéis nosso organismo. Quais são as funções do colesterol no nosso organismo?

O colesterol é constituinte da membrana celular e precursor de hormônios sexuais (estrogênio, progesterona


e testosterona), ácidos biliares e vitamina D.

15. No exame de sangue do paciente, constata-se altos valores de colesterol LDL e baixos de colesterol
HDL. Qual a diferença entre esses tipos de colesterol?

As moléculas de lipoproteínas, nas quais se incluem os diferentes tipos de colesterol, variam em relação ao
seu tamanho e densidade. O LDL é uma molécula de baixa densidade, responsável por transportar o colesterol
do fígado para os tecidos periféricos, enquanto o HDL é uma molécula de alta densidade, responsável por
fazer o transporte reverso do colesterol, dos tecidos para o fígado. O LDL tem potencial aterogênico, enquanto
o HDL tem um efeito protetor na saúde cardiovascular.

16. A alimentação do paciente é rica em ácidos graxos saturados e trans. Quais são as características
desses ácidos graxos? Quais são as fontes alimentares e os efeitos no nosso metabolismo?

Os ácidos graxos saturados são aqueles que não possuem duplas ligações em sua molécula, são sólidos à
temperatura ambiente e suas fontes alimentares são principalmente alimentos de origem animal. Já os ácidos
graxos trans são insaturados, no entanto, tem uma configuração geométrica semelhante aos ácidos graxos
trans, e são encontrados principalmente em produtos industrializados (gordura trans ou gordura vegetal
hidrogenada). Ambos elevam LDL e são aterogênicos.

17. Também foi possível perceber que a alimentação do paciente é deficiente em ômega-3. O ômega-3 é
um tipo de ácido graxo essencial, juntamente com os ácidos graxos ômega-6. Defina o que é um ácido
graxo essencial e sua importância no organismo. Diferencie os ácidos graxos w-3 e w-6.

Ácidos graxos essenciais são aqueles necessários, mas que não são produzidos pelo organismo humano e por
isso devem ser obtidos por meio da alimentação. Os ácidos graxos essenciais constituem as membranas
celulares e são importantes para o desenvolvimento cognitivo e neurológico. Os ácidos w-3 tem efeito
benéfico para a saúde cardiovascular e diminuem o LDL, enquanto os ácidos w-6 tem efeito pró-inflamatório
e em excesso constituem risco para DCV.

18. Pensando no risco cardiovascular do paciente, além do ômega-3, que outro tipo de ácido graxo seria
importante incluir na dieta dele?

Ácidos graxos moninsaturados, presentes por exemplo, no azeite de oliva. Eles tem ação antioxidante e anti-
inflamatória, além de redução do LDL.

19. Qual importância dos ácidos biliares na digestão das gorduras?

Os ácidos biliares agem como emulsificantes, facilitando a ação das enzimas digestivas.

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