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AULA 7 NUTRIÇÃO

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AULA 7 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Esta aula aborda o conceito de
resistência à insulina, dieta low
carb e seus impactos no humor
dos pacientes.

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AULA 7 NUTRIÇÃO

Insulina e
dinâmica
metabólica
A principal função da insulina é o
controle glicêmico. O carboidrato que
comemos chega à circulação através do
intestino. Ele é digerido e conseguimos
absorver a parte mais elementar do
nutriente, que é a glicose. Essa molécula é
muito útil, pois é uma das principais fontes
energéticas do organismo. Ela é essencial,
por exemplo, para o sistema nervoso
central.

Porém, o excesso de glicose na circulação é


tóxico (glicotoxicidade). Assim como ocorre
no diabetes, o excesso ocasiona diversas
lesões no organismo. Por isso, a glicose deve
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AULA 7 NUTRIÇÃO

ficar em uma faixa adequada no sangue, e


ser direcionada aos tecidos que vão utilizá-
la, o que acontece através do hormônio
insulina.

A insulina direciona a glicose para o


músculo e para o tecido adiposo (gordura).
Sua principal função é manter os níveis
de glicose adequados na circulação.
Entretanto, há situações em que a insulina
passa a não funcionar direito. O organismo
se torna resistente à ação do hormônio, por
isso, produz-se cada vez mais insulina para
manter a glicose em níveis adequados, o
que começa a prejudicar várias funções do
organismo (por ex., acúmulo de gordura no
fígado, colesterol desregulado, problemas
nos rins e no sistema nervoso central).
Isso é a gênese do que se chama síndrome
metabólica.

O oposto disso é o jejum. Quando não nos

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AULA 7 NUTRIÇÃO

alimentamos, não absorvemos a glicose. No


entanto, não há com o que se preocupar,
pois o fígado também tem capacidade
de produzir glicose, o carboidrato não
é um nutriente essencial. A adrenalina
e a noradrenalina também começam a
funcionar mais, pois o jejum é uma situação
de estresse. O tecido adiposo começa a
liberar gordura na circulação em forma de
ácidos graxos, que a musculatura e outros
tecidos e o fígado começam a usar como
fonte de energia. Se no excesso de insulina
o fígado produz e armazena gordura, aqui,
ele a utiliza como fonte de energia e passa
a devolver para a circulação um outro
metabólito. Nesse processo, metabólitos
começam a ser convertidos em corpos
cetônicos, criando uma condição chamada
cetose, em que há um novo substrato
energético para o sistema nervoso central,
garantindo cerca da metade de sua energia

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AULA 7 NUTRIÇÃO

(em condições normais de alimentação, a


glicose é o combustível principal). Ou seja,
toda a dinâmica metabólica muda quando
se está em jejum. Em 24 horas de jejum,
essa condição metabólica está estabelecida.

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AULA 7 NUTRIÇÃO

Dieta low carb


O s corpos cetônicos também estão
associados à dieta cetogênica, e
uma delas é a low carb, quando se reduz
drasticamente a ingestão de carboidratos
para que essa condição metabólica se instale
no organismo. Ela favorece o tratamento
da síndrome metabólica descrita
anteriormente e também parece ter efeitos
benéficos na questão do humor.

Alguns pacientes se beneficiam muito com


uma dieta low carb, justamente aqueles
que têm síndrome metabólica, isto é,
excesso de triglicerídeos, gordura no fígado
e resistência à insulina. O profissional da
nutrição que ainda insiste que essa é uma
dieta perigosa está desatualizado; vários
ensaios mostram que ela é tão ou mais
eficaz que outras.
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AULA 7 NUTRIÇÃO

Nossa ingestão habitual de carboidrato


costuma ser muito alta. Cerca de 50%
a 60% do valor calórico da dieta do
ocidental advém de carboidratos. Essa é a
recomendação da OMS, inclusive. Então, se
alguém diminui esse consumo para 40%
ou 30%, tecnicamente, já está fazendo uma
dieta low carb.

No entanto, isso está longe da adaptação


vista no jejum prolongado, portanto, não
é uma dieta cetogênica. Para que aquela
condição se estabeleça, é necessária uma
dieta very low carb, uma restrição mais
severa de carboidratos, que reduza o valor
calórico total da dieta para 5%. Em gramas,
isso dá cerca de 20 g, 30 g de carboidrato por
dia, o que torna necessário excluir da dieta
praticamente todas as frutas, cereais e grãos.

Alguns estudos sugerem que quando o


indivíduo está em uma dieta cetogênica, a

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AULA 7 NUTRIÇÃO

perda de peso tende a ser maior, e o controle


das taxas de síndrome metabólica parece ser
superior a outros tipos de dieta. Há estudos
que também relacionam a dieta ao humor
por meio de testes, e indicam que durante
a fase de restrição severa de carboidrato,
parece haver uma melhora do humor. A
hipótese é que os corpos cetônicos têm sido
associados a uma estabilização do sistema
nervoso central.

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AULA 7 NUTRIÇÃO

Prática clínica
N a experiência clínica com pacientes
ansiosos, notou-se que tanto técnicas
de jejum intermitente (de quatorze ou
dezesseis horas, tempo insuficiente para
adaptação metabólica) quanto dietas de
restrição de carboidrato não severas podem
piorar o humor em vez de melhorá-lo. A
hipótese é que só há melhora no humor
quando há corpos cetônicos. Quando não
os há, a adaptação é incompleta e seria
incapaz de repercutir beneficamente no
humor. Em alguns casos em que o paciente
não consegue fazer uma dieta cetogênica,
pode ser necessário não cobrar uma dieta
low carb, mas servir-se de outras estratégias,
adaptar a abordagem, para tratar o
sobrepeso e a síndrome metabólica.

É exigente manter-se em dieta cetogênica.


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AULA 7 NUTRIÇÃO

Há dificuldades nos primeiros dias, antes de


estar em cetose. E a manutenção também
demanda muitas mudanças de hábito. Por
isso, deve-se ser prudente, pois a dieta pode
se tornar impraticável a médio e longo
prazo. Para pacientes que têm síndrome
metabólica associada a transtornos de
ansiedade, pode ser recomendável, por
exemplo, ter uma fase de estabilização, com
dieta pouco restritiva de carboidratos, mas
com reeducação alimentar, suplementação
e atividade física, tratando a ansiedade
também com terapia. A perda de peso
precisa ser tratada a médio e longo prazo,
por isso, posteriormente pode-se usar a
dieta low carb, se for necessário. O mais
importante é prescrever a melhor dieta
para o paciente, de acordo com suas
circunstâncias.

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AULA 7 NUTRIÇÃO

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AULA 8 NUTRIÇÃO

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AULA 8 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Esta aula aborda as funções
do intestino, o processo
de inflamação e suas
repercussões no humor.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Processo de
digestão e
inflamação
Q uando nos alimentamos, a comida
desce pelo esôfago e passa por um
processo de digestão no estômago, onde as
proteínas particularmente são digeridas
por desnaturação. Em seguida, a comida
parcialmente digerida chega ao intestino
delgado, no duodeno. O bolo alimentar
sofre ação do suco pancreático, que é
uma mistura de diversas enzimas. Em
seguida, inicia-se o processo de absorção
dos nutrientes, por meio de uma barreira
intestinal, que tem permeabilidade seletiva.

Quando a barreira intestinal é prejudicada


em sua função seletiva, alguns problemas
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AULA 8 NUTRIÇÃO

ocorrem. Ela perde a capacidade de


selecionar o que é absorvido ou não;
moléculas do gênero de endotoxinas,
proteínas e peptídeos não totalmente
digeridos começam a ser absorvidos, e
isso não deveria acontecer. Tudo isso pode
desencadear processos de inflamação
sistêmicos.

Trata-se de algo crônico, designado


como inflamação subclínica. Quando as
moléculas tóxicas entram no aparelho
circulatório, ativam as células do sistema
imune inato, instalando um grau de
inflamação no organismo que é subclínico,
porque as características de inflamação não
são visíveis.

A inflamação crônica subclínica está na


base fisiopatológica de diversas doenças,
como a síndrome metabólica, diabetes,
câncer, entre outras. Atualmente, há exames

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AULA 8 NUTRIÇÃO

clínicos capazes de detectar essa condição,


identificando se há risco baixo, médio ou
alto de inflamação. Geralmente, esse risco
é associado a eventos cardiovasculares.
A maioria das pessoas está inflamada,
principalmente se são sedentárias, não
dormem bem ou têm excesso de peso.

A inflamação não se restringe ao sistema


digestivo, mas permeia todos os sistemas do
organismo, como o sistema nervoso central.
Até pouco tempo, este era considerado um
órgão com privilégios imunológicos, por
também servir-se de uma barreira seletiva.
No entanto, essa barreira também se
afrouxa durante a inflamação, permitindo
a entrada de células do sistema imune,
principalmente citocinas inflamatórias,
que prejudicam o metabolismo geral de
diversos neurotransmissores. A síntese da
serotonina, por exemplo, é prejudicada pela

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AULA 8 NUTRIÇÃO

inflamação.

Uma vez inflamado o organismo, o


sistema imune começa a estimular o
sistema nervoso a produzir moléculas
neuroprotetoras. Para serem sintetizadas,
elas precisam de precursores – os mesmos
dos neurotransmissores. Por exemplo, é
necessário L-triptofano tanto para produzir
ácido quinurênico, quanto para produzir
serotonina. O estado de inflamação
dá prioridade ao uso de L-triptofano
para o ácido quinurênico, e não para a
serotonina, o que influencia diretamente
na qualidade do humor. A concentração
de ácido quinurênico aumenta, mas sua
ação protetora só se realiza em doses
baixas. Assim, em vez de proteger, o ácido
quinurênico passa a inflamar mais o
organismo, instalando a desordem no
sistema nervoso central.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Alguns estudos mostram essa dinâmica


em pessoas sensíveis ao consumo de
glúten. Notou-se uma piora no humor após
a ingestão, com sintomas de ansiedade,
irritação e embotamento cognitivo. A
principal hipótese é que a inflamação
causada pelo glúten chegou ao sistema
nervoso central, alterando a dinâmica dos
neurotransmissores.

Como conclusão, os estudos apontam que


a eliminação do glúten pode representar
uma estratégia eficaz para tratamentos
de humor em pessoas que têm algum
distúrbio. A principal hipótese é que o
intestino pára de ficar inflamado, o que gera
melhora no humor. O glúten é um exemplo,
mas a redução de consumo vale para
qualquer outro tipo de agressão intestinal.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Influência da
microbiota
intestinal
E m algumas pessoas, é a microbiota que
causa inflamação. Todos têm diversos
tipos de bactérias que colonizam o intestino.
As cepas de bactérias variam de acordo com
o estilo de vida, hábitos alimentares e até a
genética. Ao que tudo indica, alguns tipos
são benéficos para certos casos, e outros
tipos são ruins. Um intestino colonizado por
bactérias ruins tende a ser mais inflamado,
enquanto as bactérias boas o deixam menos
inflamado.

Um exemplo é um estudo que acompanhou


paciente com depressão: parte deles recebeu
probióticos, outra parte recebeu placebo.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Os primeiros tiveram grande melhora,


reduzindo os sintomas depressivos. Essa
é uma área que vem sendo bastante
estudada. Com os avanços, as orientações de
tratamento mudaram. Há alguns anos, era
comum recomendar uma suplementação
genérica de probiótico ao paciente com
a microbiota alterada (disbiose). Hoje em
dia, os especialistas alertam que a situação
pode até piorar, dependendo da cepa
suplementada. Portanto, deve-se esquecer
a idéia de suplementar altas doses de
diversas cepas para qualquer pessoa. Para
suplementar probióticos, é necessário
especializar-se nesta área; só assim as
prescrições serão adequadas e seguras.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Possibilidades
de tratamento
A lém disso, a suplementação não é a
primeira alternativa. Antes de tudo, é
preciso regularizar ao máximo a inflamação
por meio dos hábitos alimentares.
Temos de melhorar a alimentação
excluindo ou, ao menos, diminuindo os
alimentos inflamatórios para cada pessoa,
especificamente.

O leite, por exemplo, tem potencial


inflamatório. Mas se esse potencial
inflamatório não se concretiza na pessoa,
ela pode consumi-lo. Algumas pessoas
estufam se comem pão; outras, não.
Portanto, um modo simples e prático é
perguntar-se o que acontece quando se
consome o alimento: há estufamento,
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AULA 8 NUTRIÇÃO

gases, mudança na freqüência ou aparência


das fezes? Muitas pessoas passam a
vida convivendo com uma inflamação
acreditando que isso é normal. Por isso,
pode ser necessário “limpar” a alimentação
do paciente e reintroduzir os alimentos aos
poucos.

Outro ponto é a raspagem de língua,


técnica milenar da medicina indiana.
Tradicionalmente, ela afirma que a limpeza
da língua aumenta a capacidade de digestão
e função intestinal. Muitos estudos mostram
que a raspagem de língua muda toda a
microbiota, a flora bacteriana da boca, e
melhora a saúde bucal. Na prática clínica,
constata-se a melhora significativa no
intestino em até uma semana de raspagem
de língua. É uma técnica fácil, elimina a
borra branca que se acumula na língua, e
pode ser feita com um raspador de cobre ou
uma colher.
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AULA 8 NUTRIÇÃO

Suplementação
antiinflamatória
O utro ponto é a suplementação
antiinflamatória para o intestino.

Glutamina: aminoácido muito utilizado por


dois tipos de células – enterócitos (compõem
a barreira intestinal) e leucócitos (células do
sistema imune) – que têm por característica
um processo de replicação rápido e, por isso,
consomem bastante glutamina. É válida
para ajudar o intestino a restabelecer-se
após um quadro de inflamação. Doses de 5,
10 e até 15 g/dia; podem ser fracionadas ao
longo do dia.

Ômega 3: molécula antiinflamatória


presente no óleo do peixe. Recomendável
para qualquer tipo de inflamação, com

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AULA 8 NUTRIÇÃO

grandes benefícios na inflamação intestinal.


A dose pode variar entre 1000 a 15000 mg
de EPA mais DHA, que são ácidos graxos,
são o ômega 3 de fato. Já o óleo do peixe não
é o ômega propriamente; por isso, quando
se opta por ele, é necessário olhar na tabela
nutricional para identificar a concentração
de EPA e DHA e calcular quantas cápsulas
ingerir.

Quercetina: tem sido muito usada em caso


de COVID por seu aspecto antiviral. É um
suplemento antiinflamatório geral, ao qual
o intestino responde bem. Recomenda-se
a dose de 250 mg duas vezes ao dia ou uma
dose de 500 mg. Tem efeito estimulante,
semelhante à cafeína; é preferível consumi-
la durante o dia.

Curcuma longa: utilizada para


endometriose óssea, cólica e diversos
tipos de inflamação. O intestino também

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AULA 8 NUTRIÇÃO

responde bem à suplementação. Faixa


de dose bastante ampla, de 50 a 400 mg.
Deve-se notar a tolerância do paciente;
precisa ser suplementada junto à piperina,
componente da pimenta preta que facilita a
absorção (1 mg de piperina para cada 100 mg
de cúrcuma). Recomenda-se começar com
doses menores.

Vitamina A: reconhecida pela capacidade


de beneficiar epitélios. Costuma-se indicá-
la para quem está com a pele ruim, por
sua função antioxidante. Como as células
da barreira intestinal são, de certa forma,
epiteliais, ela ajuda na recomposição da
barreira intestinal. Pode-se suplementar
até 10.000 UI/dia, mas doses de 2.000 Ui
já são bastante úteis. Deve-se considerar
a vitamina A que o paciente já ingere (em
alimentos como ovo ou fígado, p. ex.), pois
seu acúmulo no organismo é tóxico.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

Psyllium: fibra que, por ser pouco


fermentável, não tem aspecto
antiinflamatório. Mesmo assim, aumenta a
umidade das fezes, favorecendo a evacuação
e a regularização do trânsito intestinal. Dose
de 5 a 15 g/dia; ou uma a duas colheres de
sobremesa.

Inulina: é fermentável, servindo de


alimento para as boas bactérias. A
microbiota que se alimenta da inulina
começa a povoar mais o intestino. Com
aumento da boa microbiota, tem-se uma
fonte de ácidos graxos de cadeia curta
(antiinflamatórios). Manipular em torno de
1g para alcançar bons resultados.

É necessário tomar cuidado com a saúde


intestinal, principalmente quando se está
tratando o humor. Importante procurar
saber sobre o funcionamento intestinal do
paciente, para melhorá-lo.

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AULA 8 NUTRIÇÃO

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AULA 1 NUTRIÇÃO

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AULA 1 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Nesta aula, trataremos de
neurotransmissores: o que são, como
são sintetizados e quais nutrientes são
necessários para a sua síntese ou sua
atuação.

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AULA 1 NUTRIÇÃO

Neurotrans-
missores

O que são?
Dentre as bilhões de células que compõem
nosso cérebro, as principais são os
neurônios, que se comunicam entre si
por meio de estímulos eletroquímicos
provocados pelos neurotransmissores. Os
neurotransmissores são tão importantes
que a ação de muitos fármacos depende
deles.

Cabe entendermos, por ora, como os


neurotransmissores são produzidos e quais
são os seus efeitos no organismo. As células

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AULA 1 NUTRIÇÃO

nervosas sintetizam neurotransmissores


a partir dos “precursores dos
neurotransmissores”. Esses precursores
são moléculas químicas, que, em geral,
adquirimos por meio da alimentação.

A seguir, apresentamos os principais


neurotransmissores e como eles são
sintetizados:

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AULA 1 NUTRIÇÃO

Dopamina
A dopamina é um neurotransmissor
que está associado ao sentimento
de recompensa, à capacidade de
engajamento e permanência em
alguma atividade. A falta desse
neurotransmissor prejudica a realização
de tarefas simples como comer, se
higienizar ou manter relação sexual.
O desequilíbrio na liberação desse
neurotransmissor é responsável pelos
vícios e compulsões.

Para a produção de dopamina, é


necessário que um aminoácido
chamado fenilalanina, obtido por meio
da alimentação, chegue ao sistema
nervoso central. A fenilalanina é

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AULA 1 NUTRIÇÃO

convertida primeiro em tirosina, depois em


l-dopa, para então tornar-se dopamina.

A conversão desse aminoácido em


neurotransmissor ocorre por meio
de enzimas, que funcionam como
catalisadores da reação química. No caso
da transformação da fenilalanina em
dopamina, é necessária a enzima tirosina-
hidroxilase na segunda reação, e dopa-
descarboxilase na terceira.

Isso não é tudo. Também são necessários


cofatores enzimáticos para que a enzima
possa atuar. No caso da enzima tirosina-
hidroxilase, esse fator é o cobre; no caso da
enzima dopa-descarboxilase, esse fator é
a Vitamina B6. Uma deficiência de Cobre,
seja por desnutrição, seja porque o metal
se antagonizou com Alumínio ou Zinco
presentes no organismo, dificultará a
síntese da dopamina.

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AULA 1 NUTRIÇÃO

Noradrenalina
T rata-se de um neurotransmissor
produzido a partir da dopamina. É
o responsável, junto com a adrenalina,
pela resposta de lutar ou fugir diante de
uma situação de estresse. Sua atuação
em nosso organismo inclui o aumento
da glicemia, da freqüência cardíaca e da
pressão arterial; também a dilatação da
pupila e a contração dos esfíncteres.

O desequilíbrio da noradrenalina (tanto


sua falta quanto seu excesso) resulta em
medo e ansiedade; as crises de pânico
são decorrentes desse desequilíbrio.
A Vitamina C atua na produção de
noradrenalina, e é comprovada sua
utilidade no tratamento de ansiedade.

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AULA 1 NUTRIÇÃO

Serotonina

D evemos o sentimento de felicidade,


de sentido da vida, de preenchimento
interior à atuação da serotonina em
nosso organismo. O seu desequilíbrio está
associado aos quadros de depressão.

O aminoácido, obtido por meio da


alimentação, precursor da serotonina é
o triptofano. O triptofano, com a ajuda
da enzima triptofano-5-hidroxilase,
é convertido em 5-HTP. O 5-HTP, com
a ajuda da 5-HTP-descarboxilase, é
convertido em serotonina. Essas duas
enzimas têm os mesmos cofatores
enzimáticos nutricionais, que são a
Vitamina B6 e o magnésio. Uma dieta,
portanto, rica em triptofano, Vitamina

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AULA 1 NUTRIÇÃO

B6 e magnésio favorece a síntese e a


liberação da serotonina no organismo.

A Vitamina B6 auxilia em
diversas reações essenciais aos
neurotransmissores. A deficiência de
Vitamina B6, ou o seu impedimento
de atuar como cofator enzimático,
prejudica a produção de serotonina,
dopamina e noradrenalina.

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AULA 1 NUTRIÇÃO

GABA e
Glutamato
E sses dois neurotransmissores atuam
conjuntamente na excitabilidade do
sistema nervoso central. O equilíbrio entre
eles é muito sensível. Glutamato atua na
estimulação do sistema nervoso central,
enquanto gaba atua na sua inibição.

O glutamato é produzido pelo mecanismo


mitocondrial. Ele é convertido, depois,
em gaba, que por sua vez volta à
mitocôndria para alimentar novamente
algumas reações químicas que produzirão
glutamato. Essas reações químicas
dependem também da Vitamina B-6.

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AULA 1 NUTRIÇÃO

Para além da
produção de
neurotrans-
missores
O s nutrientes não são importantes
apenas na síntese dos
neurotransmissores, mas também em
sua atuação. A síntese de neurônios
dopaminérgicos, por exemplo, depende de
vitamina D. A vitamina D age na atuação
de algumas enzimas, como a tirosina-
hidroxilase. Para a produção da tirosina
hidroxilase, você precisa da vitamina D.
Outro exemplo é a atuação do zinco e do
magnésio nos receptores de glutamato

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AULA 1 NUTRIÇÃO

e gaba. Esses dois minerais são capazes


de modular a atividade de ambos os
receptores.

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AULA 1 NUTRIÇÃO
AULA 2 NUTRIÇÃO

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AULA 2 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Nesta aula, trataremos das vitaminas
D e B12: o que são, onde e como agem,
modos de avaliação de deficiência e
reposição.

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AULA 2 NUTRIÇÃO

Vitamina D
A vitamina D, que também é discutida
como hormônio na endocrinologia, é
produzida pelo corpo a partir da exposição
adequada ao sol. É mais comum que se
lembre de sua ação no metabolismo ósseo.
Entretanto, hoje se sabe que a vitamina D
tem várias funções no organismo, sendo
importante em quadros de transtorno de
humor, como a depressão.

Ela atua em diversas estruturas do sistema


nervoso central, como na neuroplasticidade
e neuroinflamação, além de agir no
aumento de expressão gênica de alguns
componentes necessários para a produção
de neurotransmissores. Sua deficiência
pode ser um fator que predispõe o
indivíduo à depressão, ao passo que a
reposição pode melhorar o tratamento.
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AULA 2 NUTRIÇÃO

Deficiência e
reposição
S e um paciente tem um quadro de
depressão diagnosticado ou apresenta
cansaço ou sintomas de tristeza, é bom
pedir-lhe exames de sangue com a dosagem
de 25-hidroxi-vitamina D, a nomenclatura
bioquímica da vitamina D circulante no
organismo.

O valor de referência é uma faixa bastante


extensa, que varia entre 20 a 100. A sugestão
é considerar que se o paciente estiver
abaixo de 20, trata-se de uma deficiência
de vitamina D; se estiver entre 20 e 40,
considerar valores inadequados e buscar
melhorá-los; se estiver acima de 40, 60,
considerar um bom índice; e se estiver

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AULA 2 NUTRIÇÃO

acima de 100, tomar cuidado, pois pode


haver toxicidade.

Conforme a Associação Brasileira de


Endocrinologia, qualquer valor abaixo de
20 é uma deficiência clara e a reposição
deve ser feita obrigatoriamente via
suplementação. Nesse caso, somente a
prescrição de tomar sol não resolve. Para
produção de vitamina D, é necessária uma
exposição adequada ao sol, entre 10h e 14h,
e existem desvantagens dermatológicas
nessa indicação. A prescrição de x unidades
de vitaminas D, 1000 UI ou 2000 UI,
também é inadequada.

O paciente deve tomar no mínimo 50000


UI semanal, em pulsos de vitamina D ou
dividido em 7000 UI diária. Para as grávidas,
a Sociedade Brasileira de Endocrinologia
recomenda que não se façam pulsos, mas
reposição fracionada. Para os demais, é

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AULA 2 NUTRIÇÃO

uma questão de escolha.

A vitamina D é lipossolúvel, deve ser diluída


em gordura para que ocorra a absorção
adequada. Se consumida em comprimidos,
precisa de uma alimentação rica em
gordura para garantir a absorção.

Prescrita a dose padrão para quem está


com deficiência, em dois ou três meses
deve-se refazer o exame para garantir que
a deficiência foi sanada. Em seguida, é
necessário descobrir a dose de manutenção
adequada para o paciente. Esta não é
padronizada, precisa de testes, ou seja,
prescrever uma quantidade para dois meses
e refazer os exames.

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AULA 2 NUTRIÇÃO

Vitamina B12
A função mais comentada da
vitamina B12 é o favorecimento
do processo de hematopoiese, ou seja,
o processo de formação das hemácias.
Mas seu efeito não se limita a isso,
pode até haver deficiência de B12 onde
não há alteração nenhuma de células
sanguíneas.

Se o paciente tem um quadro de


depressão, apresenta cansaço, fadiga,
principalmente mental, é importante
dosar a vitamina B12. O valor de
referência é de 190 a 900, mas sua
avaliação é mais trabalhosa.

Grupos de risco
Há grupos de risco para os quais a
deficiência da vitamina B12 é mais

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AULA 2 NUTRIÇÃO

comum. Pessoas que não consomem


alimentos de origem animal (em geral,
a vitamina B12 está presente nesses
alimentos) muito provavelmente precisam
de reposição. Além disso, quem tem gastrite
e faz uso de citoprotetores gástricos (como
o Omeprazol) podem ter a absorção de
vitamina B12 prejudicada, pois não produz
a acidez estomacal necessária para que o
organismo a absorva.

Outro grupo é o dos diabéticos que fazem


uso da metformina (Glifage), fármaco
que interfere na absorção intestinal.
Anticoncepcionais orais também
diminuem níveis de B12 e de B6 no
organismo. Por fim, os bariátricos, tanto
sleeve quanto bypass, podem apresentar
deficiência. Nesse último caso, o paciente
terá baixa absorção crônica de B12.

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AULA 2 NUTRIÇÃO

Avaliação e reposição
Para avaliar se o paciente está com
deficiência, não basta olhar o valor de
referência. A quantidade de B12 no sangue
não é uma medição padrão ouro para
identificar o status nutricional, pois a
principal função da vitamina B12 se dá
no ambiente intracelular. Portanto, é
importante observar os sintomas.
Há cansaço? Há fadiga mental? Se
o valor estiver abaixo de 500, vale a
pena suplementar. A suplementação de
vitamina B12 é muito segura. Seu principal
efeito adverso é a acne.

Pode-se confirmar de modo laboratorial,


dosando a homocisteína, que é um
marcador inespecífico. Se estiver acima
de 8, mas houver sintomas e concentração
menor que 500, é necessário suplementar.
O marcador específico da vitamina B12 é o
ácido metilmalônico. Seu aumento é sinal

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AULA 2 NUTRIÇÃO

inequívoco de deficiência, mas a dosagem é


difícil de ser feita em clínica.

A reposição pode ser intramuscular


(prescrita somente por médicos) ou
oral. Sugere-se começar com 1000 µg
na forma ativa de vitamina B12, que é a
metilcobalamina; também se pode usar o
citoneurin, com até 5000 µg por dia.

A vitamina B12 também tem impacto na


memória. Idosos com quadro aparente de
demência podem, na verdade, estar com
deficiência de vitamina B12.

Em resumo, devem-se incluir as vitaminas


D e B12 nos exames de rotina, repeti-los
com certa frequência e fazer a reposição de
acordo com os resultados.

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AULA 2 NUTRIÇÃO

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AULA 3 NUTRIÇÃO

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AULA 3 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Esta aula trata do uso de fármacos
no tratamento de ansiedade, bem
como as alternativas possíveis:
fitoterápicos e magnésio.

2
AULA 3 NUTRIÇÃO

Fármacos para
ansiedade
O s ansiolíticos são fármacos utilizados
para o tratamento da ansiedade.
Dentre esses, os benzodiazepínicos
são a principal classe, como rivotril ou
alprazolam. Eles são relativamente seguros
e mais eficazes comparados a outros.
Entretanto, causam efeitos adversos,
como prejuízo na realização de tarefas do
dia a dia. Além disso, seu uso prolongado
pode provocar dependência. Quem faz
uso contínuo de rivotril, por exemplo, não
pode parar de tomá-lo repentinamente,
necessita de “desmame”. O sono induzido
por esse tipo de fármaco não é totalmente
reparador, porque diminui a entrada do
sono REM, fase em que mais descansamos.
3
AULA 3 NUTRIÇÃO

A coordenação motora também costuma


ser prejudicada por eles.

Os benzodiazepínicos funcionam
interagindo com o neurotransmissor GABA,
cuja presença diminui a agitação, coloca
em estado de calma e viabiliza o sono. Para
que o GABA funcione, sua molécula precisa
se ligar a um receptor na membrana celular.
Os benzodiazepínicos facilitam a ligação
do GABA com seu receptor, induzindo ao
estado de sedação, diminuindo a euforia
e provocando sonolência. O problema
é que, com o tempo, o organismo se
adapta, causando necessidade de maiores
concentrações para alcançar o mesmo
efeito.

4
AULA 3 NUTRIÇÃO

Fitoterápicos
como
alternativa
D iversos fitoterápicos vêm ganhando
destaque por possuírem princípios
bioativos ansiolíticos, muitas vezes agindo
da mesma maneira.

Passiflora incarnata: também conhecido


por Maracugina, fitoterápico com longa
história de uso na medicina tradicional
e popular. Sua função na diminuição da
ansiedade por melhor resposta do GABA é
bem documentada em modelos animais.
Há estudos em humanos que estarão nas
referências do curso.

5
AULA 3 NUTRIÇÃO

Recomenda-se o uso de doses de 200 a


600 mg. Doses mais altas são indicadas
para casos agudos, pois o paciente sentirá
bastante sono. Em uma crise de ansiedade,
pode ser uma alternativa; no dia a dia,
porém, é melhor usar doses mais baixas
(fracionar 600 mg em três doses de 200 mg
ao longo do dia, por exemplo).

Melissa officinalis: mais conhecida como


erva cidreira (não confundir com capim
cidreira). Usada na medicina tradicional em
forma de chá para diminuição de estresse
e ansiedade, além de melhora na qualidade
do sono. Além da afinidade com o receptor
do GABA, outra hipótese para sua eficácia é
a diminuição de sua degradação.

Na prática clínica, é preferível prescrever


Melissa à noite, como indutora de sono,
por sua característica mais pontual e
sedativa; e Passiflora distribuída ao longo

6
AULA 3 NUTRIÇÃO

do dia. Recomendam-se doses de 300 a 600


mg, seguindo as mesmas prescrições da
Passiflora, com a ressalva de que o efeito
sedativo da Melissa é maior. Uma dose alta
só faz sentido em quadros de insônia grave,
crise de ansiedade ou de pânico fortes.

Kava-kava: planta tradicionalmente


utilizada como bebida recreativa por
tribos indígenas do Pacífico Sul. Não temos
conhecimento preciso de seu mecanismo;
ela parece agir um pouco via GABA, mas
também em outros neurotransmissores.
É a opção menos sedativa, por isso tem a
conveniência do uso pela manhã. É um
dos suplementos mais estudados em seres
humanos, sendo o mais estudado dos três
aqui citados. As revisões recomendam
doses de Kava-kava de 210 a 240 mg. Em
doses menores, o efeito é pequeno e em
doses mais altas não há maiores benefícios.

7
AULA 3 NUTRIÇÃO

Suprir a
deficiência
de magnésio
O magnésio é importante para a
regulação do glutamato e do GABA,
neurotransmissores que estimulam a
inibição e a excitabilidade do sistema
nervoso.

É difícil identificar sua deficiência, pois


a dosagem padrão ouro é a quantidade
intracelular (assim como a vitamina B12).
Existe também dificuldade de medir
com precisão a quantidade de magnésio
ingerida, pois apesar de se saber que está
em alimentos de cor verde escura (como
couve e brócolis), a quantidade presente

8
AULA 3 NUTRIÇÃO

varia. Parece um beco sem saída, mas na


verdade é fácil de resolver.

- Recomendações de uso

A deficiência de magnésio causa agitação


mental, dificuldade de concentração e no
sono. Para quem tem insônia ou ansiedade,
é fundamental garantir a ingestão mínima,
o que deve ser feito por suplementação. Na
verdade, não se trata de suplementação,
pois não é um consumo em maior
quantidade. Como a dose varia de 260 a 350
mg, fazemos a média de 300 mg.

Recomenda-se o uso do magnésio


dimalato (magnésio e ácido málico), que
segundo a hipótese favorece a produção de
energia, ou magnésio quelato (magnésio
e o aminoácido glicina), que segundo a
hipótese favorece a indução de sono. O
importante é evitar a deficiência, não

9
AULA 3 NUTRIÇÃO

importando tanto qual o tipo. Outro tipo de


magnésio é o L-treonato. Estudos apontam
o seu bom funcionamento, já que parece ter
maior absorção não somente no intestino,
mas também no sistema nervoso.

Na embalagem haverá uma tabela


nutricional; as 300 mg devem ser
calculadas com base nela. Não se considera
apenas o peso do comprimido, porque ele
se refere à massa molecular completa. Por
isso, calcula-se quantas cápsulas somam
260 a 350 mg de magnésio elementar,
isto é, do elemento magnésio puro. Em
caso de manipulação, deve-se especificar
a quantidade (300 mg de magnésio
elementar).

O cloreto de magnésio, o citrato de


magnésio e o óxido de magnésio são sais.
Sua absorção é pior e, por um processo
osmótico, comumente provocam diarreia

10
AULA 3 NUTRIÇÃO

no paciente com menor tolerância. O leite


de magnésia é um laxante, não tem relação
alguma com o magnésio de que estamos
tratando.

Na prática clínica, não se substitui um


medicamento subitamente. A retirada
de algum benzodiazepínico deve ser
progressiva, e o fitoterápico pode ser
ingerido simultaneamente, contribuindo
com o processo. Além disso, há a impressão
de que os fitoterápicos não fazem mal
algum, mas todos têm certo risco. Por isso,
antes de recomendar, vale a pena fazer um
exame de enzima hepática. Se estiver tudo
bem, pode-se prescrever e repetir o exame a
cada três meses.

11
AULA 3 NUTRIÇÃO

L-teanina
C omposto isolado do chá preto.
Diminui a ansiedade também
via glutamato e GABA, sem induzir
sedação. Favorece a cognição e a
atenção.

12
AULA 3 NUTRIÇÃO

13
AULA 4 NUTRIÇÃO

1
AULA 4 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Nesta aula, trataremos dos
ritmos circadianos e de
como a nutrição pode ajudar
em sua regulação, trazendo
benefícios para a qualidade
de vida.

2
AULA 4 NUTRIÇÃO

Melatonina e
cortisol
O ritmo circadiano designa um
período de mais ou menos 24 horas.
No organismo, há diversos eventos que se
repetem nesse período de tempo. O maior
exemplo é o ciclo sono-vigília. Quem dá
o gatilho para a repetição desses ciclos é
o núcleo supraquiasmático, presente no
hipotálamo. Não importa o que aconteça,
esses ritmos se repetem no organismo; a
questão é que os ritmos internos devem
estar sincronizados com os ritmos do
ambiente externo.

Dormimos à noite e ficamos acordados


durante o dia porque a luz ajuda na

3
AULA 4 NUTRIÇÃO

sincronização, por meio da produção de


dois hormônios: a melatonina e o cortisol.
Quando a luz incide sobre os olhos, inibe
a produção de melatonina, o conhecido
hormônio do sono, no sistema nervoso
central. Com a diminuição da luz, a
melatonina é produzida na glândula pineal
e “avisa” o organismo que é noite. O cortisol
é o hormônio que produzimos durante o
dia, principalmente no início da manhã,
ajudando no despertar. Os dois hormônios
são antagônicos: se a pessoa estiver
estressada ao final do dia, por exemplo, a
produção de melatonina ficará prejudicada
pelo cortisol.

Isso porque o cortisol é um hormônio


que ajuda na adaptação ao estresse e a
passagem do sono para a vigília é entendida
desse modo pelo organismo. Ao dormir,
o gasto energético é baixo. Quando
acordamos, precisamos de todas as funções
4
AULA 4 NUTRIÇÃO

vitais funcionando em um ritmo mais


acelerado. O cortisol prepara o organismo
para esse tipo de situação, facilitando a
ação da noradrenalina e adrenalina.

5
AULA 4 NUTRIÇÃO

Regulação
hormonal da
melatonina
1 Deve-se ter uma higiene do sono
adequada. Simplesmente apagar a luz
quando se quer dormir não resolve, pois
o organismo demora para produzir a
concentrações ideais de melatonina que
induzem ao sono. Para ficarmos mais
calmos, devemos evitar a exposição às
luzes, mesmo das telas.

2 Partindo do pressuposto que a


higiene do sono já é adequada, pode-
se melhorar a quantidade de melatonina
circulante por meio suplementação.

6
AULA 4 NUTRIÇÃO

Como se trata de um hormônio, é


necessária a prescrição médica, pois,
do contrário, pode-se provocar efeitos
adversos. Os dois efeitos adversos mais
comuns são um excesso de melatonina
que acaba gerando cansaço e letargia nas
primeiras horas do dia; e, paradoxalmente,
insônia. Doses altas de melatonina induzem
a um processo de sedação semelhante
ao dos benzodiazepínicos. A pessoa
dorme rapidamente, mas tem um sono
conturbado. Acorda entre 3h e 5h com
o ritmo circadiano desregulado, e não
consegue mais dormir, num quadro de
insônia intermediária.

No mercado, vemos doses de 3, 5 e 10


miligramas de melatonina. Essas doses
já são consideradas altas e, salvo se o
médico estiver tratando um distúrbio de
sono de modo farmacológico, não são

7
AULA 4 NUTRIÇÃO

recomendadas. É necessário trabalhar


com doses mais próximas do fisiológico,
que seriam de 0.3 a 0.7 miligramas. Para a
maioria das pessoas, essa dose é suficiente e
evita os efeitos adversos.

As insônias tratadas com melatonina


devem ser abordadas de modos diferentes.
A produção do hormônio começa quando
as luzes se apagam, tem um pico no meio
da noite e diminui ao amanhecer. A maioria
dos suplementos, porém, provocam um
pico instantâneo, não no meio da noite,
que funciona para pacientes com insônia
inicial (dificuldade de iniciar o sono). Para a
insônia intermediária ou despertar precoce
precisamos atentar ao ritmo de liberação,
que deve ser lento.

3 Outro ponto, bastante inusitado, é o


consumo de carboidratos no jantar.

8
AULA 4 NUTRIÇÃO

Apesar de ouvirmos que isso engorda e


diminui o sono, pode ser uma ferramenta
para regular a produção endógena de
melatonina. Os carboidratos aumentam
a concentração de insulina, que diminui
a quantidade de BCAAs (aminoácidos) e
facilita a entrada de triptofano no sistema
central, onde é convertido em serotonina.
E a melatonina é produzida no escuro a
partir da serotonina. Os estudos utilizam
carboidratos de maior índice glicêmico,
como arroz branco ou batata inglesa.
Esse recurso deve ser usado em situação
oportuna cujo objetivo é ajustar o sono; não
pode ser usado em diabéticos, por exemplo.

9
AULA 4 NUTRIÇÃO

Regulação
hormonal do
cortisol
T emos um grande pulso matinal de
cortisol, que precede o despertar, e
depois tende a cair, com pequenos picos
durante o dia. Esses picos estão relacionados
à alimentação, mas principalmente ao
estresse. Uma pessoa que passa o tempo
todo estressada tem tantos picos que já não
os distingue e perde a capacidade de pico
matinal, sofrendo uma piora na qualidade
do sono e predisposição para situações de
estresse.

Pessoas com Transtorno de Ansiedade


Generalizada (TAG) e fobias têm uma
produção de cortisol mais alta que a média,

10
AULA 4 NUTRIÇÃO

o que gera um ciclo vicioso, pois quanto


mais cortisol, maior a resposta ao estresse
e vice-versa, o que piora os sintomas de
ansiedade, prejudicando o sono. Isso
também tem um impacto metabólico, pois
a exposição crônica aumentada ao cortisol
aumenta o desejo por comfort foods, ricas
em calorias, açúcar e gorduras.

Para regular o cortisol no organismo,


temos a abordagem com fitoterápicos
adaptógenos, que têm capacidade de
aumentar a adaptação ao estresse, promover
a diminuição do cortisol e ajudar na
regulação do ritmo circadiano de produção
do hormônio.

Ashwagandha: planta medicinal indiana


que atua pela diminuição do cortisol. Seu
uso contínuo consegue uma redução de
cerca de 28 por cento do hormônio em
pessoas que têm estresse. Recomendam-

11
AULA 4 NUTRIÇÃO

se doses de 120 a 600 mg. Era considerada


muito segura, mas em 2020 houve relatos de
hepatotoxicidade, principalmente associada
a outros fitoterápicos. Por isso, é importante
o acompanhamento médico.

Óleo de lavanda: muitas pessoas


desconfiam da eficácia, mas estudos
demonstram que o óleo de lavanda no
difusor diminui o cortisol e aumenta
a produção noturna de melatonina até
mesmo em bebês. Por ser um óleo essencial,
é necessário buscar mais informações sobre
o uso. Não basta colocar uma quantidade de
gotas no difusor. Deve-se tomar cuidado com
o uso excessivo, sobretudo em crianças.

Rhodiola rosea: diferentemente da


ashwagandha, que é mais indicada ao
indivíduo muito estressado, agitado,
ansioso ou com insônia, a Rhodiola rosea
possui efeitos benéficos particularmente

12
AULA 4 NUTRIÇÃO

no aumento da disposição e na melhora


do humor, por isso é aproveitada em casos
de ansiedade associadas a sintomas de
depressão. Como estimula a produção de
serotonina, pode acabar aumentando a
agitação e causar insônia, em sua fase aguda
de uso. Doses crônicas de 200 ou 300 mg, e
doses agudas de 600 mg, quando se procura
um efeito imediato.

13
AULA 4 NUTRIÇÃO

14
AULA 5 NUTRIÇÃO

1
AULA 5 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Esta aula aborda o humor
na mulher, particularmente,
a síndrome pré-menstrual,
também conhecida como
tensão pré-menstrual ou TPM.

2
AULA 5 NUTRIÇÃO

Origem e
sintomas
A síndrome pré-menstrual tem origem
multifatorial pouco elucidada. As
teorias indicam que sua principal causa
consiste em uma alteração na produção
de neurotransmissores, ocasionada por
desequilíbrios hormonais.

Os sintomas são de ordem afetiva, física


e comportamental; repetem-se a cada
mês, na segunda fase do ciclo menstrual,
desaparecendo poucos dias após a
menstruação. Sintomas leves não são
considerados parte da síndrome; algumas
mulheres possuem um transtorno pré-

3
AULA 5 NUTRIÇÃO

menstrual mais grave; e 3% a 8% possuem


transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM),
que requer tratamento adequado.

Tanto para TPM quanto para TDPM,


há poucas opções de tratamentos
farmacológicos: contraceptivos orais,
que somente adiam os sintomas, e
antidepressivos. Ambos são eficazes até
certo ponto, mas apresentam efeitos
adversos. O anticoncepcional, por exemplo,
aumenta o risco de depressão. Por isso,
alternativas de tratamento são muito bem-
vindas.

4
AULA 5 NUTRIÇÃO

Opções de
tratamento
Vitaminas do complexo B

A s vitaminas do complexo B são o


primeiro grupo de suplementos, pois
podem ajudar no controle dos sintomas
e também na causa desse transtorno.
Na primeira fase do ciclo menstrual, o
estrogênio deve predominar no organismo;
na segunda fase, após a ovulação, deve
predominar a progesterona. Porém, em
certas condições, a produção de estrogênio
não diminui. Pelo contrário, aumenta,
ocasionando um desequilíbrio, que
tem impacto negativo na produção de
neurotransmissores.

5
AULA 5 NUTRIÇÃO

A vitamina B6 participa da produção


de diversos neurotransmissores, como a
serotonina. O excesso de estrogênio pode
interagir com essa vitamina, impedindo-a
de ser um cofator enzimático na síntese
de serotonina. Portanto, mesmo com um
nível adequado de B6, pode haver uma
deficiência relativa, em que a vitamina não
funciona adequadamente. Para combater
essa deficiência relativa, saturamos
a concentração de B6. A dose de que
necessitamos habitualmente é entre 1 e 2
mg. Para saturar o sistema, a dose indicada
é de 50 mg. Essa é uma dose bastante
segura. Acima de 100 mg, aumenta o risco
de toxicidade e neuropatias.

As vitaminas B12 e B9 (ácido fólico)


também são particularmente importantes
porque atuam como cofatores enzimáticos
no processo de detoxificação hepática
do estrogênio, que é uma das formas de
6
AULA 5 NUTRIÇÃO

nosso corpo se livrar do excesso hormonal,


quebrando as moléculas de estrogênio e
eliminando-as pela bile. Anteriormente,
já discutimos como avaliar clinicamente
a vitamina B12. No caso da vitamina B9,
pode-se dosar o ácido fólico, mas também é
recomendada a dosagem de homocisteína.
Caso esteja acima de oito, pode-se suspeita
da deficiência quantitativa ou relativa dessas
três vitaminas do complexo B (B6, B9 e B12).
Se houver alteração de humor na TPM,
pode-se suplementar a vitamina B6, mas
a dosagem de homocisteína dá segurança
para suplementar as outras. As vitaminas B9
e B12 devem ser suplementadas na forma
metilada (metilfolato ou metilcobalamina).

A vitamina B1 (tiamina), pode regular as


cólicas do período pré-menstrual, tendo em
vista seus efeitos no sistema nervoso e na
regulação do tônus da musculatura do útero.
Sua dose é de 100 mg por dia.
7
AULA 5 NUTRIÇÃO

Outros
suplementos
E m outra oportunidade, vimos como o
magnésio tem efeito na regulação do
humor por meio dos neurotransmissores.
A flutuação dos hormônios no
organismo feminino induz à alteração na
biodisponibilidade de magnésio e cálcio no
sangue, o que causa fadiga. O magnésio,
portanto, melhora o humor, alivia a fadiga
e atua diretamente na causa da TPM; o
cálcio auxilia nas cólicas menstruais porque
participa do processo de contração do
útero. As doses de magnésio são de 300 mg
de magnésio elementar. Quanto ao cálcio,
estudos indicam 500 a 1.500 mg, sendo que
as doses menores são preferíveis.

8
AULA 5 NUTRIÇÃO

A vitamina E é outro nutriente importante


no processo de detoxificação hepática
do estrogênio. Sua suplementação está
associada a melhoras no humor e nas
cólicas, por conta de sua ação anti-
inflamatória e antioxidante. Estudos
indicam que a dose adequada vai de
100 a 400 UI. O combo de suplementos
recomendado é vitamina B6, magnésio e
vitamina E.

O omêga 3 (óleo de peixe) tem intensa ação


anti-inflamatória, por isso, é usado de modo
efetivo para melhora da cólica menstrual.
Para fazer efeito, precisa ser consumido por
alguns meses, e essa é sua desvantagem. A
dose recomendada varia de 1.000 a 1.500
mg de EPA mais DHA. Outro campeão na
suplementação para a cólica é o gengibre,
que pode ser utilizado em chá, em pó (meia
colher de sobremesa) e extrato (100 mg);

9
AULA 5 NUTRIÇÃO

ajuda também na redução da enxaqueca.


O óleo de prímula é rico em um tipo de
ômega 6 que tem ação anti-inflamatória.
Parece promover melhora no desequilíbrio
emocional e no humor, e pode ser usado
de modo intermitente, pontual, de sete a
quinze dias antes do ciclo, com uma dose de
500 mg.

O Vitex agnus-castus é um fitoterápico


recomendado para cólicas graves. É o
principal suplemento no combate à TPM,
pois age nos sintomas e na regulação
do desequilíbrio hormonal. Possui ação
dopaminérgica, melhorando o humor, e é
anti-inflamatório. As doses variam de 30 a
300 mg, a depender do caso.

10
AULA 5 NUTRIÇÃO

Alterações na
dieta
O excesso de carboidratos pode favorecer
o desequilíbrio hormonal. O aumento
da insulina estimula a expressão da
aromatase, que converte testosterona em
estrógeno. Se essa conversão é excessiva,
ocorre o desequilíbrio, que também gera
um ciclo vicioso: o açúcar que a princípio
ameniza a alteração de humor pela
produção de serotonina, na verdade, piora
o desequilíbrio hormonal. É importante,
portanto, ajustar a ingestão de carboidrato.
Não necessariamente retirar de todo, mas
adequar de acordo com a rotina, atividade
física, etc.

11
AULA 5 NUTRIÇÃO

As fibras diminuem o pico de glicemia,


induzida pelo consumo de carboidrato.
Também atuam sobre a diminuição do
estrogênio circulante, evitando a reabsorção
da bile originária da detoxificação hepática,
a qual contém metabólitos de estrogênio.
Principalmente as fibras do tipo psyllium
conseguem otimizar a detoxificação. Os
vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor,
couve-manteiga, rabanete, aspargos) e as
frutas cítricas (limão, laranja, tangerina,
abacaxi) também contribuem para o
processo de desintoxicação hepática
do estrogênio, por meio de compostos
bioativos.

Essas pequenas alterações dietéticas podem


contribuir para o equilíbrio emocional,
principalmente se associadas a um estilo de
vida mais saudável.

12
AULA 5 NUTRIÇÃO
AULA 6 NUTRIÇÃO

1
AULA 6 NUTRIÇÃO

O que será
tratado
nesta aula
Esta aula trata do hormônio
testosterona e o seu impacto
na saúde masculina.

2
AULA 6 NUTRIÇÃO

Fatores que
causam
deficiência de
testosterona
U m estudo indica que um a cada quatro
homens com menos de 30 anos tem
baixo nível de testosterona no sangue,
que consiste em concentrações menores
de 250 ou 300 nanogramas por decilitro.
Além dos sintomas na função sexual, a
baixa testosterona também tem impacto
no humor e gera incapacidade de realizar
atividades vigorosas, sintomas de depressão
e fadiga.

Aqui, não se ensinará a reposição de


testosterona, mas o que pode ser feito

3
AULA 6 NUTRIÇÃO

para impactar sua concentração de modo


benéfico.

Tratar o sobrepeso: como a mulher, o


homem também converte testosterona
em estrogênio por meio da aromatase.
Um grande local de expressão dessa
enzima para os homens é o tecido
adiposo. Portanto, um homem que está
acima do peso com gordura corporal
converte mais testosterona em estrogênio
espontaneamente, principalmente quando
há aumento crônico da insulina.

Se o paciente tem muita gordura


corporal, tem uma síndrome metabólica
com resistência à insulina ou índice de
insulina circulante na faixa de 20 a 40,
provavelmente tem desequilíbrio entre
estrogênio e testosterona.

Para resolver a situação, é necessário perder

4
AULA 6 NUTRIÇÃO

peso – especificamente, gordura corporal


–, mas isso não acontece da noite para
o dia. Mesmo porque as fases iniciais do
tratamento podem prejudicar ainda mais a
testosterona, por conta da restrição calórica
que gera estresse no organismo e dificulta
que a testosterona exerça seu papel.

Com o passar das semanas o equilíbrio


hormonal se restabelece, por isso, é preciso
paciência. O exercício físico, especialmente
de força, é muito útil, pois ajuda o paciente
a perder gordura e manter massa magra,
além de ser um estímulo para a produção
da testosterona endógena.

Dormir bem: algo muito recorrente,


que pode ser causa da diminuição da
testosterona, conforme estudos. Portanto, a
qualidade do sono é essencial. Importante
investigar se o paciente tem quadro de
ansiedade ou apnéia.

5
AULA 6 NUTRIÇÃO

Evitar o estresse: O estresse diminui não


somente a quantidade de testosterona, mas
também seu efeito. O cortisol, hormônio
que aumenta em situações de estresse, é
extremamente antagônico à testosterona,
pois diminui a massa muscular, facilita
estoque de gordura, diminui a libido. Nesse
sentido, há um suplemento da medicina
indiana, chamado ashwagandha, que tem
benefícios na testosterona e função sexual,
muito provavelmente, por diminuição do
cortisol e do estresse. Um estudo apontou
que ao usar a aswagandha homens tiveram
aumento da testosterona induzida por
exercício. Parâmetros seminais também já
foram avaliados, principalmente em casos
associados a infertilidade e estresse. Dose:
160 a 600 miligramas.

Outro estudo também apontou que,


quando ficavam em postura retraída, a
concentração de cortisol em homens
6
AULA 6 NUTRIÇÃO

aumentava, enquanto que a de testosterona


diminuía. Daí a importância de exercícios
físicos como a musculação, que colocam o
sujeito em uma postura aberta.

Nutrição adequada: a deficiência de


vitamina D pode derrubar o nível de
testosterona, pois ela tem as gônadas
como alvo, e estas são responsáveis pela
produção adequada de hormônios sexuais.
Mesmo em um estudo em que a reposição
de vitamina D foi baixa, os homens
tiveram um aumento nas concentrações
de testosterona. Dose: 7000 UI diários ou
50000 UI semanais.

Outro suplemento interessante é o


magnésio, cuja deficiência parece estar
associada a menores concentrações
de testosterona livre. A testosterona
circula pelo organismo associada a uma
proteína transportadora, mas sua parte

7
AULA 6 NUTRIÇÃO

biologicamente ativa é a que não está ligada


a essa proteína, a chamada testosterona
livre. Estudos apontam que a concentração
adequada de magnésio ajuda na liberação
da testosterona desse complexo proteico, ou
seja, aumenta sua biodisponibilidade. Dose:
300 mg de magnésio elementar.

Também é necessário prestar atenção ao


zinco. Primeiramente, deve-se dosar para
descobrir se há uma deficiência desse
nutriente (considera-se 100 um valor
adequado, e geralmente o nível das pessoas
está entre 70 e 75). Homens inférteis,
com testosterona baixa, experimentam
um aumento de testosterona após a
suplementação de zinco, em caso de
deficiência. Dose: geralmente, de 20 a 30
mg, preferencialmente na forma de zinco
quelato. Doses maiores podem interferir no
cobre, tornando necessário suplementar
cobre quelato 2 mg também.
8
AULA 6 NUTRIÇÃO

Outras ques-
tões associadas
à baixa testos-
terona
T odos devem tomar as medidas indicadas
na aula: peso adequado, sono adequado,
baixo estresse, combate a deficiências
nutricionais. No homem, a testosterona
está associada à função sexual, mas é
importante também para a cognição, a
memória e a atenção. Níveis baixos de
testosterona podem gerar cognição alterada,
atenção prejudicada, hipoviligância e
hipotenacidade.

A testosterona também é o grande promotor


muscular. Baixa testosterona gera tendência

9
AULA 6 NUTRIÇÃO

à sarcopenia (redução de massa muscular),


que é um fator preditor de morte, sobretudo
em idosos. Um idoso com pouca massa
muscular está mais sujeito a não recuperar-
se de pneumonia ou internação no CTI,
por exemplo. Também há relação entre
testosterona alta e proteção cardiovascular,
reduzindo risco de enfarte. Por esses fatores,
a dosagem de testosterona deveria ser feita
sempre.

É importante pontuar que a mulher


também precisa de testosterona. Se tiver
níveis baixos, ela pode sofrer todas as
complicações mencionadas anteriormente;
e uma das causas de bloqueio da
testosterona em mulheres é o uso de
anticoncepcional oral. Nesse caso, será
preciso criar uma estratégia específica.

Se o paciente tiver feito uso de anabolizantes


sem acompanhamento médico, é necessário

10
AULA 6 NUTRIÇÃO

dosar testosterona, FSH e LH, pois pode


haver um quadro de hipogonadismo, ou seja,
as gônadas não produzem mais testosterona.
Para reverter esse quadro, é necessária uma
abordagem especial, que não será tratada
aqui, mas tem de estar no foco do terapeuta,
pois nesse caso as medidas explicadas na
aula dificilmente farão efeito.

11
AULA 6 NUTRIÇÃO

12
GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Aula 1 Biodisponibili-
dade
Aminoácido
[Bioquímica] Medida
Classe de compostos de quantidade de
orgânicos, medicamento,
componentes das contida em uma
proteínas. fórmula, que chega ao
Dicionário Aulete sistema circulatório
Digital. e da velocidade em
Acesso em: 12 jan. 2021. que ocorre esse
processo (teste de
Antagonizar biodisponibilidade).
1. [Farmácia] Dicionário Aulete
Combater o efeito Digital.
de determinada Acesso em: 13 jan. 2022.
substância. =
NEUTRALIZAR Catalisador
[Físico-química] Diz-se
2. [Fisiologia] Exercer
de ou substância que
ação contrária.
altera a velocidade de
Dicionário Priberam uma reação química;
da Língua Portuguesa. que ou o que provoca
Acesso em: 12 dez. 2021. catálise.
Dicionário Michaelis.
Acesso em: 12 dez. 2021.
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Catálise elétrica em um meio


e as transformações
[Físico-química]
das energias elétrica e
Fenômeno que
química.
causa a alteração
da velocidade de Dicionário Aulete
uma reação química Digital.
pela adição de Acesso em: 12 jan. 2022.
uma substância
(catalisador), Enzima
normalmente em dose [Bioquímica]
infinitesimal, e que Designação de
aparece inalterada, diversas proteínas
quimicamente, no fim geradas pelos seres
da reação, podendo vivos e que catalisam
ser recuperada. reações químicas
vitais sem sofrer
Dicionário Michaelis.
modificações na sua
Acesso em: 12 dez. 2021.
composição química.
Eletroquímica
Dicionário Aulete
[Físico-química] Ramo Digital.
da físico-química que Acesso em: 13 jan. 2022.
estuda as reações
provocadas pela
passagem de corrente

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Fármaco que outro faz ou diz. =


COPIAR, IMITAR
Substância química
usada como Dicionário Priberam
medicamento; da Língua Portuguesa.
produto farmacêutico. Acesso em: 13 jan. 2022.

Dicionário Aulete Mitocôndria


Digital. [Biologia] Organela do
Acesso em: 12 jan. 2022. citoplasma composta
de duas camadas de
Funcional
membrana e que tem
1. Relativo às funções a função de gerar
vitais. energia.
2. Que funciona Dicionário Aulete
bem ou que é de Digital.
fácil utilização. =
Acesso em: 13 jan. 2022.
PRÁTICO
Neurotransmis-
Dicionário Priberam
sor
da Língua Portuguesa.
Acesso em: 13 jan. 2021. [Bioquímica] Diz-se
de substância que,
Mimetizar liberada por célula
Fazer ou dizer alguma nervosa, transmite
coisa à semelhança do impulso nervoso a
outra célula.
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Dicionário Aulete Polimorfismo


Digital.
1. [Genética] Presença
Acesso em: 12 jan. 2022.
de diferentes

Aula 2 genótipos para


uma determinada
Lipossolúvel característica, numa
[Química] Diz-se mesma população.
da substância que é 2. [Biologia] Existência
solúvel em gordura. de três ou mais
Dicionário Aulete formas claramente
Digital. distintas em uma
Acesso em: 13 jan. 2021. mesma espécie.

Metabolismo Dicionário Aulete


Digital.
[Fisiologia] Conjunto
Acesso em: 13 jan. 2021.
de transformações
químicas e biológicas Vitamina
que produzem a
[Bioquímica]
energia necessária ao
Denominação comum
funcionamento de um
aos compostos
organismo.
orgânicos, existentes
Dicionário Aulete em diversos
Digital. alimentos, de
Acesso em: 13 jan. 2022.
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

importância vital para Benzodiazepí-


o funcionamento do nicos
metabolismo.
[Farmácia] Referente a
Dicionário Michaelis benzodiazepina.
Acesso em: 20 jan. 2022.
Dicionário Aulete
Aula 3 Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022.
Benzodiazepina
Fitoterapia
[Farmácia]
Denominação comum [Medicina]
a vários fármacos, Tratamento ou
de compostos prevenção de doenças
aparentados à por meio do uso de
diazepina, utilizados plantas medicinais.
em medicina Dicionário Aulete
psiquiátrica por Digital.
suas propriedades Acesso em: 13 jan. 2022.
ansiolíticas.

Dicionário Michaelis Fitoterápico


Acesso em: 20 jan. 2022. 1. [Medicina] Relativo
a fitoterapia.

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

2. [Medicina]
Originado de
Aula 4
produtos vegetais Antagônico
e com fins
Que coloca duas
terapêuticos.
forças em oposição;
Dicionário Michaelis contrário, oposto.
Acesso em: 20 jan. 2022.
Dicionário Aulete
Intracelular Digital.
[Citologia] Que ocorre Acesso em: 13 jan. 2022.
ou se localiza no Adaptógenos
interior das células.
Substância natural,
Dicionário Priberam em geral de
da Língua Portuguesa. origem vegetal,
Acesso em: 13 jan. 2022 que é considerada
Hepatotoxicida- como uma ajuda
deo para melhorar
ou normalizar o
Toxicidade para as funcionamento
células do fígado. normal do corpo,
Infopédia. nomeadamente
Acesso em: 13 jan. 2022 para a sua adaptação
ao estresse. =
ADAPTOGÊNIO
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Dicionário Priberam Insulina


da Língua Portuguesa.
[Bioquímica]
Acesso em: 13 jan. 2022
Hormônio
Endógeno normalmente
[Biologia] Que tem produzido pelo
origem, se desenvolve pâncreas, que
ou se reproduz a partir desempenha papel
do tecido interno de importante na
um órgão ou de um metabolização
organismo; endógene. dos açúcares pelo
Dicionário Michaelis. organismo.
Acesso em: 13 jan. 2022. Dicionário Aulete
Hipotálamo Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022.
[Anatomia] Porção
do diencéfalo situada Profilaxia
na base do cérebro e
1. [Medicina] Parte da
que controla funções
medicina que tem
importantes como o
por objeto medidas
sono, a temperatura
adequadas para
corporal, o apetite etc.
prevenir ou evitar
Dicionário Aulete doenças
Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022.
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

2. [Medicina] Uso de prolongamentos


procedimentos para irregulares e
prevenir doenças. ramificados
Dicionário Aulete dos neurônios,
Digital. especializados
Acesso em: 13 jan. 2022. na recepção de
informações e
Aula 5 estímulos nervosos.

Antioxidante Dicionário Priberam


da Língua Portuguesa.
Diz-se de substância
Acesso em: 13 jan. 2022
que reduz ou elimina
os efeitos da oxidação, Estrogênio
ou que inibe as [Fisiologia] Grupo
reações de oxidação de hormônios
removendo radicais relacionados com
livres derivados do a ovulação e com o
oxigênio desenvolvimento
Dicionário Aulete de características
Digital. femininas
Acesso em: 13 jan. 2022. secundárias.
Dicionário Aulete
Dendrito
Digital.
[Biologia] Cada
Acesso em: 13 jan. 2022.
um dos vários
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Enzimático de adaptação às
condições do meio.
Produzido por enzima.
Dicionário Aulete
Dicionário Aulete
Digital.
Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022.
Acesso em: 13 jan. 2022.
Progesterona
Neuropatia
[Bioquímica]
[Medicina] Patologia
Hormônio feminino
ou disfunção que
responsável pelo ciclo
afeta os nervos,
menstrual e pelas
especialmente no
modificações do
sistema nervoso
organismo durante a
periférico. =
gravidez.
NEVROPATIA.
Dicionário Aulete
Dicionário Priberam
Digital.
da Língua Portuguesa.
Acesso em: 13 jan. 2022.
Acesso em: 13 jan. 2022.

Plasticidade
Sistema
1. [Biologia] Resposta
nervoso
fácil aos estímulos.
[Fisiologia] Conjunto
1. [Biologia] Facilidade
dos órgãos que

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

recebem, transmitem Dicionário Aulete


e transformam o Digital.
influxo nervoso. Acesso em: 13 jan. 2022.
Dicionário Priberam Dislipidemia
da Língua Portuguesa.
Alteração, quase
Acesso em: 13 jan. 2022
sempre por excessos,

Aula 6 nos teores de


lipídios ou gorduras
Anamnese do sangue, como
Histórico de uma o colesterol e os
doença feito pelo triglicerídeos.
médico com base nas BRASIL. Ministério
informações colhidas da Saúde. Glossário
com o paciente. temático: alimentação
Dicionário Aulete e nutrição. 2. ed.,
Digital. 2. reimpr. Brasília:
Acesso em: 13 jan. 2022. Ministério da Saúde,
2013. p. 24.
Cinético
Gônada
[Física] Referente ou
inerente a movimento. Denominação dada
a cada uma das
glândulas sexuais

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

(ovário e testículo) Sarcopenia


responsáveis
Perda progressiva
pela produção de
de massa, força
gametas (óvulos e
e coordenação
espermatozoides).
muscular, geralmente
Dicionário Michaelis. resultado do processo
Acesso em: 13 jan. 2022. de envelhecimento.
Hipogonadismo Dicionário Aulete
Digital.
[Medicina] Deficiência
funcional das Acesso em: 13 jan. 2022.
gônadas da qual Síndrome me-
podem decorrer tabólica
retardamento do Conjunto de
crescimento e atrofia alterações
ou desenvolvimento metabólicas
deficiente de e hormonais
características caracterizado por
sexuais secundárias; intolerância à
hipogenitalismo. glicose (ou diabetes),
Dicionário Michaelis. hipertensão arterial,
Acesso em: 13 jan. 2022. dislipidemia e
obesidade troncular
ou abdominal.

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Associação Brasileira BRASIL. Ministério


para o Estudo da da Saúde. Glossário
Obesidade e Síndrome temático: alimentação
Metabólica. e nutrição. 2. ed.,
Acesso em: 13 jan. 2022. 2. reimpr. Brasília:
Ministério da Saúde,
Testosterona 2013. p. 15.
[Bioquímica]
Diurese
Principal hormônio
masculino (C19 H28 1. [Medicina] Secreção
02), produzido nos de urina.
testículos. 2. [Medicina] Secreção
Dicionário Aulete abundante de urina.
Digital. Dicionário Aulete
Acesso em: 13 jan. 2022. Digital.

Aula 7 Acesso em: 13 jan. 2022.

Glicose
Ácido graxo
Açúcar simples,
Unidade química molécula básica dos
constituinte da glicídios, a principal
gordura, tanto de fonte de energia
origem animal quanto dos seres vivos,
vegetal. encontrada nas

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

plantas, especialmente Merriam-Webster.


nos seus frutos, Acesso em: 13 jan. 2022.
constituindo
um produto da
Triglicerídio
fotossíntese; dextrose. 1. [Bioquímica] Éster
da glicerina encon-
Dicionário Michaelis.
trado em diferen-
Acesso em: 13 jan. 2022.
tes proporções no
Hipertrofia sangue e nas células
adiposas; TRIACIL-
[Medicina] Aumento
GLICERÍDEO; TRI-
de tamanho das
GLICÉRIDE
células que ocasiona o
aumento do tecido ou Dicionário Aulete
do órgão formado por Digital.
elas. Acesso em: 13 jan. 2022.

Aula 8
Dicionário Aulete
Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022. Citocina
Low-carb [Bioquímica]
Designação dada a
Que contém menos
várias substâncias
carboidratos que o
proteicas que,
habitual.
segregadas por

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

diferentes tipos de Glúten


células como resposta
Substância proteica,
a estímulos, atuam
viscosa, extraída das
em células com
sementes de cereais
receptores específicos.
após a eliminação do
Dicionário Priberam amido.
da Língua Portuguesa. Dicionário Michaelis.
Acesso em: 13 jan. 2022. Acesso em: 13 jan. 2022.
Glutamina Inequívoco
[Química] Não equívoco;
Aminoácido que que não admite
ocorre nas proteínas, dúvida(s), equívoco(s)
derivado do ácido (resposta inequívoca;
glutâmico e que argumentos
desempenha uma inequívocos;
função importante sentimento
no metabolismo das inequívoco);
proteínas. EXPLÍCITO;
Dicionário Priberam EVIDENTE;
da Língua Portuguesa. MANIFESTO
Acesso em: 13 jan. 2022 Dicionário Aulete
Digital.
Acesso em: 13 jan. 2022.
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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

Microbiota
Conjunto dos
microrganismos de
um ecossistema (ex.:
microbiota intestinal).
= MICROBIOMA

Dicionário Priberam
da Língua Portuguesa.
Acesso em: 13 jan. 2022.

Probiótico
[Medicina] Diz-se de
ou organismo que,
administrado vivo
e em quantidades
adequadas, traz
benefício à saúde do
hospedeiro.

Dicionário Priberam
da Língua Portuguesa.
Acesso em: 13 jan. 2022.

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GLOSSÁRIO - NUTRIÇÃO

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