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Espalhamento eletrônico no

grafeno

Diego Oliver Daldoce Pereira


Orientadora: Tatiana G. Rappoport
XXXIII Jornada Giulio Massarani
O que é o grafeno?
• Alótropo do carbono com
estrutura planar de 1 Å de
espessura;
• Átomos de carbono
densamente juntos em uma
estrutura cristalina de
formato honeycomb, mais
conhecido como favo de
mel;
• Elemento estrutural básico
das outras formas
alotrópicas do carbono
(fulerenos, nanotubos de
carbono, grafite...);
Qual a razão do interesse no
grafeno?

• Alta condutividade elétrica, mesmo em temperatura


ambiente;
• Elétrons se comportam como férmions relativísticos
sem massa;
• Possível substituição do Si na fabricação de
componentes eletrônicos, como os transistores
utilizados nos chips;
Motivação
• Os parâmetros de espalhamento são extremamente importantes para o
entendimento do transporte no grafeno na presença de impurezas;
• A condutividade de um material está diretamente relacionada com a
seção de choque diferencial;

 Espalhamento 2D de um MQ não-relativística
elétron por um potencial radial; • Equação de Schrödinger:
 Método de ondas parciais; ℏ2
− Δψ + Vψ = Eψ
2m

MQ relativística
• Equação de Dirac:
c σ. p + mc 2 σz ψ = Eψ
Método das ondas parciais
Para um espalhamento por um potencial central , o sistema é simétrico em relação a direção de
incidência. Logo, a função de onda estacionária pode ser escrita da seguinte forma:

2μ𝐸
ψ= (Am Jm kr + Bm Ym kr )eimθ k=

m= −∞
No método das ondas parciais, analisamos o espalhamento para r → ∞, aplicando os limites
assintóticos para baixas energias:
∞ ∞
2 mπ π mπ π 2 nπ π
ψ≈ Am cos kr − − + Bm sen kr − − eimθ ≈ Cm cos kr − − + δm eimθ
πkr 2 4 2 4 πkr 2 4
m=−∞ m= −∞
Da teoria de espalhamento em duas dimensões, a função de onda satisfaz uma condição de
contorno assintótica para r → ∞:

ikx
eikr
ψ e + f(θ) f θ → amplitude do espalhamento
r→∞
𝛙𝐈𝐍𝐂
r
𝛙𝐄𝐒𝐏
Utilizando a expansão de Jacobi-Anger para a onda incidente e o limite assintótico:
∞ ∞
2 mπ π imθ
ψINC = eikx = im Jm kr eimθ ≈ im cos kr − − e
πkr 2 4
m= −∞ m=−∞
Amplitude do espalhamento
não-relativístico
onda espalhada Escrevendo os cossenos sob a forma de
eikr exponenciais e sabendo que o espalhamento
não afeta a parte convergente e−ikr r de
r ψINC :
i2m = Cm im eiδm ∴ Cm = im e−iδm


Encontramos ψESP por simples subtração:

x 2 eikr
−iδm imθ
ψESP = (−ie sen δm )e
πk r
m=−∞ 𝐟(𝛉)

Podemos expandir f θ em termos de uma


eikx potencial V r série de Fourier de exponenciais:
onda incidente espalhador ∞

f θ = fm eimθ → fm = −ie−iδm sen δm


Ilustração do método das ondas parciais m=−∞
Phaseshifts no caso
não-relativístico
Para encontrar a razão Bm /Am , devemos
aplicar a continuidade da função de onda e de
sua derivada na interface do potencial em
r = a:
Am Jm ka + Bm Ym ka = Dm Jm k ′ a
Am Jm , ka + Bm Ym , ka = Dm Jm , k ′ a
2μE ′ 2μ(E − V0 )
k= ,k =
ℏ ℏ

Resolvendo para Bm /Am :


Bm
= tan δm
Am
Jm , k ′ a Jm ka − Jm , (ka)Jm k ′ a
tan δm = ,
Ym ka Jm k ′ a − Ym ka Jm , k ′ a
Phaseshifts no caso
não-relativístico
Analisando, para valores fixos de V0 e a, os comportamentos dos phaseshifts mais
significativos para o cálculo de f θ , observamos o seguinte comportamento para baixos
valores de energia:
Seção de choque no caso
não-relativístico
Observado que δ0 ≫ δ1 = δ−1 , só
utilizaremos m = 0 para a amplitude do
espalhamento:

2 −iδ
f θ = ie 0 sen δ0
πk
Da teoria de espalhamento sabemos que
a seção de choque diferencial é dada por:
dσ(θ)
= f (θ) 2

Portanto:
dσ(θ) 2
= sen2 δ0
dθ πk
Equação de Dirac
Para o movimento de férmions relativísticos sem massa (m = 0) em uma superfície
𝜕ψ
bidimensional =0 :
𝜕z
0 px − ipy ψA (r) ψ (r)
ℏvF =E A
px + ipy 0 ψB (r) ψB (r)
Para uma onda livre:
eik.r
1
ψ= iθ , θk = arg k x + ik y E = ±vF k x 2 + k y 2 = ±vF k
2 ±e k
Escrevendo cada componente do spinor como:
∞ ∞

ψA r = R m A r eimθ ; ψB r = R m+1 B (r)ei(m+1)θ


m=−∞ m=−∞ 𝜕 1 𝜕
Obtemos duas equações radiais acopladas: px ± ipy = e±iθ −i ±
𝜕r r 𝜕θ
dR m A r m i
− RmA r − E − V r RmB r = 0
dr r ℏvF
R m A r = R −(m+1) B r
dR m B r m+1 i
− Rm B r − E − V r RmA r = 0
dr r ℏvF
Equação de Dirac: ondas parciais
As soluções radiais se comportam como funções de Bessel no limite assintótico (ausência
do potencial).
A função de onda normalizada pode ser escrita como:

R k,m (r)eimθ
1 2E
m= −∞ k=
ψ= ∞ ℏvf
2
±iR k,m+1 (r)ei(m+1)θ
m= −∞
Da teoria de espalhamento 2D, o spinor satisfaz uma condição de contorno assintótica
análoga ao caso não-relativístico para r → ∞:
1 1 ikx f(θ) 1 i kr−π
ψ e + e 4
r→∞ 2 ±1 2r ±1
𝛙𝐈𝐍𝐂 𝛙𝐄𝐒𝐏
Amplitude do espalhamento
relativístico

Como o espalhamento não afeta a parte convergente e−ikr r de ψINC:



Cm m −iδ iπ 2m
i e4 2 m iδ
i e me 4 = ∴ Cm = i e m
2 r 2πkr πk
Encontramos fm :
e2iδm − 1
fm =
2πk
E consequentemente f θ :
∞ ∞
1 2
f θ = (e2iδm − 1)eimθ = eiδm eimθ sen δm
2πk m=−∞ πk
m=−∞
Phaseshifts no caso
relativístico
Desta vez, para encontrar a razão Bm /Am , devemos
aplicar a continuidade das duas componentes do
spinor da função de onda na interface do potencial
em r = a:
Am Jm ka + Bm Ym ka = Dm Jm k ′ a
Am Jm+1 ka + Bm Ym+1 ka = Dm Jm+1 k ′ a
2E 2(E − V0)
k= ,k =
ℏvF ℏvF
Resolvendo para Bm /Am :
Bm
= tan δm
Am
Ym ka Jm+1 k ′ a − Ym+1 ka Jm k ′ a
tan δm =
Jm+1 ka Jm k ′ a − Jm ka Jm+1 k ′ a
Phaseshifts no caso
relativístico
Analisando, para valores fixos de V0 e a, os comportamentos dos phaseshifts mais
significativos para o cálculo de f θ , observamos o seguinte comportamento para baixos
valores de energia:
Seção de choque no caso
relativístico
Observado que δ0 = δ−1 ≫ δ1 , utilizaremos
m = 0 e m = −1 para a amplitude do
espalhamento:

2 iδ
f θ = (e 0 sen δ0 + eiδ−1 senδ−1 e−iθ )
πk

Com isso, temos para a seção da choque


diferencial:
dσ(θ) 8 θ
= f (θ) 2 = sen²δ0 cos²
dθ πk 2
Comparação das seções de choque
Conhecidos os comportamentos das seções de choque quanto a energia da onda,
estudamos os comportamentos das seções de choque quanto ao ângulo, já que existe uma
diferença por um fator cos²(θ 2).

Este gráfico nos mostra um


comportamento interessante no
caso do grafeno. Para θ = π,
temos que a seção de choque é
nula, o que nos que no grafeno não
ocorre backscattering, ou “retro
espalhamento”.

Demonstrado esse resultado


utilizando apenas os phaseshifts
que mais contribuem,
reproduzimos esse mesmo
resultado analiticamente.
Ausência de backscattering no grafeno
A partir do que foi encontrado para tan δm , podemos deduzir que:
δm = δ−(m+1)
Logo, podemos reescrever a expressão encontrada para a amplitude do espalhamento:
∞ ∞ ∞

f θ = fm eimθ = fm eimθ + fm+1 e−imθ


m=−∞ m=0 m=1

iθ 1
i m−2 θ
1
−i m−2 θ 2 iδ
f θ = e2 fm (e +e ∴ fm = e m senδm
πk
m=0


8 iθ 1
f θ = e2 eiδm senδm cos m− θ
πk 2
m=0
π
Esta expressão mostra que para θ = π, temos cos mπ + 2 = 0 ∴ f θ = 0 , o que
evidencia a ausência de backscattering para o grafeno.
Bibliografia
1. BRANSDEN, B. H. JOACHAIN. Quantum Mechanics. 2ªedição, Ed.
Pearson.
2. NUSSESVEIG, Moysés. Mecânica Quântica II. IF – UFRJ.
3. Physical Review B 76, 245435 (2007) - Elastic scattering theory and
transport in graphene. D. S. Novikov.

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