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Universidade Federal de Campina Grande


Centro de Engenharia Elétrica e Informática
Departamento de Engenharia Elétrica

Resenha do Documentário - “Coisas - Um guia Horizon dos Materiais”

Disciplina
Introdução a Ciência dos Materiais
Professor
Ariosvaldo Sobrinho

Aluna
Sarah Stella Borba Miguel
sarah.miguel@ee.ufcg.edu.br

Campina Grande − PB
Junho - 2023
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Nome:_Sarah Stella Borba Miguel ___________________________________

Curso: _ Engenharia Elétrica _ Data: _12_/_06_/_2023_ Disciplina: _ ICM _

1. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

PALMER, Penny (Dir.). Coisas - Um guia Horizon dos Materiais. 2012.


Documentário. Reino Unido: British Broadcasting Corporation (BBC).

2. RESENHA CRÍTICA

O documentário “Coisas - Um guia Horizon dos Materiais (do inglês Stuff – A


Horizon Guide to Materials)" foi fruto da parceria entre a BBC e a Horizon. Sendo
resultado de um trabalho de cerca de 40 anos acompanhando a evolução dos materiais no
planeta, possui como foco principal a busca por um material que seja barato de se produzir
e que possua capacidade de mudar o mundo com sua aplicação.
Tendo como objetivo mostrar como os materiais vêm mudando e transformando o
mundo, é mostrado todos os avanços e descobertas através do tempo. O documentário
começa mostrando o Starlite, descoberto em 1990, um material plástico que apresentou a
capacidade de suportar altas temperaturas e manter uma forte barreira térmica, bem como
uma baixa capacidade térmica, em testes realizados no Centro de Armas Nucleares (AWE),
na Grã Bretanha. Criado por Maurice Ward, o material possuía um enorme potencial
comercial. Porém, em 2011 o criador do material e responsável por sua descoberta veio a
falecer e não vendeu a sua fórmula, nem a patente. Descobrir novos materiais pode sair
caro. Até mesmo uma substância feita pelo homem, como o plástico, é derivado de recursos
naturais da terra e isso implica diretamente em gostos de perfurar por petróleo ou de
mineração subterrânea.
É justamente sobre um material virar mercadoria, da noite pro dia. Embarcando
um pouco na história do urânio, é válido pontuar que ele tinha um valor pequeno, por
décadas, mas após a descoberta que ele era um material radioativo foi a chave para revelar
seu principal uso: A Energia Nuclear, o que tornou a sua presença e a sua mercadoria mais
politizada nas últimas décadas, visto a necessidade da matriz energética.
Cada vez que surge uma ideia para um material potencialmente valioso, tanto a
ciência quanto a indústria ficam animados. Alguns materiais como o manganês, em 1978,
começou a chamar atenção dos cientistas e das indústrias pela retirada de seus nódulos. Isso
se deu, pois metais valiosos como o cobre e o níquel, estão presentes nesses nódulos. Logo,
os nódulos de manganês são extremamente tentadores para as indústrias, pois a partir de um
processo com amônia, elas poderiam conseguir um lucro de 1,5 bilhão de dólares, em 25
anos, com a venda desses metais valiosos.
Em sua busca contínua por materiais rentáveis, os cientistas começaram a olhar
mais longe. A rocha lunar, explorada a partir de expedições lunares, como o Apollo 11,
revelaram que as mesmas continham um combustível, que pode ser usado na produção da
energia de fusão, para a produção de energia elétrica na terra, com um potencial de valor de
bilhões de dólares por cada tonelada.
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Harrison Schmidit, cientista, descobriu que as amostras continham quantidades


significativas de Hélio 3. O Hélio 3 é um gás ejetado a partir da superfície do sol, soprado
no espaço pelos ventos solares e devido à não presença de uma camada protetora na lua, o
gás fica preso no solo lunar. Estima-se que haja cerca de 1 milhão de toneladas dessas
rochas na superfície lunar, o que seria capaz de alimentar a Terra por milhões de anos.
Através de experimentos intrigantes e de testes de destruição das coisas, os cientistas
aprenderam mais sobre a natureza dos materiais. A pesquisa sobre materiais teve forte
avanço no decorrer da década de 1970, com a criação de um aparelho microscópio de
varredura eletrônica.
Assim, por meio de um feixe eletrônico produzido no vácuo, poderia ser
enxergada a estrutura interna de qualquer material analisado, em que essa estrutura seria
reproduzida por meio de uma tela de televisão. A manipulação por imagens abriu uma
maior compreensão de suas estruturas, permitindo a criação de novos materiais, a exemplo
de um metal superplástico, composto por uma liga de 7 partes de zinco e 2 de alumínio, que
possui essa propriedade plástica devido à sua estrutura cristalina. O que faz esse material se
comportar assim, ninguém realmente sabe, mas acredita-se que tem a ver com o tamanho
super pequeno dos grãos de cristais encontrados nesses materiais.
A descoberta de novos materiais pode ser feita de maneira simples, um material
não precisa ser totalmente novo para ser surpreendente, algumas vezes é simplesmente o
modo de se analisar uma substância familiar. O simples processo de alterar a temperatura
de um material, por exemplo, pode alterar de forma significativa as suas propriedades. A
partir do resfriamento de um metal, se deu uma das maiores descobertas na ciência dos
materiais: a supercondutividade.
A supercondutividade é, sem dúvidas, a inovação tecnológica mais significativa
desde a invenção da roda. Visto que, ela nos permite o transporte de eletricidade sem atrito.
Os materiais supercondutores se comportam normalmente sob a temperatura ambiente,
entretanto, se resfriados a temperaturas abaixo de -140° Celsius, suas propriedades mudam.
Com isso, eles vão emitir uma força magnética poderosa e eles também conduzem
eletricidade quase que perfeitamente.
Além de conduzir energia, há outras aplicações importantes para os super
condutores, como o suprimento de energia de navios e os seus fortes campos magnéticos
que poderiam dar à ciência médica novos meios de olhar dentro de nossos corpos. Com
uma maior noção em relação a estrutura interna dos materiais, foi possível recriar estruturas
como a do diamante em laboratórios. O diamante chama bastante atenção dos cientistas,
devido a suas incríveis propriedades.
Tanto quanto ser o material mais duro existente na natureza, ele é o mais
transparente e o menos compreensível. Em 1955, cientistas da General Electric, nos EUA,
usando uma máquina de alta pressão e de alta temperatura, transformaram uma mistura de
metal e carbono em diamantes. Com o tempo, o processo foi refinado, no entanto, uma
coisa que ainda distinguia os diamantes sintéticos era sua cor e brilho. Esse cenário mudou,
após o “separador” de nitrogênio, o que fez com que diamantes produzidos sinteticamente
passassem a ter não somente propriedades como dureza e a condutividade, mas também a
cor e o brilho.
Logo, com a necessidade de diferenciar diamantes naturais e sintéticos, por
questões de segurança, fez com que laboratórios desenvolvessem uma máquina que
diferenciava esses diamantes a partir da intensidade de luz incidida sobre suas superfícies.
Até meados de 1990, acreditava-se que só existiam 2 tipos de isótopos carbônicos: o grafite
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e o diamante. Porém, foi descoberto um terceiro tipo desse material, o carbono 60. Essa
descoberta foi realizada por Harry Kroto, juntamente com uma equipe de estudantes em um
laboratório do Texas, por meio de experimentos utilizando um laser de alta potência, em
que o arranjo que mais se repetia de forma estável era o de carbono 60.
Essa estrutura foi nomeada como “Fulereno de Buckminster” e para provar que
realmente existia, foi necessário sintetizá-lo em um laboratório. Porém, mesmo relatado a
presença de carbono 60, ninguém conseguia vê-lo, então, dois físicos propuseram uma
resposta simples, colocando uma gota dessa solução em um microscópio. Como o carbono
60 era um material promissor, diversos cientistas e empresas do mundo começaram a
estudar formas de aplicação desse novo material, e assim foram propostas diversas
variedades de usos, mas ainda há bastante procura por uma aplicação mais atrativa, que seja
capaz de tornar o carbono 60 mais rentável.
Logo, uma aplicação que trouxe de volta a atenção para o carbono 60 foi a
descoberta do grafeno. O grafeno possui propriedades incríveis e é o material mais fino já
conhecido, sendo mais condutivo que o cobre e mais duro que o diamante, o que significa
que ele tem bastante potencial nas indústrias de eletrônica e de computação. Por esse
prisma, podemos notar que o século XX permitiu grandes avanços na revolução dos
materiais, sendo considerado o século do silício.
O silício foi inicialmente isolado 2 séculos atrás, mas suas propriedades
eletrônicas só foram exploradas a partir de 1940, levando assim a uma revolução na
eletrônica. Adicionando pequenas quantidades de outros materiais, eles eram capazes de se
tornarem semicondutores, no qual o material se comporta como uma chave, hora ligada e
hora desligada. Ou até mesmo amplificar um sinal elétrico que passasse através dele. Isto é,
um transistor. Logo, podemos pontuar que materiais como o transistor foram extremamente
importantes para a revolução e os avanços tecnológicos dos computadores.
O documentário "Coisas - Um guia Horizon dos Materiais" é uma fascinante
jornada que acompanha a evolução dos materiais ao longo de décadas. Explorando avanços
científicos e descobertas surpreendentes, o filme destaca a busca por um material
revolucionário, capaz de transformar o mundo e oferecer soluções inovadoras. Com
histórias intrigantes, como a do Starlite e sua resistência a altas temperaturas, o
documentário nos leva a refletir sobre os desafios e possibilidades da busca por novos
materiais. Ao revelar os bastidores da ciência e da indústria, o filme nos convida a refletir
sobre o impacto dos materiais em nossa sociedade e a importância da pesquisa contínua
nessa área. Recomendo essa obra a todos que se interessam por descobertas científicas e
por como os materiais podem moldar o nosso mundo.

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