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SALVADOR
2023
WELITON ROCHA ALVES
SALVADOR
2023
LITURGIA E PIEDADE POPULAR
Em elo, é sabido que a ação litúrgica é uma comunicação constante entre aquilo que é
natural, isto é, a ação humana e, aquilo que é sobrenatural, ou seja, a ação divina – dando
maior espaço para este último. Contudo, quando o humano tem maior destaque, melhor, tem
espaço para reduzir aquilo que é divino em algo humano, há o gerar dessa deformação. Não se
deve gerar uma ação de protagonismo que culmina em exibicionismo! Diante disso, existe o
desencorajamento da piedade popular perante a ação litúrgica? Claro que não! Por mais que a
mesma não façam parte do rito, aquilo que é a maior oração da Igreja, sua maior ação
litúrgica, não se exclui o valor de tais praticas piedosas, pois, feitas em comunidade,
comunicam a todo o povo de Deus que, aquilo que rezam devotamente é, em outras maneiras,
o vivenciar, o contemplar a obra salvífica de Deus.
Por outro lado, por que a piedade popular não pode ser considerada estritamente uma
ação litúrgica? Em consideração simples, frisando o caráter universal de toda a Igreja, diante
dos seus ritos, vê-se que aquilo que é celebrado no Sul é o mesmo ato celebrativo no Norte.
Logo, pode-se perceber que o piedoso do povo, é simplesmente uma atitude de uma pequena
parcela do povo que reza em comunidade. No mais, não se estende a toda comunidade cristã.
Não obstante, sejam essas piedades de cunho dulia, hiperdulia ou latria, todas estão em
comunhão com a dimensão litúrgica da Igreja enquanto comunicarem o mistério salvífico
professado.
Portanto, ao percebe que “O ‘ato litúrgico’ ou ‘celebrativo’ não pode ser isolado da vida
eclesial e cultural em seu conjunto. O que celebramos tem uma ligação com o cotidiano e a
ele conduz. ‘A liturgia não esgota toda a ação da Igreja’”. (SC 9) É uma das maneiras que a
Igreja encontra de estar intimamente em comunhão com as inúmeras realidades sociais. Ao
assumir que as variadas práticas religiosas fazem parte da missão eclesial, permite com mais
clareza perceber que a ação Salvífica, a disseminação da Boa Nova, não parte somente de uma
classe eleita, porém, é missão de todos. O mistério da Redenção não é empobrecido ao sem
comunicado na forma mais simples, como também, não dignificado, exaltado se for expresso
com a maior pompa. O Mistério de Deus, celebrado na liturgia ou em comunhão a ela,
simplesmente é. E esse modo de ser se concretiza quando é vivido em comunidade, seja ela de
modo particular, na pequena porção diocesana, ou de modo universal na catolicidade cristã.