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Universidade Católica do Salvador

WELITON ROCHA ALVES

LITURGIA E PIEDADE POPULAR

SALVADOR
2023
WELITON ROCHA ALVES

LITURGIA E PIEDADE POPULAR

Exercício apresentado à disciplina Liturgia na


Igreja, referente ao terceiro semestre do Eixo
de Formação Básica da Universidade Católica
do Salvador, como requisito parcial de
avaliação da disciplina.

Professor: Jairo de Jesus Menezes

SALVADOR
2023
LITURGIA E PIEDADE POPULAR

Em vista de um enriquecimento, para a presente reflexão, traz-se uma pequena menção


de um documento mais recente sobre a liturgia, isto é, não desmerecendo o já proposto.
Tomando a Carta Encíclica Desiderio Desideravi, nº 48, escrita pela Papa Francisco, vê-se
que “A ars celebrandi não se pode reduzir à mera observância de um aparato de rubricas, e
ainda menos pode ser pensada como uma fantasiosa – por vezes selvagem -criatividade de
regras. O rito é por si mesmo uma norma e a norma nunca é fim para si mesma, mas está
sempre a serviço da realidade mais alta que quer salvaguardar”. Portanto, a partir desse
complemento, pode-se perceber que a liturgia em si não é uma ação engessada, mas se adequa
a realidade a qual está inserida. Não se fala de uma deformação do seu método, porém, dá-se
ênfase que, assim como a Igreja se propõe a estar no meio do povo e em todas as suas
dimensões, logo, o mistério celebrado também deve estar em consonância com a fé presente
de determinado povo que preserva o Mistério de Cristo.

Por isso, diante da realidade da piedade popular, compreende-se que a liturgia em si


assume que, - tomando como base a Sacro Sanctum Concilium, nº 9 – a fé do povo de Deus,
seus métodos devocionais, estão submetidos ao escopo da ação litúrgica da Igreja. Fala-se
daquilo que é concernente ao credo cristão, aquilo que exalta de inúmeras formas a grandeza
de Deus e a Ressurreição de Seu Filho. Contudo, há de ser percebido que, muitas vezes, por
livre má interpretação, a piedade popular tornou-se motivo de deformação da ritualidade
vigente. A Igreja é rica em carismas, sua ação não se esgota da porta para dentro, todavia,
estende-se a todo o mundo habitado. No entanto, essa liberdade litúrgica não abre espaço para
abusos rituais. Tomando como exemplo o maior ato ritualístico da Igreja, a saber, a Santa
Missa, tem-se como certeza que, diante do mistério celebrado, aquilo que deve ser o foco
central é a pessoalidade de Cristo e não a pessoa humana.

Em elo, é sabido que a ação litúrgica é uma comunicação constante entre aquilo que é
natural, isto é, a ação humana e, aquilo que é sobrenatural, ou seja, a ação divina – dando
maior espaço para este último. Contudo, quando o humano tem maior destaque, melhor, tem
espaço para reduzir aquilo que é divino em algo humano, há o gerar dessa deformação. Não se
deve gerar uma ação de protagonismo que culmina em exibicionismo! Diante disso, existe o
desencorajamento da piedade popular perante a ação litúrgica? Claro que não! Por mais que a
mesma não façam parte do rito, aquilo que é a maior oração da Igreja, sua maior ação
litúrgica, não se exclui o valor de tais praticas piedosas, pois, feitas em comunidade,
comunicam a todo o povo de Deus que, aquilo que rezam devotamente é, em outras maneiras,
o vivenciar, o contemplar a obra salvífica de Deus.

Por outro lado, por que a piedade popular não pode ser considerada estritamente uma
ação litúrgica? Em consideração simples, frisando o caráter universal de toda a Igreja, diante
dos seus ritos, vê-se que aquilo que é celebrado no Sul é o mesmo ato celebrativo no Norte.
Logo, pode-se perceber que o piedoso do povo, é simplesmente uma atitude de uma pequena
parcela do povo que reza em comunidade. No mais, não se estende a toda comunidade cristã.
Não obstante, sejam essas piedades de cunho dulia, hiperdulia ou latria, todas estão em
comunhão com a dimensão litúrgica da Igreja enquanto comunicarem o mistério salvífico
professado.

Portanto, ao percebe que “O ‘ato litúrgico’ ou ‘celebrativo’ não pode ser isolado da vida
eclesial e cultural em seu conjunto. O que celebramos tem uma ligação com o cotidiano e a
ele conduz. ‘A liturgia não esgota toda a ação da Igreja’”. (SC 9) É uma das maneiras que a
Igreja encontra de estar intimamente em comunhão com as inúmeras realidades sociais. Ao
assumir que as variadas práticas religiosas fazem parte da missão eclesial, permite com mais
clareza perceber que a ação Salvífica, a disseminação da Boa Nova, não parte somente de uma
classe eleita, porém, é missão de todos. O mistério da Redenção não é empobrecido ao sem
comunicado na forma mais simples, como também, não dignificado, exaltado se for expresso
com a maior pompa. O Mistério de Deus, celebrado na liturgia ou em comunhão a ela,
simplesmente é. E esse modo de ser se concretiza quando é vivido em comunidade, seja ela de
modo particular, na pequena porção diocesana, ou de modo universal na catolicidade cristã.

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