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CAPITULO II

POTÊNCIA NA AGRICULTURA
(Extraído parcialmente de “Energy Use and Management in Agriculture”, Stout, B.A., 1984;
e “Tools for Agriculture”, IT/CTA, 1992)

A operação agrícola mecanizada é aquela que é levada a cabo com a ajuda de


uma máquina. De acordo com a definição técnica, a máquina pode ser uma
ferramenta, por exemplo uma enxada; uma alfaia, tal é o caso da charrua; ou
então uma máquina complexa que pode ser até uma autocombinada. Qualquer
que seja o tipo de máquina requer “ inputs” de energia para poder produzir um
efeito desejado como por exemplo a lavoura, sementeira ou sacha. A potência
introduzida define a dimensão da energia produzida.

A maioria das operações agrícolas têm uma calendarização exigente. Esta


exigência, se não for respeitada, os rendimentos das culturas serão seriamente
afectados. O cumprimento do calendário agrícola é resultado de boa gestão
associada ao equipamento disponível, da selecção do equipamento correcto
para a operação e do nível de potência adequados o que depende dos factores
seguintes (ilustrados na Figura 2.1):

1. Clara especificação do efeito desejado


2. Um “ input” da potência mecânica adequada, disponível e sustentável
3. Uma máquina, adequadamente seleccionada para a fonte de potência
disponível que pode produzir um desejado efeito.
“INPUT” CONVERSOR “OUTPUT”

“Input de energia” Máquina Efeito desejado


num determinado momento Num outro momento
i.e. Potência
Gestão de tempo

Figura 2.1: Gestão de tempo e necessidade de potência em actividades


agrícolas

A energia é definida como a capacidade de realizar trabalho. Na natureza


existem muitas formas de energia dentre as quais pode-se mencionar as
seguintes:

a) Energia mecânica
A energia mecânica pode ser cinética ou potencial (também designada de
energia de posição). A primeira é aplicável em situações de corpos em
movimento (E = 0.5 * m * V2) e a última é a energia dum corpo numa determina
altura (E = m * g * h).

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Onde: E = Energia
M = massa
V = velocidade
G= forca da gravidade
h = Diferença de altura

b) Energia eléctrica
Esta é a energia causada por força das partículas com a carga eléctrica
interactuando. As grandezas envolvidas nesta forma de energia são a voltagem
(V), intensidade da partículas (I) e o tempo ( t). E = V * I * t.

c) Energia gravitacional
Energia baseada na tracção gravitacional.

d) Energia química
As forças eléctricas a nível do átomo é que determinam a energia das uniões
químicas. Esta energia pode ser convertida em energia mecânica através da
oxidação, por exemplo, de petróleos ou alimentos. O potencial eléctrico que se
verifica nos acumuladores e pilhas é também uma forma de energia química.

e) Energia calorífica
A energia acumulada num corpo quente (E = m * cp * t). Onde cp e t são a
capacidade calorífica específica e a diferença de temperatura, respectivamente.

f) Energia de radiação (solar)


Baseada em onda electromagnética: luz solar

g) Energia nuclear
Produzida através das mudanças atómicas.

As operações agrícolas como por exemplo a lavoura, sementeira , sacha e


colheita exigem uma fonte de energia. Esta condição limita a escolha da fonte de
potência dentre homens, animais e motores. Todas estas fontes de potência são
dispositivos de transformação de energia química (alimento ou petróleo) para
energia mecânica através de mecanismos de oxidação. Esta disciplina irá se
debruçar nas fontes de potência humana, animal e tractores.

FORÇA HUMANA

O trabalho humano é caracterizado pelo limitado “output” de potência. Um


homem adulto em perfeitas condições de saúde produz de forma continua
aproximadamente 75 W (0.1 cv) de potência básica. Assumindo-se 10 horas de
trabalho por dia, o trabalho produzido seria de 750 Wh (645 kcal). Estudos nos

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EUA indicam que o consumo médio de energia é de cerca de 14 MJ (3300 kcal)
de alimento por dia.

A vantagem do ser humano como fonte de potência é a sua fácil versatilidade,


habilidade e capacidade de análise. Daí, para operações que exigem
competência técnica (perícia) tal como transplante, sacha, e colheita selectiva de
fruta, vegetais e culturas fibrosas a força humana é de maior preferência. Em
contrapartida, ela é menos conveniente para operações que exigem muita
potência bruta como é o caso de transporte de água e lavoura em solos
pesados.

Limitação do uso da forca humana como fonte de potência para a


produção agrícola

Sob ponto de vista de produção de energia, o ser humano é na essência um


motor de combustão com regulação automática contra as sobrecargas. Um
“ïnput” de energia sob forma de alimentos é convertida para formas úteis de
energia tais como trabalho conjuntamente com produtos colaterais como é o
caso de calor e excretos, estes com reduzido conteúdo de energia. Em
condições favoravelmente óptimas, o homem pode produzir de forma
sustentável cerca de 300W em regiões temperadas enquanto que em regiões
tropicais, com climas quentes, o “stress” devido ao calor pode reduzir este valor
para cerca de 250W.

Em geral, as actividades agrícolas consomem muita energia. Este facto pode ser
visto quando esta energia é convertida à potência (Tabela 2.1) tornando-se
desta forma, necessário períodos de descanso.

Tabela 2.1: Consumo da potência humana para várias actividades agrícolas


Actividade Potência bruta consumida (Watts)
Destação 400 – 600
Derrube de árvores 600
Lavoura 300 – 500
Sulcagem, cavar 400 – 1000
Sementeira (transplante) 200 – 300
Lavoura com tracção animal 350 – 550
Condução de tractor de:
Tracção a duas rodas 350 – 650
Tracção a quatro rodas 150 – 300
Condução de carro no campo 150

O consumo de energia para as diversas tarefas pode ser estimada a partir da


pulsação cardíaca. Este consumo quando correlacionado com a subida da
pulsação acima do estado considerado de “descanso” varia de pessoa para
pessoa. A subida de cerca de 30 pulsações por minuto corresponde
aproximadamente à taxa máxima sustentável de consumo de energia
correspondente a cerca de 300W de potência bruta.

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A taxa de consumo de energia que exceda os 250-300W não pode ser
sustentável por um período longo. Um período de descanso será necessário
para o organismo se recuperar. Se a taxa de consumo for conhecida, então o
tempo requerido para o repouso pode ser estimado apartir da Equação 2.1:

tr = 60 (1-250/E) minutos por hora de trabalho (2.1)

Onde:
tr - tempo de repouso (minutos)
E - taxa de potência fornecida pelo Homem (Watts).

Exemplo: Suponha que uma pessoa esta lavrando com uma enxada estando a
produzir uma taxa bruta 300-500W (Tabela 1). De acordo com a Equação 2.1,
esta pessoa precisa de intervalos de descanso de 10 à 30 minutos por hora de
acordo com os seguintes cálculos:

tr = 60(1-250/300) = 10 minutos por hora

tr = 60(1-250/500) = 30 minutos por hora

Estes valores podem se alterar tratando-se de lavoura ligeira ou pesada. É


importante também perceber que os períodos de descanso são uma exigência
fisiológica.

A eficiência com a qual a energia consumida é convertida em trabalho depende


da actividade a executar. Em actividades tais como caminhar, pedalar, puxar e
empurrar a eficiência de conversão é de cerca de 25%. A eficiência ainda poder
ser menor (5% ou menos) se o trabalho for feito de forma intermitente.

Numa situação de taxa de consumo máxima de 300W, ao longo de um dia de


trabalho de 8 à 10 horas, sob taxa de conversão de 25%, a produção física de
energia (forca * distância/tempo) será aproximadamente 75W. Elevadas taxas
de consumo podem ser mantidas só por curtos períodos. Esta relação pode ser
calculada através da Equação 2.2 também ilustrada pela Figura 2.2.

Figura 2.2: Produção do trabalho físico

Onde:
P = potência (Watts)
t = tempo(s) (2.2)
e = 2.718

Os métodos de trabalho podem ser melhorados por exemplo pela redução da


fadiga e melhoria da interacção homem-máquina. A Ergonomia é o estudo do
delineamento das condições de trabalho baseadas nas ciências de anatomia,

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fisiologia e psicologia e está estritamente associado com a optimização do
desempenho do homem como fonte de potência.

Características gerais da força humana


A potência física máxima sustentável que o homem pode produzir é de cerca de
75W. As limitações já foram discutidas. O fornecimento de energia humana a
uma outra máquina não deve exceder este valor potencial. Os métodos
preferidos para aplicação da energia humana é através de pedais (30 à 40
revoluções por minuto) ou por um caminhar simulado como acontece com
algumas bombas de água.

Outras características do ser humano que podem compensar consideravelmente


a baixa capacidade física são as seguintes:
 pode pensar e tomar decisões
 pode controlar as ferramentas com precisão e pode analisar
 pode controlar fontes adicionais de potência
 é versátil nas suas acções

Actividades que exigem mais esforço físico em vez de raciocínio podem ser
executadas mais facilmente usando outras fontes alternativas de potência
mecânica, se o agricultor tiver acesso à elas e se a sua aplicação for
economicamente sustentável.

A tecnologia de enxada manual que é muito usada para actividades agrícolas,


raras vezes excede níveis de subsistência. Ela tem sido usada em solos de
diversos tipos. A Figura 2.3 ilustra uma sequência de operação usando esta
ferramenta.

Figura 2.3: Uso da enxada manual

Como a Figura 2.3 ilustra, o solo é revirado e é necessário que a enxada tenha
uma folga, entre a sua face posterior e o solo não perturbado, afim de reduzir
perdas por fricção quando ela entra no solo, permitindo que ela vá mais fundo
utilizando o mesmo esforço dependendo do comprimento do cabo assim como
do corpo activo. O comprimento do cabo depende da tradição local, mas em
geral cabos grandes e corpos activos pesados permitem maiores profundidades.

Um agricultor e a sua família necessitam de um esforço conjunto para produzir


sua alimentação e somente em anos de boa produção poderá haver excedentes
que servirá de produtos de troca.

Como já foi referido, em termos gerais um homem de boa saúde e bem


alimentado tem uma capacidade de potência que anda a volta de 0,07 - 0,1Kw.

Giles (1975) estabeleceu uma correlação entre a potência aproveitável por


hectare e a produção. Esta relação (gráfico da Figura 2.4) indica uma grande

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razão no aumento da produção para o aumento na potência de entrada até um
nível dos 0,4 Kw/ha (correspondente a uma produção de cerca 2,5 toneladas)

Figura 2.4: Relação entre a potência por unidade de área e a produtividade


cultural

Em África, um adulto trabalha tipicamente cerca de meio hectare, fornecendo


cerca de 0,1Kw/ha. Se tomarmos como desejável a cifra de 0,4 Kw/ha então é
necessário um suplemento de 0,3 Kw/ha. Uma junta de bois, por exemplo,
poderia providenciar esta suplementação para cerca de 2-4 ha de terra, o que
corresponde a uma área agrícola “razoável” para uma família.

Inns (1990) sugere que esta é a melhor solução para aumentar a produtividade
do sector familiar, mas aponta que em sectores ou áreas onde não existe
tradição na criação de gado é extremamente difícil instalar dentro deste seio ou
sector a habilidade e cuidados necessários que estes animais demandam. Em
geral, estas são as áreas onde as doenças dos animais são mais vulgares, por
isso a sua introdução não produzirá necessariamente as vantagens esperadas.

TRACÇÃO ANIMAL

A tracção animal é de enorme importância na Ásia e América do Sul. O seu uso


em África, particularmente a sul do Sahara, é limitado embora tenha
potencialidade. A maior limitação do seu uso nesta região deve-se ao facto de o
acesso a muitos agricultores ser restrito. Estas restrições são consequência de:
 os agricultores não poderem obter gado bovino;
 a trypanosomiasis ser endémica em muitas regiões;
 Os organismos dos governos em geral não incentivarem o uso de tracção
animal.

A potência que um animal de tracção pode fornecer depende da força


desenvolvida e da velocidade de deslocação como mostra a equação 2.3.

Potência (W) = Força (N) * Velocidade(m/s) (2.3)

A capacidade de força depende principalmente da raça e do peso do animal mas


é também influenciada pela condição física, temperamento e treinamento do
mesmo. Em geral, a força óptima de tracção dos bovinos (boi, vaca, búfalo) é
cerca de 10-12% do peso do animal. Para os equinos (cavalo, burro, mula) e
camelos o óptimo situa-se entre 12 e 15% o peso do animal.

A velocidade de trabalho para a maioria dos animais de tracção trabalhando em


condições óptimas é cerca de 1m/s sendo geralmente mais baixas as de bois e
búfalos. Um grande aumento acima da quantidade óptima de força (diga-se

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50%) conduzirá a uma significante redução na velocidade de trabalho. A Tabela
2.2 indica valores que podem ser usados como referência para alguns animais.

Tabela 2.2: Potência sustentável para os diferentes seres quando em boas


condições de saúde
Energia
Potência Horas de produzida/
Animal Peso Taxa de Força N Velocidade produzida trabalho /dia
KN (kgf) tracção (kgf) M/s W /dia (MJ)
Homem 80 0.12 100(10) 1.0 100 6 2
Boi 4.5 (450) 0.11 500(50) 0.9 500 6 10
Búfalo 5.5(550) 0.12 650(65) 0.8 520 5 9.5
Cavalo 4.0(400) 0.13 500(50) 1.0 500 10 18
Burro 1.5(150) 0.13 200(20) 1.0 200 4 3
Mula 3.0(300) 0.13 400(40) 1.0 400 6 8.5
Camelo 5.0(500) 0.13 650(65) 1.0 650 6 14
Nota: Para animais de pesos diferentes a potência e a energia produzidas por dia pode ser ajustadas
proporcionalmente.

O consumo de energia por animais de tracção pode ser aproximada apartir dos
métodos usados para o cálculo de consumo de energia por ser humano. O
Centro para Medicina Veterinária Tropical (The Centre for Tropical Veterinary
Medicine - CTVM) em Endiburg tem monitorado o consumo de oxigénio por
animais em trabalho para obter dados mais fiáveis. Shetto (1983) foi pioneiro no
uso de “sensor de orelha” para monitorar os batimentos cardíacos dos bois em
actividade no campo. O Departamento Ultramarino do Instituto de Investigação
de Silsoe desenvolveu um sistema de recolha de dados para estudar o consumo
de energia por animais de tracção no campo. As informações seguintes são
resultantes destes estudos e revertem de grande importância durante a
avaliação do desempenho da tracção animal:

 A tracção por um Boi (Brahman) consome cerca de 3.3J por cada Newton
de tracção desenvolvida por uma distância de um metro (i.e. 1J de
trabalho mecânico produzido). A energia correspondente consumida por
um búfalo é cerca de 2.6J.

 Em geral, bois de tracção de outras raças consomem cerca de 2J de


energia por metro percorrido para cada quilograma do seu peso vivo. Por
cada quilograma adicionado nos seus ombros para o transporte implica
um consumo adicional de 3J ou 5J se for por cima do centro do dorso.

 O aumento da taxa de pulsação acima da situação de “descanso”


corresponde em geral um aumento de potência produzida. Para um boi a
potência mecânica (W) pode ser estimada pela subida da taxa de
batimento cardíaco (pulsações por minuto) multiplicado por 50/3.

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Aspectos particulares de alguns animais

a) Cavalo
Vantagens:
 Animal amigável” pode ficar ligado ao homem.
 Goza de certo prestígio em África, de tal maneira que o agricultor lhe dá mais
atenção do que daria a um boi.
 É fácil de treinar para todos os tipos de trabalho.
 Quando em trabalho, é rápido, de manejo fácil, dócil e pode ser controlado
com facilidade simplicidade e precisão.

Desvantagens:
 É muito leve em África, onde, em condições médias de manutenção, o seu
peso pode ser 250-280 Kg.
 Constituição fraca, precisando de atenção especial, caro de se manter.
 Susceptível a tripassonomiasis.
 Fadiga precoce em trabalho.
 É caro.
 Apetrechos de traccionamento são caros.

b) Boi
Vantagens:
 Trabalha lentamente mas infatigavelmente.
 Consistência resistente e fácil de alimentar.
 Seus arreios são simples e os arreios podem ser feitos localmente.
 Preço de aquisição é atractivo ( em alguns Países uma parelha de bois = um
cavalo).
 No fim da sua vida útil ( de trabalho) pode ser vendido para carne, depois
dum período de engorda.

Desvantagens:
 Não é um animal amigável pelo menos em África onde o hábito de
treinamento e criação não é costume.
 Necessita grandes extensões de pastoreio.
 Mais difícil de treinar e necessita mais mão de obra para controlar.
 Em trabalho é lento.

O boi é particularmente usado em solos ligeiramente pesados, para trabalho


relativamente profundos (15 cm), para colheita de amendoim, enterro de
estrume verde, puxar carroças e água de poços. O cavalo é basicamente usado
em solos leves, em trabalhos leves e, assim como o burro, não é
suficientemente resistente para trabalhos da lavoura.

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Necessidades alimentares
A necessidade alimentar dos animais de tracção pode ser subdividida em duas
partes. A ração de manutenção, que depende da massa do corpo do animal, tem
como objectivo sustentar o metabolismo basal e actividades normais do animal.
Uma “taxa alimentar adicional” é necessária dependendo da energia consumida
pelas actividades físicas (andar, puxar e transporte de cargas).

A Tabela 2.3 mostra como exemplo, a variação das necessidades alimentares


em função da intensidade de trabalho realizado por um boi. As necessidades
alimentares são indicadas em UF (unidades de racção, equivalente a 1
quilograma de grão de boa qualidade e é equivalente a cerca de 13 MJ de
energia metabolizável)). Geralmente, o pastoreio deve ser suplementado com
alimentos de boa qualidade (grão, pastas de grãos de oleaginosas, etc.). FAO
(1972) fornece mais detalhes, incluindo unidades de ração equivalentes a várias
géneros alimentícios.

Teoricamente é possível calcular a quantidade de alimento necessária para


alimentar um animal de forma a podermos retirar-lhe uma certa potência. O
conceito é o mesmo de enchermos o deposito de um motor com combustível e
esperarmos uma certa quantidade de energia de saída ( a única diferença é no
"tempo de resposta").

Tabela 2.3 Necessidades em alimentos para um boi de tracção


Trabalho suave Trabalho médio Trabalho pesado
Peso do Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de Total
Boi manutenção trabalho Total trabalho Total trabalho
KN(Kgf)
2.5(250) 2.3 1.2 3.5 2.3 4.6 3.5 5.8
3.0(300) 2.6 1.3 3.9 2.6 5.2 3.9 6.5
3.5(350) 2.9 1.5 4.4 2.9 5.8 4.4 7.3
4.0(400) 3.2 1.6 4.8 3.2 6.4 4.8 8.0
4.5(450) 3.5 1.8 5.3 3.5 7.0 5.3 8.8
5.0(500) 3.8 1.9 5.7 3.8 7.6 5.7 9.5

A abordagem seguinte é baseada em informação existente para bovinos, mas os


princípios podem ser aplicados a qualquer outro animal. A Tabela 2.4 mostra
alimentações típicas que podem ser usadas. Apartir dos cálculos subsequentes
e conhecimento das culturas indicadas nesta Tabela pode-se calcular a
quantidade de terra necessária para produzir os alimentos para os animais em
questão. Por sua vez, isto pode facilitar os cálculos de custo e eficiência de todo
o sistema e contribuir para decisões de gestão. Por exemplo, perguntas do
género seguinte podem ser formuladas: vale a pena comprar ração de alta
qualidade afim de deixarmos o campo livre para culturas comercialmente mais
rentáveis ao agricultor?

O teor de energia de qualquer alimento determina-se em laboratório com ajuda


da bomba calorimétrica. A este valor dá-se o nome de "energia grossa ou bruta"(
EG) e é medido em MJ/Kg de "matéria seca".

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Tabela 2.4: Alimentos típicos para os bovinos
Alimento Matéria Seca (%) Energia Grossa na matéria seca
( MJ/Kg)
Kikuyu grass 15 5.5
Sudan grass 31 17
Guinea grass 26 7.39
Hay – average quality 85 17
Maize silage 27 18.8
Maize grains 86 19.0
Groundnut cake 90 20.7

Contudo o animal não consegue extrair toda esta energia (EG) no seu sistema
digestivo fundamentalmente devido a duas causas:

- a forma química de energia existente no alimento.


- constituição do seu aparelho digestivo.

Assim, a energia digestível (ED) – aquela que ele digere - é igual 0,45 a 0,85 de
EG, sendo 0.45 em relação a alimentação fraca ou pobre (como feno de cevada)
onde a energia não está directamente existente, e 0,85 em relação a uma
alimentação rica (com grãos de cevada) onde existe grande parte de energia.

Também nem toda a energia digestível é aproveitada pelo animal pois alguma
energia é rejeitada em forma de fezes, urina, e metano produzido nas suas
entranhas.

A energia do alimento da qual o animal faz uso é a “energia metabolizável” (EM)


que é equivalente a 0,8 E.D.

A alimentação do animal tem dois propósitos:

a) Manter a sua estrutura, conhecida como ração de manutenção


b) Providenciar energia para dar uma certa potência de saída.

Para animais em crescimento mais um “ïnput” suplementar” de energia é


necessário para conversão à uma estrutura maior- músculos, gordura, ossos
etc., 1 kg de ganho em peso vivo (G. P. V) é equivalente á 28 MJ/DIA para
vacas de carne.

O “ïnput” de energia para uma saída de potência de 1 Kwh é equivalente a 3.6


MJ de energia. Dado ao facto de a razão de conversão de energia por animal
ser cerca de 20 %, desde que o animal seja adulto e saudável, significa que a
saída de 1 Kwh corresponde à :

 18 MJ de EM (Energia metabolizável)
 22,5 MJ de ED (Energia digestível)

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 26,5 a 50 MJ de EG (Energia grossa), dependendo do tipo de
ração.

A ração de manutenção (R.M) é igual à:

8,3 + (0,091P) MJ/ Dia

onde P é o peso vivo do animal em Kg. A quantidade máxima de ingestão


alimentar por dia para o animal depende de quanta comida ele pode comer e o
valor energético dessa ração. A ingestão máxima de matéria seca por dia é
conhecida como o “limite do apetite” (LA) e é aproximadamente igual a 0,025 P
Kg/DIA.

Agora já nos é possível calcular a quantidade de comida necessária para um


animal executar uma tarefa, o que ajuda ao agricultor a saber as necessidades
em alimentação por ano e a área de terra necessária para produzir tal alimento.
Com isto, o agricultor poderá fazer uma boa gestão dos seus recursos de forma
a obter o máximo rendimento económico.

Exemplo: Calcular a quantidade de alimentos necessária para um requisito de 1


Kwh por 7 horas usando uma junta de bois.

 Necessitamos de 2 bois par digamos que cada um pesa 650 Kg.


 A energia metabolízavel na alimentação de cada animal para
manutenção e potência deverá ser:

8,3 + ( 0,091 * 650) + ( 7 * 18 ) = 193,45 MJ/dia.

 Tomando uma alimentação média de 18 MJ/KG de energia grossa,


esta providenciará:

a) Com boa digestibilidade:


EM = 0,8 * ED
ED = 0,85 * EG; EG = 18 MJ/KG--- EM = 0,8 * 0,85 * 18
= 12,24 MJ/Kg

b) Com má digestibilidade:
ED = 0,45 * EG------ EM = 0,8 * 0,45 * 18
= 6,48 MJ/Kg

 Então a quantidade de alimentos total necessários por dia para


manutenção e potência será de:

a) 193.45 ( MJ/ Dia ) / 12.24 ( MJ/ Kg ) = 15.8 Kg/Dia


b) 193.45 ( MJ/ Dia ) / 6.48 ( MJ/Kg)= 29.9 Kg/Dia

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- Mas como o limite do apetite é:

LA = 0,025 P = 16.25 Kg/ Dia ( Matéria seca )

Pode-se concluir que só é possível o animal dar a energia ou potência pedida se


alimentado com ração de boa degradação.

Baseando-se em ração de qualidade pobre, ele não produzirá a potência perdida


ou produzirá o déficit à custa da sua energia interna acumulada (gordura). Se
esta potência for necessária por alguns dias o animal perderá peso e terá menos
“Stamina” e ficará mas atreito a doenças.

Digamos que os animais trabalham arduamente 20 semanas do ano e não


fazem nada útil durante o resto do tempo, então a alimentação total necessária
por animal por ano seria:

Somente para manutenção:


8.3 + (0.091 * 650) MJ/ DIA * 225 = 15176 MJ/ Ano
Para trabalho e manutenção:
(193.45 * 140) = = = = = = = = = = = 27083 MJ/ Ano
Total :============================ 42259 MJ/ Ano.

Para 2 animais serem alimentados de ração de 15.8 MJ/KG de energia grossa a


85 % de matéria seca, a quantidade de alimento necessária seria:

{42259 / (12.24 * 0.85 )} * 2 = 8123.6 Kg/Ano = 8.1 Ton/Ano para os 2 animais.

Isto representa a colheita de cerca de 2,5 Ha de boa terra. Esta área poderá
representar 1/3 à 1/2 da terra existente para o agricultor e poderia ser
consequentemente um alto custo no seu sistema de produção.

A situação na prática não é assim tão definida ou controlada e pode ser até que
os animais obtenham a sua ração de manutenção de pastos ou terras que não
estão em produção (isto é, terras agricolamente não produtivas ou em pousio,
bermas das estradas, encostas íngremes, etc.). Então o agricultor só tem de se
preocupar com a parte da ração correspondente á “potência”.

Deve-se notar que esta é uma demonstração simplificada, mas serve para
demonstrar os princípios elementares de necessidades nutritivas que nos
poderão guiar para decisões de gestão.

Em muitos casos existem concentrados comercializados que podem ser usados


a afim de manter o balanço correcto de proteínas, carbohidratos, gorduras,
minerais e vitaminas, essenciais para uma dieta saudável.

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Limitantes do desempenho de animais de tracção
Os principais factores que influenciam o desempenho dos animais de tracção
incluem:
 O peso e a condição física do animal, que depende da raça, idade,
estado nutricional e saúde do mesmo;
 A configuração física, que é principalmente em função da constituição
genética do animal;
 Temperamento, que é influenciado por factores genéticos e ambientais:
um temperamento positivo e cooperativo é muito desejável;
 cuidados e maneio.

É importante a manutenção do peso e o estado físico dos animais seleccionados


e treinados para trabalhos de tracção. As necessidades de força são geralmente
maiores quando chega o período das chuvas no fim da época seca, momento
em que o pastoreio e outros produtos suplementares são escassos. A condição
física pode deteriorar rapidamente se forem submetidos a altas cargas de
trabalho não compensadas por um regime alimentar adequado.

Implementos de tracção animal

Tipos de operação
Os animais de tracção são usados para diversas actividades:
 Transporte através de reboque de carroças, trenós e também quando
montados para fins de desporto e/ou recreação;
 Trabalhos em campos agrícolas (reboque de implementos agrícola);
 Elevação de água e operações de processamento tais como tritura de
cana, geralmente feito através do movimento circular de um dispositivo
de engrenagens.

A discussão seguinte, centra-se no uso de tracção animal para actividades de


campo.

Tipos de implementos
Os implementos de tracção animal para trabalho de campo podem ser
classificados em três grandes categorias:

 Implementos de barra
 implementos puxados por corrente
 Multicultivador com arranjos para montar corpos activos

Os implementos mais usados, fazem parte das primeiras duas categorias. Em


cada categoria existe um grupo considerável de implementos para operações
básicas de preparo do solo (quebra de solo, lavoura, sulcagem, etc.), sacha,
transplante e colheita de determinadas culturas.

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Os Implementos de barra vêm sendo usados há 4000-5000 anos .Durante
esse tempo, o desenvolvimento empírico resultou em muitos implementos
extremamente sofisticados, manufacturados com material localmente disponível,
que são de aquisição e manutenção relativamente barata. Eles não podem ser
considerados como “ultrapassados”.

Os implementos de barra são normalmente traccionados por um par de animais


(Bois ou búfalos) juntados por arreios/cangas. A canga suporta a parte frontal do
chassis do implemento facilitando a tracção e o controlo. Por esta razão, os
implementos de barra são mais adequados para o uso em pequenos e grandes
campos irrigados onde, às vezes, é necessário o levantamento dos implementos
para saltar camalhões/valetas.

Os implementos de barra devem ser menos pesados (12 Kgf - 15Kgf na mão)
para poderem ser aceites pelos camponeses. O baixo peso contribui para baixa
necessidade de força de tracção de tal modo que uma junta de bois em boas
condições pode trabalhar durante um dia (aprox. 5 a 6 horas em 2 turnos) sem
os animais ficarem muito cansados.

Os implementos puxados por corrente são originários da Europa e foram


muito disseminados na África sub-Sahariana. Em geral, implementos puxados
por corrente são mais pesados que os tradicionais implementos de barra, com
tendência a aumentar a necessidade de tracção como resultado de maiores
profundidades de trabalho. Isto pode ser uma vantagem se profundidades
relativamente maiores forem necessárias como é o caso em solos pesados.

O elevado potencial de tracção dos implementos puxados por corrente conduz a


uma necessidade de uso de equipas constituídas por várias parelhas de animais
para traccioná-los. O inconveniente neste caso, é o facto de mesmo que os
arreios tenham sido bem concebidos, a sua manobra ser sempre um problema.

Os implementos puxados por corrente são os mais indicados para solos


pesados e trabalhos que duram muito tempo mas não são os melhores que os
implementos de barra em áreas confinadas e/ou irrigadas.

Multicultivador com versatilidade para montar corpos activos. Estes


implementos têm sido objecto de muita investigação e melhoramento durante os
últimos 40 anos. Duas grandes particularidades, é que lhes pode ser montados
corpos activos para diversas operações agrícolas incluindo lavoura, sulcagem,
sacha, sementeira e transporte como ilustra a Figura 2.5. Em muitos casos,
estas máquinas dão facilidades para o operador montá-los durante a operação.
Por isso, devem ser considerados como um caminho meio andado entre a
tracção animal convencional e tractorização, promovendo um aumento do
desempenho técnico e maior comodidade para o operador.

Figura 2.5: Multicultivador com os diversos componentes (Starkey, 1988)

15
Embora o multicultivador estar mostrando bons resultados na investigação e nos
campos de demonstrações em muitos países, a sua adopção e uso por
camponeses tem sido muito reduzida, mesmo quando vendidos a preços
subsidiados. A tecnologia “melhorada” não mostrou ser efectiva ou aceitável ao
nível do agricultor (Starkey, 1988). Cuidados devem ser tomados durante a sua
promoção.

Arreios
O acoplamento de implementos aos animais é feito em geral pelo arreiamento. A
escolha do método de arreiamento está relacionado com a anatomia do animal,
simplicidade de uso e baixo custo. Esta escolha em geral limitada a cangas para
bovinos e colares ou arreios de peito, para cavalos e outros animais. Podem ser
usados colares para bois, desde que assentem nos ombros. Certos autores não
recomendam cangas de cabeça para bovinos, pois as forças devem ser
transmitidas através do pescoço relativamente fraco do animal e por isso o seu
rendimento pode ser limitado.

Tipos de arreios
Os principais tipos de arreios podem ser classificados como:
 Canga: canga de cabeça (às vezes designado canga de pescoço);
canga do ombro (às vezes cangas de corcunda);
 Coleira: coleira completa; coleira incompleta;
 Cinto do peito

Estes arreios estão ilustrados na Figura 2.6.

Figura 2.6: Tipos de arreios.

A canga de cabeça é tradicional em algumas regiões mas não é a mais


preferida. É unicamente usada para gado sem corcunda (bos taurus) e em
búfalos. O gado bovino com corcunda (bos indicus), equinos (cavalo, burro,
mula) e camelos têm pescoços débeis tornando o uso deste tipo de cangas não
muito prático.

A canga dupla de pescoço vem sendo usada para arreios de bois e búfalos por
milhares de anos. Não é adequado para equinos. É de fabrico fácil e barato
utilizando madeira local, mas tem sido criticada por provocar ferimentos e
irritações. Estes problemas podem ser resolvidos adequando o formato da
canga ao formato do pescoço, pondo almofadas se for necessário e garantindo
que o peso dos implementos não excedem ao recomendado.

As coleiras podem ser classificadas como coleira completa ou coleira


incompleta. A coleira completa tem sido largamente utilizada para cavalos mas
tende a ser cara. A coleira incompleta com duas peças de madeira verticais

16
unidas em baixo e em cima são versáteis e têm sido usadas para bois, búfalos
e burros.

Os arreios de cinto do peito podem ser usados em muitos animais para várias
actividades tais como puxar carroças ou implementos de cultivo. São
relativamentente mais baratas e mais fácil de fabricarem mas cuidados são
necessários para garantir que se encaixem devidamente ao animal e não
provoque ferimentos ou desconforto.

Selecção de arreios
Em regiões onde a tracção animal é praticada tradicionalmente, em geral existe
um tipo particular de arreios em uso. Este tipo é geralmente resposta lógica de
um conjunto de circunstâncias locais, e tais circunstâncias, pelo menos na fase
inicial, é recomendável investigar as possíveis melhorias dos arreios existentes
em vez de tentar introduzir outros totalmente diferentes.

Onde a tracção animal é introduzida pela primeira vez, fora da disponibilidade


financeira, a escolha de arreios dependerá do tipo de animais, implementos a
ser usados assim como a experiência dos operadores.

Os implementos de barra são normalmente usados para junta de bois ou de


búfalos acoplados através de uma canga de pescoço.

Implementos traccionados através de uma corrente podem ser engatados à


outros animais usando outro tipo de arreios. Alternativas que podem ser
consideradas são por exemplo o cinto do peito. As coleiras completa e
incompleta bem fabricadas são provavelmente os mais eficientes para qualquer
animal. Em contrapartida, são os mais caros e requerem um treinamento
adequado para o seu uso e construção.

Operação com implementos de cultivo

Principais forças e suas relações


A maioria de operações de cultivo têm como objectivo mudar as condições do
solo de tal forma que melhore a produção agrícola e traga benefícios financeiros
para o agricultor a curto e longo prazos, sem detrimento para o ambiente. Os
implementos, os animais de tracção e os operadores, todos desempenham
papel importante. Para resultados óptimos a relação entre estes três
componentes deve ser considerado com cuidado.

Os arreios estabelecem a ligação entre animais e implementos. A Figura 2.7


mostra a relação entre o sistema de forças actuando no implemento e nos
animais. As forças P1 e P2 são iguais em magnitude, representando a força de
tensão na corrente ou nas cordas de engate da barra. A força de resistência do
implemento, H1, é anulada através da força de tracção dos animais H 2, enquanto

17
a força vertical efectiva, V1, actuando no implemento é transferida e
transportada, dependendo do desenho dos arreios nos ombros, costas ou anca
do animal (força V2).

Figura 2.7: Relação entre sistema de forças actuando no implemento e


animais

Ajustamento do implemento no trabalho


A resistência do implemento depende de:
 peso do implemento
 ângulo de tracção da corrente
 O grau da medida em que o peso do implemento é neutralizado pelas
forças de suporte, principalmente vindo do solo actuando em direcção
oposta (ascendente)

O implemento irá afundar até a força de tracção desenvolver um valor de


equilíbrio de acordo com os factores que controlam a força de tracção. A
profundidade dependerá da grandeza das forças específicas envolvidas (Inns,
1990). Poderá ser necessário ajustar a força de tracção do implemento afim de:
 Reduzir a força de resistência a um nível que os animais possam exercer
a força de tracção confortavelmente: isto é importante quando se usa um
único animal para a tracção;

 Reduzir ou aumentar a profundidade de trabalho.

Para reduzir a força de resistência do implemento e a profundidade de trabalho:

1. Usar o implemento com um peso menor mas que não ponha em causa as
funções e resistência do mesmo;
2. Ajustar devidamente a montagem dos arreios e do implemento para
resultar num maior ângulo de tracção;
3. Anular a maior proporção do peso do implemento aumentando as forças
de suporte que actuam nele.

Para aumentar a resistência e a profundidade do implemento:


1. Reduzir as forças de suporte de tal modo que o peso do implemento
contribua na totalidade para aumentar a profundidade.
2. Ajustar os arreios de forma a resultar num ângulo de tracção menor.
3. Aumentar o peso num ponto atrás do centro da gravidade do implemento.

Poderá também ser necessário ajustar o ponto de engate da corrente ao


implemento, afim de assegurar que o implemento tenha as forças actuando
sobre ele bem balanceadas.

18
As forças de suporte podem ser aumentadas ajustando qualquer elemento que
contribua para tal, possivelmente incluindo um calcanhar (talão ou tacão) no
corpo da charrua ou sulcador, ou baixando as rodas para fazerem um contacto
adiantado com o solo. Os efeitos podem ser revertidos fazendo uma operação
contrária, mas também é necessário ter a certeza que não existem forças de
suporte não controladas que podem provir das relhas desgastadas ou charruas
mal ajustadas ou então mal desenhadas.

Uma força de resistência moderada deve ser considerada se tratar de um único


animal a exercer a tracção. Um sistema desenvolvido no Sudão combina uma
charrua menos pesada e um ângulo de tracção mais aberto para atingir o efeito
desejado.

POTÊNCIA DO TRACTOR

Tractores com uma potência igual ou inferior a 25 Kw são designados como


tractores de baixa potência. De forma a identificar possíveis usos dos pequenos
tractores em agricultura de pequena escala nos países em vais de
desenvolvimento é necessário examinar as suas características técnicas e
económicas e a respectiva gestão.

Tractores de quatro rodas

Barra de tracção
A intenção primária da produção de tractores é para a tracção mecânica. Porém
muitos são os tractores providos de tomada de forca para fornecer potência à
uma variedade de máquinas tais como enxadas rotativas, bombas e
equipamento de debulha.

O termo barra de tracção refere-se a tracção que o tractor aplica ao implemento


seja ela através de três pontos ou através da barra propriamente dita. A força de
tracção produzida pelo tractor depende da interacção entre as rodas motrizes e
o solo na área de contacto.

Os principais factores que influenciam a barra de tracção são a carga vertical na


área de contacto, a resistência e a deformabilidade do solo quando submetidos
a acção de cisalhamento, a superfície e formato da área de contacto.

Estes factores impõem uma severa limitação na habilidade de pequenos


tractores para produzir uma adequada tracção para operações agrícolas. A
lavoura primária, em particular é uma operação que exige muita forca de tracção
para a qual uma força real de pelo menos 5 KN (500 Kgf, 1100 lbf) é desejada.

19
Para desenvolver uma força real de 5 KN (500 Kgf) em campos agrícolas de
sequeiro se o tractor for pequeno deve ser suficientemente robusto e é também
necessário ter em consideração aos seguintes aspectos:
 Peso mínimo sem carga 1200 Kgf;
 Peso mínimo no eixo traseiro de tracção 800 Kgf
 Provido de mecanismo para adicionar balastro nas rodas traseiras
 Tamanho mínimo das rodas 11.2/10-24 (tipo de pneus de tracção)
 Potência mínima do motor 20 Kw
 (25 cv)
 Caixa de velocidades com pelo menos quatro velocidades
 Um bom desenho e boa construção
 Um serviço acessível e de confiança para a manutenção, reparação e
acessórios.

A potência do motor por si só não é uma referência satisfatória para o


desempenho da barra de tracção. A habilidade do tractor de transformar
potência em força de tracção depende da traficabilidade do terreno.

Potência apartir da tomada de força (TDF ou PTO da nomenclatura Inglesa


“Power Take Off”)
A potência pode ser derivada para um implemento mais eficientemente através
da tomada de força do que da barra de tracção. Consequentemente muitos
tractores pequenos usam a enxada rotativa accionada pela tomada de força
sendo assim o implemento principal para a lavoura.

A enxada rotativa é sem dúvida mais eficiente sob ponto de vista mecânico mas
tem certas limitações práticas e agronómicas que devem ser tomadas em
consideração:
 Não é conveniente usá-la em solos secos
 A profundidade de trabalho é limitada
 O uso contínuo conduz a formação de uma camada dura (calo, crosta,
“hard-pan”) na profundidade de trabalho atingida pelo equipamento
 O solo é deixado solto e muito esmiuçado o que facilita a sua erosão
 O custo da reposição das enxadas assim como a sua manutenção
pode ser alto.

A tomada de força do tractor é importante como fonte de potência para


pulverizadores, distribuidores de fertilizantes (os que usam disco) e máquinas
estacionárias tais como bombas e debulhadoras. Os custos de operação do
tractor podem ser altos se for usado exclusivamente só para estas operações.

Tractores de eixo único (motocultores) e cultivadores rotativos


O uso de tractores de eixo único e cultivadores rotativos é mais frequente na
produção de arroz irrigado nos países asiáticos e na produção de hortícolas nos
países tropicais e na zona temperada. Estas culturas são as relativamente de

20
alto valor e pode ser difícil justificar o uso de tractores de único eixo para a
produção agrícola geral.

O poder de tracção é muito limitado devido ao baixo peso do tractor associado


ao tamanho das rodas que são pequenas. Consequentemente, a potencialidade
destas máquinas para a lavoura primária está principalmente condicionada ao
engate de enxadas rotativas, que não dependem de elevadas forças de tracção
das rodas.

A capacidade de trabalho de tractores de um eixo em terrenos com camalhões é


limitada. Em geral, a sua altura não é suficiente para abrir bem as valetas, e a
distância entre as rodas é excessivamente larga para trabalhar entre os
camalhões a não ser que estes estejam extremamente espaçados.

Aos tractores de eixo único podem ser frequentemente engatados um reboque


para fins de transporte (principalmente na estrada) ou um pulverizador
conjuntamente com o seu respectivo tanque. Pode ser usado também como
fonte de potência para máquinas estacionárias como por exemplo debulhadores,
usando a tomada de força ou correia de transmissão.

Tractores “pequenos e simples”


Tem sido argumentado que os tractores fabricados para uso em países
industrializados são mais sofisticados, mais caros, mais potentes mas não
suficientemente potentes e robustos para um uso viável em sistemas de
produção de pequena escala em países menos desenvolvidos dos trópicos e
subtrópicos. Como resultado, muitas tentativas tem sido feitas para desenhar
tractores especificamente para o fabrico e uso em países menos desenvolvidos.
Estas tentativas são originárias de muitos organismos e tem sido implementadas
por várias organizações e indivíduos provenientes de países industrializados e
países em vias de desenvolvimento (Holtkamp, 1990). Os objectivos da sua
fabricação e melhoramento estão a ser ainda levados a cabo em muitos países
em vias de desenvolvimento e Já foram registados alguns progressos.
Produções locais sob licença de modelos adaptados apartir de algumas marcas
reconhecidas, tem tido em geral maior sucesso.

SELECÇÃO DA FONTE DE POTÊNCIA E MAQUINARIA

Operações a serem mecanizadas


Mais potência torna-se disponível apartir da altura em que há uma mudança
progressiva do uso da força humana para tracção animal e depois para o uso de
motores. A questão fundamental que se impõe é como usar a potência extra de
forma mais vantajosa.

A potência não pode ser substituto completo da perícia, juízo e experiência que
as pessoas podem adquirir e usar em operações delicadas como é o caso por

21
exemplo do transplante e por vezes de certas colheitas. Máquinas relativamente
sofisticadas podem ser usadas para levar a cabo tais operações mas não se
exige muita potência. Por outro lado, operações rotineiras como é a lavoura dos
solos e outras actividades primarias ou a bombagem de água, uma vez o
sistema instalado, consome mais potência mas tem pouca necessidade de
inteligência.

Binswanger (1984, 1988) designa o primeiro tipo de operações por “ controlo-


intensivo” e as do último tipo “potência-intensiva”. Entre estes dois extremos
existem muitas operações que requerem mistura de inteligência e potência. De
acordo com a História quando novas fontes de potência são introduzidas
(primeiro tracção animal e depois motores) são inicialmente usadas para
operações de “potência-intensiva” como é o caso de transporte, elevação de
água e lavoura primária, como ilustrado na Tabela 2.5.

Tabela 2.5: “Potência intensiva” relativa e “controlo intensivo” para varias


operações.
“Potência intensiva”: viável para um estado de mecanização ainda primário
Transporte
Elevação/bombagem de agua
Desbravamento
Lavoura primaria
Preparação da cama para semente
Controlo das ervas daninhas
Colheita de grão
Sementeira
Colheita
Colheita de tubérculos
Sementeira de tubérculos
Transplante de plantulas
Colheita de fruta e hortícolas
“Controlo intensivo”: viável para a mecanização mais moderna

Quando os proprietários das novas fontes tiverem satisfeito as suas


necessidades básicas de operações de “potência-intensiva” eles têm geralmente
a oportunidade de poderem vender a capacidade de potência excedente para os
vizinhos que não possuem essa fonte de potência e compram trabalhos para
aquelas tarefas que requerem maior controlo (“controlo-intensivo”). As novas
fontes de potência tendem a ser usadas em operações que têm a maior
vantagem comparativa.

Baseando-se nesta observação algumas orientações podem ser sugeridas para


a viabilidade de uso de potência para particulares operações mecanizadas,
como ilustrado na Tabela 2.5.

22
SELECÇÃO DA FONTE DE POTÊNCIA PARA OPERAÇÕES AGRÍCOLAS

A selecção de uma fonte de potência adequada para uma determinada operação


é em função das condições locais. Os principais factores que podem ser usados
como referência para a selecção da fonte de potência são:
 Grau de acessibilidade ao agricultor;
 Grau de disponibilidade sempre que necessário;
 Facilidade de uso;
 Nível de potência necessária;
 uso sustentável
 viabilidade económica;
 aceitabilidade social;

Estes factores devem ser avaliados sob o ponto de vista agrícola, de acordo
com a sua posição na hierarquia social e económica.

Acessibilidade
A propriedade de uma fonte de potência pelo utilizador é obviamente uma
necessidade. Muitos agricultores têm a mão de obra familiar disponível. Em caso
de não possuírem animais ou tractores para tracção os agricultores devem
confiar nos serviços que lhes pode ser facultado pelo dono da terra, vizinho,
contratante ou serviço de aluguer.

Disponibilidade
É importante para o agricultor que a fonte de potência esteja disponível para
começar com o trabalho imediatamente sempre que for necessário. Demoras
podem resultar em penalidades custosas. Se o agricultor tiver que comprar ou
alugar potência (mão de obra, tracção animal ou tractor), sua disponibilidade no
tempo solicitado geralmente é menos provável. Isto é ainda mais acentuado
quanto mais longe se encontrar o fornecedor ou em casos onde esteja envolvida
qualquer burocracia.

De fácil utilização
A fonte de potência e equipamento devem ser compatíveis com o nível do
conhecimento, perícia e experiência do utilizador. Estes factores podem ser
suplementados por um treino adicional se necessário, mas o treinamento deve
ser perfeito e sempre disponível quando necessário.

Suficiência de potência
O cumprimento das actividades dentro do calendário estabelecido dependem da
suficiência de potência disponível. As fontes seleccionadas devem possuir
potência suficiente para levar a cabo as tarefas dentro do período estabelecido.
Todo o sistema agrícola e social deve ser examinado antes de seleccionar
fontes adicionais de potência. A nova fonte deve ser comercialmente viável,
ajudando assim a minimizar os custos por unidade de potência.

23
Sustentabilidade
Existem três grandes aspectos a considerar para a Sustentabilidade:
 física
 operacional
 financeira

Sustentabilidade física
Deve ser possível manter o equipamento em condições de trabalho eficientes.
Isto é aplicável de igual modo para fontes de potência humana, animal e
tractores assim como à todas as ferramentas e implementos relacionados.
Fontes de potência humana e animal requerem alimentos e um ambiente
saudável, com serviços de saúde e de tratamento veterinário disponíveis sempre
que necessário. O uso de motores deve ser suportado por disponibilidade
imediata de consumíveis (combustível, óleo, filtros etc.), acessórios e serviços
de manutenção e reparação sempre que necessário.

Sustentabilidade operacional
A sustentabilidade operacional depende do uso do equipamento da forma mais
vantajosa o que requer operadores com bom treino e perícia devendo ser
associado a bons gestores que estão a par das capacidades técnicas das fontes
de potência e máquinas sob seu controlo. Eles devem ser capazes de assegurar
que todas as capacidades sejam utilizadas de forma óptima.

Sustentabilidade financeira
A potência e a maquinaria devem ser usadas dentro de um sistema que é
lucrativo para o agricultor o que é avaliado apartir do seu real desempenho. Em
geral, os desempenhos durante a planificação são geralmente “super-
optimistas”.

Aceitabilidade social
Os equipamentos e os métodos de trabalho devem ser social e culturalmente
aceitáveis, elevando a dignidade e o “status” do utilizador. A primeira missão
social do agricultores é de garantir a alimentação da família. A avaliação do novo
equipamento pelo agricultor em relação ao seu valor deve ser respeitado pois
ele é que está mais susceptível a perder e não o extencionista.

Subsídios
Subsídios são pagamentos feitos como objectivo de uma política para influenciar
ou sustentar as acções de um grupo alvo de pessoas. Muitos governos usam o
subsídio como tentativa para incrementar a produção agrícola.

Subsídios agrícolas são principalmente de dois tipos. “Subsídio de factores de


produção”, aquele que encoraja o agricultor a usar insumos particulares tal é o
caso de fertilizantes, sementes melhoradas, ou serviços de tractor
disponibilizando-os a preços artificialmente baixos. “Subsídios de produção” são

24
geralmente pagos aos agricultores sob forma de garantir preços de venda altos
como incentivo para a produção de uma determinada cultura.

Os subsídios interferem com o mercado e a intenção é de produzir um resultado


desejável, mas nem sempre os seus efeitos são consideráveis. Os “subsídios de
factores de produção” influenciam a liberdade de escolha do agricultor. Por
exemplo, se o fertilizante subsidiado é vendido a preço reduzido aos agricultores
eles serão incentivados a usá-lo embora no mercado corrente os outros factores
de produção estão a preços altos mas desejáveis para uma base sustentável.

Os meios de mecanização agrícola tem sido frequentemente subsidiados para


lhes baixar os preços. Tractores e maquinaria ou serviços de aluguer de
tractores tem sido providenciados a preços inferiores aos seus custos reais. Em
muitos países a tracção animal e equipamentos não são dados o mesmo nível
de apoio e incentivo. Consequentemente, os agricultores de pequena escala, e a
economia nacional podem ser afectados negativamente.

Os subsídios de produção, por outro lado, encorajam os agricultores a produzir


mais uma determinada cultura sem influenciar a escolha dos insumos. Eles
podem fazer uma análise independente acerca de como se pode produzir uma
cultura de acordo com circunstâncias específicas. A sua análise é mais racional,
preceptiva e sustentável do que a feita na base de subsídio de insumos
concebida fora do ambiente agrícola.

Custos
É difícil avaliar os custos de potência numa agricultura de subsistência onde a
força humana (em algumas áreas) tracção animal são fontes de potência mais
dominantes. Consequentemente não é possível produzir uma comparação
exacta e convincente dos custos para sistemas de produção alternativos com
diferentes graus de mecanização e variedade das fontes de potência.

Agricultores de pequena escala reagem principalmente para custos de


pagamento em numerário imediato ou o equivalente, como por exemplo
prestação de um determinado trabalho ou outras formas. O governo e os seus
organismos estarão provavelmente mais interessados em custos económicos
mas frequentemente envolvendo definições pouco claras.

A disponibilidade do numerário é um grande problema que limita a habilidade


dos agricultores para usar mais potência para expandir ou intensificar o seu
sistema de produção.

25
Selecção da fonte de potência sob ponto de vista dos agricultores

Factores que influenciam a selecção da força humana


Para a maioria dos agricultores de pequena escala, os membros da família são a
fonte de potência mais disponível, barata e segura. O custo desta mão de obra
não é facilmente avaliável, a não ser que haja um emprego alternativo que
serviria de base para a avaliação. Geralmente tem sido considerada como
gratuita. Custo directo está limitado ao custo extra de alimentos que podem ser
necessários para repor a energia usada durante o trabalho.

O custo das ferramentas básicas é relativamente baixo, embora a compra e os


custos de manutenção do equipamento manual mais sofisticado (semeadores,
pulverizadores) puderem ser proibitivos.

Factores que influenciam a selecção da tracção animal


A distinção deve ser estabelecida entre áreas onde a criação de gado associada
a agricultura faz parte da tradição com aquelas onde a criação de gado é feita
por grupo de populações particularmente nómadas.

Onde a criação de gado e agricultura é tradição, geralmente existem alguns


agricultores que já usam seus animais para trabalhos de tracção, possivelmente
para transporte ou elevação de água para irrigação. Outros terão experiência de
maneio de gado e irão em geral aceitar a força de tracção animal como
tecnologia de fácil adaptação. O custo de usar esta fonte de potência será o
alimento extra, cuidados veterinários adicionais, a compra de arreios e alfaias e
o custo de reposição dos animais no tempo de vida útil.

Existem evidências potenciais do uso de um só animal como fonte de potência


em explorações agrícolas de pequenas dimensões. A introdução e a
possibilidade de usar um único animal depende de uma selecção cuidadosa dos
arreios e alfaias conjugado a um treinamento efectivo. Sacha e lavoura primária
são as operações que se pode operar com um animal.

Proprietários de animais de tracção podem ter consideráveis benefícios


provenientes da auto-suficiência e controlo operacional sobre o seu investimento
em potência. Comparado com os proprietários de tractores, a sua fonte de
potência deprecia muito pouco com o uso e é pouco exigente em termos de
custos variáveis tais como combustível e acessórios.

A introdução de tracção animal em regiões onde a agricultura e a criação de


gado são actividades independentes muitos problemas tem-se apresentado.
Sendo assim, os agricultores não terão experiência na criação de gado e ser-
lhes- á difícil a simpatia e controlo dos animais. Uma linha alternativa de
desenvolvimento existe quando os grupos possuidores de gado perceberem dos
benefícios que podem adquirir praticando agricultura associada á criação de
gado devido á potencialidade de uso de animais para a tracção. Em algumas

26
áreas já existe a tendência de os nómadas possuidores de gado adoptarem um
tipo de vida mais sedentário.

Factores que influenciam a selecção de tractores


A aquisição individual de um tractor não e opção viável para a maioria de
agricultores de pequena escala. O custo total da tractorização (capital mais
custos de operação) é tal que mesmo obtendo bons rendimentos e bons preços
de comercialização, a potência de 0.5 kw/ha é o máximo que pode ser
economicamente viável.

Neta base cerca de 40 ha de terra arável cultivado necessitará de um tractor de


20 Kw. Este é o mínimo de potência considerado tecnicamente funcional. Então,
será necessário que vários camponeses participem no uso desse tractor, um
conceito geralmente referido como “uso cooperativo de maquinaria agrícola”
(FAO 1985).

Um camponês pode ter acesso à potência de tractor através de várias


possibilidades:
 Propriedade individual e providenciar serviços de contratista para os
vizinhos.
 Comprando serviços de um vizinho agricultor contratista
 Comprando serviços de um fazendeiro
 Propriedade associada de um tractor através de uma cooperativa ou
associação
 Comprando serviços de um contratista comercial
 Fazendo uso de serviços de aluguer de um tractor apoiado pelo
governo

O agricultor pode julgar a efectividade dos serviços do contratista usando os


critérios já discutidos. A experiência tem mostrado que a modalidade de usar os
serviços de um vizinho agricultor contratista é mais satisfatória. Os serviços de
aluguer de um tractor apoiado pelos governos são baratos comparados aos
privados mas são inseguros e o nível de responsabilidade são geralmente
menores.

É essencial em qualquer caso onde se use a potência tractora a existência de


um serviço de apoio completo. Isto é a existência de condições para uma
manutenção eficiente e existência de acessórios. Sem as tais facilidades é
quase seguro que qualquer tractor comprado ou recebido através de um
programa de ajuda irá imobilizar-se na “sucata” que em muitos países são
indicativos do fracasso de tentativas de tractorização.

Bom serviço de apoio é condição principal para a boa reputação dos agentes
locais de uma marca particular. A melhor segurança de apoio é servir-se dos
agentes que prestam um serviço organizado e com elevado grau de
responsabilidade aos clientes.

27
MECANIZAÇÃO SELECTIVA
A introdução duma nova fonte de potência mais poderosa deve conduzir
naturalmente a um processo de selecção. Este processo começa com
operações de “potência-intensiva”. O seu uso económico para operações de
menor “potência-intensiva” dependerá do grau do envolvimento desse sistema
agrícola no contexto de desenvolvimento nacional e não deve ser indevidamente
forçado.

A mecanização selectiva não é uma alternativa de segunda categoria no sistema


completo de mecanização. Ela é um processo realístico que quando
devidamente aplicado permite que a mecanização se desenvolva como resposta
às realidades económicas com um alto grau de flexibilidade e precisão.

LITERATURA REFERENCIADA E SUPLEMENTAR

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 Binswanger, H.P. et al, 1988.Agricultural Mechanization: issues and options, The World
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 Holtkamp, R., 1990.Small four-wheel tractors for the tropics and sub-tropics: their role in
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