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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LINGUAGENS DE BACABAL - CCEL


COORDENAÇÃO DE LETRAS

AUTORIA DOCENTE NAS VIDEOAULAS DE GRAMÁTICA

BACABAL
2021
AUTORIA DOCENTE NAS VIDEOAULAS DE GRAMÁTICA

Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de


Licenciatura em Letras da Universidade Federal do
Maranhão, UFMA- Centro de Ciências, Educação e
Linguagens - CCEL, Bacabal, como requisito parcial de
nota para a disciplina Práticas de Pesquisa I.

Discente –
Orientador - Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro

BACABAL
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 03
JUSTIFICATIVA..............................................................
OBJETIVOS......................................................................................................
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 05
3 METODOLOGIA.............................................................................................. 08
4 CRONOGRAMA............................................................................................... 09

REFERÊNCIAS................................................................................................. 10
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1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O presente projeto toma como tema o uso de videoaulas para o ensino de gramática.
Tendo em vista o crescente uso das mídias sociais como ferramenta para a propagação de
conhecimento e para o surgimento de novas práticas pedagógicas, é notório que as formas de
ensinar passaram por um grande impacto e foram se ajustando a esses novos modelos. São
diversas maneiras de apresentar os conteúdos, a metodologia, os materiais utilizados, porque o
uso constante das plataformas digitais mudou a forma tradicional de dar aula, interferindo
fortemente na vida cotidiana do professor e do aluno. Levando isso em consideração, como
objeto de pesquisa escolhemos o estilo e autoria do professor nas videoaulas de gramática e o
corpus do nosso trabalho será as videoaulas observadas na plataforma YouTube durante a
Prática Pedagógica III, bem como o Estágio Supervisionado I, de onde extrairemos o material
de apoio para esta pesquisa, com interesse de investigar e analisar tais conteúdos.
Como mencionado, o anseio por este estudo surgiu a partir de observações feitas em
vídeos como uma possibilidade para o ensino-aprendizagem da disciplina de Língua
Portuguesa. Com efeito, questionaremos de que forma os conteúdos gramaticais são abordados
teórica e metodologicamente por docentes de Língua Portuguesa em vídeo aulas. Para tratar
essa problemática, será analisado o conteúdo educativo utilizado pelos professores, assim como
será observado em que medida os vídeos apresentados podem ser, de fato, considerados aulas,
além de refletir sobre as características que marcam o estilo empregado pelos professores
durante às aulas ministradas.
A presente pesquisa é fundamental para a discussão acerca das novas possibilidades de
ensino por meio da internet, em particular o ensino de Língua Portuguesa, pois é importante
repararmos que estamos em contato a todo momento com conteúdos circulando pelas redes, é
uma nova realidade pedagógica, isso nos leva a propor investigações que analisem a autoria dos
profissionais da educação para ministrar essas aulas para que os alunos compreendam o que
será apresentado.
Além disso, esta pesquisa contribui para o debate acadêmico, uma vez que agrega uma
notável relevância nas discussões sobre estilo e autoria docente. Moraes (2014) em sua
dissertação trata sobre a autoria assumida pelo professor de Língua Portuguesa no
desenvolvimento das aulas, trazendo como objetivo principal uma investigação a respeito da
função-autor assumida pelo professor, baseando-se em observações feitas em uma escola de
rede municipal, com alunos do Ensino Fundamental, a partir disso, ela busca os materiais de
análise para seu trabalho, além disso usa como pressupostos teóricos Foucault (2001/1986);
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Orlandi (2007); Possenti (2009) e Maingueneau (2008). Por conseguinte, ela conclui que a
professora assume a função-autor nas aulas e possui uma prática específica na produção e
mediação do conteúdo. Como podemos constatar, essa dissertação assemelha-se com este
projeto, já que pretendemos observar esses traços de estilo e autoria dos educadores nas
videoaulas de Língua Portuguesa, por meio de canais educativos na plataforma Youtube.
Fairchild (2014) analisou a elaboração de materiais didáticos para as aulas de Língua
Portuguesa durante o estágio dos graduandos em Letras - Português, e dentro disso investiga o
estilo empregado através da preparação, como a escolha e interpretação do material a ser
utilizado. Logo, ele demostra em seu trabalho que apesar de existir traços de autoria, há também
problemas, o que é normal, pois os orientandos estão iniciando a carreira docente. Para mais,
baseia o seu estudo sobre estilo e escrita nas postulações de Possenti (1988) e Riolfi (2011). Em
vista disso, esse trabalho compara-se com o que almejamos elaborar, pois com base nas
observações das videoaulas analisaremos o estilo usado pelos professores para o ensino de
gramática, no que diz respeito a forma como o conteúdo é trabalhado.
Dessa forma, constatamos que esta pesquisa contribuirá, não só nas reflexões sobre os
novos moldes de ensino no meio digital, como também irá colaborar cientificamente para a
comunidade acadêmica, devido às abordagens temáticas relevantes para o processo de ensino
– aprendizagem dos alunos. Além de rever os conceitos de estilo e autoria dentro de um novo
contexto.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para tratar dos assuntos sobre estilo e autoria faremos uma introdução dos principais
conceitos discutidos sobre esses termos. Como referencial teórico, utilizaremos os estudos
feitos por Michel Foucault (1999) em seu trabalho A ordem do discurso, trazendo sua
contribuição sobre autoria, assim como Sírio Possenti (1986) em sua tese de doutorado
Discurso, estilo e subjetividade ao abordar principalmente o estilo, sem deixar de colaborar
sobre temáticas autorais. Além disso, contaremos com as pesquisas de Francineide Paiva
Moares (2014) em sua dissertação A autoria da aula de Língua Portuguesa: o papel do
professor como voz didática, locutor e instância de escuta do aluno, uma vez que busca analisar
a autoria do professor dentro da sala de aula.
Desse modo, Foucault, nas suas várias discussões acerca do assunto, aponta:

O autor, não entendido, é claro, como o indivíduo falante que pronunciou ou escreveu
um texto, mas o autor como princípio de agrupamento do discurso, como unidade e
origem de suas significações, como foco de sua coerência. [...] Seria um absurdo
negar, é claro, a existência do individuo que escreve e inventa. (FOUCAULT, 1999,
p.26-29)

Conforme Foucault (1999), para ser autor não é simplesmente realizar ou escrever um
produto. Pelo contrário, para assumir a autoria, o sujeito deve estar inserido dentro de um
determinado contexto e realizar estabelecidas atividades, ou seja, não é apenas proferir palavras,
mas sim comandar e fundamentar o discurso que é produzido, levando em consideração as
habilidades e condutas desse indivíduo. Sendo assim, devemos nos atentar ao modo como esse
sujeito se comporta e consequementemente como a autoria é expressada.
Partindo das noções de autoria dentro das aulas de Língua Portuguesa, Moraes (2014,
p.41) destaca que “a autoria está relacionada ao modo como o professor articula diferentes
perspectivas para promover a aprendizagem do aluno”, e é notório não só nas aulas presenciais,
mas também nas aulas acessadas virtualmente, uma vez que o ensino já sofreu inúmeras
transformações e as questões autorais permeiam dentro deste campo. Além disso, a autora
reforça que o professor, no momento de exercer sua autoria, não deve levar em consideração
uma “perspectiva que julgue correta, já que julgar o que é certo ou errado depende do lugar
discursivo em que se assenta quem avalia.” (2014, p.41).
De acordo com Possenti (2009, p.95 apud MORAES, p.28), ao evidenciar o conceito de
autoria, ele determina que

[...] não se pode imaginar que alguém seja autor, se seus textos não se inscrevem em
discursos, ou seja, em domínios de “memória” que façam sentido; por fim, nem vale
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a pena tratar de autoria sem enfrentar o desafio de imaginar verdadeira a hipótese de


uma certa pessoalidade, de alguma singularidade.

Possenti em sua tese Discurso, estilo e subjetividade (1986) retrata que o trabalho do
autor está diretamente ligado ao seu estilo, ou seja, com as posições que este sujeito toma dentro
do discurso, da singularidade e principalmente, como esse sujeito se comporta, pois,

[...] se o locutor busca, dentre os possíveis, um dos efeitos que quer produzir em
detrimento dos outros, terá que escolher dentre os recursos disponíveis, terá que
“trabalhar” a língua para obter o efeito que intenta. E nisto reside o estilo. No como o
locutor constitui seu enunciado para obter o efeito que quer obter. (POSSENTI, 1986,
p. 217. Grifo do autor).

Com isso, notamos que Possenti (1986) trata do conceito de estilo atrelado ao trabalho
do próprio autor, que leva em consideração os aspectos linguísticos e discursivos, assim, “o
estilo é o lugar típico da manifestação da subjetividade no discurso” (POSSENTI, 1986, p.137)
A partir dessas postulações sobre estilo e autoria, podemos afirmar que, no momento
atual, há uma abrangência na circulação de discursos de diversas maneiras. Dessa forma,
observamos o uso da tecnologia digital como suporte para às aulas de Língua Portuguesa, visto
que percebemos que o uso das redes sociais é parte do nosso cotidiano como aluno e professor,
exercendo uma forte influência no processo de ensino-aprendizagem, dado que apresenta
múltiplas formas de uso. As videoaulas, por exemplo, funcionam como meio para a propagação
de várias abordagens de conteúdo e materiais, “os vídeos utilizam um tipo de linguagem, que
vai além da linguagem verbal (no seu modo oral ou escrito), pois interage com outros sistemas
de significação, como, por exemplo, a linguagem corporal, visual e espacial.”
(NEGROMONTE; SILVA, 2018, p. 290).
Nesse contexto de produção de aulas, Moraes (2014) aborda que quando se trata do
ensino de gramática, o maior obstáculo em assumir autoria nas aulas de Língua Portuguesa se
deve ao fato do professor deixar de lado a numerosidade de conhecimentos linguísticos, já que
a gramática sozinha não possibilita isso. Portanto, essas mudanças no cenário de ensino de
gramática despertam posicionamentos e críticas, nas palavras de Moraes (2014, p.40)

[...] atualmente, o fato de um professor ser autor de uma aula “gramatical” é motivo
de críticas, não sendo, muitas vezes, levado em consideração o fato de que esse tipo
de aula, geralmente, nem é de interesse do professor, surge para atender a algumas
necessidades da aula de LP [...]. O que, de fato, deve interessar para o autor é conciliar
diferentes perspectivas (tradicionais ou não) em prol da aprendizagem.

A gramática embasa boa parte das aulas de Língua Portuguesa, e com o surgimento de
novas possibilidades de ensino surgiram múltiplas formas de abordar os conteúdos, porém, é
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importante ressaltar que ainda encontramos um ensino descontextualizado, apenas com


fragmentos e análises rasas de frases, já que “a gramática, isoladamente, não possibilita o
contato do aluno com situações reais, necessárias para a sua aprendizagem.” (MOARES, 2014,
p.41). Assim, os professores não podem deixar de observar as mudanças no cenário educacional
e buscar novas perspectivas para a área docente que possibilite o trabalho com metodologias
inovadoras que incentive o interesse do aluno.
Como observamos com essa breve apresentação, há muito o que ser discutido acerca
dos assuntos aqui colocados, como autoria, estilo e ensino de conteúdos gramáticas através de
videoaulas. Nesse sentido, buscaremos responder essas questões adiante de forma mais
aprofundada no TCC.
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3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste projeto, utilizaremos uma abordagem qualitativa


interpretativa, pois “a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas
no processo de pesquisa qualitativa.” (PRODANOV E FREITAS, 2013, p.70), além disso, a
análise será feita por meio do método de observação, já que esta pesquisa é de cunho descritivo.
O projeto recorrerá também de uma pesquisa bibliográfica em livros, teses e dissertações,
apurando estudos teóricos sobre autoria, estilo e ensino de gramática. Também será realizado
uma pesquisa documental em arquivos públicos e arquivos particulares, uma vez que teremos
como base às videoaulas, bem como os registros em diário de campo. Segundo Prodanov e
Freitas (2013, p.55) a diferença entre pesquisa documental e pesquisa bibliográfica está na
natureza das fontes, porque “a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das
contribuições de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se em
materiais que não receberam ainda um tratamento analítico”.
Será estudado o estilo e autoria docente nas videoaulas de gramática. Por esse motivo,
foram selecionados dois canais educacionais fornecidos pelas secretárias de educação dos
estados durante do último ano (início em abril – 2020/2021), é importante ressaltar que são
vídeos recentes, uma vez a pandemia da COVID – 19 impossibilitou às aulas presenciais. Os
sites recorridos para obter às videoaulas utilizadas como corpus da pesquisa estão
disponibilizados no canal Aula Paraná e Central de Mídias da Educação de São Paulo.
Iremos analisar às aulas de gramática/análise linguística, para isso observaremos aulas
ministradas por vários professores dentro dos canais citados, especificamente, aulas que
apresentam o mesmo contéudo. A partir disso, analisaremos como eles podem ser trabalhados
de diferentes maneiras para tratarmos das questões de estilo.
O critério para a seleção/escolha desses canais foi por apresentarem uma maior
disponibilidade de aulas de Língua Portuguesa, além de vídeos gratuitos e fontes seguras, já
que garantem que os profissionais são, de fato, professores. Como mencionado, os canais
apontados dispõem de semelhanças, pois dividem os conteúdos por ano (ensino fundamental
anos iniciais, ensino fundamental anos finais, ensino médio e educação de jovens e adultos) e
as publicações são recentes, as duas plataformas datam suas inscrições no Youtube em abril de
2020, como um meio para que os alunos não ficassem sem aula.
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4 CRONOGRAMA

Atividades 2021
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Escolha do tema de X
pesquisa
Levantamento X X
bibliográfico
Elaboração do X X
projeto de pesquisa
Defesa do projeto de X
pesquisa
Leitura e X X X X
levantamento
bibliográfico
Coleta e
sistematização de
dados
Análise dos dados X X X X
Redação da X X
Monografia
Defesa da X
monografia
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REFERÊNCIAS

AULA PARANÁ (Curitiba - PR). Secretaria da Educação e do Esporte. Aula Paraná. 2020.
Disponível em: https://www.youtube.com/results?search_query=aula+paran%C3%A1.
Acesso em: 26 fev. 2021.

CENTRO DE MÍDIAS SP (São Paulo). Secretaria da Educação do Estado de São


Paulo. Centro de Mídias da Educação de São Paulo. 2020. Disponível em:
https://www.youtube.com/channel/UC4PxhhCLUs1ESKz5EwuepMw/featured. Acesso em:
26 fev. 2021.

FAIRCHILD, Thomas Massao. Ensinar Tortuguês: o estilo na elaboração de material didático


por alunos de letras. In: RIOLFI, Claudia (org.). Professor de português: como se forma,
trabalha e entende sua prática. São Paulo: Paulistana, 2014. (Coleção Sobrescrita)

FOUCAULT, Michel (1970). A ordem do discurso. Tradução Laura Fraga de Almeida


Sampaio. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

MOARES, Francineide Paiva. A autoria da aula de língua portuguesa: o papel do professor


como voz didática, locutor e instância de escuta do aluno. 2014. 1 v. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Letras, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Pará,
Belém, Pará, 2014.

NEGROMONTE, Katianny Késia Mendes; SILVA, Williany Miranda da. Uso de videoaulas
na divulgação de conteúdos para o ensino e aprendizagem de língua portuguesa. Revista
Letras Raras, Campina Grande, v. 7, n. 1, p. 287-308, fev. 2018.

POSSENTI, Sírio. Discurso, estilo e subjetividade. 1986. 300 f. Tese (Doutorado) - Curso
de Ciências, Linguística, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1986.

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