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RECURSOS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS

ARGUMENTATIVOS

Mauro Eduardo dos Santos Silva1

RESUMO: O ensino-aprendizagem de textos dissertativos não tem obtido muito


êxito no cotidiano de nossa trajetória acadêmica e/ou social. Os profissionais da
área educacional encontram várias divergências em relação às dificuldades dos
alunos em redigir textos argumentativos dos quais sejam claros e coesos
apresentando marcas linguísticas de sua real tipologia sem deixar o olhar da sua
própria crítica e defesa de pensamento. Esse problema é vivido por muitos no Brasil,
e requer um estudo com recursos para a rápida aprendizagem, sem o ensino de
muita teoria, mas de aulas dinâmicas, práticas e com audiovisual. Isso não significa
que durante o ensino, na grade curricular da língua portuguesa, não seja preciso
aprender as teorias por existir formas rápidas e prática para desenvolver esse tipo
de texto. Se aprendermos a teoria e com o curso dinâmico, ficaremos excelentes no
desencadear das ideias. Se houver um curso extra a percepção dos alunos será
maior.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino-aprendizagem; Língua Portuguesa; Textos


dissertativos argumentativos; Audiovisual; Crítica e defesa de pensamento.

1) RECURSOS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE REDAÇÃO


DISSERTATIVA

Como ensinar redação dissertativa argumentativa aplicando-a já na prática e


de maneira que seja utilizado o áudio visual?
Estamos levando em consideração que apenas as tradicionais aulas teóricas
sobre texto não são suficientes para estimular os alunos a produzirem textos
argumentativos, isto é, textos que exigem capacidade de raciocínio lógico e a defesa
de pontos de vista sobre assuntos diversos, uma vez que os atrativos fora da sala de
aula são fortes concorrentes com o trabalho do professor. Desta forma, estamos
acreditando que o filme, com temas que atraíam os alunos e acompanhado de
discussão pertinente e conduzida pelo professor, seja um recurso estimulante,

1
Especialização em Docência no Ensino Superior pela Universidade Cidade de São Paulo.
São Paulo- SP, Brasil. E-mail do autor: prof.mauroeduardo@hotmail.com Orientador: Siderly
do Carmo Dahle de Almeida
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evidentemente que acompanhado pelas aulas teóricas sobre a construção de textos.


Como pode ser desenvolvida essa metodologia experimental?

a) Pode ser usada uma música em que sua letra se enquadra dentro do
tipo dissertativo argumentativo, que durante a sua audição, haja uma
interação do professor mostrando a base da argumentação e a forma
de produzi-la.

b) Analisar um filme com o contexto dissertativo argumentativo, fazendo


com que os alunos aprendam com o audiovisual a manusear as regras básicas
desse tipo de dissertação.

c) Usando o computador na área de apresentação de slides para exibir a


teoria com a prática, procurando dentro de filmes, músicas e peças teatrais o
conteúdo explicando a teoria e captando o esquema desse tipo de redação.

2) DILEMA: DIFICULDADES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE DISSERTAÇÃO

Um dos desafios dos professores de Língua Portuguesa em sala de aula tem


sido o trabalho com a produção textual, especificamente fazer com que os alunos
redijam textos com naturalidade, clareza e com uma boa desenvoltura a respeito dos
mais variados temas, seja para cumprir atividades em sala de aula, para auxiliar os
alunos no desenvolvimento das demais disciplinas ministradas que de certa forma
exigem dos alunos a produção de textos ou até mesmo para prepará-los para
concursos e exames vestibulares os quais, mais do que nunca, exigem dos
candidatos uma capacidade de comunicação clara, coesa e com os recursos da
linguagem formal.
É evidente que o professor de Língua Portuguesa tem como concorrente
externo à sala de aula toda a influência da linguagem informal, alguns recursos
como internet com os chats que tanto atraem os jovens e cuja linguagem, sabemos,
é completamente livre de coerções do formalismo linguístico tão necessário e
solicitado por algumas esferas da sociedade. Nesse contexto, cabe ao professor de
Língua Portuguesa lutar contra todo esse contexto informal que tanto chama a
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atenção dos jovens. A tarefa não tem sido muito fácil, tendo o professor que preparar
suas aulas com instrumentos pedagógicos próprios do universo dos seus alunos a
fim de estimulá-los à prática da produção de textos – prática esta que já há um bom
tempo está sendo encarada como algo extremamente dificultoso e nada prazeroso.
Sendo assim, temos que desenvolver métodos para auxiliá-los e aperfeiçoar os que
já existem para estimular nossos alunos a produzirem textos e despertar a sua
percepção em relação às técnicas de dissertação com argumentação por métodos
dinâmicos e práticos através de filmes e música.
O objetivo geral deste projeto é investigar recursos didáticos em audiovisual,
através de filmes e músicas, que incentivem os alunos para a escrita que não seja
exclusivamente a forma tradicional, ou seja, a explicação teórica na lousa do que
seja um texto, suas unidades constituintes com suas qualidades. Pensando nisso
podemos:

1) Encontrar recursos didáticos que incentivem os alunos para a escrita


que não seja exclusivamente a forma tradicional, ou seja, a explicação teórica na
lousa do que seja um texto, suas unidades constituintes com suas qualidades, mas,
sempre explorando o audiovisual.

2) Investigar até que ponto a utilização de filmes estrategicamente


escolhidos pelo professor, juntamente com as aulas teóricas sobre texto, contribuem
para que os alunos tenham repertório para a produção de seus textos
argumentativos – nos quais eles têm de defender seus pontos de vista.
3) Analisar textos dos alunos produzidos mediante aulas convencionais,
daquelas que é utilizada a teoria por meio de lousa, caderno e livro didático, depois,
comparar com o texto feito de um trabalho explicativo da teoria com algum filme que
nos comprovem a melhora significativa dos seus textos.

Os objetivos que norteiam este projeto, como pode ser verificado, são de
extrema importância e podem servir como sugestões para professores que
enfrentam o cotidiano da sala de aula de Língua Portuguesa frente à necessidade de
incentivar seus alunos a praticarem uma atividade que deveria ser vista e
desenvolvida como algo natural. Desta forma, as questões que nortearam o meu
trabalho são:
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1º) Somente a aula teórica, por melhor que ela seja ministrada, garante que os
alunos, principalmente os que possuem mais dificuldades, consigam produzir bons
textos argumentativos?

2º) O trabalho crítico com alguns filmes e músicas exerce influência no


repertório argumentativo dos alunos auxiliando-os na produção textual?

3º) Comparando-se os textos produzidos tendo-se como referência apenas


aulas teóricas sobre textos com os textos redigidos depois da exibição e discussão
orientada de filmes, teremos uma diferença qualitativa significativa no desempenho
dos alunos?

4º) Em termos linguísticos, quais as diferenças que encontraremos nos textos


dos alunos produzidos com o emprego de filmes e músicas comparados com os
redigidos sem esse recurso?

Este projeto tem como público-alvo alunos do Ensino Fundamental II e Ensino


Médio que tenham dificuldades para criar e fazer redações dissertativas
argumentativas.

2.1) O MUNDO DO ARGUMENTAR

Quando trabalhamos a produção textual, não podemos deixar de levar em


consideração o arcabouço teórico do pensador russo M. Bakhtin sobre a questão
dos gêneros do discurso, para quem: “Se não existissem os gêneros do discurso e
se não os dominássemos, se tivéssemos que criá-los pela primeira vez no processo
da fala, se tivéssemos que construir cada um de nossos enunciados, a comunicação
verbal seria quase impossível.” (1997, p. 302). Isso significa que diante das nossas
necessidades de comunicação diárias, produzimos vários gêneros textuais sob a
forma de textos e todos subordinados às mesmas coerções da língua de ordem
fonético-fonológica, morfológica e sintática, no entanto, há em cada um deles algo
que os distingue, que nos faz vê-los como pertencentes à esferas comunicativas
diferentes. Para Bakhtin (1997), os gêneros do discurso estão diretamente
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subordinados à utilização da linguagem pelas esferas da atividade humana e quanto


mais variadas forem as nossas necessidades comunicativas, inseridos em contextos
específicos, mais variados serão os gêneros do discurso, sem que se contrarie a
unidade nacional de uma língua, ou seja, o sistema linguístico é sempre o mesmo,
com as mesmas regras de combinação dos enunciados (nível linguístico), o cerne
da questão é justamente como esse sistema é combinado por sujeitos frente às suas
necessidades comunicativas (nível discursivo).
Quando falamos de gêneros, falamos diretamente em textos, afinal eles são
formas de concretização dos diversos gêneros textuais que estão a nossa volta. A
fim de melhor especificar as características dos textos, reconhecemos a expressão
“tipo textual” desenvolvida por Marcuschi (2002), para quem: “Usamos a expressão
tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela
natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos
verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia
de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição,
injunção.”. (Marcuschi, 2002, p. 22). O autor estabelece cinco tipos de textos dos
quais partem gêneros específicos. Abaixo, vamos especificar um pouco mais esta
classificação do autor:

 Tipo narrativo = aqui há os traços da narração como a conhecemos como, por


exemplo, a presença da dimensão de tempo, espaço, personagem, narrador; uma
trama composta por situação inicial, complicação, clímax, situação final.

 Tipo argumentativo = na argumentação há a necessidade de se defender um


ponto de vista, uma ideia, um fato.

 Tipo expositivo = aqui a atividade principal é apresentar, expor um fato, uma


ideia, alguém , alguma coisa.

 Tipo descritivo = a atividade aqui é relacionada com o levantamento de


características de alguém de alguma coisa.

 Injunção = aqui a ordem, o imperativo, a inquirição são atividades frequentes.


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É importante destacar que um texto pode perfeitamente ser heterogêneo, ou


seja, num único texto podemos encontrar sequências de mais de um tipo textual.
Num gênero como conto de fada pode perfeitamente ser composto pelos tipos
narrativo (a trama da história) e descritivo (quando caracterizamos as personagens,
lugares, etc).
Marcuschi (2002, p. 23) continua suas definições agora dizendo que: “Usamos
a expressão gênero textual como uma noção propositadamente vaga para referir os
textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades
funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia
dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo,
receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,
aulas virtuais e assim por diante.”.
Em Bronckart (2003), encontramos uma maneira de observar mais de perto a
composição dos textos por meio das sequências textuais com as quais os textos
(concretização dos gêneros) podem se estruturar, ou então, modelos abstratos sobre
os textos compartilhados pelos produtores e receptores dos textos, são elas:
sequência narrativa, descritiva, argumentativa, explicativa e dialogal. Nos limites
deste projeto, empregaremos apenas o que é dito sobre a sequência argumentativa.
Como o próprio nome indica, nesta sequência o principal é argumentar, é fazer
com que o destinatário aceite nosso ponto de vista acerca de um fato, de uma
ocorrência. Aqui temos quatro fases:

a) fase de premissas = aqui é proposta uma constatação que iniciará o


texto;
b) fase de apresentação de argumentos = após constatar um fato,
iniciamos a fase em que vamos apresentando nossos argumentos a fim de
chegarmos a uma conclusão;

c) fase de apresentação de contra-argumentos = é uma espécie de


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apresentação da refutação de argumentos que sejam contrários aos nossos


argumentos apresentados na fase anterior;

d) fase de conclusão = aqui se integram os argumentos e os contra-


argumentos. Observe
É com este quadro teórico, a princípio, que podem ser conduzidos os objetivos
deste projeto, ou seja, orientando os alunos teoricamente sobre a produção de
textos argumentativos, mas acompanhada do trabalho com filmes, músicas
(audiovisual).

3) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por ver o índice de pessoas que não aprenderam corretamente a se comunicar


através do texto dissertativo argumentativo no período em que estudavam, resolvi
pensar em algo para ajudá-los que fosse de maneira fácil e rápido o aprendizado,
fazendo eles se desenvolverem dentro de provas de concursos públicos e entre
outras que solicitem esse tipo de redação. Esse é o caso de alguns amigos que ao
saber que sou professor, vieram desesperados para que eu ensinasse de forma
rápida e objetiva como produzir as redações solicitadas em concursos e
vestibulares, porque só com o conteúdo que aprenderam enquanto estudavam não
era possível fazer uma redação com qualidade e que atendesse ao que estava
solicitado.
Proporcionar de forma agradável e sobremaneira urgente, recursos para que
os professores que já atuam nas escolas e os que irão atuar, tenham em mãos uma
nova ferramenta para o ensino dos conteúdos de redações dissertativas
argumentativas, tanto para alunos que estão no ensino médio quanto para aqueles
que já concluíram, mas precisam de aulas rápidas para alcançar seus objetivos
dentro de provas que solicitem esse tipo de redação.
Pensando nos alunos que estão no ensino médio, e que com certeza assim
como meus amigos citados acima, saíram com pouco conhecimento da escola,
resolvi criar esse projeto para oferecer uma ajuda aos meus colegas de trabalho e
aos alunos, para acabar com o índice de pessoas que não aprenderam
corretamente ou que não sabem ensinar de uma forma prática o conteúdo da
redação dissertativa argumentativa.
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REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Trad. Maria Ermantina Galvão G. Pereira.


2a. ed. São Paulo, Martins Fontes, 1997.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos. Tradução de Anna


Raquel Machado. São Paulo, Educ, 2003.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros e Práticas de Ensino. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO,


A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros Textuais & Ensino. 2a. ed. Rio de Janeiro, Editora
Lucerna, 2002.

MARCUSCHI, L. A.: Análise da Conversação. São Paulo, Ática, 1986.

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