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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

JOSÉ JERONIMO CARDOSO MORAES FILHO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EXPANSÃO DA TRANSMISSÃO PARA


ESCOAMENTO DE GERAÇÃO NA ÁREA LESTE DO NORDESTE 2022 - 2028

Recife
2022
JOSÉ JERONIMO CARDOSO MORAES FILHO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EXPANSÃO DA TRANSMISSÃO PARA


ESCOAMENTO DE GERAÇÃO NA ÁREA LESTE DO NORDESTE 2022 - 2028

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Vicente Ribeiro Simoni

Recife
2022
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do programa de geração automática do SIB/UFPE

Moraes Filho, José Jeronimo Cardoso.


Análise comparativa da expansão da transmissão para escoamento de geração
na área leste do Nordeste 2022-2028 / José Jeronimo Cardoso Moraes Filho. -
Recife, 2022.
57 : il., tab.

Orientador(a): Vicente Ribeiro Simoni


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de
Pernambuco, Centro de Tecnologia e Geociências, Engenharia Elétrica -
Bacharelado, 2022.
Inclui referências, apêndices, anexos.

1. Planejamento de Sistemas Elétricos. 2. Carregamento de Linhas de


Transmissão. 3. Curva PV. 4. Escoamento. 5. Análise de Fluxo de Potência. I.
Simoni, Vicente Ribeiro. (Orientação). II. Título.

620 CDD (22.ed.)


JOSÉ JERONIMO CARDOSO MORAES FILHO

ANÁLISE COMPARATIVA DA EXPANSÃO DA TRANSMISSÃO PARA


ESCOAMENTO DE GERAÇÃO NA ÁREA LESTE DO NORDESTE 2022 - 2028

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Engenharia Elétrica.

Aprovado em: 26 de outubro de 2022.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Prof. Dr. Vicente Ribeiro Simoni (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco

___________________________________________
Prof. Dr. José Filho da Costa Castro
Universidade Federal de Pernambuco

___________________________________________
Prof. Dr. Pedro André Carvalho Rosas
Universidade Federal de Pernambuco
AGRADECIMENTOS

Primeiramente eu gostaria de agradecer à Deus por ter me dado a saúde e tudo


que Ele sabia que eu precisava para elaborar esse trabalho. Aos meus pais, José
Jeronimo e Telma Moraes por todo o amor e suporte que eles me deram durante toda
minha vida e hoje se reflete na conclusão da minha graduação. Ao meu tio Luíz André
que acreditou em mim e além de me ajudar financeiramente, também plantou a
semente que eu precisava para ter a coragem necessária para encarar esse desafio
de me mudar da Bahia para Pernambuco em busca desse diploma.

Quero agradecer também à minha irmã, Maria Carolina, que ao longo dos anos
sempre foi um bom exemplo em minha vida de perseverança e resiliência, me
incentivando a ir em busca de conhecimento e me dedicar aos meus estudos. Aos
meus amigos, em especial Lucas Gambarra (painho), Noelle Jordão, Maria Eduarda
e Raquel Braz, que o Residencial das Palmeiras uniu e mesmo com as
responsabilidades da vida, sempre os tenho por perto, seja para uma cerveja no fim
de semana ou só desabafar pelo Whatsapp. E aos que a UFPE juntou, Laylla Leal,
minha conterrânea, Raul Marinho e Airton Kelven, irmãos que a vida me deu e para
sempre farão parte da minha vida. À minha namorada, Raianny Cipriano, pelo suporte
emocional, carinho, paciência e compreensão quando eu tinha que priorizar o
trabalho.

Quero agradecer meus colegas da UFPE, uns tantos ao longo dos anos, mas
que marcaram minha vida cada um do seu jeito, seja nas incontáveis horas de estudo,
seja na conversa fora antes das aulas, ou nessa reta final sendo prestativos para me
ajudar na elaboração deste trabalho. E por fim, não posso esquecer de agradecer meu
incrível professor orientador Vicente Simoni, que através da matéria de Planejamento
de sistemas elétricos lançou a spark que eu precisava para decidir qual seria o meu
tema de trabalho de conclusão de curso, quando até aquele momento eu me sentia
perdido. Além do seu ótimo acompanhamento e parceria guiando meus passos
durante todo o processo e me dando a confiança que precisava para fazer um bom
trabalho. Meu mais sincero Muito Obrigado.
If you’d only let go of the past, entrust the future to Providence, and guide the
present toward reverence and justice.
Reverence: so you’ll accept what you’re allotted. Nature intended it for you,
and you for it.
Justice: so that you’ll speak the truth, frankly and without evasions, and act as
you should (AURELIUS, 2002).
RESUMO

Os crescentes investimentos em geração renovável no país, em especial na


região Nordeste, exigem um excelente planejamento do sistema elétrico que contenha
quais os ajustes e expansões da rede de transmissão elétrica são necessárias para
acomodar tais empreendimentos, no entanto, obras de expansão da rede demandam
um tempo maior até sua execução quando comparado aos períodos usuais para
implantação de parques eólicos e solares. E para tal, o ONS faz estudos como os
desse trabalho, no qual será feito uma análise comparativa entre a rede de
transmissão atual da área Leste do Nordeste e a rede futura, usando dois casos de
referência do Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado
Nacional (SIN), ciclo 2023-2027. No estudo de caso utiliza-se dos programas
computacionais ANAREDE e o ANAFAS do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
(Cepel) para modelar a rede estudada, fazendo as análises de fluxo de potência, curto-
circuito e seus impactos, incluindo a análise do limite de curva potência x tensão (PV).
Ao final do trabalho, os dados documentados para dois horizontes, como limites de
carregamento nas linhas e de injeção de potência nos barramentos, serão
informações valiosas para investidores que desejam construir um parque de geração
e integrar esse parque ao SIN numa determinada barra tendo a segurança de
escoamento na rede sem qualquer percalço ou contratempo.

Palavras-chave: Planejamento de Sistemas Elétricos; Carregamento de Linhas de


Transmissão; Curva PV; Escoamento; Análise de Fluxo de Potência; Análise de Curto-
Circuito.
ABSTRACT

The growing investments in renewable generation in the country, especially in the


Northeast region, require an excellent planning of the electrical system that contains
which adjustments and expansions of the electrical transmission network are
necessary to accommodate such undertakings, however, network expansion works
demand a longer time until its execution when compared to the usual periods for the
implantation of wind and solar parks. To this end, the ONS carries out studies such as
those of this work, in which a comparative analysis will be made between the current
transmission network in the East-Northeast area and the future network, using two
reference cases from the Medium-Term Electric Operation Plan of the National
Interconnected System (SIN), cycle 2023-2027. In the case study, the computer
programs ANAREDE and ANAFAS from the Electric Energy Research Center (Cepel)
are used to model the studied network, making the analyzes of power flow, short-circuit
and their impacts, including the analysis of the power x voltage (PV) curve limit. At the
end of the work, the documented data for two horizons, such as loading limits on the
lines and power injection on the buses, will be valuable information for investors who
want to build a generation park and integrate this park to the SIN in a certain bus,
having the security flow in the network without any issue or setback.

Keywords: Electrical Systems Planning; Loading of Transmission Lines; PV curve;


Flow; Power Flow Analysis; Short Circuit Analysis.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Resumo do cadastramento e da habilitação técnica dos projetos. .......... 17


Figura 2 – Modelo do fluxo de potência num sistema de 4 barras. ........................... 19
Figura 3 – Modelo π – equivalente de uma linha de transmissão. ............................ 22
Figura 4 – Representação geral de transformadores. ............................................... 23
Figura 5 – Circuito equivalente π transformador em fase. ........................................ 24

Figura 6 – Modelo simplificado da linha de transmissão. .......................................... 27


Figura 7 – Circuito do transformador numa análise de curto-circuito. ....................... 29
Figura 8 – Circuito de impedância de sequência zero e de sequência positiva para
transformadores ligados em estrela aterrada – estrela aterrada. .............................. 30
Figura 9 – Circuito de impedância de sequência zero para transformadores ligados em
estrela aterrada – delta. ............................................................................................ 31
Figura 10 – Circuito de impedância de sequência positiva para transformadores
ligados em estrela aterrada – delta. .......................................................................... 31
Figura 11 – Comportamento típico da Curva PV. ...................................................... 35
Figura 12 – Fluxo de potência entre duas barras, simplificado. ................................ 35
Figura 13 – Curva PV ou Curva do nariz. .................................................................. 37
Figura 14 – Comportamento da Curva PV plotada pelo ANAREDE.......................... 38
Figura 15 – Curva PV das Barras 500 kV Monitoradas em 2023. ............................. 39
Figura 16 – Curva PV das Barras 230 kV Monitoradas em 2023. ............................. 40
Figura 17 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 500 kV (2023).
.................................................................................................................................. 41
Figura 18 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 230 kV (2023).
.................................................................................................................................. 41
Figura 19 – Fluxo de potência, em ANAREDE, entrando e saindo da barra 5408
Milagres 500 kV antes da injeção de potência, em 2023. ......................................... 42
Figura 20 – Fluxo de potência na barra 5408 Milagres 500 kV após injeção da potência
limite de 2380 MW no sistema. ................................................................................. 42
Figura 21 – Curva PV das Barras 500 kV Monitoradas em 2027. ............................. 43
Figura 22 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 500 kV (2027).
.................................................................................................................................. 44
Figura 23 – Curva PV das Barras 230 kV Monitoradas em 2027. ............................. 45
Figura 24 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 230 kV (2027).
.................................................................................................................................. 45
Figura 25 – Fluxo de potência, em ANAREDE, entrando e saindo da barra limitante
5720 (Jardim, 500 kV) antes da injeção de potência, em 2027. ................................ 46
Figura 26 – Fluxo de potência na barra 5720 (Jardim, 500 kV) após injeção de 2550
MW no sistema, ponto de violação............................................................................ 46
Figura 27 – Curva PV no Barramento 5200 (Campina Grande III, 500 kV) no Plot
Cepel. ........................................................................................................................ 47
Figura 28 – Curva PV no Barramento 6132 (Ceará Mirim, 230 kV) no Plot Cepel. ... 48
Figura 29 – Curva PV no barramento 5720 (Jardim, 500 kV) no Plot Cepel. ............ 48
Figura 30 – Curva PV das barras limitantes para cada cenário, 2023 e 2027........... 49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista de Barras 500 kV monitoradas para análise. .................................. 38


Tabela 2 – Lista de Barras 230 kV monitoradas para análise. .................................. 39
Tabela 3 – Correntes de curto-circuito monofásico-terra (kA) para os casos de 2023 e
2027 e, a evolução percentual (%). ........................................................................... 50
Tabela 4 – Correntes de curto-circuito trifásico (kA) para os casos de 2023 e 2027 e,
a evolução percentual (%). ........................................................................................ 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANAFAS Análise de Faltas


ANAREDE Análise de Redes Elétricas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASG Ambiental, Social e Governança
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
Cepel Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CGT Campina Grande III
CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
DMSE Departamento de Monitoramento do Sistema Elétrico
EPE Empresa de Pesquisa Energética
kV Quilovolt
LEN Leilão de Energia Nova
LT Linha de Transmissão
MW Megawalt
MME Ministério de Minas e Energia
N/NE Norte/Nordeste
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAR Plano de Ampliações e Reforços nas Instalações de Transmissão
PEL Plano de Operação Elétrica
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
PV Potência x Tensão
SE Subestação
SEP Sistema Elétrico de Potência
SIN Sistema Interligado Nacional
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14

1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................ 16

1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS....................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 18

2.1 FLUXO DE POTÊNCIA ................................................................................ 18

2.1.1 Modelagem de Linha de Transmissão .......................................................... 21


2.1.2 Modelagem de Transformadores .................................................................. 23

2.2 CURTO-CIRCUITO ...................................................................................... 25

2.2.1 Modelagem de Linha de Transmissão .......................................................... 26


2.2.2 Modelagem de Transformadores .................................................................. 28

3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 32

3.1 SIMULAÇÃO NO ANAREDE ........................................................................ 33

3.1.1 Estudo de fluxo de potência em 2023........................................................... 33


3.1.2 Estudo de fluxo de potência em 2027........................................................... 43

3.2 SIMULAÇÃO NO ANAFAS ........................................................................... 49

3.2.1 Estudo de Curto-Circuito 2023-2027 ............................................................ 50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ............................................... 52

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 53

APÊNDICE A – CONFIGURAÇÃO PARCIAL DO EQUIVALENTE DE REDE


PARA 2023 ............................................................................................................... 55

APÊNDICE B – CONFIGURAÇÃO PARCIAL DO EQUIVALENTE DE REDE


PARA 2027 ............................................................................................................... 56

ANEXO A – CAPACIDADE TOTAL INSTALADA NO NORDESTE............ 57


14

1 INTRODUÇÃO

Na matriz energética do Brasil 85,6% das fontes são renováveis (ONS, 2022) e
o lançamento do Programa de Sustentabilidade em junho de 2022 pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirma o interesse do país em investir cada vez
mais nessas fontes. A estratégia Ambiental, Social e Governança (ASG+) tem como
uma de suas três dimensões a ONS+Verde: “Transição Energética” e “Gestão
Ecoeficiente de Recursos” com ações previstas até 2024. O ONS destaca nessa
dimensão o compromisso de apoiar iniciativas setoriais de preservação da
biodiversidade, sintonizado com as metas de descarbonização do país no contexto
das mudanças climáticas e transição energética, além de ser propositivo no que diz
respeito aos múltiplos usos da água (ONS, 2022).

Outra grande iniciativa é o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de


Energia Elétrica (PROINFA). Criado em 2002, com o objetivo de diversificar a matriz
energética do país, seu foco é estimular as fontes de energia renovável que ainda
podem e precisam ganhar mais espaço no Brasil para descentralizar a produção que
hoje cabe majoritariamente às hidroelétricas. O PROINFA faz isso impulsionando o
investimento em projetos de energia renovável. Todos os anos a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) é responsável por determinar e divulgar em Resolução
Homologatória a cota anual de cada uma das unidades consumidoras, usando como
referência o histórico dos últimos 12 meses de consumo. Depois, a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apura as informações, mensalmente, e
divulga os relatórios dinâmicos com as respectivas cotas conforme ocorrem
movimentações no programa (CCEE, 2022).

Nos últimos 10 anos, o Brasil tem acelerado bastante o investimento na


expansão de geração eólica (HERRERA, DYNER e COSENZ, 2020) tornando-a assim
a segunda maior fonte de energia elétrica no país, e em especial na região Nordeste
ela é a número 1 atingindo 20.638 MW de capacidade instalada, que ultrapassa 45%
de toda a potência instalada na região (ANEXO A) (ONS, 2022). No entanto, o
planejamento da expansão da rede de transmissão elétrica para acomodar os
crescentes investimentos em geração renovável demanda um tempo maior até sua
execução quando comparado aos períodos usuais para implantação de parques
eólicos e solares. Sendo assim, o ONS juntamente com os demais órgãos
15

responsáveis pelo planejamento do sistema elétrico brasileiro, todos os anos


trabalham para realizar estudos que viabilizem e acomodem tais empreendimentos,
garantindo o fornecimento de energia de qualidade e de baixo custo aos centros de
carga de todo o país.

Esse trabalho faz uma análise comparativa entre a rede de transmissão atual da
área Leste do Nordeste e a rede futura, usando dois casos de referência do Plano de
Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional (SIN), ciclo 2023-
2027. O estudo de caso será feito utilizando o programa computacional de Análise de
Redes Elétricas (ANAREDE) e o de Análises de Faltas (ANAFAS) do Centro de
Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) para modelar a rede estudada, fazendo as
análises necessárias de fluxo de potência, curto-circuito e seus impactos, incluindo a
análise do limite de curva potência versus tensão (PV).

Antecipando os estudos que terão seus resultados divulgados até o fim do ano
de 2022 no Plano da Operação Elétrica Anual (PEL) 2022 e o Plano de Ampliações e
Reforços nas Instalações de Transmissão do SIN (PAR/PEL) 2023-2027, o primeiro
caso estudado será o do inverno de 2023 com patamar de carga média, entre
maio/2023 e outubro/2023 com a configuração de referência do mês de junho/2023, e
possuindo um viés conjuntural. O segundo caso estudado será do inverno de 2027
com o mesmo patamar de carga, entre maio e outubro de 2027 com a configuração
de referência do mês de junho/2027, e suas análises possuem um viés mais estrutural.

Nos casos de fluxo de potência do PAR/PEL serão considerados os valores de


carga ativa e reativa, por barramento, informados pelos agentes e consolidados pelo
ONS, conforme estabelecido no Submódulo 3.5 dos Procedimentos de Rede (ONS,
2022). No primeiro caso, em 2023, é obtido um sistema equivalente de 120 barras, já
no segundo, em 2027, obteve-se um sistema de 110 barras devido às limitações da
versão estudante do ANAREDE, pois com os novos reforços e linhas de transmissão
que entrarão em funcionamento até o ano de 2027 o sistema ficou mais malhado, com
um maior número de circuitos e consequentemente ultrapassou o limite de 240 ramos
estabelecido pela versão estudante do ANAREDE, utilizada nas simulações deste
trabalho. Ambos os casos foram obtidos utilizando a metodologia descrita em (LIMA,
2022) no entorno da subestação (SE) de Campina Grande III (CGT) 500 kV.
16

1.1 Motivação

A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente e os altos custos


de combustíveis fósseis tem feito os investimentos em outras fontes de energia, em
especial as renováveis, crescerem bastante ao longo dos anos. No entanto, esse
crescimento na geração de usinas fotovoltaicas e eólicas afetam a segurança e
estabilidade da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Nas regiões Norte/Nordeste (N/NE) está havendo contratação de elevados


montantes de geração dessas fontes. No Leilão de Energia Nova (LEN) A-4/2022
realizado em maio de 2022, foi cadastrada uma potência total de 75.250 MW (Figura
1). Desse total, 21.432 MW foram em empreendimentos de geração eólica e 51.824
MW em parques de solar fotovoltaicas. No entanto, apenas 19.284 MW foram
habilitados e 65% das inabilitações dos projetos ocorreram por falta de margem de
escoamento na rede de transmissão em 230kV e 500kV. Atualmente a energia solar
ocupa a quarta posição na matriz energética com participação de 2,8% no SIN. Até o
final de 2026, a meta é alcançar uma parcela de 5,7%. Já a eólica, que está mais
consolidada no Brasil, representa 12,5% da matriz energética e no mesmo horizonte
deve atingir 14,8%.

Portanto, estudos que analisem as expansões e os ajustes necessários nas


redes de transmissão afim de possibilitar o pleno escoamento das usinas e ampliar as
margens para conexão de novos empreendimentos de geração, devem ser feitos para
atender ao crescimento da demanda local. Assim, serão evitados desligamentos e
sobrecargas em equipamentos que compõe o sistema de transmissão.
17

Figura 1 – Resumo do cadastramento e da habilitação técnica dos projetos.

Fonte: Informe LEN A-4 (2022).

1.2 Objetivos gerais e específicos

Analisar comparativamente dois cenários da rede de transmissão para


escoamento da geração de energia elétrica, proveniente de empreendimentos de
fontes renováveis de um trecho da área leste do Nordeste, centrado na subestação
CGT 500kV. Diante disso os seguintes objetivos específicos foram traçados:

• Selecionar dois cenários de funcionamento da rede de transmissão na área


Leste do Nordeste dentro do horizonte de 2022 a 2028.

• Fazer a análise de fluxo de potência para ambos os cenários no programa


computacional ANAREDE desenvolvido pelo Cepel.

• Fazer as análises de curto-circuito para ambos os cenários usando o


programa ANAFAS, também desenvolvido pelo Cepel.

• Comparar os resultados das simulações de ambos os cenários e extrair as


devidas conclusões.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Fluxo de potência

O cálculo de fluxo de potência (ou fluxo de carga) consiste basicamente em


determinar o estado da rede elétrica, que inclui o cálculo das dimensões e ângulos
das tensões nos barramentos, além da distribuição dos fluxos, potências ativas e
reativas que fluem pelas linhas e transformadores, ou seja, pelos ramos de uma rede
de energia elétrica (MONTICELLI, 1983). Para este tipo de problema, assume-se que
a mudança ao longo do tempo é lenta o suficiente para que os efeitos transitórios
possam ser desprezados.

Portanto, pode-se dizer que nesse tipo de problema a modelagem do sistema é


estática, e a rede é representada por um conjunto de equações e inequações
algébricas, sempre levando em consideração os limites de sua operação. Para tal
representação, no estudo de fluxo de potência considera-se uma “fotografia” de um
instante de operação e diante de suas variações no tempo serem suficientemente
lentas ou desprezíveis, os efeitos transitórios são ignorados.

Em geral, o cálculo de fluxo de carga será realizado utilizando métodos


computacionais para resolução das equações e inequações algébricas que
constituem o modelo estático da rede. Um sistema de energia elétrica tem como
principal função fornecer potência ativa (P) e reativa (Q) às diversas cargas a ele
ligadas a fim de supri-las. Essa potência gerada flui pela rede elétrica até as barras às
quais as cargas estão conectadas, como visto no modelo do fluxo de potência
simplificado da Figura 2 abaixo, onde 𝑆𝑆 = 𝑃𝑃 + 𝑗𝑗𝑗𝑗 é a potência elétrica complexa que
flui entre as barras.
19

Figura 2 – Modelo do fluxo de potência num sistema de 4 barras.

Fonte: Compilação do autor (2022).

O estudo do fluxo de potência determina a tensão de cada barra do sistema, em


módulo e ângulo, assim como as potências ativa e reativa que fluem nas linhas de
transmissão. E a partir desse estudo verificam-se sobrecargas, problemas de tensão
e suporte de reativo que podem afetar negativamente o equilíbrio e estabilidade de
um sistema de rede.

Num estudo de fluxo de potência os componentes de um sistema de energia


elétrica podem ser categorizados em dois grupos: o dos que são ligados entre um nó
qualquer e o nó-terra, e os que são ligados entre dois nós quaisquer da rede. No
primeiro grupo estão: geradores; cargas; reatores e capacitores, e no segundo grupo
estão: linhas de transmissão, transformadores e defasadores. Considerados como a
parte externa do sistema, os geradores e cargas são modelados através de injeção
de potência nos nós da rede. Já os demais componentes compõem a parte interna do
sistema (MONTICELLI, 1983).

Impondo aos nós a conservação das potências ativa e reativa tem-se que a
potência líquida injetada deve ser igual à soma das potências que fluem pelos
componentes internos comuns ao nó em questão, e isso equivale a se impor a
Primeira Lei de Kirchhoff. Já a Segunda Lei de Kirchhoff é utilizada para expressar os
fluxos de potência nos componentes internos como funções das tensões (estados) de
20

seus nós terminais. Na formulação básica, cada barra de rede está associada a quatro
variáveis, sendo duas dados no problema e duas incógnitas, especificadas abaixo.

Vk – magnitude da tensão nodal (barra k)

θk – ângulo da tensão nodal

Pk – potência ativa declarada na barra k

Qk – potência reativa declarada na barra k

A partir disso, definem-se três tipos de barras dependendo de quais variáveis


nodais entram como dados e quais são consideradas como incógnitas. São elas:

PQ – dados Pk e Qk, e calculados Vk e θk

PV – dados Pk e Vk, e calculados Qk e θk

Referência (Vθ) – dados Vk e θk, e calculados Pk e Qk

A barra PQ pode ser utilizada para representar barras de carga e a PV, barras
de geração ou com controle de tensão. Já a barra Vθ tem uma função dupla,
fornecendo a referência angular do sistema e fechando o balanço de potência do
sistema, pois é uma barra que não possui potências ativa e reativa especificadas. O
problema do fluxo de carga é formado, portanto, por duas equações para cada barra.
Essas equações correspondem à imposição da Primeira Lei de Kirchhoff pelo fato de
que cada uma delas representa a equivalência entre as potências ativas e reativas
injetadas em uma barra e a soma dos fluxos correspondentes que deixam a barra.
Matematicamente representadas nas equações 1 e 2:

𝑃𝑃𝑘𝑘 = � 𝑃𝑃𝑘𝑘𝑘𝑘 (𝑉𝑉𝑘𝑘 , 𝑉𝑉𝑚𝑚 , θ𝑘𝑘 , θ𝑚𝑚 ) (1)


m∈Ωk

𝑄𝑄𝑘𝑘 + 𝑄𝑄𝑘𝑘𝑠𝑠ℎ (𝑉𝑉𝑘𝑘 ) = � 𝑄𝑄𝑘𝑘𝑘𝑘 (𝑉𝑉𝑘𝑘 , 𝑉𝑉𝑚𝑚 , θ𝑘𝑘 , θ𝑚𝑚 ) (2)


m∈Ωk

Onde,
21

𝑘𝑘 = 1, …, NB, sendo NB o número de barras da rede

𝛺𝛺𝑘𝑘 – conjunto das barras vizinhas da barra k

𝑉𝑉𝑘𝑘 , 𝑉𝑉𝑚𝑚 – magnitudes das tensões das barras terminais do ramo k - m

𝜃𝜃𝑘𝑘 , 𝜃𝜃𝑚𝑚 – ângulos das tensões das barras terminais do ramo k - m, determinado
por 𝜃𝜃𝑘𝑘 − 𝜃𝜃𝑚𝑚

𝑃𝑃𝑘𝑘𝑘𝑘 – fluxo de potência ativa no ramo k – m

𝑄𝑄𝑘𝑘𝑘𝑘 – fluxo de potência reativa no ramo k - m

𝑄𝑄𝑘𝑘𝑠𝑠ℎ – componente da injeção de potência reativa devida ao elemento shunt da


barra k (𝑄𝑄𝑘𝑘𝑠𝑠ℎ = 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑠𝑠ℎ 𝑉𝑉𝑘𝑘2 , sendo 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑠𝑠ℎ a susceptância shunt ligada a barra k).

A seguinte convenção de sinais foi adotada para as equações 1 e 2: as injeções


líquidas de potência são positivas quando entram na barra (geração) e negativas
quando saem da barra (carga); os fluxos de potência são positivos quando saem da
barra e negativos quando entram, e para os elementos shunt a convenção é a mesma
adotada para as injeções. Se faz necessário também considerar as inequações que
fazem parte do problema de fluxo de carga e referem-se às restrições nas magnitudes
das tensões nodais das barras PQ e pelos limites nas injeções de potência reativa das
barras PV, representadas nas equações 3 e 4 abaixo:

𝑉𝑉𝑘𝑘𝑚𝑚í𝑛𝑛 ≤ 𝑉𝑉𝑘𝑘 ≤ 𝑉𝑉𝑘𝑘𝑚𝑚á𝑥𝑥 (3)

𝑄𝑄𝑘𝑘𝑚𝑚í𝑛𝑛 ≤ 𝑄𝑄𝑘𝑘 ≤ 𝑄𝑄𝑘𝑘𝑚𝑚á𝑥𝑥 (4)

2.1.1 Modelagem de Linha de Transmissão

O modelo π – equivalente escolhido para modelar a linha de transmissão (Figura


3) é definido por três parâmetros: a resistência serie 𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘 ; a reatância série 𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘 ; e a
𝑠𝑠ℎ
susceptância shunt 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 . As formulações do modelo são explicitadas abaixo, sendo a
impedância do elemento série:

𝑧𝑧𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝑗𝑗𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘 (5)


22

Figura 3 – Modelo π – equivalente de uma linha de transmissão.

Fonte: (MONTICELLI, 1983).

−1
𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝑗𝑗𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑧𝑧𝑘𝑘𝑘𝑘 (6)

𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 = 2 2 (7)
𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘

− 𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 = 2 2 (8)
𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘+ 𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘

A corrente é formada de uma componente série e uma componente shunt, e


pode ser obtida tomando como partida as tensões terminais complexas 𝐸𝐸𝑘𝑘 e 𝐸𝐸𝑚𝑚 , e os
demais parâmetros do modelo:

𝑠𝑠ℎ
𝐼𝐼𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 (𝐸𝐸𝑘𝑘 − 𝐸𝐸𝑚𝑚 ) + 𝑗𝑗𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐸𝐸𝑘𝑘 (9)

Onde,

𝐸𝐸𝑘𝑘 = 𝑉𝑉𝑘𝑘 𝑒𝑒 𝑗𝑗𝜃𝜃𝑘𝑘 (10)

𝐸𝐸𝑚𝑚 = 𝑉𝑉𝑚𝑚 𝑒𝑒 𝑗𝑗𝜃𝜃𝑚𝑚 (11)


23

Em que,

𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 é a admitância;

𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 é a condutância série;

𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 é a susceptância série;

E 𝐼𝐼𝑘𝑘𝑘𝑘 é a corrente.

Nesse modelo π – equivalente, 𝑟𝑟𝑘𝑘𝑘𝑘 e 𝑥𝑥𝑘𝑘𝑘𝑘 são positivos, o que implica 𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑠𝑠ℎ
positivo e 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 negativo (tipo indutivo). Já o elemento shunt 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 é positivo, pois é do
tipo capacitivo.

2.1.2 Modelagem de Transformadores

Os transformadores (em fase e defasadores) podem ser representados de forma


geral como na Figura 4, onde tem-se uma admitância série 𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 e um transformador
ideal com relação de transformação série 1: 𝑡𝑡. Para o transformador em fase, 𝑡𝑡 é um
número real (𝑡𝑡 = 𝑎𝑎) e para o defasador, 𝑡𝑡 é um número complexo (𝑡𝑡 = 𝑎𝑎𝑒𝑒 𝑗𝑗𝜑𝜑 ).

Figura 4 – Representação geral de transformadores.

𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘

Fonte: (MONTICELLI, 1983).

Neste trabalho o enfoque será na modelagem do transformador em fase, por ser


o mais comum, no qual a relação entre os módulos das tensões nos nós terminais 𝑘𝑘
e 𝑝𝑝 é:
24

𝑉𝑉𝑝𝑝
= 𝑎𝑎 (12)
𝑉𝑉𝑘𝑘

Como 𝜃𝜃𝑘𝑘 = 𝜃𝜃𝑝𝑝 , tem-se:

𝐸𝐸𝑝𝑝 𝑉𝑉𝑝𝑝 𝑒𝑒 𝑗𝑗𝜃𝜃𝑝𝑝


= = 𝑎𝑎 (13)
𝐸𝐸𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 𝑒𝑒 𝑗𝑗𝜃𝜃𝑘𝑘

Como o transformador é ideal, há conservação da potência complexa, ou seja,


não há dissipação de potência ativa ou reativa, a potência complexa de entrada é a
mesma na saída. O transformador em fase pode ser representado por um circuito
equivalente do tipo π, como visto na Figura 5.

Figura 5 – Circuito equivalente π transformador em fase.

Fonte: (MONTICELLI, 1983).

As admitâncias A, B e C do circuito equivalente são, portanto:

𝐴𝐴 = 𝑎𝑎𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 (14)

𝐵𝐵 = 𝑎𝑎(𝑎𝑎 − 1)𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 (15)


25

𝐶𝐶 = (1 − 𝑎𝑎)𝑦𝑦𝑘𝑘𝑘𝑘 (16)

Diante destas informações, formulam-se as equações gerais às quais os fluxos


de potência obedecem e são descritas abaixo nas equações 17, 18 e 19.


𝑆𝑆𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑃𝑃𝑘𝑘𝑘𝑘 − 𝑗𝑗𝑄𝑄𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝐸𝐸𝑘𝑘∗ 𝐼𝐼𝑘𝑘𝑘𝑘 (17)

𝑃𝑃𝑘𝑘𝑘𝑘 = (𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )2 𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 −(𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )𝑉𝑉𝑚𝑚 𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 cos(𝜃𝜃𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 ) +
(18)
−(𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )𝑉𝑉𝑚𝑚 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜃𝜃𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 )
𝑠𝑠ℎ
𝑄𝑄𝑘𝑘𝑘𝑘 = −(𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )2 (𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 )+(𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )𝑉𝑉𝑚𝑚 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 cos(𝜃𝜃𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 ) +
(19)
−(𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑉𝑉𝑘𝑘 )𝑉𝑉𝑚𝑚 𝑔𝑔𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜃𝜃𝑘𝑘𝑘𝑘 + 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 )

Para o caso de linhas de transmissão, 𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 = 1 e 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0. Para transformadores


𝑠𝑠ℎ 𝑠𝑠ℎ
em fase, 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0 e 𝜑𝜑𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0. Para defasadores puros, 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0 e 𝑎𝑎𝑘𝑘𝑘𝑘 = 1. E por último,
𝑠𝑠ℎ
para os transformadores defasadores, 𝑏𝑏𝑘𝑘𝑘𝑘 = 0 (MONTICELLI, 1983).

2.2 Curto-Circuito

Uma das ocorrências de maior impacto no fornecimento de energia elétrica é um


curto-circuito, ou falta, nos componentes do sistema elétrico, que impõe mudanças
bruscas e violentas na sua operação normal. Curtos-circuitos são as perturbações
mais comuns às quais os sistemas de potência estão sujeitos, constantemente, que
ocorrem em decorrência da ruptura do isolamento entre fases ou entre fase e neutro
e/ou terra. Tais ocorrências podem provocar severas violações nas restrições
operativas e colocar em risco a integridade dos equipamentos e das instalações.

O cálculo de curto-circuito consiste na análise do comportamento de um sistema


elétrico perante uma condição de falta, particularmente refere-se aos efeitos
provocados nos valores da tensão e corrente do sistema elétrico de potência perante
uma falta, podendo ser classificados em equilibrados ou simétricos (curto-circuito
trifásico e trifásico terra) e desequilibrados ou assimétricos (curto-circuito monofásico
terra, bifásico e bifásico terra) (WEEDY, 2012).

A magnitude da corrente de curto-circuito depende de vários fatores, tais como:


tipo de curto-circuito, capacidade do sistema de geração, topologia da rede elétrica,
26

tipo de aterramento do neutro dos equipamentos, entre outras (SATO e FREITAS,


2015). Cada parte do setor elétrico, isto é, geração, subestação e transmissão, devido
às suas próprias características contribui mais ou menos nas correntes de falta e,
estatisticamente, a maior frequência de ocorrência de curtos-circuitos são nas linhas
de transmissão (KINDERMANN, 1997).

Pela própria natureza o componente do setor elétrico mais vulnerável à falta é a


linha de transmissão, visto que ela percorre o país de ponta a ponta e passa por
terrenos e climas distintos. Seus elementos, isto é, cabos, as estruturas e as ferragens
estão dispostos em série, diminuindo consideravelmente a sua confiabilidade. Embora
a rede de distribuição também contribua com as faltas, os seus curtos-circuitos não
colocam tanto em risco o sistema elétrico como os curtos nas linhas de transmissão
(KINDERMANN, 1997).

Os curtos-circuitos que ocorrem com maior frequência são os desequilibrados


ou faltas shunt monofásicas e bifásicas, com predominância de curto-circuito fase-
terra (monofásico). Mesmo sua frequência de ocorrência relativa sendo pequena, o
curto-circuito trifásico é de longe o mais analisado por ser considerado o mais severo.
Entretanto, é possível que em algumas situações a corrente de curto-circuito
monofásico seja maior do que a corrente de curto-circuito trifásico (SATO e FREITAS,
2015).

Como os sistemas estão em desequilíbrio, é imprescindível a utilização da teoria


de componentes simétricas para transformar o sistema em três sistemas de
sequência. Sendo assim, para tal modelagem deve-se conhecer, portanto, as
impedâncias de sequência dos elementos.

2.2.1 Modelagem de Linha de Transmissão

As linhas de transmissão são os elementos que apresentam impedâncias altas


em relação aos demais elementos que participam do caminho da corrente de curto-
circuito, e por isso podem ser consideradas como limitadoras do curto-circuito
(KINDERMANN, 1997). Quando o nível de tensão aumenta, também aumenta a
característica indutiva da linha. Deste modo, o ângulo de defasagem da corrente de
curto-circuito varia com o nível de tensão. Podendo variar entre 20º e 85º devido a
impedância da linha de transmissão.
27

• Representação da rede trifásica em sequência positiva

Nas análises realizadas neste trabalho é considerado que há um equilíbrio de


impedâncias entre as fases e estaticidade dos componentes presentes. Os
parâmetros da linha de transmissão são calculados levando em consideração as
características do condutor e suas respectivas disposições geométricas nas torres de
transmissão. A fim de manter a linha perfeitamente equilibrada, são usados
condutores de mesmas características, igualmente espaçados, e fazendo a
transposição dos condutores da linha para compensar eventuais desequilíbrios
(KINDERMANN, 1997).

Além disso, como a linha de transmissão é um elemento estático do sistema de


energia elétrica, a sua performance não se altera com a sequência de fase de
energização e o seu funcionamento é idêntico para qualquer sequência de fase
balanceada. Sendo assim, a impedância, por fase, de sequência negativa, é a mesma
da sequência positiva (KINDERMANN, 1997). Como para a maioria dos casos de
curto-circuito é possível desprezar os ramos shunt, ficaremos apenas com o ramo
série do modelo π, como mostrado na Figura 6.

Figura 6 – Modelo simplificado da linha de transmissão.

Fonte: Compilação do autor (2022).

• Representação da rede trifásica em sequência zero

Já para os valores de sequência zero se faz necessário ter atenção a respeito


das configurações avaliadas, visto sua dependência nos tipos de ligação feitas. Como
no circuito de sequência zero as correntes em cada fase são iguais (𝐼𝐼𝑎𝑎0 = 𝐼𝐼𝑏𝑏0 = 𝐼𝐼𝑐𝑐0),
28

elas precisam obrigatoriamente de um outro caminho de retorno. Esse caminho pode


ser pelos cabos guarda, pela terra sob a linha ou pela terra usando o caminho mais
curto a outro ponto do sistema conectado à terra. Portanto os valores de impedância
de sequência zero são diferentes dos demais para a linha de transmissão. O valor
dessa impedância pode ser estimado com base no valor da impedância de sequência
positiva, contando os retornos pelo cabo guarda e pela terra (KINDERMANN, 1997)
como visto na Equação 20.

𝑍𝑍𝐿𝐿𝑇𝑇0 = (2 𝑎𝑎 6)𝑍𝑍𝐿𝐿𝑇𝑇1 (20)

Com o aumento das incertezas encontradas e na ausência dos dados reais de


linha, essa estimativa se torna ainda mais pertinente em análises de médio e longo
prazo.

2.2.2 Modelagem de Transformadores

Os transformadores interligam vários equipamentos com níveis de tensão


distintas e como as correntes de curto-circuito passam por ele, há necessidade de
analisar o seu comportamento em relação a elas. Frente ao curto-circuito, os
transformadores são elementos passivos sendo modelados por circuitos equivalentes
em componentes de sequência puramente com elementos de impedância, como visto
na Figura 7.

Somente para sequência zero sua modelagem apresenta alguma dificuldade,


visto que seu valor depende do tipo de transformador e das suas respectivas ligações.
Os transformadores são empregados no sistema elétrico de potência (SEP), ou de
distribuição sob as mais diversas formas de conexões (ligações), podendo ser do tipo
monofásico ou trifásico e de núcleo envolvido ou envolvente.

A corrente de falta possui um valor muito elevado, o que torna possível desprezar
o valor da corrente de magnetização. Além disso, para alta tensão, a relação 𝑋𝑋𝑇𝑇 ⁄𝑅𝑅𝑇𝑇
se torna muito elevada permitindo assim desprezar a resistência série do circuito em
alguns estudos de planejamento de longo prazo (KINDERMANN, 1997).
29

Figura 7 – Circuito do transformador numa análise de curto-circuito.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Onde 𝑅𝑅𝑇𝑇 e 𝑋𝑋𝑇𝑇 valem:

𝑅𝑅𝑇𝑇 = 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2


(21)
𝑋𝑋𝑇𝑇 = 𝑋𝑋1 + 𝑋𝑋2

Os índices 1 e 2 nas equações 21 referem-se às componentes de sequência


positiva e negativa, respectivamente.

Se aprofundando mais nos impactos que a ligação empregada e o tipo de


construção do equipamento geram na componente de sequência zero, durante as
análises de curto-circuito a modelagem do transformador será diferente. Na região
Nordeste do SIN, ocorreu uma padronização no uso de transformadores de núcleo
envolvente, no qual a impedância de sequência zero possui o mesmo valor da
impedância de sequência positiva (MEDEIROS, 2021), e por conseguinte, neste
trabalho é dado enfoque em transformadores com esse tipo construtivo.

Quanto às ligações, há diversas possibilidades de ligação trifásica dos


transformadores. Aqui o enfoque será dado à ligação estrela aterrada – estrela
aterrada e à estrela aterrada – delta, as mais comuns utilizadas em SE de atendimento
à carga no subsistema Nordeste. Sendo a primeira, utilizada para transformações
500/230 kV e a segunda 230/69 kV.

Na Figura 8 tem-se a representação da ligação estrela aterrada – estrela


aterrada, onde as bobinas do primário são diretamente refletidas no secundário.
Quando há passagem de corrente no primário, também haverá passagem de corrente
30

pela bobina do secundário que está magneticamente acoplado. O circuito equivalente


de sequência zero neste caso é igual para as outras sequências (𝑍𝑍0 = 𝑍𝑍1 = 𝑍𝑍2 = 𝑋𝑋0).

Figura 8 – Circuito de impedância de sequência zero e de sequência positiva para transformadores


ligados em estrela aterrada – estrela aterrada.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Já para ligação estrela aterrada – delta, a conexão entre o primário e o


secundário é diferente. O reflexo das correntes do primário circula dentro do delta e
as correntes na linha que emanam do delta são nulas. Portanto, as correntes de
sequência zero não passam para o sistema conectado no lado delta do transformador.
E assim, o transformador tem duas impedâncias para a sequência zero, que
dependem do lado em que está vindo a corrente de sequência zero. Para o lado Y, a
impedância de sequência zero é dada por 𝑍𝑍0𝑌𝑌 = 𝑍𝑍1 = 𝑍𝑍2 = 𝑋𝑋0. E como não há
caminho de retorno (Figura 9), não há corrente de sequência zero nas linhas no lado
delta, a impedância vista é infinita. Na Figura 10 consta o modelo para sequência
positiva.
31

Figura 9 – Circuito de impedância de sequência zero para transformadores ligados em estrela


aterrada – delta.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 10 – Circuito de impedância de sequência positiva para transformadores ligados em estrela


aterrada – delta.

Fonte: Compilação do autor (2022).


32

3 ESTUDO DE CASO

A fim de comparar a capacidade de escoamento do sistema de transmissão de


uma parcela da área leste do Nordeste, foi selecionado dois casos para este estudo
que segue as premissas, critérios e metodologia para estudos elétricos estabelecidas
pelo Submódulo 2.3 dos Procedimentos de Rede. O primeiro caso selecionado, que
faz parte do primeiro biênio do ciclo 2023-2027, é o caso base, pois estabelece uma
base de comparação para a análise.

O estudo do PAR/PEL 2022 tem um horizonte de análise de cinco anos, sendo


que as análises elaboradas para os dois primeiros anos devem possuir um viés
conjuntural e as análises referentes aos três demais anos, um viés mais estrutural.
Dessa forma, seu horizonte compreende o período entre janeiro de 2023 até
dezembro de 2027 (ONS, 2022). Nos casos de fluxo de potência do PAR/PEL são
considerados os valores de carga ativa e reativa, por barramento, informados pelos
agentes e consolidados pelo ONS, conforme estabelecido no Submódulo 3.5 dos
Procedimentos de Rede.

Além disso, os casos de referência utilizados têm seus planos de geração e de


obras de transmissão baseados na reunião de janeiro de 2022 do Grupo de
Monitoramento da Expansão da Transmissão do Departamento de Monitoramento do
Sistema Elétrico (DMSE)/Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) que
fazem parte do Ministério de Minas e Energia (MME).

O primeiro caso a ser estudado utilizando redes equivalentes dos casos


PAR/PEL 2023-2027, disponibilizados pelo ONS, é: inverno, carga média, entre
maio/2023 e outubro/2023 com configuração de referência de junho/2023. Já o
segundo caso é: inverno, carga média, entre maio/2027 e outubro/2027 com
configuração de referência de junho/2027.

A análise a ser feita inclui avaliar os níveis de tensão nos barramentos, de modo
a determinar qual a capacidade de escoamento remanescente da rede de maneira a
comportar acréscimos de geração renovável. E, por meio de curvas potência versus
tensão, denominadas de curvas PV, analisar a ampliação ou não da capacidade de
carregamento das linhas, levando em consideração os níveis de tensão nos
barramentos e evitando violações dos limites superior e inferior como determinado no
33

Submódulo 5.1 – Operação do Sistema e das instalações da Rede de Operação dos


Procedimentos de Rede.

Sendo assim, algumas barras serão selecionadas para análise comparativa das
curvas PV, e, posteriormente, o mesmo sistema será simulado na ANAFAS para a
análise de curto-circuito, antes (sistema atual), em 2023, e após ampliações (sistema
futuro), em 2027.

3.1 Simulação no ANAREDE

O Cepel desde sua fundação tem como seu objeto de estudo a pesquisa e
desenvolvimento de métodos e técnicas computacionais para análise e síntese de
redes elétricas, adequadas às condições específicas dos sistemas brasileiros. O
ANAREDE, programa usado para análise de redes elétricas em regime permanente,
engloba um conjunto de aplicações computacionais para o cálculo e análise de fluxo
de potência, equivalente de redes, análise de contingências, fluxo de potência
continuado, análise de sensibilidade de tensão e redespacho de potência ativa.

Nos APÊNDICE A e APÊNDICE B é possível observar parte do equivalente de


rede desenhado em ANAREDE utilizado nas simulações, em 2023 e 2027,
respectivamente. É importante salientar que devido às limitações da versão estudante,
as rotinas que foram utilizadas para obtenção do equivalente de rede desenvolvidas
por (LIMA, 2022), para o ano de 2023, produzem um equivalente de rede com 120
barras, e para o ano de 2027, com o aumento do número de circuitos o sistema ficou
mais malhado, e foi necessário reduzir o equivalente de rede para um sistema com
110 barras.

3.1.1 Estudo de fluxo de potência em 2023

Com o objetivo de verificar o escoamento de fluxo de potência no sistema elétrico


da região por meio do equivalente de rede, foi escolhida como barra de referência
(swing, Vθ) a barra de número 5750 (Camaçari II, 500 kV). Essa barra fará o balanço
de potência, trazendo o sistema de volta ao equilíbrio, visto que não haverá acréscimo
de cargas e, para que o carregamento nas linhas e a capacidade de escoamento do
34

sistema sejam observados efetivamente, ela precisa estar distante eletricamente da


barra escolhida para injeção de potência ativa (P), caso contrário, se a barra onde há
injeção de potência fosse próxima eletricamente da barra de referência, uma barra em
primeira vizinhança, por exemplo, toda potência injetada naquela barra iria fluir
diretamente para barra de referência, sem dispersão.

Sendo assim, para garantir uma análise mais próxima da realidade, a barra de
injeção escolhida será a de número 5200 (Campina Grande III, 500 kV), que é longe
o suficiente eletricamente, no mínimo duas vizinhanças, para que se observe essa
distribuição de fluxo pelas linhas de transmissão que interligam outros barramentos,
criando assim um resultado mais coerente com o que seria observado no sistema
elétrico completo, real. Isso permitirá que seja feita uma análise mais relevante para
os fins de planejamento do sistema elétrico.

Em respeito aos critérios estabelecidos pelo Submódulo 2.3 de Procedimentos


de Rede, os limites de tensão de operação considerados nesta análise serão 𝑉𝑉𝑚𝑚í𝑛𝑛 =
1𝑝𝑝𝑝𝑝 e 𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 = 1,1𝑝𝑝𝑝𝑝 para as barras de 500 kV e, 𝑉𝑉𝑚𝑚í𝑛𝑛 = 0,95𝑝𝑝𝑝𝑝 e 𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 = 1,05𝑝𝑝𝑝𝑝, para
as barras de 230 kV com o sistema em regime normal de funcionamento (rede
íntegra), sem contingências. E assim concluir qual o limite máximo de injeção de
potência para que esses limites de tensão de operação sejam respeitados e a barra
não seja violada.

Tal análise será feita graficamente por meio da ferramenta Plot Cepel onde é
possível visualizar o comportamento do fluxo de potência na barra selecionada e seu
nível de tensão. Num sistema em regime normal de funcionamento, o comportamento
usual da curva PV é uma redução de tensão com o aumento do fluxo de potência na
linha, conforme ilustrado na Figura 11.
35

Figura 11 – Comportamento típico da Curva PV.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Um sistema de fluxo de potência simplificado entre duas barras, com uma barra
PV de geração e uma PQ de carga, pode ser visto representado na Figura 12. E as
equações 22 e 23 para o cálculo das potências ativa e reativa, estão representadas
abaixo.

Figura 12 – Fluxo de potência entre duas barras, simplificado.

Fonte: Compilação do autor (2022).

𝑉𝑉𝑆𝑆 𝑉𝑉𝑅𝑅
𝑃𝑃𝐿𝐿 = sen 𝛿𝛿 (22)
𝑋𝑋𝐿𝐿

𝑉𝑉𝑅𝑅 2 𝑉𝑉𝑆𝑆 𝑉𝑉𝑅𝑅


𝑄𝑄𝐿𝐿 = − + cos 𝛿𝛿 (23)
𝑋𝑋𝐿𝐿 𝑋𝑋𝐿𝐿
36

Onde,

𝑃𝑃𝐿𝐿 é a potência ativa da carga;

𝑄𝑄𝐿𝐿 é a potência reativa da carga;

𝑋𝑋𝐿𝐿 é a reatância da linha;

𝑉𝑉𝑅𝑅 é a tensão da barra de carga (PQ);

𝛿𝛿 é a diferença angular entre a tensão da barra de geração e a tensão da barra


de carga.

Resolvendo as equações 22 e 23 para 𝑉𝑉𝑅𝑅 tem-se que:

2 4
𝑉𝑉𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠 (24)
𝑉𝑉𝑅𝑅 = � − 𝑄𝑄𝐿𝐿 𝑋𝑋𝐿𝐿 ± � − 𝑋𝑋𝐿𝐿 2 𝑃𝑃𝐿𝐿 2 − 𝑋𝑋𝐿𝐿 𝑉𝑉𝑠𝑠 2 𝑄𝑄𝐿𝐿
2 4

Dessa equação 24, dois possíveis resultados são produzidos e representados


pela parte superior e inferior da curva PV completa ou “curva do nariz” vista na Figura
13. Esses pontos de solução convergem no ponto de carregamento máximo (ponto
de colapso da tensão). Na parte superior da curva, correspondente ao sinal “+” na
equação 24 tem-se a região estável de operação, e na parte inferior, correspondente
ao sinal “–”, a região instável. A margem de estabilidade pode ser definida como a
distância entre o ponto de operação e o ponto de máximo carregamento (ABDEL-
GAWAD, 2016).
37

Figura 13 – Curva PV ou Curva do nariz.

Fonte: Compilação do autor (2022).

No entanto, a curva que será gerada pelo ANAREDE e analisada aqui será
diferente. Nesta análise de estabilidade estática de tensão facilitada pelo ANAREDE,
por meio da função de fluxo de potência continuado executado por batch, injeta-se
uma potência (P) negativa na barra para fins de simulação. Isso se traduz no
acréscimo de uma carga negativa à barra, no caso −5000𝑀𝑀𝑀𝑀, com incrementos de
25𝑀𝑀𝑀𝑀, ou seja, adicionou-se uma geração à barra. Isso produzirá, portanto, uma
curva PV refletida no eixo das ordenadas para o segundo quadrante como vista na
Figura 14.
38

Figura 14 – Comportamento da Curva PV plotada pelo ANAREDE.

Fonte: Compilação do autor (2022).

A análise será estritamente limitada às barras que estão listadas abaixo nas
tabelas 1 e 2. Além disso, nessas análises não estão sendo consideradas limites de
linhas violadas ou de equipamentos, como transformadores.

Tabela 1 – Lista de Barras 500 kV monitoradas para análise.

Barras
Xingó (5060 XINGO – AL)
Garanhuns II (5090 GARANH – PE)
Pau Ferro (5180 P.FERRO – PE)
Campina Grande III (5200 CGT – PB)
Açu III (5350 ACU3 – RN)
Milagres (5408 MILAGR – CE)
Jardim (5720 JARDIM – SE)
Olindina (5740 OLINDI – BA)
Ceará Mirim (6130 CEAMIR – RN)
João Câmara III (6140 J.CAM3 – RN)
Sobradinho (6300 SOBRAD – BA)
Tucano (7907 TUCANO – BA)
Fonte: Compilação do autor (2022).
39

Tabela 2 – Lista de Barras 230 kV monitoradas para análise.

Barras
Paulo Afonso II (5004 PAFBP2 – BA)
Garanhuns II (5091 GARANH – PE)
Angelim (5101 ANGELI – PE)
Pau Ferro (5181 P.FERR – PE)
Goianinha (5201 GOIANI – PE)
Campina Grande III (5202 CGT – PB)
Mussuré II (5211 MUSSU2 – PB)
Campina Grande II (5222 CGDBPD – PB)
João Pessoa II (5837 JPESII – PB)
Extremoz (6131 EXTREM – RN)
Ceará Mirim (6132 CEAMIR – RN)
Juazeiro III (6501 JUAZE3 – BA)
Fonte: Compilação do autor (2022).

Nas Figura 15 e 16 abaixo tem-se as curvas PV num mesmo gráfico para os dois
níveis de tensão 500 kV e 230 kV a fim de identificar qual dessas barras selecionadas
limita o nível de carregamento das linhas para esta configuração de rede.

Figura 15 – Curva PV das Barras 500 kV Monitoradas em 2023.

Fonte: Compilação do autor (2022).


40

Figura 16 – Curva PV das Barras 230 kV Monitoradas em 2023.

Fonte: Compilação do autor (2022).

A partir dos gráficos das Figura 17 e 18, após ampliação, pode-se concluir com
mais clareza que para 500 kV a barra limitante é a de número 5408 (Milagres)
comportando um carregamento máximo de aproximadamente 2380 MW respeitando
o limite inferior de tensão estabelecido, 𝑉𝑉𝑚𝑚í𝑛𝑛 = 1𝑝𝑝𝑝𝑝. Já em 230 kV, a barra limitante é
a de número 5211 (Mussuré II), pelo limite inferior 𝑉𝑉𝑚𝑚í𝑛𝑛 = 0,95𝑝𝑝𝑝𝑝, com o carregamento
de 2725 MW. Portanto, a barra limitante em 2023 dentre as 24 barras analisadas, será
a barra de 500 kV da subestação Milagres. Na Figura 19 tem-se o fluxo de potência,
visto no ANAREDE, que entra e sai da barra 5408 (Milagres, 500 kV) antes dessa
injeção de potência. E na Figura 20, temos a barra limitante após a injeção de
potência, no ponto de violação da barra.
41

Figura 17 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 500 kV (2023).

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 18 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 230 kV (2023).

Fonte: Compilação do autor (2022).


42

Figura 19 – Fluxo de potência, em ANAREDE, entrando e saindo da barra 5408 Milagres 500 kV
antes da injeção de potência, em 2023.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 20 – Fluxo de potência na barra 5408 Milagres 500 kV após injeção da potência limite de 2380
MW no sistema.

Fonte: Compilação do autor (2022).


43

3.1.2 Estudo de fluxo de potência em 2027

As curvas PV para as barras de 500 kV para a rede em 2027 podem ser vistas
na Figura 21. Logo de antemão, pode-se observar duas coisas: a primeira e mais
evidente, a mudança no comportamento da curva para três das barras monitoradas.
Para as barras 5350 (Açu III), 6130 (Ceará Mirim II) e 6140 (João Câmara III) a curva
PV passou a ter um perfil de sobretensão com o aumento de injeção de potência na
barra 5200, de Campina Grande III, 500 kV. A segunda, foi a mudança da barra
limitante para 5720 (Jardim), com limite de escoamento de aproximadamente 2550
MW, visto em detalhe na Figura 22.

Figura 21 – Curva PV das Barras 500 kV Monitoradas em 2027.

Fonte: Compilação do autor (2022).


44

Figura 22 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 500 kV (2027).

Fonte: Compilação do autor (2022).

Para a análise de 230 kV, a barra 5004 (Paulo Afonso III) não faz mais parte do
sistema simulado. Também se observa mudança de comportamento da curva PV para
as barras 6131 (Extremoz II) e 6132 (Ceará Mirim II), para um perfil de sobretensão
com a injeção de potência como visto na Figura 23. Comparada à 2023, para o nível
de tensão de 230 kV, em 2027 houve uma ampliação da capacidade de escoamento
e a barra limitante, pelo patamar superior, é a 6132 (Ceará Mirim II), com limite de
escoamento de 3540 MW, vista em detalhe na Figura 24.

Sendo assim, é possível afirmar que a barra limitante em 2027 dentre as 23


barras analisadas, levando em consideração ambos níveis de tensão é a 5720
(Jardim, 500 kV), como visto em detalhe na Figura 22, com a tensão violada pelo limite
inferior, após a injeção de potência de 2550 MW. O fluxo de potência que flui de e
para barra antes e após a injeção de potência está em destaque na Figura 25 e 26.
45

Figura 23 – Curva PV das Barras 230 kV Monitoradas em 2027.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 24 – Detalhe para facilitar visualização da barra limitante, em 230 kV (2027).

Fonte: Compilação do autor (2022).


46

Figura 25 – Fluxo de potência, em ANAREDE, entrando e saindo da barra limitante 5720 (Jardim, 500
kV) antes da injeção de potência, em 2027.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 26 – Fluxo de potência na barra 5720 (Jardim, 500 kV) após injeção de 2550 MW no sistema,
ponto de violação.

Fonte: Compilação do autor (2022).


47

Portanto, pode-se determinar que houve um aumento na capacidade de


carregamento do sistema para 2550 MW e, individualmente muitas barras ampliaram
suas capacidades de carregamento. Com o intuito de demonstrar tais mudanças, na
Figura 27, 28 e 29, estão representadas as curvas PV de algumas dessas barras. Na
simulação do ano de 2027 esperava-se observar uma ampliação na capacidade de
escoamento das barras previamente analisadas em 2023.

Na Figura 27 pode-se observar tal comportamento no barramento 5200


(Campina Grande III, 500 kV), onde foi feita a injeção de potência, respeitando ambos
os limites de tensão estipulados para o ano de 2027. Na Figura 28, tem-se as curvas
PV da barra 6132 (Ceará Mirim II, 230 kV). Em 2027, tal curva possui um
comportamento não convencional, de sobretensão. Na Figura 29, para a barra 5720
(Jardim, 500 kV) se observa uma diminuição na sua capacidade de escoamento,
quando comparada à 2023, de 3260 MW para 2550 MW onde há violação pelo limite
inferior de tensão. E por fim, na Figura 30 consta a curva PV da barra limitante para
cada um dos casos analisados, permitindo uma visualização gráfica mais detalhada
da expansão da capacidade de escoamento em função da injeção de potência
previamente discutida.

Figura 27 – Curva PV no Barramento 5200 (Campina Grande III, 500 kV) no Plot Cepel.

Fonte: Compilação do autor (2022).


48

Figura 28 – Curva PV no Barramento 6132 (Ceará Mirim, 230 kV) no Plot Cepel.

Fonte: Compilação do autor (2022).

Figura 29 – Curva PV no barramento 5720 (Jardim, 500 kV) no Plot Cepel.

Fonte: Compilação do autor (2022).


49

Figura 30 – Curva PV das barras limitantes para cada cenário, 2023 e 2027.

Fonte: Compilação do autor (2022).

3.2 Simulação no ANAFAS

O ANAFAS é um programa para solução de faltas de diversos tipos e


composições, em sistemas elétricos de grande porte. Devido a sua facilidade e
flexibilidade na definição dos casos, ele é o programa utilizado pelo Cepel para
modelagem de faltas de diversos tipos, seja composta (simultâneas), aplicadas sobre
barras e/ou pontos intermediários de linhas de transmissão, curto-circuito shunt e
série, com ou sem impedância, o ANAFAS é capaz de modelar.

A análise de curto-circuito feita pelo programa é bem clara e objetiva. Para os


efeitos deste estudo será feita uma comparação entre os níveis de curto-circuito
monofásico-terra e trifásico na rede equivalente dos casos de curto-circuito
disponibilizados pelo ONS, especificamente com as configurações de dezembro/2023
e dezembro/2027, que correspondem respectivamente a situação atual e a situação
futura, após ampliações.
50

3.2.1 Estudo de Curto-Circuito 2023-2027

Abaixo nas tabelas 3 e 4, consta-se os dados das correntes de curto-circuito


monofásico-terra e trifásico, respectivamente. Para ambos tipos de falta, encontra-se
listado as dez barras com maior índice percentual de evolução dos níveis de curto-
circuito entre os dois casos selecionados dentro do horizonte de 2022-2028.

Tabela 3 – Correntes de curto-circuito monofásico-terra (kA) para os casos de 2023 e 2027 e, a


evolução percentual (%).

Barra Nome Nível de Tensão 2023 2027 Evolução (%)


João
5836 500 kV 5,88 7,28 23,87
Pessoa II
Santa Luzia
5926 500 kV 7,32 7,71 5,24
II
João
5837 230 kV 19,50 21,04 7,88
Pessoa II
5750 Camaçari II 500 kV 21,78 23,36 7,26
5211 Mussuré II 230 kV 18,48 19,68 6,48
5740 Olindina 500 kV 14,94 16,08 7,64
6070 Ourolândia 500 kV 10,70 11,32 5,79
Campina
5202 230 kV 25,12 26,01 3,56
Grande III
Campina
5200 500 kV 15,93 16,59 4,19
Grande III
Campina
5222 230 kV 25,31 26,00 2,74
Grande II
Fonte: Compilação do autor (2022).

Tabela 4 – Correntes de curto-circuito trifásico (kA) para os casos de 2023 e 2027 e, a evolução
percentual (%).

Barra Nome Nível de Tensão 2023 2027 Evolução (%)


João
5836 500 kV 7,19 8,14 13,23
Pessoa II
Santa Luzia
5926 500 kV 10,80 12,03 11,44
II
João
5837 230 kV 16,98 18,69 10,08
Pessoa II
5750 Camaçari II 500 kV 19,18 21,05 9,75
5211 Mussuré II 230 kV 16,28 17,67 8,49
51

Barra Nome Nível de Tensão 2023 2027 Evolução (%)


5740 Olindina 500 kV 19,46 20,45 5,10
6070 Ourolândia 500 kV 18,99 20,16 6,11
Campina
5202 230 kV 27,21 28,52 4,81
Grande III
Campina
5200 500 kV 20,51 21,49 4,76
Grande III
Campina
5222 230 kV 26,84 27,85 3,76
Grande II

Fonte: Compilação do autor (2022).

A partir dos dados apresentados nas tabelas 3 e 4 pode-se observar um aumento


nos níveis de curto-circuito nas barras do sistema quando se compara o caso de 2023
com 2027. Tal aumento se deve a diversos fatores, dentre eles conforme planejado
pelo ONS no PAR PEL 2021 – Ciclo 2022-2026 (ONS, 2022) até 2027 no SIN haverá
acréscimo de geração, linhas de transmissão, reforços como adição de banco de
reatores e de transformadores em subestações como a de João Pessoa II, João
Câmara III e Angelim II, que contribui para o sistema se tornar mais malhado e
consequentemente, com uma maior suportabilidade a faltas.
52

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Diante do crescimento acelerado de investimentos em novos empreendimentos


de geração de energia elétrica, em especial, geração eólica e solar, o sistema
interligado nacional (SIN) precisa estar constantemente sendo monitorado e analisado
para que não só sua operação e atendimento às cargas seja feita da melhor forma
possível, como também o seu planejamento esteja sempre de comum acordo com tal
expansão.

É aí que entra os planos de ação desenvolvidos pelo ONS que planeja, opera e
controla a geração e transmissão de energia no SIN e, tudo isso é feito de acordo com
as diretrizes da Aneel, que fiscaliza e garante a segurança do suprimento contínuo em
todo o país. No sistema elétrico brasileiro, o ONS irá trabalhar em conjunto também
com outros órgãos governamentais, como o MME que tem em sua área de
competência o aproveitamento de recursos (geológicos, minerais, hídricos e eólicos,
entre outros), as diretrizes tarifárias, o equilíbrio de oferta energética no país, entre
outras questões. E a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que é quem habilita
tecnicamente os empreendimentos que participam dos leilões da Aneel para a
expansão da oferta de energia no país (CLARKE ENERGIA, 2022).

Parte do trabalho que viabiliza tal planejamento, de muita relevância para com
os investidores no setor e para operação do sistema elétrico como um todo, são os
estudos de fluxo de potência e de curto-circuito. Neste trabalho foi feito um recorte de
um trecho da rede de transmissão, na área leste da região Nordeste e os estudos
foram desenvolvidos com base nos equivalentes de rede disponibilizados pelo ONS,
usando os programas disponibilizados pelo Cepel para tais estudos, o ANAREDE e o
ANAFAS.

No que diz respeito ao estudo realizado, as diversas configurações possíveis,


que produzem resultados diferentes a depender da barra escolhida como referência e
para ser feita a injeção de potência, torna bem interessante a continuidade do estudo
em trabalhos futuros. Este trabalho explora apenas uma das possibilidades para fins
didáticos, com o objetivo de fornecer uma noção de como proceder em tais análises
de fluxo de potência e curto-circuito de redes equivalentes de sistemas elétricos de
potência.
53

REFERÊNCIAS

ABDEL-GAWAD, Mostafa H. M. Voltage Stability and Power Flow Studies of


Distribution System Including Distributed Generation. Cairo University. Giza, p.
199. 2016.

ANDERSON, Paul M. Analysis of Faulted Power Systems.

AURELIUS, Marcus. Meditations.

CCEE. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, 2022. Disponível em:


<https://www.ccee.org.br/mercado/proinfa#&gid=1&pid=1>. Acesso em: 09 Outubro
2022.

CLARKE ENERGIA. Órgãos do setor elétrico: conheça os principais e saiba o que


eles fazem, 2022. Disponível em: <https://clarke.com.br/orgaos-do-setor-eletrico-
conheca-os-principais-e-saiba-o-que-eles-fazem/>. Acesso em: 13 Outubro 2022.

HERRERA, Milton M.; DYNER, Isaac; COSENZ, Federico. Benefits from energy policy
synchronisation of Brazil’s North-Northeast interconnection. Renewable Energy, 162,
Dezembro 2020. 427- 437.

KINDERMANN, Geraldo. Curto-Circuito. 2ª. ed.

LIMA, William C. Desenvolvimento de metodologias de equivalentes de sistemas


elétricos para aplicação em ANAREDE. Universidade Federal de Pernambuco.
Recife, p. 120. 2022.

MEDEIROS, Gabriel L. Análise de ampliação da capacidade de transformação de


substações. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, p. 110. 2021.

MONTICELLI, Alcir J. Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica.

ONS. De olho no futuro do setor elétrico e os reflexos na sociedade, ONS lança


programa de sustentabilidade, 2022. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/Paginas/Noticias/De-olho-no-futuro-do-setor-el%C3%A9trico-
e-os-reflexos-na-sociedade,-ONS-lan%C3%A7a-programa-de-sustentabilidade-
.aspx>. Acesso em: 05 Outubro 2022.
54

ONS. O Sistema em Números, 2022. Disponível em:


<http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-sistema-em-numeros>. Acesso em: 05
Outubro 2022.

ONS. Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN - Ciclo 2022-2026 -


Volume III - Tomo 11 - N-NE. Operador Nacional do Sistema Elétrico. Rio de Janeiro,
p. 311. 2022.

ONS. Termo de Referência - PAR/PEL 2022, Ciclo 2023-2027. Rio de Janeiro, p.


32. 2022.

SATO, Fujito; FREITAS, Walmir. Análise de curto-circuito e princípios de proteção


em sistemas de energia elétrica. 1ª. ed.

UMANS, Stephen D. Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7ª. ed.

WEEDY, Brian M. Electric Power Systems. 5ª. ed.


55

APÊNDICE A – CONFIGURAÇÃO PARCIAL DO EQUIVALENTE DE REDE PARA 2023

ACU3---RN500
5350

MILAGR-CE500
5408

-107.9 OUROLN-BA500
6070
1191.2
-104.1

PAFBP1-BA230
5003
AGRPOT-RN500 368.6
6783

J.CAM3-RN500
6140 1.039
488.2 JC3-T1-RN000 1.020
44062 46.9 EXTREM-RN230
6131
1.032 197.6 GOIANI-PE230
-159.3 JC3-T2-RN000
1.000 5201
44064
CEAMIR-RN230 JCT5T7-RN000 206.3 P.FERR-PE230
6132
44102 1.000 1.019 CGT----PB230 5181
JC3-T4-RN000 5202
242.2 JCT5T6-RN000 44068 CGDBPD-PB230 -194.5
1.000
44100 1610.9 -240.7
149.6 5222
JC3-T3-RN000
1.000 80.0
242.2 44066
1.000
JCT5T8-RN000 158.3
0.993
44104 1.000
242.2 -0.0 -365.0
1.000
1.025

ANGELI-PE230
5101
-127.1
CEAMIR-RN500
CID-T2-RN000 6130
42372
CGT----PB500 1.040
1.100 1.000 5200

CID-T1-RN000
42370 CGT-T1-PB000
42374
1.100 1.000 0.947
1.051 277.5 -0.0 1.030 1.000 0.956 ANGEL2-PE500 0.947
CGT-T2-PB000 5100 0.999
42376
RIOVT2-RN500
8151
1.000 0.956
-104.2 -107.7 0.999
1.020 P.FERR-PE500 RECIFE-PE500 1.000 AGD-T2-PE000
5180 5140 42305
1.010
1.021 AGD-T1-PE000
SLUZI2-PB500 42304
-104.2 -107.7
S.SERI-PB500 5926 1.040
8396
1.000
1.069
1.030 -0.0 PFT9---PE000 42320
-212.2 -0.0
SLUZI2-PB138
7978 SL2-T1-PB000 1.000 0.952
9496
1.055
1.027 1.000 1.012 1.000 PFT8---PE000 0.952 1.003
42318
GARANH-PE500 GARANH-PE230
MLG2---CE500 5091
5380 L.GONZ-PE500 5090
PAFBP2-BA230
GRD5T1-PE000 5004
42302 CURRAL-PI500
5050 6640

1.000 0.927
-104.2 170.6
1.030 1.071

JPESII-PB230 1.010
78.3
1.021 1.071 5837 CAMAC2-BA500
JPESII-PB500 5750
5836 -0.0
JPESII-PB069
5838 XINGO--AL500 JARDIM-SE500
5060 5720
1.038 SUAPE2-PE500 0.0 G 1.016
1.010
MUSSU2-PB230 0.987 5360 -5.0 OLINDI-BA500 TUCANO-BA500
5211 0.988 1.019 5740 7907

0.988 0.999
-616.1 213.6
1.046
-3650.1
JEREMO-BA500
0.993 1.047 7280
-290.1
1.077 1.068
168.6
1.066
QUEIMA-PI500
0.990 1.044 5325

JUAZE3-BA230
6501
109.0
JUAZEI-BA500
1.012
SOBRAD-BA500 6500
6300

0.947
44021
1.024
0.999 0.965 JZT-T1-BA000
1.000
-1858.8
1.030 -164.0

1.046
56

APÊNDICE B – CONFIGURAÇÃO PARCIAL DO EQUIVALENTE DE REDE PARA 2027

SAPEAC-BA500
6369

-2797.8

ACU3---RN500
5350

1.036

MILAGR-CE500
5408
OUROLN-BA500
6070
-107.4

PAF-T8-BA000

44011 -0.0
AGRPOT-RN500 PAF-T7-BA000
6783 44009

J.CAM3-RN500 1190.8
656.2 6140 JC3-T1-RN000 701.0 1.029
44062 EXTREM-RN230
6131
1.035 -161.4 197.6
JC3-T2-RN000 1.036 GOIANI-PE230 P.FERR-PE230
1.000 5201 5181
44064
CEAMIR-RN230 JCT5T7-RN000 206.3
6132
44102 1.000 CGT----PB230
JC3-T4-RN000 5202
245.1 JCT5T6-RN000 1.000 44068 CGDBPD-PB230 -240.8
44100 1637.3 -262.0
149.6
JC3-T3-RN000 5222
245.1 1.000
1.000 44066
JCT5T8-RN000 158.4 80.0
44104 1.000 0.999
245.1 1.000 -155.7 -525.8
1.019 ANGELI-PE230
SBORBO-PB230 5101
44985

94.2 1.007 -154.8


CID-T2-RN000 CEAMIR-RN500 RCD-T1-PE000
6130
42372 42314
CGT----PB500 0.999
0.963 1.000 5200 1.000
RCD-T4-PE000
CID-T1-RN000 43999
42370 CGT-T1-PB000
42374 -413.6
1.000 RCD-T2-PE000
0.963 1.000
0.998270.7 -0.0 1.037 1.000 0.967 ANGEL2-PE500 42316
CGT-T2-PB000 5100 1.006
42376 1.000 0.939
RIOVT2-RN500 0.939 RCD-T3-PE000
8151 RECIFE-PE500
1.000 0.967 5140 43997
-107.4 -108.0 1.006
1.033 P.FERR-PE500 1.000
5180
1.004
1.036 SLUZI2-PB500 -0.0
-107.4
S.SERI-PB5005926 -108.0 1.007 1.000 AGD-T2-PE000
8396 AGD-T1-PE000
42305
42304
1.066
1.034 -0.0 PFT9---PE000
42320 1.000
SLUZI2-PB138SL2-T1-PB000 -214.0 -162.0
7978 1.000 0.942
9496
1.063
0.992 1.000 1.050 1.000 PFT8---PE000 0.942 1.011
42318
GARANH-PE500 GARANH-PE230 OLINDI-BA230
MLG2---CE500 5091 44155
5380 L.GONZ-PE500 5090
GRD5T1-PE000 CURRAL-PI500
5050 42302 1.018 6640
JARDIM-SE500 -292.2
1.000 0.936 5720
JPESII-PB230 SRITA2-PB230 1.013 253.1
-107.4 1.034 1.055 5837 5271 CAMAC2-BA500
159.2 5750
1.004 -108.8
1.036 1.068 OLINDI-BA500
-170.9
JPESII-PB500 MESSIA-AL500 5740
5836 JPESII-PB069 5300
5838 XINGO--AL500 0.987 -188.8
1.038 5060 -0.0
1.039 SUAPE2-PE500 -0.0 1.024
1.038
1.024
MUSSU2-PB230 5360 3.5 G
TUCANO-BA500
5211 0.983 -630.7 7907
0.983 0.997 -88.9 -618.9 213.5
1.058 1.043 1.039
JEREMO-BA500
-314.9 0.986 1.018 7280
-2048.8
1.011 169.1
1.051
QUEIMA-PI500
0.983 1.038 5325

JUAZE3-BA230
6501
37.1
1.016 JUAZEI-BA500
SOBRAD-BA500 6500
6300
0.970
44021
1.030
-1566.2 1.001 0.972 JZT-T1-BA000
1.000
1.035 -163.2

1.043
57

ANEXO A – CAPACIDADE TOTAL INSTALADA NO NORDESTE

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