civil – NR-18 compreende o estudo da segurança do trabalho relativo à introdução ao setor da construção civil à segurança do trabalho na construção civil, bem como a análise das condições e do meio ambiente de trabalho na indústria da construção. UNIDADE 1 | OBJETIVOS
1. Entender o setor da construção civil – seus aspectos e características.
2. Contextualizar a segurança do trabalho na construção civil.
3. Caracterizar a mão de obra da construção civil e discernir sobre seus riscos
ocupacionais.
4. Compreender o evento do acidente de trabalho e suas normas regulamentadoras.
Introdução ao setor da construção civil
• Sobre a história da construção civil, pode-
se comentar que esta origina-se de um período em que somente existiam duas formas de aplicação, ou seja, ou se aplicavam os conhecimentos na esfera civil ou militar. Esta se fundamenta na perspectiva de tendências e mudanças setoriais, compreendendo uma prioridade na alocação de recursos da economia e fortalecimento social (SILVA, 2002; TEIXEIRA, 2010). • Essa área é caracterizada pela complexidade e heterogeneidade, sendo composta por, pelo menos, três segmentos: construção pesada (estradas, usinas de geração de energia, portos e terminais, aeroportos etc.); montagens industriais e de plataformas de prospecção de petróleo e extração mineral; e edificações industriais, comerciais e residenciais (SEBRAE, 2008). • A heterogeneidade da construção civil é uma característica marcante, pois compreende uma variedade de atividades, empresas, tecnologias e qualificação. Esses aspectos intervêm em seu ciclo produtivo, gerando consumo de bens e serviços de outros setores (CGEE, 2009). • A indústria da construção civil tem os seguintes subsetores: subsetor de material de construção; de edificações; de construção pesada. Podendo ainda, serem apresentados termos como: edificações, construção pesada, e montagem industrial (SEBRAE, 2005). • Assim, observa-se que a construção civil assume um relevante papel frente ao crescimento e o desenvolvimento brasileiro. A indústria brasileira da construção
• A indústria da construção civil é um
setor em constante mudança, visto que demanda a adaptação às múltiplas condições ambientais, ou conforme a região de atuação. Trata-se, portanto, de um setor flexível em temos tecnológicos, organizacionais, sociais e econômicos (TOMASI, 2005). • Historicamente, o desempenho da construção civil, sob o viés econômico, acompanha a situação econômica brasileira. Logo, o mercado desse setor mostra-se cíclico, com períodos de elevada demanda e, outros, de baixa demanda (VIEIRA, 2013). • Contudo, esta tem ganhado produtividade e participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O que vem demandando mudanças e tendências, pois é uma área de alocação de recursos escassos da economia, bem como contribuiu ao setor social, uma vez que atua como fonte geradora de postos de trabalho (OLIVEIRA, 2012). • A construção civil tem significativa representatividade na economia. Conforme dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no primeiro bimestre de 2022, o setor foi responsável pela geração de 75.615 novos empregos com carteira assinada. Considerando o período de junho/20 até fevereiro/22, a Construção registrou saldo negativo em seu mercado de trabalho somente nos meses de dezembro/20 e dezembro/21, que são sazonais. Em todos os demais, o resultado foi positivo (CBIC, 2022). • Embora desempenhe um papel relevante ao desenvolvimento econômico e social, a indústria da construção civil brasileira, ainda constitui um setor de baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento, bem como baixo grau de automação e modernização. Segurança do trabalho na construção civil
• A segurança do trabalho pode ser
compreendida como o conjunto de medidas adotadas para a minimização dos acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e proteção da integridade física e capacidade laboral do trabalhador (GONÇALVES, 2008). • Tais cuidados podem ser conduzidos e atendidos com a implantação de programas de saúde e segurança por meio de uma equipe multidisciplinar composta por técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e enfermeiro do trabalho. Esses profissionais formam o que chamamos de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). • Os problemas relacionados à saúde intensificaram-se a partir do advento da Revolução Industrial, pois houve uma elevada ocorrência de acidentes devido aos novos equipamentos provenientes do movimento, abandonando a modalidade artesanal e adotando o trabalho mecanizado. A falta de treinamento, as longas jornadas de trabalho e o emprego da mão de obra infantil contribuíram muito para esse cenário. • No Brasil, o processo de industrialização foi impulsionado a partir da Segunda Guerra Mundial, contudo, a situação dos trabalhadores brasileiros não foi diferente, ou seja, as condições de trabalho também eram inadequadas, o que, por anos, matou e mutilou trabalhadores. Alguns documentos legais
• Conforme Araújo (2008), o atestado de
saúde ocupacional (ASO) é o que define se o empregado está apto ou não à realização as funções previstas em seu perfil de função dentro da organização. Para cada exame realizado, o médico do trabalho deverá emitir em duas vias o ASO. • A Lei n° 4.357/1964 tipificou o crime de apropriação indébita do imposto de renda, imposto sobre o consumo e o imposto selo, então existentes. Já a Lei n° 8.137/1990 tipifica o crime de sonegação fiscal e classifica os crimes contra a ordem tributária em duas modalidades, quais sejam, crimes praticados por particulares e crimes praticados por funcionários públicos. • O comunicado de acidente do trabalho é usado para notificar e formalizar o acidente ou doença de trabalho às partes interessadas. Serve para comunicar aos órgãos competentes que determinado empregado sofreu um acidente de trabalho ou foi acometido por doença ocupacional (ARAÚJO, 2008). • A Norma Regulamentadora n° 7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração, implementação e avaliação por parte de todos os empregadores e instituições que admitam empregados via CLT, ao PCMSO. Mão de obra da construção civil, riscos e doenças ocupacionais
• A área da construção civil compreende
um dos maiores focos geradores de emprego e renda na economia brasileira. Essa área é responsável por absorver grande volume de mão de obra (SEBRAE, 2008). • O tempo médio de atuação no canteiro de obras para as mulheres é, em média, de 2,2 anos, sendo aos homens destinado um período superior a 5,5 anos (MARTINS; GOMES; RODRIGUES, 2015). • No quesito limitação, quanto à contratação de mão de obra para o setor, são limitadas por aspectos como: a capacidade de empregabilidade, que é afetada pela estabilidade econômica, as condições de trabalho, os salários praticados e a imagem do segmento, que são atrativos aos profissionais do setor (MARTINS; GOMES; RODRIGUES, 2015). Risco e doença ocupacional da construção civil
Doença ocupacional
• A construção civil é um dos ambientes
com maior índice de ocorrência de doenças ocupacionais, pois abarca uma série de atividades que podem oferecer algum tipo de risco como: trabalho em altura, trabalho com eletricidade, exposição a agentes químicos, entre outros (LIMA, 1993; PEINADO, 2019). • Entre as principais doenças ocupacionais na construção civil, constam (PEINADO, 2019): • - Distúrbios musculoesquelético: com o comprometimento de costas e outras lesões musculares nas articulares, devido à massa, movimentação, elevação e ao manuseio de cargas. • - Dores e entorpecimento de membros superiores (dedos e mãos): causas relacionadas ao uso contínuo de ferramentas e equipamentos vibratórios. • Dermatite: aspecto de vermelhidão e inflamação de mucosas da pele, em que a causa está relacionada ao contato e à exposição a substâncias irritantes como: cimento, solventes, entre outros produtos. • Comprometimento auditivo (baixa audição e surdez): excesso de exposição a altos níveis de ruído, acima do estabelecido. • Doenças respiratórias: relacionadas ao amianto. • Para a prevenção de doenças ocupacionais do ambiente da construção civil, autores como Peinado (2019), indicam a observação e o atendimento da legislação vigente e específica, bem como a adoção de boas práticas relativas à segurança do ambiente e dos envolvidos. • Logo, ao iniciar um trabalho, realize o devido planejamento das atividades, a fim de identificar riscos e precauções que sejam necessários à sua execução. • Existem práticas de controle de risco ocupacional que auxiliam significativamente a prevenção de doenças. • Uma forma de gestão visual de risco a que um empregado da construção civil pode estar exposto é por meio da elaboração de um mapa de riscos. Este compreende uma das modalidades mais simples de avaliação qualitativa dos riscos existentes em um local de trabalho (LIMA, 1993; SALIBA, 2008). Acidentes de trabalho e normas regulamentadoras
• Compreendido que o setor da construção
civil é responsável pela geração de milhares de postos de trabalho, bem como tem relevante participação no PIB nacional, é relevante pensar a saúde e a segurança do trabalhador, uma vez que representa uma exigência para toda e qualquer atividade profissional. Roupas de proteção • Cumpre, contudo, destacar que junto ao setor, observa-se um elevado índice de acidentes e doenças ocupacionais. De acordo com dados do Anuário Estatístico da Previdência Social publicado de 2017, o setor registrou no triênio (2015, 2016, 2017) quase 29% dos acidentes de trabalho do período, sendo a ocorrência, respectivamente, de 8,70%, 9,53% e 10, 28% (BRASIL, 2017). • Sob o ponto de vista da prevenção, a causa de acidentes de trabalho decorre de qualquer aspecto que, se removido/neutralizado, poderia ter evitado a sua ocorrência. Assim, neste contexto, os acidentes de trabalho são evitáveis, pois não surgem ao acaso, são, em sua maioria, provocados, logo, passiveis de prevenção. • Um acidente de trabalho é um evento resultante tanto de um ato inseguro por parte do empregado, como negligenciar o uso de equipamento de proteção individual, até de uma situação insegura que possa infringir dano ao trabalhador, bem como à organização, como negligenciar a oferta de equipamento de proteção individual (GONÇALVES, 2008). Normas regulamentadoras – NRs
• As normas regulamentadoras são aspectos
regulatórios relativas à segurança e à medicina do trabalho. O não cumprimento das tais disposições pode incidir em erro grave e acarretar a aplicação de sansão organizada e prevista em legislação vigente. • No Brasil, as normas regulamentadoras constam no capítulo V, título II da CLT. Foram aprovadas pela Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978, sendo, atualmente, 37. • A construção civil é um segmento que apresenta elevados índices de acidentes, tendo uma série de especificidades que o diferem dos demais segmentos da economia. É de fundamental importância estudar aspectos específicos relativos à segurança neste segmento.