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S EG U R ANÇ A D O T R A BA L HO N A

CO N ST RUÇ ÃO C I V I L – N R - 1 8

GISELLY SANTOS MENTES

UNIDADE 2
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO

• Nesta Unidade, serão apresentados os


fundamentos da norma regulamentadora
NR-18 quanto ao escopo, às áreas de
vivência, ao programa de gerenciamento
de riscos, à segurança nas etapas de uma
obra civil e aos serviços em flutuantes.
UNIDADE 2 | OBJETIVOS

1. Entender o escopo e a aplicação da NR-18 na área de vivência.


2. Aplicar as técnicas de gerenciamento de riscos na construção civil.
3. Identificar as especificidades da NR-18 nas etapas de uma obra civil.
4. Compreender a sinalização, a capacitação e os serviços em flutuantes na
construção civil.
Escopo da NR-18 na área de vivência
• A construção civil é a área responsável por englobar a elaboração de obras dos
mais variados portes e funções. É caracterizada como a atividade econômica
responsável pela construção, instalação e reparação, conforme normativas
existentes. Além disso, é geradora de muitos postos de trabalho e, junto a
estes, assume um dos maiores índices de acidentes de trabalho no mundo.
• Atualmente, existem 37 normas regulamentadoras, que versam sobre
saúde e segurança no trabalho nas mais variadas áreas. Estas,
conforme seus escopos, pontuam procedimentos, programas e
capacitação, voltados à observância e ao atendimento da integridade e
saúde de colaboradores.
• Conforme a Portaria SEPRT n° 3.733, de 10 de fevereiro de 2020,
a Norma Regulamentadora n° 18 tem como objetivo “[...]
estabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento
e organização, que visam à implementação de medidas de
controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas
condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da
construção” (BRASIL, 2020, on-line).
• O escopo da NR-18 prevê a organização e a administração de
medidas preventivas de segurança, bem como observa as condições
do ambiente de trabalho em locais, processos e atividades da
indústria da construção civil.
• As responsabilidades desta normativa são previstas no item 18.3, no
qual constam as seguintes recomendações:
• Veto de ingresso ou de permanência de trabalhadores no canteiro
de obras, sem que estejam resguardados pelas medidas de
segurança desta norma.
• Necessidade de comunicação do ingresso e permanência via
comunicação prévia de obras em sistema informatizado da
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), antes do início das
atividades, de acordo com a legislação vigente.
Norma Regulamentadora n° 18 – Áreas de
vivência

• Logo, os requisitos da área de


vivência atuam como instrumentos
para a observação, adequação e
manutenção de espaços destinados
ao bem-estar do trabalhador da
construção civil, com espaços
adequados e seguros para refeições,
higiene pessoal, descanso e lazer
(BRASIL, 2020; FELIX, 2011).
Refeitório
• Na área de vivência deve ser disponibilizado e estruturado o
local para a realização da refeição do trabalhador, observadas
as mínimas condições de conforto, higiene, e proteção contra
as intempéries (BRASIL, 2020). Esse local dever ser equipado e
mobiliado de forma a atender às necessidades de preparo e
consumo de refeições (FELIX, 2011).
• O atendimento ao disposto acima também poderá ocorrer via
convênio formal com estabelecimentos próximos ao canteiro,
desde que observadas as condições de segurança, higiene e
conforto do trabalhador. Cumpre destacar que, se a organização
optar por essa modalidade, deverá providenciar o transporte dos
trabalhadores até o referido local, quando o caso assim
necessitar (BRASIL, 2020).
• É muito importante destacar que as instalações de uma área de
vivência, no que for pertinente, devem observar as orientações
previstas na NR-24.
• Ainda sobre as instalações sanitárias, destaca-se que os lavatórios e
mictórios podem ser individuais ou coletivos, bem como os vasos
sanitários devem ocupar no mínimo, 1 m² de área ocupada (FELIX,
2011).
• As organizações atuantes na construção civil devem zelar pelo bem-
estar e a saúde de seus colaboradores, atuando sobre as áreas de
vivência, atendendo à legislação e às normas técnicas pertinentes.
Vale lembrar, caro aluno, que operar dentro da conformidade
contribui com a redução de acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, riscos ambientais, bem como na redução de prejuízos
derivados da baixa produtividade e ações trabalhistas.
Programa de Gerenciamento de Riscos

• Cada vez mais as empresas do setor da


construção buscam identificar, ainda na
fase de planejamento, todos os riscos
relacionados ao empreendimento, bem
como levantar e avaliar quais medidas
serão necessárias à sua resolução com o
mínimo de impacto sobre o projeto inicial
(FELIX, 2011; PEINADO, 2019).
• Entre os riscos relacionados, constam os riscos ocupacionais, cujo
gerenciamento de risco é previsto no item 18.4 da Norma
Regulamentadora n° 18. O documento de referência mundial em
gestão de riscos é a norma ISO 31000, e o seu objetivo é
estabelecer princípios e orientações genéricas sobre gestão de
riscos. Essa norma torna possível o gerenciamento de riscos em
qualquer organização, independentemente do tamanho ou
segmento.
• É possível pontuar o risco como todo aspecto de incerteza, capaz de
afetar o alcance de um objetivo. Analisar riscos compreende a
mensuração (qualitativa ou quantitativa) dos riscos existentes em uma
determinada instalação, empregando técnicas específicas para a
identificação de possíveis cenários de acidentes. Logo, o
gerenciamento de risco busca reduzir as incertezas nas mais variadas
fases de uma obra (FELIX, 2011; PEINADO, 2019; PORTELA, 2013;
VAREJÃO, 2015).
• Cumpre destacar que a gestão de riscos na construção civil, além de
antever situações-problema, auxilia no processo de tomada de
decisão de gestores frente a desvios necessários, sem, contudo
comprometer o projeto, uma vez que estes podem gerar atrasos na
elevação de custos. Logo, o gerenciamento de risco na construção
civil atua na identificação de ameaças que possam gerar danos ou
prejuízos às organizações (PORTELA, 2013).
Norma Regulamentadora n° 18 – Programa de
Gerenciamento de Riscos

• Conforme medidas previstas na NR-18, é


obrigatória a elaboração e a implementação
de Programa de Gerenciamento de Riscos
(PGR) em canteiros de obras. Este deve
contemplar os riscos ocupacionais e suas
respectivas medidas de prevenção, ou seja,
o PGR é obrigatório para todo tipo de obra,
com qualquer número de colaboradores.

Cores de risco
• Assim, é importante destacar que o PGR deve prever o
desenvolvimento de cada etapa de uma obra, antecipando,
nesta previsão, os riscos e as medidas necessárias à sua
mitigação ou eliminação.
• As empresas contratadas devem fornecer ao contratante o
inventário de riscos ocupacionais específicos de suas atividades,
pois o risco ocupacional ao qual terceiros estão expostos
também deve ser contemplado no PGR do canteiro de obras.
• Todo PGR em canteiros de obras deve ser elaborado por
profissional legalmente habilitado em segurança do
trabalho e implementado sob responsabilidade da
organização.
• Outra questão relevante é destacar que, embora existam
estruturas-modelo que auxiliam o profissional na
elaboração do PGR, não há um único “caminho” para a
elaboração deste programa, pois sua complexidade e
abrangência irão acompanhar a dimensão e os riscos
ocupacionais existentes em cada fase de uma obra.
• Ao determinar os riscos presentes, deve-se avaliá-los e
classificá-los conforme cores e grupos previstos em
normativa específica. Essa classificação em grupos e cores
é padrão, ou seja, designa a mesma caracterização de
riscos em qualquer tipo de organização, seja uma fábrica
ou canteiro de obras.
• Um PGR deve conter: projeto da área de vivência, projeto
elétrico das instalações temporárias, projeto de sistema de
proteção coletiva e projeto de sistema de proteção individual
contra quedas (SPIQ), quando aplicável, além apresentar a
relação dos equipamentos de proteção individual (EPI) e suas
respectivas especificações técnicas.
Segurança nas etapas da obra

• São etapas da obra: demolição; escavação,


fundação e desmonte de rochas; carpintaria
e armação; estrutura de concreto; estruturas
metálicas; trabalho a quente; serviços de
impermeabilização; e telhados e coberturas
(BRASIL, 2020).

Demolição
• A demolição compreende o ato de destruir, de forma medida e
calculada, alguma construção para dar espaço à outra. O ato de
demolir é uma das atividades mais comuns na construção civil.
Existem diversos meios e técnicas para realizar a demolição de
uma estrutura, entre elas, a demolição mecânica, a demolição
por meio do uso de explosivos e a demolição manual (PEREIRA,
2014).
• A execução de serviços de demolição é complexa. Por isso é
importante tratar a segurança nesta etapa, uma vez que
ações não planejadas podem prejudicar a estabilidade do
conjunto em demolição, bem como comprometer a
segurança de uma equipe (FELIX, 2011).
• Conforme previsto na nova redação da NR-18, na etapa de demolição,
deve ser elaborado e implementado um plano de demolição, sob
responsabilidade de profissional legalmente habilitado. Esse plano deve
contemplar todos os riscos ocupacionais potencialmente existentes nas
etapas desta fase, bem como apresentar as medidas preventivas a
serem observadas quanto à segurança e à saúde do colaborador.
Escavação, fundação e desmonte de rochas

• A etapa de serviço de escavação,


fundação e desmonte de rochas deve ser
realizada e supervisionada conforme
projeto elaborado por profissional
legalmente habilitado. A seguir são
apresentados aspectos de observância e
atuação profissional, conforme
prerrogativas da NR-18.
• Todo projeto de escavação deve considerar previamente as
características do solo, as cargas que estarão atuantes e os riscos
existentes, assim como as medidas de preventivas demandadas.
Em escavações de encostas, devem ser tomadas as devidas
precauções de forma a evitar escorregamentos ou movimentos
de grandes proporções.
• Conforme a NR-18, as áreas de carpintaria, corte, dobragem e armação
de vergalhões de aço devem ter piso resistente, nivelado e
antiderrapante; cobertura contra intempéries e queda de materiais; e
lâmpadas para iluminação, bem como antever procedimentos de coleta
e remoção de resíduos e ser isoladas contra circulação de pessoas não
autorizadas (BRASIL, 2020).
• Em etapas de estruturas de concreto, o projeto das formas e dos
escoramentos deve ter a indicação da sequência de retirada das
escoras; indicar o isolamento e sinalização quando na montagem ou
desforma; apresentar medidas preventivas quanto à queda livre das
peças; e ser elaborado por profissional legalmente habilitado
(BRASIL, 2020).
• Toda montagem, manutenção e desmontagem de etapa de estrutura
metálica deve estar sob responsabilidade de profissional legalmente
habilitado, bem como constar no respectivo PGR da obra. É importante
destacar que nesta etapa, devido às suas especificidades, é obrigatório
fornecer ao colaborador recipiente e/ou suporte para o depósito de
materiais e/ou ferramentas necessárias à execução.
• Conforme a NR-18, trabalho a quente compreende as atividades de
soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras, que possam
gerar fontes de ignição, tais como aquecimento, centelha ou chama
(BRASIL, 2020).
• Toda atividade de trabalho a quente deve ter a análise de risco
específico, com destaque àquelas que envolvam materiais combustíveis
ou inflamáveis no entorno; ou forem realizadas em área sem prévio
isolamento e não destinada para este fim (BRASIL, 2020).
• Os serviços de aquecimento, transporte e aplicação de
impermeabilizante em edificações, conforme a NR-18, devem atender
às normas técnicas nacionais vigentes. Cumpre destacar que o
reservatório para aquecimento deve observar os seguintes aspectos:
identificação do fabricante ou importador (nome e CNPJ);
disponibilidade de manual técnico de operação; e tampa com
respiradouro de segurança e medidor de temperatura (BRASIL, 2020).
• Em etapas que envolvam serviço em telhados e coberturas que
excedam 2 metros de altura com risco de queda de pessoas, aplica-se
o disposto na Norma Regulamentadora NR-35. É vetada a realização
de trabalho/atividades em telhados ou coberturas que estejam:
sobre superfícies instáveis ou que não tenham resistência estrutural;
sobre superfícies escorregadias; sob chuva, ventos fortes ou
condições climáticas adversas.
• Sobre fornos ou qualquer outro equipamento do qual haja
emanação de gases provenientes de processos industriais;
sujeito à concentração de cargas em um mesmo ponto sobre
telhado ou cobertura, exceto se autorizada por profissional
legalmente habilitado.
Serviços em flutuantes

• Com a nova redação da Norma


Regulamentadora n° 18, foi publicada a
Portaria SEPRT n° 3.733/2020. Nesta
reformulação ficaram 13 itens que
reportam o atendimento à NORMAM-
02/DPC, mantendo as principais
exigências e simplificando itens.

Plataforma de apoio
• Para a realização de serviços em flutuantes, as plataformas
flutuantes devem estar regularmente inscritas na Capitania dos
Portos, além de portar os seguintes documentos: título de Inscrição
de Embarcação (TIE) ou Provisão de Registro de Propriedade
Marítima (PRPM) originais, e Certificado de Segurança de
Navegação (CSN) válido (BRASIL, 2020).
Disposições gerais da NR-18

• Este tópico tem como finalidade


reunir preceitos comuns a mais de
um item desta normativa.

Tapume
• a) As atividades da indústria da construção devem adotar as medidas
de prevenção conforme a hierarquia prevista na NR-1.
• b) As vestimentas de trabalho devem ser fornecidas em conformidade
e atendimento ao previsto na NR-24.
• c) O levantamento manual ou semimecanizado de cargas, em
atividades da indústria da construção, deve ser executado de acordo
com a NR-17.
• d) Na etapa de planejamento de qualquer atividade, deve-se prever o
armazenamento e a estocagem de materiais de forma adequada.
• e) Os locais destinados ao armazenamento de materiais tóxicos,
corrosivos, inflamáveis ou explosivos devem: ser isolados,
apropriados e sinalizados.
• f) O canteiro de obras deve ser dotado de medidas de prevenção de
incêndios.
• g) As saídas e vias de passagem devem ser claramente sinalizadas
por meio de placas ou sinais luminosos que indiquem a direção da
saída.
• h) É obrigatória a colocação de tapume, com altura mínima de 2
metros, sempre que forem executadas atividades da indústria da
construção.
• i) Em acidentes fatais é obrigatória a adoção das seguintes
medidas, pelas organizações da construção civil:
• Comunicar de imediato e por escrito ao órgão regional competente
em matéria de segurança e saúde no trabalho, que repassará a
informação ao sindicato da categoria profissional.
• Isolar o local diretamente relacionado ao acidente, mantendo suas
características até sua liberação pela autoridade policial
competente.

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