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DESENVOLVIMENTO CRIATIVO DE COBOGÓS – método 3

Creative development for cobogós - Method 3

Gomes, Gustavo Curvelo; FEC, UNICAMP


gustavinho03@gmail.com

Harris, Ana Lucia Nogueira de Camargo; Profa. Dra; FEC, UNICAMP


luharris@fec.unicamp.br

Resumo
Este artigo apresenta uma síntese do método 3, desenvolvido por Gomes (2008) em sua iniciação
científica com o objetivo de auxiliar no processo de projeto de elementos vazados modulares
(cobogós) a fim de que estes permitam diferentes tipos de composições a partir de operações de
rotação e espelhamento. Neste artigo, também é exemplificada a aplicação deste método em
simulações com modelos virtuais e físicos. Este método tem contribuído para novas pesquisas
auxiliando o projeto, não apenas de elementos vazados como também de outros elementos
arquitetônicos com malhas modulares.

Palavras Chave: cobogó; design de superfície; processo de projeto.

Abstract
This paper presents a synthesis of Method 3, developed by Gomes (2008) in his undergraduate
research aiming at helping in the project process of hollow modular elements (cobogós) so that
these may allow several types of compositions through rotation and mirror rotation maneuvers.
In this paper the application of this method through simulation in virtual and physical models is
also exemplified. This method has contributed to new researches helping the project, not only of
hollow elements but also other architectonic elements with modular meshes.

Keywords: cobogó; surface design; project process.


Desenvolvimento geométrico de elementos vazados com base em padrões indígenas

1. Introdução
A preocupação, cada vez mais crescente com as necessidades de racionalização energética
tem gerado a busca de soluções construtivas mais econômicas e racionais. Estas buscas resgatam
alguns valores deixados de lado anteriormente com a adoção do “estilo internacional”, como por
exemplo, o uso de bloqueadores solares em grandes fachadas para o controle de insolação. Entre
estes bloqueadores estão às paredes de elementos vazados modulares, conhecidas como cobogós.
Este artigo apresenta um método de projeto, desenvolvido por Gomes (2008), cujo
objetivo principal é auxiliar o projetista no desenvolvimento de projetos de cobogós que
permitam a criação de fachadas, painéis divisórios ou outros elementos bidimensionais com
maior possibilidade compositiva dos desenhos.

2. COBOGÓS
Cobogós são elementos arquitetônicos, geralmente no formato de blocos vazados, que
podem ser aplicados a edificações para promover soluções construtivas econômicas e racionais
para o controle de insolação e ventilação dos ambientes.
O nome, segundo Bittencourt (2007) apud Gomes (2008), é proveniente da junção das
primeiras sílabas dos fundadores de uma fábrica de blocos vazados, em 1930, localizada em
Olinda, Pernambuco.
Sua utilização em fachadas permite, além de um controle da insolação, uma gama de
possibilidades estéticas. Ele pode variar tanto no tamanho quanto no material ou no formato em
si. Porém, o mercado de construção brasileiro ainda apresenta poucas variedades de design para
cobogós, e em sua maioria, com poucas variedades compositivas. Isto ocorre principalmente
porque, no design da unidade modular, a predominância é de figuras simétricas e com pouca
preocupação com relação às possibilidades de continuidade entre os blocos, como exemplifica a
Figura 1.

Figura 1: exemplos de cobogós disponíveis no mercado brasileiro.

3. Método 3 - interligações por subdivisões


Observando os cobogós geometricamente, pode-se considerá-los como módulos
subdivisíveis. Dividindo-se em quatro, como no exemplo a seguir, pode-se trabalhar distintos
desenhos em cada quadrante. Nesse caso, utilizando as permutações de análise combinatória,
chega-se a um total de 24 imagens diferentes, o que significa que se tem 24 módulos de cobogós

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com apenas 4 desenhos, 2 em cada uma das arestas e após a combinação das 24 possíveis
posições, chega-se a um painel mais complexo. Nessas 24 combinações estão incorporadas
operações de reflexão e rotação dos módulos, como mostra a Figura 2.

Figura 2: Subdivisão de um módulo de cobogó em quatro partes iguais.

Apesar da grande variedade de painéis, isto não garante a qualidade estética da


composição final da parede de cobogós, porém, este método permite a continuidade compositiva
entre os blocos com diferentes aplicações de operação de simetria.
Os aspectos estéticos das composições não foram abordados nesta pesquisa, entretanto, a
possibilidade de se criar inter-relações entre os blocos facilita o alcance de soluções harmoniosas
esteticamente para os padrões compositivos de paredes de cobogós.
Dividindo-se um módulo em quatro partes iguais definindo-as aqui de ”sub-módulo” e
trabalhando-as independentemente podemos obter composições, esteticamente planejadas, com
diferentes desenhos.
Na análise das 24 possibilidades de módulos, estudados nessa pesquisa, são utilizados
desenhos meramente demonstrativos. No projeto do cobogó levou-se em conta a interligação
entre os sub-módulos, a fim de se evitar desenhos soltos em seus centros, isto é importante para
possibilitar que os sub-módulos possam ser compostos adequadamente quando sujeitos a
determinadas operações de simetria, Figura 3.

Figura 3: Considerando sub-partes distintas de um mesmo módulo..

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É importante que o módulo seja pensado compositivamente ao se realizar cada desenho,


de modo que as combinações, dentre as 24 possibilidades, gerem imagens coerentemente
conectadas no painel como um todo.

4. Exemplos de aplicação
A seguir são apresentados dois exemplos de desenvolvimento de módulos a partir da
metodologia proposta:
4.1 Exemplo 1 - Processo de construção de um módulo quadrado
com dois pontos de interligação por arestas regulares:
1º Demarcação para os sub-módulos;
2º Determinação das interligações (para pontos de contato) entre os módulos;
3º Fase de criação;
4º Composição de uma unidade modular, Figura 4.

Figura 4: Subdividindo em quatro partes iguais.

Neste exemplo, descreve-se um modo simples de construção de cobogós, a fim de ilustrar


a metodologia proposta. Dividiu-se um módulo quadrado em quatro quadrantes e determinou-se
pontos de interligação em cada subdivisão. A partir destes pontos, em cada quadrante, foram
desenvolvidos diferentes tipos de desenhos. Para fins didáticos, criou-se, num mesmo cobogó,
desenhos com linhas curvas, retas e mistas a fim de exemplificar diferentes possibilidades.
4.2 Exemplo 2 - Processo de construção de um módulo quadrado
com quatro pontos de interligação por arestas regulares:
Com o mesmo procedimento para a criação do módulo anterior, esse módulo só difere no
número de pontos de contato criados em seus submódulos, Figura 5, possibilitando a construção
de desenhos mais complexos:

Figura 5: Composição das sub-divisões em um único módulo.

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5. Aplicabilidade
Utilizando os processos descritos no item anterior, foram desenvolvidos e construídos
virtualmente cinco padrões de cobogós, dando preferência à diversidade de traçados em prol do
senso estético a fim de testar seus resultados de modo mais abrangente.
Os estudos, realizados inicialmente por croquis a lápis, foram transportados para o
programa livre Sketch Up, v.6 (Google). Nele, foi possível visualizar não apenas dos blocos de
cobogós em 3D, como também realizar simulações de efeitos luz e sombra, Figura 6.

Figura 6: Cinco tipos de cobogós desenvolvidos (GOMES, 2008)

Também foram realizadas simulações a partir de um modelo físico e placas recortadas


com os painéis compostos de cobogós, como ilustra a Figura 7.

Figura 7: Placas prototipadas de fachadas de cobogós e simulação em modelo reduzido físico.

Posteriormente, com a finalidade de se realizar estudos contextuais dos cobogós criados,


foi escolhido, como “ambiente virtual”, o prédio da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, SP.
Escolheu-se este edifício por apresentar espaços propícios para implementação de painéis
vazados compostos de cobogós e com a função de filtros solares. Porém, para efeito deste estudo
não foi considerada a realidade geográfica do sol em relação ao edifício. Os efeitos de sombra
observados na Figura 8 provêm da simulação da incidência de uma forte luz externa com raios
direcionados às fachadas criadas.

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Figura 8: Maquete Virtual construída especialmente para visualização do projeto.

6. Considerações finais
Com o objetivo de auxiliar no projeto de cobogós, foi desenvolvido um método que
permite a criação de cobogós mais flexíveis em relação a sua capacidade compositiva.
Como ponto de partida, os blocos de cobogós passaram a ser tratados como módulos tipo.
Observou-se, que o grau de variação dos desenhos resultantes pode ser relacionado à capacidade
de interligação entre os traçados provenientes de cada cobogó com seus vizinhos.
Consequentemente, quanto maior o grau de interligação, maiores as possibilidades compositivas
de um mesmo cobogó e menor a necessidade de fabricação de uma variedade de cobogós
diferentes.
Acredita-se que o estímulo a novos projetos de cobogós, possibilite construções mais
criativas e interessantes, sem que se perca de foco a funcionalidade do elemento construtivo em
questão.

7. Referências
GOMES, G. C. Desenvolvimento de uma metodologia pra o projeto de paredes de elementos
vazados fundamentada na gramática compositiva das simetrias planas. (Iniciação Científica,
FEC-UNICAMP, orientação – Profa. Dra. Ana Lúcia N.C. Harris), Relatório final, 2008.

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