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Teogonia de Iansã

Para entendermos quem é Iansã, precisamos recordar quem é Oxumaré, o Orixá do


mistério de colorir a tudo e a todos na morada exterior de Olorum. Oxumaré para colorir
corretamente, precisa ser preciso na leitura dos sentimentos emitidos pelos seres e a partir
disso dar a cor correta de acordo com sua vibração.

Oxumaré é em sí o mesmo o mistério das frequencias vibratorias ou o mistério do


comprimento das ondas, ondas que emitem o que estamos sentindo. As cores que são
definidas por Oxumaré, flui em diferentes comprimentos de ondas, formando um amplo
espectro colorido ou frequencial.

Mas onde Iansã se encaixa em relação ao mistério de Oxumaré? É o que veremos.


Oxumaré fica curioso sobre qual Orixá é em si o mistério das vibrações e vai até a matriz
geradora das vibrações para esclarecer sua dúvidas.

Oxumaré descobre que para colorir com exatidão, ele precisaria do auxílio de um Orixá que
tenha em si o mistério da vibrações, para que então possa frequenciá-las. Para isso,
Oxumaré precisou então, convencer quem ainda estava no interior da matriz geradora das
vibraçoes a se exteriorizar na realidade de Olorum.

Diante da matriz geradora das vibrações, Oxumaré ajoelhou-se e pediu licença para entrar
em seu âmago gerador, para convencer quem nela havia sido gerado, a sair. Mas Oxumaré
é alertado de um grande perigo. Se ao entrar, não souber como solucionar o problema, ele
ficaria lá dentro, totalmente paralisado.

Oxumaré é então avisado de que teria que solucionar o problema das vibrações
desordenadas de quem fora criado no âmago da matriz geradora das vibrações. Oxumaré
teria de achar uma maneira de dar cadência as emissões da Orixá que não queria sair do
âmago de sua mãe.

Mas Oxumaré, havia recebido um presente de uma das matrizes que ele havia colorido. Ele
recebera o fato cadenciador e ficou confiante para entrar e convencer a Orixá das vibações
a se exteriorizar. Ao entrar, Oxumáre ficou paralisado pelas vibrações recebidas, mas logo
após, ativou seu fator cadenciador, cuja função é impor ritmo às vibrações cadenciando-as
e estabelecendo uma frequência especifica para cada uma delas.

Assim, seus três fatores, o ritmador, o cadenciador e frequenciador, agindo de forma


coodernada, foram impondo um ritmo cadenciado às emissões de vibrações daquela matriz
geradora.

Aos poucos, Oxumaré foi entrando na matriz geradora das vibrações, sempre avançando e
recuando com os mesmos passos e movimentos do corpo, dos braços e das mãos, ele
conseguiu chegar ao seu âmago gerador, vendo-se diante da filha de Olorum gerada ali
para que, quando saísse, fosse a Orixá responsável pela emissão de vibrações para tudo e
para todos.
Iansã, trêmula e incapaz de se mover de forma ritmada e cadenciada, encantou-se com os
passos dele e com os movimentos de seu corpo. E tão forte foi seu encantamento, que até
hoje, quando Oxumaré dança ao incorporar em seus filhos, Iansã deixa tudo o que está
fazendo e volta sua atenção a ele e, sem sair de onde está, dança com ele, pois entre os
Orixás é a unica que consegue acompanhar seus passos.

E nesta dança dentro da matriz, Oxumaré começou a dançar ao redor de Iansã irradiando
em fluxos coloridos seus três fatores, Iansã aos poucos começou a dançar também,
dançaram e dançaram por muito tempo.

Iansã, com seus fatores dará movimento e direcionamento a tudo e a todos, e Oxumaré,
dará ritmo, cadência e frequência a tudo e a todos.

Conta a lenda, que quando todos os Orixás foram exteriorizados (mundo manifestado),
todos se sentiam pesados e com movimentos lentos e tudo o que eles projetavam formava
um caos à volta deles. Os Orixás não tinha movimento e muito menos direção.

Ogum criava caminhos e mais caminhos, mas faltava-lhes o fator direcionador de Iansã.
Oxumaré não via suas cores fluindo, Exu criou os animais mas eles se perdiam pelo
caminho. Omolu paralisou o mundo manifestado. Oxalá parou de modelar os mundos, pois
estes não tinham movimentos. Oxóssi atirava suas flechas, mas elas ficavam paradas no
meio do caos.

Assim todos os Orixás clamavam para que Olorum os ajudasse a encontrar o caminho de
volta a Sua morada para que de lá pudessem reger os seus mistérios. Mas nem mesmo
seus clamores chegaram até Olorum que percebendo a falta de seus Orixás, envio seu
pássaro mensageiro até Orunmilá para que este lhe revelasse o que estava se passando.

Mas sem movimento e direção, nem mesmo os búzio de Orunmilá conseguiram se mover
para dar respostas. Nem mesmo o pássaro mensageiro conseguiu retornar até Deus para
lhe avisar do que estava ocorrendo.

Olorum, vendo que o pássaro não retornara, utilizou-se do Orixá responsável pelo fator
refletor, fator que reflete o mundo interior para o seu exterior e vice-versa. Assim,
Olodumarê começou a ver todo o seu mundo e seus Orixás também passaram a vê-lo.

Mas mesmo assim, Deus não conseguia ouvir o clamor dos Orixás em seu exterior porque
lhes faltava o movimento e seus clamores não saiam de suas bocas. Os Orixás não podiam
ver Olorum, mas este, vendo-os, mas não sendo ouvido por ele, pois tudo estava
paralisado, contemplou cada um deles no espelho da vida e da alma do seu Orixá refletor e
viu que as dificuldades deles eram muitas para se adaptar e se assentar nela, de onde
emanariam seus fatores, criando o mundo manifestado.

Então Olorum, dotou seu Orixá refletor de nove fatores específicos e enviou-o em auxílio
aos Orixás exteriorizados. Os nove fatores são:

Movimentador (vibrações), direcionador (direções), separador (separa um fator dos outros),


controlador (controla a emissão de fatores pelos Orixás), espelhador (reflete tudo que é
pensado), sonorizador (torna audível todos os pensamentos e sentimentos), vibracionista
(faz a tudo e todos vibrarem), espalhador (espalha por todo o mundo manifestado os fatores
dos Orixás e combinador (combina os fatores dos Orixás na proporção certa, evitando o
caos).

Assim surgiu, esplendorosa, no mundo exterior Iansã (Iyá Mesan ou Iyá Avesan), que
refletia toda a beleza da morada interior de Olodumarê aos Orixás manifestados.

Não podemos esquecer que Iansã, além de refletir toda a beleza de Deus, também reflete
toda a feiura do mundo que está mergulhado em caos. Com sua bela dança, dotada de
seus noves fatores, ela percorreu todo o mundo manifestado, e todos os Orixás que se
encontravam paralisados, começaram a seguir sua dança e a emanar seus fatores de forma
controlada e bela.

Dos olhos de Iansã, como se fossem dois espelhos, saíam raios que iluminavam os olhos
dos outro Orixás, que também passaram a refletir por eles o mundo interior de Olorum. E
assim todos os Orixás refletiam em seus mundos a magnífica beleza do interior divino, e
todos que viam nos olhos deles essa beleza, desejavam imediatamente o retorno para
Deus. Porque afinal, o mundo exterior é apenas um pálido reflexo daquilo que é real e belo.

Iansã vendo esse intenso desejo refletido nos olhos dos filhos de Olorum, chamou para si o
dever de reconduzi-los à morada interior e passou a ser chamada de senhor dos Eguns
(dos espíritos). Iansã criou a dança dos Eguns e deu a um de seus nove filhos o nome de
EgunEgun (a alma dos espíritos), em cujos olhos (espelhos) são refletidos todos os
pensamentos.

E na sua dança (o axexe) outro filhos de Iansã, portador do fator separador, dança atrás de
Egungun e vai separando os Eguns verdadeiramente encantados pela beleza e harmonia
da morada interior de Olorum dos que, fascinados pela ilusão de encontrar no mundo
interior o que não viram no mundo exterior, só querem fugir dele sem ainda estarem
refletindo nos seus olhos a beleza existente no interior de Deus.

A estes, Iansã reservou-lhes o vazio, para que eles reflitam em si mesmos a ausência da
beleza e da harmonia existentes na morada de Olodumarê. E, vendo a si mesmos, ele se
horrorizam com sua feiura e desordem interior e começam a desejar retornar ao mundo
exterior (reencarnar) para que possam encontrar-se nele e descobrir-se refletores dele para
os seus semelhantes, tornando-se, cada um, um caminho de volta ao interior dos nosso
Divino Criador.

Os outros Orixás, vendo a dificuldade dos Eguns em retornar à morada interior de Olorum,
como gratidão a Iansã, se propuseram a ajudar Iansã e seus filhos. Os Orixás concederam
aos Eguns o direito de vislumbrar em suas danças a existência, a beleza e a harmonia de
Deus, ensinando-os assim, a ver o mundo interior mesmo estando no exterior.

Ogum foi o primeiro a prometer a Iansã que abriria um caminho para que cada ser vivente
tivesse seu próprio caminho de iluminação. Exu, prometeu confundir os Eguns, fazendo
parecerem luminosas as passagens escuras e assim surgiram os enganos. Pombagira
prometeu que tentaria a todos com as coisas ilusórias do mundo interior e assim todos se
voltariam rapidamente para Deus.

Caracteristicas e culto a Iansã

Iansã está assentado no Trono da Lei juntamente com Ogum. Assim teremos as
seguintes características:

TRONO DA LEI
Irradiação da Lei.

Irradiação do Trono da Lei é bipolar.


+ Ogum____________________________________ Iansã -
Polo Positivo: Passivo e irradiador / Polo Negativo: Ativo e absorvedor.

Estrutura do pensamento: Eólica.


Saudação: Eparrei Iansã.
Elemento: Ar.
Chacra: Cardíaco.

Estrutura Militar:
Fator Ordenador (Ogum: Ordenador e Iansã: Direcionadora)

Atributos:
Movimento e mudança, necessidade de deslocamento, transformações materiais,
avanços intelectuais e luta contra injustiças. Energia dinâmica que atua com força
nos recém desencarnados, conduzindo-os ao Plano Astral.

Tipos psicológicos dos filhos de Iansã:


São de temperamento intenso, quase sempre extremado. Mudam de opnião com
rapidez, da ira para a calma ou da harmonia para uma explosão emocional, voltando
logo depois ao normal, como se nada tivesse acontecido. Por terem dinamismo e
agilidade mental, podem tornar-se nervosos. São exêntricos, atrevidos, ciumentos,
teimosos, impacientes e coléricos. Gostam de tarefas não repetitivas e precisam
colocar em prática a sua garra e impetuosidade diante do novo, como as nuvens do
céu, que mudam o formato, moldando-se aos ventos.

Oferendas:
Vela brancas, amarelas e vermelhas, champagne branca, licor de menta e de anis
ou de cereja, rosas e palmas amarelas.
Ervas:
Bucinha do norte, cânfora, espada de Santa Bárbara, quebra demanda, mamona,
picão preto, bambu, pitanga (folha), cipó cravo, cipó São João, erva de Santa Luzia,
girassol, cavalinha, menta e picão branco.

Pedras:
Citrino, calcita amarela, ágata vermelha, cornalina, ágata de fogo, enxofre e mica
amarela.

Portais de cura:
Água de chuva, velas amarelas e vermelhas, pimentas amarelas e flores.

Sempre que a Justiça Divina é ativada, seja em qualquer um de seus polos, aí surge
Iansã, regente da Lei nos campos da Justiça. Iansã é a divindade da Lei, cuja
natureza eólica expande o fogo de Xangõ, assim que o ser é purificado de seus
vícios, ela entra em sua vida redirecionando-o e conduzindo-o a um outro campo no
qual retomará sua evolução.

Iansã é a força que está em todos os Tronos, direcionando-os. Ogum é a via reta,
mas Iansã é o próprio sentido de direção da Lei. Assim, basta errarmos para que ela
entre em nossas vidas, envolvendo-nos em uma de suas espirais, impondo-nos um
giro completo e transformador dos nossos sentimentos viciados. Colocando-nos
novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no Tempo, onde nossa
religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada em pouco tempo.

Iansã densifica o mental, diminuindo seu magnetismo, e estimula o emocional,


acelerando suas vibrações. Para que as transformações se realizem. Quando isso
não ocorre, Iansã com seus aspectos negativos, paralisam o ser e o retém em um
dos campos de esgotamento mental, emocional e energético, até que ele tenha sido
esgotado de seu negativismo e tenha descarregado todo o seu emocional
desvirtuado e viciado.

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