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Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África.
O que existe lá é o que chamo de culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só
inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de
denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era
comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos
Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam
com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé
foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.
A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé
seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de
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Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por
alguma coisa”. Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o
modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:
A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia
em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos
da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.
Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin
vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.
Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da
Nação Ketu ou Alaketu.
Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram
escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil. Quando os yorubás chegaram
naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na
língua fon “piolhentos, sujos” entre outras coisas.
A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos
yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe
nenhuma nação política denominada nàgó. No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os
Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste. Os
Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes
yorubás.
Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e
Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio
Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na
região de Ilexá.
O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha
dessa nação. Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por
exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada
desses africanos vindos de Angola e Congo. A partir de Maria Néném e depois os Candomblés
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de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas
surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.
Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de
Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o
Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.
O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na
mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta)
anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.
A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi
organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os
homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás
tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens
era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como
por exemplo, os cargos de ogans.
Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou
seja: “UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO”.
Para entender o culto aos "òrìsà ", é necessário entender o significado da própria palavra
"Òrísá" - Ori = Cabeça, "Òsá" = Senhor, ou seja, Senhor da Cabeça. Segundo os itan ( mitos),
"Òrísá é a força da natureza divinizada. Eles são seres que vieram do "órun" para o "Aiye"(do
espaço sagrado para terra) com o objetivo de prepará-la para receber os humanos.
Segundo os mesmos itan, os "òrìsà " tiveram corpo físico e, pôr algum tempo, viveram
como homens, depois voltaram definitivamente para o "Órun ", deixando instruções de como
deveriam ser cultuados futuramente. Quando aqui chegaram, a terra virgem lhes deu muito
trabalho, inclusive o de preparar o ar com vegetações, para que fosse possível a sobrevivência
humana.
A palavra – Òrísá , Nkise, Vodun - no Brasil é utilizada para designar qualquer divindade
yorubá. Apesar do sincretismo, estamos aos poucos conseguindo ressaltar a consciência de uma
dessicretização, ou seja, deve-se parar de comparar. Estamos buscando a cada dia a volta das
tradições africanas mais puras. Pois ao contrário daqui, de onde o culto se originou (África), ele
praticamente está morrendo, pelo simples fato do povo ter absorvido a cultura de outros povos.
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O Candomblé e a Legislação
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: "Os artigos
1º e 20 da Lei nº 7.716/89 (lei que pune os crimes resultantes de raça e cor), passam a vigorar
com a seguinte redação:
Artigo 1º - Serão punidos na forma da Lei, os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, RELIGIÃO, ou procedência nacional".
Parágrafo segundo: Se qualquer dos crimes previstos neste artigo é cometido por
intermédio de meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: Reclusão de 02 a 05 anos e multa.
Parágrafo terceiro: No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o
Ministério Público (promotores de justiça) ou a pedido destes, ainda antes do Inquérito
Policial, sob pena de desobediência:
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Todos os “orisa” partiram e “Oduduwa” ficou. No caminho “Obatala” encontrou “Esu”. Este,
o grande controlador e transportador de sacrifícios que domina os caminhos, lembrou que
“Obatala” tinha esquecido de dar obrigações antes de viajar. “Obatala” não ligou e seguiu
viagem... E foi assim que “Esu” sentenciou que nada do ele se propunha a fazer seria realizado.
Mais adiante “Obatala” sentiu sede mas não parou... Passou por um rio, mas não parou. Passou
por uma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele não aceitou. A sede foi ficando insuportável. De
repente “Obatala” viu “igi ope”. Sem conseguir se conter diante da sede, abriu o tronco da
palmeira com seu “opa soro” (cajado).
E bebeu o vinho da palma... até desmaiar. Enquanto isso “Oduduwa” foi consultar “Ifa”. E
fez sua obrigações, conforme o jogo do “Babalawo”. Levou para o “Babalawo” cinco galinhas, das
que têm cinco dedos em cada pé, cinco pombos, um camaleão, dois mil elos de corrente e todos
elementos que acompanham o sacrifício. Seu apanhou estes últimos e uma pena da cabeça de
cada ave e devolveu a “Oduduwa” a as corrente, as aves e o camaleão vivos.
A última coisa que “Oduduwa” tinha que fazer era levar uma oferenda a “Olorun”. Quando
“Olorun” viu “Oduduwa” ficou zangado, dizendo que tinha dado ordens para que todos os “orisa”
acompanhassem “Obatala”. “Oduduwa” explicou que estava seguindo ordens de “Ifa”. “Olorun”
então aceitou a oferenda.
Neste momento “Olorun” lembrou que tinha esquecido de colocar no “Apo Iwa” (bolsa da
existência) um pequeno saco contendo terra, um dos ingredientes necessários para a criação do
mundo. Pediu então a “Oduduwa” que levasse o saco e entregasse a “Obatala”. “Oduduwa”
viajou... E, encontrou “Obatala” ainda desmaiado, na beira do caminho, com os outros “orisa” à
sua volta sem saber o que fazer. “Oduduwa” tentou acordar “Obatala” mas não conseguiu.
“Oduduwa”, então, pegou o saco de terra de volta para “Olorun”. “Olorun” ouviu toda a história e....
Decidiu entregar o saco a “Oduduwa”, com terra, num saco ou concha de igbin ( caracol)
uma galinha e um dendezeiro (palmeira) . “Oduduwa” pegou o saco, foi até o lugar determinado
por “Olorun” e criou a terra. “Oduduwa” lançou a terra sobre a água, e nela colocou a palmeira e
enviou “Eyele”, a pomba, para esparramá-la. “Eyele” trabalhou muito tempo.
Para apressar a tarefa, “Oduduwa” enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pé.
Estas removeram e espalharam a terra imediatamente em todas as direções, à direita, à esquerda
e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. “Oduduwa” quis saber se a
terra estava firme. Enviou o camaleão que, com muita precaução, colocou primeiro uma papa,
tateando, apoiando-se sobre esta pata, colocando a outra e assim sucessivamente até que sentiu
a terra firme sob suas patas. “Ole” ? “Kole” ? Ela está firme ? Ela não está firme ?
Quando o camaleão pisou por todos os lados, “Oduduwa” tentou por sua vez. “Oduduwa”
foi o primeiro orisa a pisar na terra. Neste meio tempo “Obatala” acordou e vendo-se só sem o
“apo iwa”, retornou a “Olorun”, lamentando-se de ter sido despojado do “apo”. “Olorun” tentou
apaziguá-lo e em compensação transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permita criar
todos os tipos de seres que iriam povoar a terra.
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Mito da criação
Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorun, chamado também de Olodumare. Não
aceita oferendas, pois tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de
criador de tudo o que existe, em todos os nove espaços do Orun.
Olorum criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das
terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse
o homem.
Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois da madeira, mas ambos eram rígidos
demais. Criou o homem de pedra - era muito frio. Tentou a água, mas o ser não tomava forma
definida. Tentou o fogo, mas a criatura se consumiu no próprio fogo. Fez um ser de ar que depois
de pronto retornou ao que era, apenas ar. Tentou, ainda, o azeite e o vinho sem êxito.
Triste pelas suas tentativas infecundas, Oxalá sentou-se à beira do rio, de onde Nanã
emergiu indagando-o sobre a sua preocupação. Oxalá fala sobre o seu insucesso. Nanã mergulha
e retorna da profundeza do rio e lhe entrega lama. Mergulha novamente e lhe traz mais lama.
Oxalá, então, cria o homem e percebe que ele é flexível, capaz de mover os olhos, os braços, as
pernas e, então, sopra-lhe a vida.
Orisa
Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo
Yoruba, que criou as divindades, chamadas de Orisa no Brasil e irunmole na Nigéria, para
representar todos os seus domínios aqui na terra, são considerados ancestrais divinizados após à
morte.
• Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos
oráculos.
• Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.
• Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
• Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca
• Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
• Ayrá, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.
• Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.
• Oxumarê, orixá da chuva e do arco-íris.
• Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.
• Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger
• Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro e amor.
• Yemanjá ou Yemojá, orixá feminino dos rios, mares e fertilidade, mãe de todos os Orisa de
origem yorubana.
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• Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiyê,
Iroko, Oxumarê e Ewá, Orisa de origem daomeana.
• Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.
• Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e
Iansã.
• Axabó, orixá feminino da família de Xangô
• Ibeji, Orisa gêmeos
• Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).
• Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orisa.
• Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.
• Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.
• OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orisa e dos seres
humanos.
• Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.
• Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
• Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.
• Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
• Olokun, orixá divindade do mar.
• Olossá, orixá dos lagos e lagoas
• Oxalufon, orixá velho e sábio.
• Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.
• Orixá Oko, orixá da agricultura.
Os Orisà
Èsù
Título - Ojísè (mensageiro); Elébo (transportador de oferendas) ; Elégbára (dono do poder)
; Olóna(n) (dono dos caminhos).
Elemento - comunicação; terra,fogo,água e ar.
Símbolo - Ógó (bastão em forma fálica com cabaças) representando o sexo masculino.
Contas - preta e vermelha, lagdbà
Saudação - Láaròyè Èsù ! ( o bem falante e comunicador)
Oferendas - Farofa com dendê, àkàsà, àkàrà, obì,atarè,feijão, inhame, aguardente
Kizilas - Àdin (óleo branco extraído do coquinho do dendê)
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ÒGÚN
Título - Bàbá Irin (osenhor dos metais); Asiwahú (o que vem na frente) ; Òsinmolé (o chefe
entre as divindades).
Elementos - Todos os metais (terra e fogo)
Símbolo - Idà (espada) ; Àkòró (pequena coroa tipo tiara) ; Marìwò ( franja de folha do
dendezeiro).
Contas - Verde e Azulão
Saudação - Ògún ye ! (Ògún é vida !)
Oferendas - Inhame, milho, akàsà, èkuru, feijão, farofa de dendê
Kisilas - Manga espada, assobio e siri.
ÒDÈ
Título - Oba Igbó (rei da floresta) ; Olóde (senhor da caça) ; Alaketu(o senhor de Ketu)
Elemento - Floresta (terra)
Símbolo - Òfà (arco e flecha) ; Irukéré (cetro feito com fios de cauda do touro ou de cavalo
preso num pedaço de couro) Símbolo de realeza e tambem serve para controlar os
espíritos das matas quando agitado. Ogé (chifre de boi) que são batidos para invocá-lo, o
som é denominado Olùgbóhùn (o senhor ouve minha voz).
Contas - Azul turquesa
Saudação - Oke Aro ! (Referencia a local primordial que os descendentes de Odúdùwà
ocuparam antes de fundar a cidade de Ketu.
Oferendas - Asosò (milho cozido com coco) , inhame, àbarà, èkò, obì, orógbó.
Kizilas - Mel,tangerina, cabeça dos animais.
OMOLU
Título - Ayinon (o dono da terra) Olóde ( o senhor do invisível) ; Bàbá Ìgboná(n) ( Pai da
quentura, da febre)
Elemento - terra, doenças e curas
Símbolos - Sàsàrà (feixe de nervuras de palmeira cercado de búzios e pequenas cabaças)
; Oko (lança) ; Sáworo (guizos); Lagdbà.
Contas - Marrom rajadas de preto e branco ,preto rajado de branco ou branco rajado de
preto.
Saudação - Atóto ! (Silêncio!)
Oferendas - Pipoca, feijão preto, akasà, latìpa, adun, aberen .
Kizilas - Carangueijo, sardinha, carneiro, abóbora.
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ÒSÁNYÌN
Título - Bàbá Ewé ( Pai das folhas)
Elemento - Matas e florestas (terra)
Símbolo - Mão de pilão (usada para triturar as folhas).
Contas - Branco rajado de verde ou verde rajado de amarelo
Saudação - Ewé o Asà ! (Que as folhas me ajudem, me protejam)
Oferendas - Milho, feijão, fumo, mel, aguardente.
Kizilas - Peixe de couro, raízes.
ÒSÙMÀRÉ
Elemento - água e terra
Símbolo - Ejò (cobras de metal);Ibàjá (colar feito de buzios em forma de escama); Lagdbà (
contas feitas com chifre de búfalo).
Contas - Amarelo rajado de preto ou amarelo rajado de verde.
Saudação - Aho gbogbo yi (Todo altivo e persistente)
Oferendas - Omolókun (feijão fradinho com ovos cortados), milho branco, inhame, akàrà,
batata doce.
Kizilas - carneiro, siri, carambola, maçã.
NÀNÁ
Elemento - fertilidade (água)
Símbolo - Ìbírí (feixe de nervuras do dendezeiro envolto com búzios com uma das pontas
voltadas para baixo, numa simbologia da vida que retorna).
Contas - Azul e branco, Ibàjà (feito de búzios), lagdbà
Saudação - Saluba ! (Intervenha absoluta ! )
Oferendas - Pipoca, feijão,inhame, efo.
Kizilas - carneiro, siri, carambola.
OSUN
Titulo - Iyalode (Mãe da comunidade)
Elemento – água, metal amarelo, sangue menstrual
Símbolos - Abebe (leque que tem o desenho de um passaro para lembrar que Osun eh
Olori Eleiye, chefe das donas dos passaros;
Ida ou Ada (alfange); Iba (corrente de peças simbolicas douradas)
Contas - Amarelo ouro cristal
Saudação - Oore yeye o ! (Mãe da bondade)
Oferendas - Omolokun , inhame, ovos, akasà, xinxim.
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Kizilas - Igbin, pata, tangerina, pombo
LOGUNEDE
Titulo - Adedo ou Adeja ( patrono dos pescadores)
Elemento - Agua e terra, matas metal dourado.
Simbolo - Ofa ( arco e fecha), abebe , Iba, apetrechos de pesca,
Balança ( simbolizando a dualidade, ou seja a presença do masculino Ode e do feminino
Osun .
Contas - Azul turquesa alternada com amarelo ouro cristal.
Saudação - Irua O , bosi Are , Oke !
Oferendas - Omolokun, asoso,peixe, lele, frutas, inhame, akasà, feijão fradinho .
Kizilas - Tangerina, jenipapo, roupas vermelhas e marrons.
OBA
Titulo - Oba Eleko (guardiã da sociedade secreta Eleko)
Elemento - Luta, guerra, (agua e fogo)
Simbolo - Ada (alfange) ; Ofa (arco e flecha);Escudo.
Contas - Marrom escuro ou amarela e vermelha.
Saudação - Oba Si ! (Rainha que descobre ! )
Kizila - Taioba e peixe.
IYEWA
Elemento - a visão, os astros, (agua e ar)
Simbolos - Ofa (arco e flecha),Kalaba (cabaça, enfeitada com palha da costa, que quando
agitada imita o som de uma cascavel); Ada (alafange)
Contas - vermelha cristal e fosca alternadas ou amarela rajada de vermelho.
Oferendas - Feijao fradinho , milho, egbo (canjica branca) ,lele, banana da terra.
Kizilas – Galinha
OYA/YÁNSÀ
Titulo – Oya mesan Orun ( Mãe dos nove céus)
Elemento - Ar
Simbolos - Eruexim (espécie de abanador confeccionado com a crina de búfalo ou boi)
Contas – Marrom
Oferendas - Akarajé , ekuru, abará, akasá.
Kizilas – Abobora
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YEMOJA
Titulo - Odo iya (Mãe dos rios); Ayaba (rainha); Olomu( Senhora dos grandes seios)
Elemento - agua
Simbolo - Abebe (leque) ; Ada (alafange)
Contas - transparentes, branca,verde ou azul claro
Saudação - Odo fe'yaba , ou Eru iya ! (As aguas amam sua rainha )
Oferendas - akasa, milho branco, arroz, peixe,camarao, coco.
Kizilas - mariscos, peixe de couro, cachorro, melancia.
SANGO
Titulo - Oba Jakuta ( o lançador de pedras); Alado (o que racha o pilão ); Oba Koso (rei da
cidade de Koso, expressão que diz que ele não se enforcou ).
Elemento – Fogo
Simbolos - Ose ( machado de laminas duplas ) ; Edun Aara (pedra de raio); Odo
(pilao);Sere( chocalho que ao ser agitado lembra o som da chuva caindo).
Contas - Marrom e branca , vermelha e branca
Saudação - Kawoo kabiyesi ou Kawoo kabiesilé (Salve vossa majestade, que o Rei tenha
longa vida ).
Oferendas - Amala , akarà , ajabo,
OSAALA
Titulo - Alaabalaase (o que tem o poder de criar com autonomia) ; Alamo(n)rere (o perfeito
escultor)
Elemento - Estanho, (ar e agua)
Símbolo - Opa Soro (cajado em metal branco com adornos, encimado com a pomba que
foi encarregada de espalhar a terra na criação do mundo, representando a honra e a
autoridade) ; Abebe (leque) ; Ala (tecido branco) representação da pureza ética .
Contas - Brancas e Segi.
Saudação - E se e Baba!; Epa Baba !
Oferendas - egbo (canjica branca), arroz akasa, ori, inhame, ekuru
Kizilas - dendê, sal, café, roupas escuras.
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ITAN (LENDAS)
Certa vez, dois amigos de infância, que jamais descutiam, esqueceram-se de fazer-lhe as
oferendas devidas para Esù. Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram
vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. Esù, zangado pela negligência dos dois
amigos, decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira:
Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho
dolado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e ,
muito educadamente, cumprimentou-os: "Bom trabalho, meus amigos !"
Estes, gentilmente, responderam-lhe: "Bom passeio, nobre estrangeiro!"
Assim que Esù afastou-se, o homem que trabalhava no campo da direita, falou para o seu
companheiro: "Quem pode ser este personagem de boné branco?" "Seu chapeu era vermelho",
respondeu o homem do campo a esquerda. "Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o
mais belo branco que existe!" 'Ele era vermelho, de um vermelho escarlate, de fulgor
insustentável!" "Ele era branco, tratar-me de mentiroso?" "Ele era vermelho, ou pensas que sou
cego? "
Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro.
Irritados, eles agarraram-se e começaram e bater-se até matarem-se a golpes de enxada.
Esù estava vingado ! Isto não teria acontecido se as oferendas de Esù não tivessem sido
negligenciadas. Pois Esù pode ser o mais benevolente dos Òrìsàs se é tratado com consideração
e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor de Esù. É preperar-lhe um golpe mais
astuto que aqueles que ele mesmo prepara.
OGUM
Ogum e Sango nunca se reconciliaram e, vez por outra, se degladiavam nas mais
absurdas disputas. Certa vez Ogum propôs a Sango que dessem uma trégua em suas lutas, pelo
menos até a próxima lua que chegaria. Sango fez alguns gracejos ao quais Ogum revidou, mas
decidiram por uma aposta, continuando assim a disputa.
Ogum propôs que ambos fossem à praia e recolhessem o maior número de búzios que
conseguissem e quem vencesse daria ao perdedor o fruto da coleta.
Deixando Sango, Ogum seguiu para a casa de Oiá e solicitou-lhe que pedisse à Ikú (a
morte) que fosse à praia no horário em que ele havia combinado com Sango. Oiá exigiu uma
quantia em ouro, o que prontamente recebeu de Ogum. Na manhã seguinte, Ogum e Sango se
apresentaram na praia, iniciando a disputa.
Vez por outra se entreolhavam e Sango cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. O que
Sango não percebeu é que Ikú havia se aproximado dele. Sango levantou os olhos e se deparou
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com Ikú que riu de seu espanto. Sango largou sua sacola com os búzios colhidos e desesperado
se escondeu de Ikú. À noite Ogum procurou Sango mostrando seu espólio. Sango, envergonhado,
abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta".
OSÓSSI
Òrìsà da Caça e da Fartura !!!
Em tempos distantes, Odùdùwa, Obà de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu
povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em
homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo
vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, (èlèye), pousou sobre o
Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir
tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira,
portadoras do pássaro), personificando seus poderes atravez de Ìyamì Òsóróngà.
Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes. O Oba então mandou
buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as
suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi,
com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o
grande pássaro.
Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô,
Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em
vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, já com todos sem
esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma
flecha. Sua mãe Yemonjá, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para
apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, vez que três dos melhores caçadores falharam em
suas tentativas.
Yemonjá foi consultar Ifá para Òsotokànsosó. Foi consultar os Bàbálàwo. Eles disseram
que faça oferendas. Eles dizem que Yemonjá prepare ekùjébú (grão muito duro) naquele dia. Eles
dizem que tenha também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas). Eles dizem que tenha
èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira). Eles dizem que Yemonjá tenha seis kauris.
Yemonjá faz então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro
sacrificado em intenção.
Eles dizem que ofereça em uma estrada, dizem que recite o seguinte: "Que o peito da ave
receba esta oferenda". Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção
ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada por Yemonjá, recebendo
também a flecha serteira e mortal de Òsotokànsosó. Todos após tal ato, começaram a dançar e
gritar de alegria: "òsóòsì! òsóòsì!" (caçador do povo).
A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado
com honras e carrega seu título até hoje. Òsóòsì.
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OMOLÚ
Òrìsà da Continuidade da Existência !!!
Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa
data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele
mesmo dia possuiu uma de suas mulheres.
Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a
Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em
seguida.
Orunmilá usando o mel de Osun, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumare. Este,
deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria. Orunmilá disse-
lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava
Osun, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Osun
lhe fez uma proposta. Osun daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse
Obaluaiê. Olodumare aceitou a condição de Osun, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.
ÒSANYÌN
Òsanyin era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmila. Um dia ele foi à floresta a
lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo
de Òsanyin e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma
grande plantação, ordenou a Òsanyin que roçasse o mato de suas terras.
Diante de uma planta que curava dores, Òsanyin exclamava: "Esta não pode ser cortada, é
as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue,
não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não,
porque refresca o corpo". E assim por diante.
Orunmilá, que era um babalao muito procurado por doentes, interessou-se então pelo
poder curativo das plantas e ordenou que Òsanyin ficasse junto dele nos momentos de consulta,
que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Òsanyin ajudava
Orunmilá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.
SANGO
Sango, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando
fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus
atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era
por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Sango na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à
porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com
eles. Ao sair, Sango percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e
acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando
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consigo seu animal, o que deixou Sango ainda mais colérico. Sango alcançou os dois velhos e ao
tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Odudua.
Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Sango
desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá. Sango tinha consigo seu colar de
contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é
para que toda a terra saiba que você é meu filho".
Daquele dia em diante Sango submeteu-se às ordens do velho rei.
OSUN
Òrìsà do Amor, Mágia e da Beleza !
Osun era filha de Orunmilá. Um dia casou-se com Sango, indo viver em seu palácio. Logo
Sango percebeu o desinteresse de Osun pelos afazeres domésticos, pois a rainha vivia
preocupada com suas jóias e caprichos.
Aborrecido, Sango mandou prendê-la numa torre, sentindo-se livre novamente. Esú, vendo
a situação de Osun correu e contou a seu pai Orunmilá que, fazendo deste seu mensageiro,
entregou-lhe um pó mágico que deveria ser soprado sobre Osun. Esú, que se transforma no que
quer, chegou ao alto da torre e soprou o pó sobre Osun que, no mesmo instante, transformou-se
num lindo pombo chamado Adabá, ganhando a liberdade e voltando à casa paterna.
LOGUN EDÉ
O Òrìsà da Magia e da Boa Sorte.
Logun-Edé era filho de Osun e Osóssi. Sem poder viver no palácio de Osun, foi criado por
Oiá na beira do rio. Osóssi seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver com o filho,
sumindo por longo tempo em suas caçadas. Logun, afeiçoado pela mãe, vez por outra ia ao
palácio de Sango, onde Osun vivia. Logun vestia-se de mulher pois Sango era ciumento e não
permitia a entrada de homens em sua morada. Assim, Logun passava dias e dias vestido de
mulher mas na companhia de sua mãe e das outras rainhas.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orisás compareceram com seus
melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos.
Foi então que vestiu-se com as roupas que Osun lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à
grande recepção. Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logun-Edé, e
perguntavam: "Quem é esta formosura tão parecida com Osun?". Ifá, muito curioso, chegou perto
do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto. Logun-Edé ficou desesperado e saiu da festa
correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa.
Entrou na floresta correndo e foi avistado por Osóssi que o seguiu, sem reconhecê-lo,
encantado com sua beleza. Logun-Edé, de tanto correr fugindo à perseguição do caçador, caiu
cansado. Osóssi então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.
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YANSA
Embora tenha sido esposa de Sangô , Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários
Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, Logun-Edé e tentou
em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu
vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer
igualmente tudo.
Em Irê , terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da
espada e ganhou deste o direito de usá-la.Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan
.Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de
usá-lo.Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú.Com ele aprendeu os mistérios do fogo e
da magia.
No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e
se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú. Seduziu Logun-Odé, e
com ele aprendeu a pescar. Foi para o Reino de Obaluaê pois queria descobrir seus mistérios e
conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que
Oya queria e ela respondeu : -"queria ser sua amiga".
Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem
emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas
aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: -"Aprendi muito com os outros
Reis, mas só me falta aprender algo contigo." - "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a
tratar dos Mortos". Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como
conviver com os Eguns e a controlá-los.
Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e
aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do
que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com
ela os poderes do raio e deu à ela seu coração .O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que
queima. Ela é o Orisá do Fogo.
OBÁ
Obá escolheu a guerra para dar alegria à sua vida. Enfrentava a tudo e a todos, vencendo
sempre.
Um dia Obá desafiou Ogum, que era um valente guerreiro. O ardiloso Ogum, que sabia da
bravura de Obá, foi procurar os adivinhos para que o aconselhassem sobre a melhor maneira de
vencer a guerreira. Foi-lhe recomendado oferecer uma gamela contendo espigas de milho e
quiabos, tudo bem pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia. Ogum preparou a
oferenda, colocando-a num canto do lugar onde lutariam.
Obá chegou altaneira e em tom desafiador começou a dominar a luta. Lá pelas tantas
Ogum levou-a até onde estava a oferenda e Obá, desajeitada, caiu sobre a oferenda
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escorregando sem parar. Na queda, Ogum aproveitou e possuiu Obá ali mesmo, tornando-se seu
primeiro homem. Tempos depois Sango roubou Obá de Ogum.
NANÃ
Nanã era considerada como a grande justiceira. Qualquer problema que ocorria em seu
reino, os habitantes a procuravam para ser a juíza das causas. No entanto, Nanã era conhecida
como aquela que sempre castigava mais os homens, perdoando as mulheres.
Nanã possuía um jardim em seu palácio onde havia um quarto para o eguns, que eram
comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, Nanã mandava prendê-lo
chamando os eguns para assustá-lo, libertando o faltoso em seguida.
Osalufã sabedor das atitudes da velha Nanã resolveu visitá-la. Chegou a seu palácio
faminto e pediu a Nanã que lhe preparasse um suco com igbins. Oxalufã muito sabido fez Nanã
beber dele, acalmando-a e a cada dia que passava ela gostava mais do velho rei.
Pouco a pouco Nanã foi cedendo aos pedidos do velho, até que um dia levou-o a seu
jardim secreto, mostrando-lhe como controlava os eguns. Na ausência de Nanã, Oxalufã vestiu-se
de mulher e foi ter com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia, ordenando-lhes
que deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia na casa da rainha.
Em seu retorno Nanã tomou conhecimento do fato ficando zangada com o velho rei. Foi
então que rogou uma praga no velho rei que partir dali nunca mais usaria vestes masculinas. Por
isso até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida e cobre o rosto como as deusas rainhas.
YEMONJÁ
Olodumare fez o mundo e repartiu entre os orisás vários poderes, dando a cada um reino
para cuidar. A Esú deu o poder da comunicação e a posse das encruzilhadas. A Ogum o poder de
forjar os utensílios para agricultura e o domínio de todos os caminhos. A Osóssi o poder sobre a
caça e a fartura.
A Obaluaê o poder de controlar as doenças de pele. Osunarê seria o arco-íris, embelezaria
a terra e comandaria a chuva, trazendo sorte aos agricultores. Sango recebeu o poder da justiça e
sobre os trovões. Oiá reinaria sobre os mortos e teria poder sobre os raios. Euá controlaria a
subida dos mortos para o orun, bem como reinaria sobre os cemitérios. Osun seria a divindade da
beleza, da fertilidade das mulheres e de todas as riquezas materiais da terra, bem como teria o
poder de reinar sobre os sentimentos de amor e ódio.
Nanã recebeu a dádiva, por sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais velhos,
além de ser o final de todos os mortais; nas profundezas de sua terra, os corpos dos mortos
seriam recebidos. Além disso do seu reino sairia a lama da qual Osalá modelaria os mortais, pois
Odudua já havia criado o mundo. Todo o processo de criação terminou com o poder de Osogyian
que inventou a cultura material.
Para Yemonjá, Olodumare destinou os cuidados da casa de Osalá, assim como a criação
dos filhos e de todos os afazeres domésticos. Yemonjá trabalhava e reclamava de sua condição
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de menos favorecida, afinal, todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela,
vivia como escrava. Durante muito tempo Yemonjá reclamou dessa condição e tanto falou, nos
ouvidos de Osalá, que este enlouqueceu. O ori (cabeça) de Osalá não suportou os reclamos de
Yemonjá.
Osalá ficou enfermo, Yemonjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em poucos
dias, utilizando-se de ori (banha vegetal), de omi-tutu (água fresca), de obi (fruta conhecida como
nóz-de-cola), eyelé-funfun (pombos brancos) e esò (frutas) deliciosas e doces, curou Osalá.
Osalá agradecido foi a Olodumare pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de cuidar de todas
as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada quando se faz o bori (ritual
propiciatório à cabeça) e demais ritos à cabeça.
EWÁ
Havia uma mulher que tinha dois filhos, aos quais amava mais do que tudo. Levando as
crianças, ela ia todos os dias à floresta em busca de lenha, lenha que ela recolhia e vendia no
mercado para sustentar os filhos. Ewá, seu nome era Ewá e esse era seu trabalho, ia ao bosque
com seus filhos todo dia.
Uma vez, os três estavam no bosque entretidos quando Ewá percebeu que se perdera. Por
mais que procurasse se orientar, não pôde Ewá achar o caminho de volta. Mais e mais foram os
três se embrenhando na floresta. As duas crianças começaram a reclamar de fome, de sede e de
cansaço. Quanto mais andavam, maior era a sede, maior a fome.
As crianças já não podiam andar e clamavam à mãe por água. Ewá procurava e não
achava nenhuma fonte, nenhum riacho, nenhuma poça d’água. Os filhos já morriam de sede e
Ewá se desesperava.
Ewá implorou aos deuses, pediu a Olodumare. Ela deitou-se junto aos filhos moribundos e,
ali onde se encontrava, Ewá transformou-se numa nascente d’água. Jorrou da fonte água
cristalina e fresca e as crianças beberam dela.
E a água matou a sede das crianças. E os filhos de Ewá sobreviveram. Mataram a sede
com a água de Ewá. A fonte continuou jorrando e as águas se juntaram e formaram uma lagoa. A
lagoa extravasou e as águas mais adiante originaram um novo rio. Era o rio Ewá, o Odô Ewá.
OSUMÀRÈ
Òrìsà do Arco-Irís !!!
Òsùmàrè, filho de Nanã, nasceu com o destino de ser seis meses um monstro com esse
nome, e seis meses uma linda mulher chamada Bessem. Aos poucos Bessem revoltou-se com
sua mãe Nanã, pois não conseguia ter um amor que durasse por muito tempo. Seu companheiro
sempre desaparecia quando ela se transformava em monstro.
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Um dia Òsùmàrè encontrou Esú e este, como sempre apreciou criar discórdias, semeou
um conflito entre o deus do arco-íris e a velha Nanã, aconselhando Osunmaré a tomar a coroa do
reino de jeje, que pertencia a Nanã.
Òsùmàrè foi ao palácio de Nanã aterrorizando a todos. Nanã suplicou-lhe que não matasse
ninguém, tentando dissuadir o filho de seu intento. No entanto acabou entregando-lhe sua coroa
de rainha. Desde então Òsùmàrè reina sobre os jejes, no entanto continua sendo um monstro
chamado Osunmaré e uma linda mulher chamada Bessem.
OSALÁ
Osalá foi consultar os adivinhos para saber como conduzir melhor sua vida. Os velhos
aconselharam-no a oferecer aos outros deuses uma cabaça grande cheia de sal e um pedaço de
pano, para não passar vergonha na terra. Osalá como era muito teimoso, deu de ombros aos
conselhos e foi dormir sem cumprir o recomendado.
Durante a noite, Esú entrou em sua casa trazendo uma cabaça cheia da sal, amarrando-a
às costas de Osalá, que jazia em profundo sono. Na manhã seguinte, Osalá despertou corcunda e
desde então tornou-se o protetor dos corcundas, albinos, aleijados e lhe foi proibido o consumo de
sal.
Os Sacrifícios
O Fiel trazia sua oferta (um animal sem defeito físico tirado da própria manada ou rebanho
ou, no caso do povo pobre, rolas ou pombos) até o pátio diante do tabernáculo. Colocava a mão
sobre ele para significar que o animal o representava e depois o imolava (sacrificava). Se o
sacrifício era público o Sacerdote era quem realizava essa operação.
O Sacerdote tomava a bacia com o sangue e com ele espargia o altar, queimando a seguir
algumas partes específicas do animal que continham determinadas porções de gordura. O que
restava era consumido pelos Sacerdotes e suas famílias ou ainda pelo Sacerdote junto com os
ofertantes. Os sacrifícios exprimiam a gratidão do indivíduo pela bondade de Deus, ou eram
simplesmente manifestações espontâneas de devoção e homenagem.
O sacrifício pelo pecado e o sacrifício da reparação (Levítico 4-5, 26) referem-se às
transgressões contra a lei de Deus ou situação em que foi cometida uma falta contra o próximo,
porém ambos demonstram a exigência de enfrentar o pecado pelo uso do sangue. O Sacerdote
como representante de Deus tinha a função de declarar se o fiel e sua oferta eram aceitos ou
rejeitados por Deus.
A prática do sacrifício animal remonta ao início das relações entre Deus e os homens
(Gênesis 4,4) e no Novo Testamento explica a morte de Jesus (Hebreus 9,11). O Levítico 17,11
diz que o sacrifício é algo dado por Deus ao Homem. A pessoa que leva a oferta apodera-se da
vida do sangue animal sacrificado e pode doá-la a Deus, injetando nova vida nas suas relações
com Deus.
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Por que devemos ficar aqui citando longamente as Escrituras Sagradas Judaicas e Cristãs
se nosso objetivo é a Religião dos Òrìsà? Este é um pequeno espaço para a dignificação da
Religião dos Òrìsà, tão agredida pelas Doutrinas Cristãs, principalmente pelas Protestantes.
Então, cabe-nos o direito de mostrar quão hipócritas são aqueles que nos agridem e nos repudiam
com bases em seus Livros Sagrados, que mostram largamente a pratica de ritos idênticos aos
nossos e com a mesma simbologia.
Então dirão os Umbandistas assim como os Cristãos:
Nós abolimos esses ritos! E respondemos à altura:
A Religião dos Òrìsà é extremamente tradicionalista e não muda sua liturgia com fins
hipócritas, somente para agradar a visão leiga dos fiéis na tentativa de obter fins lucrativos. O que
era feito há 6000 anos é mantido até hoje por nós, mas não com uma conotação diabólica como
desejam nos impor usando uma mídia já desgastada. Hoje o Homem é culto, busca informar-se e
encontra a verdade relativa ao nosso mundo religioso.
Òrìsà nunca esteve envolto ao mundo da Magia Negra, ao baixo astral, ao Satanismo ou
muito menos ligado a demônios somente porque realizamos em nossos ritos o sacrifício animal.
Nós pregamos os ensinamentos dos Òrìsà que são puros em sua essência, não ficamos pregando
mais os atos dos demônios do que a palavra de Deus tirada de livros sagrados de autoria
duvidosa.
Nossa doutrina religiosa foi mantida pela boa vontade do Homem fiel e temente a Deus,
mantendo todos os nossos conhecimentos na memória e transmitindo-os pela oralidade. Não
temos livros sagrados adaptados a cada momento da história em decorrência das necessidades
das instituições religiosas. Não expulsamos demônios em forma de "teatro" para enganar pobres
coitados crédulos dizimistas que acreditam nas encenações de atores bem pagos para se
contorcerem em público ou darem testemunhos suspeitos, sempre idênticos, sem provas. Não
"amarramos" espíritos ruins em nome de Deus.
O que desejamos é somente poder expor que nossa Religião, a Religião dos Òrìsà, tem
como objetivo Re-ligar o Homem a Deus através da manutenção de ritos tradicionalistas; através
de uma hierarquia rígida mantida entre os seguidores e Iniciados; através da exigência de uma
conduta honrada e moral dentro das verdadeiras Ègbé (Sociedades).
Desejamos mostrar com clareza que nossos verdadeiros Sacerdotes são homens sábios,
estudiosos e perseverantes na sua religiosidade, tudo isso com base em uma filosofia mitológica
milenar. Qualquer outra versão não tem sustentação real, tratando-se de invencionismo de muitos
que pretendem impressionar ou lucrar em benefício próprio usando o nome dos Òrìsà Yorùbá. Se
fazemos sacrifícios é porque somos autorizados por Deus, conforme também era praticado em
Israel.
Não podemos esquecer que nas mesquitas, anualmente, até os nossos dias, é sacrificado
um cordeiro para Alláh. Mas ninguém gosta de agredir o Islã. E sabem muito bem o porquê! Èjè
(sangue) é vida, todos nós aprendemos isso nos templos verdadeiramente consagrados aos
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Òrìsà. Tiradas as partes sagradas dos animais que são ofertadas às Divindades, o restante é
consumido pelos ofertantes.
Não há desperdício nas Ilé Òrìsà, em respeito à natureza, conforme nos determinam as
Divindades. Os animais ofertados não podem sofrer para serem imolados, conforme nos
determina o Òrìsà Ògún Olóòbe, o Senhor da Faca. O ritual é cercado do máximo respeito
seguido de procedimentos de abstinência, onde a pureza e a limpeza espiritual e orgânica dos
presentes é exigida com rigor para que eles possam participar desse tipo de oferenda e só aos
Iniciados devidamente preparados por anos cabe exercer o ato de imolar o animal. Isso não cabe
a qualquer pessoa despreparada.
Há uma liturgia a ser seguida a risca em detalhes, onde o epo pupa (azeite de dendê), iyò
(o sal), oyin (o mel), omi (a água), otí (a aguardente), ataare (a pimenta) são rezados e
encantados recebendo pela palavra propriedades mágicas, para poderem ser ofertados às
Divindades como símbolos de doçura, progresso, prosperidade, fartura, fertilidade, alegrias e paz
afim de que essas bênçãos sejam retribuídas a todos em troca da oferta. Sem que nunca se
esqueça de ofertar para Onílè (o globo terrestre) sua parte, pois é ele quem sustenta os nossos
pés.
Esta frase metafórica Yorùbá nos ensina que é a Mãe Natureza quem nos permite mais
uma reencarnação na Àiyé (na Terra) e por isso devemos mostrar nossa gratidão a ela durante os
ritos de oferendas.
Só pode ver maldade em uma ritualistica dessa quem é mal no mais profundo de sua
essência intima, no próprio caráter ou pelo desconhecimento, acabando por julgar sem saber o
que verdadeiramente está sendo realizado num ritual em nome de Deus. Pois graças a esse
Deus, Elédùmarè, nós não fazemos apologia aos demônios, pois os desconhecemos na nossa
cultura religiosa. Para a Cultura Religiosa Yorùbá Deus não "permitiria que os Anjos Caíssem".
Quem faz mal aos homens é o próprio Homem!
A Religião dos Òrìsà não deseja ser melhor que as outras Religiões. Deseja somente ser
respeitada, assim como sabe respeitar. Desejamos somente que as pessoas possam cumprir seu
papel em mais uma passagem pela Vida no Àiyé com auxílio dos ensinamentos deixados pelos
Òrìsà. Desejamos somente crescer nas experiências de viver.
Desejamos poder aprender a conviver num mesmo espaço físico com os outros homens,
porque o nosso espírito não tem para onde evoluir já que o Homem é um deus-finito. Evoluir o
espírito do Homem seria tentar superar a Deus, pois o nosso espírito foi criado de Deus, portanto
somos partículas divinas. Já fomos criados sendo deuses. Tudo o que necessitamos já
recebemos de Deus no momento da Criação, só temos que aprender a usar o que nos foi dado
por Ele.
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AS CARACTERISTICAS DA MÚSICA E DA DANÇA
Para entender a função e o sentido simbólico da dança e da música no ritual é preciso
lembrar que o candomblé apresenta algumas das características básicas das religiões africanas.
Em primeiro lugar o fato de ser uma religião holistica. Cada aspecto da vida é ligado a um
outro numa corrente infinita onde cada parte existe em função da outra, em uma eterna procura de
harmonia e equilíbrio. Existe de fato uma ligação indissolúvel entre o cosmo, o ser, o divino que
manifesta-se na existência dos homens e, nessa ligação entre sensível e supra-sensível, a música
adquire uma importância especial porque é a vibração do orixá.
Todo o ritual esforça-se por voltar ao tempo do mito, da origem e de recriar aquele tempo,
aquela antiga harmonia. A música e a dança são utilizadas nesse sentido. Possuem algumas
características em comum que são fundamentais ao desenvolver do ritual. Tendo como base o
princípio de que o som é o resultado de uma interação dinâmica entre as vibrações que
propagam-se do tambor percutido por o alabé, o sacerdote-musico.
O som é condutor de axé, poder de realização que aparece em todo seu conteúdo
simbólico nos instrumentos musicais. Por isso os atabaques são instrumentos sagrados e
recebem todos os anos rituais apropriados, assim como são tocados só por sacerdotes especiais.
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mais solto possível; o lé produz um som seco, firme e penetrante. Toca-se com as varetas e,
segundo o toque utilizado pelo alabé, emite sons de diferentes alturas.
Os sons mais “acentuados”, o stress, conduzem os movimentos do corpo todo da filha-de-
santo na dança. Assim os dois tambores menores criam um fundo rítmico sobre o qual o rum
manda e cria variações. Existe um outro instrumento, o agogô, uma campainha de metal que é
percutido com uma vareta. É um metalofone que emite um som com um timbre agudo. No toque
de Oiá é tocado com um ritmo fortemente sincopado.
Pode-se entender melhor a função da música tomando outra vez Carpitella quando
falando da música da tarantela explica que: "....tem uma divisão entre a pulsação da seção rítmica
(organeto, pandeiro e violão) e a pulsação de fora, o off-beat do violino (para o caráter de
improvisação da parte melódica)... forma-se assim uma sobreposição entre as pulsações: um
ritmo isométrico3[21] puro acentuado e efeitos rítmicos atrasados, síncope, que junto dão origem a
uma estrutura polirítmica. (Carpitella in: De Martino, 1994: 351)
Existem dois aspectos expressos na música que refletem dois momentos típicos das
técnicas religiosas: a dilatação e a exasperação da crise que é musicalmente elaborada com
técnicas expressivas particulares como os ritmos acentuados, síncope, efeitos instrumentais,
vários tipos de percussões dos tambores, gritos), e do controle e contenção da crise que reflete-se
sobretudo no obstinado ritmo isométrico.
Talvez enquanto a poliritmia atua em função da dilatação e da exasperação da crise, o
ritmo isometrico obstinado funciona como controlador e contendor da crise. Para entender a
conexão estreita entre a música e a dança e a experiência do fiel é preciso ter em mente que são
percebidas por todos os sentidos, não só através do ouvido e do olhar, mas também através da
pele, envolvendo o fiel como um todo.
A característica polirítmica da música existe também na dança. Cada parte do corpo segue
um padrão de movimento, como se correspondesse a um ritmo, a um "time-line" específico. A
base dos movimentos, a parte isométrica, é dada pelo movimento dos pés ligados à cabeça via
coluna vertebral. Outra característica da dança, em estreita conexão com os ritmos é o
policentrismo, ou seja o fato do que o movimento tem que sair do interior e propagar-se para o
exterior. No corpo humano não existe um só centro de pulsão energética, mas muitos.
Os principais são a bacia, os pés e um ponto no fundo do pescoço que manda nos
movimentos dos ombros, segundo os informantes. A dança sagrada não é puro deslocamento no
espaço, mas o corpo se movimentando, ocupa uma estrutura espacial, cria um espaço pessoal.
As filhas-de-santo movimentam-se em todas as direções, cada uma na sua estrutura espaço-
temporal, seguindo a reciclagem da frase-musical. Outra característica é a forma do círculo. As
danças desenvolvem-se em círculo e na direção anti-horária.
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O circulo sagrado lembra o tempo-espaço do mito que segundo as lendas remete à antiga
divindade da terra. A repetição do movimento é percebida como uma criação de algo de novo,
cada movimento dá origem a divindade e dá a possibilidade de voltar no tempo e no espaço da
começo.
Nas danças do candomblé os pés estão em contato contínuo com a terra para absorver as
suas energias e, simbolicamente, percutindo-a ao longo da dança, o fiel é obrigado ao encontro
com “esse mundo”, aquele no qual vivemos e estamos presente no aqui e agora; não é como na
dança clássica onde a performance advém sobre as pontas do pés simbolizando a procura de um
“outro mundo” e ou a rejeição deste.
O corpo em movimento assume um significado simbólico, segundo os níveis de
verticalidade, alto-médio-baixo. O nível alto relaciona a pessoa com o elemento ar; o nível baixo
relaciona o corpo com a energia da terra, que, segundo Oliveira (1994): “tem que dar o apoio
necessário para sustentar-se”; o nível médio inter-relaciona os outros dois. O corpo movimenta-se
também na horizontal, ampliando os movimentos semelhante a uma bola hipotética, como nas
danças de Iemanjá, ou desenhando com os braços, uma forma redonda, como nas de
“afastamento” de Oiá-Iansã.
Assim as danças podem desenvolver-se tanto ampliando os movimentos, quanto subindo e
descendo ao longo de uma linha imaginária, como na dança das ondas de Iemanjá. Nas danças
sagradas tudo tem um sentido e um significado. Assim, os orixás jovens pulam dançando, e
interrompem os movimentos com paradas repentinas e nervosas, como Oiá-Iansã ou Ogum,
demonstrando mais energia, enquanto os orixás mais velhos dançam com mais calma e com
movimentos mais contínuos, como Oxalá ou Nanã Buruku.
Os orixás guerreiros dançam com uma postura mais ereta, com pulos nos momentos mais
dramáticos e alcançando com o corpo mais espaço, seja na linha vertical seja na horizontal,
enquanto as divindades velhas dançam curvadas na direção do chão. É o caso de Omolu ou de
Nanã Buruku, cuja gestualidade expressa sua ligação com os ancestrais e com o retorno à terra,
aiê , ao orum, o não conhecível.
Em geral todas as danças dos orixás possuem as seguintes características:
- a importância do grupo que fortifica a ligação entre os fiéis e oferece a possibilidade de
ver a própria imagem refletida como num espelho, dançando os mesmos passos com os irmãos-
de-santo e a possibilidade de individualizar-se no transe, dançando por si e para os outros a
própria identidade rítmica;
-a relação com o elemento terra, a mãe terra que alimenta e que é a base dos homens,
sendo o lugar dos ancestrais;
-a importância do ritmo que como explica Belinga (1994) é o próprio “verbo” e tem assim a
função de chamar e de organizar a desordem, o momento da crise seja a nível macrocósmico,
seja a nível microcósmico;
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-a simplicidade dos movimentos que podem ser repetidos ciclicamente e que ajudam o fiel
a si concentrar sobre si mesmo para permitir a descida da divindade e a sua fixação no corpo;
-a oferta de uma simbologia dançada, cantada, tocada que permite à iniciada dar uma
resposta ao não-senso do sofrimento traduzindo a dor na linguagem do mito.
No ritual, a dança não pode existir sem a música e vice-versa, porque um é para o outro
um “call and response” a nível energético. O rum, o tambor mestre, na dança do transe, dialoga
com o orixá, a filha-de-santo possuida. O time-line não é fixo, mas segue a dança e a dança
segue os mandamentos do tambor.
Na dança e na realização da música a idéia fundamental é de estar em harmonia consigo
mesmo e com o resto do grupo, tendo a comunidade uma maior possibilidade de sobrevivência
quando todos os fiéis participam. Sendo a música tão importante, assim são os sacerdotes-
músicos, os alabés que aprendem o repertório ao longo do tempo. São eles que podem chamar a
comunidade e sobretudo os orixás a descer na festa, são eles que ajudam os fiéis a cair no santo
acelerando os ritmos, e que encerram a festa com um toque especial.
A dança sobretudo na primeira parte do ritual, no xirê, é um tipo de meditação dinâmica e
por isso dança-se “pequeneninho”, com a função de se concentrar.
Os toques dos orixás poderiam ser comparados a um mantra que ajuda a se focalizar no
próprio eixo. A percussão dos pés, a repetição dos mesmos movimentos sustentados pelos
ritmos dos tambores, obriga o corpo a se centrar e a seguir o ritmo que do exterior liga-se
aointerior, parando o fluxo do pensamento cotidiano e obrigando o fiel a se relacionar com o
interior, por isso na dança os olhos estão fechados a simbolizar que o olhar é voltado para o
interior.
Conforme já observado através da dança e da música pretende-se parar o fluxo do tempo
para poder voltar ao momento do mito, onde tudo começou e onde pode-se agir com a ajuda da
magia para poder reequilibrar as energias, como era no começo e sempre será. O ritual todo é
um esforço para voltar ao “começo”.
O tempo é o tempo circular do mito que começa e acaba no mesmo ponto, ciclicamente e
ritmicamente seguindo os ritmos da natureza, dia-noite, sol-lua, estações, etc. O tempo, nesse
sentido é movimento, é a materialização do movimento, como diz Duplan (1987): "para marcar o
tempo, temos que agir, batendo sobre um tambor com a mão ou sobre o chão com os pés.
Criando o tempo, criamos o movimento."
O espaço sagrado é o “campo” do culto, o lugar no qual o caos transforma-se em cosmo,
tornando possível a vida humana, por isso é polissêmico. Existem dois espaços, um interior, o
próprio corpo da filha-de-santo, receptáculo do sagrado, sagrado ele mesmo, e um externo o
barracão. Esses dois lugares são o teatro da transformação ritual.
Neles o fiel deixa o mundo cotidiano e alcança o encontro tão assustador, mas tão
desejado, com o divino. É só no espaço sagrado continente que ele pode voltar à totalidade e
comunicar-se com a divindade.
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A dança desenha não só o percurso do corpo no espaço para chegar ao divino, mas
também percorre a planta arquitetônica do templo, desenhando o caminho para alcançar o
sagrado. O espaço sagrado, o barracão, durante a dança, é preenchido com os corpos em
movimento que expressam as várias possibilidades no espaço do divino e a liberdade do homem
em se movimentar para todas as direções. A divindade e o homem podem utilizar uma estrada
curvilínea ou um caminho que prevê varias mudanças de direções.
Candomblé é Cozinha
Dentro do universo do Candomblé, a cozinha merece uma atenção especial, por ser um
dos espaços onde se passa e se constitui o sagrado. Tudo nela remete a esta dimensão. Assim, "
A cozinha de santo " aparece sempre como algo distinto, separado da cozinha do dia a dia.
Separada na sua grande maioria, não por limites externos, mas internos que são representados
por mudanças de atitude, ações, formas de uso, etc.
Em muitos terreiros de Candomblé, o local onde são preparadas as comidas dos Orisa é o
mesmo onde são feitas as comidas do dia a dia. Esta separação, todavia é realizada de forma
bastante visível e determinada. Muitas vezes se reserva para as comidas de santo um fogão
especial que pode ser de lenha ou industrial, enquanto a outra permanece num fogão menor.
Comum é se trocar de horários. É muito difícil se mexer com as panelas dos Orisa ao lado de
outras panelas, bem como misturar os utensílios destas duas cozinhas.
" Cozinha do santo" é, assim, mais que um lugar determinado que, em terreiros de
estrutura maior, os mais antigos, se tem para preparar somente os pratos dos Orisa e, sim, um
espaço criado e redefinido a cada momento, no terreiro, através da separação dos objetos,
utensílios e mudanças de comportamento. Tudo participa do sagrado: o espaço em si, as panelas,
travessas, pratos, bacias, cestos, peneiras, colheres de pau, ralos, o pilão, as frigideiras, formas
de assar e sobretudo as pessoas que nele transitam.
A cozinha é cheia de interdições como: não conversar mais que o necessário, não falar
alto, gritar, cantar ou dançar músicas que não sejam do santo; não entrar pessoas que não sejam
iniciadas-dependendo do que se estiver fazendo, somente um número muito restrito-não admitir
que mulheres menstruadas permaneçam nela, etc. Neste espaço sacralizado, tudo vai ganhando
significado: a bacia que cai, o garfo, a faca, a colher, o óleo que faz fumaçar o fogo, etc.
Na cozinha se aprende além do "ponto" certo de determinado prato, que não se dá as
costas para o fogo, não se joga sal no chão, não se mexe comida de Orisa com colher que não
seja de pau, que a comida mexida por duas pessoas desanda, que não se joga água no fogo e
que muitas pessoas por terem o sangue ruim fazem a comida desandar. Ou que a presença de
pessoas de um determinado Orisa faz com que uma certa comida não dê certo, como por
exemplo: em cozinha onde se tem gente de Sango o milho de pipoca queima antes de estourar.
Pela cozinha, entram as pessoas de maior prestígio na Religião e é nela própria que, em
certas ocasiões, muito antes mesmo de se chegar no quarto do Orisa, que este é consultado a fim
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de se saber se a comida foi bem preparada ou não. Embora marcada por vários limites, a cozinha
é mesmo escola mestra, local onde se aprende as lições mais antigas, através do exercício longo
e paciente da observação. Local onde permanecem por maior período de tempo os iniciados, seja
varrendo, lavando, limpando, guardando, acendendo ou mantendo o fogo, cozinhando, com olhos
e ouvidos atentos a tudo que se passa nela.
Daí entende-se o dizer corrente: Candomblé mesmo é cozinha!!!" Talvez por ser ela mais
que um local de transformação e sim de passagem e transmissão de conhecimento, por onde
transita algo essencial que ultrapassa os limites das oposições por situar-se no mais intimo e
profundo ser do homem: o comer.
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presente, experiências longínquas de reinos, civilizações, histórias de grupos, somadas a tantas
outras.
A comida de Orisa é, assim, uma "comida brasileira" em que tantos motivos afros se fazem
presentes. Ao mesmo tempo, é uma "comida africana" onde inúmeras experiências do Novo
Mundo foram acrescentadas à ela. Na cozinha dos Orisa, ao lado das continuações, temos
recriações e invenções feitas a todo momento.
O que faz a comida de Orisa é um ritual profundamente complexo, elaborado e articulado
segundo códigos e princípios, alguns deles de "porque" perdido no tempo. Daí entender-se, mais
uma vez, a frase que diz: " Tem gente que pensa que é só comida."
Observações: Iyawos e Abiyan NUNCA comem sentados à mesa com seu Pai/Mãe de
Santo. Compre sentados em esteiras e ao montarem seus pratos SEMPRE pedir a benção ao
alimento ao seus mais velhos e também ao Egbe (comunidade)
Almoço/Jantar: Abaixar, apresentar o prato e dizer: Ajeun?
Lanches: Gba mi re?
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Quizilas e preceitos
A quizila é uma forma de reação negativa que atinge as pessoas, quer seja fisicamente,
causando algum mal estar, ou, na vida pessoal gerando algum "atrapalho" ou perda; e, acontece
quando comemos ou fazemos algo que não devemos; todos os orixás tem suas quizilas, e como
filhos devemos respeitá-las, por exemplo: não devemos comer determinadas comidas, que são
oferecidas aos orixás, pelo fato que, quando oferecemos à eles esta comida, eles "transformam"
as energias daquela comida, em energia positiva para nós, das quais estamos precisando
constantemente, portanto é comida do orixá, não nossa.
A quizila, em alguns casos, é como se fosse uma "alergia" natural, que comemos alguma
coisa, e imediatamente temos uma reação alérgica, porém a mais perigosa é aquela que não
sentimos de imediato alguma reação, o que erradamente leva alguns filhos de santo, usarem, um
sistema, Ah! Eu comi, não fez mal, não terá problema, aí é que se enganam, pois a reação virá
quando menos esperam, atingindo de alguma outra forma.
Os iniciados sabem o que devem respeitar, se não o fazem é por serem descomprendidos,
evidente que há casos de desconhecimento, por uma má iniciação, e muito mais valor terá, se
gostarmos daquilo que não podemos, pois é muito fácil se evitar, o que não gostamos. As
proibições mais comuns, são com relação a determinadas comidas, temperos, folhas, bebidas,
cores..
Hierarquia Sacerdotal – Competências
Babalorixá ou Iyalorixá
É o cargo mais alto dentro de uma Casa de Santo ou Ilê. É o Zelador ou Zeladora, aquele
que cuida dos Orisa, que inicia os noviços, suspende e confirma Ogans, apresenta e confirma
Ekedis, Olossães, Axoguns, etc. O Babalorixá ou Iyalorixá é o ponto de equilíbrio, a cabeça de
uma Casa. O Zelador ou Zeladora trabalha como uma espécie de guia e mentor espiritual,
aconselhando, discutindo, desenvolvendo métodos para o melhor andamento da Casa.
É dele ou dela a palavra final sobre tudo o que será realizado, pois é o Zelador
(Babalorixá) ou Zeladora (Iyalorixá), aquele que está mais próximo do Orixá regente da casa.
Todos os filhos, Ogans, Ekedis; Axoguns, etc., voltam-se para ele, pois os Orisa da cabeça
destes, servem ao Orixá regente da Casa, numa situação de humildade que deve ser
acompanhada pelos demais, facto que nem sempre acontece, pois existem aqueles que deixam a
importância dos seus cargos subir-lhes à cabeça, extrapolando a sua autoridade. O Babalorixá ou
Iyalorixá é o ponto de equilíbrio, pois ele ou ela é o formador dos demais cargos existentes no
culto. O tempo exacto para que alguém assuma o cargo de Babalorixá ou Iyalorixá é de sete anos
de iniciado, pois antes disso a pessoa não se encontra capacitada para iniciar outras pessoas no
Culto. É o único cargo onde o tempo devido deve ser respeitado, para que haja harmonia.
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Babá-Kekerê ou Iyá-Kekerê
Significa Pai-Pequeno ou Mãe-Pequena. São os segundos dentro da hierarquia de uma
Casa de Santo. São os substitutos eventuais do Babalorixá ou Iyalorixá. Eles têm a função de
orientar, educar, mostrar o melhor caminho aos filhos da Casa. São os supervisores gerais do
bom funcionamento e cabe a eles, em primeira instância, inspecionar a conduta, higiene e
necessidades dos filhos-de-santo.
É o Pai, ou a Mãe-Pequena que assume, caso o Zelador ou Zeladora esteja fora ou
incorporado com o Orixá. Neste caso exercem a mesma função do Zelador ou Zeladora,
procurando manter bem equilibrado o Axé. Cabe também a eles a manutenção da Casa, para que
não haja falhas no sistema. A sua função é da mais alta importância, pois na condição de
substituto direto, é quem recebe todas as cargas e distúrbios que porventura aconteçam. Para
exercer o cargo de Babá-Kekerê ou Iyá-Kekerê é preciso que a pessoa seja feita (iniciada dentro
do Santo) e que tenha um mínimo de sete anos de feito, pois neste cargo exige-se experiência e
muita tranqüilidade, humildade, entendimento e resignação, além de sabedoria, competência e
calma.
Ogan
Não pode ser considerado, tão-somente, o tocador de atabaque. O Ogan é uma figura
importante dentro de uma Casa de Santo, pois ele atua como uma espécie de fiscal, ajudando na
coordenação dos rituais. É da competência do Ogan a manutenção e preparação dos couros para
os atabaques; coordenar os toques, entoando as cantigas dentro das seqüências corretas.
É também função do Ogan – juntamente com o Babalorixá ou Iyalorixá – entoar as rezas
feitas nas obrigações e demais rituais. O Ogan principal é o Alabê, uma espécie de chefe dos
Ogans, que coordena, trabalha e atua na boa conduta dos demais tocadores.
O Ogan passa por dois estágios: o período de suspensão, quando ele é indicado pelo
Santo da Casa, e o da confirmação, quando ele passa pelas obrigações de Roncó.
Ekedi
A Ekedi em seu papel de Mãe exerce a função de Dama de Honra do Orixá regente da
Casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar das roupas e apetrechos do Orixá da
Casa, além dos demais Orisa, dos filhos e até mesmo dos visitantes.
É uma espécie de “noiva” que atua sempre ao lado do Orixá e que também cuida dos
objetos pessoais do Babalorixá ou Iyalorixá. O cargo de Ekedi é muito importante, pois será ela a
condutora dos Orisa incorporados no Egbé (barracão ou sala de festividades) e dela é a
responsabilidade de recolhê-los e “desvirá-los”, observando as condições físicas daqueles que
“desviraram”. O procedimento para se tornar Ekedi é o seguinte: primeiramente ela é apresentada
– não suspensa, como o Ogan – e logo depois será confirmada, com as obrigações de Roncó.
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Olossayin ou Babalossayin
É outro cargo da maior importância dentro do Axé, pois cabe a ele – e digo “ele” pois trata-
se de um cargo estritamente masculino – o recolhimento e escolha das ervas que vão entrar nos
rituais. O Babalossayin é quem procura, reza, cata e macera as ervas, num ritual de grande
importância, pois sem folhas nada pode ser feito dentro de uma Casa de Santo.
Axogun
Cargo masculino. É aquele que cuida dos animais a serem sacrificados para os Orisa e
aquele que os sacrifica. É ele que vai cuidar da alimentação dos animais, do seu banho (ossé)
antes das matanças.
Cabe a ele também abrir os bichos já sacrificados e separar os Axés (miúdos), além de
tratar do couro e passá-los para os Ogans. Para se chegar ao cargo de Axogun é preciso ter
aquilo a que se chama “Mão de Faca”, que é a autoridade para fazer os sacrifícios animais. Diga-
se de passagem, os Ogans também atuam como Axoguns, desde que tenham a “Mão de Faca”.
Yabassé
Cargo feminino. É aquela que cuida, separa ingredientes e executa a comida do Santo.
Chamada a cozinheira do Axé, é dela a obrigação de ver aquilo que o Santo mais gosta e
executar os trabalhos de cozinha. A Yabassé faz também a comida que será oferecida aos
visitantes nos dias de festa na Casa. Para exercer esse cargo é preciso que a mulher seja iniciada
no Santo e receba a autorização do Pai ou Mãe-de-Santo para ser a cozinheira oficial dos Orisa.
Dagã
Cargo feminino. É aquela que vai cuidar da casa de Exú. Está sempre presente na
cerimónia do Padê (que é a reunião para despachar Exú, ou seja, levá-lo para fora para que tome
conta dos trabalhos). É a Dagã que vai tratar dos Exús da Casa, mantendo sempre tudo limpo,
aceso e abastecido com os ingredientes da preferência de Exú, tais como o oti (cachaça), epô
pupá (azeite de dendê), oyn (mel), etc...
Ebomi
São aqueles feitos com mais de sete anos de iniciação. Eles agem na Casa como irmãos
mais velhos, orientando os mais novos na conduta e procurando ajudar em tudo que é possível.
Yawôs
São os noviços ou noviças de zero a três anos. Estão no período de aprendizagem sobre
os fundamentos da Casa. Cuidam de tudo, desde a limpeza até às obrigações.
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Abian
É o iniciante. Aquele que está dando os primeiros passos no Candomblé e que terá o seu
futuro, a nível de culto, decidido pelo Pai ou Mãe-de-Santo. Ajuda no que é possível.
Iá-Efun
É um cargo feminino. Cabe à Iá-Efun o preparo do atim, ou seja, dos pós que irão dar o
desenho da família. É aquela que irá pintar a/o Yawô nas saídas de Santo, aquela que vai
“marcar” com o atim, a pemba ralada, a/o Yawô com as cores e formas daquela determinada tribo.
Para assumir este cargo é preciso ser iniciada no Santo e ter, no mínimo, sete anos de feitura.
Outras Considerações
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Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é
para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.
Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun.
São filhas de Oya.
Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Axé, ligadas a iniciação do Adoxú.
Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.
Oyê: Se relaciona com a Yaefun/Babaefun; ou seja, coisas de AWO para iniciação.
Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto.
Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar de
obrigação.
Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Xângo.
Agimuda: Relação com o Ipadê de Exú. Aquela que carrega a espada. Titulo feminino
usado no culto de Oya e Geledé.
Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé.
Iyasíhà Aiyabá: é quem segura o estandarte de Oxalá.
Omolàra: Posto de confiança.
Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.
Akòwé Ilê Xangô: É a Secretária da casa de Xângo. Zelo, Orô e compras.
Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.
Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Traz axé de Ogun. Trabalha em conjunto com
Iyalorixá/Babalorixá, Oloyês e Ogans. Não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do
ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se
destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de
Pai. E também possui sub-posto Otun e Osi.
OgaláTebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê,
possui sub-posto Otun e Osi.
Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos
Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de
madrugada para que faça a ALVORADA mais ou menos 40 min. Se um autoridade de outro Axé
chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens “dobrar o Ilù” oferecer até sua
própria cadeira. Também possui sub-posto Otun e Osi.
Alagbá: Ambito civil do Axé.
Àjòiè: Camareira do Orixá. Ekédi.
Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô e possui sub-posto Otun e Osi.
Teololá: Aquela que acompanha os Obas de Xangô.
Sobalóju: Título masculino e feminino. Sendo o mais importante e atraente, o preferido do
rei.
Mawo: Grande confiança.
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Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.
Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.
Balóde: Ogan de Odé.
Aficodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé.
Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé
Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.
Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca o Il¦ù dedicado a Oxalá.
Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.
Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Axé.
Leyn: Pessoa do Ogun ou Odé, que zela Ogun.
Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Axé.
Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá.
Gymu: Àjòiè de Omolu, que cuida de tudo que se relaciona a Omolu, Nanã e Ossany.
Kaweó: Ligado ao Ilê Ossaiyn.
Ogòtún: Ligado ao Ilê Oxun.
Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.
Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.
Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.
Abogun: Ogan que cultua Ogun.
Ebós
Os ebós são oferendas feitas para Òrìsà, Odù, Eguns e outras divindades para diversas
finalidades, sejam elas feitas para apaziguar algum problema, sejam feitas em forma de
agradecimento de alguma graça atingida, seja para alcançar algum objetivo ou simplesmente
como forma de agradar as divindades que ora está sendo cultuado.
O princípio do Candomblé se baseia no ebó, nas oferendas propiciatórias obtendo a
redistribuição do Asé e mantendo seu equilíbrio vital.
Existe uma visão mais abrangente sobre o assunto que estaremos tratando conforme atualizações
dessa Home Page. Em primeira instância, diremos que os ebós são uma forma de fortalecer e
expandir o Asé (força), e que existe uma interligação sobre aquilo que é ofertado e aquilo que
almejamos, traçando uma linha de equilíbrio entre pedido/graça.
Através da hierárquica, todo ebó a ser ofertado, para que o òrìsà tome conhecimento,
devemos invocar a energia de outros òrìsà, que tem o papel especifico de servirem de interligação
entre nós e as divindades, sendo que sem a aceitação desses, os òrìsà a qual estamos ofertando
os ebós não saberão de sua existência.
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Os òrìsà que servem de intermediários entre nossos pedidos e oferecimentos para todas
as divindades são: Èsù Òsijè-Ebó ou Èsù Òsijèlebó e Òsètuwá outra referência interessante sobre
a força dos Ebós está em uma lenda sobre como Ebó ganha de Remédio
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Apesar de nossas cerimônias, quer sejam públicas ou reservadas, serem normalmente
revestidas de um clima alegre, principalmente pela beleza dos cânticos que contam parte da
história e estória de nossos antepassados e deuses, merecem por parte de todos um elevado
grau de seriedade e comprometimento, sem contar a dedicação necessária para a eterna busca
responsável do saber acerca dos mistérios que envolvem nossos ritos.
Desde a condição de neófito que o integrante de uma Casa-de-Santo adquiri no momento
de sua admissão na sua nova família espiritual, passando pela sua iniciação e aprendizado a cada
ano que completa aniversário como iniciado, até a possibilidade de assumir postos mais elevados
dentro desta hierarquia, é necessário que o adepto do candomblé tenha a consciência de que é
necessário ser um bom filho-de-santo e que esta condição será eterna, pois por mais velhos que
sejamos comparativamente a data de nossa iniciação, sempre seremos um iyawo para o nosso
Orisa.
E durante todo esse eterno tempo de aprendizado é necessário o verdadeiro entendimento
sobre os costumes, hábitos, responsabilidades e deveres que a nós são impetrados por força de
nossos fundamentos religiosos. Desta forma, a tônica encontrada nos seios das casas de
candomblé de que os mais velhos sempre têm razoa, poderia eu dizer que está certo em quase
sua totalidade. Fato que podemos compreender bastante bem quando reunimos alguns anos de
iniciado. Identicamente a frase de que “um bom filho ou filha será um bom pai ou mãe”, tem toda a
minha apreciação e aprovação.
Quem não deu valor e nem passou pelos “sacrifícios do período de iyawo”, com certeza
não saberá dar valor ao período como Ekeji. Antes de se poder falar em hierarquia, costumes,
posturas e hábitos no centro das comunidades candomblecistas, temos que mais do que
entender, sentir o real significado do que é “SER FEITO PARA O SANTO”. É saber entender a
religiosidade do ato em si, onde a parte divina existente dentro de todos nós floresce libertando o
nosso ancestre num perfeita harmonia conosco, estabelecendo uma comunhão espiritual perfeita,
capaz de nos revelar as belezas da natureza, capaz de nos fazer entender a importância de nos
conduzirmos com retilinidade na vida espiritual e civil, capaz de nos mostrar o valor que possui os
nossos semelhantes, capaz de nos dar dimensão do grau de importância da Raiz onde fomos
iniciados e nossa obrigação em defendê-la sempre e continuamente, capaz de nos mostrar que
somos uma criatura com semelhança do Criador e, finalmente, capaz de nos revelar o quanto
somos importantes no mundo que habitamos e quanto poderemos ser importantes no mundo que
habitaremos após a nossa morte, quando assumiremos outras responsabilidades, inclusive com
os nossos descendentes.
Se conseguirmos atingir tais entendimentos e sentimentos, aí sim, poderemos dizer que
FOMOS FEITOS COMPLETAMENTE e que nossa parte foi feita a contendo. Aí poderemos ter a
certeza que atingimos os objetivos de se FAZER O SANTO, ou seja, conseguiremos manter
perpetuados honrosamente a memória ancestral e estaremos renascidos como pessoas mais
energizadas, melhores como seres humanos, fortes para enfrentar as adversidades do dia-a-dia
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de forma segura e com tenacidade e sempre em busca do sucesso e das realizações pessoais e
espirituais, não se excetuando, obviamente, o foco na necessidade de manter o espírito de
solidariedade e ajuda ao próximo, quer seja ele de nossa irmandade, quer seja ele fora do nosso
ciclo religioso.
Entender o propósito dos costumes e posturas adequadas de uma casa-de-santo e
conhecer a si mesmo e a importância de ser um iniciado. É ter bem definido o seu propósito de
saber que você é e o que representa para sua família espiritual. É saber de onde você se originou
no mundo profano e onde você está e onde você irá chegar no seu mundo religioso, pois estas
questões não nasceram dentro das Casas de Candomblé aqui no Brasil, mas sempre foram os
pilares de sustentação das sociedades religiosas de nossa Mãe África, onde nossos ancestres
sempre denotaram e manifestaram suas vontades de estarem o mais próximos da natureza e de
seus ancestrais e como estes servem de intermediários entre nós e o Deus Supremo.
Sem contar a incessante vontade de melhor entender o que seja o Criador e seus poderes;
de entender como nosso mundo foi criado e quais os princípios que o regem em relação ao
mundo espiritual. Com certeza esses entendimentos nos ajudam, sobremaneira, a entender, mas
claramente a importância da hierarquia, posturas e costumes na vida cotidiana de uma Casa de
Candomblé.
Por todas estas questões é que, nós seres humanos, no propósito de perpetuar e divulgar
o quanto é belo fui o momento da divinização de nossos Orisa, é que criamos os rituais que
transformaram a RELIGIÃO CANDOMBLÉ numa religião de características iniciáticas e secretas,
com o objetivo de que nossos Deuses, que habitam o nosso ser interior, surja manifestado como
um ancestre divino que o é.
Daí, como toda instituição que é regida por sistemas piramidais, surge as matrizes
hierárquicas, onde as diversas camadas desta entidade se distinguem e diferem através de postos
assumidos e as respectivas responsabilidades, deveres e competências de cada indivíduo,
surgindo, daí, os títulos, cargos, formas de compensação (não financeira), diferenças no modo de
se vestir, limites de autoridades, prerrogativas de direito, etc.
Retorno um pouco ao início de meus comentários, por que não será possível entendermos
e aceitarmos a importância da hierarquia, dos costumes a serem seguidos e as posturas a serem
assumidas, se no momento de nossas iniciações nada disso for ensinado de forma espontânea e
sem obrigatoriedades (de forma natural) e, por sua feita, sem que possamos compreender e
apreender todo esse significado. Infelizmente, tenha observado em algumas de nossas casas co-
irmãs do culto Angola-Congo, a iniciação de pessoas que ficam recolhidas por períodos
extremamente pequenos, fugindo aos preceitos básicos que nos ensinou os mais velhos e
Kimbandas e Sobas do continente africano, quando nestas ocasiões, já se começa a perder a
oportunidade de demonstrar essa importância, dando um exemplo inadequado do que seja uma
verdadeira iniciação e seus significados.
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Um outro ponto que ao meu ver dificulta o entendimento sobre a importância da hierarquia,
costumes e posturas é que na Mãe África, o culto religioso se mistura rotineiramente com a vida
civil e este primeiro é realizado no seio das famílias consangüíneas, onde o respeito ao mais velho
é uma tônica evidente e um estímulo para que os mais novos perseguiam os caminhos do
respeito para que, um dia, também se tornem um “Velho Respeitado”.
Já no Brasil, a prática é bem diferente, onde a iniciação dos adeptos do candomblé não
obedecem à linhagem de família consangüínea, salvo algumas raízes, que mesmo aceitando
pessoas estranhas aos laços de família civil, ainda, assim, respeitam a forma de perpetuar a
hierarquia dando posse aos cargos mais elevados e de direção, somente aos parentes desta
família civil.
Retomo o momento da iniciação como sendo o primeiro período onde começa a ficar
definido a importância dos costumes, hábitos, posturas a serem assumidas, pois no período de
recolhimento, o qual não deixa de ser uma alusão ao período de gestação, nos é mostrado o quão
sublime é esta hierarquia. Nos é mostrado o quanto somos dependentes e carentes de
ensinamentos, carinho e orientações. É neste período que começamos a entender de onde
viemos, onde estamos, para onde estamos caminhando e o porque estamos indo e para que
direção.
Parece-me que neste momento a tão necessária hierarquia se torna bem clara, assim
como os costumes e posturas que devemos assumir, lembrando, sempre, só teremos um bom
ensinamento nas mãos daqueles que nos criam e que foram muito bem criados, pois não se pode
dar aquilo que não se tem.
O período de iniciação é tão importante para que entendamos o significado da hierarquia,
costumes e posturas, que é nele onde o neófito começa a dar os seus primeiros passos para o
entendimento do que é a Mãe Natureza no seu sentido religioso. É nele que o postulante ao cargo
de Iyawo começa a aprender os princípios basilares de nossos Orisa e de Nzambiapongo. É neste
período que começamos a entender e aprender os “Ingorossis” de nossa Raiz, os seus costumes,
os princípios que regem nossa família espiritual, quem são as dignidades dessa família/raiz, as
formas adequadas quanto às condutas de comportamento perante aos irmãos e visitantes, quer
sejam no dia-a-dia ou em dias de festividades públicas e internas.
É neste período é que começamos a ter os primeiros contatos e conhecimentos sobre
quais as características e particularidades de cada um de nossos Deuses e as respectivas “kijilas”.
É neste período que começamos a aprender quais os costumes e procedimentos que devem ser
evitados sob qualquer pretexto, com vistas a evitar a desarmonia e a quebra dos costumes
religiosos que distinguem nossa Raiz e que a fazem majestosa.
Um alerta quanto a tudo comentado até agora deve ser feito, principalmente que se opta
por abraçar o culto dos Orisa como nossa religião. Obviamente quando começamos a participar
de uma comunidade, a exemplo do que são as Casas de Candomblé, onde, indiscutivelmente
existem regras claras e bem definidas quanto modelo hierárquico, seus costumes, valores e
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posturas que têm de ser assumidas, tudo isso nos remete a mudança de algumas posições
pessoais que adquirimos ao longo de nossa vida civil, o que não podemos desprezar como sendo
difícil, além do que todas mudanças, salvam raros exemplos, sempre trazem sentimentos de
receio do desconhecido e ansiedades, angústias, impotências e vontade de desistir a percorrer o
nosso caminho dentro da religião.
Daí, também a importância de trazermos os ensinamentos que adquirimos em nossas
vidas civis, aprendidos no seio de nossas famílias consangüíneas, onde os códigos de ética,
educação e respeito, são extremamente importantes e que ajudarão no entendimento do que seja
hierarquia sadia, posturas sadias e costumes sadios, eliminando obstáculos, mudando
paradigmas e sabendo aceitar que nem sempre o simples é menos grandioso. Ou seja, a boa
condição de convivência e ensinamentos de nossos pais, ajudam ou pioram muito a forma de se
conduzir no novo meio religioso do neófito.
Costumo dizer que “CANDOMBLÉ É MEIO DE VIDA E NÃO MEIO DE MORTE” e creio
que cada um dos Orisa que carregamos conosco passa a ter um papel muito importante neste
momento de aprendizado na nova vida religiosa que escolhemos no momento de nossas
iniciações. Eles são os verdadeiros exemplos a serem seguidos, pois a todo o momento, mesmo
na condição de “DEUSES”, nos ensinam maravilhosamente bem o que é a hierarquia sem a
submissão nociva, o que é a humildade com grandiosidade, o que é o respeito com a civilidade, o
que é o castigo sem dor e, principalmente, o que é o verdadeiro amor sem o interesse.
Vai, aí, mais uma prova de como é importante e necessário que pratiquemos e
respeitemos os costumes, posturas e modelos hierárquicos que nos são transmitidos e
vivenciados através dos comportamentos e histórias de nossos deuses ancestrais. Se eles como
perfeitos deuses e nossos guardiões os exercitaram e vêm exercitam todos esses hábitos,
inclusive quando manifestados em nossas cabeças, por que, como simples seres humanos,
deveremos não praticá-los?. Não seria antagônico e contraditório?
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Assim, por analogia, podemos concluir que se plagiarmos nossos Orisa nos modelos que
eles praticam acerca da hierarquia, posturas e costumes no seio de nossas Casas de Candomblé,
estaremos demonstrando nossa fé, crença e religiosidade sobre tudo que está relacionado a eles.
Obviamente que toda a fé em nossos Orisa pode ser demonstrada de forma isolada, mas
candomblé sem culto coletivo não existe e, mesmo que existisse, assim mesmo teríamos que ter
postura hierárquica com o nosso Orisa e este com o Deus Criador.
Uma outra reflexão que podemos fazer a respeito da hierarquia religiosa, seus costumes e
posturas que devem ser seguidos pelos adeptos do Candomblé, é quando nos remetemos aos
tempos da escravatura em nosso país. Nas senzalas podiam ser encontradas pessoas com etnias
diferentes, que por uma questão de sobrevivência, deixaram de lados suas diferenças, inclusive
aquelas que faziam parte de suas rivalidades tribais, como meio de sobrevivência frente ao
tratamento que recebiam de seus “donos” europeus. Ali, naquele espaço físico, onde as práticas
de desagregação e degeneração da espécie humana era praticada abusivamente, não se deixou
de preservar a hierarquia, os costumes e posturas originárias das terras que foram o berço das
civilizações.
Foi no calar da noite que as senzalas construídas no Brasil se transformavam num
exemplo típico de uma nova sociedade que nascia com o respeito à hierarquia sacerdotal, mesmo
quando a Igreja Católica tentava impor o evangelho cristão aos nossos irmãos negros. Foi nas
senzalas que, com toda essa organização hierárquica, nasceram, ainda sem uma consciência
ordenada, as primeiras Raízes do nosso Candomblé, através das irmandades de escravos
existente até os dias atuais.
Foi nas senzalas que ocorreram as maiores trocas culturais da religião africana, que
independentemente de serem de origem banto ou nagô, sempre pautaram em suas organizações
pelos princípios hierárquicos e posturais, que foram trazidos com cada africano que aqui aportou e
desses com transmissão para seus descendentes.
Saindo do campo filosófico e/ou estórico sobre a hierarquia sacerdotal, os costumes e posturas a
serem assumidas pelos membros das Casas de Santo, gostaria de fazer alguns comentários
relacionados à praticidade desses comportamentos a serem assumidos no dia-a-dia das Casas de
Santo.
Para tanto, constatamos que existe, na prática, toda uma estrutura de valores e
comportamentos desempenhados nas comunidades do candomblé, que permitem a evolução e
acesso de todos os seus membros a posições que variam desde a base da pirâmide até o seu
topo. Assim, podemos, de uma forma simplificada, dividir esta estrutura piramidal, observada
normalmente, em três grupos, que confirmam a hierarquia que muita das vezes é questionada:
1) GRUPO DOS NEÓFITOS (ABIAN): Aqui encontramos as pessoas que estão aguardando o
momento de se iniciarem e receberem os chamados “fundamentos” de nossa religião.
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2) GRUPO DOS INICIADOS (IYAWOS): Este é o grupo das pessoas iniciadas e que estão
habilitadas a começar a percorrer a longa estrada de sua vida religiosa. É neste grupo que é
iniciado os primeiros passos atingindo as graduações através do cumprimento das “Obrigações de
Tempo de Iniciação”.
3) GRUPO DOS MAIS GRADUADOS (EKEJIS): Este é o grupo das pessoas que possuem 7 ou
mais anos de iniciados e que estão com suas “Obrigações” em dia. Nele podemos encontrar
pessoas que têm ou não cargos assumidos dentro da comunidade candomblecista.
Como podemos constatar no dia-a-dia de nossas casas, todo essa malha hierárquica
sacerdotal demanda responsabilidades individuais e coletivas, períodos de adaptação e
ensinamentos, deveres, obrigações e regalias estratificadas que, por conseqüências, trazem em
seus bojos, os costumes e posturas peculiares a cada posição assumida. Assim, com o objetivo
de podermos fazer um comentário prática, podemos adotar, de forma didática e apenas para
exemplificação, algumas posturas e costumes:
- Nossa religião não possui um “Livro Sagrado”, a exemplo de outras religiões e seitas.
Tem por característica a transmissão dos ensinamentos através da prática e oralidade. Esta
particularidade demonstra não haver um modelo de avaliação para aqueles que receberam os
ensinamentos. Dependerá única e exclusivamente de cada um de nós o tempo para retermos as
informações que nos forem dadas.
Sem contar que somos conhecedores que o fator dedicação, interesse e confiabilidade são
extremamente importantes para que possamos receber mais ou menos informações, haja vista
que nossos rituais e fundamentos são considerados iniciáticos e secretos. Assim, podemos
constatar, mais uma vez, que a condição postural é muito necessária para aqueles que desejam
galgar posições hierarquicamente superiores em nossas comunidades.
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- Uma outra demonstração de que os costumes, práticas, posturas e hierarquia se fazem
presentes e necessárias em todas as instituições iniciáticas a exemplo do que é o candomblé, é a
consideração que se faz ao tempo de iniciação e as “Obrigações Pagas” em seus respectivos
tempos. É só observar a maneira de como nossas “Rodas” são compostas em dias de “Toque”, ou
seja, os mais velhos na roda ou rodas de dentro e os mais novos na roda ou rodas de fora,
obedecendo aos tempos de iniciação.
Quer dizer que um iyawo com um ano de iniciado tem suas obrigações, deveres,
prerrogativas, formas de se vestir e usar paramentos, forma de se dirigir às pessoas mais novas e
mais velhas, como um iyawo de um ano de iniciado e assim por diante, valendo a mesma regra
para os que tem 2, 3, 4, 5, 6, 7 ou mais anos de iniciação.
Cabe ressaltar que um iniciado com 30 anos de iniciado, por exemplo, mas que só tenha
“pago” sua “Obrigação de Três Anos”, suas obrigações, deveres, prerrogativas, formas de se
vestir e usar paramentos, forma de se dirigir às pessoas mais novas e mais velhas, deverá ser de
um iyawo com três anos de iniciado, mesmo tendo trinta de “feitura”. Este costume é muito
comum, pelo menos nas Raízes mais antigas e mais bem organizadas, independentemente da
Nação a que pertença.
- Também na prática diária de nossas Casas-de-Santo, vemos o quanto é importante à
hierarquia sacerdotal, quando observamos a divisão das tarefas na administração das “Roças”,
quer sejam elas domésticas ou rituais, tais como trabalhos de cozinha, limpezas do espaço físico,
arrumação e separação de animais, cuidados com a indumentária própria e dos Orisa, etc. Vemos
como tônica que um Ekeji que não soube ou aprendeu as tarefas e costumes de Iyawo, nunca
será um “Bom Mais Velho”.
O que podemos observar que o mais afoitos e que queimam etapas de sua trajetória
religiosa, acabam se frustrando como Ekejis ou alijados de alguns processos dentro de suas
próprias casas, ou não sendo reconhecidos, verdadeiramente, nas comunidades co-irmãs e,
convenhamos que é muito desagradável e desabonador que um iyawo fique isolado ou não seja
respeitado convenientemente em virtude de seu comportamento ou por estar desalinhado com os
costumes e posturas pertinentes ao seu tempo de iniciado. Isto não descredibiliza somente a ele,
mas a religião como um todo.
Ainda dentro da linha de exemplificação, muitos outros assuntos poderão ser levantados
dentro da proposta lançada por mim para a reflexão e debate dos irmãos e que também fazem
parte deste tema central. Senão vejamos:
a) CHEGADA NA CASA-DE-SANTO
Parece-me de bom costume que o filho-de-santo, independentemente do seu tempo de
iniciado, entre na “Roça” e fique em local reservado para “Esfriar o Corpo” (exemplo: uns 15 a 20
minutos) e bebendo um pouco de água fresca. Logo depois, tomar o seu banho de asseio,
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seguido de banho litúrgico (variável de casa para casa) e, depois, colocar a roupa litúrgica
específica para ocasião e dentro dos costumes pertinentes ao sua idade de iniciado.
Banho tomado e roupa trocada, cumprimentar ritualisticamente aos Orisa da Casa e os
locais de “Firmeza” (Ipatewó = “Paó”). Feito isso, iniciam-se os cumprimentos às dignidades
presentes, começando pelas mais antigas de iniciação até os de sua idade. Terminado, os mais
novos do que aquele que chegou, vão cumprimentá-lo. Cabe lembrar que os cumprimentos aos
mais velhos deve iniciar pelo Zelador/Zeladora da Casa.
Os cumprimentos deverão ser em conformidade com os nossos rituais, ou seja, em
posição de “debulé” ou “dobale”, batendo paó, beijando a mão e solicitando que o mais velho nos
abençoe na forma dialética da nossa Raiz. Atenta-se para o detalhe que não se cumprimenta seus
familiares religiosos ou dignidades de outras Raízes de pé ou com a cabeça alta. Isto só é
aceitável em condições igualitárias da hierarquia sacerdotal, ou seja, abian com abian, Iyawo com
Iyawo com o mesmo tempo de iniciação e todos os tipos de Ekeji, com ou sem cargo, com o
mesmo tempo de iniciação.
Lembrem-se que tomar a benção a um mais velho não é somente uma obrigação, mas UM
DIREITO ADQUIRIDO por todos que fazem parte de uma Casa-de-Santo. O direito que temos de
receber de uma pessoa mais velha de iniciação, que nos abençoe naquele momento.
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Aos iniciados do sexo masculino deverão estar destinados os trabalhos mais pesados,
com, por exemplo, as faxinas do caramanchão e terreno da Roça, a limpeza dos quartos-de-santo
e todas as tarefas que necessitem de força mais bruta.
É de boa prática que copos de bebidas (água, refrigerantes, café, etc.) sejam servidos aos
mais velhos ou visitantes ilustres, com um prato ou bandeja sob a base do copo, caneca, xícara,
etc. Fumar na presença de mais velhos e visitantes é terminantemente proibido. Apor cinzeiros
sobre as cadeiras dos mais velhos ou dos Orisa é ato de falta gravíssima. Dentro dos “quartos
sacralizados”, entendo que não merece nem comentários a respeito.
Em dia de festividades e no momento de distribuição dos alimentos, é de bom tom que se
dê preferência a que os visitantes sejam primeiramente servidos, principalmente aqueles que se
destacam como dignidades comprovadas, em retribuição a honra que eles nos fizeram pelas suas
presenças.
O uso de bebidas alcoólicas dentro de uma Casa-de-Santo, quer seja em dia de
festividades ou não, se for utilizada, deverá ser com o máximo de moderação. Lembrar que
aqueles que estão de “obrigação”, assim como os nossos Orisa merecem o máximo de nosso
respeito e, com toda certeza, bebida alcoólica não faz um bom par com Orisa.
Se não solicitado, um irmão mais novo não tira e nem faz conclusões e nem dá opiniões
em roda de irmãos mais velhos. Quantos de nós já não presenciamos ou vivenciamos situações
constrangedoras a esse respeito e, em algumas ocasiões, com pessoas que não fazem parte de
nossas casas?
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estamparia em dias de festividades, dependendo de que tipo é este comemoração. A cor branca
sempre é bem aceita em qualquer tipo de ocasião e ritual.
Quanto às mulheres, JAMAIS DEVEM USAR CALÇAS COMPRIDAS dentro da Casa-de-
Santo. Os cauçolões devem estar sob as saias. Uma Abian deve usar poucas anáguas. À medida
que é iniciada e vai ganhando tempo de iniciada, o número de anáguas vai aumentando.
O uso de chinelos deverá ser após ter completado e pago a “Obrigação de Três Anos”. As
Ekejis poderão usar sapatos com saltos e maquiagem, porém a discrição, o bom senso e o bom
gosto, combinados, não fazem mal algum para escolha destes complementos, pelo contrário,
tornam harmoniosa a imagem da pessoa.
O pano-de-cabeça é obrigatório para os filhos-de-santo do sexo feminino,
independentemente se for de Santo Masculino ou Santo Feminino. Em conjunto com o pano-de-
cabeça, indispensável o uso do pano-da-costa, que deverá estar com um laço em forma de
borboleta para as iniciadas de Santo Feminino e em forma de gravata para as iniciadas de Santo
Masculino. Aos iniciados com mais de 7 anos e com “Obrigação” paga, será permitido o uso de
brincos (do tipo: argolas, búzios, corais, monjolos, dependendo do Orisa para que foi iniciada), da
mesma forma a permissão para o uso de pulseiras e braceletes.
As filhas-de-santo que têm permissão para usarem a Bata, deverão estar com seus panos-
da-costa colocados na altura do peito ou arrumados na altura da cintura, porém, nunca em forma
de faixa enrolada na cintura, pois não é o costume certo e nem elegante para a vestimenta. A
quem defenda, em casas mais antigas e tradicionais que o pano-da-costa deverá estar sobre o
peito ou na cintura, quando da participação da filha-de-santo em trabalhos ritualísticos.
Caso contrário, em dias de festividades, o pano-da-costa deverá estar sobre o ombro
direito, caindo para frente e para trás. O pano-da-costa é uma peça do vestuário feminino
indispensável para qualquer ocasião que se esteja na Roça-de-Santo ou em visita a uma outra
Casa. Talvez seja ele e o pano-de-cabeça sejam as peças mais tradicionais da indumentária
feminina em nossos candomblés, oriundo de terras africanas, enquanto o camisu e as anáguas
fazem parte do legado dos costumes europeus.
A eni, tanto utilizada em nossas casas jamais devem ser arrastadas pelo chão. Sobre ela
não se fuma e nem se bebe bebida alcoólica. Elas fazem parte do conjunto de objetos sagrados
de nosso culto. Os membros da casa do sexo feminino devem carregar as esteiras debaixo do
braço e os de sexo masculino devem carregá-las sobre o ombro.
As mulheres iniciadas para Orisa de “energia feminina” é que devem esticar as esteiras
para o dobale de seus irmãos do sexo masculino. Somente em último caso que as mulheres de
“santo masculino” estendem as esteiras para os seus irmãos realizarem o dobale.
Às filhas-de-santo é proibido utilizarem os atabaques para tocarem ou mesmo removê-los
de seus locais. Da mesma forma a regra serve para outros instrumentos do tipo gã (ganzá),
berimbau, reco-reco, xequerê, maracá e outros. Esta atividade é destinada aos Ogans,
confirmados para este fim. Todos os filhos da Casa, independentemente do tempo de iniciado, ao
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passarem na frente das cadeiras dedicadas aos Orisa, atabaques ou pessoas mais velhas, devem
fazê-lo abaixando o corpo.
A formação da roda de filhos-de-santo que estarão dançando para os Orisa deve seguir a
hierarquia dos anos de iniciação e postos ocupados na Roça. Não devemos esquecer que a
dança também faz parte dos nossos rituais e louvação aos nossos ancestrais, numa forma de
reverenciá-los e reviver suas passagens por nossas terras. Sair da roda sem um motivo justificado
denota uma falta de respeito e pouco caso com os nossos deuses.
Bem meus irmãos, acho que me empolguei demasiadamente a respeito deste assunto e
me tornei prolixo, para o que peço desculpas pela extensão do texto aqui apresentado. Sei
também que poderia continuar apontando outros pontos mais que por si só justificariam a
necessidade de continuarmos mantendo e sustentando a defesa de que a postura e os costumes
ensinados pelos nossos mais velhos e que hoje estamos abandonando em nome de uma
igualdade inexistente, fazem parte das tradições afro-brasileiras e só enriquecem os nossos
cultos, ao contrário de muitos de irmãos nossos que pelo Brasil afora estão confundindo educação
e tradição com anarquia.
Finalmente, há que se chamar à atenção para que os mais velhos sempre tenham em
mente que a hierarquia sacerdotal serve para diferenciar os tempos de iniciação, mas que jamais
deverão servir aos propósitos da humilhação de seus irmãos mais novos. Que a hierarquia,
posturas e costumes servem para ser utilizados entre os componentes de uma comunidade e
nunca de nós para com os nossosOrisa. Para estes, seremos sempre iyawos, e que bom que seja
assim, pois desta forma seremos sempre agraciados por suas dádivas, orientações e
ensinamentos.
Os mandamentos do Iyawo
1. não fumar na presença da Mãe ou Pai de Santo
2. não fazer ajeum sem pedir a benção do Pai ou Mãe de Santo, quando estiver presente
3. em respeito a Osalá, só usar roupas branca às sextas-feiras
4. nunca interromper uma conversa, sem pedir agô . Quando a Mãe ou Pai de Santo
demorar, fazer ajoko e esperar a resposta
5. nunca responder o Pai ou Mãe de Santo
6. nunca falar mais alto que o Pai ou Mãe de Santo
7. quando precisar de um conselho ou opinião fazer ajoko e pedir com humildade, nunca com
imposição
8. nunca o iyawo poderá fazer comentários na ausência da Mãe ou Pai de Santo
9. a verdade sempre por mais que nos custe
10. saber respeitar os iyawo, desde os mais velhos até os mais novos
11. acatar as opiniões ou ordens com amor, mesmo que estas lhe firam, porque cabe ao Orisa
a cobrança das faltas
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12. HUMILDADE, HUMILDADE, HUMILDADE, só assim chegaremos ao verdadeiro caminho
13. cuidar de seu Santo, com carinho nos dias certos
14. não culpar o Santo pelos problemas materiais e por não nos atender, temos que ver se
somos merecedores daquilo que precisamos
15. esperar sempre com paciência, mais dia menos dia, tudo virá, o Santo nos experimenta
para nos conhecer
16. olhar sempre para cima para enxergar as coisa divinas, desprendimento também é virtude
17. não censurar o nosso semelhante, as vezes ele é mais virtuoso do que nós, dentro da sua
ignorância
18. todo iyawo tem por obrigação comparecer às obrigações do Santo, não precisa ser
chamado, o dever está acima de tudo. Cumpra-o e estará em paz com o Santo
19. o Iyawo deverá procurar seu Pai ou Mãe de Santo para as obrigações e nunca esperar que
este as lhe ofereça
20. o tempo de seu Pai ou Mãe de Santo tem valor, não menospreze ao contribuir com sua
salva e nem julgue que o está comprando, as coisas sagradas não tem valor
21. todo Iyawo deverá saber manter os seu eros (segredos), e não fazer uso dos segredos do
Santo, por menos que seja para nós. No Santo é valioso, porque a riqueza maior é a maior virtude
de ver, ouvir e calar e sempre aprender.
22. não soprar fogo ou coisas quentes
23. não comer em prato fundo
24. não permitir que pessoas não iniciadas coloque a mão em sua cabeça
25. não entrar no quarto de Santo com corpo sujo de sexo, bebida alcoólica, calçado de rua;
deve tomar banho de santo e colocar roupa de santo
26. não cortar o cabelo antes de 3 meses depois da feitura, e não colocar produtos químicos
27. comparecer às seções do Ile e reuniões de instruções
28. tomar banho de santo, após manter relação sexual
29. não comparecer a enterros
30. não tomar nenhuma bebida no bico da garrafa
31. não tomar bebidas de dose em nenhuma ocasião
32. evitar o uso de roupas pretas
33. manter atitude dignas, dentro e fora do Ile
34. ter paciência com todos, manter a calma e estimulação à união sincera com os irmãos,
respeitar e auxiliar o próximo
35. Família de santo é a nossa família espiritual, o respeito com a mesma é similar à nossa
consangüínea.
36. Zelar pela casa de Santo como se fosse sua própria casa.
37. Se quebrar ou danificar algum objeto na Casa de Santo, o mesmo deverá ser reposto
38. É vedada a permanência de homens na cozinha, salvo por motivo de força maior.
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Observações e Dicas:
não se come despido ou sem camisa, é ofensa
quando se come no Ilè, lava-se o copo, prato e colher.
não se come as pontas e os miúdos dos animais. São axés pertencentes ao Santo
não deixar dinheiro sobre a mesa da refeição
não se alimenta com alimentos que caíram no chão
não se joga pão fora, é alimento Santo
antes de começar a cozinhar para o Santo, toma-se banho de santo.
não bater tampas e colheres na panela.
sempre de branco, saia, camisu e ojá brancos
ao preparar qualquer comida ou ebó, colocar um copo com água e acender uma vela.
PRA DESCONTRAIR...
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tratados pois será servido uma parte para os Orixás e outra parte para todos os presentes na
festa. Você já limpou uma galinha, um pato, um pombo ou um cabrito? Ah! tem dó?!!!, Tem nojo?
ah bom!!! Então pode ir pensando no assunto, na hora de tirar as penas todo mundo deve que
ajudar não importa cargo, é uma das coisas que os abian e Yawo(pessoa iniciada a menos de
sete anos) podem fazer.
Alguém precisa limpar a casa e deixar impecável para que ninguém saia falando e para
que todos se sintam bem, num lugar limpo,arrumado e confortável. Isso os abian e yawo também
podem fazer sem problemas, se você nunca varreu sua casa, vai aprender a varrer barracão e
quintal que normalmente são enormes. A comida precisa ser preparada e estar pronta antes de
começar a festa para que as pessoas que estavam na cozinha possam tomar banho e se arrumar
para festa.
Quando chegar num candomblé e notar algumas pessoas com cara de cansadas e
cochilando em alguma cadeira, não repare essa pessoa deve estar com todos os ossos do corpo
doendo de uma semana de trabalho duro para que você possa ver uma festa bonita. Se você é
leigo no assunto, procure conhecer,ler,pesquisar,conviver,aprender, um pouco mais antes de
fazer qualquer coisa.
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- Se você quer/pretende, mandar e desmandar em uma casa, você deve construir a sua
casa própria assim você vai ser a própria vítima das consequências dos seus atos.
- Por mais que vc “pense” que tem razão, a palavra do babalorisá, dono da casa, é que é a
ultima a ser proferida, portanto se estiver insatisfeiro, siga as instruções do item 11.
- A língua é a destuição de uma casa portanto mantenha sempre a sua inerte dentro da
boca, assim você evitará uma série de problemas sérios
- A casa de candomblé não é o lugar apropriado para namorar, e dar em cima das
pessoas, pense bem nisso, pois ao contrário você muito provavelmente se tornará uma pessoa
indesejável na comunidade.
- Não se esqueça de ser gentil, fino, educado, discreto, e que as palavras mágicas abrem
portas! Por favor, com licença, muito obrigado meu irmão, devem ser constantemente ultilizadas!
- Acho que nem preciso dizer que filhos de santo não se embriagam dentro do asé né?
- Se vc não pode colaborar, não venha atrapalhar, procure o lugar em que vai se sentir
feliz, assim provavelmente você será útil e bemvindo.
- Não retrucar o pai-de-santo.
- Não retrucar seus irmãos mais velhos e egbomis;
- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto
da atenção do pai de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que a torcida do
Flamengo esteja assistindo. Dar um escândalo no meio do barracão não é postura de um filho de
santo, e você ainda corre o risco de tomar um fora na frente de todo mundo.
- Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa
ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra ao pai de
santo. Detalhe: Só atrapalhar a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se
chegar junto à ele, mas não muito, e ficar abaixado esperando que ele pergunte o que deseja.
Quando ele perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ”.
- Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do
alheio, deve-se sentar na mesma altura que o seu pai de santo. Ele já passou por vários
sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho.
Portanto, pra que querer sentar aonde você não alcança?
- Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave.
- Como dissemos no ítem anterior, não temos uma empregada para limpar tudo. Portanto,
cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão
de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um
pouco fica mais fácil e rápido.
- Ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: TOMAR BANHO para tirar o pó da
estrada E COLOCAR ROUPAS PRÓPRIAS DO ASÉ; b) Ir direto para a cozinha beber um copo
d’água para esfriar o corpo da rua, sem fazer paradas para bater-papo e colocar a fofoca em dia; ;
Bater cabeça no axé, na porta do quarto de Ogun e pro pai de santo; Tomar a benção à TODOS
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os seus irmãos, sendo mais velhos e mais novos, de acordo com a ordem iniciática. Agora sim,
caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de
santo sempre tem algo a ser feito
- Você trabalhou feito a escrava Isaura ou o nego Benedito e se cansou? Acabou de fazer
todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso apotí/aperê e confortavelmente
sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes,
ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do aperê, que é a famosa ENIN -
ESTEIRA.
- Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição,
você sai atacando o ajeum na frente de seus convidados? Acreditamos que não, né? Portanto, na
casa de santo é igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se
servirem. Isso é mais que uma regra, é etiqueta. E você não vai querer ser um deselegante, não
é? Lembre-se: Estão sempre observando você…
- Você gosta que fiquem pegando suas roupas emprestadas? Pois é, o pai de santo
também não gosta. Portanto, que tal ir no Varejão das Fábricas e comprar um belíssimo tecido de
lençol a R$ 4,50 e fazer uma baiana de ração básica pro dia-a-dia? Não sai caro e fica uma
gracinha. E você finalmente pára de pegar a roupa do alheio emprestada. Não é maravilhoso?
Todos na casa contentes e felizes com suas devidas roupas.
- Quem traz dinheiro para o sustento da casa? Portanto, trate muito bem os clientes que
vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e
servir um copinho de café ou de água gelada não mata ninguém. Que tal tentar?
- E vai rolar a festa! O povo do keto, do jeje, da angola e até da umbanda e do omolocô já
mandou convidar. Mas, e o dinheiro para comprar o ajeum e o otinibé e refrigerante do povo?
Com certeza o Carrefour não irá andar as coisas de graça para o barracão, nem o disk cerveja tão
pouco irá dar os bichos e todo o material restante. Portanto, que tal se todos ajudassem?
- Contribua sempre com a sua módica mensalidade. Economizar um pouco na Skoll e no
cigarro no final de semana já irá ajudar muito no barracão.
- O mundo está em guerra, existe muita gente por aí passando fome. Portanto, por que
desperdiçar comida? Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu
com este maravilhoso ajeum é o coerente. Ficou cansado depois da festa? Nada de ir pegando
sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se da limpeza do barracão.
- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de
cochicho e risinhos irônicos. Se você quer fuxicar, vá para um botequim, e nem pense em
comentar nada a respeito do que viu na casa dos outros, afinal cada zelador é dono de sua casa e
faz nela o que bem entender.. se não quer ver bobagens, não vá.
- Anágoas encardidas, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA, JAMAIS,
NEM PENSAR! Devem ser brancas como a neve, Deus me livre de anágoas de ráfia ou entre-tela
ou de bambolê!
51
- Você, irmãozinho, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas amarelas, deve
deixar esta sua visão progressiva e moderna do lado de fora do barracão. Ali dentro você tem que
ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas que adotam modelinho Pedro e Bino (do
seriado carga pesada) que vêem tudo azulzinho. Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, e
não para arrumar casório.
- Vai rolar um churrasquinho na casa do seu coleguinha no meio da semana, no mesmo
dia de função do barracão? Então, peça para ele guardar uma garrinha de carne para você e
venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos.
- Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua, nada de ficar xoxando.
Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com
uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu.
- Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de
ficar xoxando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O
que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Além do mais, comentários, se
oportunos, sempre são feitos depois.
- Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre. Portanto guarde
sua “vidência” para os seus clientes e não fique adivinhando e promovendo discórdia dentro da
casa dizendo “quem está ou não virado no santo”. Tem dó né!
- Respeito é bom e todos gostam. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver
o pai de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e
avacalhações são da porta do barracão pra fora. Além do mais, a próxima vítima pode ser você.
- Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e top’s devem
ser usados somente pra ir ao baile funk.
- Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja
ou prato e abaixar-se para servir. Nunca olhar no rosto da pessoa. Responder somente “sim” ou
“não”.
- Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na
realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não à ela própria. Portanto, todos devem trocar
a benção, mais velhos com mais novos e vice-versa.
- Portanto, na sua casa preserve a boa convivência, o bom senso,seja razoável e prudente.
Faça o possível para evitar problemas,disse-me-disse fofoquinhas,intrigas,cenas de ciúmes, e
outras coisas do tipo. Sua casa é o seu lugar .
52
de um platô (elevação de 366m) limitado ao norte e a leste pelo Rio Niger. Uma grande parte
deste platô é constituída de uma densa floresta, sendo que o norte, todavia, incluindo Ọyọ,
transforma-se numa savana ao norte da floresta.
A èdè Yorùbá é uma língua subsaariana (parte da África, ao sul do Saara), falado por
quase 30 milhões de pessoas no sudeste da Nigéria, Benin, Togo, Serra Leoa, como também
através de comunidades no Brasil (onde é chamado de Nagô) e em Cuba (onde é conhecido
como Lucumi).
O Yorùbá pertence à classe Kwa. É uma língua tonal com sintaxe SVO (sujeito + verbo +
objeto). As primeiras publicações em Yorùbá foram um número de livretos didáticos produzidos
por John Raban entre 1830-32. Historicamente o Bispo Ajayi (Samuel) Crowther (1806-1891) foi
quem mais contribuiu para a leitura e escrita yorubás. Crowther fez muitos estudos sobre as
línguas da Nigéria, incluindo o Yorùbá e escreveu, bem como traduziu trabalhos em muitas
dessas línguas. Vale ressaltar que Crowther foi o primeiro bispo cristão de origem africana.
A ortografia yorùbá surgiu por volta de 1850, embora tenha sofrido inúmeras mudanças
desde então. Segundo Pierre Fatumbi Verger, “as palavras em Yorùbá têm vários tipos de
acentuação e cada uma delas define a pronúncia correta, e faz grande diferença quando uma
palavra não é acentuada, pois isto modifica o seu sentido”.
A escrita: Iorubá não tinha uma forma escrita comum antes do século XIX. Muitas das
primeiras contribuições para a escrita iorubá e estudo formal foram feitas
porsacerdotes inglesesanglicanos da Inglaterra. A primeira gramática iorubá foi publicada em
1843 pelo Bispo Samuel Ajayi Crowther, que era de origem iorubá. A forma escrita da língua
iorubá vem de uma Conferência sobre Ortografia da Sociedade Missionária da Igreja em Lagos,
em 1875. A primeira história do povo iorubá foi compilada pelo reverendo Samuel Johnson, que
também era de origem iorubá, em 1897. Assim, a formação da escrita iorubá foi facilitada pelos
próprios iorubás apesar do uso do alfabeto romano.
53
Portanto a palavra Orixá com X é a forma traduzida na escrita portuguesa, o certo em
yorubá é Òrìsà com S que dá som de X e CH.
Vocábulário –Yorùbá
I) Pronomes
Forma
Primária Contraida
Eu èmi mo
Tú iwọ o
Ele(a) òun ò
Nós àwa a
Vós ẹyin ẹ
Verbos
Sún - dormir
Jí - acordar
lọ - ir
kọrin – cantar
Os verbos em yorùbá não sofrem alteração na forma de escrever.
Conjugação
Em geral, todos os verbos em Yoruba são conjugados com a adição de um artigo auxiliar
ou prefixo para o infinitivo do verbo
I Futuro á usado com o verbo no infinitivo para o indicar uma ação futura.
Futuro do yóò,
II usado exclusivamente de modo enfático
Presente óò
III Pretérito Perfeito ti usado com o verbo no infinitivo com o sentido de "ter"
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Exemplo
Eu dormi - Èmi sùn
Tu dormiste - Iwọ sùn
Ele/Ela dorme - Òun sùn
Nós dormimos - Àwa sùn
Vós dormiste - Ẹ́ yin sùn
Eles/Elas dormem - Àwọn sùn
Èmi ti lọ Mo ti lọ Eu já fui
Iwọ ti lọ O ti lọ Tu já foste
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Forma Enfática Forma Não Enfática Português
Pronomes Possessivos
Pronomes possessivos são pronomes utilizados para indicar posse. A lista abaixo demonstra
os pronomes possessivos em Yorùbá.
Forma
Exemplos
Meu livro - Ìwé mi
Não é meu livro - Ìwé mi kọ
sua cadeira - Àga rẹ.
não é sua cadeira - Àga rẹ kọ
seu cabelo - Àga rè
sua casa - Ilé wọn
nosso professor - Olùkọ wa
não é nosso professor - Olùkọ wa kọ
seus professores - Olùkọ yin
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Pronome Honorífico
O pronome Ẹ é usado para tratar mais de uma pessoa, ou uma pessoa mais velha como
um sinal de respeito. Da mesma forma, o pronome Wọ́n é utilizado para ambos os casos, tanto
para mais de uma pessoa e também quando se fala de uma pessoa mais velha
É extremamente rude não usar o pronome honorífico Ẹ ao abordar uma pessoa mais
velha, ou alguém de uma autoridade superior. Observe o diálogo abaixo para ver como
honorífico Wọ́n pronome é usado.
Joao: Bába ńkọ́? - Como está seu pai?
Paulo: Wọ́n wà. - Ele está bem.
Joao: Mámá ńkọ́? - Como está sua mãe?
Paulo: Wọ́n kò sí ń'ṣẹ́ - Ela não está trabalhando.
No diálogo acima, observe que Wọ́n é usado para uma pessoa mais velha a mostrar
respeito.
Contagem
Numerais iorubá podem ser divididos em cardinais, quantitativos e posicionais. Os cardinais
ocorrem em dois padrões de contagem absoluta e seqüencial. Embora os números quantitativos
em grande parte se utilizem da inicial m, os numerais posicionais podem ser reduzidas a uma
inicialk após a elisão de uma vogal inicial. A tabela abaixo ilustra esses números em suas
categorias. Nós nos limitámos no banco de dados de números que realmente ocorrem em uso
regular, ao contrário de criá-los artificialmente para adequá-los às modernas necessidades
matemáticas.
Algarismos Base
Os algarismos base de númeração vão de 0 (zero) à 10 (Dez), como segue:
Cardinal
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6 ẹfa mẹfa sexto ẹkẹfà
Números Tradicionais
Os Números iorubás se utilizam da base vigesimal, ou seja, todos os números são contados
com uma base de vinte(ogún)
Números de 11 a 14, o segredo é adicionar lá no final de ọkan méjì etc...
Números de 15 a 20 precisam de uma pequena subtração para que possamos entender, por
exemplo:
5 subtraido de 20 = 15 enquanto 4 subtraido de 20 = 16, etc. ...
Observe que subtraido de é escrito como dín enquanto 20 é ogún. Todavia, vamos iniciar a
contagem pelo mesmo método
15 = màrúndínlógún 5(marun) subtraido din de 20 ogun
11 mọkànlá
12 méjìlá
13 mẹtàlá
14 mérìnlá
20 - ogún
30 - ọgbọ̀ n
58
40 2x20 ogún méji ogóji
Contagem de Items
Uma laranja = ọsàn ọkan.
Duas crianças = àwọn ọmọ méjì
Dez casas = àwọn ilé mẹwá
Quatro pessoas – àwọn ènìyàn mẹrin
Sexta pessoa - ènìyàn ẹkẹfà
Àwọn Iye
Números
Ordinal
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10 ìdì kan Dez 80 ìdì mẹ̀ jọ Oitenta
60
800 àpò mẹ̀ jọ Oitocentos 4000 ẹgbàaji Quatro Mil
800 igba mẹ́rin Oitocentos 4000 ọ̀ kẹ̀ mẹ̀ rin Quatro mil
900 àpò mẹ̀ sán Novecentos 5000 ọ̀ kẹ̀ márún Cinco Mil
́ ẹ́gbẹ̀ rùn
900 ẹ̀ ẹd Novecentos 6000 ẹgbàata Seis Mil
Cardinal
5 èkarùn quinto
61
Bebidas
Àwọn oníşẹ́
Profissões
62
akọ̀ wé ácôué s.m. escritor
63
kùn cùn v. Pintar
64
onítọ́jú owó ônítódjú ôuó s.m. Caixa
Zoologia
65
babuíno baboon ọ̀ bọ ôbó
standard-winged
bacurau áṣẹ́ áxé
nightjar
camundongo do
mouse lámùrín lámùrín
mato
66
canário canary ẹiyẹ́ ìbákà éiié ìbácà
67
elefante elephant àjànàkú àdjànàcú
garça azul crane orúkọ ẹyẹ kan bíi akọ̀ ôrúcó éié cán bíi ácô
68
gavião hawk àwodi àuôdi
leão marinho sea lion kìnìún inú omi quìnìún inú ômi
69
leoa lioness abo kìnìún ábô quìnìún
morsa walrus irú ẹranko kan bí ìmàdò irú éráncô cán bí ìmàdò
70
pata paw abo pẹ́pẹ́yẹ ábô pépéié
71
rato mouse èkúté ècúté
Salmão salmon irú ẹja nlá kan irú édjá nlá cán
sardinha salmon irú ẹja kékeré kan irú édjá quéquêré cán
sardinha sardine irú ẹja kékeré kan irú édjá quéquêré cán
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um tipo de esquilo squirrel òforo òfôrô
Cumprimentos:
Saudações em Iorubá
· E káàró ou E ku aro - - - - - - - - - - - Bom dia!
· E káàsán ou E ku asán - - - - - - - Boa tarde!
· E káale ou E ku ale - - - - - Boa noite!
· E káàbó ou E ku abo - - - Seja bem vindo!
· O dòla - - - - - - - - - - - - - Até amanhã!
· Odárò - - - - - - - - - - - - - Até amanhã! (sendo também um Boa noite, quando não se irá mais ver
a pessoas naquele dia)
· Odàbó - - - - - - - - - - - - Até logo!
Pergunta:
· A jeun? - - - - - - - - — - - - Servido (Para almoço, jantar ou lanche).
Resposta:
· Kò a dúpé - - - - - - - - - Não, obrigado!
· Béèni, jòwó - - - - - - - - Sim, por favor!
Pergunta:
· Se dada ni? - - - - - - - Como vai você? (informal)
Resposta:
. Dada ni adupe
Pergunta:
n kó? - - - - - - - - - - - - … como vão? Ou … como vai?
Resposta:
· Wón wà. - - - - - - - - - - - Vão bem!
Pergunta:
· Se àlàáfià ni? - - - - - - Como vai o senhor? (formal)
73
Resposta:
· Àlàáfià ni, a dúpé - - - - - - - — - Vou bem, obrigado! (resposta formal)
· Èmi ni dara dara - - - - - - - - - - Vou bem, obrigado! (Resposta informal)
Pergunta:
· Mo júbà - - - - - - - - - Meus respeitos
Resposta:
. Iba se mo juba- - - - - - - - - Que assim seja!
· E se gan - - - - - - - - - Obrigado
· E seun - - - - - - - - - - Obrigado
· A dúpé/ adúpé - - - - - - - - - - Obrigado
.Mo dúpé - - - - - - - - - Meus agradecimentos
· Kò tòpé - - - - - - - - - - Não há de que!
· Àlàáfià re - - - - - - - - - Não há de que!
· É jòwó - - - - - - - - - - - Por favor
· Bi báyò - - - - - - - - - - Parabéns!
· Ni ayò odum titun - - - Feliz aniversário!
· Odun dara dara ré ou Ni ayò ójo ìbi ré - - - Feliz aniversário!
· Mo kí o - - - - - - - - - Meus cumprimentos à - ao
Aniversário = ójo íbì
Ara : Corpo
74
àgbọ̀ n àguibôn Queixo
ẹ̀ dò êdò Pulmão
75
eegun àgbọ̀ n êêgún àguibôn Mandíbula
76
Èrò èrò Pensamento
77
igun ọwọ́ igún óuó Junta
78
Iwájú iuádjú Testa
79
ọpá ẹ̀ hìn ópá êrrìn Espinha
80
àwọ ewé àuó êué adj. Verde
ẹbí: Família
81
ìyá bàbá ńlá ìiá bàbá nlá s. Bisavó
82
ìyákọ ìiácó Sogra
ODÉ
O silotun fara ye ye fibo Ode Igbo Eru mo pa kue ran
Fara rewa ko xe a iya Ode
Fara ye ye fibo Ode Igbo Bi ewe, bi ewe Ode bi ewe baba
Fara rewa ko xe a iya Ode Lo do bi ewe, lo do bi ewe baba
83
OMOLU
E nji dago luna kewa xaoro bara lo ko pajue
Ago ie ie, ago luna ke wa xaoro
Ago ie ie Te tun e pajue
Ago luna kewa xaoro Omolu arae
Ago ie ie, ago luna ke wa xaoro Pajue te tun e pajue
Ago ie ie
Ago mo lu ja wa lo nin a be le ko
Baba fa ro faro ji
Omolu akara e (bis) Omolu ke beruja
Ki lon bon fere a jan bura
Bara lo ko Ki lon bon fere a jan bura e
Ji bara lo ko pajue
OSANYIN
Abebe wa mu a bebe mi bo
E abebe abebe wa mu a be be mi bo Peregun ala uo titun o
E abebe Peregun ala uo titun
Baba du ma du a la o meren
Mo jewe pe mosoro o Peregun ala uo titun
Mo jewe pe mosoró
E pe lo be mi Ala oro axo iximan
E pe lo iya mi Adorodun, peregun ala uo titun
Mo jewe pe mosoro
Ope mi ope Sango
Okika ki ka iya bale o Xauerepepe ope mi ope le pe
Okika ki ka iya bale Xauerepepe
Ala mi kosun, ala mi ko dide Ope mi ope Sango
Okika ki ka iya bale Xauerepepe ope mi ope le pe
IROKO
Ero Iroko iso ero Sa ho ho e dan feró
Iroko ki se le Le si kon ma fo
Sa ho ho
Iroko gi man ja e (bis) Orisa we ra lesi kon ma fo
Onie araie, Iroko gi man ja e Sa ho ho e dan feró, Iroko Orisa
Sa ho ho
Ke dan feró, Iroko Orisa
84
OSUMARE
Omo Araka lo bo lorun o Ko be ji ro, Araka ko be ji ro
Ti lo da de rowo, Osumare o Osumare ko be ji ro, ko be ji ro, Osumare
Araka lo bo lorun o
E dan Fe ro, eran kun ma lo
Osumare le le ma le Osumare Sa ho ho e dan fe ro, eran kun ma lo
Le le ma le Araka, le le ma le Osumare
Alakoro le emin ala, koro le mim o
NANA
Nana ewa o A iya la wa re a in to ko lo se
Odara o olowo sen sen A iya la wa re, a in to ko lo se
Ibeji Nana Ewa
Odara o olowo sen sen A in sa le jua, oin sa le jua
A in sa le jua
Omi toro do ke wa le
Omonile korajo E Biri odo, sa la o Nana u odo biri odo
Nana Insule Sa la o lowo sen sen
Omonile kewajo
Korajo, korajo Oloore, sa la re kamura dide ojore
Afulele korajo Sa la re, olowo Alaketu re
OSUN
Ori de bewo A inan inan ken ken Osun omi jo loio, a inan inan
Omiro a iya iya omiro
Ori de se bo lorun A yeye mi efun ko, orobo adie
Omiro a iya iya omiro Ai egue ai egue, oye mi e sin sin
A ye ye mi, sin sin
O ye ye ye ye o aro mi la mi mose toru efon ko orobo adie, sin sin
Iya unji koju agba o aro mi la mi mose toru efon
Osun de, aiyo mi de jo ba jo ba o,
Iya Ominibu jo miro Orisa o ye ye Osun de
Ko ba iya roko (bis)
Ken ken Osun omi jo loio (Iya Ominibu) Ko ba iya roko
** Somente uma das duas últimas cantigas encerram o sire de Osun onde todos rodam.
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OBA
Oba Eleko Ajaoci, Oba Eleko Ajaoci Oba sa ba o, iya Ogun to de re da bi we jo
Olowo Oba lo l'Oba Ogun to de re da bi we jo
Iya sa ba Eleko Ajaoci
Iru oja fa ro man, Oba lo ja, la wo je
Igi ewre ofa rewe rewe
Ojo guiri o, ajapa ku mon fe ita
Olowo Oba me re je
YEWA
Ewa Ewa ma jo Ewa Ewa (bis) Olorogun bi ewé
Moiyo owo moiyo u le se, Ewa Ewa ma jo
(Darin Yewa Mae Cotinha)
Pa ra ma sa, bo ma sa Se ki se dan, Ewa ejo re so, Ewa
Amurele o Ke in ao, Ewa ejo re so, Ewa
Pa ra ma sa, bo ma sa
Iya murele Ara mi fa to to lo bi agba
Oromi ae
Ara fibo kumore Ara mi fa to to lo bi agba
OYA
Oya koro un le o guere gue
Injebe koro un le o ga ra ga E ko be na jo
Omobirin xo la koro un le Oya loko be na jo, eloya
O guere gue ba un ka mo ri e ko
O je mi to ke wa o, o je mi to ke oya
A oio do mu nha nha Orisa were we, o je mi to ke oya
Do mu nha nha
A oio do mu nha nha Mana mana ke o be lo jo
Oya karele wa
Da ni wa ja ka la go ia o Mana mana ke o be lo jo
Do mu nha nha
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YEMOJA
Larabo laio, Yemoja arabo laio Yemoja
Kon ba ja le o
Iya omi moxe, to ma ja le o, to ma ja le o
Iya omi moxe
A Oio ta de lo gue o
Yemoja Ogun, Ogun pa wa de (ba ja re) a Oio
Pa de lo gue (je) o
Yemoja Ogun, Iya oro (ma uo) o jin je
Ori o ile,
Yemoja ori o ile a Oio
Gratidão à todos, que este curso seja de crescimento e conquistas na vida religiosa e pessoal de cada um!
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