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CHESTERTONE, G.K, 1874-1936. São Francisco de Assis, Tradução Anônima- Campinas, SP: Ecclesiae,
2014.
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BOAVENTURA DE BAGNOREGIO: Escritos filosóficos-teológicos, Itinerário da mente para Deus, Porto
Alegre: EDIPUCRS, 1998.
franciscana costuma chamar de estigmatização, mas, como nossa linguagem
pretende ser espiritual pode-se pois chamar esse episódio de encontro, ou
ainda de Cristificação. Não tanto por se tratar de um novo conceito, longe de tal
pensamento, mais sim por parecer que o termo encontro é uma melhor
acepção ao momento em que Francisco espelha ao mundo o reflexo do Mestre
da cruz, e traz assim uma novidade ao que já era novo, por se tratar da loucura
da Cruz.
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Fontes Franciscanas, Legenda Maior de São Boaventura- XIII, 3, 1-3, fragmentado, Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014.
O biografo do Santo de Assis que também foi mais tarde canonizado,
São Boaventura, relata na sua eximia obra a hagiografia de nosso Poverello, o
momento ápice da vida de Francisco que foi seu encontro com o Crucificado.
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Fontes Franciscanas, Tomas de Celano/ Primeiro Celano 94- fragmentado, Petrópolis, RJ: Vozes,
2014.
de captar conceitos, definições ou mesmo compreender esses fenômenos de
teofania acabam por fracassar. E sendo realista, também nossa reflexão
falharia se tentarmos aqui captar aquilo que a cognoscibilidade é incapaz de
alcançar, que em última instância, é o encontro de dois amores. E tal como em
todo bom romance, somente os que se amam sabem como é, pois não é
sistematização, mas se trata de viver, de existir, se trata do ato puro em si, por
isso é mistério de amor.
Aqui novamente temos Boaventura que narra com todo seu exímio
domínio da linguagem, o episodio que marca o ápice da vida espiritual de
Francisco de Assis. Podemos rezar o trecho e pensar em que nível o coração
de Francisco estava durante as impressões dos estigmas. Como sua alma,
levada a máxima depois do encontro revelador se encontrou. Leva-nos a refletir
a natureza humana de cada indivíduo. Como ficamos marcados depois de
encontrarmos com o Divino. Que sinais ficam em nossos corações após termos
feito um encontro com o Sagrado. São provocações pertinentes é claro, mais
são as questões que a experiencia de Francisco nos convida.
Por fim, diante de todas essas provocações, resta apenas afirmar que
os estigmas, mesmo na sua relação pessoal e inteligível, pois se trata de
mistério entre o ser de Francisco e o Ser que é Deus-Homem. Resta-nos a
admiração, o encantamento, o exemplo e o amor. Que também cada um de
nós em nossos corações, possamos herdar as marcas da paixão, depois de
nosso encontro pessoal com Cristo. Que essas marcas, sejam para nós
verdadeiras marcas de Cruz, e segundo a fé cristã, a Cruz precede a
ressureição.