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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Ponta Grossa
Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Apostila de Aulas
Práticas Química Orgânica

Prof. Graciela

Ponta Grossa, 2023.


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AULA 01 – SEGURANÇA EM LABORATÓRIO

O risco de acidentes é maior quando nos acostumamos a conviver com o perigo e passamos a ignorá-lo.
A segurança em qualquer local está apoiada em cada um: você é responsável por si e por todos.

NORMAS GERAIS
- Ao ouvir o alarme de incêndio, SEMPRE evacuar o local, sem pânico
- Antes de ligar uma chave de eletricidade, verificar se não há ninguém trabalhando
- Ao avistar cones rodeando uma certa área é sinal de que há um serviço de manutenção sendo efetuado, portanto
mantenha distância
- Evitar as proximidades dos locais de manutenção
- Respeitar todas as placas de sinalização
- Não encerar o chão de laboratórios e corredores
- Mantenha-se informado sobre a localização dos equipamentos de segurança: chuveiro e lava-olhos de emergência,
extintores de incêndio e saídas de emergência
- Fazer uso de equipamento de proteção individual adequado ao trabalho que está sendo executado (óculos, luvas,
jaleco , etc)
- Transportar produtos químicos dentro de containers que evitem derramamento (por exemplo, pode-se utilizar um balde
de plástico para esta operação). Se o produto for muito pesado ou forem vários frascos, fazer uso de um carrinho
- Não corra nas escadas e corredores
- Ao subir ou descer escadas, utiliza sempre o corrimão

O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTES


1. Derramamento de produto químico
- limpar o local o mais rapidamente possível
- ventilar o local: abrir portas e janelas
- se o produto for extremamente tóxico evacuar o local e usar máscara adequada na operação de limpeza
- Os resíduos da limpeza, papel ou materiais impregnados devem ser descartados como resíduos químicos

2. Princípio de incêndio:
- Não tente ser herói. Chame ajuda imediatamente. (Bombeiros – 193)
- Desligar o quadro de energia elétrica.
- Se souber usar o extintor, use-o. Se não souber, não arrisque.
- Evacue o local

3. Acidentes com vítimas


Respingo de produto químico na região dos olhos:
- lavar abundantemente no lava olhos, pelo menos 15 minutos. Manter os olhos da vítima abertos
- encaminhar imediatamente ao médico
- JAMAIS TENTAR NEUTRALIZAR O PRODUTO

Respingo em qualquer região do corpo:


- Retirar a roupa que recobre o local atingido
- Lavar abundantemente com água, na pia ou no chuveiro de emergência, dependendo da área atingida, por pelo menos
15 minutos
- Encaminhar ao médico, dependendo da gravidade
- JAMAIS TENTAR NEUTRALIZAR O PRODUTO

Queimaduras
- cobrir área afetada com vaselina estéril
- NÃO UTILIZAR NENHUM OUTRO TIPO DE PRODUTO. O picrato de butezin é carcinogênico.

Cortes
- lavar o local com água, abundantemente
- cobrir o ferimento com gase e atadura de crepe
- encaminhar imediatamente ao pronto-socorro

SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS

Regras Básicas

Cada aluno deverá ter o seu próprio “kit de segurança”, que incluirá:
è jaleco, com as seguintes características:
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Þ confeccionado em algodão, quanto mais encorpado melhor

1. RECOMENDAÇÕES GERAIS
O trabalho em laboratório exige concentração. Não converse desnecessariamente, nem distraia seus colegas

2. RECOMENDAÇÕES DE ORDEM PESSOAL


Þ Use SEMPRE jaleco quando estiver no laboratório
Þ Os cabelos compridos devem SEMPRE estar presos
Þ Certifique-se da localização e funcionamento dos equipamentos de segurança coletivos: extintores de incêndio, lava-
olhos e chuveiros de emergência
Þ Certifique-se da localização das saídas de emergência
Þ Não pipete nenhum tipo de produto com a boca
Þ Use calçados fechados de couro ou similar
Þ Não misture material de laboratório com seus pertences pessoais
Þ Não leve as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos
Þ Lave cuidadosamente as mãos com bastante água e sabão, antes de sair do laboratório
Þ NUNCA coloque nenhum alimento nas bancadas, armários, geladeiras e estufas dos laboratórios
Þ NUNCA utilize vidraria de laboratório como utensílio doméstico
Þ NUNCA fumar, comer, beber ou aplicar cosméticos em laboratórios
Þ Não use lentes de contato no laboratório, pois podem ser danificadas por vapores de produtos químicos, causando
lesões oculares graves
Þ Não se exponha a radiação UV, IV ou de luminosidade muito intensa sem a proteção adequada (óculos com lentes
filtrantes)
Þ Feche todas as gavetas e porta que abrir

3. REFERENTES AO LABORATÓRIO
Þ Mantenha bancadas sempre limpas e livres de materiais estranhos ao trabalho
Þ Faça uma limpeza prévia, com água, ao esvaziar um frasco de reagente, antes de colocá-lo para lavagem
Þ Rotule imediatamente qualquer reagente ou solução preparados e a amostras coletadas
Þ Retire da bancada os materiais, amostras e reagentes empregados em um determinado experimento, logo após o seu
término
Þ Jogue papéis usados e materiais inservíveis na lata de lixo somente quando não representar risco para as pessoas ou
meio ambiente
Þ Limpe imediatamente qualquer derramamento de produtos químicos. Proteja-se, se necessário, para fazer esta limpeza
e utilize os materiais e procedimentos adequados. Em caso de dúvida sobre a toxicidade ou cuidados especiais a
serem tomados com o produto, entre em contato com o responsável
Þ Em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, produtos tóxicos ou corrosivos, tome as seguintes providências:
§ interrompa o trabalho
§ advirta as pessoas próximas sobre o ocorrido
§ alerte o professor
§ solicite ou efetue a limpeza imediata
§ verifique e corrija a causa do problema

4. USO DE MATERIAL DE VIDRO


- Não utilize material de vidro quando trincado
- Coloque todo o material de vidro inservível no local identificado para este fim
- Não deposite cacos de vidro em recipiente de lixo
- Proteja as mãos (com luvas de amianto, preferivelmente) quando for necessário manipular peças de vidro que estejam
quentes
- Use luvas grossas (de raspa de couro) e óculos de proteção sempre que:
- atravessar ou remover tubos de vidro ou termômetros em rolhas de borracha ou cortiça
- remover tampas de vidro emperradas
- remover cacos de vidro de superfícies, neste caso usar também pá de lixo e vassoura
- Não deixe frascos quentes sem proteção sobre as bancadas do laboratório, coloque-os sobre placas de amianto
- Tome cuidado ao aquecer recipiente de vidro com chama direta. Use, sempre que possível uma tela de amianto
- Não pressurize recipientes de vidro sem conhecer a resistência dos mesmos
- LEMBRE: VIDRO FRIO E VIDRO QUENTE TEM A MESMA APARÊNCIA!!!

5. USO DE EQUIPAMENTOS
Em geral:
- Leia atentamente as instruções sobre a operação do equipamento antes de iniciar o trabalho
- Saiba de antemão o que fazer no caso de emergência, como por exemplo a falta de energia ou água

5.1. Equipamentos elétricos


- Só opere o equipamento quando os fios, tomadas e plugs estiverem em perfeitas condições; o fio terra estiver ligado; tiver
certeza da voltagem correta entre equipamento e circuitos.
- Não instale nem opere equipamentos elétricos sobre superfícies úmidas
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- Não deixe equipamentos elétricos ligados no laboratório


- Remova frascos inflamáveis das proximidades do local onde será utilizado equipamento elétrico
- Enxugue qualquer líquido derramado no chão antes de operar o equipamento

5.2. Chapas ou mantas de aquecimento


- Não deixe chapas/mantas aquecedoras ligadas sem o aviso “LIGADA”
- Use SEMPRE chapas ou mantas de aquecimento, para evaporação ou refluxo, dentro da capela
- Não ligue chapas ou mantas de aquecimento que tenham resíduos aderidos sobre a sua superfície

5.3. Muflas
- Não deixe mufla em operação sem o aviso “LIGADA”
- Desligue a mufla ou não a use se a termostato não indicar a temperatura ou se a temperatura ultrapassar a programada
- Não abra bruscamente a porta da mufla quando estiver aquecida
- Não tente remover ou introduzir material na mufla sem utilizar pinças adequadas, protetor facial e luvas de amianto
- Não evapore líquidos na mufla
- Empregue para calcinação somente cadinhos ou cápsulas de material resistente à temperatura de trabalho

6. O USO DE CHAMA NO LABORATÓRIO


- Preferentemente, use chama na capela e somente nos laboratórios onde for permitido
- Não acenda o bico de Bunsen sem antes verificar e eliminar os seguintes problemas:
- Vazamentos
- Dobra no tubo de gás
- Ajuste inadequado entre o tubo de gás e suas conexões
- Existência de materiais ou produtos inflamáveis ao redor do bico
- Nunca acenda o bico de Bunsen com a válvula de gás muito aberta

7. O USO DE SISTEMAS A VÁCUO


- Somente opere sistemas de vácuo usando uma proteção frontal no rosto
- Não faça vácuo rapidamente em equipamentos de vidro
- Recubra com fita de amianto qualquer equipamento de vidro sobre o qual haja dúvida quanto à resistência ao vácuo
operacional
- Use frascos de segurança em sistemas a vácuo e verifique-os periodicamente

8. O USO DE CAPELAS
A capela somente oferecerá proteção ao usuário se for adequadamente utilizada.
- Nunca inicie um trabalho sem verificar se:
- o sistema de exaustão está funcionando
- o piso e a janela da capela estejam limpos
- as janelas da capela estejam funcionando perfeitamente
- Nunca inicie um trabalho que exige aquecimento sem antes remover os produtos inflamáveis da capela
- Deixe na capela apenas o material (equipamentos e reagentes) que serão efetivamente utilizados, remova todo e qualquer
material desnecessário, principalmente produtos químicos. A CAPELA NÃO É LOCAL PARA ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS E
EQUIPAMENTOS.
- Mantenha as janelas das capelas com o mínimo possível de abertura
- Use, sempre que possível, um anteparo resistente entre você e o equipamento, para maior segurança
- NUNCA coloque o rosto dentro da capela
- SEMPRE instalar equipamentos ou frascos de reagentes a pelo menos 20 cm da janela da capela
- Em caso de paralisação do exaustor, tome as seguintes providências:
- Interrompa o trabalho imediatamente
- Feche ao máximo a janela da capela
- Coloque máscara de proteção adequada, quando a toxidez for considerada alta
- Avise ao pessoal do laboratório o que ocorreu
- Coloque uma sinalização na janela da capela, tipo “CAPELA COM DEFEITO, NÃO USE”
- Verifique a causa do problema, corrija-o ou procure o setor de manutenção para que o façam
- Somente reinicie o trabalho no mínimo 5 minutos depois da normalização do sistema de exaustão

9. MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS


9.1. LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
Ponto de fulgor < 70 oC à Classe I : Ponto de fulgor < 37,7 oC

à Classe II : 70oC > ponto de fulgor > 37,7 oC

Combustíveis: ponto de fulgor > 70 oC, quando aquecidos acima do ponto de fulgor, comportam-se como inflamáveis
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Tabela 1: Ponto de fulgor de alguns líquidos inflamáveis de uso comum em laboratórios

Substância Ponto de Fulgor (oC) Substância Ponto de Fulgor (oC)


Acetato de etila - 4.4 Ciclohexano -20
Acetato de metila - 9.0 1,2 dicloroetano 13
Acetona -38 Dissulfeto de carbono -30
Álcool etílico 12 Éter de petróleo -57
Álcool isopropílico 12 Éter etílico -45
Álcool metílico 23 Hexano 23
Benzeno 11 Trieltilamina -7.0

O ponto de fulgor para outros líquidos podem ser encontrados no Handbook of Physical and Chemical Constants ou no Merck
Index
- Não manipule líquidos inflamáveis sem se certificar da inexistência de fontes de ignição nas proximidades: aparelhos que
geram calor, tomadas, interruptores, lâmpadas, etc
- Use a capela para trabalho com líquidos inflamáveis que exijam aquecimento
- Use protetor facial e luvas de couro quando for necessária a agitação de frascos fechados contendo líquidos inflamáveis
e/ou extremamente voláteis
- Nunca jogue líquidos inflamáveis na pia. Guarde-os em recipiente próprios para resíduos de inflamáveis

9.2. PRODUTOS TÓXICOS


ANTES de iniciar qualquer tipo de operação, procure informações toxicológicas (toxidez e via de ingresso no organismo)
sobre todos os produtos que serão utilizados e/ou formados no trabalho a ser executado.
Fontes de informação:
- Rótulo do produto
- The Merck Index
- MSDS (Material Safety Data Sheets)
- na Internet:
http://ecdin.etomep.net/
http://msds.pdc.cornell.edu/msds/hazcom/
http://www.ilpi.com/msds/index/
- Trabalhe somente na capela
- Não descarte na pia os resíduos de produtos tóxicos
- Não descarte no lixo material contaminado com produtos tóxicos (papel de filtro, papel toalha, etc.)
- Use luvas
- Interrompa o trabalho imediatamente, caso sinta algum sintoma, como dor de cabeça, náuseas, etc.
Tabela 2: Produtos tóxicos comumente utilizados em laboratório

Grau de risco
Substância Inalação Ingestão Irritação Irritação
cutânea ocular
Ácido cianídrico 4 4 2 4
Ácido fluorídrico 4 4 4 4
Ácido fórmico 4 3 4 4
Ácido oxálico 3 3 3 3
Acroleína 4 3 3 4
Anidrido ftálico 3 - 2 3
Anilina 3 3 2 2
Benzeno 3 2 2 2
Bromo 4 4 4 4
Cianeto de potássio - 4 3 4
Cloro 4 - 3 4
Cloronitrobenzeno 4 3 3 3
Etanolamina 3 2 2 3
Fenol 2 3 4 4
Flúor 4 - 4 4
Formaldeído 3 3 3 3
Hidrocarbonetos poli-halogenados 4 3 2 3
Iodo 4 4 4 4
Iodometano 4 - - -
Isocianatos 4 - 3 3
Mercúrio 4 1 - 1
Nitrobenzeno - 4 3 4
Piridina 3 2 2 3
Toluidina 3 3 2 2
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9.3. PRODUTOS CORROSIVOS


Os corrosivos podem ocasionar queimaduras de alto grau por ação química sobre os tecidos vivos. Podem também
ocasionar incêndios, quando colocados em contato com material orgânico (madeira, por exemplo) ou outros produtos
químicos.
São corrosivos as substâncias químicas com características ácido/base pronunciadas.

- Manipule estes produtos com óculos de segurança e luvas


- Nunca descarte diretamente na pia. Os resíduos devem ser neutralizados, diluídos e descartados na pia , desde que não
tenham propriedades tóxicas importantes.
- A diluição de soluções concentradas de produtos corrosivos deve ser feita sempre acrescentando o produto concentrado
sobre o diluente. Por exemplo: ácido sulfúrico sobre a água.

9.4. MANIPULAÇÃO DE GELO SECO E NITROGÊNIO LÍQUIDO


- use luvas para trabalhar com estes produtos, pois provocam queimaduras graves em contato com a pele
- Adicione lentamente o gelo seco ao líquido refrigerante, para evitar projeções
- Não derrame nitrogênio líquido sobre mangueiras de borracha, elas ficarão quebradiças e poderão ocasionar acidentes

9.5. MANIPULAÇÃO DE CILINDROS DE GASES COMPRIMIDOS


- Não instalar cilindros de gases comprimidos no interior dos laboratórios
- Manter os cilindros sempre presos com correntes e ao abrigo de calor
- Jamais retirar o protetor da válvula do cilindro
- Utilizar carrinhos apropriados para o transporte de cilindros
- Quando fora de uso, conservar os cilindros com o capacete de proteção
- Não abra a válvula principal sem antes Ter certeza de que a válvula redutora está fechada
- Abra aos poucos e nunca totalmente a válvula principal do cilindro.

9.6. DESCARTE DE RESÍDUOS


¨ Na pia (líquidos) ou no lixo(sólidos ou materiais contaminados): compostos que não sejam tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou
reativos, por exemplo:
- áçucares, amido, aminoácidos e sais que ocorrem em organismos vivos, ácidos lático e cítrico e seus sais de Na, NH4+,
K, Mg e Ca
- nitratos, cloretos, sulfatos e fosfatos de: Al, Ca, Fe, NH4+, Na, Mg, Zn

¨ - Resíduos de metais tóxicos;


- precipitar como hidróxidos usando soda cáustica. Descartar nos tambores de resíduos de metais. Somente se a solução
for aquosa
- se a solução for orgânica, descartar como solvente orgânico

¨ Solventes:
- separar em clorados e não clorados
- armazenar em local apropriado segundo as características de toxicidade, inflamabilidade e outras do produto

10. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)


Como o próprio nome sugere, os equipamentos de proteção coletiva (EPC) dizem respeito ao coletivo, devendo proteger todos os
trabalhadores expostos a determinado risco. Como exemplo podemos citar o enclausuramento acústico de fontes de ruído, a
ventilação dos locais de trabalho, a proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, a cabine
de segurança biológica, capelas químicas, cabine para manipulação de radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros.
- CAPELA QUÍMICA
A cabine deverá ser construída de forma aerodinâmica, de maneira que o fluxo de ar ambiental não cause turbulências e correntes,
reduzindo, assim, o perigo de inalação e a contaminação do operador e do ambiente.
- VASO DE AREIA OU BALDE DE AREIA
É utilizado sobre o derramamento de álcalis para neutralizá-lo.
- MANGUEIRA DE INCÊNDIO
O modelo padrão, comprimento e localização são fornecidos pelas normas do Corpo de Bombeiros.
- SPRINKLE
É o sistema de segurança que, através da elevação de temperatura, produz fortes borrifos de água no ambiente (borrifador de
teto).
- ALÇA DE TRANSFERÊNCIA DESCARTÁVEL
São alças de material plástico estéril, descartáveis após o uso. Apresentam a vantagem de dispensar a flambagem.
- DISPOSITIVOS DE PIPETAGEM
São os dispositivos de sucção para pipetas. Ex.: pipetador automático, pêra de borracha e outros.
- PROTEÇÃO DO SISTEMA DE VÁCUO
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- KIT PARA LIMPEZA EM CASO DE DERRAMAMENTO BIOLÓGICO, QUÍMICO OU RADIOATIVO


É composto de traje de proteção, luvas, máscara, máscara contra gases, óculos ou protetor facial, bota de borracha, touca, pás
para recolhimento do material, pinça para estilhaços de vidro, panos de esfregão e papel toalha para o chão, baldes, soda cáustica
ou bicarbonato de sódio para neutralizar ácidos, areia seca para cobrir álcalis, detergente não inflamável, vaporizador de formaldeído,
desinfetantes e sacos plásticos.
- KIT DE PRIMEIROS SOCORROS
É composto de material usualmente indicado, inclusive antídoto universal contra cianureto e outros antídotos especiais.

11. SINALIZAÇÕES

INFLAMÁVEL

EXPLOSIVO

COMBURENTE OU OXIDANTE

CORROSIVO

IRRITANTE

TÓXICO

NOCIVO AO MEIO AMBIENTE

RADIOTIVO

PROIBIDO APAGAR COM ÁGUA

PROIBIDO COMER E BEBER

PROIBIDO FOGUEAR
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PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA OS OLHOS

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA O CORPO

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA AS VIAS RESPIRATÓRIAS

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA AS MÃOS

SUBSTÂNCIAS INFLAMÁVEIS

RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO

SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. IUPAC - Chemical Safety Matters .Cambridge University Press, 1992

2. S.G. LUXON - Hazards in the Chemical Laboratory. Royal Society of Chemistry, 5th ed., 1992

3. R.PURCHASE (ed.) –The laboratory Environment – Royal Society of Chemistry, 1994

4. N.V.STEERE (ed.) – Handbook of Laboratory Safety – CRC Press, 2nd ed. , 1971

5. World Health Organization/ International Programme on Chemical Safety – Health and Safety Guides. World Health
Organization, 1996

6. Na internet:
http://www.orcbs.msu.edu/chemical
http://www.quimica.ufpr/servicos/seguranca/
http://www.flinnsci.com/
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AULA 02 – VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS

Objetivos

Þ Associar o nome de cada material/ equipamento com seu uso específico;


Þ Reconhecer os diversos materiais de um laboratório;
Þ Aplicar corretamente a técnica de utilização de cada material.

Introdução

Os experimentos foram elaborados de forma que o aluno possa desenvolver corretamente


as habilidades manipulativas de cada um dos materiais e equipamentos básicos de um laboratório
químico.

A seguir, estão relacionados alguns materiais e equipamentos básicos de um laboratório.

Fonte: https://digichem.org/2015/04/12/guia-visual-de-vidrarias-de-laboratorio/
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Fonte: https://www.edrawsoft.com/laboratory-equipment-shapes.html
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AULA 03 - DESTILAÇÃO SIMPLES E FRACIONADA

A destilação é uma operação que consiste na separação de líquidos de suas eventuais


misturas, por passagem ao estado de vapor e posterior condensação com retorno ao estado
líquido, com auxílio de calor e/ou por redução de pressão.
Os compostos orgânicos puros apresentam pontos de ebulição distintos e definidos,
daí o uso generalizado da destilação não somente para separá-los de misturas, mas também
para purificá-los e caracterizá-los. Assim, as substâncias puras apresentam ponto de
ebulição constante e definido, destilando a esta temperatura. O mesmo não acontece para
substâncias impuras ou para misturas de substâncias voláteis. Os tipos mais comuns de
destilação são:
Destilação simples: Só tem aplicação para separar um líquido de suas impurezas não
voláteis (em solução), um solvente usado em uma extração, ou excepcionalmente, para
separar líquidos de pontos de ebulição muito afastados.
Destilação fracionada: Destina-se à separação de líquidos miscíveis entre si, mesmo
aqueles de pontos de ebulição próximos.
Destilação a Pressão Reduzida (destilação a vácuo): Operação usada para destilar líquidos
que decompõem a temperaturas próximas de seus pontos de ebulição. A operação de
destilação é realizada com os mesmos equipamentos da destilação simples ou fracionada,
com modificações para provocar a redução da pressão do sistema.
Destilação com Arraste de Vapor: Empregada para destilar substâncias que se decompõem
nas proximidades de seus pontos de ebulição, e que são insolúveis em água ou nos seus
vapores de arraste.

Objetivos
Ø Purificar e determinar o ponto de ebulição de uma amostra orgânica líquida através das
técnicas de destilação simples e fracionada;
Ø Comparar as técnicas de destilação.

Materiais e reagentes:
Vinho tinto e cachaça Proveta de 100 mL.
Termômetros Pedras de porcelana ou pérolas de
vidro
Aparelhos de destilação simples Béquer de 100 mL.
Aparelhos de destilação fracionada Balão de fundo redondo de 250 mL.
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Procedimentos: (OBS: Os alunos deverão ser separados em quatro grupos: dois


grupos prepararão a destilação simples, enquanto os outros dois prepararão a
destilação fracionada)

Grupos 1 e 2: Destilação simples.


Colocar em um balão de fundo redondo de 250 mL, cerca de 100 mL de vinho tinto comercial.
Adicionar pedras de porcelana ou pérolas de vidro à solução, para evitar uma destilação
tumultuosa. Montar a aparelhagem de destilação simples conforme Figura 01. Destilar a
mistura vagarosamente, anotar as temperaturas do início e fim da destilação. Coletar o
material destilado em um béquer de 100 mL, tomando o cuidado de descartar a cabeça de
destilação.
Meça o volume coletado.

Grupos 3 e 4: Destilação fracionada.


Colocar em um balão de fundo redondo de 250 mL, cerca de 100 mL de vinho tinto comercial.
Adicionar pedras de porcelana ou pérolas de vidro à solução, para evitar uma destilação
tumultuosa. Montar a aparelhagem de destilação fracionada conforme Figura 01. Destilar a
mistura vagarosamente, anotar as temperaturas do início e fim da destilação. Coletar o
material destilado tomando o cuidado de descartar a cabeça de destilação.

Figura 01: Aparelho para destilação simples e fracionada.

Cuidados:
- controlar a temperatura da manta de aquecimento, pois temperaturas elevadas
comprometem a eficiência e a segurança do experimento;
- nunca deixar o balão contendo a mistura a ser destilada secar completamente, pois pode
ocorrer um aumento da pressão interna no sistema, resultando em explosão;
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- Isolar a coluna de destilação com papel alumínio para manter o equilíbrio no interior da
mesma.

QUESTIONÁRIO

1. Para que serve e quando se aplica a destilação?


2. Fale sobre destilação por arraste a vapor e quando se aplica esta técnica.
3. Fale sobre destilação a pressão reduzida e quando se aplica esta técnica.
4. Cite duas diferenças básicas entre uma destilação simples e uma fracionada.
5. Cite processos industriais que envolvam a técnica de destilação.
6. Além das pedras porosas cite outras maneiras de se evitar a ebulição tumultuosa
durante o aquecimento de líquidos.
7. Como funciona uma coluna de fracionamento?
8. O termômetro adaptado no aparelho de destilação informa a temperatura de qual fase:
da líquida ou do vapor?
9. Qual a função do condensador?
10. Sugira uma saída para o seguinte problema: o líquido a ser destilado possui ponto de
ebulição muito próximo a temperatura ambiente, e não está condensando no
condensador. 11- O que é uma mistura azeotrópica e por que os seus componentes
não podem ser separados por destilação?
11. 12- O acetato de n-propila (PE 102oC) evapora rapidamente quando exposto ao ar.
Entretanto, isto não ocorre com a água PE 100oC). Explique:
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AULA 04 - DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR:


EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO INTRODUÇÃO

As essências ou aromas das plantas devem-se principalmente aos óleos essenciais.


Os óleos essenciais são usados, principalmente por seus aromas agradáveis, em perfumes,
incenso, temperos e como agentes flavorizantes em alimentos. Alguns óleos essenciais são
também conhecidos por sua ação antibacteriana e antifúngica. Outros são usados na
medicina, como a cânfora e o eucalipto. Além dos ésteres, os óleos essenciais são
compostos por uma mistura complexa de hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos,
geralmente pertencentes a um grupo de produtos naturais chamados terpenos. Muitos
componentes dos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição e podem ser
isolados através de destilação por arraste a vapor.
A destilação por arraste de vapor é uma destilação de misturas imiscíveis de
compostos orgânicos e água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam como soluções.
Os componentes de uma mistura imiscível "fervem" a temperaturas menores do que os
pontos de ebulição dos componentes individuais. Assim, uma mistura de compostos de alto
ponto de ebulição e água pode ser destilada à temperatura menor que 100°C, que é o ponto
de ebulição da água.
O princípio da destilação à vapor baseia-se no fato de que a pressão total de vapor
de uma mistura de líquidos imiscíveis é igual a soma da pressão de vapor dos componentes
puros individuais. A pressão total de vapor da mistura torna-se igual a pressão atmosférica
(e a mistura ferve) numa temperatura menor que o ponto de ebulição de qualquer um dos
componentes.

Para dois líquidos imiscíveis A e B:

Ptotal = PoA + PoB

onde PoA e PoB são as pressões de vapor dos componentes puros.


Note que este comportamento é diferente daquele observado para líquidos miscíveis, onde
a pressão total de vapor é a soma das pressões de vapor parciais dos componentes.
Para dois líquidos miscíveis A e B:

Ptotal= XA PoA + XB PoB

onde XAPoA e XBPoB correspondem às pressões parciais de vapor.


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A destilação por arraste a vapor pode ser utilizada nos seguintes casos:
1. Quando se deseja separar ou purificar uma substância cujo ponto de ebulição é alto
e/ou apresente risco de decomposição;
2. Para separar ou purificar substâncias contaminadas com impurezas resinosas;
3. Para retirar solventes com elevado ponto de ebulição, quando em solução existe uma
substância não volátil;
4. Para separar substâncias pouco miscíveis em água cuja pressão de vapor seja próxima
a da água a 100°C.

METODOLOGIA

Neste experimento será isolado o eugenol (4-alil-2-metoxifenol, 1) do óleo de cravo


(Eugenia caryophyllata), pela técnica de destilação por arraste a vapor. Uma vez obtido o
eugenol, deve-se separá-lo da solução aquosa através de extrações com diclorometano.
Traços de água presentes no solvente deverão ser retirados com a ajuda de um sal
dessecante (sulfato de sódio anidro). Como é difícil purificar o composto original ou
caracterizá-lo através de suas propriedades físicas, pode-se convertê-lo em um derivado.
Este derivado pode ser obtido através da reação do eugenol com cloreto de benzoíla. O
produto formado é o benzoato de eugenila 2, um composto cristalino com ponto de fusão
bem definido.

CH3OCH O 3

PhCOCl
O
NaOH
O 2
HO
1

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

EXTRAÇÃO DO EUGENOL:
Monte a aparelhagem conforme a Figura 1. O frasco coletor, de 125 mL pode ser um
erlenmeyer e a fonte de calor uma manta elétrica.
Coloque 10 g de cravos num balão de três bocas e adicione 150 mL de água. Inicie o
aquecimento de modo a ter uma velocidade de destilação lenta, mas constante. Durante a
destilação continue a adicionar água através do funil de separação, numa velocidade que
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100 mL do destilado. Tire a água do funil de separação e coloque o destilado nele. Extraia o
destilado com duas porções de cloreto de metileno (10 mL). Separe as camadas e despreze
a fase aquosa. Seque a fase orgânica com sulfato de sódio anidro. Filtre a mistura em papel
pregueado (diretamente em um balão de fundo redondo previamente tarado), lave com uma
pequena porção de CH2Cl2 e em seguida retire o solvente no evaporador rotativo.
Opcionalmente, após a filtração concentre a mistura (utilizando um banho de vapor na
capela), transfira o líquido restante para um tubo de ensaio previamente tarado e concentre
o conteúdo novamente por evaporação em banho-maria até que somente um resíduo oleoso
permaneça. Seque o tubo de ensaio e pese. Calcule a porcentagem de extração de óleo,
baseado na quantidade original de cravo usada.

Figura 1: Destilação por arraste a vapor.

QUESTIONÁRIO

1. Apresente a reação entre o eugenol e NaOH e escreva estruturas de ressonância que


mostrem como o ânion do eugenol é estabilizado:
2. Qual a função dos agentes dessecantes? Cite exemplos:
3. Quais métodos poderiam ser utilizados para uma purificação do eugenol, a partir do óleo
de cravo? (eugenol: P.F. = -11oC; P.E. = 254oC)?
4. Como pode ser realizada a caracterização do eugenol?
5. Calcule o rendimento da extração (porcentagem em massa do óleo de cravo isolado) e discuta
os seus resultados:
17

AULA 05 - RECRISTALIZAÇÃO, PONTO DE FUSÃO E PONTO DE EBULIÇÃO

O ponto de fusão de um sólido cristalino é definido como a temperatura na qual esta


substância passa da fase sólida para a fase líquida.
A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente levada a efeito por cristalização
a partir de um solvente apropriado ou de uma mistura de solventes.

Regras para uma recristalização passo a passo:


A) Dissolução:
1. encontrar um solvente onde a substância (soluto) seja pouco solúvel à
temperatura ambiente e muito solúvel à quente;
2. aquecer o solvente até próximo ao ponto de ebulição;
3. dissolver o sólido num mínimo do solvente em ebulição;
4. adicionar, se necessário, carvão ativo depois de resfriar a solução
(CUIDADO!!);
5. filtrar a solução à quente através de funil pré-aquecido com papel de filtro
para remover as impurezas sólidas e o carvão ativo. (Obs.: esta etapa pode ser
eliminada se não tiver sido necessário adicionar o carvão ativo e se não existir
impurezas sólidas);
6. deixar a solução esfriar sob repouso, sem tocar no frasco;
7. se os cristais não aparecerem siga para o item B; se aparecerem, siga para o
item
C.

B) Induzindo a cristalização:
1. arranhar as paredes do Erlemmeyer com um bastão de vidro;
2. semear a solução com cristais da mesma substância;
3. resfriar a solução em banho de gelo.

C) Coletando os cristais:
1. coletar os cristais usando um funil de Büchner;
2. lavar os cristais com uma pequena porção de solvente frio;
3. manter a sucção até que os cristais estejam secos.
18

Objetivos
ü Purificar e determinar o ponto de fusão um composto orgânico sólido.

Materiais
ü Béquer (150 mL); Funil de Büchner;
ü Tripé; banho de gelo;
ü Tela de amianto; Papel de filtro qualitativo;
ü Bico de Bunsen; vidro relógio;
ü Suporte universal; Capilares de vidro;
ü Garras; Funil de haste longa.
ü Erlemmeyer (125 mL); Termômetro;
ü Funil de haste curta; Tubo de Thièle;
ü Bastão de vidro; elástico
ü Kitassato; Papel alumínio

Reagentes
ü Amostra orgânica impura (Sugestão: 10 g de ácido salicílico + 0,5 g de ácido
benzóico); Glicerina;
ü Carvão ativo.

Procedimento
a) Recristalização (1ª aula):
Pesar aproximadamente 2,0 g de amostra sólida impura e anotar a massa. Transferir
a amostra para um béquer e adicionar um pouco de água destilada (~ 50 mL). Aquecer o
béquer até que todo o sólido se dissolva. Se a amostra não dissolver totalmente, adicionar
mais um pouco de água destilada e aquecer novamente.
Em paralelo a essa operação, preparar o material para a filtração à quente, caso seja
necessário.
Adicionar vagarosamente, sobre a mistura ainda quente, um pouco de carvão ativo, a
fim de remover impurezas, e aquecer a mistura até a ebulição. Filtrar a solução à quente em
um erlemmeyer, suportando um funil de haste curta com um papel de filtro pregueado pré-
aquecido. Se a solução não puder ser filtrada em uma única operação, conservar quente a
porção não filtrada, mantendo-a sob aquecimento. Quando toda a solução estiver filtrada,
deixá-la em repouso até o início da cristalização. Em seguida, resfriar em banho de gelo para
19

Paralelamente, pesar o papel de filtro e preparar o sistema para filtração sob sucção
(Funil de Büchner + Kitassato), conforme figura 02.
Filtrar por sucção em funil de Büchner, lavar os cristais duas vezes com porções de 5
mL de água destilada gelada para remover a água-mâe aderente. Remover o papel de filtro
do funil de Büchner e o colocar sob um vidro relógio para que os cristais recristalizados
sequem ao ar.
Pesar o papel de filtro seco (contendo os cristais) na aula seguinte e calcular o
rendimento da recristalização.

Figura 02: Filtração a vácuo, com funil de Büchner.

b) Determinação do ponto de fusão (2ª aula):


Colocar em um capilar de vidro uma pequena quantidade dos cristais secos, de modo a ter
2 a 3 mm de material no capilar. Compactar o material nos capilares com auxílio de uma vara
de vidro. Encher um tudo de Thièle com glicerina (usando um funil de haste longa) até a
metade do pescoço do tubo (nujol ou silicone também podem ser usados). Conectar o capilar
a um termômetro com o auxílio de um elástico, e colocar o conjunto (capilar + termômetro)
em um tubo de Thièle com glicerina. Fixar a posição do termômetro com auxílio de uma rolha
cortada lateralmente em V. Aquecer o sistema usando a chama azul do bico de Bunsen
(Figura 03). A temperatura deverá subir rapidamente. Quando faltar 10-15 ºC para o ponto
de fusão dos cristais, iniciar aquecimento brando do sistema, com chama amarela, na taxa
de 1ºC/min. Registrar a temperatura de fusão quando o sólido se derreter.
20

Figura 03: Determinação do ponto de fusão usando o tubo de Thièle.

Obs.: um bom ponto de fusão tem um intervalo de fusão (início fim) de até 2ºC.

b) Determinação do ponto de ebulição (2ª aula):


Colocar uma pequena quantidade da amostra (amina, álcool terc-butílico, álcool n-
butílico, cicloexano e tolueno), em um tubo de ensaio (5 x 50 mm) e mergulhar neste um
capilar invertido. Ligar o tubo de ensaio ao termômetro com auxílio de um elástico (Figura
2a) e colocar o conjunto em um tubo de Thiele contendo o líquido de banho adequado, tendo
cuidado de deixar o nível do líquido de aquecimento abaixo da entrada do tubo de ensaio.
Aquecer e observar o aparecimento de bolhas que escapam do capilar e percorrem o líquido.
Quando o colar de bolhas ficar contínuo, anotar a temperatura e afastar a chama. Observar
que as bolhas cessarão e o líquido começará a adentrar no capilar.
21

QUESTIONÁRIO

1. Qual a importância da recristalização?


2. Por que o atrito do bastão de vidro no béquer acelera a cristalização?
3. Por que deve ser utilizada filtração a quente?
4. Qual a finalidade de se realizar PF e PE de uma substância?
5. Demonstre, graficamente, a curva de aquecimento de uma substância pura e de uma que
contenha contaminantes.
6. Faça a curva de aquecimento para a substância analisada. Você pode concluir que o grau
de pureza dela é de 100%? Explique.
22

AULA 06 – SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

Grande parte dos processos rotineiros de um laboratório de Química Orgânica


(reações químicas, métodos de análise e purificação de compostos orgânicos) é efetuado
em solução ou envolve propriedades relacionadas à solubilidade de compostos orgânicos.
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em duas categorias
principais: a solubilidade na qual uma reação química é a força motriz e a solubilidade na
qual somente está envolvida a simples miscibilidade. As duas estão inter-relacionadas,
sendo que a primeira é, geralmente, usada para identificar os grupos funcionais e a segunda
para determinar os solventes apropriados para recristalização, nas análises espectrais e nas
reações químicas.
Três informações podem ser obtidas com relação a uma substância desconhecida,
através da investigação de seu comportamento quanto a solubilidade em: água, solução de
hidróxido de sódio 5%, solução de bicarbonato de sódio 5%, solução de ácido clorídrico 5%
e ácido sulfúrico concentrado a frio. Em geral, encontram-se indicações sobre o grupo
funcional presente na substância. Por exemplo, uma vez que os hidrocarbonetos são
insolúveis em água, o simples fato de um composto como o éter etílico ser parcialmente
solúvel em água indica a presença de um grupo funcional polar. Além disso, a solubilidade
em certos solventes fornece informações mais específicas sobre um grupo funcional. Por
exemplo, o ácido benzóico é insolúvel em água, mas o hidróxido de sódio diluído o converte
em seu sal, que é solúvel. Assim, a solubilidade de um composto insolúvel em água mas
solúvel em solução de NaOH diluído é uma forte indicação sobre o grupo funcional ácido.
Finalmente, é possível, em certos casos, fazer deduções sobre a massa molecular de uma
substância. Por exemplo, em muitas séries homólogas de compostos monofuncionais,
aqueles com menos de cinco átomos de carbono são solúveis em água, enquanto que os
homólogos são insolúveis.
De acordo com o Esquema 1, os testes de solubilidade são iniciados pelo ensaio com
água. Diz-se que uma substância é “solúvel“ em um dado solvente, quando esta se dissolve
na razão de 3 g por 100 mL de solvente. Entretanto, quando se considera a solubilidade em
ácido ou base diluídos, a observação importante a ser feita não é saber se ela atinge os 3%
ou outro ponto arbitrário, e sim se a substância desconhecida é muito mais solúvel na solução
ácida ou básica aquosa do que em água. Este aumento na solubilidade constitui o ensaio
positivo para a existência de um grupo funcional ácido ou básico.
Os compostos ácidos são classificados por intermédio da solubilidade em hidróxido
de sódio 5%. Os ácidos fortes e fracos (respectivamente, classes A1 e A2 da Tabela 1) são
23

últimos não o são. Os compostos que atuam como base em soluções aquosas são
detectados pela solubilidade em ácido clorídrico a 5% (classe B).
Muitos compostos que são neutros frente ao ácido clorídrico a 5%, comportam-se
como bases em solventes mais ácidos, como ácido sulfuríco ou ácido fosfórico concentrados.
Em geral, compostos contendo enxofre ou nitrogênio deveriam ser solúveis neste meio.

Tabela 1: Compostos orgânicos relacionados às classes de solubilidade.


Sais de ácidos orgânicos, hidrocloretos de aminas, aminoácidos, compostos
S2 polifuncionais (carboidratos, poliálcoois, ácidos, etc.).
Ácidos monocarboxílicos, com cinco átomos de carbono
SA ou menos, ácidos arenossulfônicos.
Aminas monofuncionais com seis átomos
SB de carbono ou menos.
Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas monofuncionais
S1 com cinco átomos de carbono ou menos.
Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com menos de seis átomos de carbono, fenóis
A1 com grupos eletrofílicos em posições orto e para, β-dicetonas.
Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas, sulfonamidas,
A2 tiofenóis com mais de cinco átomos de carbono, β-dicetonas, compostos
nitro com hidrogênio em α, sulfonamidas.
Aminas aromáticas com oito ou mais carbonos,
B anilinas e alguns oxiéteres.
Diversos compostos neutros de nitrogênio ou enxofre contendo
MN mais de cinco átomos de carbono.
Álcoois, aldeídos, metil cetonas, cetonas cíclicas e ésteres contendo
N1 somente um grupo funcional e número de átomos de carbono entre cinco e nove; éteres com
menos de oito átomos de carbono; epóxidos.
Alcenos, alcinos, éteres, alguns compostos aromáticos (com
N2 grupos ativantes) e cetonas (além das citadas em N1).
Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila, éteres
I diarílicos, compostos aromáticos desativados.
Obs.: Os haletos e anidridos de ácido não foram incluídos devido a alta reatividade.

Uma vez que apenas a solubilidade em água não fornece informação suficiente sobre
a presença de grupos funcionais ácidos ou básicos, esta deve ser obtida pelo ensaio das
soluções aquosas com papel de tornassol ou outro indicador de pH.
24

SUBSTÂNCIA
DESCONHECIDA

ÁGUA

INSOLÚVEL SOLÚVEL

NaOH 5% ÉTER

INSOLÚVEL
INSOLÚVEL SOLÚVEL SOLÚVEL
S2

HCl 5% NaHCO 3 5% VERMELHO AO AZUL AO NÃO ALTERA O


TORNASSOL TORNASSOL TORNASSOL
SA
SB S1

INSOLÚVEL SOLÚVEL SOLÚVEL INSOLÚVEL


B A1 A2

H 2 SO 4 96%

INSOLÚVEL
I H 3PO 4 85%

SOLÚVEL INSOLÚVEL
N1 N2

Esquema 1: Classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade.

METODOLOGIA

Neste experimento, serão analisados cinco compostos desconhecidos. A partir dos


testes de solubilidade, estes serão classificados em classes de grupos funcionais de acordo
com a Tabela 1 e Esquema 1. Estes cinco compostos incluem uma base, um ácido fraco, um
ácido forte, uma substância neutra contendo oxigênio e uma substância neutra inerte.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Coloque 1,0 mL do solvente em um tubo de ensaio. A seguir adicione algumas gotas


do líquido ou sólido desconhecido, diretamente no solvente. Os compostos sólidos devem
ser finamente pulverizados para facilitar a dissolução. A seguir, agite cuidadosamente o tubo
de ensaio e anote o resultado. Às vezes um leve aquecimento ajuda na dissolução, e quando
um composto colorido se dissolve a solução assume esta cor.
25

Usando o procedimento acima, os testes de solubilidade dos compostos


desconhecidos devem ser determinados nos seguintes solventes: água, éter, NaOH 5%,
NaHCO3 5%, HCl 5%, H2SO4 95 % e H3PO4 85%. O roteiro apresentado no Esquema 1 deve
servir como orientação.
Usando ácido sulfúrico concentrado pode haver uma mudança de coloração,
indicando um teste positivo de solubilidade.
Sólidos desconhecidos que não dissolvem nos solventes citados acima podem ser
substâncias inorgânicas.
Se o composto dissolver em água, o pH deverá ser medido com papel indicador.
Compostos solúveis em água são, em geral, solúveis em todos os solventes aquosos. Se
um composto é pouco solúvel em água, ele poderá ser mais solúvel em outro solvente
aquoso. Como já citado, um ácido carboxílico poderá ser pouco solúvel em água, mas muito
solúvel em meio básico diluído. Assim, torna-se necessário determinar a solubilidade dos
compostos desconhecidos em todos os solventes.

QUESTIONÁRIO

1. Indique as classes de solubilidade a que os compostos abaixo pertencem, baseando-se


apenas em suas características estruturais e no Esquema 1.
a. 3-metoxifenol, cicloexanona, propionato de sódio.
b. 3-metileptanal, ácido oxálico, 2-bromooctano.
2. Um composto desconhecido é solúvel em água e em cloreto de metileno. O teste com papel
de tornassol indicou coloração azul. Qual(is) do(s) composto(s) abaixo poderia ser o
desconhecido? Quais seriam solúveis em H2SO4 95%?
a. 2,3-dibromopentano dietilamina 3-etilfenol 2,4-dimetiloctano 4-etilanilina
3. Se um composto desconhecido fosse insolúvel em água e HCI 5%, quais testes ainda seriam
necessários para identificá-lo? Existe alguma substância do exercício 2-) que apresentaria
estas características de solubilidade?
26

AULA 07 – CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS

MATERIAL E REAGENTES
- Conta gotas (3)
- Pipeta de 5 mL (8)
- Tubo de ensaio (8)
- Hidróxido de amônio 10% - NaOH 5% e 10%
- Reagente de LUCAS
- Iodeto de potássio-iodo - Nitrato de prata 5%
- Metanol
- Formol
- Álcool t-butílico - Glicose
- Acetona
- Álcool etílico

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
a) Teste de Lucas:
Adicionar 3 a 4 gotas de álcool t-butílico a 30 gotas do reagente de LUCAS em um tubo de ensaio.
Agitar a mistura vigorosamente. Deixar em repouso e observar o que acontece. Repetir o mesmo
processo, usando álcool etílico.
b) Teste de Tollens:
- Preparação do reagente de TOLLENS:
Em um tubo de ensaio, colocar 2,0 mL de uma solução a 5% de AgNO3. Em seguida adicionar uma
gota da solução a 10% de NaOH. Agitar o tubo e juntar solução de NH4OH a 10%, gota a gota,
com agitação, até que o precipitado de hidróxido de prata se dissolva totalmente, obtendo-se uma
solução transparente. Agitar o tubo e deixar em repouso por 10 minutos.
- Substâncias a serem testadas: formol, acetona e glicose. Em um tubo de ensaio muito limpo,
colocar 0,5 mL (aproximadamente 10 gotas) de formol e adicionar 0,5 mL do reagente de TOLLENS
recentemente preparado. Repetir o processo usando acetona e depois e glicose. (Quando a
amostra for sólida usar aproximadamente 10,0 mg).
c) Teste do Iodofórmio:
Substâncias a serem testadas: álcool etílico, metanol e acetona.
Em um tubo de ensaio, colocar 2,0 mL de água, 5 gotas de álcool etílico e 0,5 mL do reagente
iodeto de potássio-iodo. Adicionar solução a 5% de hidróxido de sódio até que a solução fique
27

aquecer o tubo a 60oC. Registrar suas observações. Repetir o processo usando metanol e depois
acetona.
Observações:
1. O reagente iodeto de potássio-iodo é preparado, dissolvendo-se 10,0 g de iodeto de potássio
e 5,0 g de iodo em 50,0 mL de água.
2. O reagente de LUCAS é preparado, dissolvendo-se 22,7 g de cloreto de zinco anidro em
17,5 g de ácido clorídrico concentrado com resfriamento

QUESTIONÁRIO:
1. O que é reagente de LUCAS? Até quantos carbonos na molécula de álcool, o teste de
LUCAS deve ser utilizado? Por quê?
2. O que é reagente TOLLENS? Como se identifica que este teste foi positivo?
3. Que tipo de substância testará positivo com o reagente de TOLLENS?
4. Que tipo de grupamentos pode ser identificados através da reação do iodofórmio?
5. Por que os alcoóis secundários (-CHOHCH3) apresentam teste positivo?
28

AULA 08 – EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS

A separação de uma substância de uma mistura pelo contato com um solvente que
preferencialmente dissolve o material desejado se chama extração. A amostra original pode
ser um sólido ou um líquido. A extração de um composto de uma fase líquida para uma outra
é um processo de equilíbrio determinado pelas solubilidades da substância (soluto) nos dois
solventes. A razão das concentrações nas duas fases em equilíbrio (Kd = C1/C2) é chamada
coeficiente de distribuição e é uma constante de equilíbrio com um valor característico
para uma substância (soluto) num par de solventes imiscíveis a uma dada temperatura. Em
uma extração quimicamente ativa, uma substância é modificada quimicamente para mudar
seu coeficiente de distribuição num par de solventes.

OBJETIVO
Ø Separação e purificação de compostos orgânicos através do uso de solventes
reativos.

Conceitos envolvidos:
a) Acidez/basicidade de compostos orgânicos: utilizar as diferenças de pKa das
substâncias orgânicas para alterar seu coeficiente de distribuição num par de
solventes.
b) Extração/coeficiente de distribuição: extrair com um solvente (3 X 30 mL), por
exemplo, significa extrair três vezes utilizando 30 mL do solvente de cada vez. (Note
que, considerando o coeficiente de distribuição, essa extração é mais eficiente
do que se fosse de uma só vez utilizando 90 mL do solvente)
c) Densidade dos solventes: geralmente, o solvente de maior densidade constitui a fase
inferior, sendo o primeiro a ser retirado do funil de separação. (Consulte uma tabela de
densidade).
d) Agentes secantes: normalmente duas ou três espátulas com Na2SO4 anidro são
suficientes para secar as quantidades envolvidas neste experimento.
29

Cuidados a serem observados:


a) o éter é volátil e inflamável. Evite manuseá-lo perto de uma fonte de ignição. Mantenha
o recipiente do éter etílico fechado;
b) não deve ser utilizada chama em nenhum momento na execução deste experimento;
c) abrir a torneira do funil de separação após cada agitação para que a pressão interna
seja aliviada. Faça esta operação conforme orientação do professor.

Reagentes
ü anilina; solução NaOH 10%;
ü ácido benzóico; solução HCl 10%;
ü naftaleno; éter etílico (diclorometano ou clorofórmio)

Materiais
ü Erlemmeyer (125 mL); Bomba vácuo
ü Funil de separação; Chapa de aquecimento e banho de gelo;
ü Funil de Büchner; Papel de filtro qualitativo;
ü Kitassato; vidro relógio;
ü Bastão de vidro; Papel indicador de pH (tornassol)

Procedimento

As misturas orgânicas a serem analisadas deverão conter:


Mistura A: 2,0 mL de anilina (básico) e 1,5g de naftaleno (neutro)
Mistura B: 1,5g de ácido benzóico e 1,5g de naftaleno.
Dissolver a mistura orgânica em 80 mL de éter etílico (ou diclorometano ou clorofórmio).
Transferir esta solução para um funil de separação de 250 mL e extrair com as soluções
aquosas (Figura 04 e 05), seguindo a ordem descrita, mantendo a solução orgânica no funil
de separação.

Figura 04: Como agitar um funil de separação durante o processo de extração “líquido-liquído”.
30

Figura 05: Duas soluções de líquidos imiscíveis sendo separadas em um funil de separação.

1. Extração da Mistura A: Extrair a solução orgânica A (mistura A) inicial com uma solução
aquosa de HCl 10% (2 X 25 mL).
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para aliviar a pressão.
- Guardar a solução orgânica para prosseguir a extração do naftaleno.
- Juntar as frações aquosas, neutralizar com solução de NaOH 10%, transferir para um
outro funil de separação e extrair com éter etílico (2 X 25 mL), recolhendo a solução
orgânica num erlemmeyer.
- Quais as reações envolvidas nesta extração?

Extração do naftaleno: lavar a solução orgânica com água destilada (2 X 30 mL) para
retirada do excesso de NaOH da solução.
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para aliviar a pressão.
- Recolher a solução orgânica em um erlemmeyer e evaporar em banho-maria.

2. Extração da Mistura B: extrair a solução orgânica B (mistura B) com NaOH 10% (2 X 25


mL). Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para aliviar a
pressão.
- Guardar a solução orgânica para prosseguir a extração do naftaleno.
- Juntar as frações aquosas e neutralizar adicionando quantidades de HCl 10%, agitando
vigorosamente até atingir meio ácido. Coletar o precipitado formado, através de uma
filtração à vácuo, utilizando um funil de Büchner e kitassato, e lavar com água gelada.
Deixar o material secar em um vidro relógio e pesar o produto obtido na aula seguinte.
Calcular a percentagem de material recuperado.
- Quais as reações envolvidas nesta extração?

Extração do naftaleno: lavar a solução orgânica com água destilada (2 X 30 mL) para
retirada do excesso de NaOH da solução.
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para aliviar a pressão.
31

QUESTIONÁRIO

1. Forneça as reações envolvidas na extração A e B.


2. Qual o princípio básico do processo de extração com solventes?
3. Por que a água é geralmente usada como um dos solventes na extração líquido-
líquido?
4. Quais as características de um bom solvente para que possa ser usado na extração
de um composto orgânico em uma solução aquosa?
5. Qual fase (superior ou inferior) será a orgânica se uma solução aquosa for tratada
com:
a) éter etílico b) clorofórmio c) acetona d) n-hexano e) benzeno
6. Pode-se usar etanol para a extração uma substância que se encontra dissolvida em
água? Justifique sua resposta.
7. Esquematize uma sequência plausível de separação, usando extração líquido-líquido,
de uma mistura equimolar composta de N,N-dietilanilina (solubilidade em água
0,016g/mL, muito solúvel em éter), acetofenona (insolúvel em água, solúvel em éter)
e 2,4,6-triclorofenol (solubilidade em água de 0,0008g/mL, muito solúvel em éter).
32

AULA 08 – EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA

Alcaloides são substâncias orgânicas nitrogenadas de caráter básico, geralmente de


origem vegetal, e que provocam efeitos fisiológicos característicos nos organismos humanos.
Nem todas as substâncias classificadas como alcalóides obedecem rigorosamente a todos
os itens desta definição; por exemplo o alcalóide da pimenta (piperina) não é básico, mas
tem acentuada ação fisiológica. Do ponto de vista químico, os alcalóides não constituem um
grupo homogêneo de substâncias. Quase todos, porém, apresentam estrutura química
derivada de um composto heterociclo. Uma classificação química de alcalóides baseia-se na
estrutura deste heterociclo: alcalóides da piridina (ex.: nicotina) da xantina (ex.: cafeína), da
quinolina, do pirrol, do indol, da piperidina, etc.
Certas famílias vegetais são particularmente ricas em alcalóides, por exemplo, as
rubiáceas (café) e as solanáceas (fumo).
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina, 1) pertence à família dos alcalóides xantínicos (Figura 1).

Figura 1: Alguns exemplos de alcalóides xantínicos.

A cafeína foi isolada do café por Runge em 1820 e do chá preto por Oudry em 1827.
Ela é encontrada ainda no guaraná, erva-mate e em outros vegetais, e é responsável pelo
efeito estimulante de bebidas como chá e café e de refrigerantes como Coca-Cola e Pepsi-
Cola. É também um dos princípios ativos de bebidas ditas “energéticas” (Red Bull, Power
Flash, etc).
A cafeína provoca um efeito pronunciado no sistema nervoso central (SNC), mas nem
todos os derivados xantínicos são efetivos como estimulantes do SNC. A teobromina (4,
Figura 1), uma xantina encontrada no cacau, possui pouco efeito no SNC, porém é um forte
diurético e é utilizada em medicamentos para tratar pacientes com problemas de retenção
de água. A teofilina (3), encontrada no chá junto com a cafeína, também tem pouca ação no
SNC, mas é um forte estimulante do miocárdio, relaxando a artéria coronária, que fornece
sangue ao coração. Teofilina, também chamada de aminofilina, é frequentemente usada no
tratamento de pacientes que tiveram parada cardíaca. É também um diurético mais potente
que a teobromina. Sendo um vasodilatador, é geralmente empregada no tratamento de dores
33

A cafeína é relativamente tóxica, (LD50 = 75 mg/Kg), mas para se obter uma dose letal
de cafeína, o indivíduo deveria ingerir dezenas de quilos de café em um curto período. Na
Tabela 1 são apresentadas as quantidades médias de cafeína encontradas em algumas
bebidas e alimentos.
Devido aos efeitos provocados pela cafeína no SNC, algumas pessoas preferem usar
café descafeinado. A descafeinação reduz o conteúdo de cafeína do café para
aproximadamente 0,03 - 1,2%

Tabela 1: Porcentagem em massa de cafeína presente em bebidas e alimentos.

BEBIDA/ALIMENTO % EM MASSA DE CAFEÍNA

Café moído 0,64 - 0,88


Café instantâneo 0,42 - 0,56
Chá 0,18 - 0,53
Chocolate 0,71
Coca-cola 0,12

METODOLOGIA

No experimento de hoje será realizada a extração da cafeína das folhas do chá, usando água
quente contendo carbonato de cálcio. Por sua vez, a cafeína será extraída desta fase aquosa com
diclorometano. Com a evaporação do solvente obtém-se a cafeína impura. A purificação da cafeína
obtida será feita através da técnica de recristalização, utilizando tolueno e éter de petróleo como
solventes.
Alcaloides são aminas, e, portanto formam sais solúveis em água, quando tratados com
ácidos. A cafeína encontrada nas plantas apresenta-se na forma livre ou combinada com taninos
fracamente ácidos. A cafeína é solúvel em água, então pode ser extraída de grãos de café ou das
folhas de chá com água quente. Junto com a cafeína, outros inúmeros compostos orgânicos são
extraídos, e a mistura destes compostos é que dá o aroma característico ao chá e ao café.
Entretanto, a presença desta mistura de compostos interfere na etapa de extração da cafeína com
um solvente orgânico, provocando a formação de uma emulsão difícil de ser tratada. Para minimizar
este problema utiliza-se uma solução aquosa de carbonato de cálcio. O meio básico promove a
hidrólise do sal de cafeína-tanino, aumentando assim o rendimento de cafeína extraída.
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PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Em um erlenmeyer de 250 mL coloque 15,0 g de chá preto, 150 mL de água e 7,0 g de


carbonato de cálcio. Ferva a mistura com agitação ocasional por 20 minutos, filtre a mistura quente
em Buchner e esfrie o filtrado a 10-15°C.
Transfira o filtrado para um funil de separação e extraia a cafeína com 4 porções de 20 mL
de cloreto de metileno (extração múltipla com agitação suave para evitar a formação de emulsão).
Destile o solvente com um aparelho de destilação simples até que se obtenha um volume de 5-7
mL no balão. Transfira então o extrato concentrado para um béquer e evapore o restante do
solvente em banho de vapor até a secura. Pese o resíduo esverdeado de cafeína bruta e calcule a
percentagem de alcalóide no chá. O resíduo pode ser recristalizado, dissolvendo-o em 5 mL de
tolueno a quente e adicionando algumas gotas de éter de petróleo (p. e. 60-80°C) até formar o
precipitado. Determine o ponto de fusão do cristal e compare-o com o descrito na literatura.

QUESTIONÁRIO

1. O que é um alcaloide?
2. Por quê os alcaloides geralmente apresentam caráter básico?
3. Por quê a maioria dos alcaloides são extraídos das plantas com uma solução aquosa ácida?
4. Por que a cafeína é extraída com uma solução aquosa básica?
5. Explique a técnica de recristalização usada nesta experiência:
6. Quais as estruturas dos heterociclos: piridina, piperidina, pirrol, quinolina, indol e xantina?
7. Apesar de existirem alcalóides de origem animal (por ex., nos venenos de alguns animais
peçonhentos), a vasta maioria dos alcalóides é encontrada em vegetais. Sugira razões para
este fato (ou seja, por que as plantas sintetizam alcalóides?):
8. Discuta sobre a metodologia de isolamento de um produto natural a partir de plantas, que foi
utilizado neste experimento. Ela pode ser considerada geral? Quais as dificuldades
encontradas? Quais as vantagens desse método?
9. Discuta a porcentagem de cafeína bruta isolada e de cafeína após a recristalização.
Levando-se em conta que as plantas produzem milhares de compostos diferentes, o que
você conclui a respeito da quantidade de cafeína presente no chá preto?
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AULA 09 – CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA E EM COLUNA

Cromatografia é uma técnica utilizada para analisar, identificar ou separar os componentes


de uma mistura. A cromatografia é definida como a separação de dois ou mais compostos diferentes
por distribuição entre fases, uma das quais é estacionária e a outra móvel.
A mistura é adsorvida em uma fase fixa, e uma fase móvel "lava" continuamente a mistura
adsorvida. Pela escolha apropriada da fase fixa e da fase móvel, além de outras variáveis, podese
fazer com que os componentes da mistura sejam arrastados ordenadamente. Aqueles que
interagem pouco com a fase fixa são arrastados facilmente e aqueles com maior interação ficam
mais retidos.
Os componentes da mistura adsorvem-se com as partículas de sólido devido a interação de
diversas forças intermoleculares. O composto terá uma maior ou menor adsorção, dependendo das
forças de interação, que variam na seguinte ordem: formação de sais > coordenação > pontes de
hidrogênio > dipolo-dipolo > Van der Waals.
Dependendo da natureza das duas fases envolvidas tem-se diversos tipos de cromatografia:
- sólido-líquido (coluna, camada fina, papel);
- líquido-líquido;
- gás-líquido.

CROMATOGRAFIA EM COLUNA:

A cromatografia em coluna é uma técnica de partição entre duas fases, sólida e líquida,
baseada na capacidade de adsorção e solubilidade. O sólido deve ser um material insolúvel na fase
líquida associada, sendo que os mais utilizados são a sílica gel (SiO2) e alumina (Al2O3), geralmente
na forma de pó. A mistura a ser separada é colocada na coluna com um eluente menos polar e vai-
se aumentando gradativamente a polaridade do eluente e consequentemente o seu poder de
arraste de substâncias mais polares. Uma seqüência de eluentes normalmente utilizada é a
seguinte: éter de petróleo, hexano, éter etílico, tetracloreto de carbono, acetato de etila, etanol,
metanol, água e ácido acético.
O fluxo de solvente deve ser contínuo. Os diferentes componentes da mistura mover-se-ão
com velocidade distintas dependendo de sua afinidade relativa pelo adsorvente (grupos polares
interagem melhor com o adsorvente) e também pelo eluente. Assim, a capacidade de um
determinado eluente em arrastar um composto adsorvido na coluna depende quase diretamente da
polaridade do solvente com relação ao composto.
À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas móveis começam
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passam através da coluna com uma velocidade maior do que os compostos polares, porque os
primeiros têm menor afinidade com a fase estacionária. Se o adsorvente escolhido interagir
fortemente com todos os compostos da mistura, ela não se moverá. Por outro lado, se for escolhido
um solvente muito polar, todos os solutos podem ser eluídos sem serem separados. Por uma
escolha cuidadosa das condições, praticamente qualquer mistura pode ser separada (Figura 1).

Figura 1: Cromatografia em coluna.

Outros adsorventes sólidos para cromatografia de coluna em ordem crescente de


capacidade de retenção de compostos polares são: papel, amido, açucares, sulfato de cálcio, sílica
gel, óxido de magnésio, alumina e carvão ativo. Ainda, a alumina usada comercialmente pode ser
ácida, básica ou neutra. A alumina ácida é útil na separação de ácidos carboxílicos e aminoácidos;
a básica é utilizada para a separação de aminas.

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:

A cromatografia em camada fina (ou delgada) é uma técnica simples, barata e muito
importante para a separação rápida e análise quantitativa de pequenas quantidades de material.
Ela é usada para determinar a pureza do composto, identificar componentes em uma mistura
comparando-os com padrões; acompanhar o curso de uma reação pelo aparecimento dos produtos
e desaparecimento dos reagentes e ainda para isolar componentes puros de uma mistura.
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Na cromatografia de camada delgada a fase líquida ascende por uma camada fina do
adsorvente estendida sobre um suporte. O suporte mais típico é uma placa de vidro (outros
materiais podem ser usados).
Sobre a placa espalha-se uma camada fina de adsorvente suspenso em água (ou outro
solvente) e deixa-se secar. A placa coberta e seca chama-se "placa de camada fina". Quando a
placa de camada fina é colocada verticalmente em um recipiente fechado (cuba cromatográfica)
que contém uma pequena quantidade de solvente, este eluirá pela camada do adsorvente por ação
capilar.

Figura 2: Cromatografia em camada delgada.

A amostra é colocada na parte inferior da placa, através de aplicações sucessivas de uma


solução da amostra com um pequeno capilar. Deve-se formar uma pequena mancha circular. À
medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é compartilhada entre a fase líquida móvel e a
fase sólida estacionária. Durante este processo, os diversos componentes da mistura são
separados. Como na cromatografia de coluna, as substâncias menos polares avançam mais
rapidamente que as substâncias mais polares. Esta diferença na velocidade resultará em uma
separação dos componentes da amostra. Quando estiverem presentes várias substâncias, cada
uma se comportará segundo suas propriedades de solubilidade e adsorção, dependendo dos
grupos funcionais presentes na sua estrutura (Figura 2).
Depois que o solvente ascendeu pela placa, esta é retirada da cuba e seca até que esteja
livre do solvente. Cada mancha corresponde a um componente separado na mistura original. Se os
componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas serão claramente visíveis. Contudo,
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Para a visualização deve-se "revelar a placa". Um método bastante comum é o uso de vapores de
iodo, que reage com muitos compostos orgânicos formando complexos de cor café ou amarela.
Outros reagentes para visualização são: nitrato de prata (para derivados halogenados), 2,4-
dinitrofenilidrazina (para cetonas e aldeídos), verde de bromocresol (para ácidos), ninhidrina (para
aminoácidos), etc.
Um parâmetro freqüentemente usado em cromatografia é o "índice de retenção" de um
composto (Rf). Na cromatografia de camada fina, o Rf é função do tipo de suporte (fase fixa)
empregado e do eluente. Ele é definido como a razão entre a distância percorrida pela mancha do
componente e a distância percorrida pelo eluente.
Portanto:
Rf = dc / ds
Onde: dc = distância percorrida pelo componente da mistura.
ds = distância percorrida pelo eluente.

Quando as condições de medida forem completamente especificadas, o valor de Rf é


constante para qualquer composto dado e correspondente a uma propriedade física. Este valor
deve apenas ser tomado como guia, já que existem vários compostos com o mesmo Rf. Sob uma
série de condições estabelecidas para a cromatografia de camada fina, um determinado composto
percorrerá sempre uma distância fixa relativa à distância percorrida pelo solvente. Estas condições
são:
1- sistema de solvente utilizado;
2- adsorvente usado;
3- espessura da camada de adsorvente;
4- quantidade relativa de material.

METODOLOGIA

Na aula de hoje serão apresentadas as técnicas básicas para o desenvolvimento de


cromatografia em camada delgada e cromatografia em coluna.
Na cromatografia em camada delgada (CCD) serão analisados e identificados os
componentes coloridos extraídos de folhas verdes (clorofila A e B) e os da cenoura (β-caroteno),
assim como os componentes de uma droga analgésica, comparando-os com padrões. Será ainda
estudado o efeito do solvente no valor do Rf para os compostos β-naftol e p-toluidina.
Na cromatografia em coluna serão separados os componentes de uma mistura colorida de
azul de metileno e alaranjado de metila em duas colunas diferentes, uma contendo alumina como
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interage fortemente com espécies ácidas. Por sua vez, a sílica gel interage com espécies básicas
devido a natureza ácida do óxido de silício.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:


3.1.1- PREPARAÇÃO DAS PLACAS CROMATOGRÁFICAS: Prepare duas placas para
cromatografia em camada fina a partir de lâminas de vidro de microscópio. Agite com um bastão de
vidro uma suspensão espessa de sílica em tetracloreto de carbono em um béquer de 50 mL.
Quando a pasta resultante estiver homogênea mergulhe na mistura as duas placas juntas, face a
face, por um a dois segundos, retire-as e deixe-as secar ao ar.

3.1.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Com um capilar, semeie duas
manchas a 1 cm da base da placa e separadas entre si; uma de extrato de folhas verdes e outra
de extrato de cenoura. Coloque então a placa em uma cuba cromatográfica contendo o eluente
(acetato de etila : éter de petróleo 2:3). O nível de eluente deve estar abaixo do nível das manchas
na placa.
Após a eluição deixe secar a placa. O ß-caroteno (polieno isolado da cenoura) aparece como
uma mancha amarela próxima ao topo da placa; as clorofilas A e B aparecem como manchas verde
oliva e verde azulada, respectivamente. Calcule os Rf.

3.1.3- EFEITO DO SOLVENTE NO VALOR DE Rf: Em uma placa de sílica gel ativada aplique, com
ajuda de um capilar, uma solução diluída de ß-naftol e outra de p-toluidina (use cloreto de metileno
ou éter como solvente) e deixe desenvolver o cromatograma usando como eluente os seguintes
solventes (faça uma placa para cada eluente):
a) cloreto de metileno puro.
b) cloreto de metileno contendo 25% de acetato de etila.
c) cloreto de metileno contendo 50% de acetato de etila.
Após o solvente atingir o topo da placa, retire a placa da cuba, evapore o solvente na capela
e coloque-a numa atmosfera de iodo para revelar a manchas das substâncias.
Calcule o Rf para cada amostra em cada mistura de solvente.
Qual é o efeito causado sobre o Rf pelo aumento da proporção do acetato de etila na mistura
de solvente utilizado?
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CROMATOGRAFIA EM COLUNA:
3.2.1- EMPACOTAMENTO DA COLUNA: Prepare uma coluna para cromatografia utilizando
alumina neutra como fase fixa, da seguinte maneira: agite com um bastão em um béquer, 15 a 20
g de alumina em tetracloreto de carbono, até obter uma pasta fluida, homogênea e sem bolhas de
ar incluídas. Encha a terça parte da coluna cromatográfica com tetracloreto de carbono e derrame,
então, a pasta fluida de alumina, de modo que ela sedimente aos poucos e de forma homogênea.
Caso haja bolhas de ar oclusas na coluna, golpeie-a suavemente, de modo a expulsá-las. Controle
o nível do solvente abrindo ocasionalmente a torneira da coluna. Terminada a preparação, o nível
de tetracloreto de carbono deve estar 1 cm acima do topo da coluna de alumina.

3.2.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Distribua homogeneamente


sobre o topo da coluna de alumina, com auxílio de uma pipeta ou conta-gotas, 1 a 3 mL de uma
solução etanólica de alaranjado de metila e azul de metileno. Após a adsorção pela coluna, proceda
a eluição com etanol, vertendo cuidadosamente o solvente pelas paredes internas da coluna,
tomando cuidado para não causar distúrbios ou agitação na coluna. Ao mesmo tempo, abra a
torneira para escoar o solvente.
Elua todo o azul de metileno com etanol. Elua, primeiro com água, o alaranjado de metila
retido na coluna e em seguida com uma solução aquosa de ácido acético.
Repita o mesmo procedimento acima utilizando sílica gel como fase fixa da coluna. Observe que a
ordem de eluição se inverte, isto é, o alaranjado de metila sai com etanol enquanto o azul de
metileno fica retido na coluna.

QUESTIONÁRIO
1. Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma mistura sejam
adsorvidos pelas partículas do sólido:
2. Cite as características do solvente para lavar ou arrastar os compostos adsorvidos na coluna
cromatográfica:
3. Fale sobre o princípio básico que envolve a técnica de cromatografia:
4. Por quê se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica?
5. Se os componentes da mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam manchas
incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na placa
cromatográfica?
6. O que é e como é calculado o Rf ?
7. Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada?
8. A alumina, ou óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com espécies
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corantes empregados quando se usa alumina ou sílica como fase fixa. A estrutura dos dois
produtos está apresentada abaixo:
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AULA 10 – SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DA PANACETINA

A maior parte dos produtos naturais e muitas preparações comerciais são misturas de
diferentes compostos químicos.
Para se obter um composto puro de uma mistura, utiliza-se geralmente as diferenças
de suas propriedades físicas e químicas. Líquidos com pontos de ebulição diferentes são
separados por destilação. Substâncias que possuem grandes diferenças de solubilidade
podem ser separadas por extração ou por filtração. Compostos que apresentam propriedades
ácidas ou básicas são convertidos em seus sais, os quais são solúveis em água e podem ser
isolados dos outros compostos insolúveis em água, pela técnica de extração.
Neste experimento, você separará os componentes de uma preparação farmacêutica
simulada, a "PANACETINA", usando a técnica de extração por solventes quimicamente
reativos que se baseia nas propriedades de acidez, basicidade e solubilidade dos
componentes que serão extraídos.
Nenhuma separação é perfeita, traços de impurezas quase sempre permanecem no
composto que foi separado da mistura. Portanto, algum tipo de purificação se faz necessário
para a remoção das impurezas. Sólidos são purificados por técnicas de recristalização,
cromatografia ou sublimação. Após o composto ter sido purificado pode-se determinar o grau
de sua pureza e sua estrutura, utilizando-se técnicas sofisticadas como ressonância
magnética nuclear (RMN), infravermelho (IV) e espectrometria de massa (EM). Contudo, uma
simples determinação do ponto de fusão pode ajudar muito na identificação do composto.
A "PANACETINA" contém ácido acetilsalicílico (aspirina), sacarose e uma droga
desconhecida que pode ser acetanilida ou fenacetina. Estes compostos têm as seguintes
características de solubilidade:
1- A sacarose é solúvel em água e insolúvel em diclorometano
(CH2Cl2);
2- O ácido acetilsalicílico é solúvel em diclorometano e relativamente
insolúvel em água. O hidróxido de sódio converte o ácido no
correspondente sal, que é solúvel em água;
3- A acetanilida e a fenacetina são solúveis em diclorometano e
insolúveis em água, sendo que estas não são convertidas em sais por
hidróxido de sódio.
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METODOLOGIA

Misturando a "PANACETINA" com cloreto de metileno dissolve-se o ácido


acetilsalicílico e o composto desconhecido, mas a sacarose será um sólido insolúvel que pode
ser separado por filtração. O ácido acetilsalicílico pode ser removido da solução por extração
com uma solução aquosa de hidróxido de sódio, a qual converte o ácido no seu respectivo
sal, o acetilsalicilato de sódio. O sal ficará retido na camada aquosa, enquanto o composto
desconhecido ficará retido na camada orgânica. Após a separação das fases, o ácido poderá
ser precipitado a partir da camada aquosa, com adição de ácido clorídrico concentrado e
separado por filtração. O composto desconhecido pode ser isolado por evaporação do
solvente remanescente em solução.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

SEPARAÇÃO DA SACAROSE:
Pese exatamente 3,0 g de Panacetina e coloque num erlenmeyer de 125 mL. Adicione
50 mL de CH2Cl2 e agite a mistura usando bastão de vidro para dissolver o sólido tanto quanto
possível. Filtre esta amostra num papel de filtro previamente pesado, lave com um mínimo de
CH2Cl2, seque sua amostra e determine o peso novamente para calcular a quantia exata de
sacarose na amostra.

SEPARAÇÃO DA ASPIRINA:
Coloque o filtrado num funil de separação e extraia duas vezes com 25 mL de NaOH
(CH2Cl2 é o líquido de maior densidade). Adicione 10 mL de HCl 6M, lentamente e com
agitação, aos extratos aquosos combinados. Teste o pH com papel tornassol, para ter certeza
que a solução está ácida (pH = 2 ou menor). Resfrie a mistura num banho de gelo e filtre a
vácuo usando um papel filtro previamente pesado. Lave o precipitado com uma pequena
quantidade de água destilada gelada, seque e determine a quantidade de aspirina na sua
amostra.

SEPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA DROGA DESCONHECIDA:


Seque a fase orgânica com Na2SO4, filtre com papel filtro pregueado e evapore o
CH2Cl2 usando placa de aquecimento ou rotaevaporador. Determine a massa da substância
desconhecida. Recristalize o composto desconhecido com uma quantidade suficiente de água
para dissolvê-lo. Filtre a solução a quente usando papel filtro pregueado e deixe a solução
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QUESTIONÁRIO
1- Escreva as fórmulas químicas dos seguintes compostos:
a) sacarose;
b) aspirina (ácido acetilsalicílico);
c) acetanilida;
d) acetaminofen (p-hidroxiacetanilida);
e) fenacetina (p-etoxiacetanilida);
f) paracetamol.
2- Sugira um mecanismo para todas as reações ácido-base envolvidas na separação
da panacetina:
3- Porque a solução contendo o salicilato de sódio aquece quando HCl é adicionado?
4- Por que é importante resfriar a mistura acidificada antes de filtrar a aspirina?
5- Qual é a amina mais básica: p-nitroanilina ou p-toluidina? Justifique:
6- Coloque em ordem de acidez os seguintes compostos: ácido p-aminobenzóico, ácido
p-nitrobenzóico e ácido benzóico:
7- Sugira uma rota para a separação dos seguintes compostos: p-nitroanilina, cloreto
de sódio, o-cresol e naftaleno.
8- O acetaminofen é um ácido mais fraco que a aspirina, mas mais forte que a água.
Com base nesta informação, sugira um procedimento para a separação de uma
mistura contendo sacarose, aspirina e acetaminofen.
9- Existe o perigo do desenvolvimento da Síndrome de Reye em usuários da
panacetina?

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