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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

P
Universidade Tecnológica Federal
do Paraná
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Campus Ponta Grossa
Engenharia de Bioprocessos e
Biotecnologia

Apostila de Aulas
Práticas Química Orgânica

Prof. Graciela

Ponta Grossa, 2023.


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SEGURANÇA EM LABORATÓRIO

O risco de acidentes é maior quando nos acostumamos a conviver com o perigo e passamos a
ignorá-lo.
A segurança em qualquer local está apoiada em cada um: você é responsável por si e por
todos.

NORMAS GERAIS
- Ao ouvir o alarme de incêndio, SEMPRE evacuar o local, sem pânico
- Antes de ligar uma chave de eletricidade, verificar se não há ninguém trabalhando
- Ao avistar cones rodeando uma certa área é sinal de que há um serviço de manutenção sendo efetuado,
portanto mantenha distância
- Evitar as proximidades dos locais de manutenção
- Respeitar todas as placas de sinalização
- Não encerar o chão de laboratórios e corredores
- Mantenha-se informado sobre a localização dos equipamentos de segurança: chuveiro e lava- olhos de
emergência, extintores de incêndio e saídas de emergência
- Fazer uso de equipamento de proteção individual adequado ao trabalho que está sendo executado
(óculos, luvas, jaleco , etc)
- Transportar produtos químicos dentro de containers que evitem derramamento (por exemplo, pode-se
utilizar um balde de plástico para esta operação). Se o produto for muito pesado ou forem vários
frascos, fazer uso de um carrinho
- Não corra nas escadas e corredores
- Ao subir ou descer escadas, utiliza sempre o corrimão

O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTES

1. Derramamento de produto químico


- limpar o local o mais rapidamente possível
- ventilar o local: abrir portas e janelas
- se o produto for extremamente tóxico evacuar o local e usar máscara adequada na operação de limpeza
- Os resíduos da limpeza, papel ou materiais impregnados devem ser descartados como resíduos
químicos

2. Princípio de incêndio:
- Não tente ser herói. Chame ajuda imediatamente. (Bombeiros – 193)
- Desligar o quadro de energia elétrica.
- Se souber usar o extintor, use-o. Se não souber, não arrisque.
- Evacue o local

3. Acidentes com vítimas


Respingo de produto químico na região dos olhos:
- lavar abundantemente no lava olhos, pelo menos 15 minutos. Manter os olhos da vítima abertos
- encaminhar imediatamente ao médico
- JAMAIS TENTAR NEUTRALIZAR O PRODUTO

Respingo em qualquer região do corpo:


- Retirar a roupa que recobre o local atingido
- Lavar abundantemente com água, na pia ou no chuveiro de emergência, dependendo da área atingida,
por pelo menos 15 minutos
- Encaminhar ao médico, dependendo da gravidade
- JAMAIS TENTAR NEUTRALIZAR O PRODUTO

Queimaduras
- cobrir área afetada com vaselina estéril
- NÃO UTILIZAR NENHUM OUTRO TIPO DE PRODUTO. O picrato de butezin é carcinogênico.

Cortes
- lavar o local com água, abundantemente
- cobrir o ferimento com gase e atadura de crepe
- encaminhar imediatamente ao pronto-socorro
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SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS

Regras Básicas

Cada aluno deverá ter o seu próprio “kit de segurança”, que incluirá:
 jaleco, com as seguintes características:
 comprimento: até a altura dos joelhos
 mangas compridas com fechamento, preferivelmente com velcro
 confeccionado em algodão, quanto mais encorpado melhor

1. RECOMENDAÇÕES GERAIS
O trabalho em laboratório exige concentração. Não converse desnecessariamente, nem distraia seus
colegas

2. RECOMENDAÇÕES DE ORDEM PESSOAL


 Use SEMPRE jaleco quando estiver no laboratório
 Os cabelos compridos devem SEMPRE estar presos
 Certifique-se da localização e funcionamento dos equipamentos de segurança coletivos: extintores
de incêndio, lava-olhos e chuveiros de emergência
 Certifique-se da localização das saídas de emergência
 Não pipete nenhum tipo de produto com a boca
 Use calçados fechados de couro ou similar
 Não misture material de laboratório com seus pertences pessoais
 Não leve as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos
 Lave cuidadosamente as mãos com bastante água e sabão, antes de sair do laboratório
 NUNCA coloque nenhum alimento nas bancadas, armários, geladeiras e estufas dos laboratórios
 NUNCA utilize vidraria de laboratório como utensílio doméstico
 NUNCA fumar, comer, beber ou aplicar cosméticos em laboratórios
 Não use lentes de contato no laboratório, pois podem ser danificadas por vapores de produtos químicos,
causando lesões oculares graves
 Não se exponha a radiação UV, IV ou de luminosidade muito intensa sem a proteção adequada
(óculos com lentes filtrantes)
 Feche todas as gavetas e porta que abrir

3. REFERENTES AO LABORATÓRIO
 Mantenha bancadas sempre limpas e livres de materiais estranhos ao trabalho
 Faça uma limpeza prévia, com água, ao esvaziar um frasco de reagente, antes de colocá-lo para
lavagem
 Rotule imediatamente qualquer reagente ou solução preparados e a amostras coletadas
 Retire da bancada os materiais, amostras e reagentes empregados em um determinado experimento, logo
após o seu término
 Jogue papéis usados e materiais inservíveis na lata de lixo somente quando não representar risco para as
pessoas ou meio ambiente
 Limpe imediatamente qualquer derramamento de produtos químicos. Proteja-se, se necessário, para
fazer esta limpeza e utilize os materiais e procedimentos adequados. Em caso de dúvida sobre a
toxicidade ou cuidados especiais a serem tomados com o produto, entre em contato com o responsável
 Em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, produtos tóxicos ou corrosivos, tome as seguintes
providências:
 interrompa o trabalho
 advirta as pessoas próximas sobre o ocorrido
 alerte o professor
 solicite ou efetue a limpeza imediata
 verifique e corrija a causa do problema

4. USO DE MATERIAL DE VIDRO


- Não utilize material de vidro quando trincado
- Coloque todo o material de vidro inservível no local identificado para este fim
- Não deposite cacos de vidro em recipiente de lixo
- Proteja as mãos (com luvas de amianto, preferivelmente) quando for necessário manipular peças de vidro
que estejam quentes
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- Use luvas grossas (de raspa de couro) e óculos de proteção sempre que:
- atravessar ou remover tubos de vidro ou termômetros em rolhas de borracha ou cortiça
- remover tampas de vidro emperradas
- remover cacos de vidro de superfícies, neste caso usar também pá de lixo e vassoura
- Não deixe frascos quentes sem proteção sobre as bancadas do laboratório, coloque-os sobre placas de
amianto
- Tome cuidado ao aquecer recipiente de vidro com chama direta. Use, sempre que possível uma tela de
amianto
- Não pressurize recipientes de vidro sem conhecer a resistência dos mesmos
- LEMBRE: VIDRO FRIO E VIDRO QUENTE TEM A MESMA APARÊNCIA!!!

5. USO DE EQUIPAMENTOS
Em geral:
- Leia atentamente as instruções sobre a operação do equipamento antes de iniciar o trabalho
- Saiba de antemão o que fazer no caso de emergência, como por exemplo a falta de energia ou água

5.1. Equipamentos elétricos


- Só opere o equipamento quando os fios, tomadas e plugs estiverem em perfeitas condições; o fio terra
estiver ligado; tiver certeza da voltagem correta entre equipamento e circuitos.
- Não instale nem opere equipamentos elétricos sobre superfícies úmidas
- Verifique periodicamente a temperatura do conjunto plug-tomada. Caso esteja quente, deligue o
equipamento e chama o serviço de manutenção
- Não deixe equipamentos elétricos ligados no laboratório
- Remova frascos inflamáveis das proximidades do local onde será utilizado equipamento elétrico
- Enxugue qualquer líquido derramado no chão antes de operar o equipamento

5.2. Chapas ou mantas de aquecimento


- Não deixe chapas/mantas aquecedoras ligadas sem o aviso “LIGADA”
- Use SEMPRE chapas ou mantas de aquecimento, para evaporação ou refluxo, dentro da capela
- Não ligue chapas ou mantas de aquecimento que tenham resíduos aderidos sobre a sua superfície

5.3. Muflas
- Não deixe mufla em operação sem o aviso “LIGADA”
- Desligue a mufla ou não a use se a termostato não indicar a temperatura ou se a temperatura ultrapassar
a programada
- Não abra bruscamente a porta da mufla quando estiver aquecida
- Não tente remover ou introduzir material na mufla sem utilizar pinças adequadas, protetor facial e luvas de
amianto
- Não evapore líquidos na mufla
- Empregue para calcinação somente cadinhos ou cápsulas de material resistente à temperatura de trabalho

6. O USO DE CHAMA NO LABORATÓRIO


- Preferentemente, use chama na capela e somente nos laboratórios onde for permitido
- Não acenda o bico de Bunsen sem antes verificar e eliminar os seguintes problemas:
- Vazamentos
- Dobra no tubo de gás
- Ajuste inadequado entre o tubo de gás e suas conexões
- Existência de materiais ou produtos inflamáveis ao redor do bico
- Nunca acenda o bico de Bunsen com a válvula de gás muito aberta

7. O USO DE SISTEMAS A VÁCUO


- Somente opere sistemas de vácuo usando uma proteção frontal no rosto
- Não faça vácuo rapidamente em equipamentos de vidro
- Recubra com fita de amianto qualquer equipamento de vidro sobre o qual haja dúvida quanto à resistência
ao vácuo operacional
- Use frascos de segurança em sistemas a vácuo e verifique-os periodicamente

8. O USO DE CAPELAS
A capela somente oferecerá proteção ao usuário se for adequadamente utilizada.
- Nunca inicie um trabalho sem verificar se:
- o sistema de exaustão está funcionando
- o piso e a janela da capela estejam limpos
- as janelas da capela estejam funcionando perfeitamente
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- Nunca inicie um trabalho que exige aquecimento sem antes remover os produtos inflamáveis da capela
- Deixe na capela apenas o material (equipamentos e reagentes) que serão efetivamente utilizados, remova
todo e qualquer material desnecessário, principalmente produtos químicos. A CAPELA NÃO É LOCAL PARA
ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS.
- Mantenha as janelas das capelas com o mínimo possível de abertura
- Use, sempre que possível, um anteparo resistente entre você e o equipamento, para maior segurança
- NUNCA coloque o rosto dentro da capela
- SEMPRE instalar equipamentos ou frascos de reagentes a pelo menos 20 cm da janela da capela
- Em caso de paralisação do exaustor, tome as seguintes providências:
- Interrompa o trabalho imediatamente
- Feche ao máximo a janela da capela
- Coloque máscara de proteção adequada, quando a toxidez for considerada alta
- Avise ao pessoal do laboratório o que ocorreu
- Coloque uma sinalização na janela da capela, tipo “CAPELA COM DEFEITO, NÃO USE”
- Verifique a causa do problema, corrija-o ou procure o setor de manutenção para que o façam
- Somente reinicie o trabalho no mínimo 5 minutos depois da normalização do sistema de exaustão

9. MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS


9.1. LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
Ponto de fulgor < 70 oC  Classe I : Ponto de fulgor < 37,7 oC

 Classe II : 70oC > ponto de fulgor > 37,7 oC

Combustíveis: ponto de fulgor > 70 oC, quando aquecidos acima do ponto de fulgor, comportam-se como
inflamáveis

Tabela 1: Ponto de fulgor de alguns líquidos inflamáveis de uso comum em laboratórios

Substância Ponto de Fulgor (oC) Substância Ponto de Fulgor (oC)


Acetato de etila - 4.4 Ciclohexano -20
Acetato de metila - 9.0 1,2 dicloroetano 13
Acetona -38 Dissulfeto de carbono -30
Álcool etílico 12 Éter de petróleo -57
Álcool isopropílico 12 Éter etílico -45
Álcool metílico 23 Hexano 23
Benzeno 11 Trieltilamina -7.0

O ponto de fulgor para outros líquidos podem ser encontrados no Handbook of Physical and Chemical Constants
ou no Merck Index
- Não manipule líquidos inflamáveis sem se certificar da inexistência de fontes de ignição nas
proximidades: aparelhos que geram calor, tomadas, interruptores, lâmpadas, etc
- Use a capela para trabalho com líquidos inflamáveis que exijam aquecimento
- Use protetor facial e luvas de couro quando for necessária a agitação de frascos fechados contendo
líquidos inflamáveis e/ou extremamente voláteis
- Nunca jogue líquidos inflamáveis na pia. Guarde-os em recipiente próprios para resíduos de
inflamáveis

9.2. PRODUTOS TÓXICOS


ANTES de iniciar qualquer tipo de operação, procure informações toxicológicas (toxidez e via de ingresso no
organismo) sobre todos os produtos que serão utilizados e/ou formados no trabalho a ser executado.
Fontes de informação:
- Rótulo do produto
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- The Merck Index


- MSDS (Material Safety Data Sheets)
- na Internet:
http://ecdin.etomep.net/
http://msds.pdc.cornell.edu/msds/hazcom/
http://www.ilpi.com/msds/index/
- Trabalhe somente na capela
- Não descarte na pia os resíduos de produtos tóxicos
- Não descarte no lixo material contaminado com produtos tóxicos (papel de filtro, papel toalha, etc.)
- Use luvas
- Interrompa o trabalho imediatamente, caso sinta algum sintoma, como dor de cabeça, náuseas, etc.
Tabela 2: Produtos tóxicos comumente utilizados em laboratório

Grau de risco
Substância Inalação Ingestão Irritação Irritação
cutânea ocular
Ácido cianídrico 4 4 2 4
Ácido fluorídrico 4 4 4 4
Ácido fórmico 4 3 4 4
Ácido oxálico 3 3 3 3
Acroleína 4 3 3 4
Anidrido ftálico 3 - 2 3
Anilina 3 3 2 2
Benzeno 3 2 2 2
Bromo 4 4 4 4
Cianeto de potássio - 4 3 4
Cloro 4 - 3 4
Cloronitrobenzeno 4 3 3 3
Etanolamina 3 2 2 3
Fenol 2 3 4 4
Flúor 4 - 4 4
Formaldeído 3 3 3 3
Hidrocarbonetos poli-halogenados 4 3 2 3
Iodo 4 4 4 4
Iodometano 4 - - -
Isocianatos 4 - 3 3
Mercúrio 4 1 - 1
Nitrobenzeno - 4 3 4
Piridina 3 2 2 3
Toluidina 3 3 2 2
Vapores nitrosos 4 - 2 3
1- lesão mínima 2. lesão leve
3. lesão moderada 4; lesão grave
9.3. PRODUTOS CORROSIVOS
Os corrosivos podem ocasionar queimaduras de alto grau por ação química sobre os tecidos vivos. Podem
também ocasionar incêndios, quando colocados em contato com material orgânico (madeira, por exemplo) ou
outros produtos químicos.
São corrosivos as substâncias químicas com características ácido/base pronunciadas.

- Manipule estes produtos com óculos de segurança e luvas


- Nunca descarte diretamente na pia. Os resíduos devem ser neutralizados, diluídos e
descartados na pia , desde que não tenham propriedades tóxicas importantes.
- A diluição de soluções concentradas de produtos corrosivos deve ser feita sempre acrescentando o
produto concentrado sobre o diluente. Por exemplo: ácido sulfúrico sobre a água.

9.4. MANIPULAÇÃO DE GELO SECO E NITROGÊNIO LÍQUIDO


- use luvas para trabalhar com estes produtos, pois provocam queimaduras graves em contato com a pele
- Adicione lentamente o gelo seco ao líquido refrigerante, para evitar projeções
- Não derrame nitrogênio líquido sobre mangueiras de borracha, elas ficarão quebradiças e poderão
ocasionar acidentes
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9.5. MANIPULAÇÃO DE CILINDROS DE GASES COMPRIMIDOS


- Não instalar cilindros de gases comprimidos no interior dos laboratórios
- Manter os cilindros sempre presos com correntes e ao abrigo de calor
- Jamais retirar o protetor da válvula do cilindro
- Utilizar carrinhos apropriados para o transporte de cilindros
- Quando fora de uso, conservar os cilindros com o capacete de proteção
- Não abra a válvula principal sem antes Ter certeza de que a válvula redutora está fechada
- Abra aos poucos e nunca totalmente a válvula principal do cilindro.

9.6. DESCARTE DE RESÍDUOS


 Na pia (líquidos) ou no lixo(sólidos ou materiais contaminados): compostos que não sejam tóxicos,
corrosivos, inflamáveis ou reativos, por exemplo:
- áçucares, amido, aminoácidos e sais que ocorrem em organismos vivos, ácidos lático e cítrico e seus sais
de Na, NH +, K, Mg e Ca
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- nitratos, cloretos, sulfatos e fosfatos de: Al, Ca, Fe, NH4+, Na, Mg, Zn

 - Resíduos de metais tóxicos;


- precipitar como hidróxidos usando soda cáustica. Descartar nos tambores de resíduos de metais.
Somente se a solução for aquosa
- se a solução for orgânica, descartar como solvente orgânico

 Solventes:
- separar em clorados e não clorados
- armazenar em local apropriado segundo as características de toxicidade, inflamabilidade e outras do
produto

10. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)


Como o próprio nome sugere, os equipamentos de proteção coletiva (EPC) dizem respeito ao coletivo, devendo
proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco. Como exemplo podemos citar o enclausuramento
acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais de trabalho, a proteção de partes móveis de máquinas e
equipamentos, a sinalização de segurança, a cabine de segurança biológica, capelas químicas, cabine para
manipulação de radioisótopos, extintores de incêndio, dentre outros.
 CAPELA QUÍMICA
A cabine deverá ser construída de forma aerodinâmica, de maneira que o fluxo de ar ambiental não cause
turbulências e correntes, reduzindo, assim, o perigo de inalação e a contaminação do operador e do ambiente.
 VASO DE AREIA OU BALDE DE AREIA
É utilizado sobre o derramamento de álcalis para neutralizá-lo.
 MANGUEIRA DE INCÊNDIO
O modelo padrão, comprimento e localização são fornecidos pelas normas do Corpo de Bombeiros.
 SPRINKLE
É o sistema de segurança que, através da elevação de temperatura, produz fortes borrifos de água no ambiente
(borrifador de teto).
 ALÇA DE TRANSFERÊNCIA DESCARTÁVEL
São alças de material plástico estéril, descartáveis após o uso. Apresentam a vantagem de dispensar a flambagem.
 DISPOSITIVOS DE PIPETAGEM
São os dispositivos de sucção para pipetas. Ex.: pipetador automático, pêra de borracha e outros.
 PROTEÇÃO DO SISTEMA DE VÁCUO
São filtros do tipo cartucho, que impedem a passagem de aerossóis. Também é usado o frasco de transbordamento,
que contém desinfetante.
 KIT PARA LIMPEZA EM CASO DE DERRAMAMENTO BIOLÓGICO, QUÍMICO OU RADIOATIVO

É composto de traje de proteção, luvas, máscara, máscara contra gases, óculos ou protetor facial, bota de borracha,
touca, pás para recolhimento do material, pinça para estilhaços de vidro, panos de esfregão e papel toalha para o chão,
baldes, soda cáustica ou bicarbonato de sódio para neutralizar ácidos, areia seca para cobrir álcalis, detergente não
inflamável, vaporizador de formaldeído, desinfetantes e sacos plásticos.
 KIT DE PRIMEIROS SOCORROS
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É composto de material usualmente indicado, inclusive antídoto universal contra cianureto e outros antídotos
especiais.

11. SINALIZAÇÕES

INFLAMÁVEL

EXPLOSIVO

COMBURENTE OU OXIDANTE

CORROSIVO

IRRITANTE

TÓXICO

NOCIVO AO MEIO AMBIENTE

RADIOTIVO

PROIBIDO APAGAR COM ÁGUA

PROIBIDO COMER E BEBER

PROIBIDO FOGUEAR
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PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA OS OLHOS

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA O CORPO

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA AS VIAS RESPIRATÓRIAS

PROTEÇÃO OBRIGATÓRIA PARA AS MÃOS

SUBSTÂNCIAS INFLAMÁVEIS

RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO

SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. IUPAC - Chemical Safety Matters .Cambridge University Press, 1992

2. S.G. LUXON - Hazards in the Chemical Laboratory. Royal Society of Chemistry, 5th ed., 1992

3. R.PURCHASE (ed.) –The laboratory Environment – Royal Society of Chemistry, 1994

4. N.V.STEERE (ed.) – Handbook of Laboratory Safety – CRC Press, 2nd ed. , 1971

5. World Health Organization/ International Programme on Chemical Safety – Health and Safety
Guides. World Health Organization, 1996

6. Na internet: http://www.orcbs.msu.edu/chemical
http://www.quimica.ufpr/servicos/seguranca/
http://www.flinnsci.com/
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VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS

Objetivos

 Associar o nome de cada material/ equipamento com seu uso específico;


 Reconhecer os diversos materiais de um laboratório;
 Aplicar corretamente a técnica de utilização de cada material.

Introdução

Os experimentos foram elaborados de forma que o aluno possa desenvolver


corretamente as habilidades manipulativas de cada um dos materiais e equipamentos
básicos de um laboratório químico.

A seguir, estão relacionados alguns materiais e equipamentos básicos de um


laboratório.

Fonte: https://digichem.org/2015/04/12/guia-visual-de-vidrarias-de-laboratorio/
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Fonte: https://www.edrawsoft.com/laboratory-equipment-shapes.html
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PRÁTICA 01 - DESTILAÇÃO SIMPLES E FRACIONADA

A destilação é uma operação que consiste na separação de líquidos de


suas eventuais misturas, por passagem ao estado de vapor e posterior
condensação com retorno ao estado líquido, com auxílio de calor e/ou por
redução de pressão.
Os compostos orgânicos puros apresentam pontos de ebulição distintos e
definidos, daí o uso generalizado da destilação não somente para separá-los de
misturas, mas também para purificá-los e caracterizá- los. Assim, as substâncias
puras apresentam ponto de ebulição constante e definido, destilando a esta
temperatura. O mesmo não acontece para substâncias impuras ou para misturas
de substâncias voláteis. Os tipos mais comuns de destilação são:
Destilação simples: Só tem aplicação para separar um líquido de suas impurezas
não voláteis (em solução), um solvente usado em uma extração, ou
excepcionalmente, para separar líquidos de pontos de ebulição muito afastados.
Destilação fracionada: Destina-se à separação de líquidos miscíveis entre si,
mesmo aqueles de pontos de ebulição próximos.
Destilação a Pressão Reduzida (destilação a vácuo): Operação usada para
destilar líquidos que decompõem a temperaturas próximas de seus pontos de
ebulição. A operação de destilação é realizada com os mesmos equipamentos da
destilação simples ou fracionada, com modificações para provocar a redução da
pressão do sistema.
Destilação com Arraste de Vapor: Empregada para destilar substâncias que se
decompõem nas proximidades de seus pontos de ebulição, e que são insolúveis
em água ou nos seus vapores de arraste.

Objetivos
 Purificar e determinar o ponto de ebulição de uma amostra orgânica líquida
através das técnicas de destilação simples e fracionada;
 Comparar as técnicas de destilação.
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Materiais e reagentes:
□ Vinho tinto e cachaça □ Proveta de 100 mL.
□ Termômetros □ Pedras de porcelana ou pérolas de
vidro
□ Aparelhos de destilação simples□ Béquer de 100 mL.
□ Aparelhos de destilação□ Balão de fundo redondo de 250
fracionada mL.
□ Mantas de aquecimento □ Erlemmeyer de 125 mL.

Procedimentos: (OBS: Os alunos deverão ser separados em quatro


grupos: dois grupos prepararão a destilação simples, enquanto os
outros dois prepararão a destilação fracionada)

Grupos 1 e 2: Destilação simples.


Colocar em um balão de fundo redondo de 250 mL, cerca de 100 mL de vinho
tinto comercial. Adicionar pedras de porcelana ou pérolas de vidro à solução,
para evitar uma destilação tumultuosa. Montar a aparelhagem de destilação
simples conforme Figura 01. Destilar a mistura vagarosamente, anotar as
temperaturas do início e fim da destilação. Coletar o material destilado em um
béquer de 100 mL, tomando o cuidado de descartar a cabeça de destilação.
Meça o volume coletado.

Grupos 3 e 4: Destilação fracionada.


Colocar em um balão de fundo redondo de 250 mL, cerca de 100 mL de vinho
tinto comercial. Adicionar pedras de porcelana ou pérolas de vidro à solução,
para evitar uma destilação tumultuosa. Montar a aparelhagem de destilação
fracionada conforme Figura 01. Destilar a mistura vagarosamente, anotar as
temperaturas do início e fim da destilação. Coletar o material destilado tomando
o cuidado de descartar a cabeça de destilação.
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Figura 01: Aparelho para destilação simples e fracionada.

Cuidados:
- controlar a temperatura da manta de aquecimento, pois temperaturas elevadas
comprometem a eficiência e a segurança do experimento;
- nunca deixar o balão contendo a mistura a ser destilada secar completamente,
pois pode ocorrer um aumento da pressão interna no sistema, resultando em
explosão;
- Isolar a coluna de destilação com papel alumínio para manter o equilíbrio no
interior dela.
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QUESTIONÁRIO PRÁTICA 01

1. Para que serve e quando se aplica a destilação?


2. Fale sobre destilação por arraste a vapor e quando se aplica esta técnica.
3. Fale sobre destilação a pressão reduzida e quando se aplica esta técnica.
4. Cite duas diferenças básicas entre uma destilação simples e uma
fracionada.
5. Cite processos industriais que envolvam a técnica de destilação.
6. Além das pedras porosas cite outras maneiras de se evitar a
ebulição tumultuosa durante o aquecimento de líquidos.
7. Como funciona uma coluna de fracionamento?
8. O termômetro adaptado no aparelho de destilação informa a temperatura
de qual fase: da líquida ou do vapor?
9. Qual a função do condensador?
10. Sugira uma saída para o seguinte problema: o líquido a ser destilado
possui ponto de ebulição muito próximo a temperatura ambiente, e não
está condensando no condensador.
11. O que é uma mistura azeotrópica e por que os seus componentes não
podem ser separados por destilação?
12. O acetato de n-propila (PE 102oC) evapora rapidamente quando exposto
ao ar. Entretanto, isto não ocorre com a água PE 100oC). Explique:
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PRÁTICA 02 - DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR:


EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO INTRODUÇÃO

As essências ou aromas das plantas devem-se principalmente aos óleos


essenciais. Os óleos essenciais são usados, principalmente por seus aromas
agradáveis, em perfumes, incenso, temperos e como agentes flavorizantes em
alimentos. Alguns óleos essenciais são também conhecidos por sua ação
antibacteriana e antifúngica. Outros são usados na medicina, como a cânfora e o
eucalipto. Além dos ésteres, os óleos essenciais são compostos por uma mistura
complexa de hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos, geralmente
pertencentes a um grupo de produtos naturais chamados terpenos. Muitos
componentes dos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição e
podem ser isolados através de destilação por arraste a vapor.
A destilação por arraste de vapor é uma destilação de misturas imiscíveis
de compostos orgânicos e água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam
como soluções. Os componentes de uma mistura imiscível "fervem" a
temperaturas menores do que os pontos de ebulição dos componentes
individuais. Assim, uma mistura de compostos de alto ponto de ebulição e água
pode ser destilada à temperatura menor que 100°C, que é o ponto de ebulição da
água.
O princípio da destilação à vapor baseia-se no fato de que a pressão total
de vapor de uma mistura de líquidos imiscíveis é igual a soma da pressão de
vapor dos componentes puros individuais. A pressão total de vapor da mistura
torna-se igual a pressão atmosférica (e a mistura ferve) numa temperatura menor
que o ponto de ebulição de qualquer um dos componentes.
Para dois líquidos imiscíveis A e B:
Ptotal = PoA + PoB
onde PoA e PoB são as pressões de vapor dos componentes puros.
Note que este comportamento é diferente daquele observado para líquidos
miscíveis, onde a pressão total de vapor é a soma das pressões de vapor parciais
dos componentes.
Para dois líquidos miscíveis A e B:
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Ptotal= XA PoA + XB PoB


onde XAPoA e XBPoB correspondem às pressões parciais de vapor.

A destilação por arraste a vapor pode ser utilizada nos seguintes casos:
1. Quando se deseja separar ou purificar uma substância cujo ponto de
ebulição é alto e/ou apresente risco de decomposição;
2. Para separar ou purificar substâncias contaminadas com impurezas
resinosas;
3. Para retirar solventes com elevado ponto de ebulição, quando em
solução existe uma substância não volátil;
4. Para separar substâncias pouco miscíveis em água cuja pressão de vapor
seja próxima a da água a 100°C.

METODOLOGIA

Neste experimento será isolado o eugenol (4-alil-2-metoxifenol, 1) do óleo


de cravo (Eugenia caryophyllata), pela técnica de destilação por arraste a
vapor. Uma vez obtido o eugenol, deve-se separá-lo da solução aquosa através
de extrações com diclorometano. Traços de água presentes no solvente deverão
ser retirados com a ajuda de um sal dessecante (sulfato de sódio anidro). Como é
difícil purificar o composto original ou caracterizá-lo através de suas
propriedades físicas, pode-se convertê-lo em um derivado. Este derivado pode
ser obtido através da reação do eugenol com cloreto de benzoíla. O produto
formado é o benzoato de eugenila 2, um composto cristalino com ponto de fusão
bem definido.
18

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
EXTRAÇÃO DO EUGENOL:
Monte a aparelhagem conforme a Figura 1. O frasco coletor, de 125 mL
pode ser um erlenmeyer e a fonte de calor uma manta elétrica.
Coloque 10 g de cravos num balão de três bocas e adicione 150 mL de
água. Inicie o aquecimento de modo a ter uma velocidade de destilação lenta,
mas constante. Durante a destilação continue a adicionar água através do funil de
separação, numa velocidade que mantenha o nível original de água no frasco de
destilação. Continue a destilação até coletar 100 mL do destilado. Tire a água do
funil de separação e coloque o destilado nele. Extraia o destilado com duas
porções de cloreto de metileno (10 mL). Separe as camadas e despreze a fase
aquosa. Seque a fase orgânica com sulfato de sódio anidro. Filtre a mistura em
papel pregueado (diretamente em um balão de fundo redondo previamente
tarado), lave com uma pequena porção de CH2Cl2 e em seguida retire o solvente
no evaporador rotativo.
Opcionalmente, após a filtração concentre a mistura (utilizando um
banho de vapor na capela), transfira o líquido restante para um tubo de ensaio
previamente tarado e concentre o conteúdo novamente por evaporação em
banho-maria até que somente um resíduo oleoso permaneça. Seque o tubo de
ensaio e pese. Calcule a porcentagem de extração de óleo, baseado na quantidade
original de cravo usada.

Figura 1: Destilação por arraste a vapor.


19

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 02

1. Apresente a reação entre o eugenol e NaOH e escreva estruturas de


ressonância que mostrem como o ânion do eugenol é estabilizado:
2. Qual a função dos agentes dessecantes? Cite exemplos:
3. Quais métodos poderiam ser utilizados para uma purificação do eugenol, a
partir do óleo de cravo? (eugenol: P.F. = -11oC; P.E. = 254oC)?
4. Como pode ser realizada a caracterização do eugenol?
5. Calcule o rendimento da extração (porcentagem em massa do óleo de cravo
isolado) e discuta os seus resultados:
20

PRÁTICA 03 - RECRISTALIZAÇÃO, PONTO DE FUSÃO E PONTO DE EBULIÇÃO

O ponto de fusão de um sólido cristalino é definido como a temperatura na qual


esta substância passa da fase sólida para a fase líquida.
A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente levada a efeito por
cristalização a partir de um solvente apropriado ou de uma mistura de solventes.

Regras para uma recristalização passo a passo:


A) Dissolução:
1. encontrar um solvente onde a substância (soluto) seja pouco solúvel à
temperatura ambiente e muito solúvel à quente;
2. aquecer o solvente até próximo ao ponto de ebulição;
3. dissolver o sólido num mínimo do solvente em ebulição;
4. adicionar, se necessário, carvão ativo depois de resfriar a solução
(CUIDADO!!);
5. filtrar a solução à quente através de funil pré-aquecido com papel de
filtro para remover as impurezas sólidas e o carvão ativo. (Obs.: esta etapa
pode ser eliminada se não tiver sido necessário adicionar o carvão ativo e se
não existir impurezas sólidas);
6. deixar a solução esfriar sob repouso, sem tocar no frasco;
7. se os cristais não aparecerem siga para o item B; se aparecerem, siga para o
item C.

B) Induzindo a cristalização:
1. arranhar as paredes do Erlemmeyer com um bastão de vidro;
2. semear a solução com cristais da mesma substância;
3. resfriar a solução em banho de gelo.

C) Coletando os cristais:
1. coletar os cristais usando um funil de Büchner;
2. lavar os cristais com uma pequena porção de solvente frio;
3. manter a sucção até que os cristais estejam secos.
21

Objetivos
 Purificar e determinar o ponto de fusão um composto orgânico sólido.

Materiais
 Béquer (150 mL); □ Funil de Büchner;
 Tripé; □ banho de gelo;
 Tela de amianto; □ Papel de filtro qualitativo;
 Bico de Bunsen; □ vidro relógio;
 Suporte universal; □ Capilares de vidro;
 Garras; □ Funil de haste longa.
 Erlemmeyer (125 mL); □ Termômetro;
 Funil de haste curta; □ Tubo de Thièle;
 Bastão de vidro; □ elástico
 Kitassato; □ Papel alumínio

Reagentes
 Amostra orgânica impura (Sugestão: 10 g de ácido salicílico + 0,5 g de ácido
benzóico); □ Glicerina;
 Carvão ativo.

Procedimento
a) Recristalização (1ª aula):
Pesar aproximadamente 2,0 g de amostra sólida impura e anotar a massa.
Transferir a amostra para um béquer e adicionar um pouco de água destilada (~
50 mL). Aquecer o béquer até que todo o sólido se dissolva. Se a amostra não
dissolver totalmente, adicionar mais um pouco de água destilada e aquecer
novamente.
Em paralelo a essa operação, preparar o material para a filtração à quente,
caso seja necessário.
Adicionar vagarosamente, sobre a mistura ainda quente, um pouco de
carvão ativo, a fim de remover impurezas, e aquecer a mistura até a ebulição.
Filtrar a solução à quente em um erlemmeyer, suportando um funil de haste curta
com um papel de filtro pregueado pré-aquecido. Se a
22

solução não puder ser filtrada em uma única operação, conservar quente a porção
não filtrada, mantendo-a sob aquecimento. Quando toda a solução estiver
filtrada, deixá-la em repouso até o início da cristalização. Em seguida, resfriar
em banho de gelo para completar a cristalização.
Paralelamente, pesar o papel de filtro e preparar o sistema para filtração
sob sucção (Funil de Büchner + Kitassato), conforme figura 02.
Filtrar por sucção em funil de Büchner, lavar os cristais duas vezes com
porções de 5 mL de água destilada gelada para remover a água-mâe aderente.
Remover o papel de filtro do funil de Büchner e o colocar sob um vidro relógio
para que os cristais recristalizados sequem ao ar.
Pesar o papel de filtro seco (contendo os cristais) na aula seguinte e
calcular o rendimento da recristalização.

Figura 02: Filtração a vácuo, com funil de Büchner.

b) Determinação do ponto de fusão (2ª aula):


Colocar em um capilar de vidro uma pequena quantidade dos cristais secos, de
modo a ter 2 a 3 mm de material no capilar. Compactar o material nos capilares
com auxílio de uma vara de vidro. Encher um tudo de Thièle com glicerina
(usando um funil de haste longa) até a metade do pescoço do tubo (nujol ou
silicone também podem ser usados). Conectar o capilar a um termômetro com
o auxílio de um elástico, e colocar o
23

conjunto (capilar + termômetro) em um tubo de Thièle com glicerina. Fixar a


posição do termômetro com auxílio de uma rolha cortada lateralmente em V.
Aquecer o sistema usando a chama azul do bico de Bunsen (Figura 03). A
temperatura deverá subir rapidamente. Quando faltar 10-15 ºC para o ponto de
fusão dos cristais, iniciar aquecimento brando do sistema, com chama amarela,
na taxa de 1ºC/min. Registrar a temperatura de fusão quando o sólido se derreter.

Figura 03: Determinação do ponto de fusão usando o tubo de Thièle.

Obs.: um bom ponto de fusão tem um intervalo de fusão (início


fim) de até 2ºC.

b) Determinação do ponto de ebulição (2ª aula):


Colocar uma pequena quantidade da amostra (amina, álcool terc-
butílico, álcool n-butílico, cicloexano e tolueno), em um tubo de ensaio (5 x 50
mm) e mergulhar neste um capilar invertido. Ligar o tubo de ensaio ao
termômetro com auxílio de um elástico (Figura 2a) e colocar o conjunto em um
tubo de Thiele contendo o líquido de banho adequado, tendo cuidado de deixar o
nível do líquido de aquecimento abaixo da entrada do tubo de ensaio. Aquecer e
observar o aparecimento de bolhas que escapam do capilar e percorrem o
líquido. Quando o colar de bolhas ficar contínuo, anotar a temperatura e afastar a
chama. Observar que as bolhas cessarão e o líquido começará a adentrar no
capilar.
24
25

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 03

1. Qual a importância da recristalização?


2. Por que o atrito do bastão de vidro no béquer acelera a cristalização?
3. Por que deve ser utilizada filtração a quente?
4. Qual a finalidade de se realizar PF e PE de uma substância?
5. Demonstre, graficamente, a curva de aquecimento de uma substância pura e
de uma que contenha contaminantes.
6. Faça a curva de aquecimento para a substância analisada. Você pode concluir
que o grau de pureza dela é de 100%? Explique.
26

PRÁTICA 04 – SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

Grande parte dos processos rotineiros de um laboratório de Química


Orgânica (reações químicas, métodos de análise e purificação de compostos
orgânicos) é efetuado em solução ou envolve propriedades relacionadas à
solubilidade de compostos orgânicos.
A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em duas
categorias principais: a solubilidade na qual uma reação química é a força motriz
e a solubilidade na qual somente está envolvida a simples miscibilidade. As duas
estão inter-relacionadas, sendo que a primeira é, geralmente, usada para
identificar os grupos funcionais e a segunda para determinar os solventes
apropriados para recristalização, nas análises espectrais e nas reações químicas.
Três informações podem ser obtidas com relação a uma substância
desconhecida, através da investigação de seu comportamento quanto a
solubilidade em: água, solução de hidróxido de sódio 5%, solução de
bicarbonato de sódio 5%, solução de ácido clorídrico 5% e ácido sulfúrico
concentrado a frio. Em geral, encontram-se indicações sobre o grupo funcional
presente na substância. Por exemplo, uma vez que os hidrocarbonetos são
insolúveis em água, o simples fato de um composto como o éter etílico ser
parcialmente solúvel em água indica a presença de um grupo funcional polar.
Além disso, a solubilidade em certos solventes fornece informações mais
específicas sobre um grupo funcional. Por exemplo, o ácido benzóico é insolúvel
em água, mas o hidróxido de sódio diluído o converte em seu sal, que é solúvel.
Assim, a solubilidade de um composto insolúvel em água mas solúvel em
solução de NaOH diluído é uma forte indicação sobre o grupo funcional ácido.
Finalmente, é possível, em certos casos, fazer deduções sobre a massa
molecular de uma substância. Por exemplo, em muitas séries homólogas de
compostos monofuncionais, aqueles com menos de cinco átomos de carbono são
solúveis em água, enquanto que os homólogos são insolúveis.
De acordo com o Esquema 1, os testes de solubilidade são iniciados pelo
ensaio com água. Diz-se que uma substância é “solúvel“
27

em um dado solvente, quando esta se dissolve na razão de 3 g por 100 mL de


solvente. Entretanto, quando se considera a solubilidade em ácido ou base
diluídos, a observação importante a ser feita não é saber se ela atinge os 3% ou
outro ponto arbitrário, e sim se a substância desconhecida é muito mais solúvel
na solução ácida ou básica aquosa do que em água. Este aumento na solubilidade
constitui o ensaio positivo para a existência de um grupo funcional ácido ou
básico.
Os compostos ácidos são classificados por intermédio da solubilidade em
hidróxido de sódio 5%. Os ácidos fortes e fracos (respectivamente, classes A1 e
A2 da Tabela 1) são distintos por serem os primeiros solúveis em bicarbonato
de sódio a 5%, enquanto que os últimos não o são. Os compostos que atuam
como base em soluções aquosas são detectados pela solubilidade em ácido
clorídrico a 5% (classe B).
Muitos compostos que são neutros frente ao ácido clorídrico a 5%,
comportam-se como bases em solventes mais ácidos, como ácido sulfuríco ou
ácido fosfórico concentrados. Em geral, compostos contendo enxofre ou
nitrogênio deveriam ser solúveis neste meio.

Tabela 1: Compostos orgânicos relacionados às classes de solubilidade.


Sais de ácidos orgânicos, hidrocloretos de aminas, aminoácidos,
S2 compostos polifuncionais (carboidratos, poliálcoois, ácidos, etc.).
Ácidos monocarboxílicos, com cinco átomos de carbono
SA ou menos, ácidos arenossulfônicos.
Aminas monofuncionais com seis átomos de carbono ou
SB menos.
Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas
S1 monofuncionais com cinco átomos de carbono ou menos.
Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com menos de seis átomos de carbono,
A1 fenóis com grupos eletrofílicos em posições orto e para, β-
dicetonas.
Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas,
A2 sulfonamidas, tiofenóis com mais de cinco átomos de carbono, β-
dicetonas, compostos nitro com hidrogênio em α, sulfonamidas.
Aminas aromáticas com oito ou mais carbonos,
B anilinas e alguns oxiéteres.
28

Diversos compostos neutros de nitrogênio ou enxofre


MN contendo mais de cinco átomos de carbono.
Álcoois, aldeídos, metil cetonas, cetonas cíclicas e ésteres contendo
N1 somente um grupo funcional e número de átomos de carbono entre cinco e nove;
éteres com menos de oito átomos de carbono; epóxidos.
Alcenos, alcinos, éteres, alguns compostos aromáticos
N2 (com grupos ativantes) e cetonas (além das citadas em N1).
Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila,
I éteres diarílicos, compostos aromáticos desativados.
Obs.: Os haletos e anidridos de ácido não foram incluídos devido a
alta reatividade.

Uma vez que apenas a solubilidade em água não fornece informação


suficiente sobre a presença de grupos funcionais ácidos ou básicos, esta deve ser
obtida pelo ensaio das soluções aquosas com papel de tornassol ou outro
indicador de pH.

SUBSTÂNCIA
DESCONHECIDA

ÁGUA

INSOLÚVEL SOLÚVEL

NaOH 5% ÉTER

INSOLÚVEL SOLÚVEL
INSOLÚVEL SOLÚVEL S2

HCl 5% NaHCO3 5% VERMELHO AO AZUL AO TORNASSOL


TORNASSOL
NÃO ALTERA O TORNASSOL
SA SB S1

INSOLÚVEL SOLÚVEL SOLÚVELINSOLÚVEL


B A1A2

H2SO 4 96%

INSOLÚVEL
H3PO4 85%
I

SOLÚVELINSOLÚVEL
N1N2

Esquema 1: Classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade.


29

METODOLOGIA

Neste experimento, serão analisados cinco compostos desconhecidos. A


partir dos testes de solubilidade, estes serão classificados em classes de grupos
funcionais de acordo com a Tabela 1 e Esquema 1. Estes cinco compostos
incluem uma base, um ácido fraco, um ácido forte, uma substância neutra
contendo oxigênio e uma substância neutra inerte.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Coloque 1,0 mL do solvente em um tubo de ensaio. A seguir adicione


algumas gotas do líquido ou sólido desconhecido, diretamente no solvente. Os
compostos sólidos devem ser finamente pulverizados para facilitar a dissolução.
A seguir, agite cuidadosamente o tubo de ensaio e anote o resultado. Às vezes
um leve aquecimento ajuda na dissolução, e quando um composto colorido se
dissolve a solução assume esta cor.
Usando o procedimento acima, os testes de solubilidade dos compostos
desconhecidos devem ser determinados nos seguintes solventes: água, éter,
NaOH 5%, NaHCO3 5%, HCl 5%, H2SO4 95 % e H3PO4 85%. O roteiro
apresentado no Esquema 1 deve servir como orientação.
Usando ácido sulfúrico concentrado pode haver uma mudança de
coloração, indicando um teste positivo de solubilidade.
Sólidos desconhecidos que não dissolvem nos solventes citados acima
podem ser substâncias inorgânicas.
Se o composto dissolver em água, o pH deverá ser medido com papel
indicador. Compostos solúveis em água são, em geral, solúveis em todos os
solventes aquosos. Se um composto é pouco solúvel em água, ele poderá ser
mais solúvel em outro solvente aquoso. Como já citado, um ácido carboxílico
poderá ser pouco solúvel em água, mas muito solúvel em meio básico diluído.
Assim, torna-se necessário determinar a solubilidade dos compostos
desconhecidos em todos os solventes.
30

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 04

1. Indique as classes de solubilidade a que os compostos abaixo pertencem,


baseando-se apenas em suas características estruturais e no Esquema 1.
a. 3-metoxifenol, cicloexanona, propionato de sódio.
b. 3-metileptanal, ácido oxálico, 2-bromooctano.
2. Um composto desconhecido é solúvel em água e em cloreto de metileno. O teste
com papel de tornassol indicou coloração azul. Qual(is) do(s) composto(s)
abaixo poderia ser o desconhecido? Quais seriam solúveis em H2SO4 95%?
a. 2,3-dibromopentano b. dietilamina c. 3-etilfenol
d. 2,4-dimetiloctano e. 4-etilanilina
3. Se um composto desconhecido fosse insolúvel em água e HCI 5%, quais testes
ainda seriam necessários para identificá-lo? Existe alguma substância do
exercício 2-) que apresentaria estas características de solubilidade?
31

PRÁTICA 05 – CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS

Certos compostos orgânicos contêm apenas os elementos carbono e hidrogênio


conhecidos por hidrocarbonetos. Estes podem se classificar, segundo a sua estrutura, em
dois grandes grupos: alifáticos e aromáticos. Os álcoois podem classificar-se como
primário, secundário ou terciário, conforme a espécie de átomo a que está ligado o
grupo –OH.
Os aldeídos e cetonas são estruturalmente semelhantes, pois ambos têm a
carbonila (C=O) como grupo funcional. A diferença entre eles é que os
primeiros possuem pelo menos um átomo de hidrogênio ligado ao carbono carbonílico,
ao passo que os últimos possuem dois grupos alquil e, ou aril. Aldeídos e cetonas são
largamente encontrados na natureza, aparecendo em fragrâncias, corantes, harmônios,
açúcares etc.
Os ácidos carboxílicos são caracterizados estruturalmente pela presença do
grupo –COOH denominado grupo carboxílico. Muitos produtos e sintéticos possuem
este grupo funcional.
Nos compostos orgânicos, ao lado das cadeias carbônicas geralmente
denominados “esqueletos”, podem estar presentes, ligados a essas cadeias, outros
átomos ou grupos de átomos chamados “grupos funcionais”. Os grupos funcionais
proporcionam as moléculas orgânicas características distintas, constatadas através de
suas propriedades físicas e químicas. Constituem-se, geralmente, pontos reativos da
molécula, apresentando maior vulnerabilidade do que as cadeias carbônicas.
As ligações dupla e tripla, embora integrantes do assim chamado esqueleto
molecular, são consideradas grupos funcionais. Esses dois tipos de estrutura carbônica
auferem aos hidrocarbonetos propriedades especiais, transformando-se nos centros
reativos desses compostos. Alguns autores não incluem as duplas e as triplas ligações
como os grupos funcionais.
Os hidrocarbonetos aromáticos, embora possuindo propriedades físicas e
químicas específicas, não são incluídos dentro dos grupos funcionais. Analogamente, o
ciclopropano, anel que devido à grande tensão envolvida propicia grande reatividade às
moléculas que o envolvem, não é também considerado como grupo funcional.
32

MATERIAIS E REAGENTES
- Conta gotas (3) prata 5%
- Pipeta de 5 mL (8) - Metanol
- Tubo de ensaio (8) - Formol
- Hidróxido de amônio 10% - NaOH - Álcool t-butílico - Glicose
5% e 10% - Acetona
- Reagente de LUCAS - Álcool etílico
- Iodeto de potássio-iodo - Nitrato de

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
a) Teste de Lucas:
Adicionar 3 a 4 gotas de álcool t-butílico a 30 gotas do reagente de LUCAS em um
tubo de ensaio. Agitar a mistura vigorosamente. Deixar em repouso e observar o
que acontece. Repetir o mesmo processo, usando álcool etílico.
b) Teste de Tollens:
- Preparação do reagente de TOLLENS:
Em um tubo de ensaio, colocar 2,0 mL de uma solução a 5% de AgNO 3. Em seguida
adicionar uma gota da solução a 10% de NaOH. Agitar o tubo e juntar solução de
NH4OH a 10%, gota a gota, com agitação, até que o precipitado de hidróxido de prata
se dissolva totalmente, obtendo-se uma solução transparente. Agitar o tubo e deixar em
repouso por 10 minutos.
- Substâncias a serem testadas: formol, acetona e glicose. Em um tubo de
ensaio muito limpo, colocar 0,5 mL (aproximadamente 10 gotas) de formol e adicionar
0,5 mL do reagente de TOLLENS recentemente preparado. Repetir o processo usando
acetona e depois e glicose. (Quando a amostra for sólida usar aproximadamente 10,0
mg).
c) Teste do Iodofórmio:
Substâncias a serem testadas: álcool etílico, metanol e acetona.
Em um tubo de ensaio, colocar 2,0 mL de água, 5 gotas de álcool etílico e 0,5 mL do
reagente iodeto de potássio-iodo. Adicionar solução a 5% de hidróxido de sódio até que
a solução fique amarela clara. Agitar e esperar cerca de 2-3 minutos. Se não ocorrer

nenhuma modificação, aquecer o tubo a 60oC. Registrar suas observações. Repetir o


processo usando metanol e depois acetona.
Observações:
1. O reagente iodeto de potássio-iodo é preparado, dissolvendo-se 10,0 g de iodeto de
potássio e 5,0 g de iodo em 50,0 mL de água.
2. O reagente de LUCAS é preparado, dissolvendo-se 22,7 g de cloreto de zinco anidro
em 17,5 g de ácido clorídrico concentrado com resfriamento
33

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 05

1. O que é reagente de LUCAS? Até quantos carbonos na molécula de álcool,


o teste de LUCAS deve ser utilizado? Por quê?
2. O que é reagente TOLLENS? Como se identifica que este teste foi
positivo?
3. Que tipo de substância testará positivo com o reagente de TOLLENS?
4. Que tipo de grupamentos pode ser identificados através da reação do
iodofórmio?
5. Por que os alcoóis secundários (-CHOHCH3) apresentam teste positivo?
34

PRÁTICA 06 – EXTRAÇÃO COM SOLVENTES REATIVOS

A separação de uma substância de uma mistura pelo contato com um


solvente que preferencialmente dissolve o material desejado se chama extração.
A amostra original pode ser um sólido ou um líquido. A extração de um
composto de uma fase líquida para uma outra é um processo de equilíbrio
determinado pelas solubilidades da substância (soluto) nos dois solventes. A
razão das concentrações nas duas fases em equilíbrio (Kd = C1/C2) é chamada
coeficiente de distribuição e é uma constante de equilíbrio com um valor
característico para uma substância (soluto) num par de solventes imiscíveis a
uma dada temperatura. Em uma extração quimicamente ativa, uma substância é
modificada quimicamente para mudar seu coeficiente de distribuição num par de
solventes.

OBJETIVO
 Separação e purificação de compostos orgânicos através do uso de
solventes reativos.

Conceitos envolvidos:
a) Acidez/basicidade de compostos orgânicos: utilizar as diferenças
de pKa das substâncias orgânicas para alterar seu coeficiente de
distribuição num par de solventes.
b) Extração/coeficiente de distribuição: extrair com um solvente (3 X
30 mL), por exemplo, significa extrair três vezes utilizando 30 mL do
solvente de cada vez. (Note que, considerando o coeficiente de
distribuição, essa extração é mais eficiente do que se fosse
de uma só vez utilizando 90 mL do solvente)
35

c) Densidade dos solventes: geralmente, o solvente de maior densidade


constitui a fase inferior, sendo o primeiro a ser retirado do funil de
separação. (Consulte uma tabela de densidade).
d) Agentes secantes: normalmente duas ou três espátulas com Na2SO4
anidro são suficientes para secar as quantidades envolvidas neste
experimento.

Cuidados a serem observados:


a) o éter é volátil e inflamável. Evite manuseá-lo perto de uma fonte de
ignição. Mantenha o recipiente do éter etílico fechado;
b) não deve ser utilizada chama em nenhum momento na execução deste
experimento;
c) abrir a torneira do funil de separação após cada agitação para que a
pressão interna seja aliviada. Faça esta operação conforme
orientação do professor.

Reagentes
 anilina; □ solução NaOH 10%;
 ácido benzóico; □ solução HCl 10%;
 naftaleno; □ éter etílico (diclorometano ou clorofórmio)

Materiais
 Erlemmeyer (125 mL); □ Bomba vácuo
 Funil de separação; □ Chapa de aquecimento e banho de gelo;
 Funil de Büchner; □ Papel de filtro qualitativo;
 Kitassato; □ vidro relógio;
 Bastão de vidro; □ Papel indicador de pH (tornassol)

Procedimento

As misturas orgânicas a serem analisadas deverão conter: Mistura A:


2,0 mL de anilina (básico) e 1,5g de naftaleno (neutro) Mistura B: 1,5g
de ácido benzóico e 1,5g de naftaleno.
36

Dissolver a mistura orgânica em 80 mL de éter etílico (ou diclorometano ou


clorofórmio). Transferir esta solução para um funil de separação de 250 mL e
extrair com as soluções aquosas (Figura 04 e 05), seguindo a ordem descrita,
mantendo a solução orgânica no funil de separação.

Figura 04: Como agitar um funil de separação durante o processo de extração


“líquido-liquído”.

Figura 05: Duas soluções de líquidos imiscíveis sendo separadas em um funil de


separação.

1. Extração da Mistura A: Extrair a solução orgânica A (mistura A) inicial


com uma solução aquosa de HCl 10% (2 X 25 mL).
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para
aliviar a pressão.
- Guardar a solução orgânica para prosseguir a extração do naftaleno.
- Juntar as frações aquosas, neutralizar com solução de NaOH 10%, transferir
para um outro funil de separação e extrair com éter etílico (2 X 25 mL),
recolhendo a solução orgânica num erlemmeyer.
- Quais as reações envolvidas nesta extração?
37

Extração do naftaleno: lavar a solução orgânica com água destilada (2 X


30 mL) para retirada do excesso de NaOH da solução.
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para
aliviar a pressão.
- Recolher a solução orgânica em um erlemmeyer e evaporar em banho- maria.

2. Extração da Mistura B: extrair a solução orgânica B (mistura B) com


NaOH 10% (2 X 25 mL). Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil
após cada agitação para aliviar a pressão.
- Guardar a solução orgânica para prosseguir a extração do naftaleno.
- Juntar as frações aquosas e neutralizar adicionando quantidades de HCl 10%,
agitando vigorosamente até atingir meio ácido. Coletar o precipitado
formado, através de uma filtração à vácuo, utilizando um funil de Büchner
e kitassato, e lavar com água gelada. Deixar o material secar em um
vidro relógio e pesar o produto obtido na aula seguinte. Calcular a
percentagem de material recuperado.
- Quais as reações envolvidas nesta extração?

Extração do naftaleno: lavar a solução orgânica com água destilada (2 X


30 mL) para retirada do excesso de NaOH da solução.
Cuidado: lembre-se de abrir a torneira do funil após cada agitação para
aliviar a pressão.
- Recolher a solução orgânica em um erlemmeyer e evaporar em banho- maria.
38

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 06

1. Forneça as reações envolvidas na extração A e B.


2. Qual o princípio básico do processo de extração com solventes?
3. Por que a água é geralmente usada como um dos solventes na extração
líquido-líquido?
4. Quais as características de um bom solvente para que possa ser usado na
extração de um composto orgânico em uma solução aquosa?
5. Qual fase (superior ou inferior) será a orgânica se uma solução aquosa
for tratada com:
a) éter etílico b) clorofórmio c) acetona d) n-hexano
e) benzeno
6. Pode-se usar etanol para a extração de uma substância que se encontra
dissolvida em água? Justifique sua resposta.
7. Esquematize uma sequência plausível de separação, usando extração
líquido-líquido, de uma mistura equimolar composta de N,N-dietilanilina
(solubilidade em água 0,016g/mL, muito solúvel em éter), acetofenona
(insolúvel em água, solúvel em éter) e 2,4,6- triclorofenol (solubilidade
em água de 0,0008g/mL, muito solúvel em éter).
39

PRÁTICA 07 – EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA

Alcaloides são substâncias orgânicas nitrogenadas de caráter básico,


geralmente de origem vegetal, e que provocam efeitos fisiológicos
característicos nos organismos humanos. Nem todas as substâncias classificadas
como alcalóides obedecem rigorosamente a todos os itens desta definição; por
exemplo o alcalóide da pimenta (piperina) não é básico, mas tem acentuada ação
fisiológica. Do ponto de vista químico, os alcalóides não constituem um grupo
homogêneo de substâncias. Quase todos, porém, apresentam estrutura química
derivada de um composto heterociclo. Uma classificação química de alcalóides
baseia-se na estrutura deste heterociclo: alcalóides da piridina (ex.: nicotina) da
xantina (ex.: cafeína), da quinolina, do pirrol, do indol, da piperidina, etc.
Certas famílias vegetais são particularmente ricas em alcalóides, por
exemplo, as rubiáceas (café) e as solanáceas (fumo).
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina, 1) pertence à família dos alcalóides xantínicos
(Figura 1).

Figura 1: Alguns exemplos de alcalóides


xantínicos.

A cafeína foi isolada do café por Runge em 1820 e do chá preto por
Oudry em 1827. Ela é encontrada ainda no guaraná, erva-mate e em outros
vegetais, e é responsável pelo efeito estimulante de bebidas como chá e café e de
refrigerantes como Coca-Cola e Pepsi-Cola. É também um dos princípios ativos
de bebidas ditas “energéticas” (Red Bull, Power Flash, etc).
A cafeína provoca um efeito pronunciado no sistema nervoso central
(SNC), mas nem todos os derivados xantínicos são efetivos como
40

estimulantes do SNC. A teobromina (4, Figura 1), uma xantina encontrada no


cacau, possui pouco efeito no SNC, porém é um forte diurético e é utilizada em
medicamentos para tratar pacientes com problemas de retenção de água. A
teofilina (3), encontrada no chá junto com a cafeína, também tem pouca ação no
SNC, mas é um forte estimulante do miocárdio, relaxando a artéria coronária,
que fornece sangue ao coração. Teofilina, também chamada de aminofilina, é
frequentemente usada no tratamento de pacientes que tiveram parada cardíaca. É
também um diurético mais potente que a teobromina. Sendo um vasodilatador, é
geralmente empregada no tratamento de dores de cabeça causadas por
hipertensão e asma.
A cafeína é relativamente tóxica, (LD 50 = 75 mg/Kg), mas para se obter
uma dose letal de cafeína, o indivíduo deveria ingerir dezenas de quilos de café
em um curto período. Na Tabela 1 são apresentadas as quantidades médias de
cafeína encontradas em algumas bebidas e alimentos.
Devido aos efeitos provocados pela cafeína no SNC, algumas pessoas
preferem usar café descafeinado. A descafeinação reduz o conteúdo de cafeína
do café para aproximadamente 0,03 - 1,2%

Tabela 1: Porcentagem em massa de cafeína presente em bebidas e alimentos.

BEBIDA/ALIMENTO % EM MASSA DE CAFEÍNA


Café moído 0,64 - 0,88
Café instantâneo 0,42 - 0,56
Chá 0,18 - 0,53
Chocolate 0,71
Coca-cola 0,12

METODOLOGIA

No experimento de hoje será realizada a extração da cafeína das folhas do chá,


usando água quente contendo carbonato de cálcio. Por sua vez, a cafeína será extraída
desta fase aquosa com diclorometano. Com a evaporação
41

do solvente obtém-se a cafeína impura. A purificação da cafeína obtida será feita através
da técnica de recristalização, utilizando tolueno e éter de petróleo como solventes.
Alcaloides são aminas, portanto, formam sais solúveis em água, quando tratados
com ácidos. A cafeína encontrada nas plantas apresenta-se na forma livre ou combinada
com taninos fracamente ácidos. A cafeína é solúvel em água, então pode ser extraída de
grãos de café ou das folhas de chá com água quente. Junto com a cafeína, outros
inúmeros compostos orgânicos são extraídos, e a mistura destes compostos é que dá o
aroma característico ao chá e ao café. Entretanto, a presença desta mistura de compostos
interfere na etapa de extração da cafeína com um solvente orgânico, provocando a
formação de uma emulsão difícil de ser tratada. Para minimizar este problema utiliza-se
uma solução aquosa de carbonato de cálcio. O meio básico promove a hidrólise do sal
de cafeína-tanino, aumentando assim o rendimento de cafeína extraída.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Em um erlenmeyer de 250 mL coloque 15,0 g de chá preto, 150 mL de água e


7,0 g de carbonato de cálcio. Ferva a mistura com agitação ocasional por 20 minutos,
filtre a mistura quente em Buchner e esfrie o filtrado a 10-15°C.
Transfira o filtrado para um funil de separação e extraia a cafeína com 4 porções
de 20 mL de cloreto de metileno (extração múltipla com agitação suave para evitar a
formação de emulsão). Destile o solvente com um aparelho de destilação simples até
que se obtenha um volume de 5-7 mL no balão. Transfira então o extrato concentrado
para um béquer e evapore o restante do solvente em banho de vapor até a secura. Pese o
resíduo esverdeado de cafeína bruta e calcule a percentagem de alcalóide no chá. O
resíduo pode ser recristalizado, dissolvendo-o em 5 mL de tolueno a quente e
adicionando algumas gotas de éter de petróleo (p. e. 60-80°C) até formar o precipitado.
Determine o ponto de fusão do cristal e compare-o com o descrito na literatura.
42

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 07

1. O que é um alcaloide?
2. Por que os alcaloides geralmente apresentam caráter básico?
3. Por que a maioria dos alcaloides são extraídos das plantas com uma solução
aquosa ácida?
4. Por que a cafeína é extraída com uma solução aquosa básica?
5. Explique a técnica de recristalização usada nesta experiência:
6. Quais as estruturas dos heterociclos: piridina, piperidina, pirrol, quinolina, indol
e xantina?
7. Apesar de existirem alcalóides de origem animal (por ex., nos venenos de alguns
animais peçonhentos), a vasta maioria dos alcalóides é encontrada em vegetais.
Sugira razões para este fato (ou seja, por que as plantas sintetizam alcalóides?):
8. Discuta sobre a metodologia de isolamento de um produto natural a partir de
plantas, que foi utilizado neste experimento. Ela pode ser considerada geral?
Quais as dificuldades encontradas? Quais as vantagens desse método?
9. Discuta a porcentagem de cafeína bruta isolada e de cafeína após a
recristalização. Levando-se em conta que as plantas produzem milhares de
compostos diferentes, o que você conclui a respeito da quantidade de cafeína
presente no chá preto?
43

PRÁTICA 08 – CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA E EM COLUNA

Cromatografia é uma técnica utilizada para analisar, identificar ou separar os


componentes de uma mistura. A cromatografia é definida como a separação de dois ou
mais compostos diferentes por distribuição entre fases, uma das quais é estacionária e a
outra móvel.
A mistura é adsorvida em uma fase fixa, e uma fase móvel "lava" continuamente
a mistura adsorvida. Pela escolha apropriada da fase fixa e da fase móvel, além de
outras variáveis, podese fazer com que os componentes da mistura sejam arrastados
ordenadamente. Aqueles que interagem pouco com a fase fixa são arrastados facilmente
e aqueles com maior interação ficam mais retidos.
Os componentes da mistura adsorvem-se com as partículas de sólido devido a
interação de diversas forças intermoleculares. O composto terá uma maior ou menor
adsorção, dependendo das forças de interação, que variam na seguinte ordem: formação
de sais > coordenação > pontes de hidrogênio > dipolo-dipolo > Van der Waals.
Dependendo da natureza das duas fases envolvidas tem-se diversos tipos de
cromatografia:
- Sólido-líquido (coluna, camada fina, papel);
- Líquido-líquido;
- Gás-líquido.

CROMATOGRAFIA EM COLUNA:

A cromatografia em coluna é uma técnica de partição entre duas fases, sólida e


líquida, baseada na capacidade de adsorção e solubilidade. O sólido deve ser um
material insolúvel na fase líquida associada, sendo que os mais utilizados são a sílica gel
(SiO2) e alumina (Al2O3), geralmente na forma de pó. A mistura a ser separada é
colocada na coluna com um eluente menos polar e vai-se aumentando gradativamente a
polaridade do eluente e consequentemente o seu poder de arraste de substâncias mais
polares. Uma seqüência de eluentes normalmente utilizada é a seguinte: éter de
petróleo,
44

hexano, éter etílico, tetracloreto de carbono, acetato de etila, etanol, metanol,


água e ácido acético.
O fluxo de solvente deve ser contínuo. Os diferentes componentes da mistura
mover-se-ão com velocidade distintas dependendo de sua afinidade relativa pelo
adsorvente (grupos polares interagem melhor com o adsorvente) e também pelo eluente.
Assim, a capacidade de um determinado eluente em arrastar um composto adsorvido na
coluna depende quase diretamente da polaridade do solvente com relação ao composto.
À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas móveis
começam a ser formadas; cada banda contendo somente um composto. Em geral, os
compostos apolares passam através da coluna com uma velocidade maior do que os
compostos polares, porque os primeiros têm menor afinidade com a fase estacionária.
Se o adsorvente escolhido interagir fortemente com todos os compostos da mistura, ela
não se moverá. Por outro lado, se for escolhido um solvente muito polar, todos os
solutos podem ser eluídos sem serem separados. Por uma escolha cuidadosa das
condições, praticamente qualquer mistura pode ser separada (Figura 1).

Figura 1: Cromatografia em coluna.


45

Outros adsorventes sólidos para cromatografia de coluna em ordem crescente de


capacidade de retenção de compostos polares são: papel, amido, açucares, sulfato
de cálcio, sílica gel, óxido de magnésio, alumina e carvão ativo. Ainda, a alumina
usada comercialmente pode ser ácida, básica ou neutra. A alumina ácida é útil na
separação de ácidos carboxílicos e aminoácidos; a básica é utilizada para a separação de
aminas.

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:

A cromatografia em camada fina (ou delgada) é uma técnica simples, barata e


muito importante para a separação rápida e análise quantitativa de pequenas quantidades
de material.
Ela é usada para determinar a pureza do composto, identificar componentes em uma
mistura comparando-os com padrões; acompanhar o curso de uma reação pelo
aparecimento dos produtos e desaparecimento dos reagentes e ainda para isolar
componentes puros de uma mistura.
Na cromatografia de camada delgada a fase líquida ascende por uma camada
fina do adsorvente estendida sobre um suporte. O suporte mais típico é uma placa de
vidro (outros materiais podem ser usados).
Sobre a placa espalha-se uma camada fina de adsorvente suspenso em água (ou
outro solvente) e deixa-se secar. A placa coberta e seca chama-se "placa de camada
fina". Quando a placa de camada fina é colocada verticalmente em um recipiente
fechado (cuba cromatográfica) que contém uma pequena quantidade de solvente, este
eluirá pela camada do adsorvente por ação capilar.
A amostra é colocada na parte inferior da placa, através de aplicações sucessivas
de uma solução da amostra com um pequeno capilar. Deve-se formar uma pequena
mancha circular. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é compartilhada
entre a fase líquida móvel e a fase sólida estacionária. Durante este processo, os
diversos componentes da mistura são separados. Como na cromatografia de coluna, as
substâncias menos polares avançam mais rapidamente que as substâncias mais polares.
Esta diferença na velocidade resultará em uma separação dos componentes da amostra.
Quando estiverem
46

presentes várias substâncias, cada uma se comportará segundo suas propriedades de


solubilidade e adsorção, dependendo dos grupos funcionais presentes na sua estrutura
(Figura 2).

Figura 2: Cromatografia em camada delgada.

Depois que o solvente ascendeu pela placa, esta é retirada da cuba e seca até que
esteja livre do solvente. Cada mancha corresponde a um componente separado na
mistura original. Se os componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas
serão claramente visíveis. Contudo, é bastante comum que as manchas sejam invisíveis
porque correspondem a compostos incolores. Para a visualização deve-se "revelar a
placa". Um método bastante comum é o uso de vapores de iodo, que reage com muitos
compostos orgânicos formando complexos de cor café ou amarela. Outros reagentes
para visualização são: nitrato de prata (para derivados halogenados), 2,4-
dinitrofenilidrazina (para cetonas e aldeídos), verde de bromocresol (para ácidos),
ninhidrina (para aminoácidos), etc.
Um parâmetro freqüentemente usado em cromatografia é o "índice de retenção"
de um composto (Rf). Na cromatografia de camada fina, o Rf é função do tipo de
suporte (fase fixa) empregado e do eluente. Ele é definido como a razão entre a
distância percorrida pela mancha do componente e a distância percorrida pelo eluente.
Portanto:
Rf = dc / ds
Onde: dc = distância percorrida pelo componente da mistura.
47

ds = distância percorrida pelo eluente.

Quando as condições de medida forem completamente especificadas, o valor de


Rf é constante para qualquer composto dado e correspondente a uma propriedade física.
Este valor deve apenas ser tomado como guia, já que existem vários compostos com o
mesmo Rf. Sob uma série de condições estabelecidas para a cromatografia de camada
fina, um determinado composto percorrerá sempre uma distância fixa relativa à
distância percorrida pelo solvente. Estas condições são:
1- sistema de solvente utilizado;
2- adsorvente usado;
3- espessura da camada de adsorvente;
4- quantidade relativa de material.

METODOLOGIA

Na aula de hoje serão apresentadas as técnicas básicas para o desenvolvimento


de cromatografia em camada delgada e cromatografia em coluna.
Na cromatografia em camada delgada (CCD) serão analisados e identificados os
componentes coloridos extraídos de folhas verdes (clorofila A e B) e os da cenoura (β-
caroteno), assim como os componentes de uma droga analgésica, comparando-os com
padrões. Será ainda estudado o efeito do solvente no valor do Rf para os compostos β-
naftol e p-toluidina.
Na cromatografia em coluna serão separados os componentes de uma mistura
colorida de azul de metileno e alaranjado de metila em duas colunas diferentes, uma
contendo alumina como fase estacionária e a outra contendo sílica gel. A alumina, ou
óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com espécies ácidas. Por sua
vez, a sílica gel interage com espécies básicas devido a natureza ácida do óxido de
silício.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA:


48

3.1.1- PREPARAÇÃO DAS PLACAS CROMATOGRÁFICAS: Prepare duas


placas para cromatografia em camada fina a partir de lâminas de vidro de microscópio.
Agite com um bastão de vidro uma suspensão espessa de sílica em tetracloreto de
carbono em um béquer de 50 mL. Quando a pasta resultante estiver homogênea
mergulhe na mistura as duas placas juntas, face a face, por um a dois segundos, retire-as
e deixe-as secar ao ar.

3.1.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Com um


capilar, semeie duas manchas a 1 cm da base da placa e separadas entre si; uma de
extrato de folhas verdes e outra de extrato de cenoura. Coloque então a placa em uma
cuba cromatográfica contendo o eluente (acetato de etila : éter de petróleo 2:3). O nível
de eluente deve estar abaixo do nível das manchas na placa.
Após a eluição deixe secar a placa. O ß-caroteno (polieno isolado da cenoura)
aparece como uma mancha amarela próxima ao topo da placa; as clorofilas A e B
aparecem como manchas verde oliva e verde azulada, respectivamente. Calcule os Rf.

3.1.3- EFEITO DO SOLVENTE NO VALOR DE Rf: Em uma placa de sílica gel


ativada aplique, com ajuda de um capilar, uma solução diluída de ß-naftol e outra de p-
toluidina (use cloreto de metileno ou éter como solvente) e deixe desenvolver o
cromatograma usando como eluente os seguintes solventes (faça uma placa para cada
eluente):
a) cloreto de metileno puro.
b) cloreto de metileno contendo 25% de acetato de etila.
c) cloreto de metileno contendo 50% de acetato de etila.
Após o solvente atingir o topo da placa, retire a placa da cuba, evapore o
solvente na capela e coloque-a numa atmosfera de iodo para revelar a manchas das
substâncias.
Calcule o Rf para cada amostra em cada mistura de solvente.
Qual é o efeito causado sobre o Rf pelo aumento da proporção do acetato de etila
na mistura de solvente utilizado?
49

CROMATOGRAFIA EM COLUNA:
3.2.1- EMPACOTAMENTO DA COLUNA: Prepare uma coluna para cromatografia
utilizando alumina neutra como fase fixa, da seguinte maneira: agite com um bastão em
um béquer, 15 a 20 g de alumina em tetracloreto de carbono, até obter uma pasta fluida,
homogênea e sem bolhas de ar incluídas. Encha a terça parte da coluna cromatográfica
com tetracloreto de carbono e derrame, então, a pasta fluida de alumina, de modo que
ela sedimente aos poucos e de forma homogênea. Caso haja bolhas de ar oclusas na
coluna, golpeie-a suavemente, de modo a expulsá-las. Controle o nível do solvente
abrindo ocasionalmente a torneira da coluna. Terminada a preparação, o nível de
tetracloreto de carbono deve estar 1 cm acima do topo da coluna de alumina.

3.2.2- SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA MISTURA: Distribua


homogeneamente sobre o topo da coluna de alumina, com auxílio de uma pipeta ou
conta-gotas, 1 a 3 mL de uma solução etanólica de alaranjado de metila e azul de
metileno. Após a adsorção pela coluna, proceda a eluição com etanol, vertendo
cuidadosamente o solvente pelas paredes internas da coluna, tomando cuidado para não
causar distúrbios ou agitação na coluna. Ao mesmo tempo, abra a torneira para escoar o
solvente.
Elua todo o azul de metileno com etanol. Elua, primeiro com água, o alaranjado
de metila retido na coluna e em seguida com uma solução aquosa de ácido acético.
Repita o mesmo procedimento acima utilizando sílica gel como fase fixa da coluna.
Observe que a ordem de eluição se inverte, isto é, o alaranjado de metila sai com
etanol enquanto o azul de metileno fica retido na coluna.
50

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 08

1. Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma
mistura sejam adsorvidos pelas partículas do sólido:
2. Cite as características do solvente para lavar ou arrastar os compostos
adsorvidos na coluna cromatográfica:
3. Fale sobre o princípio básico que envolve a técnica de cromatografia:
4. Por quê se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica?
5. Se os componentes da mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam
manchas incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na
placa cromatográfica?
6. O que é e como é calculado o Rf ?
7. Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada?
8. A alumina, ou óxido de alumínio, tem ação básica e interage fortemente com
espécies ácidas; por sua vez, a sílica gel interage com espécies básicas devido a
natureza ácida do óxido de silício. Baseado nessas informações, explique o
comportamento distinto dos dois corantes empregados quando se usa alumina ou
sílica como fase fixa. A estrutura dos dois produtos está apresentada abaixo:
51

PRÁTICA 09 – SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA ACETONA

INTRODUÇÃO

O produto formado a partir da oxidação de álcoois depende do agente oxidante


empregado e da natureza do álcool de partida (álcool primário, secundário ou terciário).
Álcoois primários, por oxidação controlada, produzem aldeídos. A oxidação é
feita com uma solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) em água e meio ácido.
Uma vez que aldeídos são facilmente oxidados aos ácidos carboxílicos correspondentes,
deve-se remover o mais rápido possível o aldeído que vai sendo formado, através de
uma destilação.

Uma oxidação mais energética utilizando uma solução aquosa de permanganato


de potássio com aquecimento e meio ácido produz o ácido carboxílico
correspondente.

Os álcoois secundários sofrem oxidação, produzindo cetonas. Como agente


oxidante normalmente se utiliza uma solução de K 2Cr2O7 + H2SO4 (mistura
sulfocrômica). Pode-se utilizar, alternativamente, CrO3 em ácido acético glacial, CrO3
em piridina ou ainda uma solução de KMnO4 a quente.
52

Os álcoois terciários não se oxidam em condições alcalinas ou em presença de


ácido. Estes álcoois são rapidamente desidratados formando alcenos, e estes então são
oxidados.

METODOLOGIA

A acetona será preparada a partir do álcool isopropílico, através de uma reação


de oxidação. Esta reação poderá ser observada pela mudança de coloração, onde o
dicromato de potássio (K2Cr2O7) é alaranjado e se reduz a
+3
Cr , de coloração verde.

Sendo a acetona um solvente volátil, o refluxo dificulta a saída de seus vapores,


à medida que esta é sintetizada (Figura 1).
A purificação de líquidos, como é o caso da propanona, pode ser feita através da
destilação fracionada, observando-se a temperatura de ebulição deste solvente (56°C).
53

A maior parte das reações de caracterização de cetonas baseiam-se na formação


de um derivado, a partir da reação de condensação com aminas substituídas. As reações
ocorrem entre o grupo carbonila e o grupo -NH 2 da amina substituída (serve também
para identificar aldeídos). O nucleófilo, que nesta experiência será a 2,4-
dinitrofenilidrazina 1, ataca o carbono carbonílico em 2, formando compostos
cristalinos (3) de ponto de fusão bem definidos e, portanto, úteis para a identificação e
caracterização.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
SÍNTESE DA ACETONA:
Em um balão de 3 bocas de 500 mL, coloque 7,5 g de álcool isopropílico e 30
mL de água. Adapte um funil de adição em uma das bocas do balão, e na outra um
condensador ascendente. Coloque alguns fragmentos de porcelana porosa no interior do
balão.
Paralelamente, em um béquer, prepare uma solução oxidante dissolvendo 14,5 g
de K2Cr2O7 em 75 mL de água, sobre a qual são adicionados, cautelosamente e
vagarosamente, 22,5 g de H2SO4 concentrado. Resfrie a solução e transfira-a para o
funil de adição adaptado ao balão.
Adicione lentamente a mistura oxidante ao álcool contido no balão, de tal forma
que se mantenha a ebulição no balão sem que haja destilação. Quando toda a mistura
oxidante tiver sido adicionada, remova o funil de adição e tampe esta boca do balão
(cuidado ao trabalhar com a solução sulfocrômica. Evite o contato com a pele, pois pode
provocar queimaduras). Refluxe suavemente por 15 minutos.

SEPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA ACETONA:


Monte um aparelho de destilação simples e destile vagarosamente, recolhendo todo
produto até uma temperatura de 90°C. Despreze o resíduo do balão de
54

destilação. Receba o destilado na proveta imersa em cuba de água gelada para evitar
perdas de acetona por evaporação.
Transfira o destilado contendo acetona para um balão de destilação de fundo
redondo de 50 mL e adapte uma coluna de destilação para o fracionamento. Coloque
fragmentos de porcelana porosa no balão e destile, vagarosamente, recolhendo o

destilado em água gelada. O ponto de ebulição da acetona é 56oC.

TESTE DE CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO CARBONILA:


Dissolva 1 mL do composto carbonilado em 5 mL de etanol e adicione 1 mL de
uma solução alcoólica de 2,4-dinitrofenilidrazina. Se não se formar um precipitado
imediatamente, dilua com um pouco de água. Colete o derivado e proceda à
recristalização. Determine o seu ponto de fusão.
55

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 09

1- Quais os produtos formados na reação de oxidação com K 2Cr2O7/H+ dos seguintes


compostos: a) 1-propanol b) 2-pentanol c) 1,4-hexanodiol d) ácido 4- hidroxioctanóico
2- Na oxidação de um álcool primário à aldeído, por quê o produto formado deve ser
removido da reação por destilação?
3- Justifique o fato de que a oxidação de álcoois secundários resulta em melhores
rendimentos do que a oxidação de álcoois primários: 4- Escreva as
equações balanceadas para a oxidação do formaldeído e propionaldeído com KMnO4,
em solução neutra e em solução ácida:
5- Desenhe os aparelhos utilizados nesta experiência para:
a) a síntese da acetona (qual a função do funil de adição?);
b) refluxo (explique seu funcionamento).
6- O que é um derivado? O que se pretende nesta experiência com a formação do
derivado?
7- Qual o objetivo de se determinar o ponto de fusão do derivado de 2,4-
dinitrofenilidrazina, nesta experiência?
8- Nesta experiência, qual o objetivo de se fazer uma destilação simples e depois
uma destilação fracionada?
9- Além da oxidação de álcoois secundários, escreva outros dois métodos para a
preparação de cetonas:
10- Porque a indústria emprega a técnica de desidrogenação catalítica na
oxidação de álcoois primários e secundários?
56

PRÁTICA 10 - PREPARAÇÃO DE UM AROMATIZANTE ARTIFICIAL:

ACETATO DE ISOAMILA

Ésteres são compostos amplamente distribuídos na natureza. Os ésteres simples


tendem a ter um odor agradável, estando geralmente associados com as propriedades
organolépticas (aroma e sabor) de frutos e flores. Em muitos casos, os aromas e
fragrâncias de flores e frutos devem-se a uma mistura complexa de substâncias, onde há
a predominância de um único éster.
Muitos ésteres voláteis possuem odores fortes e agradáveis. Alguns destes são
mostrados na tabela abaixo:

Químicos combinam compostos naturais e sintéticos para preparar


aromatizantes. Estes reproduzem aromas naturais de frutas, flores e temperos.
Geralmente estes flavorizantes contém ésteres na sua composição, que contribuem para
seus aromas característicos.
Aromatizantes superiores reproduzem perfeitamente os aromas naturais. Em
geral, estes aromatizantes são formados de óleos naturais ou extratos de plantas, que são
intensificados com alguns ingredientes para aumentar a sua eficiência.
Um fixador de alto ponto de ebulição, tal como glicerina, é geralmente
adicionado para retardar a vaporização dos componentes voláteis. A combinação dos
compostos individuais é feita por diluição em um solvente chamado de "veículo". O
veículo mais frequentemente usado é o álcool etílico.

METODOLOGIA
Neste experimento será sintetizado o acetato de isoamila 1 (acetato de 3-
metilbutila), um éster muito usado nos processos de aromatização. Acetato de
57

isoamila tem um forte odor de banana quando não está diluído, e um odor remanescente
de pêra quando está diluído em solução. Ésteres podem ser convenientemente
sintetizados pelo aquecimento de um ácido carboxílico na presença de um álcool e de
um catalisador ácido. O acetato de isoamila 1 será preparado a partir da reação entre
álcool isoamílico e ácido acético, usando ácido sulfúrico como catalisador.

A reação de esterificação é reversível, tendo uma constante de equilíbrio de


aproximadamente 4,20. Para aumentar o rendimento do acetato será aplicado o princípio
de Le Chatelier, usando ácido acético em excesso.
O tratamento da reação visando a separação e isolamento do éster 1 consiste em
lavagens da mistura reacional com água e bicarbonato de sódio aquoso, para a retirada
das substâncias ácidas presente no meio. Em seguida, o produto será purificado por
destilação fracionada.
ATENÇÃO!: É importante saber que o acetato de isoamila é o maior
componente do feromônio de ataque da abelha. Este composto é liberado quando uma
abelha ferroa sua vítima, atraindo assim outras. Portanto, é prudente você evitar contato
com abelhas após a realização desta prática.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Em uma capela, misture 17 mL de ácido acético glacial com 15 mL de álcool
isoamílico, num balão de fundo redondo apropriado. Cuidadosamente, acrescente à
mistura 1,0 mL de ácido sulfúrico concentrado; adicione então as pedras de porcelana e
refluxe por uma hora (Figura 1).
Terminado o refluxo, deixe a mistura reacional esfriar à temperatura ambiente.
Utilizando um funil de separação, lave a mistura com 50 mL de água e em seguida duas
porções de 20 mL de bicarbonato de sódio saturado. Seque o éster com sulfato de sódio
anidro e filtre por gravidade. Destile o éster, coletando o líquido que destilará entre
136C e 143C, pese e calcule o rendimento.
58

Figura 1: Esquema de uma reação sob refluxo.


59

QUESTIONÁRIO PRÁTICA 10
1- Discuta o mecanismo da reação. Qual a função do ácido sulfúrico? Ele é
consumido ou não, durante a reação?
2- Como se remove o ácido sulfúrico e o álcool isoamílico, depois que a reação de
esterificação está completa?
3- Por que se utiliza excesso de ácido acético na reação?
4- Por que se usa NaHCO3 saturado na extração? O que poderia acontecer se NaOH
concentrado fosse utilizado?
5- Sugira outro método de preparação do acetato de isoamila:
7- Sugira rotas de síntese para cada um dos ésteres abaixo, apresentando o
mecanismo de reação para um deles:
a) propionato de isobutila b) butanoato de etila c) fenilacetato de metila
8- Qual é o reagente limitante neste experimento? Demonstre através de
cálculos.
9- Calcule o rendimento da reação e discuta seus resultados (purificação,
dificuldades, rendimentos):
10- Cite alguns exemplos de ésteres encontrados na natureza. (IMPORTANTE:
Procure ésteres diferentes dos citados durante a aula).
11- Ésteres também estão presentes na química dos lipídeos. Forneça a estrutura
geral de um óleo e uma gordura:

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