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1ª edição – Março/2022

Agora o setor de fitness e


bem-estar brasileiro tem um
relatório preciso, relevante
e científico, para contribuir
com a profissionalização
e evolução do mercado.

Foto: Ricardo Henri/Unsplash


Panorama Setorial Fitness Brasil | 2
Introdução

Entendendo a Indústria

Panorama dos Centros de Atividades Físicas

Tendências

Crescimento em Tempos de Pandemia

Considerações Finais

Metodologia e Bibliografia
INTRODUÇÃO
Mais uma vez a Fitness Brasil assume a responsabilidade de contribuir com o crescimento
e o desenvolvimento do mercado. E apresenta aqui o inédito Panorama Setorial Fitness Brasil.

Trata-se de uma parceria com a EY – uma das mais respeitadas empresas de consultoria e
auditoria do mundo – e a Armatore – especialista em pesquisa e ciência de dados para os
negócios do esporte. O resultado é um trabalho com dados e informações consistentes e
fidedignas para colaborar com diretrizes estratégicas, além de ajudar na tomada de decisões
que farão com que o mercado cresça ainda mais e aproveite de forma intensa todas as grandes
oportunidades.

Em tempos de pandemia, tivemos importantes aprendizados e a confirmação do


reconhecimento da população e dos mandatários governamentais de que somos
verdadeiramente essenciais.

Essa pesquisa é somente o início de um compromisso que nós, da Fitness Brasil, temos com
todo o setor do nosso país. Não temos dúvidas de que temos ainda muito a evoluir, já que
essa é apenas a primeira edição do Panorama. Estamos abertos a isso e prontos para fazer
acontecer!

Agradecemos a todos que acreditaram no Panorama Setorial Fitness Brasil. Especialmente


nossos patrocinadores ouro – Evo e Gympass – e prata – Life Fitness, Konnen, Matrix e
Movement –, além dos apoiadores e todos os líderes que participaram dos grupos de debates
desde o início do projeto.

Temos muito a fazer para seguir tirando as pessoas do sofá e construir uma sociedade mais
saudável.

Vamos em frente.

Abraços,

Fabio Saba Gustavo Almeida


Diretor de Conteúdo Diretor Executivo

9
Foto: Sam Moqadam/Unsplash

Panorama Setorial Fitness Brasil | 10


O mercado brasileiro como um todo se diferencia em relação aos demais países pela sua
dimensão territorial e consequentemente, a distribuição de sua população. Para o mercado
fitness não seria diferente: o tamanho territorial e a distribuição da população e das questões
socioeconômicas do Brasil influenciam em onde estão localizados os centros de atividades,
onde eles estão concentrados e, como consequência, onde estão os maiores consumidores e
não consumidores do mercado fitness, de acordo com a região, idade, renda, práticas sociais e
demais fatores que podem influenciar um indivíduo a realizar (ou não) alguma atividade física.

Com o objetivo principal de um maior entendimento desse mercado através de uma análise
mais precisa, foi criado o Panorama Setorial Fitness Brasil. Este relatório é baseado em uma
pesquisa realizada virtualmente - com 4.465 respondentes, distribuídos em 26 Estados e o
Distrito Federal, em 454 municípios ao redor do Brasil - além de outras fontes, como IBGE e
conversas dirigidas com especialistas.

Para atingir ao nosso objetivo, compilamos as informações disponibilizadas no mercado e


traçamos o perfil do consumidor e não consumidor com intuito de fornecer uma estrutura
para a tomada de decisões e para traçar planos e perspectivas para o mercado.

Devido ao período pandêmico, os centros de atividades físicas tiveram suas atividades


suspensas durante meses, retornando com suas capacidades reduzidas devido ao
distanciamento social, dificultando que os centros de atividades físicas pudessem buscar novas
receitas ou atrair novos alunos da forma tradicional com o que realizavam.

Apresentaremos ao longo deste relatório um resumo sobre os principais tópicos/termos que


serão utilizados nesse trabalho, um panorama do mercado de centros de atividades físicas, um
panorama dos consumidores e tendências. Essas informações e dados foram obtidos através
de 3 fontes:

Levantamento das 5 encontros com donos de Questões para


informações públicas que centros de atividades entendermos o panorama
são disponibilizadas sobre físicas, fornecedores, de consumidores e não
as empresas brasileiras. especialistas do setor e consumidores, como
investidores para motivos para a prática/não
entendermos melhor prática de atividade física,
acerca de temas como frequência, onde praticam,
tecnologia de mercado, motivos que consideram
equipamentos, para escolher um centro,
fornecedores, tendências, faixa etária, grau de
gaps do mercado e etc. instrução, gênero, dentro
outros.

11
+36 mil 51%
centros de atividades dos respondentes são
físicas distribuídos em do gênero masculino,
3.301 municípios 49% do gênero
feminino1

32% 65%
correspondente à Se declaram como
faixa etária entre 35 cor e/ou raça2
e 44 anos branca

50% 30%
são CASADOS correspondente à
faixa de renda de
R$ 4,4 mil a R$ 11
mil

40% 26%
Preferem praticar disseram que
atividade física ao caminhada/corrida
ar livre é a sua atividade
física mais praticada

1As opções de resposta de não binários e prefiro não declarar ficaram abaixo de 0,1%
2De acordo com classificação do IBGE
Panorama Setorial Fitness Brasil | 12
ENTENDENDO A
INDÚSTRIA
O mercado fitness perpassa por diversos setores/atores, dentre eles os centros de atividades
físicas, fornecedores (de equipamentos, softwares, alimentos e bebidas e vestuário), conselhos
federais e estaduais, associações, governo, instituições financeiras, patrocinadores,
profissionais de educação física e/ou fisioterapia e consumidores que se conectam e formam a
Cadeia Produtiva do setor fitness brasileiro.

Para a cadeia produtiva do mercado fitness, segregamos estes atores em 7 grandes grupos: os
profissionais, os centros de atividades, agregadores, patrocinadores, consumidores,
fornecedores e as entidades. Cada grupo abrange “elos” da cadeia produtiva que interagem
entre si.

Para simplificar as interações, no desenho abaixo, as entidades apresentam interações com


todos os demais atores da Cadeia Produtiva. Este grupo de entidades abrange: os conselhos
federais ou estaduais, as associações do setor, o Governo e as instituições financeiras.

15
16 | Entendendo a Indústria Icones: FlatIcon
Assim como as diferentes modalidades esportivas existentes no Brasil e no mundo, os centros
de atividades físicas também possuem diferentes segmentos, os quais serão detalhados abaixo:

• Academia Multisserviço: local que possui várias modalidades de atividades físicas,


musculação, equipamentos cardiovasculares, atividades aquáticas, Pilates, aulas coletivas e
etc.;

• Academia de Musculação + Coletivas: local que oferece serviços com pesos livres, máquinas
de musculação, equipamentos cardiovasculares e aulas coletivas de ginástica;

• Academia de Musculação: local que oferece serviços com pesos livres, máquinas de
musculação e equipamentos cardiovasculares;

• Academia Especialista: local que oferece, exclusivamente, serviços personalizados


individuais ou para grupos reduzidos, como treinamento funcional, Pilates, eletroestimulação,
personal training, CrossFit, dentre outros;

• Escola de Esporte: local que oferece atividades esportivas como futebol, lutas, natação,
tênis, esportes de areia, dança, ginástica artística etc.;

• Clube: diversas opções de práticas de atividades físicas;

• Condomínio: local residencial que oferece diversas opções de práticas de atividades;

• Hotel, Resort e/ou Spa: locais que se encontram localizadas nas dependências de hotéis,
resorts e SPAs.

Como impulsionadores na realização de atividades físicas, os consumidores do mercado fitness


têm a possibilidade de realizar a adesão em agregadores de academia e optar por realizar
exercícios físicos em qualquer centro de atividades físicas (academias, estúdios, etc.) que sejam
parceiros. Os agregadores de academia são empresas que possuem parceria com organizações
da área privada e/ou pública, e estendem a oferta de seus serviços aos funcionários destas
empresas com preços diferenciados, sendo um atrativo para as empresas na atração de talentos
e um incentivo aos colaboradores para que exerçam atividades físicas.

Os consumidores por sua vez, além da prática de atividades físicas em diferentes centros, como
academias, estúdios, condomínios, clubes ou ao ar livre, consomem diversos outros produtos
gerados pela cadeia produtiva, como os produtos comercializados pelos patrocinadores do
centro de atividades que frequentam, bem como através da aquisição de produtos dos
fornecedores de materiais esportivos para a prática da atividade, ou a compra de um
equipamento para treinar em casa, completando assim o ciclo da cadeia produtiva da indústria
de fitness e bem estar.

17 | Entendendo a Indústria
Foto: Graham Mansfield/Unsplash

Panorama Setorial Fitness Brasil | 18


PANORAMA DOS
CENTROS DE
ATIVIDADES
FÍSICAS
Como dito anteriormente, no Brasil, com uma vasta dimensão territorial de 8,5 milhões de km²
e sua população de 220 milhões de habitantes, cada um através de sua necessidade, seja
estética, saúde, social, busca praticar atividades físicas através de diversos modelos de
academias ou centros esportivos.

Em 20191 no Brasil foram registrados 36.126 centros de atividades físicas, uma variação de
13% se compararmos com o ano de 2018, distribuídas em 3.301 municípios brasileiros,
representando 59% do número total de municípios. (Gráfico 3.1)

36.126
31.972
27.748 28.287 29.001 4.211
3.751
3.424 3.429 3.603

28.221 31.915
24.324 24.858 25.398

2015 2016 2017 2018 2019

Atividades de Condicionamento Físico Ensino de Esportes

Gráfico 3.1: Evolução da Quantidade de Centros de Atividades Físicas

O estado de São Paulo lidera o top 5 de concentração de centros de atividades físicas do país,
com 28% do número total, seguido por Minas Gerias com 12%, Rio de Janeiro com 8%, Paraná
com 8% e Rio Grande do Sul com 7%. (Gráfico 3.2)
10.074
4.380
2.935
2.878
2.702
2.164
1.467
1.222
1.055
948
910
835
561
533
484
477
460
403
347
328
269
183
180
164
66
60
41
PB
RN

RO
PR
RS

PA

RR
RJ

DF

PE
ES

PI
MG

MS
MT

MA

TO
CE
BA
SP

AM
AC
SC

GO

SE
AL

AP

Gráfico 3.2: Quantidade de Centros de Atividades Físicas por Estado (2019)

1Para os anos de 2020 e 2021, devido a pandemia da COVID-19, o IBGE não realizou nenhum levantamento de dados sobre as empresas brasileiras.
21
Em 2019, dos mais de 36 mil centros de atividades físicas, 12% eram referentes a instituições
que focam em ensino de esporte (como natação, escolinha de futebol, ginásios para prática de
esporte etc) e 88% referente a centros para atividades físicas (como academias, Crossfit,
pilates, etc).

Ainda em 2019, a distribuição desses centros de atividades físicas foi de 51% na região
Sudeste, 21% no Sul, 16% no Nordeste, 9% no Centro-Oeste e 3% no Norte. Importante
verificar aqui que os centros de atividades físicas brasileiros se concentram nas regiões e
estados mais urbanizados/populosos, devido à maior demanda para os serviços oferecidos
nessas localizações. (Figura 3.1)

3%

16%

9%

51%

21%

Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

Figura 3.1 Distribuição de Centros de Atividades Físicas por Região

Considerando o ano de 2019 como base e que 3.301 municípios brasileiros possuíam centros
de atividades físicas, verifica-se que para os municípios com população superior a 50 mil
habitantes, somente 9 cidades não possuíam centros de atividades físicas. Destas, 8 estão na
região Norte (7 no Pará e 1 no Amazonas) e a outra é no Nordeste, no Ceará.

Entretanto, existem ainda 711 cidades com população superior a 10 mil habitantes e inferior a
50 mil habitantes que não possuem centros de atividades físicas registrada na cidade, logo
verifica-se que ainda há um potencial de expansão em 13% dos municípios brasileiros. Destas
cidades entre 10 mil e 50 mil habitantes e que não possuem centros de atividades físicas, 62%
estão concentradas no Nordeste. (Gráfico 3.3)

Panorama Setorial Fitness Brasil | 22


1.549
517 194
9
904 838 902 91
340 226
< que 10 mil > que 10 mil e < > que 20 mil e < > que 50 mil e < > que 100 mil e > que 300 mil
20 mil 50 mil 100 mil < 300 mil

Possui centro de atividade física Não possui

Gráfico 3.3: Quantidade de cidades que tem centros de atividades físicas por faixa populacional

Depois de localizadas todas as cidades que contêm Centros de Atividades Físicas, as


separamos e segregamos para construir o gráfico a seguir:

9.997
3.682

2.960

2.824
1.879
1.716

1.691
1.686
1.084

979

913
778
737

733

560
517

513
481

432
379

339

288
260
171

151
125

99
96

37
19

< que 10 mil > que 10 mil e < > que 20 mil e < > que 50 mil e < > que 100 mil e < > que 300 mil
20 mil 50 mil 100 mil 300 mil

Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte

Gráfico 3.4: Quantidade de centros de atividades físicas por faixa populacional e região

Podemos explicar os números nas faixas populacionais maiores que 100 mil habitantes pelas
condições socioeconômicas, demográficas e da dimensão de cada lugar, visto que o Sudeste é a
região mais populosa e urbanizada, logo demandando mais centros de atividades físicas para
atender a oferta disponível do que as demais regiões. As regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste têm uma condição geográfica diferente das duas primeiras citadas.

Considerando a dimensão territorial do Brasil e concentração demográfica dos estados do


Sudeste, Sul e Nordeste, verifica-se que a maior concentração de centros de atividades físicas
está nessas regiões, sendo que o Sudeste, devido principalmente às grandes regiões
metropolitanas, é o líder em número de centros de atividades físicas, enquanto Sul e Nordeste
possuem aproximadamente os mesmos números, apesar de suas diferenças socioeconômicas.

23 | Panorama dos Centros de Atividades Físicas


Foto: Andrew Valdivia/Unsplash

Panorama Setorial Fitness Brasil | 24


TENDÊNCIAS
Com a pandemia que começou no ano de 2020 paralisando o Brasil e o mundo, mudanças e
adaptações foram necessárias para que pudéssemos nos adequar – dentro do possível – ao
cenário atual: uma pandemia mundial.
Todos, salvo exceções, tiveram que se adaptar. E para o mercado fitness, ao mesmo tempo em
que o mercado se viu, a priori, diante de uma demanda – forçadamente – zerada, a posteriori
observaram-se novas tendências e oportunidades com correlação às diversas variáveis criadas
devido à situação pandêmica e, consequentemente, de saúde e bem-estar em que enfrentamos.

As categorias de consumo estarão cada vez mais segmentadas a um consumo combinado.


Alguns fornecedores entendem que os serviços híbridos não se limitaram exclusivamente entre
presencial e digital. Para eles, será e está sendo incluído mais uma variável a essa relação: o
entretenimento. Serviços presenciais, digitais e que gerem entretenimento.
Depois de ter enfrentado um longo período de isolamento social devido à um vírus que,
logicamente, afeta a saúde física e mental da sociedade, os consumidores estão passando a
enxergar as atividades físicas como algo além da estética, é um ponto que pode agregar no seu
bem-estar social e de saúde. Não só é importante a junção das atividades que visam bem-estar
e saúde adaptadas ao novo cenário, mas também práticas e situações relacionadas a isso que
vão gerar entretenimento ao consumidor do mercado.

Foto: Jonathan Borba/Unsplash

27 | Tendências
Um ponto importante – dentre vários – citado pelos donos de centro de atividades físicas, é
sobre o aumento da personalização nos atendimentos aos alunos.
Quando se fala sobre o atendimento individual ou personalizado do aluno, o primeiro passo
que se pode pensar é sobre o atendimento durante a prática de algum exercício físico. Esse
atendimento é primordial para auxiliar em toda a jornada do consumidor dentro de um centro
de atividades físicas, entretanto, quando se trata de personalizar o atendimento, existem
outros pontos que devem ser levados em consideração.
A individualização nos atendimentos inicia antes mesmo de que o aluno negocie algum plano,
ou seja, vai além da interação durante a prática de exercício físico. Abrange também a inclusão
de pessoas tanto entre os colaboradores quanto entre os alunos. É sobre criar um ambiente
inclusivo para quem for necessário, sem discriminação ou seleção de quais pessoas serão
atendidos de maneira prioritária.
Com isso, a partir dos pontos citados durante um dos Focus Group (conversa dirigida), a
mudança passa a ser de gym center para individual center, ou seja, o centro de atividade física,
os equipamentos e bens materiais ainda são importantes, mas o indivíduo é o centro de tudo
dentro desse ambiente e mercado de academias.

Panorama Setorial Fitness Brasil | 28


CRESCIMENTO
EM TEMPOS DE
PANDEMIA
Conforme demonstrado na cadeia produtiva, o mercado fitness abrange diversos atores, de
diversos portes. Com o impacto da pandemia da COVID-19, em grande parte por falta de
profissionalização e/ou capacitação acerca de gestão de negócios, pode acontecer desses
centros de atividades físicas, sejam eles de grande ou pequeno porte, não terem caixa (ou seja,
dinheiro para pagar as contas) para se autossustentarem no período de recessão.

Com a pandemia que nos assolou nos últimos anos, parte dos gestores de negócios que tinham
caixa suficiente para um curto período, faliram com esse evento imprevisível. Porém dentro do
mercado em queda, ainda surgiram oportunidades de crescimento, inicialmente, para
determinados segmentos, como por exemplo dos fornecedores de softwares especializados em
gestão e gerenciamento, prospectando clientes que anteriormente não se prepararam e foram
forçados a reinventar a forma que gerenciam seus negócios.

Um ponto importante é que o setor de varejo ligado às atividades físicas, como venda de
equipamentos para prática de exercícios dentro de casa, teve um aumento significante no
número de vendas durante a pandemia. Porém, com a desvalorização do real perante o dólar, o
fornecimento de determinados equipamentos se tornou mais caro, sendo mais um ponto
negativo para os centros de atividades físicas e para os consumidores em geral. Contudo, essa
desvalorização da moeda brasileira se mostrou um atrativo para que fundos de investimento
especializados no mundo fitness criem oportunidades para adentrarem ao mercado brasileiro,
fomentando-o.

Foto: Matthew Sichkaruk/Unsplash

Embora alguns pontos de oportunidades demonstrados para estes segmentos sejam positivos,
um grande problema que os donos de negócios têm enfrentado se refere ao pagamento de
aluguel, e para elucidar a estrutura macro podemos mencionar o aumento do IGP-M (índice
usado como parâmetro para reajustes de contratos imobiliários) que, segundo a FGV, acumulou
(32,12%) de agosto/2020 até agosto/2021. Ou seja, com o aumento da taxa, os centros de
atividades físicas tendem a ter mais dificuldade em honrar esse compromisso e as que
conseguem honrar encontram dificuldades na abertura de novas unidades.

31 | Crescimento em Tempos de Pandemia


O setor fitness foi bastante prejudicado, mas tem a vantagem de ser um business defensivo,
que mesmo no meio de uma crise sanitária e econômica está voltando a crescer de maneira
célere.

Novas oportunidades de oferta e investimento surgiram e quem tinha gestão de negócios e


profissionalização, aproveitou para crescer, quem tinha caixa se adaptou às demandas. Por
exemplo: com o fechamento de algumas academias, as demais academias que já estavam mais
estruturadas atraíram os consumidores dessas que fecharam, ou seja, de alguma forma o
mercado se apoiou, reestruturou e adequou suas diretrizes para possibilitar esse crescimento

Os donos de negócios com “perfil de investimento” agressivo, continuaram vendo


oportunidades para crescimento e os cautelosos aguardaram e tiveram um crescimento
orgânico. Um dos maiores desafios enfrentados por esses empreendedores do mercado fitness
são as elevadas taxas de tributação, elevando o preço do produto (materiais e acessórios), e se
levarmos em consideração a alta do dólar, esse fator atenua-se para produtos importados.

Assim como a pandemia impactou o mercado, forçando-o a se remodelar e adequar às


demandas financeiras, isso também é verdade para a transformação digital. O mercado fitness
já era digitalizado, mas não enxergava esse ponto como algum concorrente e/ou agregador para
o seu negócio.

Esse paradigma foi quebrado no mercado. Até então, não se imaginava que o setor fitness seria
disruptivo à tecnologia ou digitalização das atividades físicas ou da maneira como as
modalidades seriam aplicadas.

Com o cenário que foi imposto por um vírus, os centros de atividades físicas passaram a
funcionar com horário reduzido (após a liberação de reabertura), com distanciamento e em
alguns casos tendo que agendar horário, complicando o atendimento à demanda de 100% dos
alunos sem que houvesse mudança de estrutura.

Panorama Setorial Fitness Brasil | 32


CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A indústria fitness no Brasil é uma indústria em constante
transformação e caminha para aperfeiçoar a ideia do bem-estar
social e de saúde para os brasileiros.

Com esse relatório, neste primeiro ano, pudemos traçar uma amostra dos consumidores e não
consumidores brasileiros da indústria fitness. Pudemos observar também as tendências e
principais fatores que influenciam nas tomadas de decisão do consumidor, sejam elas pelos
resultados que ele (a) irá obter com a prática de atividades físicas, seja por um centro de
atividades físicas ter ou não estacionamento no local, por exemplo.

Observamos também, de maneira breve, a priori, a distribuição territorial dos centros de


atividades físicas registrados no Brasil e com isso mostramos algumas das principais regiões
com potencial para ser abrangida na extensão territorial da indústria fitness.

Além disso, após levantamentos de dados e conversas dirigidas com especialistas do setor,
traçamos + 300 interações entre os principais atores da indústria. De maneira sucinta e com os
centros de atividades físicas e os profissionais da indústria como atores centrais, desenhamos
as principais interações, as descrevemos e as unificamos entre os principais atores do setor.
Toda essa combinação resultou na Cadeia Produtiva da Indústria Fitness.

A partir da Cadeia Produtiva e suas interações todos os atores e potenciais novos entrantes ao
mercado, poderão construir projetos, planos e focar no aprimoramento ou em estabelecer o
relacionamento com todos aqueles com que possuem relação.

Adicionalmente, com intuito de observar de maneira mais detalhada um dos atores da indústria,
os agregadores de academia, levantamos questões sobre a utilização dos aplicativos oferecidos
por essas empresas e observamos que, apesar de ser um mercado em crescimento, os centros,
os agregadores e as empresas privadas podem estar deixando de investir ou oferecer esse
benefício empresarial a 81% do mercado potencial.

Com isso, esperamos que com esse primeiro relatório sobre o Panorama Setorial Fitness Brasil,
a indústria e principalmente os gestores de centros de atividades físicas, possam traçar
individualmente objetivos, planos e metas para aperfeiçoar o seu atendimento ao consumidor,
atrair os não consumidores e estabelecer melhores relações com os principais envolvidos da
Cadeia Produtiva.

35
Um relatório dessa magnitude não foi elaborado sozinho. Foram necessárias diversos
encontros entre todos os envolvidos pra que pudéssemos alinhar e validar a forma ideal de
elaborar esse relatório, levando em consideração todas as especificidades da Indústria Fitness
brasileira.
Além da parceria – Fitness Brasil, EY e Armatore – para que esse relatório pudesse ser
divulgado com as informações para o mercado, também contamos com patrocínio Ouro e
Patrocínio Prata de empresas que atuam na indústria e enxergaram no Panorama Setorial
Fitness Brasil uma ferramenta para disseminar mais informações e conhecimentos para o
setor.
Com isso, gostaríamos de agradecer aos Patrocinadores Ouro - a Gympass e a Evo - por
aceitarem entrar nessa jornada para fortalecer a Indústria Fitness no Brasil.
Também gostaríamos de agradecer aos Patrocinadores Prata - Konnen, Life Fitness, Matrix e
Movement – pelo suporte e fomento do setor fitness.
E um agradecimento também aos apoiadores desse projeto - ACAD, IHRSA, CONFEF, CREF-
SP, GARE, Ticket Agora – que não só apoiam o Panorama Setorial Fitness Brasil como
também apoiam e fortalecem o setor como um todo.
Além desses atores que foram excepcionais, gostaríamos de agradecer às empresas e/ou
especialistas que participaram dos Grupos de Foco e nos ajudaram a entender melhor sobre o
setor, seu dia-a-dia e suas motivações:

Entidade Representante Entidade Representante


ABF André Friedman Kikos Izaias Pitondo
ACAD Ailton Mendes Konnen Agamenon Machado
Academia Aeróbica Murilo Guerra Lamoroso Luis Amoroso
Academia Esportiva (RJ) Pedro Raja Les Mills Ricardo Lallo
Academia Manoel dos Santos Marcelo Santos Leste Bernardo Rodenburg
Action 360 Marcelo Tucio Leste Felipe Dale
Alpha Fitness Marcílio Duarte Matrix Reginaldo Recchia
Body Tech Luiz Urquiza Mercado Fitness Guillermo Velez
BREI Luciana Improta Metalife Marcelo Martines
Casa do Fitness Renato Gabas Miha Rangel Vilas Boas
Cia Athletica Richard Bilton Mormaii Beach Tennis Murilo Caldas
Cloud Gym Leandro Abite Mormaii Fitness Willian Melilli
CONFEF Claudio Boschi Movement Marco Corradi
Consultor Alexandre Cohen Projeto Academia André Passoni
CORE Jorge Nunes Run Fun Mário Sérgio
Crown Brasil Thiago Almeida Sett Academia Flávio Settani
Engenharia do Corpo Alexandre Zanella Shift João Paulo Maia
Evo Paulo Akiau Technogym Ricardo Rocha
Genial Karen Sayuri Tecnofit Antonio Maganhotte
Gestor de Programas Digitais Arthur Monteiro Tryex Fuscão Pacheco
Grupo Aliance Jiu-Jitsu Fabio Gurgel Ultra Academia Fernando Nero
Grupo Smart Fit Bio Ritmo Thiago Somera Velocity Shane Young
HIG Vinicius Mendonças VLG João Paulo Borges
IESPORTS Fabio Autran Welness Luis Henrique Rodrigues
IHRSA Jaqueline Antunes Ziva BRW Bernardo Grein
KA Sports Ailton Marques

Panorama Setorial Fitness Brasil | 36


METODOLOGIA
E BIBLIOGRAFIA
A pesquisa foi dividida em duas etapas distintas. A primeira foi a execução de grupos de foco
(conversas dirigidas) com profissionais referências na área. A segunda parte foi uma pesquisa
realizada entre os dias 20 de outubro e 25 de novembro de 2021.
Os grupos de foco são uma técnica qualitativa para obter dados com a finalidade de obter
respostas de grupos sobre questões relacionadas com o tema. O objetivo principal dessa
abordagem é obter atitudes e respostas dos participantes do grupo, incluindo reações aos
outros participantes, sentimentos e opiniões que se constituem em um conhecimento novo
para os analistas.
Para esses grupos de foco foram convidados gestores de centros de atividades, fornecedores,
investidores e especialistas sobre a indústria. Para atingir o objetivo, foram abordados temas
como tecnologia de mercado, equipamentos, fornecedores, tendências, gaps do mercado,
diversidade e inclusão etc.
A outra coleta de dados se deu por um questionário online. A divulgação do link se deu por
meio da Fitness Brasil alcançando 4.465 respondentes. Esse alcance proporcionou trabalhar
com um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 1,47%.
A análise considerou a base de dados do IBGE para realizar a estratificação da amostra. As
estimativas foram calculadas com e sem o peso e as estimativas de erro padrão foram obtidas
pela Linearização de Taylor. A ponderação foi feita de acordo com o gênero e estado e a
comparação dessas medidas calculadas com ou sem o peso capacitou a avaliação do efeito da
homogeneidade intraclasse e do impacto dos pesos amostrais na precisão.
A pesquisa levantou dados sociodemográficos e de comportamento. Foram utilizadas escalas
para avaliar alguns construtos psicométricos relacionados à motivação da prática de atividade
física e elementos motivadores da prática. Estas escalas já foram validadas em estudos
anteriores (ALLEN; MOREY, 2010; CABRITA et al., 2017; DELLAVIGNA; MALMENDIER, 2006;
HASKELL et al., 2007; HEIN; MÜÜR; KOKA, 2004; LAM; ZHANG; JENSEN, 2005; STANDAGE;
DUDA; NTOUMANIS, 2003).
Todas as escalas foram reduzidas por meio de uma análise fatorial exploratória, atendendo a
medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin e o teste de esfericidade de Bartlet. O
coeficiente alfa de Cronbach das escalas também alcançou valores adequados em todas as
medidas.

Para a realização da quantificação do número de centro de atividades físicas/academias no


Brasil foi realizado uma pesquisa baseada nos CNAEs (Centro Nacional de Atividades
Econômicas) 8591 Ensino de esportes e 9313 Atividades de condicionamento físico.

39
Após a definição dos CNAES que fazem composição ao termo centro de atividades
físicas/academias, foi realizado uma pesquisa junto ao SIDRA (Sistema de Recuperação
automática) e CEMPRE (Cadastro Central das Empresas) para que pudéssemos encontrar
nesses bancos de dados as informações públicas dos últimos 5 anos de todas as empresas
registradas no Brasil vinculadas a esses CNAEs.
Os resultados obtidos nos grupos de foco também foram importantes nessa etapa para que
pudéssemos entender melhor o cenário do mercado, impacto da pandemia, economia,
tendências e expectativas para o futuro. Após essas conversas dirigidas, foram estabelecidas
as definições para os tipos de centro de atividades físicas, conforme demonstrado no Capítulo
3.

ALLEN, Kelli; MOREY, Miriam C. Physical activity and adherence. In: Improving patient
treatment adherence. Springer, New York, NY, 2010. p. 9-38
CABRITA, Miriam et al. An exploratory study on the impact of daily activities on the pleasure
and physical activity of older adults. European Review of Aging and Physical Activity, v. 14, n.
1, p. 1-11, 2017.
DELLAVIGNA, Stefano; MALMENDIER, Ulrike. Paying not to go to the gym. american
economic Review, v. 96, n. 3, p. 694-719, 2006.
HASKELL, William L. et al. Physical activity and public health: updated recommendation for
adults from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association.
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Fotos

Panorama Setorial Fitness Brasil | 40

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