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PATROCÍNIO:
APOIO:
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MAIO 2018
ÍNDICE
A Liga Ventures ………………………………..…………. 04
Metodologia …………………………………………………. 07
Entrevistados ……………………………………………..... 08
Health Techs ………………………………………...……… 09
Categorias ……………………………………………………… 12
Mapa de Startups ……………………………………….. 14
Lista de Startups …………………………………………. 16
Demographics ………………..…………………………… 25
Entrevista - Gabriel Chalita .……………………. 26
Os usuários da saúde …………..….………………… 27
Os intermediadores da cadeia …….……….. 32
Entrevista - Joffre Morais ………………….…….. 37
Operadores e Servidores ……………………...…. 38
Distribuidores .…………………………………………..… 44
Hard Sciences …………………………...……..…………. 49
Fabricantes …………………………………………………… 50
Invest Talks - Astella Investimentos .…… 56
Conclusão ………………………………………………....…… 57
Referências …………………………………………………… 60
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A LIGA
VENTURES
A Aceleradora
e o Liga Insights
Através de programas de aceleração em diferentes
verticais de mercado, eventos e inteligência setorial, a Liga
Ventures é a primeira aceleradora do Brasil totalmente focada
em conectar startups e grandes corporações, gerando inovação
e oportunidades de negócios para ambos os lados.
Boa Leitura!
4
PROGRAMAS:
NOSSOS EVENTOS:
5
Saiba mais em:
https://liga.ventures/ligawtcclub/
6
Metodologia
O estudo tem como objetivo compreender como a área
de saúde está inovando e de que forma as Health Techs estão
sendo desenvolvidas e aplicadas no Brasil. Após entendimento
da cadeia e dos temas que envolvem a área, foi iniciada uma
pesquisa para determinar quais são as inovações tecnológicas
disponíveis atualmente e de que forma elas podem impactar os
processos da cadeia de saúde. Aqui foram considerados
relatórios e estudos de fontes como Nielsen, Google Trends, Pew
Research, Organização Mundial da Saúde (OMS), Goldman
Sachs, R2G, Celent, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
10.085
(IBGE), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Aruba,
CB Insights, Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados),
Accenture, Samsung, KPMG, Verizon, DHL, Deloitte, IBOPE
Inteligência, Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), Base total de
Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), startups
ANVISA, entre outros.
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diversas fontes, como inscrições para os programas de
aceleração e eventos da Liga Ventures, a plataforma DisruptBox,
recomendações, notícias em portais de negócios, bases abertas
e busca ativa. Por se tratar de um mercado com mudanças Startups de
constantes, este estudo é dinâmico e terá atualizações Health Techs
periódicas para contemplar esses movimentos e expor aquelas
novas startups que até então não apareceram nesta versão.
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ENTREVISTADOS
Danilo Weiner Elton Silva Erika Monteiro Silva Fábio Tiepolo Fernando Wagner
Head of Design Research IT Latam Digital Head Co-fundadora e COO CEO e fundador da Silva
do Samsung Design Team da Roche do Carefy da Docway-Co Head de Venture Capital
Latin America na Bozano Investimentos
Gabriela Amâncio Gabriela de Salles Van Gabriel Chalita Gabriel Soares Costa Gustavo Silva
Balazini Der Linden Filosofia e Head do Sabin Ventures, Fundador da
CEO da Fundraising and Investor Educação no Grupo Sabin Nutrisoft
RemédioCerto Relations no IDOR Ibmec-SP
Heiti Tomita Joffre Morais Juliano G. Arnais Livia Cunha Luis Lopes
Advisory Services Regulatory affairs Strategy Head of Multichannel CEO da CUCOHealth CEO da Botfy
StartupMentor Manager na ABIMO Marketing na Sanofi
Luiz Felipe Bay Luiz Fernando Borges Marcelo Caldeira Marcelo Hideo Sato Marcelo Pena
Diretor de vendas CEO e Fundador da Coord. do Núcleo de Partner na Astella Art Director
corporativas na Univers Hermes Braindeck Estudos de Saúde Investimentos McCann New York
(PBM da Raiadrogasil) (FEA-USP)
Marcelo Zorzo Michele Fanti Onício Neto Paulo Banevicius Paulo Braga
Diretor de Saúde Especialista em CEO e Co-fundador Líder de Healthcare Digital Corporate Venture
na Porto Seguro Assuntos Regulatórios da Epitrack GE Healthcare - LatAm na Eurofarma
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Health Techs
As tecnologias que estão
ajudando a Saúde a inovar
nos seus processos
Em 2015, o consumo de bens e serviços no setor de saúde
atingiu R$ 546 bilhões, valor que representa 9,1% do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro, segundo informações do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) contidas na Conta-Satélite de
Saúde Brasil e publicadas no portal Agência Brasil. Do montante,
R$ 231 bilhões foram referentes às despesas governamentais,
enquanto que R$ 315 bilhões corresponderam a despesas
familiares e de instituições prestadoras de serviço. Ainda de acordo
com a pesquisa, a participação do setor no PIB aumentou entre
2010 e 2015: de 6,1% de participação para 7,3%, respectivamente. De
acordo com um estudo publicado no The Lancet, importante
periódico científico - no qual foram feitas projeções de gastos em
saúde para 2040, em mais de 180 países -, as despesas brasileiras
no setor representarão 11% do PIB.
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milhões de pessoas fazem uso de mídias sociais para atividades relacionadas a saúde; existem,
além disso, mais de 9000 aplicativos referentes a questões médicas e de saúde.
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Ao mesmo tempo, “as startups precisam identificar as oportunidades que são interessantes e
adequadas às competências delas, avaliando o tamanho e a viabilidade da solução. Hoje não faltam
aberturas para inovação em saúde”, diz Marcelo. Heiti Tomita também aconselha os
empreendedores que têm a intenção de criar novos negócios na área a entender os problemas que
o setor possui. “Além de ser necessário entender o segmento, é preciso apostar no que o mercado
precisa. Independentemente de se se sentir confortável ou não, é preciso investir em tecnologias e
soluções que têm escala, tenha quem use e quem pague. Os empreendedores precisam ir atrás da
melhor configuração, equipe, recursos e conhecimento para conseguir desenhar uma solução para
aquele mercado específico”, diz. Além disso, Heiti chama a atenção para a diferença entre os
mercados de saúde brasileiro e internacionais. Segundo ele, não basta identificar uma
oportunidade fora do país e querer aplicá-la de forma igual no Brasil.
De acordo com o Prof. Marcelo, os fatores que dificultam são principalmente a falta de uma
cultura de inovação, com estruturas organizacionais preparadas para se relacionarem com as
startups, de forma que incentivem a escalabilidade e crescimento delas, a disponibilidade de
recursos para capital de risco e gestão do tempo para essas inovações. Entretanto, ele acredita que
a partir do momento em que as empresas e os governos começarem a perceber que as inovações
trazem desenvolvimento econômico, naturalmente as coisas vão ficar cada vez mais fortes. É uma
questão dos elos perceberem os resultados e colocarem iniciativas, concretas, estruturadas e não
pontuais.
Para conduzirmos este estudo, dividimos o setor de saúde em cinco grandes atores, que,
individualmente, permitem que os processos da área sejam integrados. São eles: usuários,
intermediadores, operadores, distribuidores e fornecedores.
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CATEGORIAS
As 18 áreas de soluções
Após pesquisarmos a cadeia de processos que envolvem as áreas de Health Techs, o
próximo passo na confecção do material foi buscar e fazer a curadoria das startups brasileiras que
estão oferecendo algum tipo de solução no setor, resolvendo problemas, facilitando processos ou
inovando entregas. Para isso, agrupamos as 263 startups encontradas em 18 categorias explicadas a
seguir:
Autismo
Startups com soluções aplicadas ao acompanhamento, pesquisa, informação e desenvolvimento
do Transtorno do Espectro do Autismo.
Buscadores e Agendamentos
Buscadores de clínicas, hospitais e profissionais, além de agendadores automáticos de consultas
e disponibilidades futuras.
Espaços
Startups que estão atuando diretamente com os espaços físicos de saúde, sejam eles
compartilhados ou montados sob demanda.
Glicemia
Soluções que oferecem formatos e modelos de acompanhamento da glicemia, conectados ou
não à dispositivos externos, trazendo suporte ao paciente.
Hard Sciences
Empresas que desenvolvem soluções com alto nível de complexidade, risco e envolvimento de
pesquisas e testes para as regulamentações necessárias.
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IoT para monitoramento de Locais / Medicamentos / Produtos / Pacientes
Soluções IoT aplicadas à saúde, seja para o acompanhamento, rastreamento e/ou
monitoramento de locais, medicamentos, produtos e pacientes.
Nutrição
Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta ou plataforma para fornecer dicas e
acompanhamentos nutricionais dos seus usuários.
Planos
Plataformas que auxiliam na busca e monitoramento de uso de planos de saúde, oferecendo
maior comodidade, opções e clareza aos usuários.
Prontuários e Prescrições
Soluções que oferecem algum tipo de ferramenta ou plataforma para prescrições e prontuários
eletrônicos, auxiliando os seus usuários com praticidade e inteligência.
Próteses e 3D
Startups que trabalham soluções para o desenho, projeto e impressão de próteses e modelos 3D,
se utilizando de tecnologia para ter uma maior acuracidade na confecção.
Saúde On Demand
Ferramentas e plataformas que oferecem a possibilidade de acesso à saúde conforme a
necessidade de uso, no momento necessário e de maneira direcionada.
Telemedicina
Plataformas e soluções para o acesso a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos
casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a assistência e reduzindo custos.
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LIGA INSIGHTS
HEALTH TECHS
263 STARTUPS MAI | 2018
Autismo
Bem-estar físico e mental | 26 empresas BI / AI / Big Data / Analytics | 18 empresas Buscadores e Agendamentos | 27 empresas Espaços | 3 empresas
Informação / Treinamento / Aprendizado IoT para monitoramento de Locais / Marketplaces de Medicamentos Nutrição
Hard Science | 40 empresas 14 empresas Produtos / Pacientes | 16 empresas e Equipamentos | 12 empresas 7 empresas
Mobictor
contato@disruptbox.io
www.disruptbox.io
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LISTA DAS STARTUPS
POR CATEGORIA
Tismoo http://tismoo.com.br
2im http://www.2im.com.br
Anestech http://anestech.com.br/
Carenet http://www.carenet.com.br
Cloudia https://www.cloudia.com.br
BI | AI | Big Data | Analytics (18)
Epitrack https://www.epitrack.tech
HealthBit http://www.healthbit.com.br
Hoobox http://www.hoo-box.com/
LifeLab https://www.lifelab.med.br
Meplis https://www.meplis.com/
PEBMED https://pebmed.com.br/
Pickcells http://pickcells.bio/
W Bio https://www.wbio.co/
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STARTUPS SITE +informações
CardioEmotion https://www.cardioemotion.com.br/
Cíngulo https://www.cingulo.com/
CUCOhealth http://cucohealth.com
FalaFreud http://www.falafreud.com
Flowing http://flowing.com.br
GoGood http://www.gogood.social
Bem-estar físico e mental (26)
Gympass https://www.gympass.com/
Healfies https://healfies.com
Kimeo http://www.kimeo.com.br
Oriente Me https://www.orienteme.com.br/
Radarfit http://radarfit.com.br/
Runs https://www.runs.site/
SuperAção https://www.portalsuperacao.org.br/
TelaVita https://www.telavita.com.br
Vittude http://vittude.com
VivaBem http://www.vivabem.com
We Cancer http://wecancer.com.br
Yogist http://yogist.com.br/
Zenklub https://www.zenklub.com.br
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STARTUPS SITE +informações
BoaConsulta https://www.boaconsulta.com/
DocSaúde https://docsaude.com/
Doctorama https://doctorama.com.br/
Doutor Já https://www.doutorja.com.br/
Buscadores e Agendamento (27)
Doutor123 https://doutor123.com.br
EncontreMed http://www.encontremed.com.br
EveryCare http://www.everycare.com.br/
ExamineJá https://examineja.com.br
Filóo https://www.filoo.com.br/
FitFly https://fitfly.com.br/
HelpIdoso http://www.helpidoso.com.br/
HelpSaúde https://www.helpsaude.com
Naora https://naora.com.br/
Rapidoc http://www.rapidocbrasil.com.br
Salus https://www.salusapp.com
Saútil http://www.sautil.com.br
VidaClass https://www.vidaclass.com.br
Fleximedical http://fleximedical.net/
Livance http://www.livance.com.br
TV Doutor http://tvdoutor.com.br/
18
STARTUPS SITE +informações
Alchemy http://alchemydrugs.com.br/
Alpha BR http://www.apq.com.br/
Braincare http://www.braincare.com.br
Beone http://beonetech.com/
BGE http://www.bge.com.br
BHS http://www.bhsbrasil.com.br
Biomimetic Solutions http://www.biomimeticsolutions.com.br
Bionica http://bionica.com.br/
Biopólis http://www.biopolis.com.br/
Biosintesis http://biosintesis.com.br/
Bonavision http://www.bonavision.com.br/
Celer http://www.celer.ind.br
Celluris https://www.celluris.com.br
chem4u http://chem4u.com.br/
Compass 3d https://compass3d.com.br/
Confiance Medical http://www.confiancemedical.com.br/
Cycor http://www.cycor.com.br/
Hard Science (40)
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STARTUPS SITE +informações
Informação | Treinamento | Aprendizado (14)
Consulta Remédios http://www.consultaremedios.com.br
DW - Doctorsway http://www.doctorsway.com.br/
Hefesto http://hefesto.one
iDent https://www.ident.com.br/
Jaleko https://www.jaleko.com.br
LucernaEdu https://lucerna.digital/
Medphone http://www.medphone.com.br
Medportal https://www.medportal.com.br/
Medroom http://www.medroom.com.br/
Nexo http://nexo.art.br/
Qualis http://www.portalqualis.com.br
Rais https://raislife.com/consultas/
Termoweb http://www.termoweb.com.br/
Botfy https://www.botfy.it/
Bright http://www.brightmed.com.br
Livetrack www.livetrack.com.br
Pacientes (16)
NeuroUP https://neuroup.com.br/
Nexxto https://nexxto.com/
Oxiot http://www.oxiot.com.br/
PackID http://www.packid.com.br/
Phelcom https://www.phelcom.com.br/
Salvus http://www.salvus.me/
Senfio http://www.senfio.com/
Sensorweb http://www.sensorweb.com.br/
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STARTUPS SITE +informações
Easyglic https://www.easyglic.com/
Glicemia (5)
Glic http://gliconline.net/
GlucoTrends http://www.glucotrends.com
InsulinApp http://www.insulinapp.com.br/hotsite/
Cliquefarma http://www.cliquefarma.com.br/
FarmáciasApp https://www.farmaciasapp.com.br/
Equipamentos (12)
FarmaAgora https://www.farmagora.com.br/
Farmazap http://www.farmazap.com.br/
GoPharma http://www.gopharma.com.br/
ipharma https://www.ipharma.mobi
Manipulaê https://www.manipulae.com.br/
n2b https://n2bbrasil.com
Nutrieduc https://nutrieduc.com.br/
NutriOnline https://nutri.online/
Nutripad https://www.nutripad.com.br
Nutrisoft https://nutrisoft.com.br/
Gesto http://www.gestosaude.com.br
M2G http://www.m2g.com.br/
Rhases https://www.rhases.com.br/
Tem. https://www.meutem.com.br/
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STARTUPS SITE +informações
ADVMED http://www.advmed.com.br
Prescrições (8)
Memed https://www.memed.com.br
Prontmed http://www.prontmed.com
SaudeControle http://www.saudecontrole.com.br
Sollis http://www.sollisinovacao.com.br/
3D Protos http://www.3dprotos.com.br
Próteses e 3D (7)
Fix It https://www.usefix.it/
P3Dmed http://p3dmed.com/
PrintDreams3D https://www.printdreams3d.com
ProtMat https://protmat.com.br
Bellamaterna https://www.bellamaterna.com.br/
Saúde on demand (10)
Docway http://www.docway.co
Dokter http://www.dokter.com.br/
Fofuuu https://fofuuu.com/
GlobalMed https://globalmedclinica.com.br
MinutoMed http://minutomed.com.br
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STARTUPS SITE +informações
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STARTUPS SITE +informações
Sistemas de Imagem | Laudos |
Atestados https://atestados.med.br/
Cfaz.net https://www.cfaz.net
Exames (11)
Diagnes http://www.diagnes.com.br
MedCloud http://www.medcloud.com.br
MobileMed https://www.mobilemed.com.br
Navegatium http://navegatium.com/
Onrad https://www.onrad.com.br/
Pixeon https://www.pixeon.com/
Proradis http://www.proradis.com.br
R-dicom https://rdicom.com.br/
i9access http://www.i9access.com.br
Intensicare https://intensicare.com.br/
Telelaudo https://www.telelaudo.com.br/
TeleMRPA https://www.telemrpa.com/
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DEMOGRAPHICS
Entre as 18 categorias das 263
startups mapeadas dentro do
contexto de Health Techs, a categoria
de Sistemas de Gestão (17%) e Hard
Sciences (15%) são as com maior
número de startups, seguidas pelas
soluções de Bem-estar Físico e
Mental e Buscadores e
Agendamentos de consultas (10%), e
BI / AI / Big Data / Analytics para
saúde (7%). As categorias com o
menor número de startups são as de
soluções relacionadas a Glicemia
(2%), Espaços (1%) e Autismo (1%).
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ENTRE_
VISTA
Podemos pautar o tema saúde como um dos
mais oportunos para inovações?
Qualquer pesquisa que você faça no Brasil,
sobre o que a população espera do país e de
seus governantes, a maior demanda sempre
será a saúde. Em época de eleições municipais,
estaduais ou nacionais, quando se pergunta
qual o maior problema do povo brasileiro, antes Gabriel Chalita, Responsável pela Cátedra de
de educação, de segurança e de trabalho, Filosofia e Educação no Ibmec-SP
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Aprofundamento
Os usuários da
Saúde
A cadeia da saúde é composta por vários elos, que
envolvem desde os indivíduos e suas necessidades de consulta,
diagnóstico, prevenção e tratamento, até o agentes
intermediadores, realizadores e fabricantes. Com uma
convergência de preocupações do setor sobre o equilíbrio futuro
das operações, os atores de cada elo vêm atuando cada vez mais
ativamente na busca de soluções para os desafios atuais e na
construção das oportunidades futuras, se apoiando
principalmente na exponencialidade e na descentralização
propiciadas pelo mundo digital.
+350 mil
tornarem mais saudáveis. Além disso, 94% dos entrevistados da
América Latina afirmaram estar dispostos a pagar a mais por
produtos naturais.
Aplicativos de saúde em 2017
A consolidação dos meios digitais como formas de
comunicação torna esse processo de disseminação sobre a
seriedade dessas temáticas muito mais preciso, pois permite >
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que os indivíduos tenham mais acesso às informações e recursos. A ampla disponibilidade de
informações pode, muitas vezes, ser um dos impulsionadores das mudanças de comportamento. E
foi justamente pensando nessa oportunidade que a Nutrisoft foi fundada em 2013. Utilizando-se de
crowdsourcing e inteligência artificial para coletar dados e transformar em informações, a startup
entrega conteúdos ricos sobre reeducação alimentar e vida saudável aos usuários, que podem ser
conectado com nutricionistas. Com a solução, o usuário aprende a como cuidar da sua própria
saúde, analisar seus hábitos e a perceber detalhes pequenos que o corpo mostra e como ele reage
por meio de informações personalizadas baseadas em localização e comportamentos dos usuários.
Aos profissionais da saúde parceiros, entregam um software de gestão, que trabalha em conjunto
com o programa educacional sobre saúde. Tendo a vantagem da portabilidade e a possibilidade de
embarcar inteligência artificial, Gustavo Silva, fundador da Nutrisoft, afirma que o surgimento de
novos meios, como os aplicativos, foi essencial para a área de saúde. “Os aplicativos são uma
solução barata, rápida e muito prática para tentar atingir esses objetivos. Nós procuramos engajar
nossos usuários a longo prazo, criando um vínculo de aprendizado sobre a importância da saúde”,
diz. Além disso, esse movimento de digitalização como um todo foi importante para o movimento
de vida saudável. “Esse é um movimento natural baseado em políticas públicas de saúde, em
propagandas e na relação que as pessoas têm uma com as outras. Os aplicativos se integram nesse
crescimento e, de alguma forma, estimulam isso que vem acontecendo e nós vemos isso na
Nutrisoft. Cerca de 32% dos downloads é por indicação boca a boca. As pessoas que passam a ter
uma vida mais saudável acabam influenciando as outras do convívio”. Gustavo também conta que
vê as redes sociais como importantes influenciadores desse movimento.
Outro exemplo de startup que ganhou espaço nesse meio foi a MyFitnessPal, criada em
2005 nos Estados Unidos. Também com a proposta de disponibilizar aplicativo e site para
monitorar e melhorar a saúde e bem-estar, foi adquirida em 2015 pela Under Armour por US$ 475
milhões. Com mais de 80 milhões de usuários, a compra fora feita para formar a maior comunidade
fitness do mundo. A MyFitnessPal havia recebido um investimento de US$ 18 milhões de um fundo
liderado por Kleiner Perkins em 2013. Além da MyFitnessPal, a Under Armour foi responsável pela
aquisição de outras duas startups de saúde: MapMyFitness e Endomondo.
28
“ Com o objetivo de conectar médicos e pacientes, a Docway usa a
tecnologia para tornar as integrações mais simples e descomplicadas para os
profissionais e entregar facilidade e comodidade aos usuários. Nossos
prontuários próprios, que armazenam informações dos pacientes e os quais
outros médicos (de outros hospitais, por exemplo) podem ter acesso aos
diagnósticos e tratamentos anteriores, também agregam valor às operadoras
de saúde, pois, com eles, é possível um controle maior no sinistro do pronto
atendimento.
Hoje, tendo 3.600 médicos e 90 mil usuários cadastrados em nossa
plataforma, que já tem mais de 150 mil downloads, queremos resgatar os
atendimentos pessoais e personalizados. Acreditamos que as tecnologias
tornam o setor de saúde sustentável. Com elas é possível fazer projeções de Fábio Tiepolo
“
custo, tendo mais controle por meio de armazenagem de dados, trabalhar
predições e trazer mais rigor aos custos e às fraudes.
CEO da Docway
Entretanto, apesar de ser levantado como uma problemática alarmante pelos profissionais da
área, o autodiagnóstico por meio de buscadores, como o Google, está cada vez mais se tornando um
hábito. Um levantamento realizado pela Pew Research em 2013, indicou que 35% dos americanos
fazem buscas online com o objetivo de identificar as possíveis doenças para seus sintomas. Assim
como é apontado pela reportagem da Business Insider, a vasta disponibilidade de informações pode
ter um efeito negativo: a geração de uma possível ciberhipocondria. O termo foi utilizado pela
primeira vez em 2000 por pesquisadores britânicos e consiste na busca online excessiva e compulsiva
de diagnósticos pessoais. Pesquisadores da Imperial College London estimaram que visitas médicas
realizadas por conta de ansiedades induzidas pelas buscas online custaram ao Instituto Nacional de
Saúde britânico mais de 420 milhões de libras por ano.
Além disso, a possibilidade de estar em contato com diversos tipos de informações permite
que recursos digitais, como as redes sociais, tenham um resultado de causa-efeito quanto ao
progresso do movimento de cuidados individuais. Podem fazer com que haja um movimento de
descentralização da responsabilidade da saúde, que antes era concentrada somente nos profissionais
da área e, atualmente com o maior acesso às informações, passa a ser também uma tarefa do
indivíduo. As novas gerações, por exemplo, por estarem inseridas de forma quase que natural no
ambiente digital, acabam sendo influenciadas a terem vidas mais saudáveis e a cuidarem da saúde
de forma preventiva. A Goldman Sachs, por meio do levantamento Data Story Millennials, identificou
que a saúde e bem-estar para os millennials (também conhecidos como a Geração Y e consideradas
por este estudo como as pessoas nascidas entre 1982 e 1996) é uma busca ativa diária. Para eles, ser
saudável não significa somente não estar doente; ser saudável é ter o comprometimento com
alimentação boa e exercícios regulares. Segundo o estudo, os millennials estão se exercitando mais,
se alimentando melhor e aderindo ao autocuidado e tendo menos à hábitos não saudáveis, como
fumar, do que as gerações passadas. Uma das razões apontadas pelo estudo foi justamente a
conectividade entre eles.
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negócios. Segundo levantamento feito pela Celent em 2016, 39% das seguradoras já possuíam
aplicativos. Entre 2013 e 2016, o número de empresas que ofereciam aplicativos havia dobrado. Isso,
pois perceberam a oportunidade de aproximação dos clientes, ajudando-os a encontrar redes
franqueadas, por exemplo, podendo evitar possíveis sinistros.
Aplicativos voltados para a saúde mental são alguns exemplos. A Headspace, fundada em
2010 em Santa Monica, na Califórnia, é uma das startups que atuam neste mercado. A ideia surgiu
em eventos corporativos, nos quais os fundadores perceberam que poderiam levar a experiência
de meditação para todos por meio de tecnologias. Hoje, com milhões de usuários em 190 países,
tem parcerias com outras grandes empresas, como Spotify, Unilever, GE, empresas aéreas, como
Delta Air Lines, Virgin Atlantic e British Airways. Alguns dos problemas que a startup ataca são o
estresse e o burnout. Essas duas condições podem causar um crescimento no número de
afastamentos nas empresas. As consequências disso? Prejuízos de grandes escalas. De acordo com
os cálculos realizados pelo ISMA, a falta de produtividade causada pela exaustão pode gerar um
prejuízo de 3,5% do PIB. No Brasil, temos como exemplo a Psicologia Viva, que trata a conexão com
psicólogos de maneira remota para atacar esse problema. Assim, soluções como essas podem
reduzir o ambiente de estresse e melhorar a resiliência dos funcionários.
Além dos aplicativos, os gadgets que captam informações, como batimentos cardíacos,
passos e calorias também estão se tornando ferramentas importantes na área de saúde. Em 2017, o
mercado de wearables médicos alcançou US$ 6.2 bilhões e, segundo levantamento feito pela
ReportsnReports, até 2022 pode alcançar US$ 14.4 bilhões. A grande razão para esse crescimento se
dá pelos aplicativos serem compatíveis com eles. Os wearables voltados para diagnóstico,
monitoramento, esporte e fitness dominarão o mercado e, assim como foi apontado pelo estudo,
se tornarão ainda mais competitivos com o tempo. Gigantes da tecnologia, como a Apple e a
Samsung, participam desse mercado comercializando seus próprios wearables. Danilo Weiner,
Head de Design Research da Samsung, acredita que os smartphones terão um papel importante
no futuro da área de saúde. Segundo ele, pelo smartphone ter se tornado o hub de atenção das
pessoas atualmente, eles passaram a ser um facilitador de diagnósticos, conhecimento sobre
questões da área e atendimento. Assim, “entendendo que a relação entre a área de saúde e as
tecnologias faz com que a gente caminhe para algo mais inclusivo e democrático, queremos
alavancar o Samsung Health não só para ser um aplicativo de saúde, mas também de bem-estar”,
afirma.
Entretanto, não são apenas os grandes players que estão atuando neste mercado. A FitBit é
uma das startups que desenvolvem sensores wearables compactos para acompanhar as atividades
diárias dos usuários para promoção da vida saudável. Fundada em 2007, já recebeu mais de US$ 60
milhões de fundos de investimento, tais como a Qualcomm Ventures, a True Ventures e o
Foundry>
AUTO-SAÚDE mHEALTH
CIBERHIPOCONDRIA
BEHAVIOUR
30
“ Temos investido na área de saúde em produtos como o Samsung
Health com o objetivo de empoderar as pessoas a entenderem mais sobre
suas próprias saúdes e dar mais acessibilidade aos diagnósticos. Por meio
das tecnologias, caminhamos para um futuro em que a saúde se torna mais
inclusiva, democrática e com mais equilíbrio de poder entre os médicos e
pacientes.
Nós, como líderes em fabricação e vendas de smartphones, vemos
que poderemos dar às pessoas ferramentas que poderão ser o suporte de
informações reais para tratamentos personalizados, além de permitirem que
elas tenham autodiagnósticos mais embasados. A relação entre as empresas
Danilo Weiner
e as startups é essencial para a construção de uma área de saúde melhor, de Head of Design Research
forma que possam, em conjunto, criar novos modelos de negócio que
“ na Samsung Latin
beneficiam toda a cadeia por conseguirem entregar soluções escaláveis. America
Os wearables também podem ser usados para detecção de doenças crônicas, como a
epilepsia, que atinge mais de 65 milhões de pessoas e, segundo a Sociedade de Epilepsia do Reino
Unido, um em cada 10 britânicos possuem a doença e uma em cada 50 pessoas no mundo poderão
ter. Startups, como a Empatica, trabalham com soluções para esses tipos de problemas. A Empatica
disponibiliza uma smartband, que é uma pulseira inteligente, capaz de identificar convulsões,
ataques epilépticos, monitorar o sono e atividades físicas e enviar essas informações aos cuidadores.
Com grandes clientes, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Boston Children’s
Hospital, a NASA e a Fundação Epilepsia, a startup, que foi fundada em 2011, tem aprovação do FDA
nos Estados Unidos e já recebeu aproximadamente US$ 8 milhões de investimento. No Brasil, vemos
startups desenvolvendo soluções com foco em crônicos, como a Glucogear para diabéticos.
Assim como também será tratado de forma mais aprofundada nos próximos capítulos, as
inovações, como esses dispositivos de monitoramento de paciente, podem ter um impacto direto em
diversos outros atores da cadeia de saúde.
31
Aprofundamento
Os intermediadores
da cadeia
Na cadeia da Saúde, os intermediadores representam o elo
que conecta os usuários ao restante da cadeia. Representado em
sua maior parte pelas operadoras de saúde, os intermediadores
vêm encarando desafios ligados diretamente às suas eficiências de
custos e resultados, além de terem que acompanhar as mudanças
que vêm acontecendo nos modelos de negócios tradicionais,
muitas vezes motivados pelo surgimento de startups.
Os planos coletivos
Em 2015, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram gastos pelos
empresariais são os mais
brasileiros R$ 204,4 bilhões com saúde privada, o que compreende, comuns no País e com o
principalmente, os planos particulares de saúde. O número fechamento de
absoluto de beneficiários, por sua vez, tem registrado queda nos
1,3 milhão
últimos anos, de acordo com dados da ANS, seguido também da
taxa de cobertura dos planos de saúde em território nacional que
caiu de 25,8% em 2014 para 24,5% no 3º trimestre de 2017. A queda
registrada entre 2015 e 2016, a mais acentuada do período, coincidiu
com um período de alta da taxa de desemprego no país e com um de vagas
momento em que o governo brasileiro passava por problemas em
relação às contas públicas. Segundo dados da ANS publicados em de emprego formal*, estes
matéria do Nexo Jornal, os planos coletivos empresariais são os
planos se tornam inativos
mais comuns no País e com o fechamento de 1,3 milhão de vagas
de emprego formal (Min. do Trabalho), estes planos se tornam
inativos. Dessa forma, o desemprego afeta o número de
beneficiários não só na diminuição de renda, que restringe ainda
mais ao acesso às necessidades de saúde, mas também na perda
do plano vinculado à empresa.
32
médicos espalhados por São Paulo – em 2014 eram apenas três. Em 2018, iniciou o ano com 45
centros, atendendo mais de 50 especialidades, 1000 tipos diferentes de exames e um milhão de
pacientes. A rede conta com profissionais – constantemente avaliados pelos pacientes - dos
principais hospitais de São Paulo, como o Albert Einstein e Sírio Libanês. O Dr. Consulta busca atrair
novos usuários por meio de três frentes atrativas: facilidade no agendamento, feito por internet;
facilidade no pagamento, sem preços abusivos e proximidade do usuário com o local de consulta.
Assim, surge como uma alternativa aos brasileiros que deixaram de ser beneficiários de planos de
saúde nos últimos anos.
Uma outra razão para o encarecimento dos planos são as fraudes no setor de saúde. De
acordo com Rosa Antunes, presidente da Associação dos Corretores de Planos de Saúde (Acoplan),
em coluna publicada na revista Apólice, a má gestão e o alto número de fraudes têm fechado as
portas de muitas operadoras. Esses problemas, inclusive, têm grandes impactos
econômico-financeiros no setor. “Segundo um cálculo do IESS, R$ 22,5 bilhões dos gastos de
operadoras de planos de saúde no País em 2015 foram desperdiçados por consequência de fraudes
e procedimentos desnecessários. Isso representa 19% do total de despesas das operadoras, que
somaram R$ 117,24 bilhões. No fim alguém acaba pagando pela ineficiência e desonestidade, pois
tudo isso acarreta no encarecimento de planos de saúdes e tratamentos”, afirma Rosa. Tais fatos,
além de tudo, comprometem a imagem dos operadores de planos e a confiança da população, que
precisa recorrer ao sistema público de saúde, já extremamente saturado.
A partir de problemáticas como essa, surgiram startups como a Carefy, uma plataforma
para gestão e monitoramento de pacientes internados para operadoras de saúde, que visa à
redução de custos de internação, otimização de processos e melhoria no atendimento ao paciente.
“Para uma operadora de saúde no Brasil, ter controle e acesso a informações sobre internações
hospitalares é uma tarefa desafiadora. O Carefy atua na central de internação da operadora que é
composta por uma equipe multidisciplinar e seus gestores responsáveis. Essas centrais são
responsáveis pelo monitoramento dos pacientes internados. Pela auditoria de leitos, enfermeiras
auditoras realizavam o procedimento de coleta de informações de forma manual e descentralizada,
o que dava origem a muitos erros, ausência e atraso nas informações, que são fundamentais para a
tomada de decisão dos gestores. Com o Carefy, as enfermeiras contam com um aplicativo mobile
para captação dessas informações e os gestores com um sistema web para análise e tomada de
decisão. Dessa forma as enfermeiras, adicionam as informações no aplicativo e a central de
internados tem os dados necessários para tomada de decisão em tempo real. No caso dos gestores,
eles contam com indicadores estratégicos e gráficos com dados de internação e custo da
operadora. Ainda, o Carefy gera alertas específicos para equipe, os quais auxiliam na tomada de
decisão para que seja otimizada e mais assertiva”, conta Erika, cofundadora e COO da startup.
33
“ Hoje em dia vemos cada vez mais a necessidade da área de saúde
se adequar às novas tecnologias. As inovações em si ajudam a otimizar os
processos. O Carefy nasceu de uma problemática de gestão e monitoramento
de pacientes internados. Oferecemos, então, uma solução que facilita a
obtenção a respeito da internação de pacientes para operadoras de saúde e a
otimização do processo de gestão por meio de indicadores gráficos e alertas.
Um trabalho que era feito até então em papel e planilhas pela equipe, passou
a ser feito via Carefy e em tempo real. Ainda, a partir da grande obtenção de
“
dados, vamos ser capazes de aprimorar ainda mais plataforma com o uso de
inteligência artificial. Erika Monteiro
Cofundadora e
COO da Carefy
No estudo Building the Hospital of 2030, publicado pela Aruba, são apontadas 5 previsões
que, até 2030, poderão transformar a indústria da saúde. Além de inteligência artificial, aparecem
também o autodiagnóstico de pacientes, hospitais automatizados, os profissionais de saúde poderem
dedicar menos tempo às atividades administrativas por conseguirem analisar exames e registros por
meio de dispositivos móveis e a tendência de integração de dados digitais deve facilitar a vida tanto
de pacientes quanto dos demais atores dessa cadeia.
Alinhado às tendências e atuando naquela que talvez seja uma das maiores apostas para
levar a saúde para um outro patamar - o big data da saúde, a Epitrack, startup brasileira fundada em
2013, no Recife, surgiu com a proposta de detecção digital de doenças. Em 2018, com a ideia de
“deshospitalizar” atendimentos de baixa complexidade, lançou a plataforma Clinio. Nela, realiza-se a
conexão entre médicos e pacientes de uma mesma localidade que necessitem de atendimento, feito
de forma domiciliar. De acordo com Onício Neto, CEO da Epitrack, “os dados levantados dessas
consultas incorporam um fluxo interno de extração de conhecimento, de maneira que se torna
possível visualizar como a saúde se comporta em um território. Torna-se possível saber como é o
consumo de um medicamento específico num determinado período do ano, em determinada região.
E isso é um dado valioso, e a partir dele se faz o contato com a indústria farmacêutica e a rede de
drogarias”.
Para Onício, a interpretação dos dados que coleta é o diferencial da plataforma, enquanto
que outros agentes do mercado ainda lidam com isso de forma muito atrasada. “Se você olhar no
sistema de informação público, do SUS, é muito obsoleto, tem problemas grandes de consistência de
informações. Em relação à informação privada, não estamos bem à frente também. Hoje, a saúde
privada infelizmente, olha para os dados com um olhar puramente contábil. Há um registro do caso e
pronto. Acaba por aí. Não há uma análise de contexto, não há um aprofundamento daquilo que o
caso representa”, afirma ele.
Além da Clinio, a Epitrack ainda possui outros três produtos ligados à tecnologia na área de
health care. A primeira delas, a plataforma Guardiões da Saúde surgiu com propósitos de prevenção
de doenças e vigilância ativa da saúde no Brasil, onde o usuário pode dar informações sobre suas >
34
condições de saúde e os sintomas que sente e, a partir disso, o sistema realiza uma coleta de dados
e informa regiões que eventualmente tenham registrado ocorrência dos casos com sintomas
similares ou já diagnosticados. Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a Epitrack lançou o
aplicativo Saúde na Copa, com o objetivo de mapear e identificar epidemias e surtos durante o
evento esportivo. Seguindo a mesma linha, a startup desenvolveu também a Flu Near You,
plataforma que opera em terras americanas para detectar possíveis casos do vírus influenza,
monitoramento que é feito da própria sede, localizada em Recife.
A VitalsChoice, por sua vez, é uma plataforma integrada que reúne ferramentas intuitivas e
transparentes, de forma que o usuário tenha informações suficientes para escolher o melhor plano
de saúde de acordo com suas necessidades. São fornecidos os custos e uma interpretação deles e >
DESINTERMEDIAÇÃO DATA-DRIVEN
EFICIÊNCIA
NOVOS MODELOS
AUDITORIA INTELIGENTE
REMOTOS
EXPERIÊNCIA DO
SEGURADO
35
“ A área de saúde é um setor com diversos desafios e entendemos
que tecnologia e processos inteligentes podem nos ajudam a aprimorar,
buscar eficiência e produtividade, além de abrir novas frentes de negócios.
Startups que buscam trazer soluções que atuem nas linhas de custos,
facilidade e experiência de uso dos nossos produtos e na disponibilidade da
rede e serviços, são consideradas prioridades para inovarmos em conjunto.
Estamos buscando e acreditamos em soluções de prontuário eletrônico,
simplificação dos processos de agendamento e soluções de auxílio nos
diagnósticos. Elas precisam estar alinhadas com as necessidades das
empresas e dos clientes finais, com custos diferenciados para serem
atrativas na sua adoção. Precisamos agir em conjunto para buscarmos essa
equação ideal. Para nos aproximar das inovações temos iniciativas internas, Marcelo Zorzo
além dos programas da Oxigênio Aceleradora - por onde já nos relacionamos Diretor de Saúde da
“
com startups como Qual Farmácia, Psicologia Viva e Go Good. Estamos
Porto Seguro
sempre abertos a conhecer mais startups nesse setor.
avaliações dos planos, feitas por usuários. A Vitals SmartShopper segue a mesma linha, mas em
relação a serviços como procedimentos rotineiros, exames preventivos e digitalização de imagens. A
ferramenta oferece diferentes opções de maneira a incentivar o usuário a ser um comprador
consciente, que busca qualidade a preços baixos.
36
ENTRE_
VISTA
Quais são os desafios para a implantação
novas tecnologias no setor da saúde?
Quando falamos de produto para saúde, a
primeira coisa que precisamos ter em mente é
que temos uma regulação gigantesca em torno
do produto. Estamos falando de adequações,
retificações da própria planta, do próprio
profissional para fabricar ou conceber o Joffre Morais, Regulatory affairs Strategy Manager
na ABIMO
produto, certificações, validações da linha de
produção até o produto final. Esse contexto
torna o setor muito amarrado em termos de Os órgãos veem a inovação como positiva?
usar a tecnologia inovadora para vender a ideia Sim. Existe, sem dúvida, essa tratativa. A
ou solução que você imagina que vai conseguir. ANVISA possui uma regulamentação específica
Nesse contexto, no ambiente de criação com as que fala que, quando o seu produto é inovador,
startups, esse processo é muito custoso e precisa ter uma maturidade para a análise. A
demorado. Tem todo um bloqueio da dinâmica ANVISA tanto vê como algo positivo que
de uma inovação. O empreendedor tem essa regulamentou uma prioridade para quando o
noção, do quanto é difícil e burocrático. Isso produto é inovador. O que acontece, muitas
tem o seu lado ruim porque você tem que vezes, é o empreendedor achar que é inovador,
gastar o seu recurso, mas, tem o lado bom mas às vezes é cópia de alguém. Há alguns
também, que é o padrão de qualidade. Um critérios para encaixar o produto como
outro desafio que o mercado passa hoje é inovador. Esses critérios vão muito ao encontro
regulamentar o próprio software médico. A das necessidades do próprio Governo de ter
regulamentação traz um grau de confiança aquilo como uma tecnologia no Brasil. A linha é
quando você coloca no mercado, mas por outro muito tênue entre inovação de fato ou
lado, você perde a mobilidade de alterar o inovação incremental. Dependendo do risco
produto a hora que quiser. O ambiente de uso que está agregado ao produto, você terá que
dos equipamentos e produtos de saúde ele traz comprovar que a inovação é segura e eficaz.
uma tensão por lidar com vidas Hoje em dia, em torno de 2 ou 3 meses já há a
análise do produto. Atualmente, existe
Qual o papel desses órgãos neste contexto? implementado um sistema de envio eletrônico
O papel do regulamentador não é de instruir ou de arquivos.
ensinar a fazer. Sua função é regular,
inspecionar e punir em casos de não O que vê de desafio para o futuro na área de
adequação às normas. É um fiscal que diz o que saúde junto às regulamentações?
precisa fazer, dar as orientações para que seja O maior desafio, quando cruzamos tecnologias
feito e depois irá verificar se está correto. Coisas e inovações, é fazer com que os dois andem
pontuais podem ser respondidas. Na nossa lado a lado. Em outros setores, quando se fala
área, dependendo do produto, precisa entrar em regulamentação, isso acaba sendo um
com um processo formalizado na ANVISA, pouco mais rápido. Em qualquer parte do
esperar ser analisado, e dependendo do nível mundo, a inovação sempre anda em um ritmo
de risco, tem que passar por uma inspeção e muito mais à frente em relação à velocidade
receber certificado específico. Tem uma série das regulamentações. O timing de ter um
de ações que precisam ser desenhadas por regulamento adequado para determinadas
alguém. Não é tão simples quanto pensar algo tecnologias ainda não é o mais correto de
totalmente disruptivo e começar a vender. todos. Ainda precisaremos trabalhar muito para
vivenciar o timing adequado.
37
Aprofundamento
Os operadores e
servidores
Caminhando pelo próximo elo da cadeia, vamos discutir
neste capítulo as possibilidades de inovações e tecnologias
envolvendo os processos existentes e novos dos servidores de
saúde. Os desafios dos demais atores da cadeia refletem também a
necessidade de inovação neste elo, com um foco em especial nos
hospitais. A dificuldade enfrentada pelas operadoras de plano de
saúde por conta da diminuição no número de beneficiários, como
vimos no capítulo anterior, também vem atingindo os hospitais.
Segundo a Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados),
apesar de a receita média por internação em 2017 ter atingido o
valor de R$ 21,5 mil, 7,3% a mais do que no ano anterior, as despesas
administrativas e médicas cresceram 8,1%, passando a ser R$ 18,7
mil. Os hospitais, portanto, passaram a ter o desafio de estudar
novas maneiras para reverter a situação, sobretudo pelos
convênios de saúde serem a principal fonte pagadora deles. De
acordo com a Anahp, em 2014, os convênios eram responsáveis por
90.8% da receita. A busca por eficiência e inovações fez com que os O setor de saúde é a
hospitais vissem as tecnologias também como oportunidades de
segunda áreaque recebe
levarem seus negócios a outro patamar, além de fomentar o
desenvolvimento do setor. mais ciberataques
161
testes e integração das soluções desenvolvidas pelas startups com
os sistemas e equipamentos utilizados pela Rede D’Or São Luiz.
“Sabemos que há um processo de transformação cultural e de
comunicação do grupo com essas inovações que existem no milhões
mercado. Queremos que haja mais compartilhamento de
inovações na área de saúde”, afirma Gabriela de Salles van der
Linden, Fundraising and Investor Relations no IDOR.
de dispositivos de IoT
Inovações, como a inteligência artificial, que está se serão instalados até 2020
tornando cada vez mais sofisticada, é apontada como >
38
tendência de inovação para a área de saúde, principalmente por poder ser aplicada de diferentes
maneiras com objetivos totalmente diversos. De acordo com o relatório Digital Health Technology
Vision 2017, realizado pela Accenture em todo mundo, 72% das organizações de saúde já utilizam
inteligência artificial em seus assistentes virtuais e 84% dos executivos da área de saúde
entrevistados acreditam que IA poderá revolucionar a maneira que eles obtêm informações e a
maneira como irão interagir com seus pacientes.
Fundada em 2015, a CUCO Health é uma startup brasileira que possui em seu portfólio uma
solução, chamada Enfermeira Digital, que utiliza inteligência artificial das APIs cognitivas do IBM
Watson e pela qual beneficiários de operadoras ou Hospitais clientes da CUCO têm à disposição
uma interface que poderá instruir o paciente e esclarecer possíveis dúvidas que surjam ao longo do
tratamento. Segundo a CUCO, “esta interação evita que o paciente faça pesquisas em fontes que
não sejam seguras, encontrando informações falsas sobre como realizar o tratamento da maneira
correta”. A CUCO Health também trabalha a questão de monitoramento remoto de pacientes,
fazendo o acompanhamento da adesão medicamentosa. A plataforma acompanha o histórico do
tratamento de pacientes e envia mensagens com dicas e informações para ajudá-los a seguirem o
tratamento de forma correta. O paciente também consegue cadastrar familiares, amigos,
cuidadores e enfermeiros na funcionalidade “Cuidadores”, que envia notificações a eles quando um
medicamentos for esquecido de tomar na hora certa.
39
“ Nunca houve um tempo mais desafiante para os varejistas do que
agora. Sobreviverão aqueles que reagirem e fizerem a transição para a era
digital de forma rápida e efetiva. Esta reflexão foi o ponto de partida do Qual
Farmácia. Desenvolvemos uma plataforma de vendas online capaz de levar
milhares de consumidores para as lojas físicas, alavancando o faturamento
das farmácias ao mesmo tempo em que ajudamos os consumidores a
encontrar e comprar produtos farmacêuticos com toda comodidade e
economia que a tecnologia pode oferecer. Estamos no mercado há pouco
mais de 1 ano, fechamos parceria com 200 lojas no Distrito Federal e
alcançamos mais de 30 mil usuários que já realizaram 36 mil pesquisas e
obtiveram R$ 40 mil de economia. A grande estratégia é atuar com
inteligência e tecnologia no momento exato em que os consumidores Sérgio Bergmann
precisam articulando precisamente todos os elementos envolvidos no CIO do Qual Farmácia
processo de venda para que a experiência de compra seja, em todos os
“
aspectos, a melhor e mais perfeita possível, mostrando que o jeito de ir à
farmácia mudou.
que pretendem apresentar soluções para o varejo farmacêutico conhecerem as operações do dia a
dia. Ao mesmo tempo, há o desafio de unir cultura e identidade de inovação. “É preciso ter uma
estrutura de capacitação e de treinamento adequadas quando pensamos num negócio do tamanho
do nosso, presente em 20 estados, com mais de 1.650 lojas e 32 mil funcionários. A aderência às novas
tecnologias não ocorre se não houver um ambiente preparado e com pessoas envolvidas nas
mudanças”, diz.
Além dessas possíveis aplicações, a inteligência artificial também pode acelerar os processos
de triagem dentro dos hospitais. A prática, que tem como objetivo priorizar os pacientes com base
em narrativas sobre antecedentes e em análise de sintomas e de sinais vitais, é extremamente
importante, pois é por meio dela que os médicos têm informações mais detalhadas sobre a situação
de saúde dos pacientes, podendo entender o nível de criticidade deles. O tempo de triagem,
principalmente em hospitais, é extremamente importante, pois ele define em quanto tempo o
paciente deverá ser atendido. Uma das ferramentas que os hospitais passaram a adotar é a triagem
computadorizada.
Iniciativas como a da HealthTap, startup que no final de 2016 lançou o Doctor A.I., um
assistente que indica aos pacientes cuidados médicos de forma automática, impulsionado por
inteligência artificial, atacaram diretamente o processo de triagem. O sistema, utilizando machine
learning para aprender sobre as respostas dadas pelos médicos durante os atendimentos na
plataforma da HealthTap, faz questionamentos sobre os sintomas do paciente e faz recomendações
sobre o que fazer em seguida. De acordo com Geoff Rutledge, Chief Medical Officer da startup, o
conhecimento da plataforma equivale a centenas de milhares de anos de conhecimento em cursos
médicos e mais um milhão de anos de experiência médica. Um dos maiores benefícios aos médicos,
apontado no post publicado pela HealthTap no Medium, é o de realizar pré-triagens.
Além disso, assim como foi apontado pelo relatório Medical Imaging in the Age of Artificial
Intelligence, divulgado pela Samsung em 2017, nos próximos 10 anos a especialidade de radiologia,
responsável por realizar exames radiográficos para identificação de diagnósticos, controle e
tratamento de doenças, e a prática de análises de imagens para diagnósticos como um todo também
serão cada vez mais suscetíveis a serem transformadas pela inteligência artificial. Com o objetivo de
auxiliar os profissionais da área, as expectativas para os avanços de machine learning nesses
processos é que acelere o fluxo de trabalho e torne os resultados ainda mais assertivos. Um estudo
feito em 2017 demonstrou que, em radiografias de tórax, casos de tuberculose foram detectados com
uma sensitividade de 97% e 100% de especificidade utilizando duas redes neurais profundas para
análise de imagem, permitindo que os radiologistas avaliassem apenas casos ambíguos.
40
O estudo da Samsung ainda ressalta que a introdução de IA não substituirá a função dos
radiologistas - será uma ferramenta adicional para os profissionais, principalmente como uma
forma de prevenção de erros. Os erros de interpretação acontecem em 4% dos diagnósticos feitos
pelos profissionais, sendo que esse número pode ser maior ou menor dependendo do nível de
complexidade do procedimento. Pesquisas mostram que a média de erros de interpretação
podem aumentar quando os radiologistas são pressionados a trabalharem mais rápido. Um dos
desafios indicados pela Samsung foi a falta de especialistas em radiologia e o aumento exponencial
da demanda por diagnóstico de imagens. Na Inglaterra o número de de tomografias
computadorizadas aumentou 29% entre 2012 e 2015. Nesse mesmo período, o número de
especialistas cresceu apenas 5%. No Brasil, há aproximadamente 10 mil radiologistas registrados
pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Dessa forma, a inteligência
artificial pode ajudar a tornar o processo de identificação de possíveis doenças muito mais rápido e
preciso.
No Brasil, grandes empresas que atuam na área, como a General Electric, por meio da GE
Healthcare, vêm buscando inovar na saúde, trazendo ao mercado sistemas preditivos e inteligentes
para que se possa antecipar possíveis problemas, evitando, assim, custos adicionais não esperados.
Entretanto, Paulo Banevicius, Líder de Healthcare Digital da GE Healthcare América Latina, ressalta
que, para isso, é preciso captar e coletar informações relevantes e de boa qualidade. “Hoje em dia,
as ferramentas digitais tornam-se importantes aliadas dos gestores hospitalares, profissionais da
saúde e pacientes. No entanto, embora tenha ocorrido uma verdadeira explosão de dados nos
últimos 10 anos, não necessariamente eles geraram um aumento significativo em
produtividade”,afirma. Segundo ele, a GE enxerga esse cenário e entende que é apenas por meio
da digitalização que será possível impulsionar a tecnologia dentro do segmento de saúde. >
IoT CIBER-
ATAQUES
ACOMPANHAMENTO
CIBERATAQUES
DE CRÔNICOS
TRIAGEM INTELIGENTE
41
“ O setor de saúde sempre foi muito tradicional e um dos que se
desenvolveu mais tardiamente no que diz respeito a gestão e administração e
é por isso que tem dificuldades com inovação nesses aspectos. Apesar de ser
muito dependente das inovações tecnológicas, estas estavam mais voltadas
para desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos, sendo evidente
que sem as incorporações tecnológicas não conseguiríamos ter os resultados
que temos hoje. Criamos um comitê que busca parcerias na área de saúde
para desenvolvermos tecnologia e inovação. Esperamos das startups
propostas sólidas e de qualidade e não quantidade. O hospital pode ter ajuda
de startups para trabalhar a questão de dados, histórico dos pacientes e
Fabio Yoshito Ajimura
protocolos assistenciais. O big data é importante pois a quantidade de dados Diretor Executivo do
“
gerada atualmente poderá ter desdobramentos muito grandes, mas para isso HCFMUSP-HAS e Diretor 42
precisam ser transformadas em informações e conhecimento. do PROAHSA
42
resultados falso positivos ou falso negativos. Outro benefício
trazido pela solução foi a diminuição da necessidade de
reconvocar a paciente para refazer o exame, que podem
gerar gastos para a instituição e desgastar emocionalmente
a mulher.
Com a integração de dados, outra temática que vem preocupando as instituições de saúde é
a segurança de dados dos pacientes. Segundo relatório divulgado pela Verizon, o setor de saúde é a
segunda área que recebe mais ciberataques, perdendo somente para o de finanças, que tem o
maior número de ocorridos anualmente, sendo que 80% dos casos de ciberataques na área de
saúde acontecem aos provedores, de acordo com estudo realizado pela Protenus. A Cleardata, é
uma startup que comercializa um provedor de serviços de computação em nuvem e segurança da
informação para provedores de serviços de saúde, fornecedores de software e VARs. Fundada em
2011, a Cleardata já captou U$54.5 milhões em uma rodada de investimento Series D.
A internet das coisas é outra inovação que vem ganhando espaço na área de saúde. De
acordo com o relatório da Grand View Research, estima-se que mais de 161 milhões de dispositivos
de IoT serão instalados até 2020. Atualmente as aplicações de IoT em saúde concentram-se em
wearables, que são responsáveis por 60% dos equipamentos médicos, segundo o relatório. O
relatório Building the Hospital of 2030, publicado pela Aruba, aponta que, até 2030, além da
integração de dados digitais, os hospitais automatizados também poderão transformar a área de
saúde. A automatização hospitalar poderá permitir que os pacientes, ao entrarem no hospital,
possam, por exemplo, ser pré-triados por meio de sensores capazes de captar informações de
temperatura, pressão arterial e realizar um eletrocardiograma em 10 segundos. Além disso, também
podem ser aplicados para gestão de almoxarifados por meio de inventários automatizados e em
tempo real. Assim como veremos no capítulo a seguir, a integração de sistemas que captam
informações sobre itens nos estoques de e que enviam essas informações aos centros distribuidores
e/ou fornecedores é importante principalmente por uma questão de logística e planejamento de
recursos.
43
Aprofundamento
Distribuidores
A chegada de novos métodos, práticas, medicamentos e
equipamentos médicos, como vimos nos capítulos anteriores,
alteram não só a maneira como eles serão consumidos e usados,
mas também como serão entregues aos consumidores e aos O uso de big data se
profissionais da área. Assim como é apontado no estudo The
Future of Life Sciences and Healthcare Logistics, publicado pela
tornará uma competência
DHL em 2017, o aumento nos gastos em saúde podem trazer central de suas
transformações da mesma forma para a cadeia de suprimentos e organizações da cadeia*
logística da área de saúde. As transportadoras e distribuidoras,
principais responsáveis por essa atividade, passam a ter o desafio
de conciliar as pressões de regulamentação, preço e de qualidade. *Third-Party Logistics Study, 2017
Elas pensam em maneiras alternativas para se adaptarem aos
novos modelos comerciais e de serviço, a fim de ter custos
competitivos, considerando também as novas aplicações de
canais online. Com a descentralização dos processos que faz com
que os pacientes se tornem o centro da cadeia, as empresas
passaram a ter a necessidade de se adaptar às tecnologias,
pensando em novos jeitos de dar suporte à essas transformações.
são
informações em tempo real de forma mais precisa e dar também
a noção de previsibilidade, assim como é apontado pelo estudo
desenvolvido pela DHL, o Big Data in Logistics. A partir dos dados,
é possível identificar picos de demandas, permitindo que haja perdidos
uma operação mais assertiva de envio dos produtos e seleção de
por conta de ineficiência de
rotas. Além disso, podem evitar que produtos faltem nos estoques
das lojas, fator que impacta diretamente na satisfação dos planejamento na estufagem
clientes, além de dar mais transparência para toda a cadeia de dos caminhões
suprimentos.
44
O estudo Third-Party Logistics Study, publicado em 2017, apontou que 98% dos
entrevistados, que eram operadores logísticos, acreditavam que a melhoria na tomada de decisões
baseada em dados era “essencial para o sucesso futuro das atividades e processos da cadeia de
suprimentos”. Além disso, 86% deles afirmaram que o uso de big data se tornará “uma
competência central de suas organizações da cadeia”. A pesquisa mostra que 41% dos
entrevistados afirmaram já estar utilizando big data como base para análises. Dos que ainda não
utilizam, 67% confirmou investimentos futuros em big data analytics. Alguns dos motivos
apontados por eles foram: atender as necessidades dos clientes (18%), diminuir o tempo de entrega
com aumento de eficiência (13%), redução dos custos operacionais (7%) e aumento na
competitividade industrial (33%).
Além disso, alguns operadores logísticos (2,5% dos entrevistados) afirmaram já utilizar
tecnologias de automatização nos meios de transporte. A Otto, empresa de tecnologia voltada para
veículos automatizados, entregou em 2016, em parceria com a Budweiser, uma das primeiras
cargas por meio de um caminhão com a tecnologia, que foi de Denver até Colorado Springs. Outras
inovações, como o blockchain, também podem trazer inúmeros benefícios para o elo de
distribuição e transporte na área de saúde. Por meio dele é possível certificar a autenticidade das
etapas, aumentando a segurança e o cumprimento de normas regulatórias. Isso, pois toda
transação é validada, certificada e imutável. Entretanto, as vantagens quanto ao blockchain ainda
não são percebidas, pois a maioria tanto dos operadores de logística (62%) quanto das
transportadoras (67%) ainda não têm conhecimento o suficiente para estimar as vantagens da
inovação no momento.
Hoje, a Eurofarma possui uma área específica de corporate ventures, que tem como
objetivo trabalhar a visão futurística sobre como será a indústria a um médio prazo e como pode
acompanhar o desenvolvimento da área. Pensando em se tornar uma líder de inovação, a empresa
testa maneiras novas e melhores de se comunicar com os usuários finais e o restante dos atores
envolvidos no processo. E é justamente com essa cultura de inovação que empresas passam a
analisar novos métodos e maneiras de transportar produtos com o objetivo de trazer comodidade
aos consumidores. A Amazon, por exemplo, lançou, em 2013, a Amazon Prime Air, um novo sistema
de entrega que utiliza drones como meios de transporte e promete a chegada do pedido em 30
minutos ou menos. Apesar de ainda estarem estudando as possibilidades de testes em outros
países por conta das questões de regulamentação de cada localidade, as primeiras tentativas de
entregas realizadas no Reino Unido, em 2016, já demonstraram que o método é eficaz e possível de
ser implantado. A Google, com o Project Wing, e o Walmart, também estudaram a possibilidade.
45
“ Quando se perde um lote, está deixando de atender alguém que
precisa. Dessa forma, desenvolvemos uma solução com sensores de
temperatura, luminosidade, vibração e GPS para evitar esses tipos de
situação. Com ela, conseguimos entender os parâmetros de qualidade da
carga. Identificamos se as baús estão com as temperaturas ideais, se a carga
está em movimentação, se ela foi aberto em algum momento e se o
medicamento, por exemplo, foi danificado. Cruzamos dados para que os
atores responsáveis consigam ter decisões melhores e mais embasadas,
dando mais segurança e otimização do processo. Além de evitar perda, eles
também conseguem saber, caso haja a perda, quais os custos financeiros,
reduzindo retrabalho por meio de um processo online de visualização de
informações e de auditoria. Em um processo normal, uma empresa demoraria Luis Lopes
dias para identificar que o teste de temperatura para o transporte havia dado
“ Fundador da Botfy
errado. Nós podemos identificar com muito mais rapidez, entregando mais
informações, de forma mais fluida, segura e com qualificação.
A grande questão que surge junto à discussão sobre a pulverização do varejo farmacêutico é
quanto a inteligência por trás das roteirização para distribuição dos medicamentos. Tendo como
objetivo buscar os melhores trajetos que um veículo deve fazer por meio de uma malha, visando a
diminuição do tempo e a distância, a roteirização está intrinsecamente ligada à redução de custos
logísticos. Elas utilizam-se de análises da frota de veículos disponíveis conjuntamente com a meta de
montar cargas. Os percursos podem ser indicados e melhor pensados por meio de um software, que
usa algoritmos matemáticos e que consideram diversos indicadores, como o volume e características
da carga, a capacidade dos veículos, o controle de custos, o consumo de combustível, etc. A prática
pode diminuir o tempo de entregas, assegurando a pontualidade da entrega, reduzir as distâncias
percorridas, impactando diretamente na redução de combustível gasto, fazer melhor uso da frota,
desgastando-a menos e reduzir custos como um todo por terem custos fixos previsíveis. Por não ser
uma tarefa fácil para as grandes corporações, que muitas vezes possuem milhares de entregas,
soluções como as a da Routific foram criadas. Fundada em 2012 no Canadá, a startup tem como
missão construir otimizações para rotas de forma que sejam acessíveis, fáceis de usar e possíveis de
serem integradas com qualquer plataforma de software.
46
A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que
aproximadamente25% das vacinas chegam
aos destinos finais deterioradas por conta de
uma falha na cadeia do frio, também conhecida em
inglês como cold chain
Além dos motivos já listados, a roteirização é também estratégica para as empresas por
poder prever rotas perigosas, com altas chances de roubo. No Rio de Janeiro, foram registrados 29
casos por dia e mais de dez mil em 2017. Se comparado ao ano anterior, que teve 9.784 casos,
houve um aumento de 8,33% no número total de roubos. De acordo com a Secretaria de Segurança
Pública do estado, a prática financia o crime organizado e o tráfico de drogas e armas. Somente em
2018 1.210 comunicados de roubo, furto ou extravio de cargas com medicamentos foram
protocolados na Unidade de Atendimento ao Público (UNIAP) da ANVISA. Quanto aos casos
relacionados à produtos para a saúde, como cicatrizadores, agulhas, algodões, cateteres e bolsas de
termogel, 174 foram registrados.
As tecnologias nessa etapa da cadeia são importantes não só para a redução de custos,
mas também para assegurar que os medicamentos e preparações biológicas, como vacinas,
cheguem ao destino final sem serem danificados ou estragados. Manter a temperatura estável em
refrigeradores localizados em estabelecimentos fixos é um desafio. Certificar que, durante o
transporte, a temperatura se mantenha em um intervalo de temperatura ideal é um desafio ainda
maior e vem cada vez mais chamando atenção das empresas responsáveis pelo transporte e
distribuição. No caso de vacinas, por exemplo, a temperatura ideal encontra-se entre +2 e +8°C,
mas, em alguns casos, elas acabam sendo transportadas em temperaturas abaixo ou acima da
ideal. A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que aproximadamente 25% das vacinas
chegam aos destinos finais deterioradas por conta de uma falha na cadeia do frio, também
conhecida em inglês como cold chain, que é o processo que envolve as etapas de armazenamento,
transporte e distribuição dos produtos que necessitam estar em temperaturas baixas. A grande
causa dessa perda é a ineficiência do controle das temperaturas. Segundo a Agência Reguladora
de Produtos Medicinais e de Saúde (MHRA), entre 30% e 40% das falhas são por esse motivo.
Quanto à garantia da temperatura ideal no transporte e distribuição dos produtos, uma das
soluções já disponíveis no mercado são os data loggers, pequenos dispositivos que podem ser
acoplados às maletas térmicas e que registram a temperatura durante a viagem. Com sensores
que contém comunicação sem fio, por meio da rede 3G, por exemplo, podem transmitir os dados
para uma plataforma e emitir alertas sobre imprecisões de temperatura. Com eles é possível evitar
perdas, além de poder identificar em quais etapas ocorrem falhas. A LIVETRACK, startup brasileira
fundada em 2016 em São Paulo, foi criada justamente para ajudar a solucionar essa problemática.
Disponibilizando sensores que podem ser instalados em embalagens, malotes, caixas térmicas,
motos, carros ou caminhões, a startup permite que seus clientes acessem informações de >
47
“ Independente da área de atuação, todas as empresas estão no meio
das mudanças tecnológicas. Pensando nisso, tomamos o cuidado de não
sermos atropelados por essas transformações. Identificamos gargalos
operacionais, vimos que algumas empresas do segmento de logística
voltadas para a área de saúde poderiam nos ajudar e começamos a fazer
pilotos. Um exemplo é a solução que estamos usando para fazermos a
roteirização automática das rotas com rastreabilidade. A dLieve nos ajuda a
fazer o acompanhamento das entregas com o objetivo de dar algo a mais
para os nossos clientes. Temos cada vez mais tentando nos aproximar das
startups de diversas áreas, como por exemplo as voltadas para coleta de
resíduo e folha de pagamento, para conseguirmos desenvolver um modelo
disruptivo dentro do nosso negócio e otimizar nossos processos. Nos Thiago Amaral
contatos que tivemos com startups pudemos perceber que a velocidade é VP Comercial da
“
muito mais rápida. A relação entre corporações e startups, assim como os
RV ÍMOLA
avanços tecnológicos, são inevitáveis. Não há mais retrocesso.
temperatura, umidade e localização por meio de um aplicativo. Os dados armazenados pelo sistema
podem ser utilizados de forma que sirvam como comprovação em possíveis fiscalizações e auditorias,
além de serem a base para que os responsáveis pelo produto possam tomar uma ação proativa no
caso de algum desvio e evitar que a carga seja perdida. Rodrigo Moraes, co-fundador da LIVETRACK,
acredita que “existem muitas regulamentações, boas práticas e normas específicas que precisam ser
atendidas e consideradas”, diz. A LIVETRACK já implantou sua solução para grandes players do
mercado, como o Grupo Fleury, RV Ímola, Weinmann e A+ Medicina Diagnóstica.
48
HARD
SCIENCES
Quais são as principais oportunidades
existentes na área da saúde em que as
startups de hard science podem atuar? Fernando Wagner da Silva, Head de Venture
Capital na Bozano Investimentos
O setor de saúde como um todo foi um dos
últimos a serem impactados pelo tsunami
tecnológico que vem transformando setores O que vocês esperam dos negócios que estão
como Finanças, Educação, Transportes, entre inovando nesta área?
outros. Felizmente, esse momento chegou para Sob o ponto de vista de investimento,
a área de saúde. É possível dividir as Health entendemos que as startups de saúde têm
Techs em dois grandes grupos: grande potencial de retorno. Como em todo
No primeiro grupo, estão as startups focadas na setor impactado pela tecnologia, as empresas
otimização do processo de atendimento ao que fazem parte do establishment tendem a
paciente. As recém-criadas clínicas populares adquirir as novas entrantes, a múltiplos
são exemplos desse tipo de empresa. Essas bastante atraentes. As tradicionais gigantes do
startups não são consideradas exatamente setor de saúde estão se movimentando e já
hard-science, mas por trás de seus produtos começaram a adquirir startups do setor.
existem tecnologias relevantes como
telemedicina, inteligência artificial e big data. Quais são os principais desafios a se superar
O segundo grupo de startups é focado em para vermos mais investimentos e negócios
tecnologias que impactam diretamente nascendo nesse segmento no Brasil?
tratamentos e novas aplicações, seja por meio Principalmente por lidar com vidas humanas, o
de devices médicos inovadores ou novos setor de saúde é extremamente conservador e
compostos medicinais. Neste grupo resistente à adoção de novas tecnologias.
encontram-se as startups mais hard-science Entendemos que a revolução tecnológica no
que, em geral, possuem corpo técnico muito setor passa por um processo que se inicia
focado em atividades de P&D e interface com desde a formação dos profissionais de saúde,
instituições de pesquisa de ponta. com cursos de medicina que já incluam em
Estes dois grupos de startups exploram novas suas ementas elementos como medicina
oportunidades de modelos de negócio - sejam robótica, nanotecnologia e outros.Os hospitais
elas B2C ou B2B – e vêm transformando a também precisam se preparar para essa
indústria como um todo. revolução tecnológica, modernizando seu
parque de equipamentos e oferecendo cursos
Por que investir em negócios deste perfil? de capacitação para seus profissionais. Por fim,
As health techs têm proporcionado um nível de é importante que haja uma aproximação maior
personalização da medicina como nunca antes entre as startups e as academias e centros de
se viu na história do setor. Seja por meio de pesquisa, incluindo uma abordagem
atendimentos mais ágeis e precisos, ou pela diferenciada no que diz respeito ao tratamento
criação de novos compostos medicinais feitos de propriedade intelectual desenvolvida em
sob medida pelo paciente, a revolução causada conjunto pela empresa e universidade. Muitos
pelas startups de saúde é um caminho sem potenciais negócios são inviabilizados pela falta
volta que transformará para sempre a relação de flexibilidade das universidades no
entre empresas, médicos e pacientes. compartilhamento de propriedade intelectual.
49
Aprofundamento
Fabricantes
Responsáveis pela produção de medicamentos, máquinas,
equipamentos e aparatos relacionados à área da saúde, os
fornecedores são extremamente importantes para o
funcionamento da cadeia de saúde. Eles têm sido cada vez mais
ativos na busca de soluções inovadoras, sendo responsáveis pela
injeção de dinheiro na aceleração e parceria de pesquisas e
desenvolvimento de startups de hard science, medicamentos e
outras frentes além dos medicamentos (beyond the pills). Segundo
dados do IMS Health divulgados pela Associação da Indústria
Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), entre abril de 2015 e abril
5
de 2016 o setor farmacêutico faturou aproximadamente R$ 66
bilhões, 10% a mais do que no ano anterior e, no primeiro semestre
a
de 2017, foram comercializados 1,8 bilhão de medicamentos.
Estima-se que o mercado farmacêutico brasileiro deve alcançar a
5ª posição no ranking dos países com maiores faturamentos
mundiais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China, do posição
Japão e da Alemanha. De acordo com a Abradilan (Associação
Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos), É a posição estimada que o
entre janeiro e abril de 2016 as empresas distribuidoras de mercado farmacêutico brasilei-
medicamentos, produtos para a saúde, artigos de higiene pessoal ro deve alcançar no ranking dos
e cosméticos faturaram mais de R$ 5 bilhões, comercializando países com maiores faturamen-
mais de 300 milhões de unidades de remédios, que representam tos mundiais
um aumento de 21,7% no faturamento e de 16% em medicamentos
vendidos, em relação ao mesmo período do ano anterior.
50
Uma das recomendações feitas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União foi
o desenvolvimento de um sistema que automatizasse a programação das compras e que pudesse
dar aos operadores o controle de estoque.
A oportunidade de negócio em venda de medicamentos online não foi vista somente pela
PillPack. A Amazon, uma das principais empresas de comércio eletrônico, vem estudando a
possibilidade de entrar no ramo farmacêutico. A empresa, que teve aproximadamente US$ 178
bilhões em receitas somente em 2017, se tornou referência em modelo de marketplace por garantir
as entregas de ponta a ponta. Atualmente já conta com uma sessão de equipamentos médicos,
como estetoscópios, termômetros, balanças e faixas de compressão. Seu interesse pelo setor
farmacêutico, que é multimilionário, se deu principalmente nos últimos anos, tendo em vista o
crescimento gradual dos planos de saúde nos Estados Unidos. Ryne Natzke, advisor na HealthX
Ventures, em entrevista ao portal MedCityNews, afirma que há potencial na estratégia e que
consegue imaginar a Amazon “enviando automaticamente uma semana de doses com
embalagens mais simples, reduzindo a confusão para os pacientes que lutam com o
gerenciamento de vários medicamentos. Além disso, seria outra opção para os hospitais se a
Amazon também quiser ir atrás do mercado B2B”.
51
“ Foi pensando no fato das pessoas prezarem cada vez mais pela
comodidade, da maioria dos pacientes crônicos comprarem os mesmos
medicamentos todos os meses e da taxa de aderência ao tratamento ainda
ser muito baixa que criamos a nossa solução. Disponibilizamos um serviço de
assinatura que garante a gestão do tratamento contínuo e entrega os
medicamentos na casa do paciente na quantidade correta sempre antes deles
terminarem. Consequente à essas mudanças de comportamento do
consumidor, o restante da cadeia, indústria, distribuidores e drogarias,
também precisou mudar o mindset. Para eles, entregamos inteligência de
mercado. Para que inovações sejam implantadas de fato na área, vemos que
há questões, principalmente regulatórias, que dificultam. Uma das grandes
barreiras que enfrentamos hoje está relacionada a venda remota de Gabriela A. Balazini
medicamentos controlados e do programa farmácia popular. Ainda assim,
“ CEO da RemédioCerto
acreditamos que as inovações centradas nos pacientes poderão unificar a
cadeia e entregar valor para todos.
intestino, fazem com que o medicamento possa entrar na corrente sanguínea. A proposta é que a
cápsula da Rani possa substituir injeções feitas por agulhas de medicamentos, como insulina e
tratamentos para artrite reumatóide, psoríase e esclerose múltipla.
Para Michele Fanti, especialista em assuntos regulatórios, a figura dos órgãos que
regulamentam e aprovam tais inovações é imprescindível. “Quando tratamos sobre novos
medicamentos ou qualquer outro produto sob vigilância sanitária (ex: equipamentos médicos) é
preciso assegurar a proteção do paciente, garantindo que estes produtos sejam seguros, eficazes e
que tenham qualidade”, afirma. Michele destaca a importância dos estudos pré-clínicos e clínicos
para certificar que o produto dê segurança ao paciente, principalmente em invenções totalmente
disruptivas. “É necessário entender como se comportam em estudos controlados e com menor
número de pacientes antes de comercializá-los em massa. Para isso, é essencial que se tenha uma
avaliação pelos órgãos reguladores para assegurar que o benefício dos mesmos são maiores que os
riscos a população”. Esses registros, muitas vezes são interpretados pelos empreendedores como
uma barreira. Michele acredita que a exigência de dados clínicos para comprovação de segurança e
eficácia dificilmente deixará de ser solicitado para produtos de inovação radical. Por outro lado, ela
questiona: “será que as tecnologias não poderiam ser usadas para otimizar esse processo?”. Segundo
ela, há uma janela de oportunidade quanto às inovações, principalmente nas primeiras etapas do
desenvolvimento de um produto.
52
expressões faciais, está. Com ele é possível comandar cadeiras de rodas, permitindo que
cadeirantes com restrições de movimento possam se locomover com mais facilidade. Quando
aplicado aos leitos hospitalares, o Wheelie consegue fazer a detecção de espasmos, desmaios e
posição do corpo dos em pacientes de UTI. A HOOBOX, que é a criadora do Wheelie, foi fundada
em Campinas em 2016, onde foi selecionada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da
Unicamp (Incamp). Além de ser investida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, também foi
selecionada para o programa Johnson & Johnson Innovation, no JLABS, nos Estados Unidos, onde,
atualmente, busca certificação do FDA para atuar como um medical device.
Os medical devices estão cada vez mais atraindo investimentos. De acordo com o relatório
divulgado pelo CB Insights, 2017 bateu o recorde, com mais de US$ 6 bilhões investidos em
startups que apresentam soluções nesta linha. De acordo com o FDA, são um instrumento, aparato,
implemento, máquina, invenção, implante, reagente in vitro ou outros similares, incluindo
componentes ou acessório, reconhecidos pelo National Formulary ou pela Pharmacopeia dos
Estados Unidos e que têm como objetivo diagnosticar, curar, mitigar, tratar ou prevenir uma
doença ou uma condição em humanos ou outros animais, ou que tenham a intenção de afetar a
estrutura ou função do corpo de um ser humano ou animal. Eles são regulamentados em três
classes: 1, que pode dar pouco risco ao paciente, como fios dentais, 2, que pode dar um risco
moderado, como camisinhas e testes de gravidez, e 3, que podem representar um alto risco, como
válvulas e marcapassos, que não são vendidos aos consumidores comuns. Essas normas e suas
particularidades são algumas das regras que os empreendedores devem saber de cor, de acordo
com Paulo Pinheiro, CEO e co-fundador da HOOBOX. “Não há como burlar as regras. As startups,
por outro lado, podem montar uma equipe e um bom time de consultoria que entendam sobre a
área e suas peculiaridades de regulamentação”, afirma. E, para isso, “o empreendedor precisa
quebrar esse escudo de que é extremamente difícil obter a aprovação da ANVISA. É um jogo com
regras claras e tem de acontecer impreterivelmente”, completa. Além disso, a transparência do
processo junto aos órgãos regulamentadores e aos investidores é muito importante. “Cabe aos
empreendedores fazerem o dever de casa, terem todas as informações sobre o desenvolvimento
do projeto de forma clara e concisa e também compartilhar com os investidores o andamento do
processo da aprovação da ANVISA”, diz. Quanto ao acesso às informações que possam dar o
embasamento, Paulo acredita que o ambiente em que os empreendedores estão inseridos nos
Estados Unidos faz com que eles aprendam de forma muito mais facilitada do que no Brasil. “Nos
Estados Unidos o empreendedor comum, que está começando agora, encara as normas do FDA
com mais naturalidade. Eu fui aprendendo no dia a dia. Todos falam sobre isso porque ou têm um
caso parecido com o seu ou conhecem alguém que tenha”, conta Paulo.
Essa também foi uma dificuldade enfrentada por Luiz Fernando Silva Borges, de 19 anos.
Luiz, inspirado em um experimento científico que analisa a atividade cerebral de pessoas em coma
ou em estado vegetativo, estudou sobre a tecnologia de interface cérebro-máquina e procurou
portabilizar todo o esquema de identificação e detectar modulações voluntárias na atividade
cerebral de forma não invasiva ao lado do leito do paciente.>
PÍLULAS
REGULAMENTAÇÕES
ROBÓTICAS
HARD SCIENCES CIBER-
ATAQUES
INTEGRAÇÃO NA RASTREABILIDADE
CADEIA DA DEMANDA
53
“ Queremos ser parte da transformação digital que está acontecendo
no segmento de saúde, não só focando em medicamentos, mas também indo
além do produto. Apps e serviços digitais já são realidade e vem melhorando
a vida de nossos pacientes. Digital também é uma importante alavanca para
levarmos informações relevantes sobre os nossos produtos para o médico,
diferentes formas de engajar e levar a mensagem certa no momento certo
vem sendo testada. Para inovar é imprescindível ter bons parceiros do nosso
lado e é assim que vemos as startups. Elas são muito mais rápidas, com
baixo custo e disruptivas comparadas aos modelos tradicionais. A inovação
pode vir customizada para nós e, por outro lado, podemos ajudá-las a escalar
seus modelos. É com certeza uma parceria de ganha-ganha. É difícil prever os Juliano G. Arnais
próximos 5 a 10 anos, mas com certeza o segmento de saúde irá mudar Head of Multichannel
“
drasticamente. Queremos estar em uma boa posição quando isso acontecer.
Marketing da Sanofi
Luiz acredita que burocracia na ciência brasileira, em todas suas formas, é o que engessa as
inovações na área. “A primeira dificuldade que enfrentei foi em relação ao patrocínio. O segundo foi
quanto à importação dos equipamentos científicos.>
54
É uma tristeza como é feita a solicitação para importação deles. Depois que você consegue solicitar,
o tempo que fica parado na alfândega é enorme e isso prejudica o andamento da pesquisa. A
terceira dificuldade foi com a submissão do protocolo para a ANVISA e para o INMETRO. Todos eles
poderiam ser muito mais alinhados e ágeis, como é feito pelo FDA”, conta. Como próximos passos,
Luiz conta que pretende participar de uma segunda rodada de investimentos e trabalhar com dois
possíveis modelos de negócio: a venda para as instituições clínicas, para que possam ter um
equipamento por leito de UTI, pois é o método mais preciso de verificação de responsividade, e a
venda ou aluguel focados em B2C, para cuidadores de home care, por exemplo. Segundo ele, as
pesquisas que realizou tiveram como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Não existe
algo mais importante no mundo do que a vida humana. Portanto, inovar em saúde é essencial
porque as pessoas sempre precisam de soluções mais rápidas, melhores e mais baratas. Nunca
devemos parar de oferecer às vidas humanas condições melhores”. Para o futuro da área de saúde
no Brasil, Luiz espera ver tecnologias de ponta sendo aplicadas na saúde pública, que, segundo ele,
precisa ser guiada por soluções administrativas lógicas. Entretanto, para isso, é preciso que haja
fomento e incentivo privado às inovações na área da saúde, que, segundo ele, “ainda é muito tímido
em investimento de pesquisas de base, que não tem retorno imediato ou expectativa de retorno”.
Elton Silva, IT Latam Digital Head da Roche, acredita que muitas inovações, como as pílulas
inteligentes, os medicamentos personalizados e as terapias genéticas, têm benefícios
inquestionáveis aos pacientes e a eficiência de todo o sistema de saúde. Entretanto, no Brasil, “ainda
não há maturidade tecnológica e integração de visão o suficiente para que essas inovações sejam
massificadas. Para isso, é preciso investir em pesquisa e focar nas necessidades dos pacientes de
maneira transversal ”, afirma. Ele ressalta que isso só é possível se as barreiras de cultura de inovação
em toda cadeia forem quebradas. “Só conseguiremos ter resultados finais melhores quando
quebrarmos as barreiras, para que consigamos atuar com uma fundamentação mais científica e
econômica, pensando no valor total que entregamos para sociedade e não só para maximizar um
dos componentes da equação”, diz. Outra área que cita ter grande potencial para ser beneficiada da
utilização de soluções digitais é a realização de estudos clínicos. Em todas as fases do processo,
desde o registro, recrutamento, monitoramento e análise de resultados, há oportunidades para
diminuir drasticamente o tempo e o custo das atividades, permitindo aumentar a qualidade e a
velocidade dos estudos.
Para Michele Fanti, as parcerias feitas entre o Governo, os órgãos reguladores, as grandes
corporações e as startups são essenciais, principalmente no setor que é responsável pela fabricação
dos produtos, medicamentos e equipamentos. “O mundo atualmente é de conexões e, para as
inovações de alto nível serem implantadas de fato na área de saúde, é preciso que todos se
conectem. Hoje já há iniciativas que provam que isso é possível. Talvez não seja a velocidade ideal,
mas eu vejo que o mindset está mudando. Se as pessoas entenderem que o propósito é todos se
conectarem e colaborarem, avançaremos a área de saúde de uma maneira sem precedentes”.
55
INVEST
TALKS
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O mercado no exterior é muito mais setorizado do que no Brasil. É possível encontrar fundos
exclusivos para as Health Techs e, por ter a característica de ser um fundo exclusivo para o segmento,
eles conseguem montar uma estrutura mais adequada para esses tipos de investimentos. São dois
fatores que explicam o número reduzido de fundos específicos para saúde no país: o mercado aqui
não é tão amadurecido quanto o internacional e ainda estamos focados em modelos de softwares e
digital, que apresentam grandes ganhos e oportunidades.
Existem muitas empresas no segmento da saúde que querem investir no mercado, mas ainda
não sabem a melhor forma. Um caminho natural e que poderia ajudar a superar esses desafios seria
termos investimentos maciços e formação de base científica, com uma forte estruturação do
desenvolvimento acadêmico até sua consolidação em modelos e negócios aplicáveis.. Neste mercado,
a capacidade técnica e conhecimento do founder e equipe são de extrema importância. Um outro
grande movimento poderia vir das grandes famílias que ainda são ou já foram atuantes na cadeia da
saúde e que hoje querem investir em Health Techs mais com uma cabeça de investidoras e menos de
criar um negócio, visto que tiveram liquidez e hoje têm capital para poder investir nesse segmento.
56
CONCLUSÃO
A cadeia da saúde oferece inúmeras possibilidades para a criação e atuação de startups, seja
em formatos de parceria com os grandes players existentes ou como agentes transformadores dos
modelos de negócios atuais e até na criação de novas tecnologias que podem vir a ser aplicadas em
processos mais elaborados. O que podemos observar neste estudo é que apesar da barreira criada
pela possível complexidade existente das regulações vigentes, existem iniciativas que estão
promovendo mudanças substanciais na maneira como os elos da cadeia interagem e percebem
valor.
Nosso primeiro elo abordado foram os usuários. Conseguimos observar uma série de soluções
sendo concebidas para que cada indivíduo possa desenvolver sua auto-saúde, motivados por
questões de mudança de comportamento e perfis e acesso às informações, e também impulsionados
pela necessidade dos demais players em prevenir doenças e garantir a aderência de tratamentos
longos e de crônicos. Cada vez mais veremos os apps e wearables como catalisadores destes
processos, alinhados a AI para garantir a consistência das informações dispostas aos usuários.
Por último, ao explorar o elo dos fabricantes, verificamos um dos cenários mais complexos
para inovação pelo risco assumido, processos e regulação. Por isso, buscam-se soluções para
inovarem além da pílulas (beyond the pills), ajudando os demais players da cadeia a captarem de
maneira integrada as informações necessárias para a busca por eficiência nos processos atuais e o
surgimento de novos negócios.
A aplicação de inovações advindas de Health Techs ainda são tímidas no Brasil por uma série
de fatores e/ou combinação destes. Regulamentação, altos investimentos, prazos longos para
desenvolvimento, processos burocráticos, concentração em grandes players e apetite ao risco destes
para causar disrupção são alguns deles. Mas, apesar destes pontos, o mercado está se movimentando
para sair da inércia e começa a se abrir, buscando por mudanças de ações e atitudes, com dois
primeiros objetivos principais nesta agenda: busca pela eficiência operacional e integração.
57
MAIO 2018
EQUIPE E CONTATOS
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