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Supercondutividade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Assim como o ferromagnetismo e as linhas espectrais atômicas, a supercondutividade pode ser entendida
como um fenômeno quântico microscópico, ou seja, este estado pode ser descrito por uma única função de
onda. Caracteriza-se também por um fenômeno chamado de efeito Meissner-Ochsenfeld, que é a ejeção de
um campo magnético suficientemente forte do interior do material que impede que campos externos
penetrem no supercondutor, às vezes confundido como um tipo de diamagnetismo perfeito, assim como as
transições no estado supercondutor. A ocorrência do efeito Meissner indica que a supercondutividade não
pode ser entendida simplesmente como a idealização de um condutor perfeito, como na física clássica.
Para vários metais, a resistência elétrica aumenta quase que linearmente com a temperatura, mas há sempre
uma região não linear em temperaturas muito baixas. Essa fuga da linearidade que é apresentada em
temperaturas baixas acontece pela ocorrência de impurezas e irregularidades nesse metal (mesmo próximo
ao zero absoluto ainda existe alguma resistência elétrica). Mas num supercondutor a resistência cai
abruptamente a zero quando o material é resfriado abaixo de sua temperatura crítica. A corrente elétrica flui
em um circuito de fios supercondutores podendo persistir indefinidamente sem qualquer fonte de energia.
Um dos fatores limitantes para aplicação e pesquisa dos supercondutores no passado foi a necessidade de
atingir baixíssimas temperaturas, o que inviabilizou o seu uso em larga escala. Mas, em 1986, foram
descobertos alguns materiais cerâmicos chamados de cuprates com estrutura de perovskitas que exibiam
temperaturas críticas próximas de 90 K (-183,15 °C), que é uma temperatura relativamente alta a se atingir,
sendo denominado então como um supercondutor de alta temperatura (já que supercondutores
convencionais teoricamente não a alcançariam). Os supercondutores de alta temperatura renovaram o
interesse no estudo e na possível comercialização em larga escala, viabilizando novas perspectivas de
melhoria nos materiais existentes e na evolução da engenharia sob a criação de novos materiais
supercondutores próximos à temperatura ambiente.
Os supercondutores são empregados na produção de super ímãs, os quais são implantados em unidades de
ressonância magnética, produzindo imagens de órgãos em alta qualidade e sem a necessidade de expor
pessoas a radiação nociva. Por apresentarem resistência nula, são de grande interesse para aparelhos
elétricos, onde não ocorre a perda de energia por efeito Joule, contudo um grande impedimento é que este
material tem que ser mantido a temperaturas baixas. Sendo assim, caso algum dia ocorra a descoberta de
um supercondutor a temperatura ambiente, seu impacto na tecnologia será enorme.
Classificação
Não existe apenas uma forma ou critério para classificar os supercondutores. As mais comuns são:
Por suas propriedades físicas: podem ser do tipo I, o qual tem um único campo crítico,
onde toda a supercondutividade é perdida se acima dele e, se abaixo, o campo magnético
é completamente expelido do supercondutor, ou podem ser do tipo II, o qual tem dois
campos críticos, entre os quais permite a penetração parcial do campo magnético através
de pontos isolados. Esses pontos são chamados de vórtices. Além disso, em
supercondutores multicomponentes é possível ter uma combinação dos dois
comportamentos. Nesse caso, o supercondutor é do tipo 1.5;
Pela teoria que o explica: podem ser convencionais (se podem ser explicados pela Teoria
BCS) ou não convencionais, caso contrário;
Pela sua temperatura crítica: podem ser de alta temperatura (geralmente se atingem o
estado supercondutor a uma temperatura maior que 30 K), ou podem ser de baixa
temperatura (geralmente quando necessitam de temperaturas mais baixas que 30 K para
atingir o estado supercondutor);
Pelo material: podem ser elementos químicos (como o mercúrio e o chumbo), ligas (como a
titânio-nióbio ou germânio-nióbio), cerâmicas (como o YBCO ou o diboreto de magnésio),
ou mesmo supercondutores orgânicos como fulerenos e nanotubos de carbono.
História da supercondutividade
Grandes avanços na área da refrigeração a baixíssimas
temperaturas foram feitos durante o século XX. A
supercondutividade foi primeiramente retratada em 1911 pelo
físico holandês Heike Kamerlingh Onnes, cuja grande
contribuição científica está no campo da refrigeração a
temperaturas extremamente baixas. Por volta de 1908, em seu
laboratório em Leiden, conseguiu liquefazer o hélio resfriando
algumas amostras a uma temperatura de 1 K. Onnes produziu
apenas poucos milímetros cúbicos de hélio líquido naqueles
dias, o que foi um marco para novas explorações em regiões
de temperatura nunca antes estudadas. O hélio líquido permitiu
a possibilidade e se alcançar temperaturas próximas ao zero
absoluto, a menor temperatura possível de se alcançar.
Num ponto onde a temperatura era baixíssima, os cientistas perceberam que havia um nivelamento no
comportamento do material onde a resistência praticamente desaparecia. O grupo de Onnes tentou então
atravessar uma corrente elétrica por uma amostra muito pura de mercúrio em forma de fio, e mediu a
variação da sua resistência elétrica em função da temperatura. A 4,2 K a resistência simplesmente sumiu, e
para surpresa dos cientistas, havia uma corrente fluindo através do fio de mercúrio e nada impedia seu fluxo
— a resistência era zero. De acordo com Onnes, "O mercúrio havia passado para um novo estado, e que
em virtude das suas extraordinárias propriedades elétricas deveria ser chamado de estado supercondutor".
Os resultados experimentais não deixavam dúvidas sobre o desaparecimento da resistência elétrica e
abriram as portas para uma nova área de pesquisa batizada pelo próprio Onnes de supercondutividade.
Foi reconhecida a importância desta descoberta na comunidade científica pelo seu potencial econômico e
comercial, pois um condutor elétrico sem resistência poderia, pelo menos teoricamente, transportar
correntes sem perdas, não importando a distância a ser percorrida. O grupo de Onnes descobriu que fios
supercondutores atravessados por uma corrente em "loop" mesmo depois de anos ligados não
apresentavam perda no fluxo podendo permanecer ativos por um tempo inestimável, chamando esse
fenômeno de correntes persistentes. Por seus esforços, Onnes, foi contemplado com o prêmio Nobel em
1913.
Em 1933, os cientistas Walther Meissner e Robert Ochsenfeld concluíram que os supercondutores eram
mais que apenas condutores de eletricidade perfeitos, eles descobriram uma interessante propriedade
magnética intrínseca nos supercondutores que excluía de certa forma o campo magnético exterior. Um
supercondutor não permite que campos magnéticos adentrem seu interior, isso faz com que as correntes
fluindo gerem um campo magnético dentro do supercondutor que balanceia o campo que outrora deveria
ter penetrado o material.
Este efeito, chamado de Efeito Meissner, tem como uma de suas aplicações mais populares a demonstração
da supercondutividade com a chamada levitação magnética. O Efeito Meissner somente acontece quando o
campo magnético externo é suficientemente pequeno, pois se o campo começa a aumentar este penetra no
interior do material e consequentemente o material perde sua supercondutividade.
Ainda em 1950, Maxwell e Reynolds descobriram que a temperatura crítica de um supercondutor depende
da massa isotrópica dos elementos constituintes. Essa descoberta foi importante, pois apontou a interação
elétron-fônon como mecanismo microscópico responsável pela supercondutividade.
Anos mais tarde, enquanto trabalhavam nos laboratórios da IBM em Zurique em 1986, Georg Bednorz e
Alex Muller fizeram experimentos com uma classe particular de óxidos metálicos cerâmicos com a estrutura
de perovskitas. Eles pesquisaram centenas de diferentes tipos de compostos óxidos, trabalhando com
cerâmicas de lantânio, bário, cobre e oxigênio. Concluindo que cuprates apresentavam supercondutividade
a 35 K, e posteriormente em 1987 foi descoberta outra cerâmica com estrutura de perovskita que
apresentava temperatura crítica próxima a 90 K. Neste período, vários pesquisadores do mundo inteiro
começaram a trabalhar com os novos tipos de supercondutores, pois o grande empecilho para viabilizar o
uso dos supercondutores em larga escala era a necessidade de se obter baixíssimas temperaturas, mas
próximo a 90 K os materiais poderiam ser resfriados com nitrogênio líquido, que é mais barato e acessível
que o hélio líquido. Assim nasceram os supercondutores da segunda geração, os Supercondutores de Altas
Temperaturas. A partir daí os cientistas começaram a experimentar novos compostos com base nas
perovskitas, alcançando temperaturas críticas de acima de 130 K. Isto levou os governos, corporações e as
universidades a investirem grandes quantias na pesquisa, consequentemente influenciando no aumento dos
esforços para o desenvolvimento de novos materiais e aperfeiçoamento na teoria existente sobre o
comportamento dos supercondutores em temperaturas elevadas.
Espera-se agora um desenvolvimento prático das aplicações com supercondutores de altas temperaturas,
aumentando a confiabilidade das máquinas e equipamentos eletrônicos, principalmente visando o
decréscimo do custo com resfriamento dos dispositivos a temperaturas da ordem de 20 K. Mas o certo é
que a história no entendimento e aplicações dos supercondutores esteja só começando.
O fenômeno da supercondutividade
O que Kamerlingh Onnes observou foi que a resistência elétrica de alguns metais como o mercúrio,
chumbo e estanho desapareciam completamente quando resfriados abaixo de uma temperatura crítica que é
característica a cada tipo de material assim como a capacidade térmica.
O método mais simples de medir a resistência elétrica de algum material é colocá-lo em série num circuito
elétrico com uma fonte de corrente determinada por I e medir a tensão elétrica V que atravessa o material. A
resistência elétrica do material pode ser dada pela Lei de Ohm, na qual R=V/I. Se a tensão é igual a zero,
isso significa que a resistência é também zero, e o
material usado está no estado supercondutor.
Num condutor normal, a corrente elétrica pode ser comparada a um fluido de elétrons se movendo por uma
pesada rede iônica. Os elétrons estão em constante choque com os íons da rede, e durante cada colisão
parte da energia carregada pelo elétron é absorvida pela rede e convertida em calor, que na verdade é
chamada de energia cinética vibracional dos íons da rede. Assim a energia carregada pela corrente é
constantemente dissipada, chamamos esse fenômeno de resistência elétrica.
Essa situação é diferente nos supercondutores. Num supercondutor convencional, o problema do fluido
eletrônico não pode ser resolvido para elétrons individuais, mas sim para pares de elétrons, conhecidos
como pares de Cooper. Esse pareamento é causado por uma força atrativa entre os elétrons pela troca de
fônons. Assim como na Mecânica Quântica, o espectro de energia desse par de Cooper possui um gap de
energia, que aqui significa o mínimo de energia ΔE que precisa ser aplicado para excitar esse fluido
eletrônico. Esse valor de energia ΔE é maior que a energia térmica da rede dada por kT, em que k é a
constante de Boltzmann e T é a temperatura, assim o fluido não é espalhado pela rede. Concluindo que o
par de Cooper é um superflúido, significando que pode fluir sem dissipação de energia.
Existe ainda outra classe de supercondutores, conhecidos como supercondutores do tipo II, que incluem
todos os supercondutores de altas temperaturas. Uma pequena resistividade aparece em temperaturas não
tão mais baixas do que a temperatura crítica para a transição supercondutora quando um campo elétrico é
aplicado em conjunto com um campo magnético forte, que pode ser causado pela corrente elétrica. Isso
pode ser comparado ao movimento de vórtices no superflúido eletrônico, que dissipa um pouco da energia
carregada pela corrente elétrica. Se a corrente é relativamente pequena, esses vórtices se tornam
estacionários, e a resistividade desaparece. A resistência provocada por esse efeito é pequena se comparada
com a dos materiais não supercondutores, mas precisam ser levadas em conta nos experimentos. Entretanto,
quando a temperatura cai suficientemente abaixo da temperatura de transição supercondutora, esses vórtices
podem ficar parados dentro de uma fase desordenada, porém estacionária conhecida como vortex glass.
Abaixo dessa temperatura de transição, a resistência desses materiais se torna realmente zero.
Mesmo com a temperatura fixa abaixo da temperatura crítica, materiais supercondutores cessam sua
supercondutividade quando um campo magnético externo, maior que o campo magnético crítico, é
aplicado. Isso acontece porque a Energia Livre de Gibbs da fase supercondutora aumenta quadraticamente
com o campo magnético enquanto a energia livre de uma fase normal é independente do campo magnético.
Se o material é supercondutor na falta de um campo, então a fase supercondutora da energia livre é menor
do que a energia na fase normal, e para valores finitos de campo magnético (proporcionais à raiz quadrada
da diferença das energias livres num campo magnético nulo) as duas energias livres serão iguais a transição
para fase normal ocorrerá. Generalizando, quanto maiores às temperaturas e os campos magnéticos, menor
é a fração de elétrons na banda supercondutora e consequentemente leva a uma maior penetração de
London de correntes e campos magnéticos externos. A profundidade de penetração tende ao infinito na
transição de fase.
O início da supercondutividade num material é acompanhada por uma abrupta mudança em várias das
propriedades físicas, que é o fator marcante na transição de fase. Por exemplo, a capacidade térmica
eletrônica é proporcional à temperatura num regime normal, mas na transição supercondutora sofre um salto
descontínuo e deixa de ser linear. A baixas temperaturas, esta variação é dada por e-α/T, o comportamento
exponencial é uma das evidencias da existência do gap de energia.
A ordem da transição da fase supercondutora foi uma questão amplamente debatida. Experimentos
indicaram que a transição é de segunda ordem, isso significa que não há calor latente. No entanto na
presença de um campo magnético externo há calor latente, isso acontece pelo fato de que na fase
supercondutora a entropia é menor abaixo da temperatura crítica do que na fase normal. Como
consequência disso, quando o campo magnético atinge valores maiores que o campo crítico, a transição de
fase leva a uma diminuição na temperatura do material supercondutor.
O efeito Meissner
Walther Meissner e Robert Ochsenfeld concluíram que supercondutores quando colocados imersos em um
campo magnético externo e resfriados abaixo da sua temperatura de transição, tendem a ejetar todo o
campo magnético aplicado. Esse fenômeno é chamado de Efeito Meissner, mas não se resume apenas na
ejeção do campo magnético por parte do supercondutor, pois na verdade o campo externo tende a penetrar
o supercondutor mas apenas até uma certa profundidade definida por um parâmetro λ, denominado
parâmetro de penetração de London,
decaindo exponencialmente a zero na
maior parte do material supercondutor.
O efeito Meissner é uma característica
primordial da supercondutividade, e
para a maioria dos supercondutores λ é
da ordem de 100 nm.
O efeito Meissner é de fato distinto, pois se observa a expulsão espontânea e abrupta do campo magnético
interno que ocorre na transição supercondutora quando o material é resfriado abaixo da sua temperatura
crítica, o que não seria de se esperar com base na lei de Lenz.
A explicação fenomenológica para o efeito Meissner foi dada pelos irmãos Heiz e Fritz London, que
demonstraram que a energia eletromagnética livre em um supercondutor pode ser minimizada pela equação
de London:
Um supercondutor com pouco ou nenhum campo magnético em seu interior está no estado de Meissner,
mas perde rapidamente esse estado quando o campo magnético externo aplicado é muito grande. Nos
supercondutores do tipo I, a supercondutividade é abruptamente destruída quando a força do campo
magnético ultrapassa um valor crítico Hc. Nos supercondutores do tipo II, quando o campo externo é
aumentado até um valor crítico Hc1 leva a um estado intermediário (estado de vórtice), em que uma
quantidade crescente de fluxo magnético penetra no material, mas sem apresentar resistência ao fluxo de
corrente elétrica atingindo um valor crítico Hc2 onde a supercondutividade é destruída. O estado
intermediário é causado pela passagem de vórtices no superflúido eletrônico, e às vezes são chamados de
fluxions, pois o transporte por esses vórtices é quantizado.
A Teoria BCS foi proposta por John Bardeen, Leon Cooper, e John Robert Schrieffer e explica o fenômeno
da supercondutividade.
Independentemente e ao mesmo tempo, este fenômeno de supercondutividade foi explicado por Nikolay
Bogoliubov por meio das então chamadas transformações de Bogoliubov.
Em muitos supercondutores, a interação atrativa entre elétrons (necessariamente aos pares) é conduzida
aproximada e indiretamente pela interação entre os elétrons e a estrutura do cristal em vibração (os fônons).
Um elétron que se move através de um condutor atrairá cargas positivas próximas na estrutura. Esta
deformação da estrutura faz com que outro elétron, com “spin” oposto, mova-se na região de uma
densidade de carga positiva mais elevada. Os dois elétrons são mantidos unidos então com alguma energia
de ligação. Se esta energia de ligação é mais elevada do que a energia fornecida por impulsos dos átomos
de oscilação no condutor, então os pares de elétrons conseguem se manter juntos e resistem aos impulsos,
não experimentando resistência.
A teoria BCS foi desenvolvida em 1957 e recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1972.
Partindo da suposição que existe alguma atração entre elétrons, a qual pode suplantar a repulsão de
Coulomb. Na maioria dos materiais (em supercondutores a baixa temperatura), esta atração é conduzida
aproximadamente de maneira indireta pelo acoplamento dos elétrons à estrutura cristalina. As extensões da
teoria de BCS existem para descrever outros casos, embora sejam insuficientes para descrever
completamente as características observadas da supercondutividade de alta temperatura, mas é hábil para
dar uma aproximação para o estado mecânico quântico do sistema de elétrons (atrativamente interagindo)
dentro do metal. Este estado é sabido agora como de "o estado BCS". No estado normal de um metal, os
elétrons movem-se independente, visto que no estado BCS, são ligados em pares de Cooper pelas
interações atrativas.
Desde que os elétrons sejam limitados em pares de Cooper, uma quantidade finita de energia é necessária
para separar estes dois elétrons independentes. Isto significa que há um gap de energia para a "excitação de
partícula única", ao contrário dos metais normais (onde o estado de um elétron pode ser mudado
adicionando arbitrariamente uma pequena quantidade de energia). Esta abertura de energia é mais alta a
baixa temperatura, mas desaparece na temperatura de transição quando supercondutividade cessa de existir.
A teoria BCS corretamente prediz que a variação do gap com a temperatura. Igualmente dá uma expressão
que mostra como este gap cresce com a força da interação atrativa e a (fase normal) da partícula única na
densidade dos estados na energia de Fermi. Além disso, descreve como a densidade dos estados é mudada
ao incorporar o estado supercondutor, onde não há qualquer estado eletrônico na energia de Fermi. O gap
de energia é observada o mais diretamente em experiências de tunelamento e na reflexão das micro-ondas
de supercondutor.
A teoria de Ginzburg-Landau
Embora boa parte deste trabalho siga a formato da teoria BCS, substancialmente predizendo vários
processos como a relaxação nuclear e a atenuação ultrassônica em que o gap de energia e o espectro de
excitação têm um papel essencial. A teoria de Ginzburg-Landau se concentra inteiramente no
comportamento supercondutor dos elétrons ao invés das excitações, e foi proposta em 1950, 7 anos antes
da teoria BCS. Ginzburg e Landau introduziram uma pseudo-função de onda ψ complexa como um
parâmetro dentro da teoria geral de Landau das transições de fase de segunda ordem. Esse ψ descreve os
elétrons supercondutores, e a densidade local de elétrons supercondutores (definida pelas equações de
London)
Então, usando um princípio variacional e trabalhando para assumir uma expansão em séries da energia livre
em função de ψ e de ψ com a expansão dos coeficientes α e β, eles derivaram a seguinte equação
diferencial para ψ:
a equação acima é análoga a equação de Schrödinger para uma partícula livre, mas com um termo não
linear. E a equação correspondente para a super-corrente elétrica fica:
que é na verdade uma expressão da corrente a partir mecânica quântica para partículas de carga e* e massa
m*. Com esse formalismo os cientistas foram capazes de tratar dois problemas, com ajuda da teoria de
London:
Efeitos não lineares dos campos fortes o suficiente para mudar ns ou |ψ|²
A variação espacial de ns .
A grande contribuição desta teoria foi tratar do estado intermediário de alguns supercondutores, onde o
estado normal e o supercondutor coexistem na presença de um campo magnético H~Hc.
Quando foi proposta, a teoria pareceu mais fenomenológica, e não foi dada a devida importância,
especialmente na literatura ocidental. Mas de qualquer forma em 1959, Gor'kov foi capaz de mostrar que a
teoria de Ginzburg-Landau era, de fato, uma forma da teoria BCS microscópica.
Supercondutores do Tipo II
Em 1957, o cientista russo Alexei Abrikosov publicou um artigo significativo onde investigava o que
aconteceria caso a razão κ= λ/ξ da teoria de Ginzburg-Landau fosse grande ao invés de pequeno, se ξ<λ e
não o contrário, o que levaria a uma energia de superfície negativa. Abrikosov concluiu que existiam dois
tipos distintos de comportamento e chamou de supercondutores do tipo II os que apresentavam tal
característica. Ele mostrou que o ponto exato de separação entre os dois regimes era quando κ=1/2. E para
materiais com κ>1/2 ele descobriu que ao invés do desaparecimento descontinuo da supercondutividade na
transição de primeira ordem em Hc, havia uma penetração contínua no fluxo começando com um campo
crítico pequeno Hc1 alcançando B=H num campo crítico Hc2 . Essa propriedade foi responsável por
permitir magnetos supercondutores de altos campos.
Outro resultado importante na análise de Abrikosov foi que em um estado misto, também chamado de fase
de Schubnikov, entre os valores críticos de Hc1 e Hc2 o fluxo pode não penetrar nos domínios laminares,
mas num arranjo de fluxo tubular, cada um carrega um fluxo quântico.
Em cada célula unitária do arranjo com formato triangular (menor energia livre) existe um vórtex de super-
corrente concentrando o fluxo até o centro do vórtex. Concluindo então que os supercondutores do tipo II
não são diamagnéticos perfeitos, e desde que |ψ|² seja zero no centro dos vórtices, não teremos gaps de
energia nos núcleos. Levando a conclusão de que não podemos classificar os supercondutores como
condutores perfeitos.
O Tunelamento de Josephson
Agora sabendo que os supercondutores não poderiam mais ser
entendidos como condutores perfeitos, a pergunta a ser feita era
qual a característica universal que possuía o estado supercondutor.
A resposta é a existência de funções de onda ψ(r) para muitos
corpos, onde a amplitude a fase são quem mantém a coerência
sobre as distâncias macroscópicas. Esse condensado é análogo,
porém não idêntico, ao condensado de Bose-Einstein, com os pares
eletrônicos de Cooper substituindo os bósons condensados no Junção de Josephson, em arranjo
superflúido de hélio. feito pelo NIST para medida de
tensão no SI
Desde que a fase e o número de partículas são variáveis
conjugadas, refletindo os aspectos complementares do dualismo
partícula-onda, a relação de incerteza é dada por:
O significado físico dos graus de liberdade da fase foram primeiramente enfatizados no trabalho de
Josephson, que previu que os pares deveriam ser capazes de tunelar dois supercondutores a tensão zero,
dando uma super-corrente de densidade:
Onde Jc é uma constante e φ é a fase de ψ no i-ésimo supercondutor na junção do túnel. Josephson previu
que a diferença de tensão entre os eletrodos deveriam causar a diferença de fase aumentar no tempo como
2eV12t/ℏ, assim a corrente poderia oscilar com uma frequência ω=2eV12/ℏ. As junções de Josephson
foram utilizadas em voltímetros ultrassensíveis e magnetómetros, e também nas medidas mais acuradas da
razão das constantes fundamentais ℏ/e. De fato, a medida padrão do volt é hoje definida em termos da
frequência da corrente alternada de Josephson.
História
Antes de 1986, os cientistas acreditavam que a teoria BCS proibia a existência da supercondutividade
acima de temperaturas de 30 K. Neste ano, Bednorz e Müller descobriram a supercondutividade num
cuprate na estrutura de perovskita baseado em lantânio, que possuía temperatura de transição de 35 K, com
isso recebendo o premio Nobel em 1987. E posteriormente viram que substituindo o lantânio por ítrio
(YBCO) chegavam a uma temperatura crítica de 92 K, o que foi primordial, pois poderiam usar o
nitrogênio líquido para resfriar as amostras já que o mesmo tem seu ponto de ebulição a 77 K. Isso causou
uma revolução comercial, pois o nitrogênio líquido pode ser produzido por um custo bem menor do que o
hélio líquido. Muitos outros supercondutores de cuprates foram descobertos, e a teoria que explica a
supercondutividade nestes materiais é um dos maiores desafios teóricos da física da matéria condensada.
Em 1993, o supercondutor com a maior temperatura crítica era uma cerâmica baseada nos elementos tálio,
cobre, mercúrio, cálcio, bário e oxigênio com a fórmula HgBa2 Ca2 Cu3 O8+δ com Tc = 138 K.
E finalmente em 2008, Hideo Hosono e seus colegas do Tokyo Institute of Technology descobriram uma
família de supercondutores baseadas no ferro, LaO1-x Fx FeAs, um oxipnictídeo que atinge a fase
supercondutora a uma temperatura abaixo dos 26 K, e posteriormente substituindo o lantânio por samário
elevando sua temperatura crítica a 55 K.
Em 2015, medições demonstraram que o sulfureto de hidrogénio é supercondutor a cerca de 200 Kelvins,
cerca de 40 K mais elevados do que qualquer outro material conhecido até então.[2]
Supercondutor YBCO
Nas décadas de 1950 e 1960, os supercondutores foram usados Cabos elétricos do acelerador de
para construir experimentalmente computadores digitais utilizando partículas CERN: acima, cabos do
os “cryotron switches”. Mais recentemente, os supercondutores têm LEP; abaixo, cabos supercondutores
sido utilizados na construção de circuitos digitais baseados na usados no LHC.
tecnologia quântica de fluxo rápido, RF e filtros de microondas
para estações base de telefonia móvel.
Supercondutores também são usados para construir junções de Josephson, conhecidos como blocos
SQUIDs (dispositivos supercondutores de interferência quântica), considerados os magnetómetros mais
sensíveis conhecidos. Os SQUIDs são usados em microscópios de varredura SQUID e
magnetoencefalografia. Dependendo do modo particular de funcionamento, uma junção pode ser usada
como um detector de fótons, ou como um mixer. A grande mudança na resistência na transição do estado
normal para o estado supercondutor é usada para construir os termômetros detectores de fóton em estado
criogênico.
Promissoras aplicações futuras incluem redes inteligentes de alta performance, transmissão de energia
elétrica, transformadores, dispositivos de armazenamento de energia, motores elétricos (por exemplo, para
propulsão de veículos, como em vactrains ou trens maglev), dispositivos de levitação magnética,
limitadores de corrente, os materiais nanoscópicos como as buckyballs, nanotubos, materiais compósitos e
supercondutores refrigeração magnética. No entanto, a supercondutividade é sensível aos campos
magnéticos em movimento para que os aplicativos que usam corrente alternada.
Ver também
Física dos semicondutores
Lev Landau
Levitação
Maglev
Supercondutividade a alta temperatura
Supercondutividade colorida
Teoria BCS
Referências
1. Conover, Emily (30 de agosto de 2019). «A predicted superconductor might work at a record-
breaking 200° Celsius» (https://www.sciencenews.org/article/predicted-superconductor-recor
d-breaking-temperature-200-celsius). Physical Review - Vol. 123
2. Magnetic test boosts case for record-setting superconductor (https://www.sciencenews.org/ar
ticle/magnetic-test-boosts-case-record-setting-superconductor) por Andrew Grant em 6 de
julho de 2015
Bibliografia
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http://dx.doi.org/10.1590/S1806-11172012000200017. Fonte:
http://www.scielo.br/pdf/rbef/v34n2/v34n2a17.pdf.
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Ligações externas
Instituto Newton C. Braga (http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/1077-
art157.html) - Supercondutores.
Everything about superconductivity: properties, research, applications with videos,
animations, games (http://www.superconductivity.eu)
Video about Type I Superconductors: R=0/transition temperatures/ B is a state variable/
Meissner effect/ Energy gap(Giaever)/ BCS model (http://alfredleitner.com)
Superconductivity: Current in a Cape and Thermal Tights. An introduction to the topic for
non-scientists (https://web.archive.org/web/20081223033858/http://www.magnet.fsu.edu/edu
cation/tutorials/magnetacademy/superconductivity101/) National High Magnetic Field
Laboratory
Introduction to superconductivity (https://web.archive.org/web/20031027181934/http://www.o
rnl.gov/reports/m/ornlm3063r1/pt1.html)
Lectures on Superconductivity (series of videos, including interviews with leading experts)
(https://web.archive.org/web/20100821182614/http://www.msm.cam.ac.uk/ascg/lectures/)
Superconductivity in everyday life : Interactive exhibition (http://www.superlife.info)
Superconductivity News Update (https://web.archive.org/web/20070930121223/http://www.s
uperconductivitynewsupdate.com/)
Superconductor Week Newsletter – industry news, links, et cetera (http://www.superconduct
orweek.com)
Superconducting Magnetic Levitation (https://web.archive.org/web/20110716212925/http://w
ww.maniacworld.com/Superconducting-Magnetic-Levitation.html)
National Superconducting Cyclotron Laboratory at Michigan State University (http://www.nsc
l.msu.edu)
International Workshop on superconductivity in Diamond and Related Materials (free
download papers) (http://www.iop.org/EJ/toc/1468-6996/9/4)
New Diamond and Frontier Carbon Technology Volume 17, No.1 Special Issue on
Superconductivity in CVD Diamond (http://www.nims.go.jp/NFM/NDFCT17/NDFCT17.html)
DoITPoMS Teaching and Learning Package – "Superconductivity" (http://www.doitpoms.ac.
uk/tlplib/superconductivity/index.php)
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