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AMBIENTE
Mas calma, vem comigo entender um pouco melhor essa história e o que de fato é um
supercondutor.
Com supercondutores, seria possível conduzir energia elétrica de Itaipú à sede da Enfitec,
em Porto Alegre (ou a qualquer lugar do mundo), sem perda nenhuma! – Estima-se que,
hoje, 20% seja perdido na transmissão. Em um supercondutor, uma corrente elétrica pode
existir para sempre! – Na Bélgica, há um gravímetro supercondutor em funcionamento há
27 anos!
Mas você deve estar se perguntando: quais as outras utilidades disso? Na verdade, é bem
provável que você já tenha feito uso da supercondutividade, sem nem saber. Os aparelhos
de ressonância magnética, que realizam exames médicos de imagem, utilizam campos
magnéticos fortíssimos, com ímãs fortíssimos, que derreteriam outros metais caso
houvesse qualquer resistência, por mínima que fosse. Graças aos supercondutores, não há,
e você consegue fazer seu exame tranquilamente.
Porém as utilidades da supercondutividade não acabam por aí. Outra característica desses
materiais é que eles são diamagnetos quase perfeitos. Apesar do nome diferente, a
característica é bem simples, e se refere à sua interação com campos magnéticos. Ou
melhor, à sua falta de interação. Isso porque alguns supercondutores não permitem que
campos magnéticos penetrem (“expulsa” campos magnéticos relativamente fracos). Esse é
o chamado efeito Meissner. Um campo magnético forte, contudo, pode impedir a transição
para o estado de supercondutividade, de modo que o efeito Meissner não ocorre. No caso
de campos magnéticos de intensidade média, que ocorre no resfriamento, o efeito Meissner
acontece de maneira parcial, de modo a diminuir o campo, porém sem expeli-lo
completamente.
A repulsão de campo magnético faz com que um ímã posto em cima de um supercondutor
flutue (literalmente!), no fenômeno chamado de levitação quântica, ou travamento quântico
(quantum locking, em inglês).
quantum locking video - Pesquisa Google – Botar a parte desse vídeo que mostra a
levitação
Além de ser muito interessante e divertido de se ver e brincar, com isso se consegue
desenvolver trens Maglev, que flutuam através da supercondutividade, atingindo altas
velocidades e enorme eficiência.
História dos supercondutores:
O início das pesquisas acerca da supercondutividade foi em 1911, com o físico holandês
Heike Onnes, o primeiro a liquefazer o hélio (transformá-lo em líquido, cuja temperatura
para tal é baixíssima – aproximadamente 4,15 K, ou -269ºC). Com o hélio líquido, Onnes
resfriou mercúrio e percebeu que o metal perdia sua resistividade elétrica. Para confirmar a
descoberta, aplicou corrente à amostra e a desconectou da bateria. A corrente continuou no
mercúrio, sem perdas. A pesquisa de Onnes o rendeu um prêmio Nobel.
Em 1933, Walther Meissner, junto com Robert Ochsenfeld, descobriu a característica dos
supercondutores de repelir campo magnético (efeito que levou seu nome, como já dito
aqui), através da análise do fluxo magnético em torno do supercondutor.
Em 1950, os físicos Lev Landau e Vitaly Ginzburg publicaram uma teoria acerca dos
supercondutores. Sua teoria conseguia prever suas propriedades, porém tudo de uma
maneira macroscópica. As causas da supercondutividade, no nível “microscópico”
continuaram desconhecidas.
Tudo mudou em 1957, quando os físicos John Bardeen, Leon N. Cooper e Robert Schrieffer
desenvolveram uma teoria completa, a nível quântico, sobre os supercondutores. Ela ficou
conhecida como teoria BCS (as iniciais dos sobrenomes dos três cientistas responsáveis), e
explica a supercondutividade a temperaturas próximas ao zero absoluto (0 K ou -273,15
ºC).
A temperaturas muito baixas, quando o elétron atrai as cargas positivas do material, essas
cargas positivas atraídas atraem outro elétron, fazendo com que esses dois elétrons se
unam, no chamado Par de Cooper, agindo como bósons – isso não ocorre a altas
temperaturas pois a energia do sistema nessas condições é muito alta, fazendo com que a
atração seja insignificante. Próximo a 0 K (-273,15 ºC), a energia do sistema é muito menor,
e é possível que o Par de Cooper se forme – . Diferente dos elétrons (que são férmions, e
seguem o Princípio de Exclusão de Pauli, não podendo ter o mesmo momentum/spin), os
elétrons do Par de Cooper se condensam em um mesmo nível de energia quantizado. Esse
nível quântico é muito baixo e, para que passem para o próximo nível, é necessária uma
quantidade mínima de energia discreta (bem definida, um número exato), a qual é
facilmente fornecida a altas temperaturas, na qual os átomos da estrutura cristalina do
condutor se excitam facilmente. Porém, perto de 0 K, no material supercondutor, a energia
fornecida é menor que a mínima necessária para que os elétrons transitem para o próximo
nível quântico. Ou seja, os átomos do material supercondutor não interferem no Par de
Cooper (não afeta de forma alguma, pois os níveis de energia são quantizados: ou fornece
a energia necessária, ou não faz nada), permitindo que ele passe livremente, sem perda de
energia nem dissipação de calor.
Elétron (-) atraindo cargas positiva (+) do átomo do condutor, as quais atraem outro elétron,
que se unem no Par de Cooper
Continuando a história…
Essa pressão tão alta inviabiliza os fins práticos que tanto sonhamos para os
supercondutores, ou seja, o problema atual não é apenas descobrir um supercondutor à
temperatura ambiente, mas também à pressão ambiente. Por isso o anúncio dos
sul-coreanos repercutiu tanto.
Vale lembrar que, desde 2000, mais de 12 grupos de pesquisa anunciaram terem
descoberto supercondutores à temperatura ambiente, contudo, alguns desses estudos se
mostraram equivocados e, nos demais, a supercondutividade também foi atingida apenas à
pressão altíssima.
Seguimos torcendo!
Muito obrigado por ter lido até aqui, espero que tenha gostado e entendido. Qualquer dúvida
ou sugestão pode entrar em contato com a gente no nosso Instagram, Facebook, Linkedin
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Referências: