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INTRODUCÃO

A supercondutividade é uma propriedade física de alguns materiais, e foi observada pela


primeira vez em 1911 por Heike kamerlingh Onnes (1853-1926), ao realizar experimentos
com o elemento mercúrio.
Naquela ocasião, já era de conhecimento há muitos anos que a resistência elétrica do metal
descrescia proporcionalmente com a temperatura. Deste modo, esperava-se que a
resistência elétrica dos metais diminuísse quando fossem resfriados a baixas temperaturas.
Onnes, por volta de 1908, conseguiu a liquefação do hélio, que viabilizou o resfriamento de
amostras de alguns materiais a baixas temperaturas próximo ao zero absoluto (0 kelvin).
Onnes estava interessado em observar que quão pequena poderia se tornar a resistividade
do mercúrio ao se atingir as temperaturas do hélio liquido. A razão para a escolha do
mercúrio é de que este pode ser obitido facilmente com pureza relativamente alta, onnes
notou que para correntes elétricas muito fortes ou para campos magnéticos intenso o estado
supercondutor do material era destruído. Ele também observou resultados similares para os
elementos chumbo e estanho. Para estes valores limites ele denominou corrente elétrica
critica e campo magnético critico , sendo ambos dependentes da temperatura da amostra.
Em 1933, os cientistas walther Meissner e Robert Ochsenfeld concluíram que os
supercondutores não eram apenas condutores perfeitos de eletricidade. Eles descobriram
uma interessante propriedade magnética intrínseca nos supercondutores que excluía de
certa forma o campo magnético exterior, hoje conhecido como efeito Meissner. Esta
propriedade dos supercondutores é talvez a propriedade macroscópica mais fundamental de
um supercondutor.
Então, em 1957, a compreensão da supercondutividade teve um avanço com o surgimento
da teoria BCS, em que John Bardeen, Leon Cooper, e John Robert Schrieffer publicaram a
primeira teoria verdadeiramente microscópica da supercondutividade, e devido a isto,
receberam o premio Nobel de física em 1972. A teoria afirma principalmente que os
elétrons em um material, quando no estado supercondutor, se agrupam em pares chamados
pares de cooper. Os pares de cooper são eletrons condensados em estados de menor
energia.
SUPERCONDUTORES
Os supercondutores são materiais capazes de conduzir a eletricidade, sem oferecer qualquer
tipo resistência, assim que atingem uma temperatura muito baixa, conhecida como
temperatura critica. Além disso, fazem com que as linhas de campo magnético não sejam
capazes de penetra-lo, dessa forma, os supercondutores podem ser usados para promover a
levitação magnética.

Como funcionam os supercondutores


O fenômeno da supercondutividade só pode ser explicado pela física quântica.
Esse fenômeno é caracterizado pelo efeito meissner, que faz com que as linhas de campo
magnético não sejam capazes de penetrar nos matérias supercondutores, caso esses
matérias se encontrem refrigerados a temperaturas menores que suas temperatura críticas.
Os primeiros supercondutores que surgiram precisavam ser refrigerados em temperaturas
extremamente baixas. Entretanto, a pesquisa com novos materiais permitiu que eles fossem
desenvolvidos e capazes de apresentar supercondutividade em temperaturas mais elevadas.
Recentemente, estudos mostraram que algumas matérias podem se tornar supercondutores
em temperaturas muito próximas do ambiente, no entanto para que isso ocorra, precisam
estar sujeitos a pressões muito altas.
Quando um supercondutor é exposto a um campo magnético externo, corrente elétrica são
formadas em seu exterior, fazendo com que surja sobre a superfície do supercondutor um
campo magnético que se opõe ao campo magnético externo. É por meio desse fenômeno,
atualmente chamado de efeito meissner, que é possível fazer trens levitarem, como é o caso
do maglev

Tipos de supercondutores e seus materiais


Nem todos os supercondutores têm o mesmo comportamento. Existem dois tipos de
supercondutores diferentes, supercondutores de tipo 1 e tipo 2. Descobertos 1911
juntamente com a descoberta da supercondutividade, os supercondutores de tipo 1 atingem
a supercondutividade a temperaturas normalmente mais baixas que 10 k , já os
supercondutores do tipo 2, descobertos em 1986, possuem uma temperatura critica na
ordem dos 100k.
SUPERCONDUTORES DO TIPO 1
Os supercondutores do tipo 1 ( ex. hg,pb, Nb, Sn) apenas operam no estado supercondutor
quando não se encontram na zona critica, figura. Quando em estado supercondutor
apresentam resistividade praticamente inexistente e expulsão de campo magnético. Se
B>Bc o material perde a supercondutividade, sendo que Bc depende da temperatura. Bc é
zero quando a temperatura atinge o valor critico

Figura 1: Região de funcionamento de um supercondutor do tipo 1

SUPERCONDUTORES DO TIPO 2
Os supercondutores do tipo 2 possuem duas zonas distintas de operação, sendo o campo de
indução magnética o parâmetro decisivo na zona em que o supercondutor opera. Existem
dois campos de indução magnética críticos, Bc1 e Bc2, sendo Bc2>Bc1. Quando B>Bc1 o
supercondutor comporta-se como um supercondutor do tipo 1, exibindo diamagnetismo. Se
B>Bc2 o supercondutor perde o estado de supercondutividade. Conduto se Bc1<Bc2 o
supercondutor entra uma zona mista onde o campo magnético penetra parcialmente

Figura 2: Região de funcionamento de um supercondutor do tipo 2


Nessa zona mista, as linhas de campo magnético penetram o supercondutor em zonas não
supercondutoras onde existem impurezas, criando tubos microscópicos por onde o fluxo
magnético se concentra. Na zona circundante aos tubos de fluxo existem correntes elétricas,
criando assim vórtices, denominados de vórtices de Abrikosov. Com o aumento do campo
magnético aplicado ao supercondutor a distância entre os vórtices diminui.

Figura 3: Ilustração do estado misto, onde existe a criação de vórtices

TECNICAS DE ARREFECIMENTO
O aspecto mais importante a obtenção e manutenção de supercondutividade é a baixa
temperatura.
De seguida são apresentados os dois métodos de arrefecimento dos materiais existente:
Arrefecimento sem campo magnético aplicado (ZFC) e arrefecimento com campo
magnético aplicado (FC).
Os métodos são validos para supercondutores de tipo 1 e tipo 2, no entanto possuem
propósitos distintos conforme a utilização que se pretende dar ao supercondutor.

ARREFECIMENTO SEM CAMPO MAGNETICO APLICADO (ZFC)


O primeiro método de arrefecimento consiste no arrefecimento do material sem exposição a
qualquer campo magnético externo. Este processo dá origem ao diamagnetismo que é
característico nos supercondutores, pois o supercondutor tenta conservar o seu estado
inicial, onde não possui qualquer magnetização.
Figura 4: processo de arrefecimento em ZFC. Na esquerda da figura, o material encontra-se em
temperatura superior á temperatura critica, não se encontrando em estado supercondutor.
Durante o arrefecimento não exite campo magnético aplicado. Depois de arrefecido ( direita da
figura), se o material é exposto a um campo magnético externo, este é repelido

ARREFECIMENTO COM CAMPO MAGNETICO APLICADO (fc)


Ao contrário do primeiro método apresentado, o FC dá-se com exposição de um campo
magnético externo. Durante o processo de arrefecimento expõe-se um campo magnético ao
material, não se alterando o campo magnético até o material estar em estado supercondutor.
Uma vez em estado supercondutor, retira-se lentamente o campo magnético externo.
O supercondutor cria correntes elétricas no seu interior de modo a gerar o mesmo campo
magnético a que estava exposto durante a transição para o estado supercondutor. Assim, o
supercondutor gera um campo magnético estável comparável a um magneto permanente.
Este comportamento é possível, devido a resistividade quase inexistente, o que permite a
preservação das correntes elétricas, gerando um campo constante.

Figura 5: processo de arrefecimento de um HTS em FC. Na esquerda da figura, o material não se


encontra em estado supercondutor, devido á temperatura a ser superior á temperatura critica. Existe
aplicação de campo magnético durante o arrefecimento. Na esquerda da figura, o material encontra-
se em estado supercondutor. Quando é retirado o campo magnético aplicado, o material cria um
campo magnético
TEORIA BCS
Essa teoria visa á interpretação microscópica da supercondutividade e foi proposta em 1957
pelos físicos John Bardeen, Leon N. Cooper e J. Robert Schrieffer, por isso o nome BCS, s
derivada de primeira letra de seus sobrenomes. Os pares de elétrons que foram chamados
de “ pares de cooper” se juntam vencendo a repulsão coulombiana entre partículas de
mesma carga elétrica. Isto é possível pela mediação dos fônons da rede, que são o quantum
da vibração da rede cristalina. Por este motivo, materiais que são excelentes condutores de
eletricidade, tais como ouro, cobre e platina, não desenvolvem supercondutividade mesmo
no zero Kelvin. Isto ocorre porque estes materiais, por serem excelentes condutores,
possuem poucos fônons na rede. Este novo mecanismo quântico funciona basicamente da
seguinte forma: um eletron é atraído pelos prótons da rede cristalina sendo, portanto,
submetido a um potencial atrativo. O segundo eletron que vem em seguida também vence o
potencial repulsivo do primeiro (preso aos cátions) formando uma nova partícula cuja carga
é duas vezes a carga do elétron simples, que são então chamados de “ pares de cooper”:

Aplicações tecnológicas de supercondutores

Como dito anteriormente, têm-se hoje várias aplicações para os supercondutores em


pequena escala e grande escala. Em pequena escala pode-se destacar seu uso na
biomedicina, processamento digital e dispositivo. Nos dispositivos eletrônicos ainda não se
usa em larga escala pelo fato de que precisa de uma baixíssima temperatura para trabalhar,
com exceção aos dispositivos de imageamento, tanto em campo moderados como em
campos extremamente baixos (mapeamento de ondas cerebrais).
Já em grande escala seu uso já é mais difundido como na construção de magnetos enrolados
que podem atingir 25 T operando em modo continuo e até 150 T operando no modo
pulsado. Outra aplicação é na fabricação de aparelhos de ressonância magnética, fios
supercondutores, o trem MAGLEV.
.. trens maglev
Bobinas supercondutoras que geram um campo suficientemente alto para que possa levitar
o trem que placas de supercondutores, e levitam devido ao efeito Meissner. Nas laterais do
trilho tem também grandes imas que atraem o trem que por estar levitando não tenha
resistência alguma apenas com o ar, o que da a ele uma velocidade muito elevada de cerca
de 500 km/h. em viagens curtas ele é duas vezes mais econômico que o avião e a duração
da viagem é a mesma, além de ser seguro e silencioso

..aparelhos de ressonância magnética nuclear- no interior desses aparelhos, há bobinas


feitas de liga metálicas que, quando refrigeradas, tornam-se supercondutoras, sendo capazes
de produzir campos magnéticos de alta intensidade.
..produção de energia elétrica- em hidrelétricas, termoelétricas, usinas nucleares ou ate
mesmo em usinas eólicas , há necessidade de converter energia mecânica em elétrica, por
isso, utiliza-se um gerador, cujas espiras são feitas de ligas metálicas supercondutoras
quando devidamente resfriadas.

A SUPERCONDUTIVIDADE

RESISTIVIDADE ZERO:
Em supercondutores a resistência elétrica possui valor igual a zero, e a condutividade
elétrica ợ passa a ter um valor infinitamente grande abaixo da temperatura critica. Se a
condição de condutividade perfeita caracteriza a supercondutividade, então, a partir da
relação entre densidade de corrente j e campo elétrico E, dado pela lei de Ohm:
J=ợE,
E»0 em todos os pontos no interior do metal, já que a condutividade ợ»infinito. Desta
forma temos de corrente em campo elétrico. notou-se experimentalmente que a mudança de
um valor finito para resistividade zero na temperatura crítica é muito súbita. Para algumas
transições de fase acontece acentuadamente a uma temperatura fixa, onde as fases são a do
estado de condução normal e o estado supercondutor.
EFEITO MEISSNER
Descoberto por walther Meissner e Robert Ochsenfeld em 1933, o conhecido por efeito de
Meissner é o responsável pelo diamagnetismo apresentado pelos materiais quando em
estado supercondutor.
Quando um supercondutor é arrefecido pelo método de ZFC, não conserva campo
magnético no seu interior, e na exposição a um campo magnético externo, este é repetivo.
Na exposição a campos magnéticos baixos a expulsão é quase perfeita, existindo apenas
penetração de campo magnético nas camadas superficiais do material supercondutor. A
expulsão de campo é originada por correntes elétricas geradas nas camadas superficiais do
supercondutor que geram um campo magnético simétrico àquele que lhe é exposto.
Figura 6: a figura da direita representa o material, antes de atingir a supercondutividade, exposto
a um campo magnético. A figura da esquerda apresenta um supercondutor arrefecido por ZFC
quando exposto a um campo magnético externo.

estado de diamagnetismo depende da quantidade de campo magnético aplicado ao material HTS.


Se o campo aumentar em demasia, o HTS pode perder a supercondutividade ou entrar na zona
mista.
CONCLUSOES.

A complexidade deste fenômeno é facilmente notada. Por isso, para obter um entendimento
parcial e qualitativo do fenômeno da supercondutividade abordamos as teorias do efeito
Meissner, teoria BCS. Assim sendo, conclui-se que, os supercondutores são materiais que
quando resfriados a uma determinada temperatura, chamada de Tc (temperatura crítica de
transição supercondutora), que depende de cada material, tem a capacidade de conduzir
eletricidade sem resistência elétrica.
Neste contexto os materiais supercondutores se apresentam como uma solução para o
transporte de energia elétrica sem perda.
Além disso, abaixo de Tc esses materiais são diamagnéticos perfeitos cuja aplicação
tecnológica é na área de levitação magnética, como por exemplo, em trens magneticamente
levitáveis que podem solucionar o transporte em grandes distancias em alta velocidade. A
teoria convencional, chamada de teoria BCS, estabelece que a existência de matérias
magnéticos numa liga inviabilizaria o aparecimento de supercondutividade nesta classe de
materiais.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

1- P. Drude, Annalen der Physik

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