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Sinopse

Um homem, cansado de observar as pessoas e ima-


ginar o que elas pensam, parte em rumo a outros paí-
ses para descobrir quais suas crenças.
Ao longo das viagens, esse homem vai conhecendo
pessoas de todas as religiões e as questionando sobre
o que elas acreditam.
Primeiro conhece um hebreu, depois uma senhora
cristã, depois um muçulmano, um hinduísta e um bu-
dista.
Com cada um, ele aprende uma crença diferente, o
que o deixa confuso sobre a realidade, o que é a ver-
dade em todas essas crenças, como ele poderia saber?
Ao voltar para casa, esse homem começa se questi-
onar sobre tudo o que tinha aprendido, até que num
vislumbre, ele tem uma incrível ideia.
Ao sair para compartilhar com as pessoas seu pen-
samento, ele percebe que a maioria das pessoas o con-
sidera louco e que as pessoas preferem ficarem con-
fortáveis onde estão.
Vamos junto com esse viajante, viajar pelos cantos
do mundo em busca de uma possível resposta para to-
das as crenças que no mundo existem.
O autor

Fausto Luiz Pizani é um estudante de teologia, fi-


losofia, religiões e ciências naturais. Seu objetivo
como ser humano é levar conhecimento ao maior
número de pessoas possíveis através de seus peque-
nos escritos e contos, desenvolvendo assim, um
maior entendimento sobre a vida por parte de seus
leitores.

Seus livros digitais são de fácil acesso a todos


aqueles que queiram aumentar seu conhecimento so-
bre Deus, o universo e a vida.

Misturando filosofia, teologia, ciência, religiões e


autoajuda, Fausto tenta despertar em seus leitores a
curiosidade de sempre se questionarem e refletirem
sobre a existência e qual o nosso papel como seres
humanos nessa jornada.

Fausto acredita que o amor é a maior força pre-


sente no universo e que devemos sempre espalhar
esse sentimento por toda parte e para todas as pes-
soas e seres viventes que habitam conosco neste pe-
queno planeta chamado Terra.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e


abrir-se-vos-á. – Jesus Cristo.
O viajante
Um homem sai para caminhar, sentado em uma
praça, observa as pessoas ao seu redor, todas parecem
robôs, é como se um programa as guiasse, como se a
ideia do filme Matrix onde vivemos em um mundo
ilusório fosse real. O que pensam essas pessoas?
Quais seus sonhos? Em que elas acreditam? Será que
são pessoas realmente livres ou vivem presas em suas
crenças e ilusões pessoais?
Cansado de não ter respostas, esse homem decide
buscar por elas. Ele se levanta, retorna a sua casa e
decide fazer uma viagem pelo mundo para descobrir
o que move as pessoas, não só onde ele vive mais em
todos os lugares do planeta.
Seu primeiro destino de parada, Israel, o maior cen-
tro religioso do mundo. Caminhando pela cidade de
Jerusalém, esse homem encontra um hebreu e lhe faz
um convite para toma um chá, disse que era um via-
jante que queria conhecer melhor o mundo e as ideias
que o moviam. O hebreu sem hesitar, aceita. Juntos
eles entram em uma pequena cafeteria e começam um
diálogo sobre o que aquele hebreu acredita.
O hebreu começa dizendo que acredita no Deus bí-
blico, mas não em sua totalidade, apena no início da
Bíblia, ou no livro sagrado dos judeus que conhece-
mos como Velho Testamento. Contou ao homem que
Deus modelou os humanos do barro, e insuflou em
suas narinas o fôlego de vida, tornando o homem as-
sim um ser vivente. O viajante, muito curioso, per-
gunta sobre a origem do mal e do pecado. O hebreu
responde que a passagem de Gênesis é uma alegoria
tentando nos dizer que o homem não pode viver sem
Deus, que Adão e Eva escolheram se governar deso-
bedecendo a Deus e com isso surgiu a morte e toda
maldade no mundo. O viajante curioso continua, mas
quando vamos para onde morremos? O hebreu res-
ponde, voltamos ao pó da terra e nosso sopro de vida
volta a Deus.
Quer dizer que não temos esse tal de espírito então
que algumas crenças acreditam? O hebreu responde,
não, quando Deus se revela a Moisés ele se revela em
forma de tetragrama, o tetragrama representa tudo o
que existe no universo, as 3 dimensões do espaço
mais o tempo, ou seja, tudo o que existe é a vida como
qual a conhecemos. Aquele hebreu acreditava que
não existia uma dualidade entre corpo e espírito, di-
ferente de como o filósofo Platão acreditava e com-
patível com o pensamento de Aristóteles. O signifi-
cado da palavra espirito é sopro ou respiração e para
aquele hebreu, isso era tudo que tínhamos. Mas o vi-
ajante era curioso, queria saber de tudo e pergunta
novamente. E quando morremos, tudo acaba ou existe
uma vida após a morte? O hebreu responde que a vida
não acaba na morte, ele acredita que um dia vivere-
mos em uma era messiânica e que um suposto messias
governara Israel e Israel será exemplo para todas as
nações do mundo, disse também que os justos pode-
riam viver em um mundo vindouro, que seria uma ou-
tra existência criada por Deus.
O viajante ficou confuso se perguntando em seu in-
terior, como pode, mesmo após a destruição de meu
corpo físico um dia ela voltar com as mesmas carac-
terísticas? E se vou morrer e vou voltar, como posso
não ter um espírito imortal. Agradecido com o que o
hebreu lhe ensinou, esse homem sai do café e parte
para sua próxima jornada, uma igreja católica.
Entrando naquele lindo templo, o viajante encontra
uma mulher ajoelhada orando na frente de uma ima-
gem de Cristo crucificado, o homem aguarda com si-
lêncio sentado ao lado dela, quando ela termina a ora-
ção ele começa de forma suave conversar com a
moça.
Qual sua crença, pergunta ele. A moça responde,
creio em Cristo, que derramou seu sangue na cruz
pela redenção de nossos pecados. Para você, quem foi
Cristo, pergunta o homem. Cristo foi o filho que Deus
enviou a Terra para morrer por nos dar a salvação. E
o que seria a salvação, pergunta o viajante. Quando
morremos iremos para um paraíso, lá é tudo perfeito,
não haverá morte, nem lágrimas e nem dor.
Você acredita que cristo ressuscitou, pergunta o vi-
ajante. Claro que sim, responde a mulher, essa é a
prova de que ele venceu a morte que herdamos de
Adão e Eva quando foram enganados pelo diabo. A
essas alturas o homem já estava bem confuso e seu
interior, estava cheio de questões que ele precisava
responder. Antes de se retirar ele faz uma pergunta a
mulher. A senhora não acha estranho um mundo com
quase meia humanidade de cristãos existir miséria,
desigualdade, injustiça, visto que Jesus pregou o al-
truísmo e a ajuda ao próximo. A mulher fez uma ex-
pressão de quem estava confusa, mas saiu da pergunta
com uma resposta fácil. Sim, acho estranho disse ela,
por isso só os eleitos vão para o paraíso e os injustos
para destruição eterna. O homem faz uma saudação a
moça e se retirou da igreja.
Caminhando pela rua, ele começa a se questionar
sobre a ressurreição de Cristo. Se Deus pode fazer tal
milagre, porque permite tanto sofrimento no mundo?
Será que Deus só age de acordo com seu próprio in-
teresse como um tirano que nos obriga a seguir suas
leis? E quanto ao diabo, será que esse ser existe
mesmo, pois se somos movidos por um ser espiritual
ruim, então nossas escolhas não são nossas e não so-
mos culpados pelo que fazemos.
Os pensamentos do homem estavam em conflito,
ele precisava de mais respostas, de algo que ele real-
mente pudesse acreditar. Caminhando pela rua avis-
tou um muro enorme onde várias pessoas estavam en-
costadas, ele decidiu ir até lá olhar de perto o que as
pessoas estavam fazendo. Ele sabia que era o muro
das Lamentações, um lugar sagrado para cristãos, ju-
deus e muçulmanos. Chegando mais próximo, obser-
vou um muçulmano recitando palavras de frente ao
muro. Ele esperou até que o homem pudesse percebê-
lo, quando o homem o percebeu deu a ele um olhar de
quem estava confuso e com medo. O grande viajante
se apresentou, disse que queria conhecer mais as cul-
turas de diferentes povos e perguntou em que esse
muçulmano acreditava. O muçulmano disse que acre-
ditava em um único Deus chamado Ala, disse que um
dia esse Deus traria um juízo final para Terra e daria
a vida eterna aos seus eleitos. O homem disse que não
acreditava que Jesus tinha ressuscitado e que Maomé
era o último profeta escolhido por Deus para guiar a
humanidade para um futuro melhor. Interessante,
pensou o viajante, após a conversa com o muçul-
mano, ele faz uma saudação e se retira e parte para o
hotel em que estava hospedado.
Ao anoitecer, deitado na cama, ele começa a refletir
sobre tudo o que já havia aprendido, Deus, ressurrei-
ção, diabo. Como poderia o mundo ter certeza de
todas essas crenças, que evidências temos no mundo
de hoje que qualquer dessas crenças pessoais de cada
indivíduo é verdadeira?
Os pensamentos desse homem não paravam, ele
queria entender a conexão de tudo isso, como pode
em um mesmo mundo e uma mesma espécie, ter tan-
tas crenças diferentes?
Exausto emocionalmente, esse homem tenta relaxar
e recuperar suas energias para um novo dia de passeio
pelo mundo.
Ao acordar de manhã, o viajante toma seu café preto
e desperta para um novo dia. Apressadamente se en-
caminha para o aeroporto, seu destino agora, a Índia,
um país milenar, cujas antigas origens ainda perma-
neciam vivas.
Entrando no avião, o viajante se senta do lado de
um senhor com um Laptop aberto. Para o avião partir,
era necessário que o senhor desligasse o aparelho,
mas quando o avião já estava nas alturas o homem o
abriu novamente e aparentemente começou a escrever
em um editor de texto. Curioso, o viajante pergunta.
O que o senhor esta escrevendo, o homem responde
que estava escrevendo uma história de ficção em um
mundo onde as pessoas acreditam que um planeta se-
melhante a lua é Deus e os observa todos os dias. In-
teressante, pensou o viajante e em que mais eles
acreditam? O suposto escritor disse que um dia esse
planeta descerá até esse mundo para acabar com uma
espécie de seres superiores que escravizam as pes-
soas. Bem parecido com as ideias religiosas, pensou
o viajante.
Horas se passaram até que o avião pousasse em
Mumbai, rapidamente o viajante desce do avião e
parte para o hotel onde ficaria hospedado. Chegando
lá, ele guarda seus pertences e sai em busca de mais
conhecimento.
Caminhando por essa enorme cidade, ele avista um
guru sentado em um pequeno templo meditando. Ao
se aproximar, o guru o saúda e pergunta, como posso
ajudá-lo meu nobre senhor. Eu queria saber em que o
senhor acredita, o guru percebendo que aquele ho-
mem não era indiano, o convida para se juntar a ele
na meditação.
O viajante senta em um pano de seda com a imagem
de um corpo com cabeça de elefante, quando o guru
começa a falar. Eu sou hinduísta, acredito que vive-
mos em um eterno ciclo de vida e morte chamado
Samsara, nascemos, vivemos e morremos e tudo volta
desde o início até que nos livramos de todo o ego e
nos unimos a Brâman que seria a alma universal, o
Deus de todos os deuses e isso só pode ser conseguido
quando um indivíduo alcança o Moksha, que seria a
libertação, enquanto isso não ocorre, reencarnamos
sem fim sucessivas vezes.
Não satisfeito com a pequena resposta do guru o vi-
ajante continua. Mas porque vocês acreditam em tan-
tos deuses, o guru responde. Nossos deuses são aspec-
tos do universo, além do mais na antiguidade, cada
família deveria ter seu próprio deus protetor, daí o
surgimento de tantos deuses no hinduísmo, mas a es-
sência é única, tudo emana de Brâman. E como vocês
enxergam o mal? O guru responde, acreditamos no
Karma, quando Deus criou o universo, ele já colocou
tudo em suas leis, Deus trata todos da mesma forma,
o Sol nasce para todos, seria injusto Deus nos criar
para ficar nos julgando, o Karma existe desde a cria-
ção, são os próprios atos das pessoas que determinam
o que ela vai colher, seja nesta vida ou na próxima,
nossa ideia é bem diferente da ideia de um Deus cria-
dor do homem que o culpa e o julga devido aos seus
atos, Deus é imparcial, por isso ele criou o Karma,
para que o próprio Karma pudesse dar as pessoas
aquilo que elas merecem.
Interessante, pensou o viajante, faz mais sentido do
que a ideia de Deus que cria e julga. O viajante agra-
dece ao guru pelas explicações e o faz uma reverên-
cia, namaste.
O viajante já estava com uma boa dose de bagagem
de conhecimento nas costas, mas ainda precisava de
mais, seu próximo destino, o Japão, ele queria agora
saber o que o budismo acreditava sobre tudo.
Mal chegou a noite e esse viajante já estava sobre-
voando os céus para o Japão, não demorou muito até
que chegou lá. Como de costume, levou seus perten-
ces ao hotel e saiu para mais um diálogo com quem
ele encontrasse.
Não demorou muito, até que encontrou um homem
careca com uma roupa alaranjada, com toda delica-
deza do mundo, chegou a esse homem e o perguntou,
senhor, poderia tirar algumas de minhas dúvidas?
Com toda paciência do mundo, o monge budista res-
ponde, claro, meu senhor, vamos nos sentar em algum
lugar.
Sentados em baixo de uma árvore, o viajante per-
gunta. Qual a crença do senhor. Bem, responde o
monge, acredito que todos viemos ao mundo para
evoluirmos e nos tornamos um Buda, Buda nos dei-
xou uma série de lições sobre como viver e tratar nos-
sos semelhantes. Devemos nos livrar do ego e meditar
em Buda, até desenvolvermos isso em nós, mas creio
que como Buda conseguiu ninguém conseguirá, mas
nosso objetivo é alcançar o nirvana, ou a vacuidade
do universo, um ponto onde ao mesmo tempo o tudo
e o nada se encontram. Para atingirmos isso, devemos
seguir o Darma, um caminho que Buda nos deixou. E
quando isso é atingido, pergunta o viajante. Aí saímos
do ciclo de nascimento e morte.
Interessante, bem parecido com o hinduísmo. Sim
responde o monge, Buda foi educado na religião
hindu, herdou muita dela, a diferença é que não temos
deuses. Satisfeito com as respostas, o viajante se des-
pede do monge e volta ao seu hotel. Ele já tinha apren-
dido sobre as principais crenças do mundo, agora ele
queria saber um pouco sobre o universo. Por isso
comprou uma passagem para Suiça, queria visitar o
Grande Colisor de Hádrons e saber o que a ciência
tinha para lhe dizer sobre o universo.
Mais um voo de avião começava, a mente do ho-
mem aos poucos ia se ajeitando, ressurreição, reen-
carnação, vida eterna, seria tudo isso possível? Em
que ele deveria acreditar?
Não demorou muito para que seu voo chegasse a
Suiça, como de costume foi primeiramente ao hotel
em que ficaria hospedado deixar seus pertences e de-
pois se encaminhou para o Grande Colisor de
Hádrons. Chegando lá, encontrou um físico alto e
com uma expressão seria no rosto. Com licença se-
nhor, poderia me tirar algumas dúvidas sobre física.
Algumas dúvidas sobre física? Perguntou o homem,
física envolve todo o universo, como você tem algu-
mas dúvidas sobre física? Não, não, disse o viajante,
eu só queria saber como surgiu nosso universo e se
um dia ele terá um fim, qual a explicação da física
para essa pergunta. Bem, responde o físico, acredita-
mos que tudo começou com uma grande expansão da
matéria no espaço tempo, alguns chamam de explo-
são, o Big Bang, acreditamos que o universo esta se
expandindo, mas que um dia ira se retrair até se con-
centrar em um único ponto e começar todo o processo
novamente que é o que chamamos de Big Crunch.
Interessante, responde o viajante, e isso leva muito
tempo? Perguntou o viajante. Sim, bilhões de anos até
que todo o processo ocorra. Quer dizer que essa vida
eterna que algumas religiões acreditam não pode exis-
tir nesse universo? Claro que não, respondeu o físico,
nosso universo é material, até mesmo o Sol um dia
deixará de existir, quanto menos nosso planeta. A me-
nos que exista realmente um Deus e que ele governe
tudo no universo o que eu não acredito, não será nessa
existência que seremos eternos. Essa resposta deixou
o viajante perplexo, e agora, em que acreditar? Se um
dia a própria Terra deixará de existir, como vivería-
mos eternamente? Obrigado pelas explicações, agra-
deceu o viajante. Agora ele se sentia exausto, tinha
feito muitas viagens, estava na hora de voltar para
casa e refletir em tudo o que ele tinha aprendido.
O viajante arruma suas malas, vai ao aeroporto e
fica na espera pelo seu voo. Sentado em um banco ele
observa uma criança mexendo no celular, os
movimentos eram tão rápidos que parecia que a cri-
ança nasceu com aquele aparelho. Olhando ao redor,
todos estavam mexendo em seus celulares, parecia
que a comunicação verbal já não existia mais. Era
triste saber que o mesmo mundo onde este homem
nasceu a 35 anos atrás se tornou o que é hoje, um
aglomerado de pessoas vazias tentando preencher
suas vidas com algum bem material ou crença religi-
osa.
Seu voo finalmente chega, o homem vai para dentro
do avião e cochila até chegar em sua cidade natal.
Chegando lá ele retorna a sua casa, o que ele teria que
decidir agora era em que acreditar, diante de tantas
ideias e possibilidades, qual delas se aproxima mais
da realidade em que vivenciamos hoje, essa seria uma
árdua tarefa, mas ele tinha todo o tempo pela frente.
Primeiramente, o viajante começa pensando sobre
o deus do hebreu, para o hebreu não tínhamos espí-
rito, somos apenas um corpo e consciência que nasce,
cresce, se reproduz e morre devolvendo a Deus nosso
fôlego de vida, até aí tudo bem, mas e sobre a era mes-
siânica, será que um dia o mundo poderia realmente
viver sobre as regras de um único homem de um único
país? E o mundo vindouro, se Deus acabasse com
essa existência e criasse uma nova, como viveríamos
nela novamente?
Depois o viajante se lembrou da mulher cristã, se
Deus é capaz de ressuscitar alguém, ele é capaz de
tudo, se assim for, como explicar tanto ódio e coisas
ruins acontecendo sem que Deus nada faz para mudar
a situação? Como uma mãe se sentiria sabendo que
Deus pode curar seu filho, mas isso não é de sua von-
tade? E sobre o paraíso e a destruição, quer dizer que
essa vida aqui é um jogo então? Um teste onde Deus
nos coloca para presenciar de algum lugar do céu se
vamos merecer a vida eterna ou não? E sobre a eter-
nidade, como era possível isso em um mundo físico
de causa e efeito, segundo o que a ciência dizia, não
era possível a eternidade nesse plano.
Mais tarde veio em sua memória o guru indiano e o
monge budista, será que realmente nascemos diversas
vezes nesse mesmo mundo até nos livrarmos dele
mesmo? Nascemos com ego e desejos e precisamos
vencer isso pata atingir a união com Deus? E sobre o
Karma, o mal que fazemos volta a nós nessa mesma
vida ou em uma possível reencarnação? Tudo estava
muito confuso na mente do viajante e seu maior obje-
tivo era resolver todos esses mistérios.
Foi aí que ele começou a usar o cérebro para ter sua
própria teoria sobre a existência e o que poderia che-
gar o mais próximo da verdade, tanto na vida quanto
na morte.
Nascemos nesse mundo, algumas pessoas tem a
sorte de viver 80 anos, outras morrem com 8, como
Deus faria um mesmo julgamento entre essas duas
pessoas, visto que uma se desenvolveu, viveu a vida
plenamente enquanto a outra morreu antes de saber o
que realmente é a vida. Dessa situação o viajante se
saiu bem, ele pensou que quando esse fato acontecia,
essa criança voltava a vida na mesma família ou em
uma situação bem parecida, enquanto o senhor velho
já ficava aguardando a próxima vida na memória de
Deus se fosse um homem justo.
Depois o viajante pensou na reencarnação hindu e
budista, será que realmente uma alma volta a Terra
inúmeras vezes até conseguir a liberdade dos mesmos
desejos terrenos onde ela nasceu para depois nunca
mais nascer? Não, isso não faz muito sentido, se te-
mos tais desejos em nós é porque isso faz parte de
nossa criação, para que Deus criaria o homem com
desejos que ele mesmo tivesse que vencê-los para al-
cançar a liberdade? Depois o viajante começou a pen-
sar na ciência, tudo se expande, tudo se retrai e co-
meça tudo outras vez em um ciclo sem fim e eterno.
Tendo como base tudo isso, o viajante decide fazer
uma viagem, mas agora em seu interior, buscando
harmonizar todas essas ideias em uma única linha de
raciocínio.
Se o que a ciência acredita for verdade, vivemos em
um universo cíclico, que nasce, cresce, se expande, se
retrai e morre. Nós humanos, nascemos em um pla-
neta desse universo. Aprendemos através de místicos
iluminados como Jesus, Buda, Krishna entre outros a
amar as pessoas e praticar o bem. Aqueles que tem a
oportunidade de fazer isso ao longo da vida retornam
para a fonte divina e não há necessidade de nascer no
mesmo mundo novamente, já aqueles que não tive-
ram oportunidade de aprender o amor, podem sim
voltar ao mesmo mundo para que possa se aperfeiçoar
para uma nova vida, ai sim a ideia hindu de reencar-
nação é válida. Deus é imparcial como o guru acredi-
tava, no próprio ato da criação, Deus já estabeleceu
no mundo suas regras, o Karma, suas ações terão re-
ações conforme o que você fizer, o viajante percebeu
que isso não era tão diferente do pecado, pois ele acre-
ditava que a própria consciência pesada de uma má
ação tirava a paz de qualquer pessoa.
Após esse ciclo de nascimento, Deus ia memori-
zando em sua mente todos aqueles que mereciam uma
nova vida em um mundo melhor, o mundo que ajuda-
ram a construir, e com o tempo, Deus poderia destruir
tudo e criar um mundo melhor onde todas essas pes-
soas viveriam por um período maior de tempo, mas
não pela eternidade.
Já aquelas pessoas que tiveram amor, cuidado, aten-
ção, mas mesmo assim não amaram nem contribuí-
ram para viver nesse mundo melhor, viveriam nova-
mente na Terra até que suas almas evoluam para viver
nesse mundo bom que será criado por Deus. O que
esse viajante conseguiu fazer foi algo extraordinário,
ele conseguiu juntar todas as crenças em uma única
linha de raciocínio. Nasceu, viveu, amou, vivera no-
vamente, nascera novamente em um mundo bom,
nem reencarnara nem ressuscitara, nascera de novo.
Essa ideia era bem mais coerente, e a pessoa justa vi-
veria nesse mundo bom, uma outra experiência de
vida sem nem imaginar que já viveu em um mundo
injusto.
Quanto aos injustos, continuarão vivendo em um
planeta semelhante ao nosso, cheio de sofrimento e
dor até que aprenda e evolua para um mundo melhor.
Talvez as pessoas achariam injusto que um homem
que violentou uma criança ou cometeu um assassinato
tenha oportunidade de viver novamente, mas temos
que lembrar que todos somos filhos do mesmo Deus
e somente ele sabe o que se passa na mente de cada
um e pode fazer um julgamento preciso. Talvez algu-
mas almas realmente sejam destruídas conforme a
transgressão, mas o objetivo de Deus é salvar a mai-
oria das pessoas. O homem é a coroa de Deus e a vida
seu aspecto mais importante.
Impressionado por ter tido esse vislumbre sobre a
existência, esse homem sai caminhando de sua casa e
quer compartilhar com os outros a experiência que
teve, mas para sua grande surpresa, as pessoas come-
çaram a achar que ele estava louco e não falava coisa
com coisa. Ele conversou com padres, cristãos, ju-
deus, hindus, budistas, mas nenhum desses religiosos
apoiaram sua ideia, as pessoas estavam tão presas na
certeza de suas próprias crenças que não conseguiam
imaginar nada diferente daquilo.
Todas as pessoas tinham plena convicção de que o
que elas acreditavam era a verdade, porém, assim
como esse viajante não poderia provar sua teoria as
pessoas, as pessoas também não tinham nenhumas
evidência clara de que o que elas acreditavam era ver-
dadeiro, com o tempo, esse viajante percebeu que
acreditar em uma ideia e se confortar com ela, era
bem mais confortável do que tentar fazer o que ele fez
e era exatamente por isso que o mundo estava cada
vez pior e cheio de guerras religiosas.
Não existia um diálogo entre as religiões, pelo con-
trário, uma atacava a outra e queria mostrar que sua
verdade era a única verdade. De repente o viajante se
lembrou do homem escritor que encontrou no avião,
cujo livro se tratava de um mundo onde as pessoas
tinham uma crença, ele observou que no nosso mundo
não era diferente, as pessoas tinham crenças e
baseadas em livros também, não em evidências.
Aquilo era genial, o vislumbre que o viajante teve foi
incrível. Todos acreditamos em mitos, todos vivemos
nossas vidas baseadas em supostas verdades escritas
em livros de história e religião, mas a verdade plena,
quem a tinha? Quem poderia dizer que era dono dela?
Ninguém.
No final das contas, o viajante teve grande compai-
xão pelas pessoas, pois percebeu que elas estavam
presas em mundos opostos, levavam como regras, en-
sinamentos religiosos que não tinham fundamento al-
gum e deixavam de amar o próximo por ele pertencer
a uma outra religião e não acreditar no que elas acre-
ditavam.
Muitas religiões hoje são assim, até ensinam seus
adeptos a não se comunicarem nem criar vínculos
com pessoas de outras religiões, e o mais impressio-
nante é que são religiões que carregam o nome de
Cristo em sua maioria.
Quando a compaixão passou, esse viajante também
percebeu que no fim das contas, todos estamos em
uma viajem, algumas pessoas podem demorar mais,
outras podem demorar menos, mas no fundo, um dia
todos morreremos e todos vamos saber a verdade, só
estamos em caminhos diferentes, em tempos diferen-
tes, indo de encontro a um único Deus e que esse Deus
que criou um universo e uma Terra como a nossa,
cheia de vida e em harmonia, poderia criar tudo o que
bem entendesse, talvez no fundo, a morte seria para
cada um aquilo em que a pessoa acredita, apesar dele
achar isso incoerente, pois tirava todo o sentido e pro-
pósito da vida, mas vai saber, Deus é Deus e o que há
de tão grande que Deus não possa realizar?
Apesar de todas essas crenças e todas essas discór-
dias, esse viajante percebeu algo nos seres humanos,
eles são receptivos, a maioria demonstra ter amor
dentro do coração, independente das crenças que eles
têm. Ele se lembrou de um pensamento de Mahatma
Gandhi que diz “As religiões são caminhos diferentes
convergindo para o mesmo ponto. Que importância
faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que
alcancemos o mesmo objetivo?”.

Espero que esse pequeno conto tenha lhe trazido al-


guma reflexão sobre a vida e que como esse viajante,
você também faça uma viajem interior para rever seus
conceitos e crenças e o que pode ser melhorado para
contribuir para a humanidade e o próximo. Nem sem-
pre o que acreditamos faz parte da realidade e essas
crenças podem abalar muito um ser humano quando
não correspondida. Uma mãe que aprende que Deus
é capaz de ressuscitar mortos, transformar água em
vinho e outros milagres, vai perder sua fé quando ti-
ver um filho com alguma doença que o leve a morte.
Explicação da crença do viajante

Os judeus, cristãos e islâmicos, acreditam que


quando morremos vamos aguardar por um juízo final,
alguns cristãos influenciados pelo mundo inteligível
de Platão, acreditam que nossas almas vão para um
paraíso conhecido como céu. Já as crenças orientais,
acreditam que reencarnamos num processo sem fim
até nos livrarmos do ego e nos unirmos a Deus.
O que o viajante fez foi tentar unificar todas as cren-
ças, quando uma pessoa morre, Deus precisa ter cer-
teza de que ela foi uma pessoa justa ou injusta, por
isso não é justo por parte de Deus culpar um homem
de 80 anos culpado e uma criança de 8 inocente. Para
que Deus possa julgar uma pessoa, ela precisa viver
todas as fases da vida. Quando alguém muito jovem
morre, essa pessoa volta a Terra nas mesmas condi-
ções possíveis de sua vida anterior, até atingir a ma-
turidade e ser julgada por Deus. Já quando uma pes-
soa que viveu muitos anos morre, sua memória per-
manece da mente de Deus para que essa pessoa volte
a viver em um mundo melhor. Isso não seria uma re-
encarnação nem ressurreição e sim a pessoa nascer de
novo e ter a oportunidade de continuar vivendo no
mundo que ajudou a criar. É evidente que tudo está
evoluindo e um dia viveremos em um único mundo
justo para todos, pois não há retrocesso espiritual, os
espíritos sempre evoluem e partem para uma nova
jornada. As leis do Karma e do pecado nos ensinam
que a própria condenação dos homens, são suas atitu-
des, e com atitudes más, as pessoas vão sofrer as con-
sequências e se tornarem pessoas melhores através da
dor.
O problema de acreditar em certas crenças, como a
ressurreição da carne, nos traz muitas outras pergun-
tas. Se isso é possível, então tudo é possível para
Deus, como responderíamos a uma mãe que perde um
filho de leucemia por exemplo? O que falaremos a
uma pessoa deficiente? Quando temos certas crenças
que ultrapassam a barreira da realidade, surgem inú-
meras outras questões que não possuem explicação,
por isso, a crença sempre precisa ser mais lógica pos-
sível. Na crença do viajante, quando é necessário vol-
tamos a vida nesse mesmo mundo, não seria uma re-
encarnação e sim um nascer novamente nas mesmas
condições, tem uma grande diferença. Já quem foi
justo e viveu uma vida plena contribuindo para um
mundo melhor, vais nascer novamente nesse mundo
melhor que ajudou a criar.
Uma das grandes intenções da ONU é unificar as
religiões, mas acredito que pare isso precisem elabo-
rar um livro de regras morais e espirituais que estejam
de acordo com todas as crenças, enquanto isso não
ocorre, vivemos em um mundo de guerras religiosas.
Vou deixar aqui a frases que está exposta na praça
da ONU em Nova Iorque “E ele julgará entre as na-
ções, e repreenderá a muitos povos; e estes converte-
rão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em
foices; uma nação não levantará espada contra outra
nação, nem aprenderão mais a guerrear. - Isaías 2:4”

Fim

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