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SISTEMAS ESTRUTURAIS EM CONSTRUÇÕES


DE AÇO
( textos otidos do curso de pós-graduação Lato sensu em construções metálicas –
livro 1 – capítulo I – item 4 )

5.1 Tipos de construções metálicas

Os tipos mais utilizados de construções metálicas podem ser classificados em:


Edifícios de andares múltiplos;
edifícios industriais;
pontes e passarelas;
galpões simples.

5.1.1 - Edifícios de andares múltiplos

São edifícios com vários níveis de piso, com finalidades residênciais ou comerciais,
como por exemplo, edifícios residenciais e comerciais, shoppings, estacionamentos etc.

Os sistemas de estabilidade são mais complexos e, quanto maior o número de pisos,


tanto maior é a parcela do peso ou do custo total, representada pelos sistemas de
estabilidade.
Os esforços verticais passam a ser muito significativos para os pilares, a limitação dos
deslocamentos horizontais, produzidos pelas cargas horizontais, passa a ficar cada vez
mais determinante para o dimensionamento, a medida que o número de andares
aumenta.

As figuras FIG-5.1 e FIG-5.2, mostram alguns exemplos desses tipos de construções.

Figura 5.1 – Prédio das Nações Unidas – São Paulo

Figura 5.2 – Estacionamento de carros

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5.1.2 – Edifícios industriais

São aqueles que têm características especiais, que servirão para suportar e abrigar
equipamentos que podem introduzir cargas verticais e horizontais em diversas direções,
assim como, em alguns casos, vibração e variação de temperatura.

Devem ser projetados para atender às finalidade a que se destinam, devendo não
somente resistir a todos os esforços impostos, mas também preservar condições
adequadas ao seu uso, obdecendo a parâmetros que limitam deslocamentos e vibrações
e garantem vida útil apropriada.

A FIG. 5.3 exemplifica esse tipo de construção.

Figura 5.3 – Cosigua e Nuclep

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5.1.3 – Pontes e passarelas

Construções metálicas, com finalidade para passagem de veículos rodoviários,


ferroviários e pedestres. Podendo utilizar tabuleiros de concreto, madeira e aço. As FIG.
5.4 a 5.6 exemplificam esse tipo de construção.

Figura 5.4 – Ponte JK – Brasília

Figura 5.5 – Ponte rodoviária

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Figura 5.6 – Passarela para pedestre

5.1.4 – Galpões

Estruturas metálicas muito leves, com objetivo de cobrir depósitos, oficinas e ginásios
poliesportivos, etc , como mostra a FIG. 5.7.

Figura 5.7 – Ginásio poliesportivo de Osasco – São Paulo

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5.2 Sistemas de pisos

Os pisos são os elementos planos que suportam diretamente os ocupantes, o mobiliário,


os veículos e as cargas em uma edificação.

Em geral se apóiam em vigas e têm muita rigidez no plano horizontal a que pertencem.
A seguir é mostrado alguns tipos de pisos que são utilizadas em construções metálicas:
- Lajes de concreto armado in loco;
- Lajes com painéis pré-moldados de concreto;
- Lajes com painéis alveolares pré-fabricados de concreto armado;
- Lajes mista com fôrmas de aço incorporadas;
- Lajes pré-moldadas utilizando tijolo ou isopor complementando a laje;
- Pisos em chapas de aço;
- Pisos em madeira.

Os quatro primeiros tipos relacionados acima podem ser solidarizados às vigas


metálicas através de conectores metálicos, constituindo o econômico sistema de vigas
mistas, aço- concreto armado.

5.2.1 – Lajes de concreto armado moldado in loco.

É o tipo de laje mais utilizado, em que o concreto pode ser preparado no local ou ser
comprado de uma usina de concreto. A concretagem é feita sobre fôrmas de madeira ou
chapas de aço com a ferragem já posicionada. Após a curta do concreto, as fôrmas e
seus escoramentos são removidos.

As fôrmas podem ser suportadas por escoras apoiadas no piso inferior ou por treliças
telescópicas que se adaptam aos vãos entre vigas metálicas. No segundo tipo, onde não
são utilizadas escoras verticais, torna-se possível a concretagem a cada três pavimentos,
o que imprime grande velocidade à obra de edifícios de andares múltiplos estruturados
em aço (ver FIG.5.8).

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Processo muito utilizado no Brasil, porém vem sendo substituindo por outras soluções
mais industrializadas.

Vantagens:
- Baixo custo;
- Dispensa do uso de equipamentos especiais;
- Facilidade de execução em locais de pouco recurso;

Desvantagens:
- Necessidade de construção de fôrmas, o que implica aumento do custo e do prazo;
- Transtorno no piso imdiatamento abaixo durante a retirada das fôrmas e escoras.

Figura 5.8 – Laje moldada in loco

5.2.2 – Lajes com painéis pré-moldados de concreto

É o tipo de laje na qual são utilizados painéis de concreto pré- fab ricados na obra ou
não. Esses são posionados sobre as vigas e têm a superfície superior rugosa para que,
além de servirem de fôrma, possam ficar solidarizados com o capeamento, fazendo
parte da espessura final da laje ( ver FIG.5.9).

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Suas principais vantagens são:
- Baixo custo;
- Eliminação da necessidade de fôrmas.

Entretanto suas desvantagens são:


- Cuidado especial na fabricação e no manuseio dos painéis;
- Utilização de equipamentos para o transporte e o manuseio dos painéis;
- Exigência de cuidados especiais para manter a folga indicada no projeto entre os
painéis na região dos conectores;
- Exigência de cuidados e tecnologia especiais para ficarem de boa qualidade, em razão
da planicidade e do acabamento na face inferior da laje.

Figura 5.9 – Painéis pré-moldados de concreto

5.2.3 – Lajes com painéis alveolares pré-fabricados e concreto armado

É um sistema já utilizado em outros países, principalmente na Inglaterra. No Brasil esse


tipo de solução já vem sendo utilizado de maneira mais moderada.

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As lajes com painéis alveolares pré-fabricados de concreto armado em geral possuem
altura que varia entre 150 a 260 mm com arberturas circulares ou alongadas ( alvéolos )
ao longo de seu comprimento ( ver FIG. 5.10).

Essas lajes podem ser apoiadas tradicionalmente como as demais sobre as mesas
superiores das vigas metálicas ou sobre as mesas inferiores, constiuindo o sistema
slimfloor.

As principais vantagens são:


- Lajes que vencem vãos grandes;
- Grande redução no peso da estrutura metálica;

Entretanto suas desvantagens são:


- Lajes de cusgto mais elevado;
- Necessidade de um sistema de montagem com equipamentos mais sofisticados e de
maior custo, em razão de grande peso próprio das lajes e das grandes dimensões das
peças;
- Necessidade de cuidados para que os alvéolos fiquem preenchidos de concreto até
determinada distância do apoio sobre a viga metálica para se conseguir melhor
eficiência da viga mista;
- Necessidade de adequar a região de apoio, colocando-se chapas extras ou
recortando-se a laje, caso seja necessário conseguir uma redução no conjunto viga
metálica-laje, por causa da altura elevada dos painéis, o que gera custos adicionais;
- Cuidados adicionais devem ser tormados para evitar a torção dos perfis metálicos
durante a montagem dos painéis.

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Figura 5.10 – Painéis alveolares

5.2.4 – Lajes mistas com fôrmas de aço incorporadas

São lajes constituídas por formas metálicas de seção trapezoidal, justapostas e


preenchidas com concreto ( ver FIG.5.11).

As fôrmas de aço específicas para essa utilização são conhecidas também como deck
metálico, ou steel – deck. Essas fôrmas, constituídas por chapas de aço conformadas aq
frio, possuem características especiais, tais como a presença de mosssas para promover
a ligação dos dois tipos de meteriais, aço e concreto, e seção transversal com geometria
e enrijecimentos que visam à otimização do sistema estrutural. As fôrmas são
amplamente utilizadas na América do Norte, Europa, Austrália , Japão e recentemente
no Brasil.

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Figura 5.11 – Laje com fôrmas de aço incorporada

Esse tipo de solução apresenta uma variedade de vantagens:


- Utilização do deck metálico como fôrma e plataforma de trabalho, bem como
armadura positiva da laje;
- Dispensa de qualquer tipo de escoramento, deixando o pavimento inferior totalmente
desobstruído e protegido para operários que nele trabalham;
- Facilidade de passagem de dutos, em razão da geometria da fôrma;
- Fabricação das fôrmas com chapas de pequena espessura. No Brasil são produzidas até
o momento, com espessuras de 0,8 mm, 0,95 mm e 1,25 mm e são galvanizadas para
aumentar a resistência à corrosão. Outros modelos já estão sendo desenvolvidos no
Brasil.
- A altura das formas pode variar de 38 mm a 250 mm, aproximadamente, sendo as
alturas de 50 mm e 75 mm as mais utilizadas no Brasil.
- Rapidez na montagem.

Entretanto pode-se relacionar como a grande desvantagem, o fato de existirem poucos


fabricantes de deck no Brasil, o que faz aumentar o seu custo.

5.2.5 – Pisos em chapas de aço

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São mais utilizados em edifícios industriais ou em pequenas áreas de edifícios
comerciais. As chapa de piso vencem um vão que varia de 0,75m a 1,2m, sendo
necessária a colocação de vigas secundárias ( ver FIG. 5.12).

A vantagem desse tipo de piso é a facilidade na montagem e possibilidade de produção


de excelente travamento das vigas. Entretanto exige grande número de vigas
secundárias.

Figura 5.12 – Piso em chapas de aço

5.2.6 – Pisos em madeira

São mais raramente utilizados no Brasil, sendo o seu maior emprego em mezaninos de
lojas ( ver FIG. 5.13 ).

São de fácil instalação, têm pequeno peso próprio e, em geral, produzem ótimo efeito
estético.

Em geral têm custo mais elevado. Deve-se cuidae para que as ligações das peças de
madeira com as vigas metálicas fiquem adequadas quando esse piso tiver a função de
travar as vigas metálicas contra a flambagem lateral.

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Como não constitui um sistema misto, não ocorrem os benefícios desse sistema, como
maior rapidez, redução de peso da estrutura metálica, etc.

Figura 5.13 – Pisos em madeira

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5.3 Sistemas de vigamentos

As vigas são elementos estruturais para suportar cargas e vencer vãos. Em alguns casos,
podem ter a função de travar outros lementos estruturais como pilares ou outras vigas.
Por serem de aço, conseguem vencer grandes vãos com seções de altura pequena e
baixo consumo de material, o que significa eficiência estrutural, ótima adequação aos
projetos arquitetônicos e baixo custo. Isso se deve ao fato do aço ter alta resistência
mecânica, com tensão de escoamento da ordem de 350 MPa e tensão de ruptura à
tração da ordem de 400 MPa.

Existem vários tipos de sistemas de vigas:


- Viga de alma cheia;
- Viga treliçada;
- Viga alveolar e castelada;
- Viga vierendel;
- Viga mista de aço e concreto;
- Viga senoidal ou perfil de alma corrugada.

5.3.1 – Viga de alma cheia

São perfis de aço com seção em I , U ou perfis caixa ou tubulares, podendo ser perfis
soldados, laminados ou até mesmo dobrados a frio , conforme já mencionado no
capítulo 4 ( ver FIG.5.14 a FIG.5.18 ).

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Figura 5.14 – Perfis laminados

Figura 5.15 – Perfis tubulares

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Figura 5.16 – Tipos de seção de perfis soldados

Figura 5.17 – Perfis soldados

Figura 5.18 – Perfis dobrados a frio

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5.3.2 – Viga treliçada

São vigas utilizadas em estruturas metálicas há mais de duas centenas de anos. Quando
ainda não existiam os perfis soldados ou laminados, a única maneira de fazer vigas para
vencer vãos maiores era utilizar-se de treliças, como já ocorria com as estruturas de
madeira.

A viga teliçada metálica tem a grande vantagem de oferecer extraordinária resistência e


rigidez com baixo consumo de material, mas, em contrapartida, a economia do material
fica prejudicada pelo maior custo da mão de obra da fabricação.

São soluções muito utilizadas nas construções metálicas, oferencendo vantagem de


disporem de espaços livres entre as diagonais para a passagem de utilizadades (ver
FIG.5.19).

Figura 5.19 - Treliça

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5.3.3 – Vigas alveolares e casteladas

As vigas casteladas são formadas a partir de perfis I, e o objetivo do seu uso é aumentar
a sua resistência e rigidez, sem que seja necessário aumentar o seu peso. Elas podem ser
também usadas no sitema de viga mista aço-concreto e são muito indicadas para vencer
grandes vãos com baixo consumo de aço, resultando em grande flexibilidade no
planejamento de espaços sem pilares intermediários ( ver FIG.5.20).

Figura 5.20 – Vigas casteladas e alveolares

As aberturas nas almas das vigas alveolares são circulares, enquanto nas visgas
casteladas são hexagonais ou octogonais.

A partir do final dos anos 90, o processo de fabricação das vigas casteladas passou a ser
através do corte em ziguezague ao longo da alma da viga, utilizando-se um bico de
coete automatizado, controlado por computador. As duas partes que foram separadas
são defasadas e novamente unidas soldando-se os pontos altos da alma por meio do
processo de arco submerso automatizado. Esse processo é utilizado tanto para aberturas
circulares como hezagonais, ficando o perfil resultante com altura bem maior que a do
perfil inicial ( ver FIG.5.21 ).

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Figura 5.21 – Corte e soldagem do perfil laminado para obtenção de uma viga alveolar
com aberturas circulares.

Para as vigas com aberturas octogonais, uma tira de chapa é soldada entre as duas partes
do trecho horizontal da alma , conforme mostra a FIG.5.22

Figura 5.22 – Corte e soldagem para vigas hexagonal e octogonal.

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5.3.4 – Viga vierendel

São vigas que se parecem com vigas treliçadas, das quais foram retiradas as diagonais,
porém mantidos os montantes, e que têm o comportamento totalmente diferente das
vigas treliçadas ( ver FIG.5.23 ).

Pelo fato de não possuírem diagonais, os montantes é que são responsáveis em ligar as
duas cordas e ficam sujeitos a momentos fletores que também são resistidos pelas
cordas. Portanto, a rigidez da viga não fica dependendo somente da área dos elementos
que a consitituem, mas também da inércia dos montantes e das cordas, o que conduz,
em geral, a uma solução bem menos econômica que a treliçada.

Apresentam as vantagens de oferecer mais espaços livres que as treliças, por não
possuírem diagonais, e um aspecto de leveza, em geral, apreciado pelos arquitetos.

Figura 5.23 – Viga vierendel

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5.3.5 – Viga mista de aço e concreto

Sistema misto aço-concreto é aquele no qual um perfil metálico trabalha em conjunto


com o concreto, formando um elemento estrutural misto, podendo ser uma viga ou uma
coluna ou uma laje ou até mesmo uma ligação, conforme mostra a FIG.5.24..

A interação entre o concreto e o aço pode se dar por meios mecânicos, através de
conectores, mossas, ressaltos, por atrito ou aderência.

Essa solução estrutural é bastante eficiente e econômica quando comparada com as


soluções convencionais de aço e de concreto armado. Esses dois tipos de material,
apesar de apresentarem características bem distintas, são compatíveis e se completam.

Possuem praticamente o mesmo coeficiente de dilatação térmica e uma combinação


bastante interessante de resistência, já que o concreto é eficiente a compressão e o aço à
tração.

As estruturas mistas apresentam várias vantagens:


 Benefícios arquitetônicos e econômicos.
 Dispensa de fôrma e escoramento.
 Redução do peso próprio e das dimensões dos elementos estruturais.
 Redução do peso do aço e conseqüentemente o custo da estrutura metálica.
 Redução da proteção contra incêndio e corrosão.
 Melhora as condições de flambagem lateral à torção e flambagem local das
peças de aço.
 Maior velocidade de execução e facilidade nas ligações.

O sistema misto aço-concreto é mais utilizado em construções como por exemplo em


shoppings centers, prédios de estacionamento, de escritórios e de residências.

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Figura 5.24 – Viga mista

5.3.6 – Viga senoidal

Nos últimos anos, o avanço do estudo do comportamento estrutural e da tecnologia de


fabricação permitiram o desenvolvimento e o uso em edifícios de perfis de seção I, nas
quais as mesas são formadas por chapas planas grossas e a alma por uma chapa fina
corrugada, principalmente na forma trapezoidal ( FIG.5.25.a ) ou senoidal (FIG.5.25.b).

A grande vantagem desses perfis em relação aos de alma plana convencionais é a


possibilidade de se ter grandes alturas de seção transversal, portanto maior capacidade
resistente à flexão, com alma bastante fina, o que representa economia do material.
Dessa forma, sua aplicação maior é como vigas, embora também sejam usadas como
pilares submetidos à flexo-compressão.

Figura 5.25 – Viga com alma corrugada.

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No Brasil, somente são fabricados perfil de alma senoidal, pela Codeme Engenharia,
com a altura da alma variando entre 400mm e 1200 mm e espessuras de 2 ou 3 mm. As
mesas apresentam largura entre 125 mm a 350 mm e espessura entre 4,75 e 19 mm. A
FIG. 5.26 mostra esse tipo de solução de viga.

Figura 5.26 – Detalhes da corrugação senoidal e vigas em uma obra.

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5.4 Sistemas de estabilidade

Sistemas de estabilidades são responsáveis para resistir aos esforços horizontais


impedindo grandes deformações e o colapso do edifício .

Existem várias maneiras para estabilizar estruturas de aço:


- Estruturas com pórticos rígidos;
- Estruturas com contraventamentos;
- Estruturas com paredes de cisalhamento;
- Estruturas com núcleo de concreto;
- Estrutura tubular;
- Estrutura com mais de um tipo de sistema.

5.4.1 – Estruturas com pórticos rígidos

A estrutura com pórtico rígido é, geralmente, aquela que se adapta bem à arquitetura,
uma vez que é a que menos interfere com espaços livres para passagens, portas e janelas
( ver FIG.5.27 ).

É a solução tradicionalmente utilizada como sistema estrutural na direção transversal


dos galpões, deixando completamente desobstruído o espaço no interior das edificações.
Nesse tipo de construção, a estabilidade da estrutura é garantida principalmente pela
resistência e pela rigidez à flexão dos pilares, de vigas de pavimentos e de tesouras de
cobertura.

Em edifícios a estabilidade é fornecida pela rigidez à flexão dos pilares e das vigas. É
um sistema no qual os pilares e as vigas precisam ser dimensionadas á flexão, para que
a estrutura tenha resistência e rigidez adequadas.

No caso de edifícios de andares múltiplos, as deformações horizontais costumam


governar o dimensionamento, conduzindo a peças robustas com grande consumo de aço
e a ligações mais elaboradas de vigas com pilares, fazendo com que esse sistema fique,
na maioria das vezes, menos econômico que outros, como, o contraventado.

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Figura 5.27 – Pórticos rígidos

5.4.2 – Estrutura com contraventamentos

A estabilidade desse sistema é fornecida por barras inclinadas chamadas diagonais que
compõem, junto com as vigas e os pilares, um sistema treliçado ( ver FIG.5.28 ).

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Figura 5.28 – Contraventamentos verticais

É o sistema mais utilizado, em geral, graças ao seu baixo custo eà facilidade de


execução.

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No caso de galpões, é o sistema usual para estabilizar a estrutura no sentido
longitudinal, ficando localizado junto aos planos verticais dos fechamentos laterais. Nas
coberturas desse tipo de edificação, onde geralmente não existe laje, é também utilizado
para prover rigidez à estrutura nos planos, em geral, inclinados, e transmitir os esforços
horizontais de vento aos planos verticais que contêm os contraventamentos verticais.

Para edifícios, em que, geralmente as limitações para deslocamentos horizontais


precisam ser obdecidas e às vezes governam o dimensionamento, o sistema
contraventado é considerado como uma estrutura indeslocável, e sua utilização conduz a
uma solução bastante econômica.

Para edifícios altos, o sistema contraventado é também bastante adequado, já que, em


razão de sua grande rigidez, se consegue fazer o dimensionamento dos perfis para
controlar as deformações horizontais com grande economia no peso de aço consumido
em relação ao sistema aporticado.

As principais vantagens desse sistema são:


- Estrutura mais leve e, portanto, mais econômica;
- Ligações mais simples e peças mais leves, que conduzem à significante economia na
fabricação, no transporte e na montagem.

A única desvantagem desse sistema é a possibilidade de interferência das diagonais com


espaços destinados à circulação, ou com esquadrias nas fachadas.

Como esse sistema é muito vantajoso e existem diversas formas de contraventamentos,


os tipos mais utilizados . Esses tipos de contraventamentos podem ser em X, em delta,
em V, em K, com apenas uma diagonal e com excentricidade (ver FIG 5.29 a
FIG.5.34).

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Figura 5.29 – Contraventamento em X

Figura 5.30 – Contraventamento em V

Figura 5.31 – Contraventamento em delta

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Figura 5.32 – Contraventamento em K

Figura 5.33 – Contraventamento com apenas uma diagonal

Figura 5.34 – Contraventamento com excentricidade

5.4.3 - Estruturas com paredes de cisalhamento

Nesse tipo de sistema, a estabilidade da estrutura é obtida mediande paredes que podem
ser de concreto armado, chapas de aço ou alvenaria estrutural, construídas em locais
estratégicos.

Essas paredes tem grande rigidez e resistência a esforços contidos nos seus planos,
desde que adequadamente dimensionadas, o que, em geral, se consegue sem grandes
alterações de suas espessuras usuais. Conduz também a uma solução de baixo consumo
de aço com peças e ligações simples.

A FIG. 5.35 mostra esse tipo de sistema.

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Figura 5.35 – Paredes de cisalhamento

5.4.4 – Estrutura com núcleo de concreto

É uma solução interessante, bastante utilizada, que reúne a caracterísitica de um núcleo


de concreto ser adequado para envolver as regiões de circulação vertical onde ficam
escadas e elevadores com a grande capacidade de resistir a cargas verticais, horizontais
e momentos flerores e de torção. Além disso, o núcleo de concretofunciona como
proteção natural contra incêndio dessas torres de escadas e elevadores ( ver FIG.5.36).

Figura 5.36 – Sistema de estabilidade utilizando núcleo de concreto

Apesar de o concreto ter o módulo de elasticidade bem menor que o do aço, as grandes
dimensões das seções transversais do núcleo conferem-lhe ao mesmo tempo grande

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inércia e, por conseqüência, grande rigidez. Graças a essa rigidez, resiste a grandes
esforços horizontais, sofrendo equenas deformações, o que é muito vantajoso.

Tem ainda a utilidade de também servir de apoio para treliças de coroamento


localizadas no topo do edifício, que suportam toda ou parte da estrutura metálica,
constituindo um sistema econômico e com grandes possibilidade arquitetônicas ( ver
FIG.5.37 ).

Figura 5.37 – Prédio em estrutura metálica com núcleo de concreto.

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5.4.5 – Estrutura tubular

É um sistema estrutural muito conveniente para a utilização em edifícios altos,


principalmente aqueles com mais de cinqüenta pavimentos, quando passa a ser, sem
dúvida, o sistema mais vantajoso. Consiste em transformar o prédio todo em um grande
tubo engastado nas fundações. Para que issso ocorra, os pórticos ou contraventamentos
ficam posicionados nas faces externas do edifício em todo o seu perímetro e altura,
propiciando rigidez em cada um deseus planos verticais.

Por causa de sua grande dimensão, este grande tubo de paredes reticuladas adquire
enorme rigidez à flexão e a torção, o que é necessário para resistir aos grandes esforços
horizontais impostos, sem sofrer deformações significativas ( ver FIG.5.38 ) .

É um sistema estrutural mais oneroso, em que diversos fatores precisam ser


cuidadosamente analisados, tais como as interferências com circulações e com
acabamentos nas fachadas.

Figura 5.38 – Sistema de estabilidade tubular

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5.4.6 – Estrutura com mais de um tipo de sistema

É comum existir estruturas com mais de um tipo de sistema. Ás vezes, pode-se colocar
contraventamentos em uma região da estrutura, e em outra determinada região não,
precisando aí de aporticar ou utilizar o núcleo de concreto, conforme mostra a FIG.5.39.

Figura 5.39 – Estrutura com vários tipos de sistema de estabilidade.

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5.4 Demais sistemas estruturais utilizados em construções metálicas

Existem outros sistemas estruturais que completam uma obra em estruturas metálicas:
- Pilares;
- Placa de bases;
- Pendurais;
- Cabos;
- Vigas de transição;
- Treliças interpavimentos.

5.4.1 - Pilares

São elementos que geralmente recebem vigas e apóiam em fundações de concreto.


Quando esses elementos transmitem somente de esforços verticais devido as cargas
gravitacionais da construção, são chamados de pilares secundários.

Quando esses elementos, além de resistirem as cargas gravitacionais, também são


responsáveis pela estabilidade da construção, são chamados de pilares principais. São
os pilares de contraventamentos ( resistindo cargas verticais e horizontais ) e os pilares
de pórticos ( resistindo cargas verticais e horizontais e momentos fletores ).

Existem também os pilares mistos, que são elementos cuja seção transversal é composta
por um perfil metálico e por concreto armado. O concreto pode ficar totalmente contido
dentro do perfil metálico, ou parcialmente contido, ou também pode envolver
totalmente o perfil metálico, como mostra a FIG.5.40.

A utilização desses pilares tem algumas vantagens, tais como a grande capacidade de
resistir a cargas com uma seção transversal reduzida. O concreto ainda fornece proteção
contra incêndio e contra corrosão do perfil metálico.

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Figura 5.40 – Pilares mistos aço e concreto.

5.4.2 – Placas de base

As placas de base são chapas colocadas nas extremidade inferiores dos pilares com a
função de fixá-los aos blocos de fundação e possibilitar a transferência de carga do pilar
metálico para o bloco de concreto. Como a resistência do aço estrutural é muitas vezes
maior que a do concreto armado, caso o perfil metálico se apoiasse diretamente no
concreto, possivelmente ele esmagaria esse concreto na área de contato.

A placa de base em aço aumenta essa área de contato, fazendo com que a pressão
atuante no concreto fique compatível com a sua resistência. Para que seja garantido
contato perfeito entre a placa de base metálica e o concreto do bloco, embaixo da placa
é feito um grauteamento com argamassa expansiva de alta resistência após a conferência
do prumo e o nivelamento dos pilares.

As placas de bases são fixadas aos blocos por meio de grandes barras redondas
rosqueadas chamadas de chumbadores, que impedem que o pilar se desprenda do bloco
no caso da existência de esforços de arrancamento. Esses chumbadores também são

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utilizados na correção do prumo do pilar antes de se fazer o grauteamento. Nesse caso é
necessária a colocação de uma porca abaixo da placa de base ( ver FIG.5.41 ).

Figura 5.41 – Detalhe de base de pilares.

5.4.3 – Pendurais

Os pendurais são elementos com aparência igual a de pilares, mas que trabalham
tracinados, como mostra a FIG.5.42 .

Figura 5.42 – Pendural

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São peças muito econômicas, uma vez que não estão sujeitas à flambagem e podem ser
dimensionadas, aproveitando-se bastante a grande resistência do aço à tração.

Pelo fato de ficar bastante esbeltos, os pendurais têm a sua esbeltez limitada pelas
normas de projeto, para evitar a ocorrência de uma possível vibração. A norma
brasileira NBR 8800 estabele que a parcela de carga em razão da sobrecarga, que
solicita um pendural que suporta pisos, deve ser majorada em 33%.

Uma maneira interessante de evitar a construção de uma viga de transição é, quando


possível, transformar o pilar que vai se apoiar na viga em pendural. Esse pendural pode
ficar sustentado por diagonais, que conduzirão a carga para outros pilares adjacentes.

5.4.4 – Cabos

As estruturas com cabos são utilizadas com mais freqüência em outros países. Como a
produção de cabos no Brasil ainda é bem limitada, a maioria dos cabos estruturais de
grande resistência precisa ser importada, o que eleva seu custo final. Esse fator é
responsável pela pouca utilização de estruturas com cabos e também por não ter havido
o desenvolvimento da tecnologia de utilização desse tipo de produto aqui no Brasil.

As estruturas suportadas por cabos ficam, em geral, bem esbeltas, proporcionando


aspecto agradável de arrojo e modernidade ( ver FIG.5.43).

Figura 5.43 – Estrutura com cabos.

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5.4.5 – Vigas de transição

São vigas que têm a finalidade de suportar um ou mais pilares. Ás vezes, a prumada de
um pilar tem que ser interrompida em níveis inferiores de um edifício, por razões
arquitetônicas ou funcionais, para se obter um vão maior no nível do pilotis,
impedindo-se a interferência desse pilar com o local da passagem de veículos ou com
um equipamento, como mostar a FIG.5.44.

Figura 5.44 – Viga de transição.

Deve-se evitar o uso de tais vigas, sempre que possível, visto que, para resistirem às
cargas de uma prumada de pilar que, em geral, são grandes, elas ficam com dimensão
maior, causando problemas na arquitetura. Ficam também bastante onerosas por
consumirem mais aço. O seu peso e as grandes espessuras de chapas dificultam e
encarecem a fabricação, o transporte, a montagem e a soldagem na obra.

5.4.6 – Treliças interpavimentos

As treliças interpavimentos são as que têm a sua altura (distância entre cordas) igual à
altura de um ou mais pavimentos. Elas ficam com resistência e rigidez grandes, o que
lhes possibilita suportar grandes cargas, vencendo grandes vãos. Podem funcionar como
as treliças de coroamento, colocadas em andares intermediários dos edifícios, ou quando
se deseja um grande vão sem pilares na parte inferior de prédios, que é o caso dos
edifícios e das pontes. Elas não precisam ficar obrigatoriamente no mesmo plano

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vertical, podendo o esforço cortante no nível do pavimento ser transmitido entre os
planos verticais pelas lajes ( ver FIG.5.45 ).

Figura 5.45 – Treliças interpavimentos

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