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Brazilian Journal of Biosystems Engineering v.

13(4):312-323, 2019
ESTUDOS DA TOXICIDADE DO ALUMÍNIO EM VALORES DE
pH 7,0 E 7,5 PARA BRASSICA OLERACEA L. E
RAPHANUS SATIVUS L.

L. Gabriel*; M. C. Volpe; G. A. Cristiano; V. D. D. Neves;


D. S. S. Souza; J. L. Ramos; A. L. R. Portela; A. B. Dias;
F. B. Villa; G. B. Godoy; I. R. G. Godoi; J. O. F. Monteiro;
R. Sebastiani; R. T. Pelegrini

UFSCar - Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências Agrárias, Campus


Araras, SP, Brasil

Article history: Received 21 October 2019; Received in revised form 06 November 2019; Accepted 08
November 2019; Available online 05 December 2019.

RESUMO

A toxicidade do alumínio tem sido verificada somente em valores de pH abaixo de 5,5 devido
a solubilidade dos íons Al3+ que ocorre em meio ácido. Este trabalho teve o objetivo de
estudar a toxicidade do alumínio em valores de pH 7,0 para a espécie Raphanus sativus L.
(rabanete) e 7,5 para a Brassica oleracea L. (couve) com a finalidade de verificar se em tais
valores de pH o alumínio não apresentava efeitos deletérios observáveis. Foi utilizada uma
metodologia em que o meio de cultivo continha sementes como organismos testes e um rígido
controle dos valores de pH. Os ensaios toxicológicos empregavam concentrações otimizadas
de macro e micronutrientes necessários ao desenvolvimento das plântulas. Com o estudo foi
possível verificar elevada Toxicidades Aguda e Crônica dos íons Al3+ em valores de pH 7,0 e
7,5 para as plantas estudadas, comprovando que os efeitos tóxicos do alumínio podem ser
verificados também em meio de cultivo com valores de pH neutro e ligeiramente básico.

Palavras-chave: Toxicidade Al3+, meio de cultivo, pH neutro.

ALUMINUM TOXICITY STUDIES AT pH 7,0 AND 7,5 FOR BRASSICA


OLERACEA L. AND RAPHANUS SATIVUS L.

ABSTRACT

Aluminum toxicity was only found at pH below 5.5 due to the solubility of Al3+ ions that
occur in the acid medium. The objective of this search was to studying the toxicity of
aluminum at pH 7.0 for Raphanus sativus L. (radish) and 7.5 for Brassica oleracea L.
(cabbage) with a check whether these pH the aluminum have no observable deleterious
effects. A methodology was used in which the culture medium contained seeds as tested
organisms and a strict control of pH values. The toxicological tests employed allowed
optimizing macro and micronutrients necessary for plant development. The study was able to
verify high Acute and Chronic Toxic Al3+ icons at pH 7.0 and 7.5 for studied plants, proving
that toxic effects of aluminum can also be verified in culture medium with neutral and slightly
basic pH.

Keywords: Al3+ toxicity, culture medium, neutral pH.

*
leticia.gabriel435@gmail.com
312
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INTRODUÇÃO

Dentre os metais que compõem o aumentando assim a sua competitividade


solo brasileiro o alumínio apresenta-se em para os ligantes celulares (VITORELLO et
elevadas concentrações principalmente nas al., 2005).
regiões de cerrado (22% do território). Existe uma relação entre as taxas de
Esse elemento está presente nas partículas crescimento celular e toxicidade do Al3+ e
de argila e em níveis de pH abaixo de 5,5 do H+ (VITORELLO e HAUG, 1996;
faz com que o alumínio migre para a KOYAMA et al., 2001). Em ambos os
solução do solo tornando-se quimicamente casos, o boro pode aliviar a toxicidade e a
tóxico para as plantas (CAIRES, 1998). As pectina parece desempenhar um papel nos
plantas em sua maioria não conseguem efeitos prejudiciais dos íons (SCHMOHL e
evitar absorção dos metais pesados no solo HORST, 2000; KOYAMA et al., 2001).
(SOARES et al., 2001), o que causa danos
sérios à estrutura fisiológica de um modo Absorção e distribuição de Alumínio
geral. Na maioria das espécies de plantas,
Nos solos do cerrado brasileiro especialmente as espécies sensíveis ao
ocorrem muitos casos de toxicidade por alumínio, a absorção deste elemento é
alumínio em função de suas características limitada principalmente ao sistema
ácidas e pela presença de elevadas radicular, onde se acumula
concentrações desse elemento químico. predominantemente na epiderme e no
Tais características tornaram uns dos córtex externo. A endoderme supostamente
principais motivos que impedem o atua como barreira no transporte para a
desenvolvimento de algumas culturas nesta parte aérea e as folhas geralmente são
região (CAIRES, 1998). pequenas (VITORELLO et al., 2005).
A literatura científica sempre relata Se o alumínio acumulado manifesta
a toxicidade do alumínio para plantas em sua toxicidade dentro da célula vegetal ou
valores de pH ácidos, geralmente abaixo de externamente, no apoplasto, é um tópico
5,5. Alguns estudos até relacionam um importante de interesse e controvérsia
efeito sinérgico entre as concentrações de devido a sua implicação a modelos de
Al3+ e de H+. Em particular, é enfatizado o toxicidade do alumínio (DELHAIZE e
possível papel dos efeitos sobre as células RYAN, 1995; KOCHIAN, 1995; HAUG e
provocados pela toxicidade do alumínio VITORELLO, 1996). O alumínio já foi
apenas em baixos valores de pH encontrado no núcleo, presumivelmente
(VITORELLO et al., 2005). ligado ao DNA (MATSUMOTO et al.,
Os valores baixos de pH afetam 1976), enquanto outros estudos relatam
claramente a estrutura das membranas como localizados única ou
plasmáticas. Isto pode ter consequências predominantemente na parede celular
profundas para a toxicidade do alumínio, (MARIENFELD e STELZER, 1993;
principalmente no que diz respeito ao OWNBY, 1993; MARIENFELD et al.,
acesso a possíveis locais-alvo, incluindo a 1995).
própria membrana. Alterações em sua
estrutura parecem ser um fator importante Mecanismos primários de toxicidade do
na determinação da sensibilidade e alumínio
absorção de alumínio pelas raízes e células Uma compreensão completa dos
das plantas (VITORELLO et al., 2005). mecanismos da toxicidade do alumínio é
É provável que essas alterações indefinida. Pode ser que seja possível ou
provocadas pelos baixos valores de pH até provável que essa espécie tenha mais
sejam maiores no citoplasma cortical. A de um alvo primário. No entanto, hipóteses
redução do pH intracelular pode aumentar sobre os mecanismos da toxicidade deste
drasticamente as concentrações de elemento podem ser divididas entre as que
Alumínio em relação a outros cátions, afetam o metabolismo do fosfato e/ou
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nucleotídeo, estrutura e função da parede Estudos também mostraram que o
celular e da membrana, transportadores de alumínio pode alterar a estrutura da
membrana, dinâmica do citoesqueleto, membrana plasmática (ZHAO et al., 1987)
transdução de sinal e estresse oxidativo. e tem pronunciado efeitos sobre os fluxos
Porém, a natureza exata desse destino não iônicos através da membrana,
é conhecida. Provavelmente existem particularmente na absorção dos íons Ca2+
muitos alvos potenciais para este metal no (LIU e LUAN, 2001).
sistema (VITORELLO et al., 2005). Aspectos gerais relacionados à
O alumínio é capaz de se ligar toxicidade do alumínio remete à interação
fortemente ao DNA, presumivelmente ao deste necessariamente com valores de pH
seu esqueleto de fosfato, ou ácidos. A intenção deste trabalho foi de
alternativamente às histonas associadas focar os estudos especialmente na
(MATSUMOTO, 1991), isso levou a toxicidade do alumínio em valores de pH
hipótese de que a divisão celular foi neutro e ligeiramente básico (7,0 e 7,5)
prejudicada por causa das interações do para verificar se nessas condições o
alumínio com o DNA nuclear. Este metal alumínio apresenta toxicidade; já que solos
apresenta uma alta afinidade de ligação naturalmente ácidos, como o do Cerrado,
para liberar trifosfatos de nucleotídeos e tem sido tratados de forma a corrigir a
um modelo foi proposto para toxicidade acidez para que se torne próprio para o
baseado na sua ligação ao ATP (adenosina plantio (FAGERIA, 2000).
trifosfato) no citoplasma (PETTERSSON e
BERGMAN, 1989).

METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho empregou-se uma solução controle, que é


seguiu os procedimentos descritos por aquela no qual o meio de cultivo não
SOUZA et al., (2019), para a produção da apresenta qualquer concentração de
solução de nutrientes e do meio de cultivo. alumínio.
A escolha desta técnica se deu pelo uso de Utilizar este controle tem duas
sementes como organismos testes, razões principais, a primeira é para
produção de meio de cultivo com rígido comparar os resultados com as amostras
controle dos valores de pH, elevada que apresentam concentrações de alumínio,
sensibilidade e baixo custo. Como sendo que a solução controle é
organismos testes empregou-se sementes representada nas figuras como a de zero
das espécies Brassica oleracea L. (Couve) concentração em alumínio. O controle
e Raphanus sativus L. (Rabanete). representa as condições ideais de
Segundo Pelegrini et al., (2014), ao desenvolvimento das plântulas e, portanto,
utilizar plantas como organismos teste em considerada como crescimento 100%. O
ensaios toxicológicos é necessário elaborar controle é fundamental para quantificar os
um meio de cultivo com as condições efeitos tóxicos. A segunda razão é que o
nutricionais otimizadas visando o controle pode ser usado para fazer
desenvolvimento ótimo das plântulas. A comparações com os dados apresentados
falta de algum nutriente apresenta na Figura 1 pelo fato do crescimento das
respostas que podem ser confundidas com plântulas terem sido diferentes em função
estresse por poluente. Os ensaios devem dos fatores climáticos distintos dos
ser realizados no mesmo valor de pH, apresentados na Figura 2. Utilizando o
dados de toxicidades realizados em meio controle pode-se fazer uma estimativa do
de cultivo com valores de pH diferentes tamanho das plântulas se os experimentos
não tem validade científica. fossem realizados naquelas condições.
Em todos os estudos realizados para
avaliar a toxicidade do alumínio
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Crescimento das plântulas em função mortos ou vivos, taxa de reprodução,
dos valores de pH comprimento e massa corpórea, número de
Foi realizado um estudo prévio com anomalias ou incidência de tumores,
sementes de cinco espécies de hortaliças alterações fisiológicas e a densidade e
em meio de cultivo com diversos valores diversidade de espécies numa determinada
de pH com objetivo de selecionar duas que comunidade biológica (BOCHI–SILVA et
apresentassem bom desenvolvimento para al., 2007).
facilitar a análise das amostragens. Os Quando se usa plantas como
resultados dos desenvolvimentos das organismos testes o efeito mais comumente
plântulas estão apresentados na Figura 1. observado é a inibição do crescimento ou a
Os estudos foram realizados por um morte da espécie. As funções metabólicas e
período de 7 dias, entre 10 a 17 de agosto bioquímicas dos elementos químicos ligam
de 2018, no Centro de Ciências Agrárias a nutrição de plantas aos aspectos da
da Universidade Federal de São Carlos, fisiologia e da bioquímica vegetal e da
campus de Araras SP, situado nas biologia molecular (Pelegrini et al., 2014).
coordenadas 22o18’55” S e 47o22’52” O. GOLDSTEIN et al. (1990),
Neste local, na data do experimento, foram estudando os efeitos causados por
apresentadas as temperaturas máximas determinado agente tóxico aos organismos
especificadas na Figura 2. denominaram os efeitos em: efeito agudo e
efeito crônico, sendo que, a principal
Quantificação do crescimento das diferença entre eles é por serem realizados
plântulas no estudo em períodos de tempo diferentes:
Para quantificar o crescimento das Efeito Agudo: É uma rápida manifestação
plântulas couve e rabanete observou-se a dos organismos a um determinado estímulo
região do meio de cultivo onde as espécies em período de 0 a 96 horas. Para conseguir
apresentavam desenvolvimento mais uma resposta significativa pode-se utilizar a
homogêneo. Desta região retirou-se três concentração efetiva (CE50), que se refere à
plântulas, de forma aleatória, cada frasco quantidade de poluente que causa efeito
da triplicata e realizou-se a medição sem tóxico a 50% dos organismos testados.
considerar as raízes (Figura 3), conforme Efeito Crônico: É uma manifestação
indica a regra RUSET explicitada por prolongada a um determinado estímulo em
SOUZA et al., (2019). períodos superiores a 96 horas, tendo como
As plântulas foram retiradas do característica a sub-letalidade, ou a
meio de cultivo e medidas em milímetro, alteração das funções biológicas dos
utilizando-se a média aritmética para organismos como o crescimento, por
estabelecer o crescimento das plântulas exemplo. Para isso são testadas doses cujos
naquelas condições. resultados calcula-se a Concentração de
Efeito Não Observável (CENO), ou seja, a
Estudos Toxicológicos maior concentração do composto químico
A Toxicologia estuda os efeitos onde não se observam efeitos deletérios
adversos provocados por determinada estatisticamente significativos, e
substância a um dado organismo. Os Concentração de Efeito Observável (CEO),
efeitos sobre os organismos vivos podem que significa a menor concentração do
ser quantificados por uma variedade de composto químico onde se observam efeitos
critérios tais como: número de organismos deletérios estatisticamente significativos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escolha das espécies se deu com 1. O período de insolação e calor no local


os resultados do estudo prévio com pode ter influenciado o bom
hortaliças em diferentes valores de pH, desenvolvimento das plântulas.
cujo resultado estão apresentados na figura
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Foi observado um melhor crescimento na presença de baixas
desenvolvimento para o rabanete concentrações de alumínio (KERBAUY,
(Raphanus sativus L.) em todos valores de 2004). Algumas espécies de plantas
pH e da couve (Brassica oleracea L.) que acumulam alumínio em grande quantidade
apresentou um desenvolvimento crescente na parte aérea. Tais plantas são
no valor de pH 7,5 (em comparação com frequentemente chamadas
resultados nos valores de pH anteriores), o hiperacumuladoras e são plantas tropicais e
que foi decisivo para a seleção das duas subtropicais. Infelizmente, não há muita
espécies para iniciar os estudos de informação na literatura sobre o
toxicidade frente às concentrações do mecanismo, localização celular e formas
alumínio. químicas deste elemento que se acumula
nessas plantas (VITORELLO et al., 2005).
Estudo da Toxicidade Crônica A toxicidade crônica dos íons Al+3
provocada pelo alumínio para a espécie Brassica oleracea L.
Para realizar os estudos de (couve) em valores de pH 7,5 mostrou que
Toxicidade Crônica do alumínio para as a concentração máxima de efeito não
espécies Raphanus sativus L. e Brassica observável (CENO) apareceu em 10mg.L-1
oleracea L. foi escolhido um período de 7 e a concentração mínima que apresentou
dias (168 horas). No caso deste estudo foi efeito tóxico (CEO) em 12 mg.L-1 Figura
considerado o CENO a maior concentração 5.
de alumínio que não se observou nenhum Observando os resultados de
efeito de redução do crescimento das Toxicidades Crônica dos íons Al+3 para as
plântulas e CEO a menor concentração de espécies Brassica oleracea L. (couve
íons Al+3 que demonstrou reduções no manteiga) e Raphanus sativus L.
crescimento das espécies estudadas. (rabanete), os ensaios mostraram uma
Nos estudos de toxicidade crônica considerável manifestação em baixíssimas
empregando os íons Al+3 como agente concentrações de alumínio, produzindo
estressor para a espécie Raphanus sativus determinados estímulos os quais
L. (rabanete) no valor de pH 7,0 observou- demonstraram que mesmo em valores de
se o aparecimento da concentração máxima pH neutros, os íons Al+3 apresentam-se
que não se observa efeito tóxico (CENO) bastante tóxicos podendo contribuir
em 30mg.L-1 e, em 40mg.L-1, a severamente para redução do
concentração mínima que apresenta efeito desenvolvimento das espécies.
tóxico (CEO). Esses dados são
apresentados na Figura 4. Estudo da Toxicidade Aguda provocada
Também pôde ser observado um pelo alumínio
estímulo do crescimento do rabanete até as Para realizar os estudos da
concentrações de 20mg.L-1. Apesar de não Toxicidade Aguda provocada pelo
ser conhecido que o alumínio possa ser alumínio para as espécies Raphanus
utilizado por algum organismo, visto que sativus (rabanete) e Brassica oleracea L.
os sistemas biológicos são aparentemente (couve) foi escolhido um período de 4 dias
incapazes de manejar de forma eficaz os (96 horas). No caso deste estudo foi
cátions trivalentes livres do alumínio, e considerado o CE50 quando o crescimento
devido à alta afinidade de ligação do das plântulas atingiu a metade do tamanho
alumínio para os componentes celulares do crescimento das que se desenvolveram
das raízes, geralmente esse íon não é sem o agente estressor (controle).
transportado para as partes superiores das Nos estudos de Toxicidade Aguda
plantas, mesmo quando o crescimento das empregando os íons Al+3 como agente
raízes é severamente inibido (MARIANO estressor para a espécie Raphanus sativus
et al., 2005). (rabanete) no valor de pH 7,0 observou-se
Entretanto, em algumas espécies de que o aparecimento da concentração
plantas tem sido observado um estimulo ao efetiva (CE50) em torno de 200mg.L-1 de
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alumínio, que se refere à quantidade de Analisando os resultados de
alumínio que causou efeito tóxico para Toxicidades Aguda dos íons Al+3 para as
reduzir o crescimento da plântula para espécies Brassica oleracea L. (couve) e
aproximadamente 50% do tamanho Raphanus sativus L. (rabanete), observa-se
observado no controle (Figura 6). que mesmo em valores de pH neutros, os
Nos estudos de Toxicidade Aguda íons Al+3 causam efeitos que podem
dos íons Al+3 para a espécie Brassica contribuir severamente para inibir o
oleracea L. (couve) no valor de pH 7,5 foi desenvolvimento das espécies estudadas.
observado que o aparecimento da Isso indica um elevado grau de impacto
concentração efetiva (CE50) em torno de provocado pelas concentrações de
300mg.L-1 de alumínio, que se refere à alumínio, tendo em vista que as
quantidade de alumínio que causou efeito características da toxicidade aguda para os
tóxico para reduzir o crescimento da organismos que em alguns casos podem
plântula para aproximadamente 50% do chegar à letalidade.
tamanho observado no controle (Figura 7).

Gráfico comparativo da média do crescimento em função dos valores de pH

80,0
Média do tamanho da plântula (mm)

70,0 67,3

58,6
60,0 56,0

50,0 46,3 46,0


43,0 44,3 45,3
43,0
40,0
33,3 32,3
30,0 28,0
27,3 27,6 24,0
26,0
22,0 20,3
19,0
20,0 18,3 16,3 15,6
13,6 13,0
10,0
10,0
0,0
5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
pH
Rabanete Couve Repolho Almeirão Alface

Figura 1 – Estudo do desenvolvimento médio das plântulas em meios de cultivos preparados


em diversos valores de pH.

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Temperaturas máximas apresentadas no


32 período de 10 a 17 de agosto de 2018

30
30
29

Temperatura C
o
28
27 27

26
25 26
24
24

22
22

8 8 8 8 8 8 8 8
/0 /0 /0 /0 /0 /0 /0 /0
10 11 12 13 14 15 16 17
Data (agosto 2018)

Figura 2 – Temperaturas máximas apresentadas no período de 10 a 17 de agosto de 2018.


Fonte: Condições meteorológica do mês em Araras-SP (www.accuweather.com)

Figura 3 - Comprimento das plântulas cultivadas em meios de cultura com concentrações de


íons alumínio.

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Toxicidade Crônica
Raphanus sativus L. em concentrações de Alumínio
(meio de cultivo valor pH 7,0)
140

120 119
106
Desenvolvimento (%)

100 100 100 97


84
80

60

CENO

CEO
40

20

0
0 10 20 30 40 50
Concentração de Al (mg.L-1)

Figura 4 – Estudo da Toxicidade Crônica do alumínio para a espécie Raphanus sativus L. em


meio de cultivo no valor pH 7,0.

Toxicidade Crônica
Brassica oleracea L. em concentrações de Alumínio
(meio de cultivo valor pH 7,5)
120

100 100 100 96,7


Desenvolvimento (%)

80 76
63,3 63,3
CENO

60
CEO

40

20

0
0 10 12 14 16 18
Concentração de Al (mg.L-1)

Figura 5 - Estudo da Toxicidade Crônica do alumínio para a espécie Brassica oleracea L. em


meio de cultivo no valor pH 7,5.

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Toxicidade Aguda
Raphanus sativus L. em concentrações de Alumínio
(meio de cultivo valor 7,0)
120%

100%
100%
85,3%
Desenvolvimento (%)

80% 76,5%

59,4%
60%
47,0% CE50
40% 35,3%

20%

0%
0,0 30 50 100 200,0 300,0
Concentração de Al (mg.L-1)

Figura 6 – Estudo da Toxicidade Aguda do alumínio para a espécie Raphanus sativus L. em


meio de cultivo no valor pH 7,0.

Toxicidade Aguda
Brassica Oleracea L. em concentrações de Alumínio
(meio de cultivo valor 7,5)
120%
100%
100%
Desenvolvimento (mm)

88,2% 85,3%
80% 75,3%
58,8%
60% 51,2% CE
50

40%

20%

0%
0,0 30 50 100 200,0 300,0
Concentração de Al (mg.L-1)

Figura 7 - Estudo da Toxicidade Aguda do alumínio para a espécie Brassica oleracea L. em


meio de cultivo no valor pH 7,5.

CONCLUSÕES

Apesar de a literatura científica estudo pôde ser comprovada as


afirmar que a toxicidade do alumínio Toxicidades Agudas e Crônicas dos íons
ocorre somente em valores de pH abaixo Al3+ em valores de pH 7,0 e 7,5 para as
de 5,5 devido a sua solubilidade, neste
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espécies Raphanus sativus L. (rabanete) e foi verificado que alguns compostos
Brassica oleracea L. (couve). poluentes são severamente tóxicos para
Segundo Vitorello et al., (2005), a algumas espécies que mesmo insolúveis
toxicidade do alumínio tem sido apresentam-se biodisponíveis e podem
frequentemente associada às perturbações produzir anormalidades, provocando
induzidas pelos íons Al3+ no metabolismo alterações de amplas proporções no
celular do Ca2+. Porém, em valores de pH desenvolvimento do organismo.
em torno de 7,3 a concentração de Diante disto, este estudo traz a
alumínio livre é tão limitada que não necessidade de elucidar os efeitos
consegue competir com Mg, Ca e Fe ao encontrados pelo alumínio em valores de
citoplasma das plantas. pH neutro e ligeiramente básicos e
Contudo, nos estudos entender claramente os mecanismos que
desenvolvidos por Botta-Paschoal (2005), provocam tal toxicidade.

AGRADECIMENTOS

Este estudo foi desenvolvido a partir Federal de São Carlos (UFSCar). Os


do Programa de Educação Tutorial - PET autores agradecem o suporte técnico e as
Licenciatura em Química bolsas cedidas pela CAPES por meio do
(PET/MEC/SESu/DIFES), Centro de Programa PET.
Ciências Agrárias (CCA) - Universidade

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