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RESUMO: INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ETANOL NAS GLÂNDULAS

SALIVARES

GRUPO: JOSÉ RICARDO SAMPAIO MENEZES, JULIANE MARIA DO


NASCIMENTO RIBEIRO, JULIANO JOAQUIM DA SILVA JUNIOR, KETULLY
RAMOS ROBERTO LUNA, LARISSA LORENA BARROS SILVA, LÍVIA DA SILVA
SOUTO MAIOR, LUCAS RODRIGUES DA COSTA SANTOS

TURMA: ODONTOLOGIA 2022.2

1. Revisão:

A população vem consumindo cada vez mais bebidas alcoólicas que,


consequentemente, resultam em alterações na saúde da boca. A saliva produzida
pelas glândulas na boca tem diversas finalidades, como agente tamponante do pH
bucal, atuando no processo de desmineralização e remineralização dentária, digestão
de carboidratos e ação bactericida e antioxidante. A finalidade deste trabalho é
apresentar as mudanças causadas pelo etanol nos aspectos morfológicos, funcionais
e moleculares da boca.

As glândulas salivares foram uma das primeiras estruturas nas quais a


influência do consumo de etanol foi observada, pois há relatos clínicos de sialose
(aumento assintomático) das glândulas parótidas em pessoas com cirrose hepática e
alcoolismo crônico. O aumento de volume das glândulas parótidas e submandibular
acorrem devido ao acúmulo de tecido adiposo, além da diminuição na proporção das
células acinares das parótidas, levando à atrofia dessas glândulas. Além disso, as
glândulas salivares dos indivíduos alcoolistas apresentaram acúmulo de grânulos
basófilos e maior infiltração periductal de linfócitos.

Como uma parte introdutória, é possível constatar que o consumo crônico de


etanol faz com que haja um acumulo de tecido adiposo e de gotículas lipídicas,
comprometendo a forma das glândulas salivares e, consequentemente, a sua
capacidade. Nos estudos de Segerberg-Konttinen e Dale, o consumo crônico do
etanol acelerou o processo de inflamação nessas regiões e levou ao envelhecimento
precoce. Já nos estudos de Maier, em ratos, foi constatada a diminuição do fluxo de
saliva, na atividade da amilase e da concentração de sódio no consumo crônico de
etanol, inferindo que em todos os casos ocorre algum tipo de modificação no
funcionamento normal dessas regiões.

Por meio das observações feitas a partir da pesquisa com injeção de etanol em
ratos, é possível inferir que o consumo de álcool provoca predisposição a infecções
na mucosa bucal, uma vez que prejudica a atividade das células do sistema
imunológico, como macrófagos e neutrófilos tendo suas funções comprometidas.
Além disso, as lesões de cárie são mais suscetíveis, já que o álcool altera a produção
da solução tamponante da boca, a saliva, e a redução do fluido da boca altera o pH
ideal para proteção e remineralizarão dos dentes, tornando-o favorável à proliferação
de bactérias cariogênicas adaptadas ao meio ácido. E, por fim, também são notórias
as alterações na gengiva, a periodontite, ou inflamações no tecido de sustentação do
dente, em razão da ausência ou diminuição de imunoglobulinas na boca por
consequência da ingestão de bebidas alcoólicas.

Wu Wang et al. avaliaram a síntese de prostaglandinas (PG) em glândulas


parótidas e submandibulares de ratos visando a análise das alterações na morfologia
e fluxo das glândulas salivares, posto que as prostaglandinas estimulam a secreção
salivar. Os resultados desse estudo mostraram a redução significativa da PG2 e
PGF2, além de uma diminuição ínfima da 6ketoPGF1, como resultado do consumo de
grandes quantidades de etanol. Logo, a patogenia do dano causado pelo consumo de
etanol envolve uma menor produção de prostaglandinas, levando à redução do fluxo
salivar.

Eles aprofundaram o estudo analisando os receptores de prostaglandinas nas


glândulas submandibulares dos ratos e descobriram que há um aumento no número
de receptores devido à adaptação do organismo frente à redução de PG para manter
a homeostase do mecanismo de secreção, mas ainda em proporção insuficiente para
impedir a redução do fluxo salivar.

Em parte, a grande preocupação dos pesquisadores quanto ao consumo do


etanol era devido ao seu mecanismo de degradação: o acetaldeído, que é uma
substância com potencial mutagênico e carcinogênico. Homann et al., em um estudo
in vitro, incubaram microrganismos salivares em concentrações crescentes de etanol
e perceberam que a concentração de clorexidina diminuía a produção de acetaldeído
devido ao seu potencial antimicrobiano. Portanto, os microrganismos na saliva
produzem acetaldeído a partir da degradação do etanol e há uma maior produção de
acetaldeído na saliva de pessoas com má higiene bucal. Desse modo, o dano bucal
causado pelo consumo do etanol tem dois mecanismos: os microrganismos
produzindo acetaldeído e a diminuição do fluxo salivar.

O metabolismo do álcool é responsável também pela formação dos radicais


livres (RL), elementos instáveis que reagem com moléculas biológicas gerando danos
como mutação e morte celular. O organismo possui mecanismos capazes de
neutralizar a ação dos RL, entretanto, o consumo de etanol pode diminuir essa ação.
Nesse sentido, o desequilíbrio entre a ação dos antioxidantes e os RL causa o
estresse oxidativo, que pode ocasionar o câncer de boca.

Outros estudos também identificaram o estresse oxidativo como um dos


causadores de problemas envolvendo as glândulas salivares. Tais complicações são
provocados pelo consumo de etanol. Nesse contexto, a redução do fluxo salivar
poderia potencializar o estresse oxidativo localmente na boca. Além disso, o consumo
crônico do etanol diminui a ação da “lavagem” das superfícies mucosas, deixando-as
mais expostas à ação de outros carcinógenos.

2. Conclusão:

O consumo de álcool pode provocar diversas alterações nas glândulas


salivares, o que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças bucais como
cárie, periodontite e câncer de boca. Isso ocorre porque o etanol afeta tanto a fisiologia
quanto o aspecto clínico das glândulas salivares, reduzindo o fluxo salivar e
redistribuindo na cavidade bucal o acetaldeído, um metabólito tóxico produzido pela
degradação do álcool. É importante que pacientes alcoolistas tenham visitas
periódicas ao dentista e realizem um rigoroso controle de placa para prevenir essas
doenças bucais.

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