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Estudo da Cinética de Decomposição do Acetato de Etila

Dabir Hadassa Y. Miranda Pinto, Michelle Machado Veiga da Rocha, José C. Cardoso
Filho
Universidade Federal do Pará - Rua Augusto Corrêa, 01 - Belém - Pará - Brasil
dabir.pinto@itec.ufpa.br
michelle.rocha@itec.ufpa.br

Introdução

A reação entre o ácido acético e o etanol à 100°C na presença de um ácido forte gera
como produto o acetato de etila, um éster incolor que possui odor suave adocicado, ponto de
ebulição aos 77,1°C e ponto de fusão de -84°C, sendo muito utilizado como solvente e
agente diluidor (ALMEIDA; DEMITO, 2019). Quando associado a uma base forte, como o
NaOH, ele é hidrolisado e resulta em acetato de sódio e álcool etílico (Equação 1), produtos
importantes que têm fins diversos na indústria, como na produção de cosméticos, aplicações
em alimentos, desnitrificação de águas residuais, etc (SOUZA et al., 2018, p.110).

C 4 H 8 O2 + NaOH k C3 COONa+C 2 H 5 O Eq. (1)


As leis de velocidade consistem em uma equação que dá a velocidade de reação em


função das concentrações de todas as espécies presentes na reação química global. Trata-se
de equações diferenciais que são determinadas experimentalmente e precisam ser integradas
caso se queira obter as concentrações em função do tempo (ATKINS; DE PAULA, 2008). A
Equação 1 se trata de uma reação de segunda ordem devido as considerações realizadas nas
Equações 2 e 3.
Eq. (2)
[ C 4 H 8 O2 ]= [ NaOH ]=¿
−d ¿ ¿
Eq. (3)
Logo, objetiva-se investigar a cinética da hidrólise do C 4H8O2 através de
medidas do pH da solução entre o éster e o NaOH.

Experimental

As soluções de acetato de etila e hidróxido de sódio 0,02M foram fornecidos pelo


Laboratório de Corrosão, anexo do Laboratório de Engenharia Química da UFPA. Com o
auxílio da proveta de 100 mL transferiu-se 120 mL de acetato de etila para o erlenmeyer e
meçou-se o pH através do pHmetro da marca HANNA, modelo HI9813-6, o qual foi de 4,2.
Em seguida, inseriu-se 120 mL da solução de hidróxido de sódio (NaOH) e aguardou-se a
estabilidade do aparelho para acionar o cronômetro e anotar os valores de tempo e variação
do pH no intervalo de 0,1. Foram coletados 8 pontos e verificou-se o comportamento dos
dados em relação a cinética da hidrólise do acetato. Segue abaixo as equações utilizadas para
análise.
pH =−log ¿

pOH =−log ¿ Eq. (5)

pH + pOH =14

Resultados e Discussão

A reação de hidrólise envolvendo o Acetato de Etila (C4H8O6) com o Hidróxido de


Sódio (NaOH) é, caracteristicamente, alcalina. Sendo assim, para estabelecer a concentração
em função do pH, deve-se calcular, primeiramente, a variação de pOH a partir das medidas de
concentração de OH-, uma vez que por lógica, as moléculas de Hidroxila, responsáveis por
quebrar a molécula de Acetato de Etila, terão a concentração reduzida com o aumento do
tempo de reação até finalmente atingir o ponto de equilíbrio. A tabela 1 contém o tempo
marcado para cada medida de pH experimental, bem como os dados auxiliares na construção
do gráfico que descreve o seu comportamento em função do tempo.
Tabela 1 – Os tempos de reação para diferentes valores de pH, concentrações de
hidróxido (OH-) e sua medida inversa na solução.

Tempo (s) pH pOH [OH-] 1/[OH-]


0 11,3 2,7 0,001995 5,01E+02
506 11,2 2,8 0,001585 6,31E+02
941 11,1 2,9 0,001259 7,94E+02
1415 11,0 3,0 0,001 1,00E+03
1819 10,9 3,1 0,000794 1,26E+03
2252 10,8 3,2 0,000631 1,58E+03
2706 10,7 3,3 0,000501 2,00E+03
3093 10,6 3,4 0,000398 2,51E+03

Fonte: Autores (2023)


Tratando-se de uma reação de segunda ordem, podemos descrevê-la através da
equação cinética para velocidade de reações de segunda ordem (Equação 3) e, portanto, ao
realizar sua integração temos uma expressão de formato linear para uma reta [y(x)= a + bx],
onde “a’ é a inclinação e “b” a intersecção de “y” com a reta. Logo, através da construção do
gráfico pode-se realizar a dedução de k (termo dependente do tempo) se entendermos que k
equivale ao coeficiente linear.
Outrossim, para efeito analítico, podemos verificar se uma reação é de segunda ordem
ou não por meio da construção do gráfico 1/[A] em função de t (tempo) e observar se os
pontos podem ser interpolados linearmente. Assim, utilizando os dados coletados no
experimento, podemos fazer a devida consideração no Gráfico 1, na demonstração de 1/[OH -]
contra o tempo (s)
Gráfico 1 – Concentração inversa de OH- em função do tempo para uma reação de
Segunda Ordem.

3000

2500

2000 f(x) = 0.632235403739013 x + 278.477375395046


R² = 0.94034294435766
1/[OH-]

1500

1000

500

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

t (s)

Fonte: Autores (2023)

Verifica-se que o coeficiente de velocidade “k” para essa reação é 0,6322 e o R


quadrado é 0,9403, ou seja, a equação explica mais que 90% dos dados observados e os dados
correlacionados possuem uma boa adequação do modelo, no entanto, não adequado o
suficiente para expressar corretamente o comportamento de tendência linear, isto é, a relação
diretamente proporcional da concentração inversa com o tempo, uma vez que a linha de
tendência não descreveu uma reta no Gráfico 1, estando em alguns pontos “meio curva” ou
“convexa”. Supõe-se que isso é devido a uma alta variabilidade dos dados, ou até mesmo,
uma discrepância de comportamento dentro dos valores experimentais ao não seguir a
tendência geral dos dados (outliers).
Todavia, sabe-se que a curva que descreve o comportamento da concentração inversa
com o tempo é uma reta linear, indicando que a velocidade da reação é diretamente
proporcional à concentração dos reagentes.
Conclusão

Ademais, podemos concluir que a reação entre acetato de etila e hidróxido de sódio
causa uma variação significativa no pH da solução ao longo do tempo. A concentração
inversa pelo tempo demonstra que a Equação 3 é válida na descrição do processo expresso no
gráfico.
A observação dos dados experimentais no presente experimento é relevante não
apenas para entender o comportamento químico da reação estudada, mas também para um
possível aprimoramento de processos industriais que utilizam esses compostos. Com a
compreensão da variação do pH com o tempo, podemos ajustar as condições de reação para
obter um produto final de maior qualidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Gustavo Zaluski de; DEMITO, Matheus Lopes. Desenvolvimento de


processo químico para a recuperação de hexanos em mistura com acetato de etila,
via hidrólise alcalina. 2019. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Engenharia Química) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa,
2019.
ATKINS, P; DE PAULA, J. Atkins, físico-química. Rio de Janeiro LTC, 2008. V.2
ISBN978-85-216-1601-6.
SOUZA, D. A. A. de; OLIVEIRA, G. N. de; VALÉRIO, P. P. Estudo Cinético:
Hidrólise Alcalina de Ésteres. e-xacta, Belo Horizonte, v. 11, n. 1, p. 109-118. (2018).
Editora UniBH
doi: 10.18674/exacta.v11i1.2452

Maio, 15 de 2023 (Pará), Brazil

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