Aproximadamente dois meses antes da conclusão do Concílio ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI promulgou a Declaração Gravissimum Educationis sobre a educação cristã. Estruturada com introdução, 12 artigos e a conclusão, a declaração se esforça para destacar que a missão de educar, que é própria da sociedade e da família, também deve ser assumida pela igreja, posto que esta, como mãe e mestra, cuida de todo o homem e do homem todo de maneira integral. Exortando aos pastores de almas que ponham em prática o direito que todos os cristãos têm à educação cristã, o documento oferece quatro implicações concretas para a vida pastoral, a saber: a instrução catequética, a presença da igreja nos meios de comunicação, a fundação e manutenção de escolas católicas, faculdades e universidades e a valorização dos trabalhos com a juventude universitária. A instrução catequética, primeiro aspecto, é sem dúvida alguma a base de fé, que faz resplandecer a luz do Cristo ressuscitado no coração de cada crente e o move em direção à vida eclesial e pastoral. Ela é um dos mais importantes aspectos do munus educativo da Igreja, que deve ser valorizado através da ação dos ministros ordenados e dos catequistas (cânon 780 do CIC), para que os fiéis alimentem sua fé. O segundo grande aspecto da vida pastoral destacado no texto é a formação dos fiéis para atuarem nos meios de comunicação social. Indubitavelmente, desde a elaboração desta declaração, a transformação sofrida pelos meios de comunicação é enorme, entretanto, hoje mais do que nunca, continua atual o desejo da Igreja que seus filhos sejam formados para testemunharem sua fé nos grandes areópagos do mundo moderno, e especialmente do mundo digital. Posteriormente, o mesmo Papa Paulo VI promulgaria aos 08 de dezembro 1975 a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, sobre a evangelização no mundo contemporâneo, na qual abordou com mais insistência o tema da evangelização nos meios de comunicação. Outro aspecto importantíssimo no documento do Papa Paulo VI é a importância das escolas, faculdades e universidades católicas, como forma para manifestar a presença da Igreja no ambiente da educação. Sem desacreditar as escolas não católicas, o texto põe especial relevo na presença da Igreja nos ambientes de ensino como forma de contribuir na realização plena da missão dos fiéis e promover o intercâmbio entre a comunidade eclesial e a sociedade. Incentivando todos os que frequentam os ambientes escolar católico, a declaração incentiva escolas, faculdades e universidades católicas a serem testemunhas de Cristo e sinal de Deus no meio dos homens. A pastoralidade do documento ainda se manifesta de modo visível e particular nos últimos artigos, quando se aborda o tema do apoio da Igreja à chamada juventude universitária, através de residências e centros que sejam espaço de acolhida e promoção humana. Este último aspecto que destacamos no documento evidencia o papel dos jovens e educadores, grandes destinatários deste documento, que são convidados a acolher com generosidade as exortações do magistério da Igreja. Vemos, portanto, que a Declaração Gravissimum Educationis sobre a educação cristã possui desdobramentos pastorais muito concretos, que podem ser colocados em prática na Igreja de diversas maneiras, seja na catequese, nos meios de comunicação, nas escolas, faculdades ou universidades católicas ou no atendimento aos jovens universitários. Guiados pelo Espírito Santo, os padres conciliares aprovaram este documento numa votação com 2.290 votos a favor e 35 contrários. Como a maioria dos documentos conciliares, o texto é claro, objetivo e profundamente pastoral. Mesmo tendo passado seis décadas desde a sua promulgação, ainda hoje compreendemos como foi acertada a sua elaboração e promulgação na esteira das grandes reformas conciliares.