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Eletrônica Geral (ERE) - Professor Patrick Mendes dos Santos.

CEFETMG - Campus II - Departamento de Engenharia Elétrica.


Curso: Engenharia Elétrica.
Disciplina: Eletrônica Geral.
Professor: Patrick Mendes dos Santos.

1 PROJETO 2

O segundo projeto de Eletrônica Geral envolve o estudo de amplificadores diferenciais e multiestágio,


suas propriedades básicas e a dependência de seu funcionamento com a polarização do circuito. Todas
as atividades estarão centradas num projeto simplificado de amplificador operacional. O amplificador
operacional contará com três estágios: amplificador diferencial com carga ativa de entrada, amplificador
de sinal (fonte comum) e amplificador de potência (dreno comum). Os detalhes de cada amplificador es-
tão na Tabela 1 e também na planilha de distribuição de temas do projeto (AVA). A tabela abaixo segue
uma distribuição de polaridades, mas a polaridade inicial de cada grupo deve ser consultada também
na planilha do AVA.
O estudo dos amplificadores multiestágio envolverá uma progressão gradual, estágio por estágio,
tratando para cada um deles as diversas figuras de mérito que interessam. A saber: ganho, resistências
(impedâncias) de entrada e saída, consumo de potência, faixa de passagem e requisitos operacionais.
Tudo para, ao final do projeto, cada grupo ter o seu amplificador operacional para amplificar o sinal
vindo do fotodiodo, com o mesmo arranjo do Projeto 1. E com conhecimento de parâmetros básicos
desse amplificador operacional: ganho diferencial, ganho em modo comum, razão de rejeição de modo
comum e impedâncias.
Além disso, serão estudados a estabilidade e a compensação em frequência interna do amplificador
operacional que será projetado.
TABELA 1: Configuração do Amplificador Operacional.

1o Estágio 2o Estágio 3o Estágio Alimentação

Dif. NMOS FC PMOS DC PMOS +/- VDD /2

Dif. PMOS FC NMOS DC NMOS +/- VDD /2

Em que:
• Dif.: Amplificador Diferencial. A polaridade de transistor se refere aos transistores amplificadores
do diferencial. A polaridade do diferencial obedecerá àquela que foi estabelecida para cada grupo.
• FC: Fonte comum.
• DC: Dreno comum.

Logo, cada grupo deverá ter um projeto de amplificador operacional, idealmente já compensado
em frequência ao final do segundo projeto. Para tanto, as atividades serão distribuídas de forma que
o resultado final possa ser alcançado se todo o grupo trabalhar adequadamente durante as duas fa-
ses do projeto. Todo o segundo projeto deverá ser desenvolvido em nível de simulação, sendo que

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referências a expressões teóricas poderão ser feitas a qualquer instante do projeto de forma a justifi-
car/suportar/corroborar os métodos e resultados alcançados.
Uma observação importante é que o ganho total do amplificador operacional deverá ser não-inversor.
Logo, para o projeto em questão, o ganho do amplificador diferencial deverá ser negativo para que, em
composição com o estágio fonte comum, o ganho total seja positivo. Lembrando que o ganho do dreno
comum é não inversor.
Na etapa de Acompanhamento será elaborado o amplificador diferencial de entrada. Os demais
estágios e a compensação, na etapa de Finalização.

1.1 ACOMPANHAMENTO DO PROJETO 2

O grupo fará um estudo do amplificador diferencial e da sua implementação na tecnologia CMOS indi-
cada em 25 oC. Nesse etapa, o termistor não precisa ser levado em consideração. O norte do grupo será
tão somente um amplificador diferencial com a maior razão de rejeição ao modo comum possível1 . Isso
será mostrado da seguinte forma:

1. Cálculo/levantamento dos seguintes parâmetros do amplificador diferencial:

(a) Ponto de operação: qual a corrente de polarização será usada para o amplificador e os efeitos
de circuito sobre essa corrente.
(b) Ganho diferencial: relação entre o sinal de saída e o sinal diferencial de entrada.
(c) Ganho de modo-comum: relação entre o sinal de saída e o sinal de modo-comum de entrada.
(d) Faixa de tensão de modo-comum: faixa de valores de tensão de modo-comum que ainda
permitem que o amplificador funcione tal como desejado.
(e) Faixa de passagem do amplificador em modo diferencial.
(f) Faixa de passagem do amplificador em modo-comum.
(g) Tensão contínua de saída do amplificador: lembre-se que esse nível de tensão irá polarizar o
estágio fonte-comum do estágio seguinte.

2. Estudo da razão de rejeição ao modo-comum (CMRR): como a razão entre o ganho diferencial e o
ganho de modo-comum se comportam com a polarização do amplificador operacional. Verificar
o funcionamento do amplificador diferencial à luz da variação na polarização.
3. Definição da faixa linear de entrada diferencial e quais os níveis de saturação serão possíveis com
esse amp. diferencial: máxima tensão na saída.
4. Verificar o efeito da temperatura sob condições padrão: aquelas definidas como sendo as mais
interessantes para se conseguir o ganho diferencial planejado. O efeito da temperatura aqui é
apenas no circuito do amplificador e não é necessário um estudo sobre o termistor.
5. (Extra - Opcional) Faixa de passagem da CMRR com a frequência indicando em que faixas há a
predominância de que comportamento do amplificador.
1 Há uma sequência de vídeos (1, 2 e 3) no Youtube mostrando o passo a passo de um "projeto"de amplificador diferencial.

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6. (Extra - Opcional) Definição da faixa de flutuação contínua do amplificador diferencial que o


permita funcionar linearmente. Diferentes valores para tensão contínua diferencial de entrada
deverão ser utilizados de forma a se definir quais os valores extremos entre os quais consegue-se
manter uma saída linear.
Observações práticas acerca das simulações do amplificador diferencial:

(a) O “projeto” do amplificador diferencial deve ser o mais simples e menor possível: a disciplina
não é de projeto e sim de análise. Basta que se faça 1 (um) projeto que funcione e tentar, a
partir de pouquíssimas variáveis (uma ou duas, no máximo) melhorar a razão entre o ganho
diferencial e o ganho em modo comum, tornando-o o maior possível. Variáveis sugeridas
para a finalização: a resistência de referência e a razão de aspecto dos transistores da carga
ativa do amplificador diferencial.
(b) Identifique as entradas diferenciais: inversora e não-inversora. A saída do amplificador di-
ferencial é definida como sendo não inversora, logo fica mais fácil fazer avaliações sobre o
ganho, faixa de passagem (e fase, consequentemente), etc. aplicando-se os sinais de forma a
se ter tensão diferencial positiva na saída.
(c) Utilize sinais de pequena amplitude (em torno de 1 mV) para as simulações para verificar o
ganho (evitando saturação). Após a verificação do ganho, pode-se aumentar a amplitude da
entrada tornando possível atingir as regiões de saturação. Use baixa frequência de entrada:
1 kHz.
(d) Mantenha os nós e dispositivos devidamente identificados para que não se perca na avaliação
das tensões e correntes presentes no circuito.
(e) Se a simulação for feita via linhas de código, utilizem comentários fartamente de forma a
identificar claramente que parte se refere a que análise. Se necessário for, criem vários có-
digos: mantenha as linhas que definem o circuito base e modifique aquelas que fazem as
análises necessárias.
(f) Uma boa prática é ter um arquivo separado para as análises em modo diferencial e outro para
as análises em modo comum.

1.2 FINALIZAÇÃO DO PROJETO 2

O grupo deverá acrescentar ao amplificador diferencial do acompanhamento mais dois estágios de am-
plificação que comporão o restante do amplificador operacional a ser projetado. Os estágios a serem
adicionados são para aumentar o ganho de sinal (fonte comum) e para prover capacidade de corrente
para o amplificador operacional (dreno comum). O teste final do amplificador operacional será a sua
aplicação na amplificação do sinal do sensor do grupo, a partir do mesmo modelo de fonte de sinal
usado no Projeto 1. Isso será feito da seguinte forma:

1. O amplificador do 2o estágio deverá ser adicionado de forma a elevar o ganho de sinal. As simu-

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lações devem ser feitas para verificar o ganho máximo e mínimo possível, mantendo o funciona-
mento na região linear e o nível de tensão contínua associado na saída. Lembrando que esse nível
de tensão contínua de saída do 2o estágio será aquele usado para polarizar a entrada do 3o estágio.
O ganho acumulado nos dois primeiros estágios será praticamente o ganho do amp. op. uma vez
que o 3o estágio tem ganho de tensão perto da unidade. Observações práticas para a realização
dessas simulações:

(a) Pode ser que o ganho realizado com os estágios fonte comum seja muito alto e a saturação
seja inevitável.

(b) Para resolver esse problema há duas alternativas mais imediatas: elevar a corrente de po-
larização (transistores em paralelo para o espelhamento ou aumento da relação de espelha-
mento, através da razão de aspecto do espelho) ou a inserção de um resistor de fonte (verificar
a apresentação sobre amplificadores diferenciais).

(c) As duas alternativas poderão ser usadas simultaneamente, se necessário.

(d) A utilização do resistor de fonte apresenta-se como uma boa alternativa para ajudar a regular
o nível de tensão contínua de saída.

(e) Em último caso pode ser que a carga tenha de ser puramente resistiva, uma vez tentadas
alternativas listadas nos itens 1a a 1d.

(f) Como o ganho ficará ainda mais alto talvez seja necessário reduzir a amplitude da tensão de
entrada para que o amplificador não sature, já que estará em malha aberta.

2. O 3o estágio deverá ser colocado e o seu ponto de operação ajustado para que a tensão de flutuação
contínua na saída esteja o mais próximo possível de zero (dentro do possível), permitindo que o
sinal de saída possa excursionar o máximo possível dentro dos limites de alimentação: +/- VDD /2.
As observações com relação à polarização dos estágios anteriores valem também para esse estágio.

3. Com o amp. op. finalizado verifique os seus números finais sem modificações e caracterize o
sistema em malha aberta:

(a) Ganhos diferencial, modo-comum e a CMRR: não deveriam mudar pois dependem unica-
mente do amplificador diferencial, mas o efeito de carga dos estágios subsequentes pode
introduzir alguma mudança.
(b) Faixa linear de entrada diferencial.
(c) Faixa de passagem em modo diferencial: frequência de corte (polo dominante).
(d) Frequência de ganho unitário.
(e) Condição de estabilidade do amplificador: margem de ganho e margem de fase.
(f) Impedâncias de entrada e saída em função da frequência.
(g) Slew-rate

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4. Crie um subcircuito para Spice2 e simule o seu amplificador operacional. Use a configuração buffer
em duas situações: a vazio e com uma carga padrão de 10 kΩ.

5. Caracterizar a resposta dinâmica do sistema ao degrau: se há sobressinal ou subsinal, oscilação


e qual a frequência de oscilação e o tempo de acomodação das oscilações. O “degrau” de teste
será elaborado com uma fonte pulsada e tempo de subida de 1 ps e aplicada ao amplificador na
configuração buffer de tensão. O teste deverá ser feito com o amplificador a vazio e com uma carga
padrão de 10 kΩ.

6. (Extra - Opcional) Realizar uma compensação em frequência do amplificador operacional pela


modificação de pólo dominante: por compensação Miller (ou separação de pólos). O circuito de
compensação deverá ser ajustado de forma a se ter a maior faixa de passagem possível com a
margem de fase mínima de 45o em malha aberta. Não será necessário que o amplificador ope-
racional tenha resposta de primeira ordem na faixa de passagem contanto que seja estável. Em
não sendo possível essa situação, verificar apenas o ajuste da máxima faixa de passagem de forma
a se ter a maior margem de fase possível. A margem de ganho também deverá ser reavaliada
para o sistema em malha aberta após definida a compensação. O circuito de compensação deverá
ser “calculado”, na medida do possível, pelo que já se conhece do amplificador operacional e de
acordo com as demais referências colocadas na Internet. Verificar os artigos sobre compensação
que se encontram no AVA:

(a) Essa primeira abordagem mais simples pode ser tentada primeiro.
(b) Há também essa com opções adicionais caso a primeira não surta efeito.

7. (Extra - Opcional) Analise a faixa de passagem de cada estágio separadamente, estimando: o polo
e o zero (se houver), dominante. Em software tal como o Octave ou Scilab, construa e analise o
gráfico do lugar das raízes em função da posição do polo incluído na compensação. O sistema
completo do amplificador operacional deve ser construído a partir da função de transferência dos
três estágios separados, considerando os polos e zeros estimados inicialmente.

8. (Extra - Opcional) Faça uma análise comparativa entre os sistemas em malha aberta: com e sem
compensação, incluindo o efeito da compensação na dinâmica temporal do circuito (resposta ao
degrau), tal como feito no Exercício 2 do Acompanhamento. Faça os devidos comentários técnicos.

9. Teste o amplificador operacional3 com o sensor do grupo em meia ponte, na faixa de temperatura
de trabalho pedida, na configuração buffer.

10. Respectivamente à análise de viabilidade, é preciso lembrar que o circuito completo do ampli-
ficador operacional é mais complexo, demandará mais componentes e uma área maior de chip
2 Há esse vídeo tutorial no Youtube para construir o subcircuito e esse outro mostrando como testá-lo.
3 Se a compensação foi realizada, testar o compensado.

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para fabricação. Esse detalhamento precisa ser feito na hora de montar-se o fluxo de caixa final.
Outra informação importante é a modificação da análise para levar em consideração o efeito da
produção em escala. Isto é, produzir um único lote tem um custo muito maior que o custo unitá-
rio ao se produzir 1.000 chips4 . Comparar todos os resultados obtidos com os rendimentos obtidos
para uma aplicação do montante inicial no tesouro Selic com vencimento em data igual ou inferior
(mais próximo) do horizonte de análise.

Observações práticas acerca das simulações do amplificador operacional:

(a) É comum ter o “cobertor curto”: aumentar o ganho irá prejudicar a faixa de passagem e vice-
versa. Além disso é normal também ao se aumentar o ganho dos estágios FC subsequentes
ao diferencial ter-se uma redução desse ganho. Foi colocado o norte da maior CMRR possível
e ele será mantido. O circuito em ponte apresentará tensão de modo-comum que precisa ser
eliminada. Isso só é feito no amplificador diferencial, não nos estágios subsequentes. Logo,
para manter uma CMRR alta, preserva-se o ganho do diferencial, ainda que essa prática não
leve ao maior ganho do amplificador operacional.
(b) Identifique bem os nós de conexão e os transistores do amplificador operacional de forma a
tornar fácil a verificação do resultado das medições. Nomes genéricos ou simplesmente 1 a
100 para todos os transistores tendem a dificultar isso.
(c) Utilize sinais de pequena amplitude (em torno de 100 µV) para as simulações para verificar o
ganho (evitando saturação). Após a verificação do ganho, pode-se aumentar a amplitude da
entrada tornando possível atingir as regiões de saturação. Use baixa frequência de entrada:
1 kHz.
(d) É natural que a transcondutância de amplificação cresça com a progressão dos estágios de
amplificação, Isto é, é normal, mas não impositivo ou necessário, que: gm1 ≤ gm2 ≤ gm3 .
(e) Mantenha a utilização de comentários, como indicado anteriormente para o amplificador
diferencial.

I MPORTANTE

Data do AP2: quarta-feira, dia 17/03/2021.


Data do PF2: quarta-feira, dia 07/04/2021.

4 Chama-se custo marginal o custo de uma unidade extra, numa determinada situação de produção estabelecida, isto é,
∂C
para uma determinada produção fixada, esse custo extra nada mais é que . Em que C é o custo de produção e p é o número
∂p
de unidades produzidas. Também conhecido como custo marginal, em microeconomia.

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