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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Reconhecido pelo Decreto-Lei Nº. 82170, de 24 de agosto de 1978.
NATAL-RN
2018
Luiz Fernando de Souza Maranhão
Avaliação econômica da implantação de uma linha de produção de aditivo para concreto em uma
fábrica do Rio Grande do Norte.
NATAL-RN
2018
AGRADECIMENTOS
RESUMO
A construção civil é uma das atividades mais antigas já registrada pelo homem. O uso de
aditivos já era difundido desde a época dos romanos. O uso de aditivos foi regularizado e
introduzido no Brasil nos anos de 1970, mas com muita desconfiança, pois eram produtos que
exigiam cuidados especiais e eram utilizados em casos especiais. Hoje em dia o uso de aditivos é
considerável na construção civil e é praticamente o quarto elemento nas concretarias além da
água, cimento e agregados. Este trabalho propõe o estudo de avaliação econômica e sua
viabilidade técnica, de uma planta para a produção de um aditivo para concreto do tipo
superplastificante naftalênico em uma indústria do Rio Grande do Norte.
Palavra-chave: Aditivos para concreto, construção civil, avaliação econômica.
ABSTRACT
Civil construction is one of the oldest activities ever recorded by man. The use of
additives has been widespread since the time of the Romans. The use of additives was
regularized and introduced in Brazil in the 1970s, but with great mistrust, as they were products
that required special care and were used in special cases. Nowadays the use of additives is very
widespread in civil construction and is practically the fourth element in concretes besides water,
cement and aggregates. This work proposes the study of economic evaluation and its technical
viability of a plant for the production of a concrete additive of the superplasticizer type
naphthalene in an industry of Rio Grande do Norte.
Keywords: Additives for concrete, civil construction, economic evaluation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Reação de saponificação. 13
Figura 2 – Polaridade do tensoativo. 14
Figura 3 – Micela. 14
Figura 5 – Fluxograma do setor anexo proposto. 17
Figura 5 – Massa base de sabonete obtida no laboratório de tensoativos da UFRN. 20
Figura 6 – Fluxograma processo de extração. 23
Figura 7 – Representação do Secador. 24
Figura 8 – Representação do Extrator. 25
Figura 9 – Recuperação do Solvente. 27
Figura 10 – Evaporação do Solvente. 29
Figura 11 – Recuperação do Solvente Completa. 31
Figura 12 – Tanque de Mistura para Produção de Sabonete Líquido. 32
Figura 13 –Processo de Produção do Sabonete em Barra. 33
Figura 14 – Sabonete em Barra de Café da Kapeh. 35
Figura 15 – Sabonete Líquido de Café da Kapeh. 35
Figura 16 – Sabonete Líquido Chef Vita Seiva. 41
Figura 17 – Sabonete Líquido Chef Mahogany. 42
Figura 18 – Índice de retenção da solução. 49
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
1.1 O CONCRETO
Desde a antiguidade, a pedra e o tijolo foram os materiais mais importantes para as
construções humanas.
A arquitetura grega foi consequência do emprego de vigas e placas de pedra. A baixa
resistência à tração da pedra obrigou à utilização de pequenos vãos, daí decorrendo as colunatas
típicas dessa arquitetura.
A civilização romana desenvolveu o tijolo cerâmico e com isso escapou das formas retas
criando os arcos de alvenaria. Mas, a construção romana de obras portuárias exigiu solução
diferente. Ela foi encontrada na fabricação de um verdadeiro concreto, cujo cimento era
constituído de pozolanas naturais ou obtidas pela moagem de tijolos calcinados.
Com a Revolução industrial, que trouxe o cimento Portland e o aço laminado, surge o
concreto armado m meados do século XIX.
Considera-se como a primeira peça de concreto armadoo o barco construído por Lambot,
na França, no ano de 1849. Essa data é hoje admitida internacionalmente como sendo a do
nascimento do concreto armado.
Concreto é o material resultante da mistura dos agregados (naturais ou britados) com
cimento e água. Em função de necessidades específicas, são acrescentados aditivos químicos
(retardadores ou aceleradores de pega, plastificantes e superplastificantes e etc.) e adições
minerais (escórias de alto-forno, pozolonas, fillers calcários, microssílica, etc.) que melhoram as
características do concreto fresco e endurecido.
O concreto pode ser fabricado no local, ou ser pré-moldado ou pré-misturado. De acordo
com a maneira de ser executado distingue-se: concreto fundido, socado, jateado, vibrado,
bombeado ou centrifugado.
Nas aplicações estruturais, o cimento aglomerante usualmente empregado é o cimento
Portland, embora possam ser empregados outros tipos de cimento. Em particular poderia ser
empregado até o cimento branco, cuja restrição essencial é o seu custo elevado.
Os materiais inertes do concreto são designados por agregados, os quais são subdivididos
conforme as suas dimensões. Desse modo, os agregados são classificados em agregados miúdos
e agregados graúdos.
A forma de obtenção dos agregados pode ser natural ou artificial, tanto para os agregados
miúdos quanto para os graúdos. Os obtidos naturalmente são as areias e pedregulhos, os obtidos
artificialmente são os pedriscos e a pedra britada.
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Avaliar, técnica e economicamente a implementação de uma planta de produção, em
indústrias de aditivos para construção civil, para a produção de um aditivo superplastificante
naftalênico.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 O CIMENTO PORTLAND NO CONCRETO
O concreto pode ser definido como um material composto que consiste essencialmente de
um meio contínuo aglomerante dentro do qual estão mergulhados partículas ou fragmentos
agregados. Dentre os materiais usados na produção do concreto, o cimento é considerado um
ligante.
A função do ligante no concreto é prender quimicamente todos os materiais constituintes
para formar um material sólido como uma rocha.
Os concretos especiais atuais são mais do que uma simples mistura de cimento, água e
agregados, pois frequentemente contêm aditivos químicos e adições minerais que fornecem uma
variedade de propriedades e características especiais ao material. Estes concretos também estão
se tornando bastante complexos, uma vez que produtos minerais e amorfos interagem com
moléculas orgânicas ou polímeros desenvolvidos especialmente para realçar certas propriedades
ou para corrigir algumas deficiências dos cimentos existentes.
Pera entender melhor o comportamento dos aditivos principalmente os de ação química é
necessário conhecer a química do cimento Portland, o mais difundido dos aglomerantes
hidráulicos.
utilização de um alto teor de cimento, consequentemente tem-se um maior custo, maior retração
e mais calor usado para hidratação. Além disso, a aplicação de um concreto exige mais água do
que uma simples hidratação do cimento o que resulta em uma certa porosidade do concreto
endurecido, reduzindo o potencial de suas propriedades mecânicas e facilitando a degradação do
material. Com a adição de pequenas quantidades de aditivos poliméricos – superplastificantes –
pode-se diminuir consideravelmente a quantidade de água necessária para a obtenção da
trabalhabilidade desejada e assim a porosidade, melhorando a qualidade do concreto.
Os aditivos superplastificantes foram utilizados pela primeira vez em concretos no final
dos anos 60, no Japão e na Alemanha. Durantes os anos 80, suas dosagens foram aumentadas
pouco a pouco, até que se percebeu que eles poderiam ser usados como excelentes redutores de
água. Portanto com o avanço da tecnologia em volta do concreto, o uso de aditivos químicos se
tornou essencial para a produção das misturas com alto desempenho.
A ABNT 11768:2011 define aditivo superplastificante como aquele que, sem modificar a
consistência do concreto no estado fresco, permite uma alta redução no conteúdo de água de uma
mistura de concreto; ou sem alterar a quantidade de água, aumenta consideravelmente a fluidez,
ou ainda, produz ambos os efeitos simultaneamente. Permite a redução de água de até 40% e
deve ter impacto mínimo nos tempos de pega. Podem ser do tipo 1 (de 12 a 25% de redução) ou
do tipo 2 (até 40%).
Em geral os superplastificantes podem ser usados de duas maneiras: para uma mesma
fluidez ele permite reduzir a relação w/c para até 30%, o que implica em um volume de poros
reduzidos e, portanto, uma maior resistência à compressão. Por outro lado, eles podem ser
usados como agentes fluidificantes, o que significa que a fluidez é melhorada mantendo a
relaçãoo w/c constante.
Segundo a lei da Abrams para um mesmo graus de hidratação, a resistência da pasta
A
depende essencialmente da relação a/c. Através da função: R= aonde R é a resistência do
Bx
concreto, x é a relação a/c e A e B são constantes empíricas. Ela foi estabelecida
experimentalmente em função do tipo de cimento e não considera a influência dos agregados.
28
3.4.1 Sulfonação
Na etapa da sulfonação, o naftaleno é misturado em proporções adequadas com o ácido
sulfúrico no reator aquecido. O grupo sulfonato ácido é fixado em uma das posições possíveis
nos dois núcleos de carbono da molécula de naftaleno.
A autoionização do ácido sulfúrico gera o eletrófilo que será usado na reação, que nesse
caso, será o SO 3 H +¿. ¿ O ataque eletrofílico será feito a molécula do naftaleno pela espécie gerada
31
3.4.2 Condensação
A polimerização dos grupos naftalenos é obtida através da reação de condensação entre
dois grupos naftalenos para uma molécula de formaldeído. Após obter o β-Naftaleno Sulfonado,
resfria-se a solução e adiciona-se água e formaldeído. E então, aumenta a temperatura para
120°C e a pressão para 3 bar, fazendo com que ocorra a condensação. O período de condensação
é de 8-16h, no final desliga-se o reator e o meio é resfriado.
O grupo reativo envolvido na condensação toma o lugar em qualquer posição no núcleo
em que o grupo sulfonado não está presente. Para produzir cadeias moleculares longas é
necessário ajustar as condições da reação. Um grau médio de polimerização de 9 a 10 é obtido
quando se tem o processo de polimerização bem controlado, ou seja, o superplastificante possui
em média de 9 a 10 moléculas de naftaleno, mas isso não quer dizer que não existam moléculas
menores ou até maiores que as ideais.
O prolongamento da cadeia do polímero, aumenta a viscosidade do superplastificante,
mas um aumento na viscosidade pode ser considerado também o aumento na ramificação ou
reticulação da cadeia. Portanto, quando se fabrica um plastificante, um aumento de viscosidade
do produto não exclui um aumento real da cadeia do polímero e um aumento na eficiência de
32
3.4.3 Neutralização
O pH obtido ao final da condensação do ácido sulfônico é de 2 e 3. Esse pH é
considerado muito baixo para uma substância que irá ser inserida em um meio de pH alcalino
como é o da mistura entre água e o cimento Portland. Portanto o ácido sulfônico após a sua
polimerização deverá ser neutralizado usando uma base. A base mais usada para esse
procedimento é o hidróxido de sódio, mas também pode ser usado o hidróxido de cálcio.
A reação de neutralização ocorre quando misturamos um ácido e uma base, de modo em
que o pH do meio é neutralizado e como resultado dessa reação temos água e sal. Existem dois
tipos de neutralizações, a parcial e a total. Uma reação de neutralização parcial se dá quando a
quantidade de íons H +¿¿ e OH −¿¿ liberados pelo ácido e pela base, respectivamente, é diferente.
Na reação de neutralização total ocorre quando a quantidade de íons H +¿¿ liberados pelo ácido é
igual à quantidade de íons OH −¿¿ liberados pela base.
3.4.4 Filtração
Este passo é feito para no caso da presença de sais de cálcio ou para remover os sulfatos
remanescentes, mas apenas se for necessário. Esta etapa é realizada para que o superplastificante
seja produzido com a quantidade de sólidos ativos mais alta possível. Comumente os produtores
de superplastificantes mostram apenas a quantidade de sólidos e não a quantidade de sólidos
ativos.
O produto final obtido do superplastificante à base de naftaleno tem a aparência de um
liquido marrom escuro. O teor de sólidos do naftaleno sulfonado é cerca de 40% a 42%. As
vezes para que seja transportado por longos caminhos o superplastificante pode ser desidratado e
feito em pó marrom.
4 METODOLOGIA DE CÁLCULO
4.
4.1 BALANÇO DE MASSA
O balanço de massa é fundamental para avaliação de um novo processo. Através desse, é
possível determinar a quantidade em massa resultante de um processo definido. No caso em
questão, através do balanço de massa é possível saber a quantidade de sabonete líquido e em
34
barra que será produzido. É através da obtenção dessas variáveis, é possível comparar valores e
concluir sobre a viabilidade do processo.
De acordo com a lei da conservação das massas de Lavoisier, a massa de um sistema não
pode ser perdida nem criada. Portanto, o acúmulo de massa no sistema pode ser compreendido
através da Equação 2 [33].
A=E−S (2)
Ei
x i= (4)
E
¿=P× t (5)
5 RESULTADOS ALCANÇADOS
5.
5.1 BALANÇO DE MASSA DO PROCESSO
5.1.1 Produção do setor anexo
De acordo com o fluxograma apresentado no item 2.4.1, a borra passa por três processos:
secagem, extração e evaporação, além das etapas básicas de armazenamento e recebimento de
36
Massa de água
Teor de úmidade embase úmida= (6)
Massamat erial úmido
onde QBU é a vazão de borra úmida na entrada do secador, xms,U é a fração mássica da matriz seca
na entrada de borra no secador, QBS é a vazão de borra seca na saída, e xms,S é a fração mássica da
matriz seca na saída de borra da secagem.
A fração mássica da matriz seca na borra seca é encontrada da mesma forma que na
entrada, fazendo uma subtração do teor de umidade da fração total. De modo que é encontrado
um valor de 0,443. Os valores conhecidos foram substituídos na Equação 8, resultando na
Equação 9.
De acordo com o exposto nos cálculos, tem-se que a vazão real de saída de borra ao final
da secagem é de 4892,1 kg/h.
38
Após essa etapa a borra será armazenada em silos apropriados para estocagem do
material seco.
A borra seca dos silos de estocagem será então encaminhada para o processo de extração.
O equipamento escolhido foi o extrator rotativo em contra-corrente o qual foi ilustrado, junto
com as correntes do processo, na Figura 8.
Foi assumido, de acordo com o apresentado no embasamento teórico, o valor obtido por
Batista et al. [23] de fração mássica de óleo, de 0,167 na borra de café, e uma base de cálculo de
3000 kg/h para vazão de solvente.
Ainda, devido à ausência de dados, do índice de retenção da solução, na literatura, foi
feito um estudo para diferentes índices, e escolhido o de maior valor, de forma que os gastos
estimados para a produção resultasse em um valor igual ou mais alto que o real. O estudo foi
demonstrado no Apêndice.
Com o índice de retenção estimado de 0,9, é possível encontrar a fração de inertes na
torta, de acordo com a Equação 10.
¿ xOT + x ST
R= (10)
x¿
onde xOT, xST e xT, são as frações molares de óleo, solvente e inertes na torta, e R* é o índice de
retenção.
Como a torta é composta apenas por inertes, solvente e óleo é possível obter a Equação
11.
¿ 1−x ¿
R= (11)
x¿
x ¿=0,526
39
onde xIB é a fração mássica de inerte na vazão de borra, QS, QM e QT são as vazões de solvente,
micela e torta.
No equilíbrio tem-se que a fração de óleo, livre de inertes, na torta é igual à fração de
óleo na micela, como demonstrado na Equação 15.
x OT
= y OM (15)
1−x ¿
QB × x O ,B =Q M × y O ,M +QT × x O ,T (16)
onde QSR e QET são as vazões de solvente recuperado e de entrada de torta no secador e x ST a
fração de solvente na torta.
Através do balanço é possível encontrar uma quantidade de solvente recuperado, mas,
assim como nos outros processos, foi considerada uma perda de 10% em massa do solvente
recuperado, para cada secador, representado na Equação 20.
Devido à baixa vazão, foi pensado em um tanque para armazenamento de todo solvente
recuperado, o qual poderá ser usado para as próximas extrações. A vazão de solvente que é
recuperado ao processo para retornar a extração, portanto, é de acordo com a abertura da válvula
do tanque. Para ser que todo o solvente seja usado na extração, a vazão será de 2312 kg/h.
Porém, ainda não é possível dizer a quantidade de solvente puro que deve ser incorporado
no processo, pois ainda não temos os valores de solvente recuperado na evaporação da micela
(processo que descrito posteriormente).
A micela proveniente do processo de extração segue para o processo de evaporação do
solvente. A fração mássica de óleo para cada evaporador foi baseada no estudo de Paraíso [37].
As correntes de cada evaporador estão ilustradas na Figura 10. O produto da evaporação apesar
de ter sido chamado de óleo na Figura 10, ainda possui pequenas quantidades de solvente, sendo
também caracterizado como uma micela concentrada.
42
Fazemos os cálculos das vazões através do balanço de massa representados nas Equações
21 e 22. Lembrando que a vazão saída na superior de um evaporador é chamada de vazão de
vapor, e a vazão inferior é chamada de vazão de líquido.
onde QVi e QLi são as vazões de vapor e de líquido no evaporador i, e y O,M e xO,i as frações de óleo
nas vazões de micela e de líquido de cada evaporador.
A fração mássica de entrada no primeiro evaporador é de 0,214 de óleo e na saída de cada
evaporador, foi considerado 0,677 e 0,988 de óleo para o primeiro e o segundo, respectivamente,
de acordo com o estudo de Paraíso [37]. E, assim como Custódio [36] fez em seu estudo, foi
considerado para o processo de evaporação do solvente, que nenhuma quantidade de óleo está
presente na fase vapor.
As Equações 21 e 22 foram aplicadas para o primeiro evaporador, como explicitadas nas
Equações 23 e 24.
De acordo com o calculado, para o primeiro evaporador tem-se que a vazão líquida de
saída (vazão de micela concentrada) de 42,5 kg/h, e a vazão de vapor (vazão do solvente) de
91,93 kg/h.
Porém, assim como nos balanços apresentados anteriormente, na etapa de evaporação
também foi considerado uma perda de 10% em massa para cada equipamento. Foram utilizadas
as Equações 25 e 26, para calcular a vazão real de micela concentrada e a vazão real de solvente
recuperado para o primeiro evaporador.
De acordo com o calculado, para o segundo evaporador, tem-se uma vazão líquida (vazão
de óleo) de 26,21 kg/h, e a vazão de vapor (vazão do solvente) de 12,04 kg/h.
Com a perda de 10% em massa, foram calculadas as vazões reais de óleo ao final do
processo de extração e de solvente no segundo evaporador através das Equações 29 e 30.
A partir do resultado encontrado é possível calcular a quantidade de solvente que deve ser
incorporado no processo de extração. Voltando aos cálculos de recuperação de solvente, tem-se a
Figura 11.
Figura 11 – Recuperação do Solvente Completa.
Dessa forma, a quantidade de solvente puro que deve ser incorporado ao processo será de
594,42 kg/h, pois o processo ocorrerá apenas por uma hora. Foi considerado que o processo é
abastecido com solvente totalmente puro uma vez por mês.
É importante ressaltar que após cada secador e após a evaporação do solvente são usados
condensadores. Por isso, a compra destes também foi considerada para o calculo do investimento
inicial.
E, a quantidade de óleo obtido por dia, considerando cada etapa com uma hora de
operação, exceto a secagem, que opera por 10 horas, é de 23,59 kg. Dessa forma, operando por 6
dias, são obtidos 141,54 kg de óleo de borra de café.
Para a produção do sabonete líquido foi considerada uma base de cálculo, de 1000 kg de
massa total de entrada no processo. A quantidade necessária de cada componente foi calculada
de acordo com a Equação 31.
46
Considerando uma perda de 10% em massa, em cada etapa, tem-se que, ao final do
processo, a quantidade de sabonete em barra produzido, para a base de cálculo determinada, é de
aproximadamente 900 kg.
De posse dos resultados, foi feita uma procura por empresas que vendia sabonetes
semelhantes com os sabonetes propostos neste estudo, visto que este produto ainda não existe no
mercado, para fazer uma comparação com a quantidade encontrada.
A Kapeh, uma marca de cosméticos feitos exclusivamente a base de café, localizada em
Três Pontas, Minas Gerais, com mais de 83 revendedores em todo o país, vendem sabonetes em
barra (Figura 14) e sabonetes líquidos (Figura 15) com essências de café. Somente na matriz são
vendidos 1000 sabonetes em barra e 800 sabonetes líquidos por mês [39]. Considerando que eles
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possuem mais três lojas exclusivas e estimando que elas vendem metade do que a matriz vende,
e que os revendedores vendem 20% do mesmo valor, a quantidade total das vendas da Kapeh
pelo Brasil seria de 18.500 sabonetes em barra e 14.800 sabonetes líquidos, por mês.
Tendo a Kapeh [39] como referência, porém produzindo o produto líquido com 420 mL,
teremos que a produção mensal de sabonete líquido da indústria deve ser de, aproximadamente,
6.220 litros.
Portanto, sendo a produção diária de sabonete líquido com extrato de borra de café, de
857,1 litros, seriam necessários 7 dias de produção, por mês, para suprir a demanda de mercado,
49
baseado na venda da Kapeh [39]. O que está de acordo com o fato de que o produto será apenas
um da linha de produção da indústria.
E, produzindo o sabonete em barra com 90g temos que a produção mensal da indústria
deve ser de, aproximadamente, 1,7 toneladas.
Com esses dados podemos perceber que a indústria não precisaria necessariamente
produzir o sabonete em barra com extrato da borra de café todos os dias, assim como o sabonete
líquido. A produção de sabonete em barra para suprir as necessidades do mercado, baseado na
venda da Kapeh (18.500 unidades), seria feita em dois dias.
Ainda, a partir dos dados apresentados é possível observar que a quantidade de dias de
operação do setor anexo para suprir as quantidades necessárias de óleo nas formulações dos
sabonetes (135 kg ao todo, por mês) é de seis dias, assim como o proposto inicialmente.
5.2.1.2 Extrator
O extrator orçado, para este trabalho, foi o vendido pela da Becker Metalúrgica [42]
Industrial, modelo EFS-600, com capacidade de 100 m3/h e potência de 5CV (3,68 kW).
O gasto energético para o extrator, que também opera uma hora, seis dias por mês, é,
portanto, de 22,08 kWh.
5.2.1.3 Evaporador
Para o cálculo dos evaporadores foram usados como base, novamente, os valores obtidos
por Paraíso [37]. Considerando que a área de troca térmica é proporcional a vazão de produto
usada, é possível concluir que a área de troca térmica de cada evaporador usado no processo de
50
extração do óleo da borra de café é de, aproximadamente 9,3m 2. Esses dados serão usados para a
estimativa de preço dos evaporadores.
O gasto energético para os evaporadores estão ligados à quantidade de vapor fornecido ao
sistema. Ainda tomando como base os estudos de Paraíso [37], considerando a quantidade de
vapor necessária proporcional à área de troca térmica, a quantidade de vapor para cada
evaporador é de 400 kg/h.
Foi considerado que a planta de produção do anexo criada pela compra desses
equipamentos deve operar por 10 anos. Portanto, o valor do investimento indicado na Tabela 5
pode ser dividido pelo tempo de operação, obtendo-se um valor de R$ 25.651,13 ao ano. Porém,
ainda é preciso considerar um valor de depreciação anual. O valor assumido foi de 10% ano e,
portanto, o valor anual do investimento cresce para R$ 28.172,43.
52
Dividindo ainda o valor anual, por mês, tem-se investimento mensal de R$ 2.347,70.
1
Orçamento enviado por meio eletrônico pela empresa Carbono.
2
Valor baseado no estudo de Lima [56].
3
Orçado por Macler Produtros Químicos ltda.
53
A Mahogany, apesar de não trabalhar com sabonetes a base de café, possui produtos
destinados a chefs de cozinha com a promoção de remoção de odores (Figura 17). O preço do
produto, de 350 mL, é RS 68,00.
6 CONCLUSÃO
Sendo o custo, por unidade, calculado nesse estudo, de cada tipo de sabonete proposto,
significativamente menor que todos os preços de mercado encontrados, é possível dizer que o
investimento proposto, a implementação de um anexo para obtenção de óleo da borra de café, em
indústrias de sabonete, se torna viável para os termos analisados.
É importante citar que ainda existem diversos gastos de uma indústria que não foram
abordados nesse estudo, como custos: de marketing, com setor administrativo, com uma estação
de tratamento de efluentes, com análises laboratoriais, entre outros. Porém, através de resultado
encontrado é praticável um estudo mais aprofundado dos outros elementos de custo para
determinações de fatores econômicos como VPL, TIR e Payback.
56
5.4
57
REFERÊNCIAS
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em: 29 abr. 2017.
[38] SUNJI (Hong Kong). Tanque de mistura com aquecimento elétrico. 2017. Disponível
em: <http://www.sunji.co/pt/project/tanque-de-mezclado-con-calefaccion-electrica/>. Acesso
em: 26 fev. 2017.
[40] IPLAS (São Paulo). FUNIL SECADOR SHD COM TIMER. 2017. Disponível em:
<http://www.iplas.com.br/loja/bsecagem-e-desumidificacao/funil-secador-shd/>. Acesso em: 01
mar. 2017.
2000 0.08
Vazão de Micela
1500 0.06
Fração de óleo na torta
1000 0.04
500 0.02
0 0
0.200 0.300 0.400 0.500 0.600 0.700 0.800 0.900 1.000
Índice de Retenção
Analisando o gráfico, é possível perceber que a vazão de micela obtida diminuiu com o
aumento do índice de retenção, e a concentração de óleo no farelo aumentou. De forma que,
quanto maior o índice de retenção, menor quantidade de óleo será obtida ao final do processo, e
maiores quantidade de óleo serão perdidas na torta.