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Estadual de Maringá
Centro de Tecnologia (CTC)
Departamento de Engenharia Química
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
Cocamar Cooperativa Agroindustrial
Acadêmico: Guilherme Moraes de Souza R.A.: 61941
Orientador: Cid Marcos Gonçalves Andrade
Supervisor: Eduardo Rasi de Almeida Prado
Maringá, 04 de Março de 2016.
SUMÁRIO
1. Objetivo 4
2. Introdução 5
3. A Empresa 6
3.1. Histórico 6
3.2. Produção 7
3.2.1. Bebidas e molhos 7
3.2.2. Envase de álcool 7
3.2.3. Farelos e óleos vegetais 8
3.2.4. Indústria de Fios 8
3.2.5. Madeira tratada 8
3.2.6. Suplemento Mineral 9
3.2.7. Torrefação e Moagem 9
3.3. Missão, Visão e Valores 9
4. O Processo Produtivo 9
4.1. Produção de Óleo de Soja e Farelo 9
4.1.1. Armazenamento 10
4.1.2. Preparação 10
4.1.3. Extração 12
4.2. Refino de Óleos 14
4.2.1. Degomagem 15
4.2.2. Neutralização 16
4.2.3. Branqueamento 17
4.2.4. Desodorização 19
4.3. Água da Caldeira e Cogeração 20
4.4. Água 21
4.4.1. Osmose Reversa 22
4.5. Geração de Vapor 23
4.5.1. Desaerador 23
4.5.2. Caldeira 24
4.6. Torres de Resfriamento 27
4.7. Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) 28
5. Atividades Desenvolvidas 31
5.1. Job Rotation Entre Todos Os Setores Envolvidos Na Fábrica De Óleos 31
5.2. Minimização de Custos e Aumento da Eficiência do Processo na Estação de
Tratamento de Águas 32
5.2.1. Redução da Quantidade de Produtos Químicos Utilizados 32
5.2.2. Reuso do rejeito da Osmose reversa para a água do hidrante 34
6. Problemas e Sugestões 39
7. Conclusão 39
8. Referências 40
1. Objetivo
Este relatório tem como objetivo relatar as atividades realizadas pelo acadêmico
Guilherme Moraes de Souza, durante o período de estágio na Cocamar Cooperativa
Agroindustrial, necessário para a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado do
curso de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá.
2. Introdução
Diante do atual cenário de crise em nosso país e de valorização do dólar, as
empresas estão mais do que nunca em busca de alternativas, melhorias de processos ou
soluções que possam reduzir custos de processo. Além do ponto de vista econômico,
estas ações são muito importantes do ponto de vista ambiental, pois a redução de custos
muitas vezes está atrelada à diminuição do consumo de recursos.
Na fábrica de óleos da Cocamar, estas otimizações são realizadas pelo setor de
Engenharia. Através de estudos e reuniões, cada nova medida é discutida e avaliada nos
pontos de vista econômico, ambiental e social.
Este estágio foi realizado na Estação de Tratamento de Águas (ETA). A água
proveniente da ETA é enviada para o setor de Caldeira e Cogeração, que é essencial
para a operação de todo o complexo industrial.
3. A Empresa
Entre as principais cooperativas brasileiras, a Cocamar Cooperativa
Agroindustrial, com estrutura ágil e moderna, é dona de um grande e diversificado
parque industrial onde processa praticamente tudo o que recebe. Possui também uma
rede de entrepostos para recebimento de produtos agrícolas, comercialização de bens de
produção e prestação de serviços em mais de 54 municípios paranaenses.
Têm como mercado o sul do Brasil, principalmente a região noroeste do
Paraná, onde está localizada maior parte de suas unidades.
Atualmente a empresa conta com aproximadamente 2300 colaboradores
(contratados e terceirizados).
A cooperativa localizase na estrada Oswaldo de Moraes Correa, nº 1000,
Lt.11,Zona 41 / MaringáPR.
3.1. Histórico
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial foi fundada em 27 de março de 1963
com a denominação de Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda.
Reuniu, inicialmente, um grupo de 46 fundadores, todos eles produtores de café.
O objetivo era organizar a produção regional, receber e beneficiar o produto.
Com o tempo, a cooperativa diversificou os seus negócios e hoje está entre as maiores
organizações cooperativistas do país.
Sua região compreende 54 municípios do norte e noroeste do Paraná, contando
com 11,8 mil associados que atuam com a produção de soja, milho, trigo, café e laranja.
1963 – Fundação;
1967 Início da diversificação com o algodão;
1972 Construção do primeiro armazém graneleiro com fundo em V do Paraná;
1975 Início da expansão de unidades pela região;
1979 Inauguração da primeira unidade de produção de óleo e farelo de soja do
Paraná;
1989 Início de uma nova fase, quando o então diretor de industrialização e
comercialização Luiz Lourenço ascendeu à presidência. Até então, eram várias
unidades industriais: produção de óleo e farelo de soja, óleo de caroço de
algodão, refino e envase de óleos vegetais, fiação de algodão, fiação de seda,
café torrado e moído.
1992 Entre as pioneiras no Brasil em programa de terceirização de serviços.
Nesse mesmo ano, inovou ao divulgar o sistema de café adensado e o cultivo de
canola no Brasil.
1993 Ingressou no segmento alcooleiro.
1995/96 Desenvolveu com sucesso um amplo programa de reestruturação de
suas dívidas.
1997 Deu início ao programa de integração lavoura e pecuária na região
noroeste do Paraná.
2003 Inaugurou um novo conjunto de indústrias (néctares de frutas, bebidas a
base de soja, maioneses, catchup e mostarda).
2006 A Cocamar deixa o setor alcooleiro e o de seda para focar em grãos.
2010 Arrenda 24 unidades de negócios da Corol, no norte do Estado,
expandindo sua atuação.
2012 Faturamento histórico de R$ 2,010 bilhões, com 11,8 mil associados, o
dobro em relação a 2010.
2015 – Nova meta de 6 bilhões em faturamento anual até o ano de 2020.
3.2. Produção
3.2.1. Bebidas e molhos
Inaugurada em 2003, é composta por uma unidade de produção de néctar de
frutas, bebidas a base de soja e uma linha de lanches maionese, catchup e mostarda. O
sucesso desses produtos fortaleceu ainda mais a presença da Cocamar no varejo.
3.2.2. Envase de álcool
Embora não atue mais com indústria própria no segmento alcooleiro desde
2006, a cooperativa atua no mercado regional com o álcool doméstico nas formas
líquida e gel.
3.2.3. Farelos e óleos vegetais
3.2.4. Indústria de Fios
A Indústria foi inaugurada em 22 de outubro de 1982, com o objetivo de
industrializar a safra algodoeira regional, agregando valor ao algodão entregue pelos
cooperados. Na época, a região Noroeste fazia do Paraná o principal produtor brasileiro
dessa fibra, mas a matériaprima era levada para outros estados, de onde retornava em
forma de fios e tecidos.
Na década de 90, entretanto, o algodão passou por uma forte crise de preços em
razão da livre importação de produto subsidiado. Com isso, a atividade praticamente
inviabilizouse no estado. Tal situação exigiu da Cocamar a flexibilização de sua fiação,
pois a matériaprima seria suficiente para apenas três meses de operação da indústria.
Além de fios de algodão puro, passou a produzir fios mistos (algodão e
sintéticos), fios à base de poliéster e viscose, o que multiplicou as oportunidades no
mercado. Atendendo às necessidades, vários avanços tecnológicos foram promovidos
desde a concepção do projeto, resultando na melhora do padrão dos produtos e a
redução dos custos. Em 2011, a Indústria de Fios da Cocamar deu início à
modernização do seu processo possibilitando a produção de fios penteados. O parque
industrial está preparado para industrializar e comercializar os produtos e subprodutos
têxteis.
3.2.5. Madeira tratada
Ainda na década de 1980, a Cocamar passou a contar com uma unidade de
tratamento de madeira em Presidente Castelo Branco, município da região de Maringá.
Através de um sistema de autoclave e osmosepressurização, o eucalipto processado é
utilizado na instalação de cercas e construções rústicas.
3.2.6. Suplemento Mineral
3.2.7. Torrefação e Moagem
Essa unidade foi instalada no final da década de 1990, fortalecendo a presença
dos produtos da cooperativa nas gôndolas dos supermercados. A Cocamar é produtora
de café torrado e moído que é embalado a vácuo, cappuccinos, café gourmet e café
adicionado com bebida a base de soja, apresentando sua linha ao mercado nas marcas
Cocamar, Maringá e Talento.
3.3. Missão, Visão e Valores
4. O Processo Produtivo
4.1. Produção de Óleo de Soja e Farelo
Devido sigilo de processo e/ou dificuldades na obtenção de algumas
informações, muitos parâmetros, tal como temperatura, pressão e porcentagens que se
seguem não correspondem propriamente ao processo utilizado na Cocamar, sendo
obtidos de artigo técnico da Embrapa.
4.1.1. Armazenamento
No período que antecede o processo da produção do óleo bruto e do farelo,
devese salientar a importância das condições do armazenamento da soja, pois incidem
diretamente no rendimento e na qualidade do produto final. Quando as sementes
oleaginosas são armazenadas em más condições, podem ocorrer problemas, tais como:
aquecimento da semente, chegando até a carbonização, ou caso esteja com umidade
acima da crítica (13 %); aumento de acidez; escurecimento do óleo contido na semente,
tornando difícil a refinação e a clarificação; modificações organolépticas, influindo no
sabor e no aroma dos farelos e óleos produzidos, e modificações estruturais, como a
diminuição do índice de iodo após armazenamento prolongado da semente de soja.
4.1.2. Preparação
4.1.2.1. Prélimpeza
Os grãos colhidos nos campos de produção ou armazenados nos centros de
distribuição são enviados até as indústrias de esmagamento através de rodovias,
ferrovias e hidrovias.
A matériaprima recebida é avaliada por amostragem em relação ao teor de
umidade, quantidade de material estranho e a incidência de grãos quebrados, avariados,
verdes e ardidos. Devido à grande quantidade de impurezas que se misturam aos grãos,
é realizada a etapa de prélimpeza com peneiras vibratórias para a remoção da sujidade
mais grossa dos grãos de soja. A prélimpeza, antes do armazenamento, diminui os
riscos de deterioração de equipamentos e reduz o uso indevido de espaço útil dos silos.
4.1.2.2. Descascamento
Os grãos limpos, dos quais se deseja separar os cotilédones (polpas) dos
tegumentos (cascas), não devem sofrer compressão durante o descascamento, pois nesse
caso, parte do óleo passaria para a casca e se perderia. Os descascadores são máquinas
relativamente simples, onde as cascas são quebradas por batedores ou facas giratórias e
são separadas dos cotilédones por peneiras vibratórias e insuflação de ar.
As cascas são adicionadas ao farelo caso o teor de proteína esteja fora do
padrão desejado.
4.1.2.3. Condicionamento
4.1.2.4. Trituração e Laminação
A extração de óleo dos grãos é facilitada pelo rompimento dos tecidos e das
paredes das células. As etapas de trituração e laminação diminuem a distância entre o
centro do grão e sua superfície, aumentando assim a área de saída do óleo.
A trituração e a laminação são realizadas por meio de rolos de aço inoxidável
horizontais. Os flocos ou lâminas obtidos possuem uma espessura de dois a quatro
décimos de milímetro.
A desintegração dos grãos ativa as enzimas celulares, especialmente a lipase e
a peroxidase, o que tem um efeito negativo sobre a qualidade do óleo e da torta ou
farelo. Portanto, esta etapa deve ser realizada o mais rápido possível.
4.1.2.5. Prensagem mecânica e cozimento
A prensagem mecânica é realizada em prensas contínuas onde, ocorre a ruptura
dos bolsões de óleo (o que facilita a extração, por solvente) e remoção parcial do óleo
através da injeção direta de vapor. Nesse processo, a temperatura é elevada de 70ºC para
105ºC e a umidade atinge 20%.
Parte dos grãos, pois o expeller da COCAMAR não tem capacidade para toda
produção, entram na prensa ou “expeller” (Figura 1) por meio de um eixo alimentador.
A prensa consiste de um cesto formado de barras de aço retangulares distanciadas por
meio de lâminas. O espaçamento das barras é regulado para permitir a saída do óleo e
ao mesmo tempo, atuar como filtro para as partículas do resíduo da prensagem (torta).
No centro do cesto gira, uma rosca que movimenta o material para frente, comprimindo
o ao mesmo tempo. A pressão é regulada por meio de um cone na saída e pode alcançar
duzentos atm por cm2.
Figure 1. Prensa contínua “Expeller”: 1 Motor elétrico, 2 Redutor, 3 Entrada dos
grãos condicionados, 4 Rosca helicoidal, 5 Cesto, 6 Cone de saída, 7 Saída do farelo
ou torta.
4.1.3. Extração
4.1.3.1. Extração com Solvente Orgânico
Nesse processo, o óleo é obtido por meio de extração com solvente químico
orgânico. O solvente utilizado é o hexano, que possui um ponto de ebulição próximo a
70ºC.
Os flocos laminados são introduzidos no extrator e o óleo aparece no material
submetido à extração de duas formas: na forma de uma camada ao redor das partículas
laminadas, que é recuperado por processo de simples dissolução, ou contido nas células
intactas, sendo removido do interior destas por difusão.
A extração consiste em dois processos: o de “dissolução”, rápido e fácil, e o de
“difusão”, mais demorado, dependente da mistura de óleo e solvente através da parede
celular semipermeável. Assim, durante a extração, a velocidade de desengorduramento
dos grãos laminados sofre um decaimento com o passar do tempo. Na prática, não
ocorre extração completa. O menor conteúdo de óleo no farelo após a extração gira em
torno de 0,5% a 0,6%.
A solução do óleo no solvente é chamada “miscela” e o fator que define a
velocidade de extração é a obtenção do equilíbrio no sistema óleomiscela solvente.
As principais condições que facilitam o processo de difusão são a espessura
dos flocos resultantes da laminação, a temperatura próxima ao ponto de ebulição do
solvente 70ºC, e a umidade apropriada do material.
O hexano satisfaz uma série de exigências de um solvente apropriado: dissolve
com facilidade o óleo, sem agir sobre outros componentes dos grãos; possui composição
homogênea e estreita faixa de temperatura de ebulição; é imiscível em água, com a qual
não forma azeótropos; e tem baixo calor latente de ebulição. Contudo, este apresenta
algumas desvantagens, tais como a alta inflamabilidade; a toxicidade, que por sua vez
gera a necessidade de que a operação seja realizada a vácuo, por questões de segurança,
o que encarece o processo; e ainda, este possui um custo elevado.
Na Cocamar, o processo de extração é realizado continuamente através do
sistema chamado “ROTOCEL”. O sistema “ROTOCEL” tem a forma de um cilindro
dividido em setores, em que a massa expandida, proveniente da prensagem e cozimento,
é depositada enquanto o cilindro se move lentamente. Esta massa é percolada pela
miscela mais concentrada, depois com miscelas mais diluídas, até a entrada do solvente
puro (processo em contracorrente), onde a parte inferior com uma tela se abre e deixa
cair a torta ou farelo, que é transferido para o dessolventizadortostador. Devido ao seu
formato, a instalação ocupa menos espaço do que outros extratores contínuos, não há
movimentação da massa e podese alcançar boa altura do material nos compartimentos
individuais, o que impede a contaminação da miscela com os finos.
4.1.3.2. Destilação da Micela
A miscela resultante do último estágio de extração segue para um hidrociclone,
onde são separados particulados presentes, que voltam para o extrator. A miscela livre
de particulados segue, então, para o processo de separação e recuperação do solvente.
A separação acontece em quatro etapas sendo elas: três evaporadores e um
destilador de quatro pratos.
O óleo final deixa o destilado com pureza aproximada de 96%.
4.1.3.3. Dessolventização e Tostagem do Farelo
O farelo de soja deve passar por um processamento térmico para inativar os
fatores antinutricionais como os inibidores de tripsina, as lecitinas ou
fitohemaglutininas, bem como as substâncias que causam o sabor indesejável.
O equipamento usado é o dessolventizadortostador (DT), um aparelho vertical
que combina a evaporação do solvente com uma cocção úmida.
Esse equipamento consiste de seis estágios. O vapor direto entra no Segundo
estágio, sendo distribuído pelo farelo no terceiro estágio através de venezianas
laterais.O solvente é eliminado quase completamente nos três primeiros estágios, com
simultânea umidificação do farelo, que adquire um teor de 18% a 20% de umidade(a
injeção de vapor direto é necessária para eliminar a salmonela). Nos estágios seguintes,
o farelo é tostado até que a umidade seja reduzida ao valor desejado. O farelo deixa o
DT e segue para um secador rotativo com vapor de camisa, o farelo deixa o secador
com umidade aproximada de 12 a 13%. Antes de ser armazenado em silos, o farelo
passa por resfriadores que funcionam com corrente de ar contra corrente à temperatura
ambiente. A taxa de umidade preferível não deve ultrapassar 12%.
Impurezas
SEPARADOR
QUEBRADORES
Hexano Miscela MAGNÉTICO
SEPARADORES DE Particulados
CONDESADOR HIDROCICLONE
HEXANO
EXTRATOR Materiais
Magnetizáveis
Cascas
Óleo Degomado Massa COLUNA DE AR PENEIRA
de
Soja
TANQUE
DE DESSOLVENTIZADOR Cascas
Hexano TOSTADOR ESPANDER
HEXANO LÍQUIDO PELETIZAÇÃO
Soja Soja
Farelo
Úmido
CONDICIONADOR
REFINARIA LAMINADORES
ROTATIVO
SECADOR
ROTATIVO
RESFRIADORES FARELO
Figura 2. Diagrama representativo da fábrica de óleo bruto e farelo.
4.2. Refino de Óleos
O refino pode ser definida como o conjunto de processos que visam
transformar o óleo bruto em óleo comestível. Embora existam casos de consumo de
óleos bruto, como o azeite de oliva e o azeite de dendê, sua finalidade é melhorar a
aparência, odor e sabor do óleo bruto, por meio da remoção dos seguintes componentes:
As principais etapas do processo de refino do óleo bruto de soja são:
Degomagem ou hidratação;
Neutralização ou desacidificação;
Branqueamento ou clarificação;
Desodorização.
4.2.1. Degomagem
Esse processo tem a finalidade de remover do óleo bruto fosfatídeos como: a
lecitina, que possui valor comercial, proteínas e substâncias coloidais.
A degomagem reduz a quantidade de álcali a ser utilizado durante a
neutralização. A quantidade de fosfatídeos no óleo bruto de soja pode alcançar teor em
torno de 3%. Os fosfatídeos e as substâncias coloidais chamadas “gomas”, na presença
de água, são facilmente hidratáveis e tornamse insolúveis no óleo, o que possibilita sua
remoção.
O método de degomagem mais utilizado consiste na adição de 1% a 3% de
água ao óleo bruto aquecido a 60ºC70ºC, sob agitação constante, durante 20 a
30minutos. O precipitado formado é removido do óleo por centrifugação a
5000rpm/6000rpm. As gomas obtidas, que contém 50% de umidade, são secas a vácuo
(aproximadamente 100 mm de Hg de pressão) à temperatura de 70ºC a 80ºC.
O produto denominado lecitina comercial, que é extraída nessa etapa, consiste
em cerca de 60% da mistura de fosfatídeos (lecitina, cefalina e fosfatidilinositol), 38%
de óleo e 2% de umidade.
Após a degomagem com água, utilizase de 0,1% a 0,4% de ácido fosfórico
numa concentração de 85%, que é misturado com o óleo bruto à temperatura de 60ºC a
65ºC, e o óleo é novamente centrifugado.
Enquanto a degomagem com água remove usualmente de 70% a 80% dos
fosfatídeos presentes no óleo bruto, o tratamento com ácido fosfórico permite a remoção
de 90% das gomas, entretanto a lecitina resultante é impura. O esquema simplificado de
degomagem é apresentado na Figura 3.
ÓLEO BRUTO
Água MISTURADOR
Fosfolipídeos
Pigmentos
CENTRÍFUGA Borra
Óleo Bruto
Metais
ÓLEO DEGOMADO
Figura 3 .Degomagem do óleo bruto.
4.2.2. Neutralização
A adição de solução aquosa de álcalis, tais como, hidróxido de sódio, ou às
vezes carbonato de sódio, elimina do óleo de soja degomado os ácidos graxos livres e
outros componentes definidos como “impurezas” (proteínas, ácidos graxos oxidados e
produtos resultantes da decomposição de glicerídeos). O processo é acompanhado por
branqueamento parcial do óleo.
A neutralização ocorre na interfase do óleo e da solução alcalina. Sendo essas
fases não intersolúveis, a neutralização exige uma dispersão da solução alcalina no óleo.
Existem dois métodos principais de neutralização: o descontínuo e o contínuo. Além
disso, existem dois modos de aplicação da solução alcalina: a adição de solução de
hidróxido de sódio ao óleo, método mais usado, e a adição de óleo à solução aquosa de
hidróxido de sódio, método contínuo “Zenith”. De acordo com o conteúdo de ácidos
graxos livres no óleo bruto, aplicamse diferentes concentrações de solução alcalina e
condições de processo apropriadas. Atualmente o processo descontínuo só é utilizado
em indústrias de pequeno porte;
Na Cocamar é utilizado o método contínuo, que permite economia de tempo e
perdas no processo. A solução de hidróxido de sódio é adicionada ao óleo após seu
aquecimento à temperatura de 65ºC a 90ºC. O óleo neutralizado é separado da “borra”
por centrifugação. Além do hidróxido de sódio, existe a possibilidade do emprego do
carbonato de sódio ou da mistura de ambos os reagentes; o gás carbônico formado
durante a neutralização é eliminado por um dispositivo especial. O uso do carbonato de
sódio reduz a saponificação do óleo neutro ao mínimo, mas afeta a eliminação dos
fosfatídeos, corantes e outras impurezas. Por isso, sua aplicação diminuiu nos últimos
anos.
O óleo neutralizado é submetido a uma ou duas lavagens com porções de 10%
a 20% de água aquecida à temperatura de 80ºC a 90ºC e centrifugado novamente para
remover o sabão residual.
4.2.3. Branqueamento
O processo de degomagem remove boa quantidade dos pigmentos presentes no
óleo de soja devido à coagulação e a neutralização com álcalis também apresenta um
efeito branqueador devido à ação química.
Apesar disso, os consumidores exigem óleos quase incolores, o que é atingido
pela adsorção dos pigmentos com terras clarificantes, ativadas ou naturais, misturadas, e
às vezes com carvão ativado em proporções que variam de 10:1 a 20:1. As terras
ativadas são quimicamente preparadas a partir de silicato de alumínio. As terras naturais
têm um poder clarificante bem inferior àquele das terras ativadas, mas seu preço é bem
mais baixo e elas retêm menos óleo.
O óleo neutralizado e lavado sempre contém umidade mesmo após a
centrifugação. A ação das terras clarificantes é mais eficiente no meio anidro e,
portanto, a primeira etapa do branqueamento é a secagem. No processo contínuo da
neutralização, essa secagem é as vezes efetuada de forma contínua. Alternativamente, o
óleo é seco no branqueador a temperaturas entre 80ºC e 90ºC, sob vácuo, durante 30
minutos. Em seguida, a terra clarificante é adicionada, usualmente por sucção, na
quantidade apropriada. O óleo é misturado com a terra clarificante por meio de agitação
à temperatura de 80ºC a 95ºC durante 20 a 30 minutos. Em seguida, o óleo é resfriado a
60ºC~70ºC e filtrado em filtros prensa.
Na COCAMAR empregase o processo contínuo, no qual a terra clarificante é
introduzida ao óleo aquecido na forma de uma suspensão a 10%. A mistura óleoterra
passa através do branqueador durante cerca de 20 minutos e depois é bombeada ao filtro
prensa. Dos vários tipos de filtro prensa, o mais usado é o de placa, que permite a
obtenção de “bolo” (resíduo) de grande espessura. Por outro lado, as altas temperaturas
aplicadas durante o branqueamento e na subsequente desodorização facilitam o
branqueamento térmico, reduzindo assim a quantidade de terra clarificante necessária
para obtenção da cor desejável no produto acabado. Assim, processos de
branqueamento do óleo de soja que anteriormente necessitavam de 2% a 3% de terra
clarificante precisam agora de 0,1% a 0,5%.
Depois da filtração, o bolo no filtro contém aproximadamente 50% de óleo. A
aplicação de ar comprimido reduz esse conteúdo a 30% 35%. O conteúdo de óleo pode
ser ainda mais reduzido com insuflação de vapor direto, mas isso tem efeito adverso
sobre os panos do filtro prensa e produz um óleo de baixa qualidade. O “bolo” de
filtragem, depois desse tratamento, é usualmente desprezado. Um esquema simplificado
do processo de branqueamento é apresentado na Figura 4.
ÓLEO NEUTRO
SECAGEM
Óleo Neutro
Seco
Argila
BRANQUEADOR
(adição a vácuo)
Pigmentos
Acidez
Sabões
FILTRO Borra Peróxidos
Aldeídos
Fósforo
Metais Pesados
ÓLEO
BRANQUEADO
Figura 4. Branqueamento do óleo neutro seco.
4.2.4. Desodorização
A última etapa do refino do óleo de soja é a desodorização, que visa a remoção
dos sabores e aromas indesejados. Nessa etapa são removidos:
a) Compostos desenvolvidos na armazenagem e processamento dos grãos
e do próprio óleo, tais como: aldeídos, cetonas, ácidos graxos oxidados,
produtos de decomposição de proteínas, carotenoides, esteróis,
fosfatídeos, entre outros;
b) Substâncias naturais presentes no óleo, tais como hidrocarbonetos
insaturados e ácidos graxos de cadeia curta e média;
c) Ácidos graxos livres e peróxidos
O desodorizador basicamente consiste em uma estrutura cilíndrica com quatro
bandejas, ou pratos. No centro do equipamento encontrase um túbulo ligado a cada
estágio por uma abertura.
No topo da coluna, uma serpentina troca calor de forma indireta com o óleo,
sendo esta a única troca realmente efetiva de calor. No fundo de cada estágio encontra
se uma estrutura em que o vapor saturado entra em contato direto com o óleo, agitando
o.
O óleo refinado é alimentado no topo da coluna, onde se encontra a serpentina
de aquecimento. Este é aquecido até uma temperatura aproximada de 250°C,
evaporando e arrastando os ácidos graxos e demais substâncias indesejadas para dentro
do túbulo central, que opera sob vácuo. O vapor e os gases são arrastados através do
túbulo de cima para baixo. Devido a uma diminuição da temperatura a medida que os
gases descem, os ácidos graxos e demais substâncias condensam e depositamse no
fundo da coluna. As substâncias indesejadas remanescentes no gás de arraste são
lavadas em chuveiro de água de forma que todo material seja resfriado, condensado, e
sucessivamente forme o vácuo no sistema devido à condensação do vapor.
Cada prato conta com um nivelador de óleo, que consiste em uma estrutura
aberta que conecta um estágio ao estágio inferior. No fundo da coluna, o óleo já
desodorizado troca calor, de forma indireta, com a corrente de óleo que alimenta o topo
da coluna visando desaerar o óleo de alimentação e reaproveitar energia.
As substâncias odoríferas e de sabor indesejável, são, em geral, pouco voláteis,
mas sua pressão de vapor é bem superior àquela do ácido oleico ou esteárico. Assim,
sob as condições mantidas durante o processo, alcançase não somente a completa
desodorização, mas também uma quase completa remoção dos ácidos graxos livres
residuais. A aplicação de bastante vácuo é essencial, pois este reduz o consumo de
vapor direto, o tempo do processo e o perigo de oxidação e hidrólise do óleo.
4.3. Água da Caldeira e Cogeração
4.4. Água
4.4.1. Osmose Reversa
A unidade de osmose reversa atende unicamente a caldeira de alta pressão, que
produz vapor superaquecido de alta pressão utilizado na geração de energia elétrica e
utilização na fábrica.
Antes da água passar pelo filtro MM, é adicionado cloro para eliminar
microrganismos que prejudica o meio filtrante do filtro MM.
Na unidade de osmose reversa a água passa primeiramente por um processo de
filtração por meio dos chamados filtros multimídia (MM). O filtro multimídia consiste
em um tanque que possui em seu interior diferentes meios filtrantes, que neste caso são
a areia, brita em diferentes granulometrias e o carvão antracito. Sua finalidade é reter
mecanicamente partículas coloidais e em suspensão presentes na água, preparandoa
para a etapa de osmose reversa. Este equipamento possui um baixo custo de manutenção
e operacional.
Em seguida a água a ser tratada é enviada aos bancos de osmose reversa. Estes
bancos possuem membranas de poliamida que apresentam uma capacidade de remoção
de 95% a 98% de íons orgânicos, praticamente todos os contaminantes não iônicos e
moléculas grandes, contudo as membranas são muito sensíveis à exposição por cloro.
Neste processo de separação por membranas a corrente de água alimentada se divide em
duas correntes, uma corrente de concentrado e uma corrente de permeado. Os solutos
retidos na superfície da membrana são continuamente removidos na corrente de
concentrado que flui tangencialmente ao longo desta superfície. A corrente com menor
teor de soluto, que permeia as membranas, segue pela corrente de permeado. O
permeado vai para um tanque de armazenagem e deste segue para a etapa subsequente
enquanto o concentrado é descartado. Para garantir a vida útil da membrana são
adicionados produtos químicos no sistema de osmose reversa, que reduzem o efeito de
incrustação e o crescimento microbiológico.
Por fim a água passa através de leitos mistos (LM) que consistem em tanques
que possuem resinas de troca catiônica e aniônica que retém os íons remanescentes do
tratamento de osmose reversa garantindo a qualidade da água utilizada na
caldeira.Terminada esta etapa a água passa a ser chamada de água desmineralizada e
segue para tanques de armazenagem que abastecem a caldeira de alta pressão.
Após um certo volume de água tratada o leito se satura dos íons retidos pelas
resinas catiônicas e aniônicas, por isso faz se necessária sua regeneração, que é
realizada de forma automática com soluções de soda e acido clorídrico de forma
intercalada.
4.5. Geração de Vapor
A seguir são descritas de forma resumida as principais etapas de geração de
vapor pela queima de biomassa (bagaço de cana) em uma caldeira aquatubular, que é
utilizado na Cocamar na geração de vapor de alta pressão para a geração de energia.
4.5.1. Desaerador
Na água temos a presença de oxigênio dissolvido, dióxido de carbono, amônia
e nitrogênio. Este último não apresenta efeitos corrosivos nos componentes do sistema
de geração de vapor. Entretanto a combinação oxigênioamônia tornase corrosiva nos
componentes de cobre, além do fato do oxigênio provocara corrosão em componentes
de aço. Por este motivo é realizada a etapa de desaeração da água, que é a retirada do
oxigênio e dióxido de carbono, neutralizando o efeito corrosivo da amônia, além de
evitar a corrosão dos componentes em aço.
Na Figura 7 está um diagrama representando o desaerador e a alimentação da
caldeira. As válvulas representam o local, no processo, onde são retiradas amostras para
análise.
Figura 7. Alimentação da Caldeira.
O desaerador recebe a água de reposição e o condensado das fábricas (CF) e do
condensado da turbina. Esta água entra na parte superior do equipamento e é atomizada
ou precipitada na forma de gotículas e entra em contato com o vapor que vem da
extração da turbina somado ao vapor do flash da descarga contínua do “tubulão” da
caldeira, o qual penetra mais abaixo da entrada de água. O contato da água com o vapor
condensa este último e separa o oxigênio e dióxido de carbono do fluido, os quais são
retirados do tanque com uma parcela mínima de vapor. A água saturada se precipita
para a parte inferior do tanque e segue adiante em direção a um aquecedor regenerativo
(utilizando o calor do condensado das fábricas), sendo esta corrente chamada de
alimentação da caldeira (AC).
4.5.2. Caldeira
4.5.2.1. Combustão
Na caldeira, a água recebe calor por meio da queima de combustíveis
renováveis, no caso da Cocamar o combustível utilizado é o bagaço de cana e cavacos,
ocorrendo a mudança de fase da água líquida para a gasosa.
Na queima do bagaço é necessária a injeção de ar. Este ar é captado por um
ventilador e um exaustor, que garantem a vazão de ar e a pressão da fornalha, que
funciona em depressão. O ar captado antes de ser utilizado é aquecido nos chamados
“préar”, onde troca calor com os gases de combustão. O ar então aquecido é alimentado
em vários pontos da fornalha da caldeira para que se garanta o fornecimento de ar de
combustão bem como a dispersão do bagaço no interior da fornalha, garantindo assim a
eficiência de queima do combustível.
Como a Cocamar não possui nenhuma usina de produção de álcool e/ou açúcar
esta realiza a compra do bagaço. Este chega em caminhões e são descarregados para a
utilização na queima. Em determinadas épocas do ano é realizada a estocagem de
bagaço para garantir o fornecimento de bagaço. Este bagaço é alimentado por pás
carregadeiras de onde seguem por esteiras até o chamado desagregador de bagaço que,
como o próprio nome diz, desagrega aglomerados de bagaço que possam se formar
durante o transporte. Em seguida o bagaço é transportado por esteiras até a peneira de
bagaço onde são separadas pedras, galhos ou qualquer outro corpo estranho. Da peneira
o bagaço segue por esteiras até o distribuidor de bagaço, que por meio de um
transportador por taliscas, distribui o bagaço entre 4 bicas alimentadoras e o bagaço que
não passa para os alimentadores segue para uma esteira de retorno de bagaço. Pelos
alimentadores o bagaço é alimentado na parte inferior da fornalha.
Na fornalha ocorre a queima do bagaço onde são geradas as cinzas e os gases
de combustão. Os gases de combustão são utilizados para diversas trocas térmicas. Na
fornalha e ao longo do trajeto dos gases de combustão são recolhidas parte das cinzas da
combustão. Ao final do circuito de trocas térmicas os gases de combustão ainda
possuem cinzas, que devido a regulamentações ambientais devem ser removidas.
Portanto os gases de combustão passam pelo chamado multiciclone que separa grande
parte dos particulados, em seguida os gases passam por um lavador de gases que faz um
polimento final nos gases de combustão atingindo desta forma os limites aceitáveis de
emissão. A água utilizada no lavador de gases segue um ciclo fechado, passando então
por um tratamento em que é adicionada uma solução de polímeros seguindo para uma
piscina de cinzas onde ocorre a decantação deste resíduo, a água então separada retorna
para o lavador de gases.
4.5.2.2. Ciclo da água e vapor
Na Figura 8 temos um diagrama representando a caldeira e seus equipamentos.
As válvulas representam o local, no processo, onde são retiradas amostras para análise.
Outras
Utilidades
Vapor Superaquecido
VS
Gases de
Combustão
SUPERAQUECEDOR
II
SUPERAQUECEDOR
ECONOMIZADOR
I
Água Desaerada
EVAPORADOR
CA Ar
PRÉ‐AR II PRÉ‐AR I
Combustível
Figura 8. Representação da Caldeira.
Figura 9. Representação da turbina e da torre de resfriamento.
4.6. Torres de Resfriamento
4.7. Estação de Tratamento de Efluentes (ETE)
Estimativas mostram que o setor industrial é, atualmente, o maior demandante
de água potável, consumindo aproximadamente 23% do recurso disponível, enquanto
apenas 8% são destinados ao consumo humano. Consequentemente, o setor é também o
que mais gera resíduos líquidos que, se não forem tratados, causam poluição ao
retornarem para o meio ambiente.
Com o tratamento adequado desses resíduos, as empresas contribuem para a
sustentabilidade e em geral geram economias com o reuso. Em 2.015 a Cocamar
implantou um sistema de reuso da água do decantador como água de reposição das
torres de resfriamento.
Diariamente são feitas análises de DQO, sólidos, pH e demais propriedades do
efluente final da ETE, no laboratório interno da empresa, e ainda, a COCAMAR tem
contrato com uma empresa que presta serviço terceirizado, em que a cada 15 dias,
reanalisa a água que deixa o decantador , e a cada 30 dias, faz análises do efluente no
ponto de desague no rio e compara com propriedades da água do rio em diferentes
pontos.
O sistema de tratamento de efluentes da Cocamar dividese nas seguintes
etapas:
Tanque de homogeneização;
Flotador;
Lagoas aeradas I e II;
Decantador
Tanque de Homogeneização
A COCAMAR conta com apenas um tanque de homogeneização, que atende
toda a demanda das fábricas. Os efluentes oriundos das fábricas, de forma geral, chegam
à ETE e são armazenados em tanques de armazenamento. Efluentes originados em
setores com elevada carga de óleo previamente passam por caixas de gordura, onde, por
força gravitacional e diferença de densidade, o efluente se separa em duas fases, o
material oleaginoso, na sua grande maioria, permanece no topo. O produto de fundo
segue para a etapa do tratamento em lagoa estabilização com lodo ativado, e o material
em suspensão segue para o tanque de armazenamento.
Do tanque de armazenamento o efluente segue para um misturador estático
onde são adicionados compostos aglutinantes (polímero e sulfato de alumínio) e uma
solução de ácido clorídrico para a correção do pH para que ocorra a
coagulação/floculação.
Flotador
O efluente que deixa o tanque de homogeneização segue para o flotador, onde
são separados a borra mista e o produto de fundo. A borra mista, rica em ácido graxo, é
escoada em caminhões para venda, o produto de fundo escoa para lagoa de estabilização
para continuidade do processo de tratamento.
Lagoas Aeradas I e II
Lagoas aeradas consistem em bacias escavadas com fundo impermeabilizado,
com profundidade variando de 2,5 a 5,0 m, que são usadas como reatores. O oxigênio
requerido para o processo pode ser fornecido por aeradores de ar difuso (sistema de ar
comprimido, menos comum) ou de superfície (aeração mecânica).
A COCAMAR possui duas lagoas aeradas de área superficial de 1600 m2 e 4 m
de profundidade, sendo a primeira de aeração de superfície e a segunda de aeração por
ar comprimido. O sistema de tratamento é contínuo, sendo processado cerca de 450
m3/dia. O lodo resultante segue para um tanque onde são adicionados oxido de cálcio
(cal) e cloreto de ferro seguindo então para um filtro prensa. O permeado do filtro
retorna para a primeira lagoa aerada e a torta é armazenada em caçambas para futura
venda.
Decantador
O efluente que deixa as lagoas em série segue para um decantador, o material
decantado se junta com o lodo residual da lagoa e recebe o mesmo destino. O
clarificado escoa do decantador para o Rio Bandeirantes ou para as torres de
resfriamento, dependendo da demanda.
FÁBRICA
Produto de Fundo
TANQUE DE
REATOR LAGOA AERADA I
ARMAZENAMENTO
DQO: 90 a 120
Lodo
FILTRO PRENSA
Torta
Permeado
Figura 10. Diagrama representativo da ETE
5. Atividades Desenvolvidas
5.1. Job Rotation Entre Todos Os Setores Envolvidos Na Fábrica De Óleos
No início do estágio, em conversa com o supervisor de estágio da fábrica de
óleos, foi montado um cronograma que contemplasse todos os setores da fábrica de
óleos. Esta atividade teve como objetivo proporcionar o conhecimento do processo e a
importância de cada um deles para que a fábrica continue a operar. O cronograma
proposto segue abaixo:
Tabela 1 – Cronograma do sistema de job rotation
21/out 22/out 23/out
Ressecagem Preparação I Preparação I
26/out 27/out 28/out 29/out 30/out
Extração I Extração I Extração I Pellet./Expedição Preparação II
02/nov 03/nov 04/nov 05/nov 06/nov
Feriado Preparação II Extração II Extração II Refino
09/out 10/out 11/out 12/out 13/out
Caldeira e Caldeira e
Refino ETA/ETE ETA/ETE Cogeração Cogeração
Em cada setor da fábrica, operadores e encarregados mostraram o processo
produtivo e também acompanhar suas rotinas de trabalho.
Ao final desta etapa, o supervisor perguntou qual das áreas despertou o maior
interesse e que eu gostaria de aprofundar meus conhecimentos. Pelo fato de já ter
trabalhado em projetos de pesquisa e de ter cursado disciplinas na área ambiental, optei
pela Estação de Tratamento de Águas e o acompanhamento das atividades da Estação
de Tratamento de Efluentes.
5.2. Minimização de Custos e Aumento da Eficiência do Processo na Estação de
Tratamento de Águas
Neste setor os objetivos específicos eram os seguintes:
Estudo da redução da quantidade de produtos químicos utilizados
Reuso do rejeito da Osmose reversa para a água do hidrante
5.2.1. Redução da Quantidade de Produtos Químicos Utilizados
Além de implicar em maiores custos para a empresa, o consumo elevado de
produtos químicos para o funcionamento da ETA pode reduzir a eficiência das
membranas.
Através de consultas ao sistema da empresa, documentações e o auxílio dos
colaboradores, foi possível diagnosticar o consumo atual de produtos químicos e
comparálo com a quantidade de produtos químicos determinada no projeto dos
equipamentos.
Os produtos químicos utilizados no processo são os seguintes:
Hipoclorito de Sódio: forte agente oxidante reagindo principalmente com a
matéria orgânica, tem como objetivo o combate a microrganismos para evitar o
processo de biofouling, o que diminui a eficiência das membranas;
Soda Cáustica: utilizada na correção do pH da água que entra no sistema de
Osmose Reversa, assim como na regeneração das resinas do leito misto;
Cortrol IS3020: sequestrador de O2 dissolvido, pois mesmo baixas
concentrações de O2 podem causar corrosão alveolar severa na linha/equipamentos;
Hypersperse MSI 410: controle de depósito das membranas, principalmente a
sílica, o que maximiza o tempo de operação das membranas e reduz custos de capital e
operacionais;
Biomate MBC 2881: utilizado nas membranas do sistema de osmose reversa.
Altamente eficaz na redução do crescimento microbiano e na formação de biofilme;
Kleen MCT 882: produto utilizado para a limpeza alcalina das membranas.
Promove a remoção de depósitos orgânicos tais como: colóides, sólidos em suspensão e
material biológico;
Kleen MCT 405: produto utilizado para a limpeza ácida das membranas.
Promove a dissolução dos incrustantes na superfície da membrana. Os principais sais
que promovem a incrustação são obviamente sais de cálcio e magnésio (sulfato e
carbonato), sílica como SiO2 e hidróxido de ferro;
Ácido Clorídrico: o ácido clorídrico é utilizado na regeneração das resinas do
leito misto.
A quantidade de aplicação de cada produto, assim como o custo mensal de cada
produto, encontramse na tabela abaixo:
Tabela 2 Quantidade e custos mensais teóricos dos produtos aplicados
Situação ideal (considerando 1 equipamento)
Preço (R$) (kg/m³) Limp./mês Qtde./limp. (L) Qtde./mês (kg) Total (R$)
Filtro Multimídia
Hipoclorito de Sódio 1.50 1300 Injeção contínua na linha 4324.32 6486.48
Osmose Reversa
Soda 1.25 1530 115.7 144.63
Cortrol IS3020 16.26 1268 Injeção contínua na linha 228.2 3710.53
Hypersperse MSI 410 27.34 1124 218.5 5973.79
Limp. Microbiológica Membrana
Biomate MBC 2881 63.3 1269 8 1 10.2 642.62
Limp. Química Membrana
Kleen MCT 882 15.50 1082 0.33 100 36.1 559.03
Kleen MCT 405 31.86 1103 0.33 88 32.4 1030.82
Regeneração Leito Misto
Soda (50% para 0,4%) 1.25 1530 6 179.0 1643.2 2054.03
Ácido Clorídrico (30% p/ 0,3%) 0.70 1180 6 203.0 1437.2 1006.07
TOTAL 21607.99
A quantidade de produtos que realmente é aplicada e consumida é:
Situação real (considerando 1 equipamento)
Limp./mê
Preço (R$) (kg/m³) s Qtde./limp. (L) Qtde./mês (kg) Total (R$)
Filtro Multimídia
Hipoclorito de Sódio 1.50 1300 Injeção contínua na linha 4324.3 6486.48
Osmose Reversa
Soda 1.25 1530 115.7 144.59
Cortrol IS3020 16.26 1268 Injeção contínua na linha 228.2 3711.18
Hypersperse MSI 410 27.34 1124 218.5 5973.94
Limp. Microbiológica Membrana
Biomate MBC 2881 63.30 1269 12 1 15.2 963.93
Limp. Química Membrana
Kleen MCT 882 15.50 1082 0.50 100 54.1 838.55
Kleen MCT 405 31.86 1103 0.50 88 48.5 1546.23
Regeneração Leito Misto
Soda (50% para 0,4%) 1.25 1530 28.8 207.0 9121.0 11401.20
Ácido Clorídrico (30% p/ 0,3%) 0.70 1180 28.8 215.8 7332.5 5132.74
TOTAL 36198.84
Tabela 3 Quantidade e custos mensais reais dos produtos aplicados
Analisando os custos referentes à limpeza química e a aplicação de biocida nas
membranas, e de regeneração dos leitos mistos, observouse um acréscimo de
aproximadamente R$15.000 por mês.
Os produtos químicos aplicados diretamente na linha (hipoclorito de sódio, soda
cáustica, Cortrol MSI3010 e Hypersperse MSI 410) não foram contabilizados no
consumo real de produtos químicos. O hipoclorito de sódio é injetado em quantidades
variáveis, ao passo que os outros três produtos são injetados a uma vazão constante.
Contudo as bombas dosadoras apresentaram falhas diversas vezes, como sensores ou
em relação à dosagem.
Estas falhas apresentam consequências a curto prazo e médio/longo prazo. A
curto prazo haverá um aumento nos gastos com produtos químicos. A médio/longo
prazo isto causará danos às membranas, o que por sua vez implicará na redução de sua
eficiência e que acarretará em custos ainda mais elevados, com a aquisição de novas
membranas.
5.2.2. Reuso do rejeito da Osmose reversa para a água do hidrante
O processo de osmose reversa gera duas correntes: o rejeito e o permeado.
No processo atual da empresa, o permeado segue para o tanque de permeado, ao passo
que o rejeito segue para um tanque de armazenagem de 10m³. Este tanque de 10m³
conectase à tubulação que o rejeito para a fábrica do café, entretanto, o envio de rejeito
para o café resumese a episódios pontuais. Consequentemente, o rejeito gerado pelo
processo de osmose reversa acaba sendo enviado para a rede pluvial uma vez que a
caixa de 10m³ atinge sua capacidade máxima.
O atual layout do processo pode ser visualizado na figura abaixo:
Linha do Café
Pluvial
Reservatório
10m³
Q=15m³/h
n=3.530 rpm
10 hp
Rejeito
Membranas
Figura 11. Diagrama de blocos da água de rejeito das membranas
Um parâmetro que chama atenção na corrente que segue para a rede pluvial é a
vazão, que é de aproximadamente 15m³/h por cada máquina de osmose reversa.
Entretanto, o funcionamento da segunda máquina de osmose reversa para suprir a
demanda do setor de caldeira/cogeração não é tão raro de ocorrer, e assim, a vazão da
corrente de rejeito é dobrada por algumas horas, isto é, 30m³/h.
Assim, este rejeito poderia ser reaproveitado em algum outro ponto da fábrica
para fins não potáveis. Este rejeito possui alta de concentração de sais, o que o torna
impróprio para o consumo humano devido ao baixo poder de hidratação.
No setor de águas e poços artesianos, mais especificamente na linha de
hidrantes, existem 3 bombas responsáveis pela alimentação dos hidrantes na fábrica:
uma bomba de vazão de 10m³ por hora, uma bomba de vazão de 150m³ por hora e, uma
moto bomba de vazão de 150m³ por hora que somente é utilizada quando não há energia
elétrica.
Idealmente, a bomba de vazão de 10m³ por hora deveria ser a única a operar 24h
por dia com a finalidade de manter a linha de incêndio pressurizada. A bomba de vazão
de 150m³ deve apenas ser ativada para suprir a demanda da fábrica de café e em casos
de incêndio. Estas duas bombas são automatizadas e, quando a pressão da bomba de
menor vazão ultrapassa 2 kgf/cm², a bomba de maior vazão assume o controle e
desativa a bomba menor. Uma vez que a bomba de maior vazão é ativada, que opera a 6
kgf/cm², seu desligamento pode apenas ser realizado manualmente.
Neste caso, a situação atual é que a bomba de 10m³ por hora nunca consegue
suprir as necessidades da fábrica e, consequentemente, a única bomba que opera
ininterruptamente é a de 150m³ por hora. Este problema é causado, devido à vazamentos
na tubulação de hidrantes em diversos pontos. Como resultado, a fábrica acaba tendo
mais custos com água e energia, pelo fato da maior potência da bomba quando
comparada à bomba de menor vazão.
Após uma conversa com o engenheiro responsável, foi designada a tarefa de
encontrar uma maneira de reutilizar esta água de rejeito da osmose reversa.
Economizando assim água e energia.
O sistema atual das bombas do hidrante, assim como a corrente do rejeito no
setor de osmose reversa podem ser visualizados na figura abaixo:
Figura 12. Representação da casa de bombas
As ideias que discutidas com operadores, encarregados, técnicos da mecânica e o
engenheiro, foram as seguintes:
Criação de um reservatório da água de rejeito de 100m³
Injeção da água de rejeito na própria linha do hidrante
Apesar de mais segura, a primeira opção exigiria custos mais elevados. Seria
necessário adquirir um tanque de 100m³, readequar o layout da casa de bombas,
aquisição de uma quantidade maior de tubulação e manutenções mais frequentes nas
bombas devido à elevada concentração de sais na água.
Por outro lado, a injeção na linha de hidrantes mostrase um pouco arriscada
pela possibilidade deste rejeito retornar para a cisterna.
A cisterna possui dois compartimentos. No primeiro, não há a adição de
hipoclorito de sódio e sua finalidade é abastecer a linha de hidrantes. O segundo
compartimento é alimentado pela água que transborda do primeiro compartimento, e
nele é adicionado hipoclorito de sódio, pois este se destina ao consumo de água para
fins potáveis.
O risco da injeção na linha encontrase na possibilidade do rejeito retornar para o
primeiro compartimento da cisterna e transbordar.
Chegouse a conclusão que a ideia mais economicamente viável é a injeção da
água de rejeito na própria linha de incêndio que conta com válvulas de retenção para
garantir a segurança do processo.
Após a definição do projeto, foi realizado um levantamento dos materiais
necessários para esta melhoria, incluindo bombas, válvulas e tubulações. A figura
abaixo mostra um esquema do sistema de reuso após a implantação da melhoria
proposta:
Figura 13. Casa de bombas com equipamentos necessários para o reuso da água de
rejeito
Foi realizado o orçamento de todo o material necessário e o valor orçado foi de
R$4.691,44. Visando determinar a quantidade economizada pela empresa, determinou
se quanto será economizado com água e energia em relação ao sistema antigo.
A quantidade de água economizada é de 10.800m³/h e, a quantidade de energia
economizada é de 17,13 kW*h. Estas utilidades convertidas equivalem a R$89.259
mensais.
Assim, o tempo de payback calculado para o processo será de apenas 19 dias.
6. Problemas e Sugestões
Na estação de tratamento de águas (ETA), eu sugeriria que fosse feito um
melhor controle da dureza da água dos poços, na cisterna e também no filtro MM,
membranas e o leito misto. Atualmente os valores de sílica baixa (ppb), são muito
superiores aos valores que a caldeira de alta pressão requer. E isto está comprometendo
a vida útil das membranas, o tempo de regeneração das resinas do leito misto e também
em perdas no setor da caldeira e cogeração, com o aumento da quantidade de descargas
para que o valor da sílica mantenhase numa faixa aceitável. Além disso, as bombas
dosadoras de produtos químicos deveriam passar pela manutenção mais vezes, pois
algumas vezes estas apresentavam falhas ou simplesmente paravam de funcionar.
Também o estoque deveria fazer solicitações com mais antecedência com uma empresa
que realmente cumprisse seus prazos, algumas vezes produtos que comprometem a vida
útil das membranas não foram utilizados devido à falta de produto no fornecedor.
Na estação de tratamento de esgoto (ETE), deveria ser adicionada ao agitador
mecânico uma bomba dosadora de soda caústica. Em determinados períodos, a fábrica
de sucos e catchup emite uma grande quantidade de efluente com pH muito baixo,
fazendo com o coagulante/floculante adicionado também nesta etapa seja desperdiçado
pois o efluente acaba não floculando/coagulando como deveria.
7. Conclusão
Através deste estágio foi possível observar de maneira mais aprofundada e
detalhada como os equipamentos estudados em sala de aula funcionam e se integram ao
processo produtivo. A parte mais gratificante, em minha opinião, foi observar não
conformidades do processo e encontrar soluções utilizando o conhecimento adquirido
em sala de aula.
Além disso, este estágio foi muito agregador no que se refere às relações
interpessoais. A exposição à pessoas de diferentes níveis hierárquicos e diferentes
comportamentos foi um aprendizado, pois além de todo o conhecimento adquirido por
meio destas pessoas, observouse a necessidade de se ajustar à estas pessoas para que a
comunicação entre as partes seja mais efetiva.
8. Referências
COCAMAR. Entrevistas concedidas por colaboradores da empresa. Período de
realização: durante período de estágio;
MANDARINO J. M. G., ROESSING A. C. Tecnologia para produção do óleo
de soja: descrição das etapas, equipamentos, produtos e subprodutos.
Documento 171 – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
Setembro de 2001;
LUCCA, L. Controle de qualidade do Hipoclorito de Sódio no Processo de
Produção. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2006;
AQUANET. Limpeza química de membranas. Disponível em:
<http://www.sattamini.com.br/Limpeza.html>. Acessado em: 20 de janeiro de
2016.
ALCOLINA. Osmose Reversa: Sequestrante de cloro. Disponível em:
<http://www.alcolina.com.br/produto/tratamentodeagua/54/sequestrantede
cloro>. Acessado em: 21 de janeiro de 2016.
GE POWER – WATER AND PROCESS TECHNOLOGIES. Produtos
Químicos para Tratamento de Água de Alimentação. Disponível em:
<http://www.gewater.com.br/products/cortrolforfeedwater.html>. Acessado
em: 21 de janeiro de 2016.
SILVA, D. B. C; SANTOS, E. B; DUARTE, J. A. Utilização de Osmose
Reversa pata Tratamento de Águas. 2012.