Você está na página 1de 26

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
Curso de Engenharia Química
DEQ1011 – Operações Unitárias com Transferência de Calor e Massa I
Profº Dr. Flávio Dias Mayer

USO DE EVAPORADORES DE TRIPLO EFEITO NA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR


CRISTAL

Debora ​Calgarotto
Luise Soares Ribeiro
Renata König Borchardt
Thalísia Silva

Santa Maria-RS, 20 de junho de 2018


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Variáveis do
processo………………………………………………………….10
Tabela 2: Valores dos coeficientes
globais……………………………………………...16
Tabela 3: Elevação do ponto de ebulição em cada
efeito……………………………..18
Tabela 4: Variação da temperatura e a temperatura de operação para cada
efeito..19
Tabela 5: Entalpia de vapor superaquecido da água pura e da solução ……………19
Tabela 6: Entalpia de
Vaporização…………………………………………………….…20
Tabela 7: Entalpia das correntes líquidas h……………………………………….…….20
Tabela 8: Vazões das correntes do
processo…………………………………………...22

1
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma do processo de produção do açúcar cristal …………………....5


Figura 2. Evaporador tipo Robert………………………………………………………….8
Figura 3: Esquema da etapa de evaporação do caldo em um evaporador de triplo
efeito…………………………………………………………………………………………10
Figura 4: Elevação do ponto de ebulição da solução de sacarose…………………..17

2
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

OBJETIVOS 4

ETAPAS DE PRODUÇÃO 5
PREPARAÇÃO DO CALDO 6
Recepção da matéria prima 6
Extração da sacarose ou moagem 6
Tratamento do caldo 6
Evaporação 6
Evaporadores tipo Robert 7
CRISTALIZAÇÃO 8
CENTRIFUGAÇÃO 9
ARMAZENAMENTO 9

RESULTADOS 9
DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE EVAPORAÇÃO 11
Área da troca térmica 11
Consumo de vapor 11
Economia 12
Capacidade 12

CONCLUSÃO 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12

ANEXO A - MEMORIAL DE CÁLCULO 14

3
1. INTRODUÇÃO

De acordo com a UNICA (2018), o Brasil foi responsável por produzir 38.734
milhões de toneladas de açúcar a partir da cana, na safra ​e 2016/2017, sendo o
principal mercado do setor sucroalcooleiro. Apesar do crescente desenvolvimento
no setor, ainda é visível a carência de conhecimento tecnológico especializado nas
usina produtoras de álcool e açúcar, o que evidencia a necessidade de mais
estudos e pesquisas para o desenvolvimento como a aplicação mais adequada de
novos estudos de engenharia e novas tecnologias disponíveis, do ponto de vista
técnico e científico, tornando o processo industrial mais eficiente e capacitando o
setor a enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e globalizado (JESUS,
2004).
As principais etapas do processo de produção de açúcar são a evaporação
do caldo e a cristalização do açúcar, sendo o estágio de evaporação com grande
influência no balanço energético das usinas, pois ao mesmo tempo que necessita
de grande quantidade de vapor das caldeiras também gera muito vapor vegetal de
baixa pressão, utilizado por outros equipamentos da usina.
O estu​do de evaporadores de triplo efeito é fundamental para avaliar o efeito
de variáveis de temperatura, pressão e principalmente para o dimensionamento
adequado durante a operação de evaporadores na indústria. Além de apresentar
melhor desempenho durante a produção, é desejável atribuir vantagens de
economia e eficiência energética através do aproveitamento de vapor gerado para
ser usado como vapor de aquecimento nos trocadores de calor subsequentes e
também na alimentação de outros equipamentos.
Para o estudo deste trabalho consideramos o uso de evaporador do tipo
Robert, de triplo efeito, com alimentação direta e, baseado em valores de produção
de açúcar da Usina Santa Adélia-Jaboticabal/SP.

4
2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é estudar e detalhar o processo de


evaporação na produção de açúcar cristal, utilizando cálculos de dimensionamento
de evaporadores tipo Robert de triplo efeito com alimentação direta.

3. ETAPAS DE PRODUÇÃO

A produção de açúcar cristal é basicamente um processo de extração do


caldo contido na cana e posterior concentração e secagem até a formação dos
cristais. Segundo Machado (2012), dentro desse processo podemos classificar uma
usina de açúcar como uma indústria de extração, uma vez que o açúcar já é
produzido pela natureza, através da cana, sendo ele somente concentrado no
processo, nas suas várias modalidades
Dessa forma, as etapas de produção do açúcar podem ser descritas
conforme o fluxograma da Figura 1, onde ocorrem: recepção da matéria prima,
extração da sacarose, tratamento do caldo, evaporação, cristalização,
centrifugação, secagem e embalagem.

Figura 1​. Fluxograma do processo de produção do açúcar cristal.

5
Fonte: As autoras.

As etapas de produção podem ser separadas em: preparação do caldo e


cristalização.

3.1. PREPARAÇÃO DO CALDO

3.1.1. Recepção da matéria prima


Quando a cana-de-açúcar chega na usina, passa por um processo de
lavagem para retirar a terra presente na planta, logo após, transferido paras mesas
de alimentação para extração.

3.1.2. Extração da sacarose ou moagem


Após da etapa de recepção a cana-de-açúcar é conduzida através esteiras
rolantes para os picadores e desfibradores, essa etapa é chamada de preparo da
cana. A extração do caldo da cana-de-açúcar ,ocorre através de esmagamentos da
cana pelos rolos das moendas que exercem uma forte pressão a cana e nesse
processo são extraído cerca de 96% do caldo da cana para ser utilizado na
produção de açúcar. E o bagaço que sobrou do processo será utilizado como
combustível.
.
3.1.3. Tratamento do caldo
Posteriormente a etapa de extração, o caldo que foi obtido por esse
processo passa por uma peneira para retirar as impurezas grossas, utilizando a
sulfitação com SO​2 que irá auxiliar na coagulação das matérias coloidais, na
formação de precipitados (que farão o arraste de impurezas durante a
sedimentação) e na desinfecção do caldo. Para o controle do pH que seja próximo
do neutro, coagular parte do material coloidal e precipita as impurezas usa-se
leite de cal. O caldo sofre um tratamento térmico até 115ºC para reduzir
viscosidade do fluido e auxiliar na decantação dos precipitados para ser filtrados.
Assim o caldo clarificado poderá ser enviado para à evaporação.

6
3.1.4. Evaporação
O processo de evaporação constitui o primeiro estágio de concentração do
caldo tratado. O caldo contém cerca de 85% de água (solvente), que é então,
evaporada até que se atinja a concentração desejada ou necessária de sólidos para
que possa seguir na etapa de cristalização. O evaporador recebe calor através de
trocadores de calor capazes de levar a solução de caldo à ebulição, e através de um
dispositivo, ocorre a separação da fase vapor. Assim, o produto resultante da
evaporação, ou xarope, é direcionado para a próxima etapa de produção ou para o
próximo efeito, no caso de evaporadores de múltiplos efeitos.
A etapa de evaporação do caldo deste trabalho foi dimensionada
considerando um sistema de evaporadores de triplo efeito, do tipo Robert, com
corrente de alimentação direta.

3.1.4.1. Evaporadores tipo Robert

O tipo de evaporador mais utilizado nas indústrias açucareiras é do tipo


Robert, devido a sua grande superfície de contato de aquecimento, já que, além do
xarope concentrado essas indústrias também visam o subproduto que é o bagaço
(LEHNBERGER, A., ​et al,​ 2014).
Esse tipo de evaporador é constituído por tubos verticais, de maneira
contínua, com o movimento do líquido propulsionado pela convecção natural gerada
por diferenças de temperatura na massa líquida em movimentação em seu interior.
A superfície de aquecimento situa-se na parte inferior do corpo do aparelho e, entre
duas chapas (espelhos), estão fixados os tubos verticais (calandras) por onde
circula o caldo em concentração. O vapor introduzido na calandra condensa-se
entre os espelhos e externamente aos tubos cedendo energia ao líquido que se
encontra no interior do equipamento (JESUS, 2004). A representação do
evaporador Robert está demonstrada na figura 2.

7
Figura 2. Evaporador tipo Robert.

Fonte: ASADI, 2007.

Nos evaporadores Robert, os tubos de aquecimento são relativamente mais


curtos (2 a 3 m) em comparação com os dos evaporadores de filme fino (5 a 10 m).

3.2. CRISTALIZAÇÃO
O xarope que foi produzido na evaporação passa por uma etapa de
cozimento onde atinge certo grau de supersaturação, neste caso, pode ser utilizado
um evaporador de simples efeito para que seja concentrado sob vácuo.

8
De acordo com Machado (2012) a separação da sacarose das impurezas
associadas nas soluções sacarinas é o objetivo fundamental na fabricação de
açúcar. Este objetivo é alcançado através da cristalização da sacarose, que é
subsequente à separação dos cristais por meio de força centrífuga, pois outras
impurezas já foram eliminadas na fase de clarificação.
A massa cozida é uma mistura de cristais e licor-mãe que é descarregado
nos tanques de cristalização e é mantida sob refrigeração e agitação lenta. Dessa
forma o processo visa o aumento do tamanho de cristais formados e a exaustão
máxima da sacarose presente, obtendo-se um progressivo decréscimo da
solubilidade da sacarose. A velocidade de resfriamento nos cristalizadores influencia
de forma direta o tempo necessário para que o processo ocorra, porém depende de
fatores, como por exemplo, potência e formato de equipamentos, sistema de
agitação e propriedades da massa cozida.

3.3. CENTRIFUGAÇÃO
Na etapa de centrifugação ocorre a separação do licor mãe dos cristais de
açúcar através da força centrífuga realizada a partir do eixo do equipamento. Dessa
forma os cristais de sacarose são retidos no interior da tela enquanto o licor-mãe
drena pelos orifícios da tela.

3.4. SECAGEM
Os cristais de sacarose são introduzidos no secador que possui sistemas de
circulação de ar aquecido, com temperatura controlada, até que sua umidade seja
reduzida a níveis entre 0,1 - 0,2%. A velocidade do ar de aquecimento também deve
ser controlada para que não haja eventuais arrastes de cristais finos de açúcar.

3.5. ARMAZENAMENTO
O armazenamento pode ser realizado em embalagens impermeáveis, em
sacas de 50 a 1.500 kg, a granel, ou em embalagens menores para o consumidor
final. Devem armazenados e transportados de maneira segura, em local seco,
limpo e arejado.

9
4. RESULTADOS

Para fins de cálculos e condições de operação do sistema de evaporadores


de triplo efeito, descritos no Anexo A - Memorial de cálculo, a vazão para a corrente
F adotada foi de 325800 Kg/h, com base na produção de açúcar da Usina Santa
Adélia-Jaboticabal/SP (JESUS, 2004, p.53), com uma fração inicial de sólidos de
12% em massa. Ao final do sistema de evaporadores de triplo efeito, o produto
obtido apresentou a fração final de 65% em massa. O esquema com as etapas de
evaporação do caldo para a fabricação de açúcar cristal pode ser observado na
Figura 3.

Figura 3. Esquema da etapa de evaporação do caldo em um evaporador de triplo


efeito com alimentação direta.

Fonte: As autoras.

O caldo, previamente tratado, entra no primeiro evaporador (corrente F) com


temperatura de entrada (T​F​=115 ºC) onde troca calor com uma corrente de vapor de
aquecimento (V​S​) que compõe o trocador de calor do primeiro efeito. Ao final do
processo de evaporação, o produto sai do último evaporador (corrente L​3​) a uma
temperatura de 52,95 ºC. Após a realização dos cálculos de balanço de massa e
energia, os valores da vazão de cada corrente envolvida no processo e a fração
mássica dos sólidos correspondentes foram obtidos e descritos na Tabela 1.

Tabela 1:​ Variáveis do processo.


Variáveis Valores

10
Corrente de alimentação F 325800 Kg/h

Temperatura da corrente de alimentação T​F 115 ºC

Fração mássica de sólidos na corrente F 0,12

Fração mássica de sólidos na corrente L​1​ (x​sL1​) 0,165

Fração mássica de sólidos em L​2​ (x​SL2​) 0,263

Fração mássica de sólidos na corrente L​3​ (x​SL3​) 0,65

Corrente de vapor de aquecimento no primeiro 73208,01 Kg/h


trocador de calor V​S

Correntes de vapor vegetal ( V​1​, V​2​ e V​3​) 8850,76 Kg/h

Corrente de produto que deixa o primeiro evaporador 237249,24 Kg/h


e entra no segundo efeito (L​1​)

Corrente de produto que deixa o segundo evaporador 148698,48 Kg/h


e entra no terceiro efeito (L​2​)

Corrente de produto que deixa o evaporador de 3 60147,70 Kg/h


efeitos (L​3​)
Fonte: As autoras.

4.1. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE EVAPORAÇÃO

4.1.1. Área da troca térmica


Para o cálculo da área da troca de cada evaporador foram encontrados os
valores 979.57, 6821.75 e 3395.69 m​2 para os evaporadores 1, 2 e 3,
respectivamente, resultando em uma área média de 1210,43 m​2​. Estes valores de
área são divergentes, indicando possíveis erros de dimensionamento, uma vez que
a tendência é que as áreas dos evaporadores sejam próximas entre os efeitos
empregados. Tendo em vista que os valores utilizados para o coeficiente global (U)
foram obtidos do site Sugar Tech (2018), que é uma fonte confiável de dados,
tem-se a hipótese de que o erro está atrelado ao valor calculado, uma vez que
obteve-se valores coerentes para a temperatura de cada efeito.

11
4.1.2. Consumo de vapor
O valor calculado foi de 73208,1 kg/h. Observando-se a grande vazão de
entrada da corrente F, espera-se grande consumo de vapor para atingir a
concentração desejada no processo. Este valor elevado evidencia a necessidade da
utilização de evaporadores de múltiplos efeitos, uma vez que a utilização de
evaporadores de um único efeito mostra-se inviável economicamente. Neste caso, a
utilização de evaporador de múltiplos efeitos é crucial pois eles permitem o
reaproveitamento energético do processo ao invés de utilizar uma nova fonte
energética.

4.1.3. Economia
A economia relaciona a capacidade do evaporador de gerar vapor que pode
ser reutilizado como aquecimento nos efeitos dois e três, com o consumo de vapor
V​s​. A economia obtida para o processo utilizado foi de 3,6.

4.1.4. Capacidade
A capacidade de vapor está relacionada com os vapores que são gerados em
cada efeito e que serão utilizados como vapor de aquecimento no efeito seguinte,
gerando um melhor aproveitamento de energia, aumentado a economia do
processo. O valor encontrado para a capacidade dos evaporadores foi de
265652,31 kg/h.

5. CONCLUSÃO

Tendo em vista a grande vazão de entrada, tem-se que o consumo de vapor


obtido é alta, no entanto a capacidade do processo também é elevada, indicando
grande potencial de evaporação. Além disso, observa-se que os sistema apresenta
grande economia de 3,6. No dimensionamento do evaporador foi obtida uma área
média de troca térmica igual 1210,43 m​2​. Os valores das áreas para o 1º, 2º e 3º
efeito respectivamente de 979, 57 m2 , 1894, 93 m2 e 756, 79 m2 . Uma hipótese para
a divergência dos valores das áreas dos evaporadores é que foram utilizados dados
de operação de diferentes empresas.

12
A partir do método de cálculo utilizado, observa-se que não obteve-se
valores das correntes de vapor iguais, como proposto. No entanto, a partir dos
cálculos tem-se que o sistema pode atinge a concentração de sólidos encontrada na
corrente L​3 foi de xsL2 =0,64, ou seja, a concentração desejada foi alcançada e,
assim a solução concentrada obtida pode gerar uma grande eficiência no
cristalizador na obtenção de cristais.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASADI, M.; ​Beet-Sugar Handbook, Wiley-interscience, A John Wiley & Sons,
Inc., Publication, USA, 2007.
2. HUGOT, E.; ​Manual da Engenharia Açucareira​, Volume II, Editora Mestre
Jou, São Paulo, 1969.
3. JESUS, C. D. F., ​Validação da simulação evaporação e cristalização da
produção de açúcar e cristalização da produção de açúcar com dados
obtidos em plantas industriais​, 2004, São Carlos - São Paulo.
4. LEHNBERGER, A.; BRAHIM, F.; MALIIKARJUM, S. S. ​Falling-film
evaporator plant for cane sugar factory presentation of the concept and
operating results​, International Sugar Journal, 2014;
5. MACHADO, S. S.; ​Tecnologia da fabricação do açúcar​. ​Inhumas: IFG;
Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012.
6. MATHLOUTHI, M.; REISER, P. ​Sucrose - Properties and Applications​.
Ed. Blackie Academic & Professional, an imprint of Champman & Hall, UK,
1995, pg 208;
7. MAYER, F.; D. ​Material Didático​. UFSM, 1º semestre 2018;
8. THE SUGAR ENGINEERS
<http://www.sugartech.co.za/evaporator/ohtc.php> Acessado dia 15/06/2018,
às 18:52;
9. UNICA, ​Produção de açúcar no Brasil na safra de 2016/2017​.
http://www.unicadata.com.br/historico-de-producao-e-moagem.php?idMn=31
&tipoHistorico=2. Acesso em 18 de junho de 2018, às 11:59.

13
7. ANEXO A - MEMORIAL DE CÁLCULO
Para a realização dos cálculos dos evaporadores foram consideradas as
seguintes hipóteses:

Para Mayer (2018, p. 45 e p.55), as considerações são:

- A operação ocorre em estado estacionário;


- Caldo dentro do evaporador é uma mistura perfeita, possuindo a
mesma temperatura em toda a solução;
- A temperatura de pressão de trabalho no evaporador é a mesma do
do ponto de ebulição da solução;
- O vapor de saída no último efeito é composto apenas por água e sai
na temperatura de ebulição da solução e na pressão de trabalho do
evaporador;
- O condensado está na fase líquida e na pressão de vapor de
aquecimento;
- As perdas de energia para a vizinhança são desprezíveis;

7.1 Balanço de massa

7.1.1 Balanço de massa global:


Primeiramente, realizou-se o balanço de massa global para os três
evaporadores.
(1)

Assumiu-se que as vazões V​1​, V​2​ e V​3​ são iguais, para fins de cálculo:

V​1​ = V​2​ = V​3 (2)

14
O balanço global fica:
F = 3 * V​3​ + L​3​ (3)

7.1.2 O balanço de massa global realizado para o sólido:

(4)
A corrente V​3 é zero, porque nesta corrente não há sólido, existe apenas
vapor d’ água. Substituindo os valores da Tabela 1 na equação e obtém a vazão da
corrente L​3​:

L​3​= 60147,69 Kg/h (5)

Para encontrar os valores das vazões dos vapores produzidos substitui-se a


vazão da corrente L3, equação 5, e a vazão da corrente F, da Tabela 1, na equação
3:

325800 = 3 * V​3​ + 60147,69 (6)

V​1​ = V​2​ = V​3 =


​ 88550,76 Kg/h (7)

Os valores encontrados para as vazões das correntes de vapor são valores


aproximados, devido a consideração realizada de que a vazão dessas correntes são
iguais, sendo necessário recalculá-las.

7.1.3 Balanço de massa para o 1º efeito:

F =V1+L1 (8)

Substituindo-se, o valor encontrado foi: L1 = 237249, 24 kg/h .

7.1.4 Balanço de massa de sólidos para o 1°efeito:

F * xsF = V 1 * xsv1 + L1 * xsL (9)

15
A partir dessa equação, obteve-se o valor da fração mássica de sólidos na
corrente de saída do primeiro efeito xsL1 =0,16.

7.1.5 Balanço de massa para o 2º efeito:

L1 =V2+L2 (10)

Substituindo-se os valores na equação, obteve-se L 2 = 148698, 48 kg/h .

7.1.6 Balanço de massa de sólidos para o 2°efeito:

L1 * xL1 = V 2 * xV 2 + L2 * xSL2 (11)

Obteve-se xsL2 =0,26


7.1.7 Balanço de massa para o 3º efeito:

L2 =V3+L3 (12)

Para fins comparativos, realizou-se o cálculo para checar o valor de L 3 , o qual


coincidiu com os valores calculados anteriormente.
7.1.8 Balanço de massa de sólidos para o 3º efeito:

L2 * xL2 = V 3 * xsV 3 + L3 * xs3 (13)


Obteve-se xsL2 =0,64.

7.2 Balanço de energia

7.2.1 Coeficiente global de transferência de calor (U)


Os valores dos coeficientes globais de cada efeito foram obtidos segundo o
site The Sugar Engineers (2018), descritos na Tabela 2, foram assumidos conforme
condições usuais de operação, sendo a temperatura do vapor de aquecimento (T S )
a 120 ° C com concentrações de caldo e xarope de respectivamente 12 ° e 65 ° Brix.

Tabela 2:​ Valores dos coeficientes globais.

16
Efeito U (W/m​2​K)

1​º Efeito 2500

2º Efeito 2200

3º Efeito 1700
Fonte: SUGAR ENGINEERS (2018).

7.2.2 Temperatura de Operação


A partir dos dados do site The Sugar Engineers (2018), considera-se que a
pressão de operação do terceiro efeito é de 13 KPa, correspondendo à temperatura
de 50,95°C para a água pura, presente na Tabela 1 (MAYER, 2018, p.63). A
elevação do ponto de ebulição da solução nesse efeito foi obtida a partir da Figura
4, onde tem-se que a EPE é de 2ºC, portanto a temperatura de operação nesse
efeito é de 52,95°C.

Figura 4: Elevação do ponto de ebulição da solução de sacarose.

17
Fonte: MAYER, 2018.

Com o valor da elevação do ponto de ebulição calculado para o 3º efeito e


com os valores para a EPE para o 1º e 2º efeito, obtidos segundo HUGOT (1969,
p.6240), montou-se a Tabela 3:

Tabela 3: ​Elevação do ponto de ebulição em cada efeito.


Efeito Brixº EPE (ºC)

1º Efeito 12º 0,8*

18
2º Efeito 18º 1,3*

3º Efeito 65º 2
*Valores obtidos em HUGOT (1969, p.6240).

Foi possível utilizar os dados sobre a elevação do ponto de ebulição para o 1º


e 2º efeito obtidos pelo HUGOT (1969, p.624), pois o Brixº para o primeiro efeito
utilizado pelo autor é de 12º sendo o mesmo valor de concentração do processo
estudado. Segundo MAYER (2018, p.52) soluções com solutos biológicos, como o
açúcar, tem pequena elevação do ponto de ebulição, quando comparadas com
soluções contendo solutos inorgânicos.
Sendo T S a temperatura do vapor de aquecimento, T L3 a temperatura da
corrente do concentrado e ΣΔEP E o somatório da elevação do ponto de ebulição
para os três efeitos.

ΣΔT Ef etivo = (T S − T L3 ) − ΣΔEP E (14)

ΣΔT Ef etivo = (120 − 52, 95) − (0, 8 + 1, 3 + 2)


ΣΔT Ef etivo = 62, 95 °C

A equação 15 é utilizada para o cálculo da variação da temperatura


referente ao primeiro feito. As variações do segundo e terceiro efeito foram
calculados de forma análoga.
ΣΔT Ef etivo *( U1 ) (15)
ΔT 1 = 1 + 1 + 1
1

U1 U2 U3

As temperaturas de operação para cada efeito foram calculadas de acordo


com a queda da temperatura em cada efeito. Como indica as equações 16,17 e 18,
para o 1°,2° e 3° efeito, respectivamente.
Na Tabela 4 são apresentados os valores para a variação da temperatura e a
temperatura de operação para cada efeito.

ΔT 1 = T s − (T L1 + EP E 1 ) (16)

ΔT 2 = T V 1 − (T V 2 + EP E 2 ) (17)

ΔT 3 = T V 2 − (T V 3 + EP E 3 ) (18)

19
Tabela 4​: Variação da temperatura e a temperatura de operação para cada efeito.
Efeito ΔT (°C) T op (°C)

1° 17,49 101,71

2° 19,87 80,58

3° 25,71 52,84
Fonte: As autoras.

7.2.3 Entalpia de vapor superaquecido:

Calculou-se as entalpias de vapor superaquecido das correntes V​1​, V​2 e V​3​,


onde o H V ,H20 pura é a entalpia de vaporização para a água pura retirados de
MAYER(2018, p.63). Foi considerado um valor constante de 1,884 kJ/kgºC para a
capacidade calorífica ( C p ) da água, e a EPE para cada efeito.

H V = H V , H20 pura + C p * E P E (19)

Tabela 5​: Entalpia de vapor superaquecido da água pura e da solução.


Corrente H V , H20 pura ​(kJ/kg) H V (kJ/kg)

V​1 2678,73 2680,24

V​2 2644,65 2647,10

V​3 2597,29 2601,06


Fonte: As autoras.

7.2.3 Entalpia de vaporização ( λS ):


As entalpias de vaporização foram calculadas para todos os efeitos λ1 , λ2 e
λ3 , valores presentes na Tabela 6, utilizando os dados da Tabela encontrada em
MAYER (2018, p.65).

λS = H S − hc (20)

Tabela 6​: Entalpia de vaporização.


Efeito λS (kJ/kg)

20
1º Efeito ( λs ) 2202,59

2º Efeito ( λ1 ) 2252,47

3º Efeito ( λ2 ) 2307,30
Fonte: As autoras.

7.2.4 Entalpias das correntes líquidas (h):


Para calcular as entalpias das correntes líquidas foi utilizado a
equação 21 abaixo:

h = C p * ΔT (21)

Os valores de Cp, foram obtidos em ASADI, M (2017, p.786), onde o valor


para a temperatura de referência adotado é de 0ºC. Os dados calculados estão
presentes na Tabela 7.

Tabela 7​: Entalpias das correntes líquidas h.


Corrente Temperatura da Cp (kJ/kgºC) h (kJ/kg)
corrente (ºC)

F 115 3,992 459,08

L​1 101,71 3,9047 397,15

L​2 80,58 3,6913 297,44

L​3 52,95 3,9315 208,17


Fonte: As autoras.

7.2.5 Balanço de energia para o primeiro efeito:

Balanço de energia para o primeiro efeito está representado na equação 22,


onde foram substituídas os valores encontrados no balanço de massa e as
propriedades termodinâmicas, o valor da corrente F foi um dado obtido em (JESUS,
2004, p.53).

F .hF + V S . H S = LC1 .hC1 + L1 .hL1 + V 1 .H V 1 (22)

Substituindo a equação 20 na equação 22, obtém-se:

F .hF + V S . 2202, 59 = L1 .397, 15 + V 1 .H V 1 (23)

21
Substituindo os valores de entalpia de vapor superaquecido H V 1 , na Tabela
5, e os valores de entalpia de vaporização λs da Tabela 6, assim como, os valores
das correntes obtidos no balanço de massa anteriormente. Portanto a equação 23
vai ficar igual a:

325800 * 459, 08 + V S * 2202, 59 = L1 * 397, 15 + 88550, 76 * 2680, 24 (24)

7.2.6 Balanço de energia para o segundo efeito:


Balanço de energia para o segunda efeito está representado na equação 25,
onde foram substituídas os valores encontrados no balanço de massa e as
propriedades termodinâmicas:

L1 .hL1 + V 1 . λ1 = L2 .hL2 + V 2 .H V 2 (26)

Substituindo os valores de entalpia de vapor superaquecido H V 2 , na Tabela


5, e os valores de entalpia de vaporização λ1 da Tabela 6, assim como, os valores
das correntes obtidos no balanço de massa anteriormente. Portanto a equação 23
vai ficar igual a:

L1 * 397, 15 + 88550, 76 * . 2252, 47 = L2 * 297, 44 + 88550, 76 * 2647, 10 (27)

7.2.7 Balanço de energia para o terceiro efeito:

L2 .h2 + V 2 . λ2 = L3 .h3 + V 3 .H V 3 (28)

L2 * 297, 44 + 88550, 76 * 2307, 30 = 60147, 70 * 208, 17 + 88550, 76 * 2601, 06 (29)

Substituindo os valores para as correntes de vapor obtidas a partir dos


balanços de massa e as variáveis termodinâmicas H V 3 e λ2 , tabela 5 e 6,
respectivamente, obtém-se a equação 29.

Pelo balanço de energia obteve-se três equações 24, 27 e 29. Sendo três
equações para três variáveis (L1, L2, Vs). Portanto é possível resolver esse sistema
linear, sendo assim os valores calculados estão presentes na Tabela 8:

Tabela 8:​ Vazões das correntes do processo.


Corrente Valores (kg/h)

22
L​1 185014,24

L​2 129550,89

V​s 73208,1

V​1 140785,76

V​2 55463,35

V​3 69403,2
Fonte: As autoras.

7.2.6 Calor trocado e a área para cada efeito:

O calor trocado para o primeiro efeito foi obtido pela equação 30:

q 1 = λS S (30)

Substituindo os valores de λS da Tabela 6, e a vazão da corrente Vs na


equação 30, obtém um calor q​1​ de:

q 1 = 161247429 kJ/h (31)

O valor de q​1​ encontrado foi transformado para kW, sendo encontrado o valor
de 44790,95 kW, esse valor foi substituindo na equação 32 abaixo, para determinar
a área do primeiro efeito:

q = U * A * ΔT (32)

44790, 95 = 2500 * A * (120 − 101, 71)

A = 979, 57 m2

De modo análogo, calculou-se as áreas referentes aos outros evaporadores,


utilizando os valores obtidos para as correntes de vapor vegetal. O calor trocado
pelo segundo efeito, pode ser calculado pela equação 33.
q 2 = λ1 .V 1 (33)

23
Substituindo os valores de λ1 da Tabela 6, e a vazão da corrente V 1 na
equação 30, obtém um calor q​1​ de:
q 2 = 88087, 7 kW (34)

Para determinar a área do segundo efeito:

q = U * A * ΔT (32)

88087, 7kW = 2200 * A * (101, 71 − 80, 58)

A = 1894, 93 m2

O calor trocado pelo terceiro efeito, pode ser calculado pela equação 33.
q 3 = λ2 .V 2 (33)

Substituindo os valores de λ2 da Tabela 6, e a vazão da corrente V 2 na


equação 30, obtém um calor q​1​ de:
q 3 = 35547, 379 kW (34)

Para determinar a área do segundo efeito:

q = U * A * ΔT (32)

35547, 379 kW = 1700 * A * (80, 58 − 52, 95)

A = 756, 79 m2

7.2.7 Área média


A média das áreas do evaporador foi calculada pela equação abaixo:

(33)
Substituindo os valores das áreas na equação 33 obtemos:
Am= 1210,43 m​2​.

7.2.8 Recálculo das variações de temperatura:

(34)

24
ΔT 1′ = 14,15 m²
ΔT 2′ = 111,98 m²
ΔT 3′ = 72,125 m²

O somatório dessas variações foi de ΣΔT = 198,25°C

7.2.9 Consumo de vapor, capacidade e economia:


O consumo de vapor corresponde ao V​s​.

A capacidade dos evaporadores é o somatório dos vapores V​1 + V​2 +


V​3​.

A economia é obtida pela fórmula 35:

(35)

Portanto os valores obtidos foram de:

O consumo de vapor: 73208,1 kg/h;

A capacidade dos evaporadores: 265652,31 kg/h

Economia: 3,6.

Como é um evaporador de triplo efeito os vapores gerados são


reaproveitados, para fornecer energia para o efeito seguinte, gerando uma
alta economia de 3,6, se comparado com um evaporador de simples efeito.

25

Você também pode gostar