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Maioria dos países


nórdicos é governada
pela centro-esquerda e
por mulheres
Eleições reforçam preservação do estado
de bem-estar social e engajamento com
agenda climática

Flickr/

A social-democrata Sanna Marin, primeira-ministra


da Finlândia, integra o grupo de liderança feminina e
de esquerda dos países nórdicos

DENISE CHRISPIM
25.set.2021 (sábado) - 23h07

Ponto fora da curva no planeta


desde o pós-guerra, a região
formada por Dinamarca, Finlândia,
Islândia, Noruega e Suécia mantém
uma sintonia rara entre seus
governos. A maioria, senão a
totalidade, será de centro-esquerda
nos próximos meses –o que não
acontece há 60 anos. Em 4 deles,
liderados por mulheres. Na Europa
continental, apenas 5 nações são
governadas por mulheres.

Hoje, são 4 primeiras-ministras:


Erna Solberg, de 60 anos, da
Noruega; Mette Frederiksen, 45, da
Dinamarca; Katrín Jakobsdóttir, 45,
da Islândia; Sanna Marin, 36, da
Finlândia.

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Solberg sairá assim que o


trabalhista Jonas Gahr Støre formar
seu gabinete. Jakobsdóttir  corre o
risco de perder o posto nas eleições
deste sábado (25.set.2021). O
primeiro-ministro da Suécia, Stefan
Löfven, será substituído em
novembro. Provavelmente, por
Magdalena Andersson, de 54 anos.

A equação no campo político


mostra que a centro-esquerda
detém o comando da Noruega (com
a saída de Solberg), da Dinamarca,
da Finlândia e da Suécia, mesmo
com a troca de primeiros-ministros,
em novembro. A dúvida está no
meio do Atlântico Norte.

Os resultados da eleição na Islândia,


a serem conhecidos no domingo
(26.set.2021), podem tirar do
Movimento Esquerda-Verde a
maioria das 63 cadeiras no Althing,
o Parlamento mais antigo do
mundo. Duas recentes pesquisas,
da agência Maskína e da Market
and Media Research, indicam que o
movimento terá 31 assentos e
perderá por pouco.

Se esse quadro for confirmado, a


popular premiê Katrín Jakobsdóttir
deixará o governo. O favorito é o
Partido Independência, de centro-
direita, do ex-primeiro-ministro
Bjarni Benediktsson. Caso
contrário, Jakobsdóttir terá mais 4
anos de mandato e reforçará a
presença feminina e de esquerda na
região.

Na Noruega, o Partido Conservador


de”Iron Erna”, referência à ex-líder
britânica Margaret Thatcher,
perdeu a eleição parlamentar de 13
de setembro. Com a formação do
gabinete de Støre, estará encerrada
a gestão de 8 anos da centro-
direita.

O primeiro-ministro sueco, Stefan


Löfven, promete renunciar em
novembro. Penalizado pela
desastrosa condução da pandemia
de covid-19, com base na aversão
aos lockdowns, e pela suspensão do
congelamento do valor dos
aluguéis, Löfve deverá ser sucedido
por sua colega social-democrata
Magdalena Andersson.

Atual ministra das Finanças,


Andersson será a 1ª mulher a
assumir o posto de chefe de
governo na Suécia, se seu nome for
confirmado. Nesse quesito,
Estocolmo se vê 40 anos atrasada
em relação a Oslo.  Gro Harlem
Brundland, do Partido Trabalhista,
foi primeira-ministra do país 3
vezes desde 1981.

“Apesar de causar surpresa e


entusiasmo a possível posse de
Andersson, quase não se debate
mais a desigualdade de gênero na
Suécia porque está quase
superada. Isso é passado. Entre os
políticos, por exemplo, o que vale é
o currículo, a experiência, as
propostas”, explicou Jonas
Lindström, diretor-gerente da
Câmara de Comércio Sueco-
Brasileira.

Flickr – 09.

A ministra das Finanças da Suécia, Magdalena


Andersson, é apontada como favorita para suceder
o primeiro-ministro social-democrata, Stefan Löfven

Bem-estar social
Ainda com essas mudanças, os
nórdicos continuarão a ter maioria
de centro-esquerda e maioria de
mulheres no comando, uma vez
encerrado este período eleitoral. Os
5 países compartilham bem mais do
que paisagens glaciais e, no caso de
3, a origem viking. Todos
começaram a construir nos anos
1930 bem-sucedidos modelos de
Estado de bem-estar social,
consolidados no pós-guerra por
meio de acordos entre os governos,
empresários e sindicatos.

Mesmo com intervenções liberais


durante as gestões de centro-
direita, a estrutura de bem-estar
social não chegou a ser
desmontada, como no Reino Unido.
O conceito de social-democracia
tem essa região como exemplo há
pelo menos 70 anos. Ainda que haja
movimentos radicais dos 2 lados do
leque político, o eixo continua a se
mover com base nas mesmas
premissas social-democratas.

“Nossa sociedade e geopolítica é


muito estável. A liderança de direita
e de esquerda faz diferença enorme
em outros países. Aqui, bem
menos”, afirmou o embaixador da
Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz.
“Há consenso nacional sobre a
preservação do Estado de bem-
estar social, mesmo entre os
liberais. Ninguém questiona isso”.

Os 5 países nórdicos estão há


décadas no topo do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano),
ranking anual do PNUD com base
em indicadores de renda, educação
e saúde. A Noruega, no 1º lugar, em
2020. Da mesma forma, estão entre
os 11 primeiros em igualdade de
gênero. Os países adotaram
incentivos em favor da maior
presença de mulheres na política e
nas posições de liderança no setor
empresarial.

Todos integram a lista de


economias desenvolvidas. O menor
PIB (Produto Interno Bruto) per
capita é o da Finlândia, de US$
51.926, segundo dados do Banco
Mundial. O maior, da Noruega, de
US$ 67.294. O do Brasil é de US$
6.797. É certo que a população
somada dos 5 países, de cerca de
27,5 milhões, é apenas uma fração
da brasileira, de 213 milhões.

Clima nas eleições

Flickr – 15.

O trabalhista Jonas Gahr Støre, futuro primeiro-


ministro da Noruega, anunciou que fundo soberano
do país se engajará à agenda de mudança do clima

Pode parecer inusitado no resto do


mundo, mas um dos principais
temas em debate nas últimas
eleições nos países nórdicos foi a
mudança do clima. Salvo algumas
legendas da extrema-direita, todos
os partidos se engajaram nessa
agenda. Para uma região tão
próxima do círculo polar ártico,
trata-se de questão de
sobrevivência.

A agenda ambiental começou a ser


adotada nesses países logo depois
da crise do petróleo dos anos 1970,
explica o embaixador Prytz. O
desenvolvimento de tecnologias
para a geração de energia renovável
se deu antes das grandes potências.
Por meio da educação, o meio-
ambiente entrou para a lista de
preocupações da população.

Com a COP (Conferência das


Nações Unidas para a Mudança do
Clima) de Glasgow, em novembro, o
tema ganhou especial importância.
A região quer compromissos mais
ambiciosos do resto do mundo e dá
seu exemplo: vai zerar as emissões
líquidas de gases do efeito estufa
bem antes de 2050. A Dinamarca
promete reduzir em 70% até 2030.

Na Islândia, que perdeu 800


quilômetros quadrados de área
glacial por causa do aquecimento
global, nenhum dos 9 partidos se
desconectou dessa agenda, sob o
risco de perder eleitores. Os
enfoques é que se diferenciaram.

Na eleição norueguesa, a questão


foi debatida com mais intensidade
ainda. O país tem no setor
petroleiro 40% do PIB e precisa
fazer bem mais do que seus
vizinhos: transformar sua
economia. Um dos tópicos tratados
foi o destino de seu exemplar fundo
soberano, criado em 1990 e
financiado pelos recursos do
petróleo.

Hoje, movimenta US$ 1,4 trilhão, é


o maior fundo soberano do mundo
e sustenta o sistema previdenciário
do país. Støre mostrou-se disposto
a engajar o fundo às metas de
emissão zero até 2050 enquanto
prossegue com os investimentos
em energia renovável para cumprir
seus próprios objetivos climáticos e
mudar o eixo da economia.

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Denise Chrispim
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