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i.

A criança pode não aprender por não ver utilidade desse ensino em sua vida
– o ensino deve ser passado de forma que a criança seja despertada a viver o que
está sendo ensinado. Daí a importância de associar o ensino aos contextos em que
ela está inserida.
j. A criança não aprende porque o professor não sabe ensinar – por não se
tratarem de professores profissionais, os professores da igreja se acomodam e não
insistem em fazer o ensino acontecer. Creio ser preciso orar sobre isso. Cabe ao
professor/líder orar e trabalhar para que todas as crianças e juvenis sejam
ministrados com o ensino da Palavra de Deus.
k. A criança não recebe o ensino porque o professor está fazendo por
obrigação e ela percebe isso – muitos professores apenas cumprem uma escala
da igreja. Entram e saem das salas sem tocar o coração das crianças. Isso está
errado! “Aqueles que ensinam, esmerem-se em fazê-lo”, diz a Palavra de Deus.
l. Às vezes a criança quer aprender, mas como professor é confuso, acaba
confundindo a criança também – é imprescindível ao professor buscar clareza do
conhecimento que ele quer passar. Quanto mais clara é a informação para ele, mais
clara será a informação quando ensinada.
É preciso que haja uma mudança na maneira de ensinar nossas crianças. O
professor não pode ser alguém indiferente às dificuldades delas. Ele é o instrumento
de Deus para tocá-las. Isso só acontecerá no momento em que ele se importar com
o ensino que está sendo ministrado e com a forma como as pessoas estão
recebendo esse ensino ou ainda se elas estão de fato recebendo ensino.

Quando o professor conhece e usa as ferramentas certas


Quando falamos em ensinar crianças, a maioria das pessoas se exclui do
trabalho, pois não veem em sim mesmas características para fazê-lo. Essa é a
mesma sensação da jovem solteira sem filhos: para ela, cuidar de uma criança
parece algo além de sua capacidade. Mas, tão logo se torna mãe, ela descobre que
a experiência é resultado de um contínuo envolvimento e aprendizado.
Com os professores de crianças ocorre o mesmo: nem sempre podemos
contar com professores experientes. Na verdade, o nosso desafio como Igreja é
torna-los experientes. Mas isso, por si só, não é suficiente: a experiência conta
muito, mas ela precisa estar associada a um treinamento apropriado. É exatamente
isso que estamos propondo fazer.
Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto
Identificar os elementos que impedem o
que não foram chamados muitos sábios
segundo a carne, nem muitos poderosos, nem exercício de um ensino eficiente é importante
muitos de nobre nascimento; a fim de que
ninguém se vanglorie na presença de Deus. para trazer luz sobre os caminhos que devem
(1Co 1.26-29)
ser trilhados rumo à excelência, no que diz
respeito à aplicabilidade dos métodos de ensino. Por isso nos detemos com tanta
ênfase na resposta à questão da eficiência no ensino. Essa questão é de suma
importância para nós.
Algumas pessoas afirmam que não estão aptas para o ensino, outra dizem
não saber ensinar. Contudo, em sua maioria, as pessoas alegam a ausência de
cinco ferramentas:
 Talento – não ter aptidão para trabalhar com crianças.
 Experiência – nunca ter ensinado crianças.
 Técnica – não saber lidar com a idade.
 Disciplina – não saber controlar a disciplina na sala de aula.
 Material adequado – não ter ou não saber usá-lo.
Vamos analisar cada um desses pressupostos buscando identificar se eles
são decisivos para que o professor obtenha êxito na sua prática de ensino.

1. Talento
“Ah, eu não sei trabalhar com crianças!” Você já ouviu isso alguma vez? É
claro que sim! Os pais são os primeiros a alegar isso, desconhecendo a contradição
que a afirmação encerra, uma vez que são pais e, como pais, devem “trabalhar” com
seus filhos, independente de saber ou não.
O que é o talento? É a aptidão inata para realizar algo, no nosso caso,
ensinar. Em outras palavras, podemos definir talento como a capacidade de tornar
simples verdades profundas. Jesus sabia fazer isso muito bem. Ele ensinou
princípios espirituais a todos os tipos de pessoas: religiosas, pais de famílias,
mendigos, discípulos etc.
Algumas pessoas possuem, de fato, o talento para ensinar. Elas sabem lidar
com as crianças e conseguem ensinar o que querem a elas. Mas essas pessoas
estão disponíveis para o trabalho de ensino na Igreja? Muitas vezes não. Então, o
que fazer? Vejamos o segundo aspecto.
2. Experiência
Experiência é a bagagem que a pessoa adquire ao longo dos anos e do
exercício de alguma função. Lembro-me bem do começo do nosso trabalho com
crianças, eu estava sempre em busca desse tipo de pessoa. Quando encontrava
alguém, era como se tivesse achado um tesouro. Eu logo pensava: Agora vai dar
certo! Infelizmente, a decepção era apenas uma questão de tempo, pois, ainda que
houvesse experiência, faltava perseverança.
A experiência sem dúvida agrega muito valor à qualificação do professor que
queremos ver atuando, mas não é um fator determinante para atingir o objetivo do
nosso ensino: moldar a mente das crianças à Palavra de Deus. E mesmo que fosse,
o que fazer quando esse profissional não compõe a equipe? Fracassaríamos?

3. Técnica
Pensar que ensinar princípios bíblicos para crianças é algo que se aprende
apenas na prática é um mito. A prática, por si só, não produz bons professores, mas
unida a outros fatores pode gerar professores de qualidade. Um desses fatores é a
técnica.
A técnica de ensino pode ser aprendida. Aliada ao talento, ela produz efeitos
que contribuem para alcançar resultados promissores: a técnica ajuda a desenvolver
o talento. O inverso também é válido. Se um professor não possui muito talento, o
aprendizado da técnica possibilitará a ele fazer um bom trabalho.
Infelizmente, na Igreja, a tendência é desprezar a técnica e valorizar apenas
aspectos espirituais. Creio que a união dos dois é que torna o ensino eficiente. Por
isso, decidimos investir nesse material, a fim de ensinar um pouco da técnica para o
ensino de crianças e juvenis.
A técnica nos ensina o que se deve e o que não se deve fazer, o que funciona
para uma idade e não funciona para outra, como aplicar os recursos disponíveis com
eficiência, como explorar o assunto, transmitir a mensagem, usar sua voz, manter a
disciplina... Tudo isso é técnica. Portanto, o aprendizado da técnica contribui para o
crescimento do professor.

4. Disciplina
A falta de disciplina é um grande empecilho para o ensino. Controlar o
comportamento de crianças e juvenis é um trabalho árduo. Conciliar o desempenho
e as necessidades das crianças, ser alegre e ainda controlar a disciplina é algo que
exige um pouco de tudo daquilo de que já tratamos: talento, experiência e técnica.
Nosso alvo não é falar sobre como estabelecer disciplina, isso será feito em
outro material. Mas queremos deixar algumas dicas que podem ajudar. A primeira
delas é estabelecer regras! Essas regras, além de serem iguais para todos, devem
ser aplicáveis. O professor não pode dizer, por exemplo, que colocará uma criança
de joelho em cima de duas pedrinhas até o final da aula. Isso não pode acontecer de
maneira alguma.
Uma regra que funciona é entregar a criança indisciplinada aos pais ou
responsáveis. A segunda coisa que pode ser feita é recompensar o bom
comportamento. Melhor do que punir é estimular a disciplina.

5. Material adequado
Um bom material contribui muito para um bom ensino. Por isso temos
investido tanto na produção de materiais voltados para a instrumentalização dos
líderes de crianças e juvenis envolvidos com o ensino da Palavra de Deus.
Aqui podemos levantar uma questão: como saber qual é o material
adequado? Nossa sugestão é que critérios sejam estabelecidos. Isso pode ser feito
através da elaboração de algumas perguntas: Este material traduz a mensagem que
devemos ensinar? Se não traduz completamente, ele ao menos contribui com a
extração da mensagem, isto é, do princípio bíblico que será ensinado?
Ao fazer isso, o professor poderá descobrir que não é exatamente a
quantidade de recursos visuais que contribui para o bom rendimento do ensino, mas
a mensagem que ele apresenta.

O que deve ser acrescentado a esses 5 itens para se obter um ensino


eficiente?
Identificamos cinco ferramentas que tornam o ensino eficiente. Resta-nos,
agora, saber se essas cinco ferramentas mencionadas garantem o ensino da Bíblia
de forma eficiente. Nossa resposta à questão é “sim” e “não”. Sim, porque elas, em
dúvida alguma, ajudam bastante no ensino. Não, porque sozinhas elas não podem
tornar o ensino da Bíblia vivo para as crianças.
Esse entendimento nos levou à conclusão de que cada ferramenta deve
receber um complemento. Essa combinação com certeza transformará sua maneira
de ensinar e produzirá realidade espiritual na vida de seus alunos, independente da
idade deles.

1. Talento + caráter
Se apenas o talento fosse suficiente não haveria tantas pessoas talentosas
fracassadas. Se só o talento fosse suficiente, por que muitas vezes, as pessoas que
mais decepcionam na liderança são justamente as que têm talento? Porque só o
talento não basta para se sair bem em uma tarefa.
O talento para ensinar é importante, mas precisa estar associado ao caráter.
Na Bíblia, observamos que as pessoas bem-sucedidas foram as que mais tinham
caráter. Muitas delas eram jovens e não tinham experiência ou talento para fazer o
que foram desafiadas a fazer; mesmo assim, elas se saíram bem porque possuíam
um caráter aprovado.
Exemplos disso foram Daniel na Babilônia, José no Egito, Ester como rainha,
os discípulos de Jesus no exercício da liderança. Todos aqui eram aparentemente
inadequados, ou não demonstravam nenhuma habilidade para a tarefa que Deus
tinha confiado a eles. No entanto, eles se saíram muito bem.
Gosto da seguinte definição de caráter: “Caráter é o que você é quando
ninguém está olhando”. Se você tiver que escolher entre pessoas talentosas ou com
caráter para sua equipe, escolha a segunda opção. Penso que devemos investir nas
pessoas que têm talento, mas jamais desprezar as que não têm.
O talento sozinho é como uma bela imagem que impressiona à primeira vista:
todos gostam de ver, de usufruir dela, mas se não tiver realidade de vida, não
permanece.
Sugiro que você lei o livro “Talento não é tudo” (John Maxwell). Se você for
alguém talentoso na arte de ensinar, irá desenvolver melhor seu talento. Mas se
você não tem esse talento, aprenderá a desenvolver outras habilidades que, com
certeza, existem em você, ainda que ocultas.

2. Experiência + coração ensinável


A experiência só é boa professora quando permite ao professor que ele
aplique lições diferentes daquelas com que ele está acostumado. Ou seja, a
experiencia deve tornar as pessoas mais ensináveis, isto é, humildes, e não
soberbas. Jesus, ao pregar o sermão do monte, começou ressaltando os humildes
de espírito, aqueles que mantêm o coração pronto a aprender aquilo que Deus tem
para ensinar.
Quando Moisés levantou lideres para ajuda-lo no comando do povo hebreu,
ele não chamou pessoas experientes – até mesmo porque ele não tinha ninguém
com experiência em liderança ou ensino. Ainda assim, ele levantou líderes e lhes
delegou tarefas. Por mais difícil que tenha sido para eles, muito mais difícil seria
para Moisés se tivesse de agir sozinho.
Portanto, não tenha medo de levantar líderes que não tenham experiência
com crianças. À medida que eles se dispuserem ao trabalho o treinamento poderá
ser dado. Este é o objetivo deste livro, capacitar líderes para o ensino bíblico de
crianças e juvenis. A experiência pode ser uma grande aliada ao ensino, mas pode
também ser uma grande barreira. Por isso, aqueles que têm experiência no ensino
bíblico para crianças e juvenis devem manter um coração ensinável, se não têm,
devem buscar. Porque desses é o reino de Deus!

3. Técnica + revelação
Podemos dizer que o ensino é um precioso presente que o professor tem
para dar aos seus alunos. A técnica é a embalagem, mas o conteúdo é a revelação.
Um presente só com a embalagem é sem propósito. O que faz a diferença é o
seu conteúdo. Mas é verdade que um presente caro em uma embalagem feia pode
perder o seu encanto. Por isso, os dois devem ser trabalhados juntos.
Como já foi afirmado, o propósito deste livro é ensinar técnicas de ensino.
Contudo, aprender a técnica sem buscar revelação é perda de tempo. A revelação é
o quanto de vida de Deus você tem. A revelação é o resultado de quantos princípios
bíblicos já foram trabalhados na sua vida através do Espírito Santo. Revelação é
realidade de vida!
O ensino vivo é aquele que é ministrado com revelação. Quem tem revelação
fala de uma forma diferente daquele que não tem! Por quê? Porque o que ele ensina
é vivo para ele, não foi algo apenas aprendido em livros.
A revelação é anterior à técnica. Por quê? Porque para tocar o coração das
crianças, primeiro esse ensino tem que tocá-lo. Se, ao compartilhar uma lição
bíblica, contar só os fatos, você é apenas um contador de histórias. “Se você não
vive algo é porque não acredita” (Paul Harvey).
Por isso, busque revelação e aprenda as técnicas para saber transmiti-las da
melhor maneira possível.

4. Disciplina + amor
Manter a disciplina significa manter o controle na sala de aula. O professor
deve entender que antes de conseguir manter os alunos sob controle, ele mesmo
precisa estar sob controle. É difícil manter o controle quando as coisas parecem
estar saindo dele. Isso não se consegue dentro da Disto também falamos, não em
palavras ensinadas pela sabedoria
sala, mas antes de entrar nela, ou seja, a maneira humana, mas ensinadas pelo
espírito, conferindo coisas espirituais
como o professor se prepara para ministrar determina com espirituais. (1Co 2.9)

e ele terá o controle ou não.


Jesus era um excelente professor. Muitas situações colocaram em xeque Sua
tarefa de ensinar. Várias vezes os religiosos foram ter com Ele com o intuito de
confrontá-lO e contradizer Seu ensino. Mas Jesus sempre mantinha o controle da
situação. Como Ele fazia isso? Penso que Ele se preparava diariamente para
exercer o ministério de ensino.
O ingrediente básico para Seu sucesso era o amor. Ele não só amava
ensinar, Ele também amava os seus alunos. Logicamente, aquelas pessoas queriam
confundi-lO não eram seus alunos. Mas, por amor ao ensino, Ele mantinha o
domínio próprio e sempre concluía Sua obra.
Apenas manter a disciplina não é o suficiente, a disciplina precisa ser
exercida com amor. As crianças precisam saber que o professor as ama. Isso as
conquistará. O professor precisa conquistar o coração das crianças antes de ensinar
qualquer coisa a elas. Se ele conquista o coração delas, amando-as, conquistará
sua atenção, de modo que o ensino e aprendizado da disciplina serão uma
consequência natural desse processo.
Creio que, muitas vezes, o que falta não é disciplina, mas amor. Por isso,
antes de entrar em uma sala de aula, o professor deve orar pedindo ao Espírito
Santo para derramar do amor de deus em seu coração pelas crianças e juvenis.
Uma criança de nossa escola, cujo comportamento era difícil, foi transferida
para outra escola. Não se adaptando lá, os pais a trouxeram de volta. Ela fez o
seguinte pedido: “Por favor, pai, me leva de volta. Eu sei que eu sou difícil, mas pelo
menos eu sei que lá na outra escola eles me amam!”.
Creio que, em algum momento, os professores da nossa escola, mesmo não
conseguindo mudar o comportamento dessa criança, foram bem-sucedidos em sua
tarefa de ensinar, pois conseguiram fazê-la se sentir amada.
Este é o nosso trabalho como professores na igreja: fazer com que as
crianças, mesmo as mais difíceis, queiram voltar a cada semana. Isso só é possível
se elas se sentirem amadas.

5. Material adequado + atitude


Deus nos dá recursos visuais para trabalharmos com as crianças. Devemos
trabalhar para adquirir o melhor. Contudo, ter um material de qualidade não significa,
necessariamente, ter um ensino de qualidade. Algumas pessoas pensam que se
tivessem mais recursos, mais materiais, o ensino seria mais eficiente. É claro que
ajuda, mas não garante a eficiência.
Tenho viajado por muitos lugares, dentro e fora do país. Às vezes visito
igrejas grandes, cuja estrutura para o trabalho com crianças é de primeiro mundo.
Eu mesma fico sonhando em ter algo parecido. Mas, em uma dessas visitas, eu
percebi que os professores tinham uma atitude passiva. O trabalho deles se limitava
ao cuidado das crianças enquanto os pais participavam do culto. Ao final do culto, as
crianças eram entregues em segurança. É inegável que isso seja bom, porém, surge
uma questão: Podemos dizer desse ministério de ensino que ele é eficiente? Penso
que não.
Um bom material deve ser usado com a atitude correta. O professor é quem
torna o material especial, através de uma atitude que dá vida ao ensino. Atitude é a
maneira como você conduz sua aula, tornando-a monótona ou alegre; é a sua
resposta diante dos alunos, a sua postura diante de desafios.
Lembro-me de quando realizamos nosso primeiro encontro para crianças.
Fizemos muitos materiais visuais. Pintei alguns cartazes que traduziam o Plano de
Salvação, mas na hora da minha palavra, à noite, acabou a energia e todo o material
visual perdeu sua importância. Naquela hora, eu tive quer uma atitude diante dos
fatos. Com o farol do carro, iluminamos um pouco o salão e eu preguei para um
grupo de 100 crianças, com toda a forca do meu coração, com toda a convicção da
minha alma. E a unção de Deus veio fortemente naquela noite.
Creio ter sido a atitude das pessoas que estavam comigo nos primeiros anos
do nosso ministério que tenha gerado o que temos hoje, um material de excelência,
por meio do qual podemos ministrar vida de Deus. Mas essa vida teve que ser
liberada como uma atitude certa.
Seja um professor com atitude vencedora, não importa o que tem na sua
mão, importa é o que você tem no seu coração!

Quando o professor sabe planejar e conduzir a aula – A importância da


didática
Didática é “a arte de ensinar, a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem”.
Em outras palavras, uma determinada didática implica na maneira como o professor
conduz o ensino. Por isso, quando falamos de técnica, estamos falando do
aprendizado da didática para ensinar.
Alguns professores, mesmo com um bom material didático à sua disposição,
não conseguem ser didáticos. Sua mente e sua exposição do assunto são confusas.
A primeira coisa a fazer é assumir essa dificuldade para, em seguida, corrigi-la.
Lembre-se, passar a mensagem de maneira clara é o diferencial de um bom
professor. O segredo disso é ser didático, isto é, seguir uma linha de raciocínio.
Vamos usar a ilustração de uma ferrovia. O trem é o conteúdo, a mensagem
que precisa ser levada às crianças. Os trilhos são a didática, a maneira de conduzir
a mensagem. A estação é o destino da mensagem, isto é, o coração das crianças.
Sem os trilhos, não se chega ao destino. Sem seguir uma didática, a mensagem se
perde. Por isso a didática cumpre um papel tão importante. A seguir, elaboramos
algumas sugestões que julgamos contribuir para a prática de um ensino eficaz.

Passos para conduzir uma boa aula para crianças e juvenis


a. Meditação – O processo de comunicação começa quando o líder
compreende a mensagem que ele quer comunicar. Para isso, é necessário
meditar na mensagem. Meditar consiste em pensar no texto, escolher as
palavras, pensar em uma ilustração apropriada, pensar qual a melhor maneira
de transmiti-la. Portanto, o ensino começa antes de o professor entrar na sala
de aula.
b. Introdução – Pode ser uma ocasião para “quebrar o gelo”. O professor
sempre deve orar antes de começar.
c. Exposição – É a leitura do texto bíblico. É importante que a lição seja lida na
Bíblia, pois o uso da Bíblia deve ser ensinado e aprendido na infância. Esse é
o momento que chamamos de “contar a lição” ou “contar a história”. A
maneira de fazer isso é variada. O alvo é contar o que a Bíblia relata, os
fatos, falar o nome das pessoas envolvidas. A melhor maneira de fazer isso é
seguindo a Palavra de Deus. Todo bom líder é também um bom comunicador.
Isso significa que ele se faz entender pelos outros.
d. A minha palavra e a minha pregação Aplicação – Faça a aplicação do princípio na
não consistiram em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em vida dos alunos. Mostre como eles podem viver
demonstração do espírito e de
poder. (1Co 2.4) o que aprenderam. No que diz respeito à
aplicação, devemos ressaltar dois pontos:
 A aplicação é o momento mais importante da aula. Se os alunos
aprendem os fatos e não sabem aplica-los na sua vida, seu ensino é
estéril. O ensino visa levara pessoa a viver aquilo que aprendeu. Ele
deve levar a uma convicção da verdade ensinada, a qual deve levar a
uma experiência.
 A aplicação visa a moldar o comportamento da criança. Por isso, gaste
um tempo considerável para fazer isso. É o momento de compartilhar
as experiências. A melhor maneira de se comunicar com as crianças é
falar de um modo claro e simples. A Bíblia nos diz para ensinarmos à
criança o caminho em que ela deve andar para que dele não se desvie.
O verbo ensinar, na Bíblia, fala de ensinar de maneira que a Palavra
seja guardada no coração. Ainda que a experiência venha mais tarde,
ela será resultado desse ensino que foi guardado na infância. A
aplicação, além de ser bíblica, deve ser adequada à idade. Um mesmo
texto bíblico pode ter diferente aplicações. Ao fazer a aplicação,
lembre-se: as crianças só guardam aquilo que tem significado para
elas. Daí a importância da aplicação do princípio ser bem feita na vida
da criança.
e. Memorização – Memorize o versículo. A Bíblia diz que temos que “inculcar” a
Palavra na mente (Dt 6). Ao memorizar, você estará fazendo exatamente
isso. Contudo, antes de o professor inculcar na mente dos alunos, ele deverá
fazer isso em si mesmo. Uma boa maneira de memorizar o versículo é
reduzindo a mensagem, com o objetivo de lembra-lo inteiro. Dê ênfase ao
verbo principal do versículo. Use uma figura ou faça um gesto que traduza
sua ação. Assim, ao lembrar-se do gesto ou da figura, a pessoa se lembrará
de todo o versículo.
f. Conclusão – Reforce o que foi ensinado através de uma breve repetição.
Depois, faça uma avaliação para saber se eles entenderam o que foi
ensinado. Essa avaliação pode ser feita em forma de atividade. Nela ficará
perceptível se eles absorveram o ensino ou não, se o trem chegou seguro na
estação ou se ficou no meio do caminho. Jesus faria isso: “Entendestes isso?”
(Mt 13-51).

Quanto o professor discerne a base bíblica para ensinar


A base é o fundamento sobre o qual algo é edificado. Essa edificação é todo
o processo de ensino e aprendizagem que deve acontecer na infância. A base é
onde esse processo se firma, é a fonte de onde ele procede. A edificação completa
a base e ambas são importantes.
O apóstolo Paulo é um exemplo de mestre. Ele recebeu revelação de
profundas verdades espirituais e conseguiu transmiti-las de maneira compreensível,
não somente à sua geração, mas a todas depois dele, até hoje.
Essa capacidade de ensino vem de Deus e está à nossa disposição. Paulo
nos deu as pistas do sucesso. Em suas cartas, ele fala de coisas básicas para
exercer o ministério de ensino.

As bases do ensino bíblico


a. Dependa de Deus – a preparação é um dos requisitos para um ensino eficaz,
mas por mais que professor se prepare, é Deus quem faz todo o trabalho.
Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados
muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de
nobre nascimento; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
(1Co 1.26-29)
b. Ore por revelação – muitos acham que já possuem a revelação de um texto
bíblico pelo simples fato de tê-lo ouvido de outro. Contudo, a revelação da
Palavra de Deus é fruto de uma busca pessoal do seu espírito ao Espírito de
Deus. Sem ela o ensino é estéril. Estudos nos mostram que, em algumas
situações, as palavras expressam apenas 7% da mensagem. Os outros 93%
ficam por conta do tom de voz usado pelo comunicador. O tom de voz aqui
não significa se é alto ou baixo, e sim a maneira como se fala. Portanto, para
o ouvinte captar a mensagem, é mais importante a maneira como se fala do
que o conteúdo da fala. Isso nos leva a crer que o bom comunicador é aquele
que fala com intensidade. Quem tem revelação fala com intensidade, porque
há fervor no seu coração!
Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana,
mas ensinadas pelo espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.
(1Co 2.9)
c. Fale com convicção – falar com convicção é falar com fé. Isso não tem nada
a ver com técnica ou recursos naturais. Isso tem a ver com ousadia! O
apóstolo Paulo foi um homem chamado por Deus para ensinar uma
mensagem de extrema importância: a salvação em Cristo para os gentios.
Paulo foi um excelente comunicador. No entanto, ele não fez uso de uma
linguagem elaborada para se fazer entender. Sua mensagem era profunda,
mas transmitida de forma simples e compreensível. Este é o segredo da
comunicação eficaz: falar com fé de maneira que o ouvinte entenda.
A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do espírito e de poder.
(1Co 2.4)
d. Toque o coração dos ouvintes com a Palavra - frequentemente os líderes
me perguntam sobre algo que fizeram, se ficou bom ou não. É saudável que
isso aconteça. É importante ouvir a opinião de outros. Mas em vez de
simplesmente responder “sim” ou “não”, eu respondo a partir da seguinte
pergunta: “A mensagem foi passada?”. Ou ainda: “Você tocou o coração das
crianças? Se isso aconteceu, então foi bom, porque cumpriu o propósito”.
Jesus não falava do Reino de Deus como os escribas no templo. Ele o fazia
tocando o coração das pessoas. O coração só é tocado na medida em que a
Palavra o invade. Em Hebreus, temos a garantia de que isso acontece de
fato: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, ela penetra [ou seja, ela toca
o coração]... Ela é apta para discernir os pensamentos do coração!” (Hb 4.12
– colchetes da autora).

Quando o professor se comunica adequadamente


Essa comunicação é imprescindível para que o ensino seja eficiente. Ela
abrange cinco aspectos:
 Conhecer bem a mensagem a ser comunicada.
 Falar de acordo com a idade certa dos alunos.
 Aproveitar oportunidades para ensinar.
 Dominar técnicas de ensino.
 Explorar o poder dos recursos visuais.
Cada um desses aspectos será aprofundado nos capítulos a seguir.

Capítulo 2
Comunicando a mesma mensagem de maneiras diferentes

Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais


engenhosa e a do bordador em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em
linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos.
Assim, trabalharam Bezalel, e Aoliabe, e todo homem hábil a quem o
SENHOR dera habilidade e inteligência para saberem fazer toda obra para
o serviço do santuário, segundo tudo o que o SENHOR havia ordenado. (Êx
35.35; 36.1)

Quem é o professor?
No ensino para crianças e juvenis na igreja, seja na célula ou no culto, todos
têm o mesmo objetivo: ensinar! Por isso, é importante que cada pessoa,
independente do seu papel, se veja como um professor. Atualmente no meio
evangélico, usamos muitos termos para definir funções especificas na liderança,
como por exemplo: discipulador, supervisor, líder, líder em treinamento etc. Mas
existe um tipo de liderança que possui uma compreensão universal: o professor.
Quando alguém pergunta: “O que um professor faz?”, a resposta também é
universal: “Ele ensina”.
Portanto, no trabalho com crianças, não importa seu título, o alvo é o mesmo
para todos: ensinar! Podemos ser mais específicos trazendo isso para o contexto do
trabalho com crianças e juvenis na igreja: ensinar o princípio bíblico, extraído da
lição bíblica. Todos os recursos disponíveis devem ser canalizados para esse
ensino.
Isso deve acontecer desde a recepção, passando pelo louvor, teatro, lições e
atividades. Mas será que todos que estão trabalhando nessas áreas distintas, de
fato, ensinam? Se não, por quê?
Penso que alguns não se veem como professores e, por isso, apensa
desempenham uma função ou uma escala. Mas se cada um se reconhecer como
um professor e se preparar para transmitir o ensino proposto daquele dia, com
certeza o nosso potencial de ensinar crescerá muito. Imagine, em vez de um
professor na sala, teremos uma equipe de professores!
Sugiro que você leia depois a respeito da nossa estrutura do trabalho com
crianças e juvenis, no capítulo “Estrutura do ministério com crianças e juvenis”.
Assim, você poderá entender melhor o trabalho de equipe e como é importante que
todos falem a mesma coisa. Pois são momentos diferentes com estratégias de
ensino diferentes, mas que trazem a mesma mensagem.

O que é ensinar?
a. Ensinar é levar a aprender – Quando trabalhamos com o ensino,
trabalhamos com um projeto que tem começo, meio e fim. Nesse caso a
finalidade, ou seja, o alvo, é a aprendizagem, pois o ensino só acontecerá se
os seus alunos tiverem aprendido. Precisamos mudar a mentalidade de que
só é professor o líder que está na sala. Todos ensinam, usando técnicas
diferentes.
b. Ensinar é influenciar – O professor carrega consigo uma grande
responsabilidade: a influência sobre os alunos. Por isso a necessidade da
excelência, pois o professor ocupa uma posição de destaque. Ele não é
apenas um líder, é um líder-professor. Suas palavras e ações influenciam
vidas e, no nosso caso, que são crianças e juvenis, essa influência segue
para a vida inteira.
c. Ensinar é transmitir vida – O que nos leva a uma dimensão maior que a dos
professores comuns é a base do nosso ensino: a Palavra de Deus. O ensino
em si pode influenciar, mas somente o ensino correto e eficiente da Palavra
de Deus traz transformação completa.

Professores multifuncionais
Nosso objetivo aqui é mostrar como podemos ensinar a mesma mensagem
de maneiras diferentes. Considerando que, no
Pois, o que ensina, esmere-se no fazê-lo.
(Rm 12.7)
mesmo dia, o trabalho com crianças e juvenis tenha estes momentos distintos:
teatro, louvor, lição e atividade.

1. O professor teatral
O professor teatral é a pessoa que está inserida na equipe de teatro. Seu
objetivo é garantir que as crianças recebem a mensagem. O teatro no culto tem o
objetivo de contar a história bíblica, mostrando os fatos, os personagens e o
contexto bíblico (cenário).
O professor teatral está preocupado se, pela sua encenação, está
acontecendo o ensino. Não faz diferença se o líder interpreta o rei ou o servo, a
personagem principal ou o figurante, porque ele está transmitindo a verdade da
Palavra de Deus. Com esse entendimento, o líder deve ter algumas atitudes
importantes:
a. Ter uma atitude de professor, com postura na voz e expressão corporal
– Exemplo: palavras mal articuladas, mesmo no microfone, dificultam o
entendimento da mensagem.
b. O alvo não é a interpretação, por isso, também não é formar atores – O
alvo é contar um fato bíblico, por isso, o personagem principal da história
deve ser um professor.
c. Estar atento ao seu público – Não é difícil de perceber se as crianças estão
atentas ou completamente dispersas. Avalie se elas estão compreendendo a
mensagem que está sendo passada.
d. O teatro deve enfatizar o fato mais importante – Exemplo: a história de
Ester intercedendo diante do rei. A ênfase é o momento da petição de Ester.
Todos os outros atos podem ser rápidos, mas esse deve levar um tempo
considerável, pois é dele que tiramos o princípio.
e. A conclusão – É dada com o princípio ensinado. Ele deve ser uma das falas
do personagem principal ou do narrador.
f. A aplicação do princípio – Deve ser feita na sala de aula, já dividida por
idades.

2. O professor adorador
O professor adorador é a pessoa que ministra o louvor no culto das crianças.
O alvo não é apenas que ele ministre o louvor, mas também que ele ensine as
crianças a louvar. Isso acontecerá à medida que ele conduzi-las ao louvor e
adoração.
Portanto, o ministro de louvor é um professor, ou seja, ele ensina como louvar
a Deus, como adorá-lO em espírito. Isso deve acontecer não apenas falando, o
professor deve também mostrar como se faz. Para isso, antes de ser um professor,
ele precisa ser um adorador, saber o caminho da adoração para conduzir cada
criança até lá. Ele precisa ser intenso e transparecer essa intensidade.

a. Algumas observações importantes


 Tenha cuidado ao selecionar as músicas, para não fugir do tema e
princípios ministrados. É importante que repita o princípio que está
sendo ensinado no dia, para que eles possam praticar durante o louvor
e orar sobre ele.
 Explique o significado de palavras contidas nas músicas que as
crianças não entendem. Dessa forma, as crianças irão se envolver
mais no momento do louvor.
 A coreografia faz parte do louvor e envolve as crianças. Elabore
coreografias mais simplificadas, senão as crianças ficarão somente
concentradas em executá-las. Em momentos oportunos, interrompa a
coreografia para ouvir as vozes das crianças.
 As crianças são conduzidas o tempo todo. Estimule-as a expressar a
adoração, como, por exemplo, levantar as mãos e fechar os olhos.
 É importante que o ministro de louvor repita o princípio que está sendo
ensinado no dia, para que eles possam praticar durante o louvor e orar
sobre ele.
 O ministro de louvor deve ficar de olhos abertos para poder conduzir
melhor as crianças. Feche os olhos apenas quando pedir para as
crianças fazê-lo também.

b. Como o professor ensina através da ministração do louvor?


O ministro de louvor prepara o coração das crianças. A maneira como ele
louva as influenciará, pois, a sua maneira de conduzir o louvor determinará se o
coração delas se abrirá ou não para o ensino. Exemplo: às vezes o ambiente está
propício à adoração, mas quem está à frente canta uma música com coreografia. É
preciso sensibilidade espiritual para conduzir e ensinar através do louvor.
 Como ensinar a adorar? Fale palavras de louvor ao Senhor e peça às
crianças para repeti-las.
 Como ensinar a orar a Palavra? Use o versículo do dia e fale palavra
por palavra, bem devagar, como uma oração.
 Como declarar a Palavra? Use o versículo do dia e aplique-o na vida
das crianças.
 Como dar uma palavra na hora certa? Espera a ocasião, que pode
acontecer entre uma música e outra. Uma frase pode ser o suficiente
para transmitir a mensagem.
 Como testemunhar? Compartilhe algo pessoal que tenha significado
para as crianças.
 Como fazer o apelo? O apelo deve ser de consagração. Ore com as
crianças ministrando na vida delas.
Ao fazer tudo isso, o ministro de louvor está ensinando as crianças a ter
comunhão com Deus. É claro que não precisa fazer tudo no mesmo dia.

3. O professor contador de histórias


Contar histórias exige certa técnica, mas, muito mais do que isso, exige
conhecimento dos fatos. Para isso, o professor deve demonstrar o seu próprio
interesse e domínio da história que será contada. Ele deve contar a história dando
vida aos fatos, falando o nome das pessoas envolvidas, repetindo o princípio dentro
da história, usando a voz para emprestar emoção aos fatos e sentimentos
envolvidos. Por fim, ele deve dar ênfase ao clímax da história, o fato do qual se tira o
princípio. Exemplo: Davi derrota Golias com a espada. O princípio é usar a Palavra
de Deus como arma para derrotar o diabo.

a. Sugestões para o professor


 Tenha à mão sempre os recursos visuais condizentes com a história
que está sendo contada, cuidando de usá-los apropriadamente. Por
exemplo: se for cartaz, segurá-los à altura dos olhos das crianças.
 Como professor, seja sensível à atenção das crianças, pois pode
acontecer de elas ouvirem sem entender. Fale pausadamente com as
palavras bem articuladas.
 Mesmo tendo os recursos visuais, leia o texto na Bíblia, se não todo,
pelo menos trechos ou o versículo-chave da história, para que as
crianças saibam que essa história interessante é a Palavra de Deus.
 Leia o capítulo sobre técnicas para ser um bom contador de histórias.

4. O professor brincalhão – memorização com atividades


O professor brincalhão não é o que ensina a brincadeira, mas o que participa
dela juntamente com as crianças. O alvo do professor não é brincar, é ensinar.
Todas as atividades do dia visam a ensinar as crianças, do “quebra-gelo” às
atividades no final da lição.
Os líderes que conduzem tais atividades devem ter consciência de que eles
são também professores, pois o alvo das brincadeiras e atividades é firmar o ensino
ministrado no teatro, louvor, lição, aplicação e versículo.
Nas atividades devem constar os versículos ensinados, os fatos da lição
bíblica e o princípio ensinado. Não é necessário que haja todos em uma só
brincadeira, mas pelo menos um desses itens, para reforçar o ensino.

a. O perfil do professor brincalhão


 Ele brinca junto com as crianças. O professor não deve apenas ensinar
a brincadeira e deixar que elas brinquem sozinhas. Ele deve se
envolver na atividade ou brincadeira.
 Ele é alegre e sorridente. Não dá para ficar sério na hora de brincar!
 Ele mantém a disciplina durante a atividade.
 Ele sabe dividir bem o tempo para as atividades. O tempo da aula não
pode ser gasto só com atividades, mas apenas uma parte dela.
 Ele envolve todos na atividade. Não deixa crianças isoladas.
 Ele encerra a brincadeira com a moral da brincadeira, o princípio!
Pois, o que ensina, esmere-se no fazê-lo. (Rm 12.7)

Capítulo 3
Orientações para o ensino de crianças com até 5 anos
Havendo-o desmamado, levou-o consigo, com um novilho de três anos, um
efa de farinha e um odre de vinho, e o apresentou à Casa do SENHOR, a
Silá, Era o menino ainda muito criança. (1Sm 1.24)

Samuel tinha mais ou menos 3 anos de idade, quando foi entregue ao


sacerdote Eli para ser ensinado no templo. Samuel aprendeu sobre Deus desde
pequeno e foi um dos maiores profetas da Bíblia.

Características da idade
As características das crianças com 5 anos são diferentes. Vamos relacionar
algumas de 2 e 3 anos e outras de 4 e 5 anos separadamente e, depois, orientar de
maneira geral como trabalhar com as de 2 a 5 anos. Se você tem um espaço onde
pode separá-las por idade, ótimo, se não tem, poderá ministrar para todas juntas.

1. Crianças de 2 e 3 anos
 Vocabulário limitado.
 Capacidade de atenção de 2 a 4 minutos. Por isso as atividades devem ser
breves e variadas.
 Esquecem com facilidade.
 Aprendem pela repetição.
 Cansam facilmente. Alternar períodos de atividades e descanso.
 Precisam de espaço. As salas precisam ser maiores.
 Gostam de brincar sozinhas.
 Têm a necessidade de brincar (transformar brincadeira em aprendizagem).
 Gostam de elogios.

2. Crianças de 4 e 5 anos
 Vocabulário em expansão.
 Capacidade de concentração: 5 a 10 minutos.
 Aprendem por imitação.
 Gostam de ambientes que estimulam a imaginação.
 Gostam de brincadeiras em grupo.
 Gostam de falar.
 Compreendem o que significa desobedecer.
 Possuem capacidade de adoração.
 Gostam de perguntar e de cooperar.

3. O que as crianças de 2 a 5 têm em comum?


 São psicologicamente abertas para serem marcadas.
 Gostam de falar de si mesmas (fase egocêntrica).
 Não gostam de ser mandadas, mas fazem coisas se você sugerir.
 Usam a força para obter o objeto desejado.
 Gostam de brincar, subir, brigar, cantar, dançar, marchar, ajudar, destruir
objetos, etc.
 São sinceras e alegres.

4. Qual o tempo ideal para transmitira a mensagem para essa faixa etária?
Esse tempo varia de acordo com a capacidade de concentração que elas têm.
A partir daí outras estratégias devem ser inseridas no tempo total do trabalho. Elas
precisam ser estimuladas constantemente na sua curiosidade. Algumas sugestões:
 Caixa surpresa
 Fantoches
 Músicas
 Chapéus
 Pintura facial
 Guloseimas
 Perucas/enfeites

5. Possuem 5 necessidades fundamentais para se sentir seguras


 Carinho (começar da recepção).
 Elogios (elogiar em público, repreender em particular).
 Orientação (direção para aprender a se portar).
 Aceitação (eliminar do grupo todo tipo de preconceito).
 Controle (impor limites com amor).
O ensino será mais eficiente quando a criança se encontrar adequadamente
motivada. (Howard Hendricks)
Como acontece a aprendizagem
A aprendizagem acontece quando a criança vivencia, experimenta e se
emociona. Para aprender, usamos os sentidos.
 Olfato (cheirar) 3%
 Paladar (sentir o gosto) 3%
 Tato (pegar) 6%
 Audição (ouvir) 13%
 Visão (ver) 75%

1. O valor dos recursos visuais


 Prendem a atenção.
 Esclarecem a mensagem.
 Fixam a mensagem na memória.

2. O melhor visual
O visual da aula deve ser atraente. Eis algumas sugestões:
 O professor deve usar roupas e acessórios coloridos.
 A decoração da sala deve ser alegre e de acordo com o tema.
 O material deve ser bem colorido, com movimentos e em grandes dimensões,
quanto maior mais adequado.

Como ministrar a lição


 Nunca leia a lição na sala. O melhor é contar a história (a lição do dia) em
sequência de fatos e enfatizar a mensagem (o princípio).
 A lição deve ter começo, meio e fim.
 A aparência pessoal deve ser atrativa.
 Controlar o tom de voz de acordo com a necessidade (emoção).
 Utilizar gestos e movimentos.
 Traduza a lição para a linguagem da criança.
 Abuse do “lúdico” (brinquedos, divertimentos, passatempos) para atrais a
atenção.
 Utilize algo concreto, objetos que ilustrem as palavras-chave da história e do
tema. Exemplo: para o tema da salvação, use um coração; para o tema sobre
o poder da oração, use uma chave.
 O professor deve se divertir ao dar aula.
 Deixe que as crianças comentem a figura antes de começar a história.
Quando a história começar deve haver silêncio.
 Ter sempre uma música para introduzir no meio da história caso precise
despertar a atenção.
 Fazer perguntas curiosas, como: “Será que Davi sentiu medo de Golias?”.
 Lembrá-los da surpresa que ganharão ao final da aula, sempre que precisar
atrair a atenção deles.

1. Na hora da história
 Um bom recurso: a dramatização
(improvisar miniteatro da história contada O verdadeiro professor é o que revolve a terra e
planta a semente. (Howard Henricks)
com as próprias crianças).
 Envolvê-los na história, fazê-los participar
reproduzindo sons ou emoções dos personagens.
 Aproveite os momentos de maior atenção para fixar o princípio.
 Fazer atividades que cansem o físico da criança antes da história (louvor,
mímicas, dinâmicas, danças).

2. Qual a linguagem certa


Uma comunicação eficaz deve alcançar o objetivo da lição. Veja como você
pode conseguir isso:
 Fale de forma clara. As crianças são literais, ou seja, entendem tudo de forma
literal. Por isso o professor não deve usar figura de linguagem ou
simbolismos, mas dizer exatamente o que quer dizer. Exemplo: em vez de
dizer “O diabo é um enganador”, diga “O diabo quer sujar o seu coração”.
 Fale palavras acessíveis à compreensão deles nessa idade. Exemplo: troque
“Deus tem um plano para você também” por “Deus quer que você seja um
vencedor!”.
 Passe a mensagem em frases curtas. Exemplo: Jesus morreu por mim! A
Bíblia é a verdade!
 Quando falarem alto, utilize a voz baixa para atraí-los.
 Alterne a entonação da voz sempre para que não fique cansativo. A principal
tarefa a partir dos 3 anos de idade é conseguir passar o significado. (Diane
McGuiness).

Como trabalhar o versículo


Traduzir para uma linguagem mais acessível
 Visualizado.
 Cantado.
 Falado.
 Dramatizado.
 Ilustrado.

Lidando com imprevistos


1. O choro
a. Fazer uma recepção festiva e acolhedora – A hora de separar a criança do pai
e da mamãe é a mais difícil. Por isso, prepare-se para atraí-las com algo de que elas
gostam: um brinquedo com luzinha ou algo interessante nas mãos.
b. Amor e compreensão por parte do professor – Amor se traduz em paciência. É
preciso tê-la para se comunicar com crianças pequenas.
c. Assegurar que a mamãe logo virá busca-la
d. Tentar acalmá-la e atraí-la com brinquedos, objetos, histórias – Para isso, o
local deve ser preparado com acessórios que atraiam as crianças e nos quais elas
possam tocar.

2. A indisciplina
 Fazer “combinados” (hora para ir ao banheiro, para beber água e demais
regras).
 Contar a eles a rotina do dia, aquilo que acontecerá durante a aula.
 Ser firme sem ser rude ou agressiva (o).
 Fazer uma ministração atrativa com o uso de recursos visuais.
 Abaixar-se ao nível da criança.
 Olhar nos olhos (consistência).
 Recolher objetos que lhes roubam a atenção: brinquedos, bolsinhas e outros.
 Posicioná-las na sala de aula eliminando as distrações externas, de forma
que todas vejam as ilustrações e o professor veja todas (um círculo no chão é
interessante).
 Estar atento/vigiar o tempo todo, pois podem machucar-se em um piscar de
olhos.
 Elogiar em público e repreender em particular (retirar a criança indisciplinada
do grupo por um momento para orientá-la).
 Ter jogo de cintura: o som pode não funcionar, você pode esquecer o material
em casa, a energia pode acabar, o número de crianças pode superar o
esperado, um barulho lá fora pode interferir na acústica da sala, etc. É preciso
ter “planos B” para colocar em ação. O importante é que o princípio seja
selado nos corações! Deus nos honra!

A eficácia da lembrancinha
 A lembrancinha deve ter o objetivo de lembrar a lição e fixar o princípio.
 Deve conter o versículo do dia.
 Deve ter a função de ser colocada em um lugar visível e de fácil acesso em
suas casas para que a mamãe relembre com elas o que foi ensinado e para
que elas contem a outros (geladeiras, espelho, porta).
O verdadeiro professor é o que revolve a terra e planta a semente. (Howard
Hendricks)

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