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Aula 06
O mundo em que o gourmet pode ser caseiro, e o caseiro, gourmet. Tem hora
que a forma e o conteúdo coincidem, e em outras, forma e conteúdo não se
encaixam nas convenções. Recentemente, na música pop, três canções que
exaltam o hiper entraram nas paradas de sucesso: All about the Bass, de
Meghan Trainor, Anaconda, de Nick Minaj; e Booty, de Jennifer Lopez com Iggy
Azalea. O que estas canções do pop têm em comum? Que é chegada a hora de
celebrarmos a fartura, ainda mais depois de décadas de uma indústria da moda
e da comunicação de corpos magros ou atléticos. Por outro lado, questões como
a anorexia e bulimia preocuparam muitos terapeutas.
Mas, nossa era é outra: segundo as canções, vale mais um corpo violão do que
muito photoshop na vida (que aliás, virou o verbo “photoshopar”); que magreza
não está com nada, nada de “vara-pau” ou flauta; que “ele não gosta de magrela”
e “danem-se as magras”; e se esforce, trabalhe e balance “sua bunda grande”.
Em Os Tempos Hipermodernos, Lipovestsky chama a atenção para estes
excessos do mundo do consumo midiático: se esforce, trabalhe mais, coma
mais, compre três, mas seja moderado ou parcimonioso.
Tem gente que vive numa boa com estas contradições e tem gente cuja mente
irá dar um “tilt”. Além da Psicologia, a Semiótica também pode nos ajudar a
interpretar estas contradições, extraindo destes textos midiáticos os contextos
do que está sendo dito e de como está sendo dito, relacionando forma e
conteúdo, ou melhor, expressão e conteúdo. Do que essas canções do pop
falam? Como falam? No que diz respeito às magras, utilizar argumentos
negativos sobre o aspecto físico talvez não seja uma boa ideia (nem vice-
-versa), mas quando vemos as visualizações e os rankings desses sucessos
dessas cantoras pop, nota-se que sim.
Muita gente compactua com uma mensagem mais agressiva, mas que tem razão
para emergir, ou existir: é também uma forma de contestar padrões de beleza
do passado e padrões de beleza da mídia, padrões que, na maioria das vezes,
excluíam ou “coisificavam” as mais fartas. Vários estudos da Publicidade e da
Semiótica têm revisado o olhar às produções da cultura midiática que, muitas
vezes, “coisifica” a mulher, pois a Semiótica traz recursos importantes para a
análise das representações ao elucidar caminhos para interpretar o imaginário.
Cabe a nós da publicidade detectarmos, filtramos e melhorarmos as
representações que produzimos no dia a dia de nossos anúncios.
Tema 1 - Plano da expressão e Plano do conteúdo
Em épocas conturbadas, com pessoas discutindo entre si, nas escolas, nas
redes sociais e nas ruas, pelo uso ou veto de determinada cor, pelos bonecos
pixulecos e pelos patinhos da Fiesp e o pato do artista holandês Florentjun
Hofman: a Semiótica é um conjunto ferramental que auxilia a percorrer os
universos de sentido construídos pela interpretação e análise dos signos e
porque certos sujeitos ou coletivos atuam diferentemente sob determinados
signos.
Como comentava-se, durante este Festival Folclórico, algumas marcas cuja cor
é predominantemente vermelha, como o Bradesco ou a Coca-Cola, se adaptam
à cultura local:
Temos observado, sobretudo desde 2013, que, no Brasil atual, vermelho e azul
são cores que representam espectros políticos opostos, tal qual a oposição de
vermelho vs. verde-amarelo.
Claro que não podemos resumir toda a diversidade política de países da estatura
e dimensão do Brasil e dos EUA a apenas duas cores. Mas, no geral, nas
sociedades midiáticas em que vivemos atualmente, muitas vezes as coisas são
simplificadas ou reduzidas a esquemas como claro vs. Escuro, enquanto que
sabemos que o mundo é muito mais diverso do que algumas dessas dicotomias
propõem.
Seja pela política ou pelo marketing, as cores podem dizer muito pois estão
carregadas de simbolismos que estabelecem uma linguagem ou uma situação
enunciativa, um discurso.
Para lermos isto tudo, temos de prestar atenção aos signos verbais e não
verbais, bem como à situação na qual eles emergem. Assim, na leitura de um
texto publicitário, seja ele qual for, precisamos ficar atentos para as diversas
camadas que compõem uma mensagem publicitária:
Essa expressão quer dizer que é melhor conhecer o conteúdo antes de julgar
apenas quanto à embalagem ou sua aparência exterior. O aspecto exterior de
um livro pode dizer muito sobre o que tem ali dentro, e ainda assim o conteúdo
poder ser menos interessante, ou a capa pode ser pouco interessante e o
conteúdo conter a mais rica narrativa. Assim, devemos evitar apenas observar
um aspecto e, numa perspectiva dialógica, deixar os textos (verbais e não
verbais) nos surpreenderem.
Vamos a outro exemplo, com uma obra de arte famosa que levanta a questão
da relação entre o plano da expressão e o plano do conteúdo – trata-se da obra
do belga René Magritte:
A traição das imagens [La trahison des images], 1928, René Magritte. Óleo sobre tela.
Faz parte do acervo do Museu de Arte do Condado de Los Angeles.
Fonte: <https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=555365>.
Este óleo sobre tela traz a figura de um cachimbo (ilustração, plano da expressão
– elemento plástico) acompanhada do texto – “Isso não é um cachimbo” – em
francês. Se omitidas as informações que aparecem na figura, poderíamos dizer
que seria como se o artista fizesse uma provocação a quem observa o quadro:
“como isso não é um cachimbo se é igual a um?”. No momento que fazemos
isso, estamos nos comunicando com a obra/artista, readequando nossas
categorias de falso/verdadeiro, igual/diferente, arbitrário/não arbitrário e as
entrelinhas. O nome da obra, pelo título, A traição das imagens, já revela que
há algo em jogo – é mais fácil entender do que ‘fala’ o quadro.
Ler o livro (conteúdo) para depois julgar se a capa do livro (em parte, sua
expressão) é uma disjunção ou conjunção.
Entender, na pintura de Magritte, e observando apenas o quadro em si, a
ironia (conteúdo) de que as imagens (expressão) são representações que
nos traem.
Preste atenção aos textos de Semiótica e procure não confundir uma expressão
figurativa do tipo “vida vs. Morte” com o plano da expressão. Este traz os
conceitos dos formantes da obra (é uma pintura, é uma foto, é uma escultura,
um display) em suas dimensões de espaço, luz, cor e sombra, texturas, planos
(cinema), suas formas plásticas. No tema 2 desta aula você irá compreender isso
melhor. Por enquanto, vamos observar o óleo do René Magritte de novo?
A traição das imagens [La trahison des images], 1928, René Magritte. Óleo sobre tela.
Faz parte do acervo do Museu de Arte do Condado de Los Angeles.
Fonte: <https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=555365>.
Observação
Até aqui, exploramos apenas alguns exemplos para mostrar como os planos da
expressão e do conteúdo funcionam entre si. Note também que o nível narrativo
do plano do conteúdo foi explicado antes, através da interpretação de que a
narrativa do quadro é uma ironia. No nosso próximo tema, iremos analisar um
anúncio publicitário impresso.
Saiba Mais
Para saber mais, veja mais exemplos da tensão (e contradições) que operam o
plano da expressão e o plano do conteúdo. Pesquise sobre um criativo da
publicidade que gostava de colocar anúncios em mídia exterior com fotografias
imensas: o italiano Oliviero Toscani. Veja as campanhas que ele fez para a grife
Benetton nos anos 1990 e início dos anos 2000 com o intuito de chocar/provocar.
O cara entendia de buzz marketing quando mal havia nascido a internet.
Tema 2 - O Semissimbolismo
Para empreendermos a ‘leitura’ das artes, precisamos entender como aquilo foi
‘expressado’ ou, como coloca Aumont, aquilo que exprime a expressividade.
No livro Uma Filosofia do Design: a forma das coisas, Vilém Flusser vincula
a palavra design ao latim signu: “Uma vez associada a signo, torna-se mais fácil
entender a proliferação desse conceito, e não mais da palavra, em nossa cultura
povoada de signos. Signos estes como resultado da proliferação dos resultados
de máquinas sensórias, como as máquinas fotográficas, filmadoras e
impressoras” (TAVARES, 2003, p. 221). Alguns autores falam da “tradução
intersemiótica” – a tradução de um signo de um medium para outro: “A palavra
procura expressar imagens, estabelecer semioses/intersemioses, funciona
como signo de comunicação entre línguas, na mesma língua, entre outros
signos” (ANTONIO, 2003, p. 318).
Por outro lado, os jogos de videogame precisam de uma interface amigável, que
traga novos jogadores/consumidores a sua plataforma.
A publicidade e sua visualidade fazem parte do nosso dia a dia. Quanto maior o
espaço de confluência de pessoas, maior a probabilidade de interagirmos com
anúncios. Por isso, a noção de percurso (percorrer as imagens e os textos) é tão
importante para a Semiótica. Outro aspecto importante que devemos destacar
diz respeito à publicidade visual: é o tipo de imagem que se está analisando.
Santaella e Nöth (2002, p. 73) sugerem o percurso elaborado por Jacques
Aumont (do livro A Imagem, 1993) em que se classificam as imagens na sua
relação com o tempo e o espaço, podendo ser dos seguintes tipos:
Entre estes tipos destacados por Aumont, os quatro primeiros (fixa, móvel; única,
múltipla) são mais plásticos, enquanto que a última categoria dos tipos de
imagem, que coloca em oposição a Imagem autônoma vs. Imagem em
sequência, diz respeito a “um critério mais semântico, em que a sequência é uma
série de imagens vinculadas por sua significação” (1993, p. 161).
Significação/representação
Referência
Interpretação
Cada uma dessas fases tem três aspectos (lembrar-se do signo triádico).
Fonte: <http://www.dm9ddb.com.br/wp-content/uploads/2011/08/KitchenAid-
ModernismoBr1.jpg>.
Atenção!
Caro estudante de Publicidade, no mundo das artes, tudo é arte. Ponto. Leia de
novo: no mundo das artes, tudo é arte. Alguém um dia vai colocar um rótulo:
minimalismo, gourmet, pontilhismo, dadaísmo, gagaísmo, e por aí vai...
Saindo do anúncio, mas para a marca que ele aponta, uma informação externa:
os produtos da KitchenAid são vendidos, hoje, mesmo tendo tido seu visual
mudado pouco desde a década de 1930. A marca investe na tradição do seu
design e, portanto, busca diferenciar-se pelas formas de seus eletrodomésticos,
e faz tempo. É um ícone do design moderno segundo o Museu de Arte Moderna
de São Francisco (SFMOMA, online).
Outros signos que já comentamos como icônicos são as frutas, algo que vai ser
lido facilmente por qualquer brasileiro. Temos no anúncio abacaxi, bananas,
limão, laranjas e cajus: frutas cítricas, de cores quentes, que aquecem e
complementam o vermelho da batedeira. Frutas, mesa, batedeira, uma janela ou
quadro, uma mão.
Há ainda um traço de causa-consequência na cena: a mão que segura o jarro
pressupõe algum movimento (um antes/depois) que extrapola o quadro.
O que podemos interpretar com este anúncio? Quais efeitos ele produz?
Emocionalmente, o anúncio traz um espaço privado, uma copa ou mesa de uma
casa que qualquer brasileiro considera plausível. Já o eletrodoméstico é a estrela
do anúncio. Vimos que nosso olhar é conduzido ao centro. É uma imagem
doméstica, agradável, familiar. Quase bucólica, se não fosse o metal do
eletrodoméstico. É uma cena brasileira, mas não é, porque a marca é
estrangeira.
Por outro lado, o anúncio pode trazer as seguintes leituras variadas de
interpretação, quase na interdiscursividade. Não é um anuncio que vai fazer o
consumidor sair correndo comprar um eletrodoméstico da KitchenAid, mas pode
levar o consumidor a procurar as outras peças da campanha, conhecer mais
sobre a marca e talvez até salvar as imagens.
Por fim, não iremos analisar o plano do conteúdo neste anúncio aqui. O plano
expressivo é o que se pretendia evocar, para demonstrar um caminho de
aplicação. Deixaremos o plano do conteúdo para os temas seguintes desta aula.
Mas, para fins de melhor visualização, colocamos os elementos textuais aqui:
O modernismo trouxe para o Brasil um jeito novo de ver a arte. A KitchenAid fez
o mesmo na cozinha, enxergando a culinária como expressão artística. Conheça
nossos produtos e outros movimentos artísticos em: [endereço eletrônico].
KitchenAid. Para quem culinária é arte.
Ao ler o que está no texto escrito do anúncio, você mesmo pode notar que o
texto reforça a leitura que fizemos do plano da expressão. Utilizamos também
Peirce, a partir de Santaella, onde observamos que:
Para análise deste audiovisual, você pode se utilizar dos mesmos caminhos que
apontamos nos temas anteriores. Examinar os elementos plásticos, tendo o
cuidado de examinar a gramática do audiovisual, do cinema e da televisão.
Examinar o tipo de imagem (em movimento, em sequência, estática). Se é
sintética, tipo uma animação. Observar onde a câmera está (o ponto de vista da
lente), e observar se um plano demora mais em uma situação, e em quê situação
isso acontece. Cada meio e cada arte tem sua linguagem.
No filme publicitário anunciado pela Thai existem várias elipses, mas a principal
é a da menininha, a história dela. Elipses podem ser planos da câmera em
determinados objetos (exemplo: a água desperdiçada no cano, o vaso de planta
murcha) ou ainda uma situação (o cacho de banana, a senhora na feira, o
cachorro, a carteira de dinheiro). Em todas estas situações, o plano expressivo
é reforçado e homologado pelas ações, gerando elementos para apreendermos
os níveis fundamental, discursivo e narrativo do plano do conteúdo.
A musicalidade e as falas (em off) deste anúncio também são importantes,
principalmente a música, que vai evocar e dar todo o ritmo às situações que se
desenrolam na diegese deste filme publicitário. Ela demarca a apresentação, o
desenvolvimento e a conclusão da história. Ainda, no plano da expressão, os
elementos eidéticos da música (instrumental de piano e até o gênero da música)
irão dar suporte ao cenário mental do espectador, e que se reforçam pelas ações
que se desenrolam. A música sobe ao final, pausa e, quase num fade, despede-
nos daqueles personagens. A fala em off nos leva ainda para fora da tela: há,
portanto, um narrador. Mas, neste caso, o narrador é menos importante que a
narrativa (diegese).
Esse alto poder comunicativo do audiovisual é o que faz com que os filmes
publicitários e sua veiculação seja a parte mais cara de uma campanha
publicitária. Tem muito valor agregado pela sua grande capacidade de evocar
expressão e conteúdo. Pense na semiótica quando estiver convencendo um
cliente a investir em audiovisual: você terá argumentos de sobra se estudar.
Poderíamos ainda utilizar as categorias da aula anterior quando estudamos o
percurso gerativo de sentido. No nível narrativo do percurso gerativo de sentido,
poderíamos examinar as categorias do texto temático e a sequência canônica
(avaliando a manipulação, a competência, a performance, a sanção).
Por fim, após apontar estes elementos, tente chegar no nível narrativo do plano
do conteúdo: é hora de operar a função interpretativa (narrativas são geralmente
predicativas – expressam um atributo ou estado ao objeto). O filme publicitário
conta uma história: qual é essa história? Fala sobre redenção? Superação?
Dinheiro? Felicidade? A tarefa da análise semiótica é tentar explicar como isso
acontece.
Outro exemplo deste percurso pode ser observado na narrativa contada sobre o
cano de água a vazar na rua. Ao ser molhado pela água que desce pelo cano
(manipulação), como a água está sendo desperdiçada (manipulação), o herói
coloca um vaso de planta abaixo do lugar (competência, o saber e o que ele faz
com o saber). A planta estava já reduzida a folhas e galhos murchos
(manipulação).
Com tal atitude (competência), a narrativa mostra que a planta se regenera
(performance). O final da história gerada por essa narrativa termina com a ideia
de regeneração, mostrando o vaso com a planta frondosa, com muitos galhos
verdes e flores (performance, transformação principal da narrativa), com a água
vertendo do cano (elipse) enquanto uma borboleta (sanção) pousa numa flor.
Neste filme publicitário, existe mais de uma narrativa sobre o mesmo assunto e
complementam-se umas às outras. Há a história da regeneração da planta (e,
portanto, que o amor regenera), que é referendada pela narrativa da vovó, do
cachorro, da senhora do carrinho da feira, da menininha, da moça no ônibus e
também do galinheiro que ele tem em casa. Todas essas cenas podem ser
examinadas pela análise do plano do conteúdo e irão gerar termos e temas para
a análise semiótica através do percurso gerativo de sentido.
Rodríguez explica que os signos sonoros motivados são aqueles produzidos por
um objeto referencial concreto – “têm sua origem em formas sonoras que,
quando reconhecidas, nos remetem a um ente ou fenômeno” – um assobio, uma
buzina de carro, uma trovoada, o som motor, o toque telefônico, etc. (2006, p.
243). Os signos sonoros arbitrários são formas sonoras que estão associadas a
algum objeto ou a uma ação à qual se referem (do universo referencial) [p. 244]:
o porquê de chinelo se chamar chinelo – a palavra que nomeia o calçado é
arbitrária – pense assim: a palavra chinelo tem som de chinelo? – é mais ou
menos por aí o raciocínio.
Eis que, desolado na cozinha, o menino ouve o latido do seu cão (estabelece-se
um fora da tela, fora do ambiente). Então, o menino percebe que o seu pai chega
em casa do trabalho (o latido é um signo indicial do cão que aponta para uma
forma sonora especializada, o ‘aviso’ de que alguém chega). Correndo para a
rua, o pequeno Darth Vader tenta usar a força no automóvel, e nada. A música
atinge seu clímax e ele tenta de novo: as luzes do carro se acendem e o motor
emite um ronco, fazendo uma acepção de que se há força há um som – o som
da força é o ronco do motor.
Spotify, iTunes, Tidal, MySpace, SoundCloud, Youtube, entre tantos outros, são
plataformas em que a colaboratividade coloca os artistas e os fãs em contato,
pelo sonoro: músicas, trilhas sonoras e DJs de todo o mundo atuam a distância.
Antes da invenção das mídias que armazenam áudio, o consumo de música era
sobretudo local: vinculado, muitas vezes, à identidade, ao território, à língua, às
mitologias e religiosidades do ouvinte. Por outro lado, vimos na aula anterior que
as melodias são uma forma de guardar-se conhecimentos e saberes complexos.
Entretanto, dificilmente conheceríamos a música do Japão atual e (os japoneses
as nossas) se não fossem as mídias eletrônicas. Mas, como muitas outras
coisas, o consumo de música hoje é global, local, nacional e regional: basta
acessar algumas rádios para perceber que há de um tudo. Isso coloca uma série
de desafios à publicidade sonora que tem que competir em um mundo cheio de
anúncios, mas que também, muitas pessoas tem o poder de ‘fazer barulho’,
‘botar a boca no trombone’ ou fazer um som.
Signos Sonoros
Áudios têm forma Sons têm ritmo
Melodia Harmonia
Fórmulas: IVCVCBC música pop
A música POP: fórmula clássica verso-refrão
É um dos formatos mais populares da música dos gêneros popular, rock, pop e
variações massivas. Tem bastante vínculo com o conteúdo (a letra da música é
central, pois conta uma história – plano do conteúdo, figurativo, enunciação).
Mas, como se trata de um sistema – uma música – compõe-se também de uma
peça instrumental que segue um padrão (que se repete), geralmente o refrão.
NA PRÁTICA
Veja no YouTube o vídeo Balsa de Santos tem pane e clima de Titanic, onde
a Publicidade se fez presente neste incidente. “Ô pessoal, vocês vão
desembarcar por aqui mesmo”. Em um momento em que as pessoas poderiam
entrar em pânico por uma falha de motor e sinais de fumaça alguém pôs a música
tema do filme Titanic para tocar.
Na situação real de você estar em um transporte público com bastante
passageiros que trafega sobre a água e você vê fumaça saindo do lugar que sai
o som do motor daquela barca, o que você faria? Enquanto alguns podem surtar,
a maioria procura os sinais da convenção: está tocando algum alarme? Onde
está a sinalização de saída? Há luzes de emergência? É dia/noite?
SÍNTESE
Agora que você conhece o conteúdo, eis a expressão desta mosca e seu
abdome dourado:
Beyoncea.
Saiba Mais
ANTONIO, Jorge Luiz. As traduções na poesia digital. p. 311-29. In LEÃO, Lúcia. O chip
e o caleidoscópio: reflexões sobre novas mídias. São Paulo: SENAC, 2003.
BERCHMAN, Tony. A música do filme: tudo o que você gostaria de ler sobre a música
de cinema. São Paulo: Escrituras, 2006.
LOPES, Ivã C.; HERNANDES, Hilton (orgs). Semiótica: objetos e práticas. São Paulo:
Contexto, 2005.
SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
SANTAELLA, Lúcia, NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo:
Iluminuras, 2008.
SENRA, Ricardo. Artista Holandês acusa Fiesp de plagiar pato amarelo. BBC Brasil.
Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160329_pato_fiesp_fs>. Acesso em:
30 mar. 2016.