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Faculdade de Direito

Ética I
CHRISTIAN ANDERSEN DE ANDRADE
Noturno
12 AGO 22
TERCEIRA ATIVIDADE AVALIATIVA
Texto: vídeo aulas 14, 15 e 16 – Estrutura da Ética a Nicômaco
A ontologia de Aristóteles é a sua protofilosofia, sua filosofia primeira, porque é do ser
que tudo emana. É o ser como princípio e do ser tudo emana: o pensar, o agir, o fazer. Trata-se,
portanto, de uma ética do agir, da razão sobre o agir. Quando se diz que a ética de Aristóteles é uma
ética com metafísica, isso significa que essa ética é fundada na filosofia primeira, na teoria das
causas, mais especificamente, na causa final. São quatro as causas descritas pelo filósofo: causa
material, causa formal, causa eficiente e causa final. Esta última é a causa da ética. A causa final é
justamente a primeira causa na ordem da intensão. Aquilo que é a primeira coisa na ordem da
intensão será a última na ordem da intensão. A partir dessa ótica, pode-se dizer que o ser não existe
sem uma finalidade, é dizer, o ser clama por uma finalidade. E essa finalidade é parte constitutiva do
próprio ser. Essa é a base para toda a ética de Aristóteles, que se constitui em uma ética teleológica.
Essa é a estrutura na qual Aristóteles se apoia para escrever sua obra, Ética à Nicômaco. Trata-se,
portanto, de descobrir qual a finalidade do homem enquanto sujeito de ação. Segundo o filósofo, a
finalidade do homem é ser feliz. Por essa ótica, todo homem age ou vive com vistas a uma vida boa,
feliz, que mereça ser vivida, porque essa finalidade faz parte da própria natureza humana. Assim a
felicidade vai ser a excelência que o homem vai buscar, de maneira racional dentro de um certo
contexto.
O ser humano em Aristóteles é fundamentalmente inteligência e vontade, inteligência que
pensa e vontade que quer. E é na conjugação desses dois elementos que o exercício da moralidade vai
se dar no sentido de uma ortopraxia. Dessa forma, a possibilidade de agir vai ser sempre dentro de
um quadro estrutural onde há deficiência e excesso. Mas pela inteligência é possível descobrir um
ponto equidistante entre a deficiência e o excesso. A inteligência vai determinar esse ponto justo e a
vontade vai se colocar no exercício desse ponto. O homem ao se posicionar entre esses dois extremos
entra, por assim dizer, na estrada da felicidade, que é a finalidade do ser. O exercício desse ponto é
realizado pelo hábito. Nesse sentido, o ser humano é um “habituador” nato, buscando por meio do
agir frequente, o ponto de equilíbrio entre a deficiência e o excesso, e a realidade é construída a partir
da prática desse agir frequente. Como consequência, o homem se transforma no próprio hábito que
cria. Relaciona-se com a questão dos hábitos a noção de virtude em Aristóteles. Em sua obra, virtude
é tida como aquela predisposição que se adquire de uma maneira racional para a felicidade, para o
bem, para uma vida bem vivida. Pode ser entendida também como o caminho reto, certo, que conduz
à finalidade do homem que é uma vida feliz. Por isso se diz que a moral de Aristóteles é a moral das
virtudes. São quatro as virtudes cardeais: prudência, força, temperança e justiça.
A estrutura ética aristotélica acima descrita, combinada com a ética tomasiana, possui,
dentro de um contexto de interdisciplinaridade, uma consecução com a filosofia do direito, mais
especificamente relacionada ao direito natural, que se alicerça nessa estrutura, possuindo uma
fundamentação metafísica, lógica, histórica e teológica. O direito natural tem sido atualizado, a partir
da perspectiva do direito internacional, direito humanitário e constitucional. Como exemplo dessa
atualização, tem-se o termo “genocídio”, cunhado no pós-segunda guerra mundial, em 1944, pelo
advogado judeu polonês Raphael Lemkin, que emigrou para os EUA antes dos nazistas matarem
quase toda a sua família. "Genocídio" é uma palavra nova, que combina o termo grego "Genos", que
significa raça ou grupo, com a raiz do latim "Cedere" – ou seja, matar. Nesse contexto, a noção de
direitos humanos, como direitos universais, liga-se de maneira direta à noção de direito natural, que
por sua vez, fundamenta-se em toda a estrutura da ética aristotélica-tomasiana.
Ευχαριστώ κύριε!

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