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PARTE I

FORMATOS
ESCALAS
GRAFICISMO

Elaborada pelo prof. Marcelo L. Macedo.


DESENHO TOPOGRÁFICO

SEÇÃO I

FORMATOS DA SÉRIE A DA ABNT (Associação Brasileira de Normas


Técnicas)

Os formatos da série A da ABNT têm como base um retângulo cuja relação entre
o comprimento L e a largura l dá como resultado 2 .
Tal série de retângulos já era conhecida dos gregos “Pitagóricos” que os
denominavam de retângulos dourados, e os admiravam por apresentarem uma
característica peculiar, que é a seguinte:
Ao dividirmos um retângulo dourado na metade do seu comprimento obteremos
dois outros retângulos também dourados.

Como podemos observar, sendo L o comprimento e l a largura do retângulo


maior, sua área será A = L.l, e termos para o retângulo de área A/2 um comprimento l e
largura L/2, para o retângulo de área A/4 um comprimento L/2 e largura l/2, para o de
área A/8 um comprimento l/2 e largura L/4, e assim sucessivamente, de forma que:

L l
L l
  2  2  ...  2
l L l L
2 2 4

Sua área será então determinada por:


A  L.l
mas :
L  l. 2
substituindo
A  l.l. 2  A  l 2 . 2

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O formato básico da série A é denominado A0, e apresenta como características
ser um retângulo dourado e possuir área de 1,00 m2.
A partir destas informações, podemos determinar as dimensões tanto do formato
A0, como dos demais formatos da série.

Para o formato A0 teremos:


A  l 2 . 2  l 2 . 2  1,00m 2
1,00m 2 1,00m 2
 l2  l 
2 2
 l  0,840m

L  l 2  L  0,840m. 2
 L  1,189m

Os demais formatos são obtidos a partir da divisão do formato A0 na seqüência


divisória descrita nas propriedades do retângulo dourado.

FORMATO L (mm) L (mm) Área (m2)


A0 1.189 840 1,000
A1 840 594 0,500
A2 594 420 0,250
A3 420 297,0 0,125
A4 297 210 0,063
A5 210 148,0 0,031

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ASSOCIAÇÃO DE FORMATOS

Em boa parte das vezes ocorre que, para melhor acomodar o desenho, é
necessário associar formatos. Neste caso a associação é feita ladeando-se mais de um
exemplar de um formato, sempre pelo lado maior.

SEÇÃO II

ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO

Os desenhos técnicos são normalmente representações de grandezas reais. Na


maioria das vezes é conveniente que a representação seja produzida em tamanho
diferente do tamanho da grandeza representada, guardando, no entanto as devidas
proporções da mesma. Para tanto é necessário que todas as partes da grandeza estejam
submetidas a um mesmo fator de multiplicação ao serem representadas.
A este fator denominamos de ESCALA DE REPRESENTAÇÃO.
As escalas de representação são, portanto grandezas adimensionais.

ESCALAS NUMÉRICAS

Seja L o tamanho real de uma grandeza e l o tamanho de representação da


mesma. A escala de representação poderá ser definida como “sendo a relação entre o
tamanho da representação, e o tamanho da própria grandeza”. Teremos então:

l
e
L

Esta representação de escala, apresentada sob a forma de fração ordinária, apesar


de verdadeira, é pôr demais incômoda, uma vez que nos leva a trabalhar com valores
diversos para o numerador da fração. A fim de simplificarmos as operações com a
fração devemos reduzi-la a uma fração de numerador unitário, para tanto devemos

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dividir tanto o numerador como o denominador da mesma pelo numerador na forma
como se segue:

l /l 1
e e
L/l L/l

O denominador da fração passa agora a ser chamado MÓDULO DA ESCALA,


que será assim representado:

L
M 
l

A escala será então representada na seguinte forma:

1
e
M

Significando que cada unidade medida no desenho representa M unidades


medidas na grandeza, no mesmo padrão de distância utilizado para medir a
representação.

Exemplo:

Um desenho representativo foi produzido em uma escala e = 1/500. Teremos


então:
- 1 cm medido no desenho representa 500 cm medidos na grandeza;

- 1 m medido no desenho representa 500 m medidos na grandeza;

- 1 palmo medido no desenho representa 500 palmos medidos na grandeza.

É importante lembrar que sendo a escala uma fração, esta será tanto menor,
quanto maior for o seu módulo. Assim sendo uma escala e1=1/20 é dez vezes maior que
uma escala e2=1/200. Ou seja, o desenho de uma representação produzido na escala e1
terá um tamanho dez vezes maior que o desenho de representação da mesma grandeza
produzido na escala e2.

CLASSIFICAÇÃO DAS ESCALAS

Escalas de ampliação – são assim denominadas as escala que apresentam como


resultado uma representação maior que a grandeza. Para que tal efeito ocorra, é
necessário que a escala seja maior que a unidade, ou seja, apresente módulo menor do
que 1 (um).

M<1

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Tais escalas apresentam utilidade na representação de grandezas muito pequenas
como peças de relógio de pulso, circuitos elétricos de componentes da micro eletrônica,
etc.

Escala natural – denomina-se de escala natural à escala que produz uma


representação de tamanho idêntico ao da grandeza. Tal escala deve apresentar tamanho
e módulo obrigatoriamente igual à unidade.

M=1

A utilidade de tal escala revela-se em diversos campos, que vão desde a industria
de confecção até obras de escultura.

Escalas de redução – são assim denominadas as escalas que dão como resultado
uma representação de tamanho menor que a grandeza representada. Para que se consiga
tal efeito é necessário que, a escala apresente valor menor que a unidade, ou seja,
módulo maior do que a unidade.

M>1

Tais escalas são de grande utilidade na representação de grandezas cujo tamanho


dificulte a sua percepção como um todo. Para a topografia é de fundamental
importância, pois todas as grandezas topográficas enquadram-se nesse contexto.

PADRONIZAÇÃO DOS MÓDULOS


Sendo o módulo da escala representado na forma de uma fração ordinária,
teoricamente poderia assumir qualquer valor real positivo. No entanto tal prática traria
uma diversidade de possibilidades na qual a maioria dos valores seria de difícil
operacionalização, sem contar que, uma falta de padronização tornaria difícil a troca de
informações, quando da comparação de trabalhos relativos a um mesmo projeto.
Também a fabricação de equipamentos tais como pranchetas, réguas, escalímetros, etc.,
seria prejudicada. Com o objetivo de evitar tais transtornos os módulos de uso
permitidos foram normatizados na forma seguinte:
- São usuais os módulos de escala que sejam múltiplos decimais de 1, 2 e 5,
ou de relações entre eles.
M=1
M=2
M = 2,5 (5  2)
M = 4 (2 x 2)
M=5
M = 10 (1 x 10)
M = 12,5 ( (5 x 5 )  2 )
M = 20 ( 2 x 10 )
M = 25 ( 5 x 5 )
M = 40 ( 2 x 2 x 10 )
M = 50 ( 5 x 10 )
M = 100 ( 1 x 10 x 10 )
M = 125 ( 5 x 5 x 5 )

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- São exceções a estes, os módulos de valores 75, 150 e os seus respectivos
múltiplos decimais.
M = 7,5 ( 75  10 )
M = 15
M = 75
M = 150

MÓDULOS PADRONIZADOS
MÓDULO MÓDULO MÓDULO MÓDULO MÓDULO MÓDULO
0,1 1 10 100 1.000 10.000
0,125 1,25 12,5 125 1.250 12.500
0,15 1,5 15 150 1.500 15.000
0,2 2 20 200 2.000 20.000
0,25 2,5 25 250 2.500 25.000
0,4 4 40 400 4.000 40.000
0,5 5 50 500 5.000 50.000
0,75 7,5 75 750 7.500 75.000

Em topografia, existe uma classificação prática, que define como topográficas as


escalas de módulos situados entre 100 e 10.000. Não quer dizer que as plantas
topográficas não possam ser produzidas em escalas superiores ou inferiores a estes
limites. No entanto, escalas menores que 1 : 10.000, apresentam um grau de
detalhamento muito baixo, não sendo, portanto recomendada. Já as escalas maiores que
1 : 100 podem e devem ser utilizadas, quando a situação assim o exigir, como no caso
de plantas sobre as quais serão realizados projetos de arquitetura predial.

ESCALAS GRÁFICAS

Denominamos de escalas gráficas às representações gráficas das escalas. Estas


apresentam a vantagem de eliminarem a necessidade de cálculos cansativos tanto por
ocasião da produção de plantas como das consultas desta.
As escalas gráficas podem aparecer desenhadas diretamente na planta ou em
réguas independentes, e funcionam como ferramenta de trabalho tanto do desenhista
como dos usuários de plantas.
No caso das escalas produzidas em réguas independentes, o mercado oferece
uma grande variedade delas, desenhadas em réguas de seção triangular, apresentando
duas escalas em cada uma das três faces. Tais equipamentos são denominados
escalímetros.

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No caso da escala ser desenhada na própria planta, a sua maior utilização é como
instrumento de consulta, que é feita de forma mais eficiente quando utilizamos um
“compasso de ponta seca” como instrumento de medição.

DESCRIÇÃO DE UMA ESCALA GRÁFICA

A escala gráfica apresenta basicamente três elementos:


- um número indicando o módulo da escala representada, que recebe a
denominação de TÍTULO da escala.
Por exemplo, se aparecer o valor 50, significa que a escala representada é de
1:50.
- divisões inteiras, cada uma denominada de DIVISÃO PRINCIPAL da
escala, representando o valor de uma unidade do padrão adotado, sendo que
na maioria dos ecalímetros o padrão é o metro.
- uma divisão principal subdividida em submúltiplos da unidade principal,
denominada de TALÃO da escala e que seve para avaliação das frações da
unidade principal. Nos escalímetros cada uma das divisões de “unidade
principal” apresenta subdivisões, e neste caso todos eles podem funcionar
como Talão.

CONSTRUÇÃO DE UMA ESCALA GRÁFICA.

Exemplo:
Dada a escala numérica 1: 50, construir uma escala gráfica de divisão principal
igual a 1m.
01- Determine o comprimento da unidade principal (l), multiplicando a o
tamanho da grandeza representada pela escala:

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1
l  1m.  l  0,02m  l  2cm
50

02- Desenhe duas retas paralelas distanciadas entre si de 1cm e de


comprimentos convenientes

03- Efetue divisões de dois centímetros para a divisão principal.

04- Divida a primeira divisão longitudinalmente na metade da largura.

05- Subdivida a parte superior em dez partes iguais de 2 mm.

06- Indique o título e os valores correspondentes aos espaçamentos.

Obs. 01

Cada divisão de unidade principal representa 1m, enquanto que cada divisão do
talão representa 10cm. Assim sendo a distância correspondente a 4,30 m seria dada por:

Obs. 02

Caso o módulo da escala seja multiplicado por 10, a representação passará a


valer 43,00 m.

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SEÇÃO III

GRAFICISMO

O graficismo pode ser definido como o menor tamanho de grandeza que pode
ser representado em uma determinada escala, utilizando-se um determinado diâmetro de
pena.
Os diâmetros das penas utilizadas, na produção dos desenhos, corresponderão à
espessura do traço firmado com aquela pena. Os valores desses diâmetros são expressos
em milímetro, e normalmente são utilizadas penas de diâmetros situados entre 0,1 mm e
1,6 mm.
O graficismo pode ser determinado multiplicando-se o valor do diâmetro da
pena pelo módulo da escala.

g   .M

Onde: g  graficismo
  diâmetro da pena
M  módulo da escala
Ex.:

Suponha que uma determinada planta topográfica seja produzida em uma escala
de 1 : 2.000, e que fosse utilizada uma pena de diâmetro 0,4 mm. O graficismo de tal
planta seria então:

g = 0,4 mm x 2.000  g = 800 mm ou g = 0,8 m.

Isto significa que, os detalhes do terreno de tamanho inferior a 80 cm não


poderão ser representados em escala. Caso haja necessidade de representá-los, em
escala, teremos que reduzir o diâmetro da pena ou aumentarmos a escala de
representação, dependendo de qual dos dois possa ser alterado.

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