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𝗔𝗟𝗚𝗨𝗠𝗔𝗦 𝗤𝗨𝗘𝗦𝗧Õ𝗘𝗦 𝗦𝗢𝗕𝗥𝗘 𝗢 𝗕𝗔𝗧𝗜𝗦𝗠𝗢

A Igreja batiza todo ser humano que ainda não foi batizado. Havendo dúvidas irrespondíveis se
a pessoa foi ou não batizada ou se o foi de forma válida, proceda-se o Batismo sob condição,
ou seja: “(Nome), se ainda não és batizado(a), eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”.

Só poderia haver negação do Batismo à criança se existir fundamentada suspeita de que o


bebê não seria educado na fé católica. Isso, na prática, parece raro, pois, afora a negligência
dos pais, entraria o importante papel dos padrinhos e da comunidade. Depois dos sete anos, a
pessoa só seja batizada após a devida preparação catequética. Pede-se aos pais que deem
nomes cristãos aos filhos, recordando, desse modo, o (a) santo(a) que vai protegê-los e inspirá-
los em toda a sua vida.

Os filhos de pais ou responsáveis que não vivem de acordo com a fé e a moral da Igreja não
podem ter, sem mais, o Batismo recusado. A criança não é culpada da vida errônea dos pais.
Há de ser batizada, salvo se não houver esperança certa de que a pessoa será educada na fé
católica, como falei no parágrafo anterior. Mesmo se o pai ou a mãe não forem católicos, a
parte católica ou o casal podem pedir o Batismo aos filhos.

Há um importante detalhe teológico-canônico a ser considerado. É a diferença entre o válido e


o lícito no Batismo. Ele é válido quando atinge a sua real finalidade: produzir a graça
santificante com seus dons anexos. É lícito nos casos de perigo de morte – nos quais se pode
batizar, mesmo sem o consentimento dos pais – e sempre que há fundada certeza de a criança
receber a formação religiosa adequada.

Um católico pode – por razões de parentesco ou proximidade – ser testemunha de Batismo de


um(a) cristão(ã) não católico(a) ainda não batizado na Igreja Católica, em comunidade cristã
cujo batismo é válido. Do contrário, um cristão não católico pode, ao lado de um padrinho (ou
madrinha) católico(a), ser testemunha (não padrinho) de uma criança batizada na Igreja
Católica.

Tudo o que já foi exposto sobre o Batismo de crianças vale também aos adultos. Com exceção
de que estes devem ter uma preparação apropriada a fim de entenderem o que significa o
sacramento a ser recebido. Também o Bispo diocesano há de ser avisado a fim de poder, caso
queira e possa, ministrar ele mesmo, então, o Batismo, a Primeira Eucaristia e a Crisma ou
enviar mandato escrito ao padre que ministrará a Crisma.

Também sejam batizadas crianças encontradas abandonadas, bem como bebês abortivos se
ainda estiverem vivos, ainda que sob condição: “Se estás vivo…”.
Fora da Igreja Católica, “1. Batizam validamente os cristãos orientais ortodoxos, os Velhos
Católicos (cismáticos desde 1872 por não aceitarem o primado do Papa), os anglicanos ou
episcopais, os luteranos e os metodistas (que são um reavivamento anglicano), 2. Batizam
invalidamente as Testemunhas de Jeová, os seguidores da Ciência Cristã, os grupos religiosos
não cristãos, entre os quais se poderiam enumerar também os mórmons, cujo Credo é
incompatível com a clássica fé cristã e 3. As demais denominações cristãs ministram um rito
batismal, que há de ser examinado caso por caso, dado o risco de não ser válido por falta de
intenção da parte do ministro ou por defeito da fórmula. Caso, após a devida pesquisa, restem
dúvidas sobre a validade do Batismo, confere-se o Batismo sob condição” (Pergunte e
Responderemos n. 452, 2000, p. 48).

Para aprofundamento: Código de Direito Canônico, 1983, cânones 849-878, e Diocese de


Amparo. Diretório dos Sacramentos, 2014, p. 6-17.

Padre Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis/Serra Negra

Mistagogia da Oração do Senhor

Pe. Danilo César

O Pai nosso é a oração que o Senhor Jesus deu aos seus discípulos, quando esses solicitaram:
“Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). A oração que foi,
por Jesus, dada aos discípulos, é cunhada pela tradição da Igreja como “Oração do Senhor”, ou
“Oração do cristão”. Nas celebrações dos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, essa oração
sempre comparece introduzida por um convite presidencial. O convite varia nas suas
formulações, mas obedece à mesma função de reunir os orantes e motivá-los à oração. Essa
motivação, pela variedade e conteúdo, revela a importância da oração para a Igreja e para os
fiéis:

Na Eucaristia (Missal Romano)

– Obedientes à palavra do Salvador e formados por seu divino ensinamento, ousamos dizer:

-Rezemos, com amor e confiança, a oração que o Senhor Jesus nos ensinou:
-O Senhor nos comunicou o seu Espírito. Com a confiança e a liberdade de filhos, digamos
juntos:

-Antes de participar do banquete da Eucaristia, sinal de reconciliação e vínculo de união


fraterna, rezemos, juntos, como o Senhor nos ensinou:

-Guiados pelo Espírito de Jesus e iluminados pela sabedoria do Evangelho, ousamos dizer:

Na Iniciação cristã de adultos (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos)

-N. liberto dos teus pecados e regenerado por Deus Pai, te tornaste seu Filho em Cristo. Antes
de receber o corpo de Cristo, no Espírito de filho adotivo que hoje te foi conferido, reza
juntamente conosco como o Senhor nos ensinou:

No batismo de crianças (Ritual do Batismo de crianças):

-Estas crianças que foram batizadas são chamadas, em Cristo, a viver plenamente como filhos e
filhas de Deus Pai. Para isso, elas precisam também ser fortalecidas pelo Espírito Santo no
sacramento da confirmação e alimentadas na Ceia do Senhor. Agora, ao redor dessa Mesa,
unidos no Espírito, rezemos:

No sacramento da reconciliação (Ritual da Penitência):

-Roguemos agora a Deus, nosso Pai, com as mesmas palavras que Cristo nos ensinou, a fim de
que perdoe nossos pecados e nos livre de todo o mal

No sacramento da Unção dos enfermos:

-Agora, todos juntos, roguemos a Deus, como nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou:

O que Jesus tem de seu

O que Jesus dá aos seus discípulos é mais que uma fórmula. Ele concede a eles algo muito
próprio da sua relação com Deus. Para Jesus, Deus é Pai e é Rei ¹. Essas duas imagens são
simbólicas e traduzem experiências variadas e diversas, sempre abertas, porque igualmente
ricas de significados. Dizer que Deus é Pai ou Rei pode variar o sentido a partir da experiência
que se faz de reinado ou da paternidade. Pode também variar a partir da cultura ou da
condição social, ou da situação histórica. Os povos circunvizinhos da Palestina, no tempo de
Jesus, eram habituados a chamar a Deus de Pai. Contudo, em relação ao povo do Antigo
Testamento, nas escrituras da Antiga Aliança essa designação aparece apenas quase duas
dezenas de vezes², praticamente ao modo metafórico, como a frequente fórmula encontrada
no segundo livro de Samuel, “ele será para mim como um filho e eu serei para ele como um
pai”. Isto é, o judeu era muito reservado para chamar a Deus de Pai. Mas a partir do Novo
Testamento essa característica muda radicalmente. Só nos evangelhos sinóticos a marca de
quase duas dezenas é superada por um número de 67 vezes, sendo que dessas, 10 vezes é
usada apenas por Jesus. Estamos diante de uma novidade que tem origem na pessoa de Jesus
mesmo! Essa novidade, considerada a maior pretensão de Jesus, assinala uma originalidade
fundamental da fé cristã:

Ele se comporta para com Deus como o filho por excelência, como o demonstra a palavra Abbá
que Marcos põe em seus lábios na cena da agonia no horto (cf. Mc 14,36). Há nessa cena algo
mais e um salto que a espiritualidade judia não havia dado senão excepcionalmente, enquanto
que o termo se difunde no Novo Testamento. É um termo que expressa familiaridade de trato –
papai -, o caráter único da relação existente entre Deus e Jesus. Este termo, de ressonâncias
joânicas e profundamente semíticas, está, sem dúvida, presente em Mateus e em Lucas, na
exclamação de júbilo de Jesus, que não hesita em dizer: “Ninguém conhece ao Filho senão o
Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27; Lc
10,22)³.

Isso que chamamos ser a maior pretensão de Jesus, é algo original da sua relação com Deus.
Ser Filho, ser gerado, é a especialidade da segunda Pessoa da Trindade Santa, assim como ser
Pai é a especialidade da primeira Pessoa. O Verbo é Filho desde toda a eternidade, mas ao
assumir a condição humana, vive historicamente, no limite e na fragilidade humana, aquilo que
era do seu ser junto de Deus Pai. Ser humano é ser em construção, é tornar-se, é aprender, é
crescer, é amadurecer. Assumindo a nossa humanidade, o Verbo cumpre a tarefa de fazer
coincidir humanamente a sua filiação que já tinha junto de Deus, previamente à encarnação.

E o ser filial de Jesus se desdobra em duas atitudes básicas e complementares: obediência e


oração. Ser filho é estar inteiramente aberto ao Pai na escuta e na resposta. Escuta em sentido
profundo, quem obedece (obeodire = escutar, dar ouvidos, obedecer). Responde em sentido
profundo, quem escutou verdadeiramente, quem obedeceu, isto é, ora de verdade.

A obediência é a virtude filial por excelência. Jesus “se tornou obediente” (Fl 2,8). Ele lutou por
isso: “Abbá! Se é possível […] Não a minha vontade, mas a tua” (Mc 14,36). “Aprendeu o que
significa a obediência por aquilo que sofreu” (Hb 5,8). Ele devia tornar-se obediente; não
porque tenha sido algum dia insubmisso, mas porque, na Terra, ninguém pode praticar um ato
absoluto, eterno. Tudo é fragmentado. Tudo é medido pelo tempo. Hoje se pratica um ato de
obediência a Deus, no dia seguinte é preciso praticá-lo de novo. Mas Jesus se tornou
“obediente até à morte”, em um ato absoluto de submissão, na medida da infinita paternidade
de Deus. Ao aceitar a morte, ele consente em existir só para o Pai que o gera e se torna, na
plenitude de sua liberdade humana, o Filho que é desde o início4.
Na oração, Jesus exprime sua total abertura ao Pai que lhe fala. “A oração é um ato filial. Quem
ora deixa-se gerar, filializa-se quando ora”5. Na oração, o Pai o reconhece como Filho (cf. Lc
3,21-22). Esses dois desdobramentos da filiação de Jesus encontram na cruz uma convergência:
nela se manifesta o Filho na sua máxima obediência, nela se manifesta a sua oração filial: “Pai,
em tuas mãos, entrego o meu espírito” (Lc 23,46; cf. Sl 31,6)

SER CATEQUISTA...

Para ser catequista tem que ter fé em Cristo ressuscitado. Tem que ser crismado, não é
verdade? Mas isso não é suficiente. É necessário ter boa vontade. Não. Mais que isso. Para ser
catequista, você deve ter um bom coração, muita determinação, ser crítico, ter a mente aberta,
ser predisposto à alegria. (Não estou falando que catequista não pode ficar triste. As tristezas
vão sempre existir, faz parte da vida. Enfrente-as com coragem.)

O catequista é portador da boa nova. E é com alegria que precisa anunciar: Cristo vive!

Catequista precisa ser gentil, flexível, acolhedor. Mas há de ter firmeza. Catequista é um
especialista em amar, é emoção, mas é razão também.

É preciso ter ideias, opiniões, ser crítico e se posicionar do lado dos mais fracos e dos
injustiçados.

Não vale fingir que não é com você. Se é com o próximo que não tem condições de se defender
ou está sofrendo injustiça ou violência, é com você também.

Para ser catequista, você precisa ter empatia, se colocar no lugar dos outros, falar com calma e
ouvir com atenção.

Ma há que corrigir quando for preciso, há que ensinar o outro quando ele desandar, há que
não desistir das pessoas.

Catequista precisa preocupar-se com sua formação contínua: ler e estudar a bíblia, rezar o
catecismo, entender de pedagogia catequética, do método ver-julgar-agir-celebrar-rever, do
RICA, dos documentos da Igreja. Mas há também que saber de cor as lições da paciência, da
amizade, da fé, da perseverança.
É desejável não ter medo de inovar, de mudar. Há que ter disposição para caminhar, não só de
casa para Igreja e da Igreja para casa; a caminhada é mais longa, tem flores pelo caminho? Sim.
Tem espinho? Também. E pedras? Muitas...

Mas a boa notícia de hoje é que você não estará sozinho. Tem uma comunidade toda com
você, muitos catequizandos, seu pároco, a coordenação da catequese, ah, e você terá um outro
catequista para te acompanhar na sala de catequese.

Cris Menezes

Catequista

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