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A MODERN chega ao RIOGaleão trazendo
mais SEGURANÇA pra sua operação!
Máxima eficiência com Terminal de Cargas
HWD
e Armazém Geral DENTRO do Aeroporto.
R EY NALDO GAMA
/////////
Uma edição de
muitas estreias
Em seu livro Como criar uma mente, Ray Kurzweil, um dos cofundado-
res da Singularity University, desafia quem acha que tecnologias como a
do Watson, da IBM, ou a da Siri, da Apple, não compreendem de fato as
informações. Segundo ele, as técnicas matemáticas que foram desenvol-
Reynaldo Gama
vidas no campo da inteligência artificial são muito similares em termos
é CEO da HSM
matemáticos aos métodos pelos quais a biologia evoluiu para desenvolver
e coCEO da
o neocórtex, região mais recente do nosso cérebro. E ele ressalta: “Se com-
SingularityU Brazil.
preender uma linguagem e outros fenômenos por meio de análises esta-
Tem mais de 12 anos
tísticas não conta como entendimento real, então seres humanos também
de experiência no não têm entendimento”.
mercado financeiro É por isso que estamos tão animados com esta nova edição de HSM
e, nos últimos Management. Temos falado bastante sobre inteligência artificial e suas
três, foi um dos aplicações, mas esta é a primeira vez que voltamos um capítulo em nossa
responsáveis pela história, e dedicamos um dossiê aos avanços dessa compreensão citada por
expansão e pela Kurzweil, aqui chamada de neurociência aplicada aos negócios. Ainda que
gestão do Cubo. a IA seja a forma mais tangível dos frutos dos conhecimentos neurocien-
É casado com a tíficos nas organizações, há uma série de outras aplicações que trazem re-
Marcia e coleciona sultados significativos para as empresas, e que hoje apresentamos a você.
discos de vinil. A começar pelo próprio conceito de neurociência aplicada. Em nosso
dossiê, você vai entender o que é e como as organizações têm aplicado as
descobertas dos neurocientistas em áreas como marketing e desenvolvi-
mento de produto, usando equipamentos que mais parecem saídos de um
laboratório. E também conhecer cases de empresas que, mesmo sem tec-
nologia, investem em conhecimentos neurocientíficos para uma melhor
compreensão do comportamento humano.
E falando em comportamento, nesta edição você encontra também a re-
portagem “Quanto vale uma mentoria”, a qual nos levou a investigar um
comportamento que nos parece cada vez mais comum: executivos e em-
preendedores pagando pequenas fortunas por processos de mentoring.
Nesse caso, nosso questionamento é menos financeiro e mais conceitual:
qual o papel de um mentor em nossas vidas? Quem responde são as empre-
sas que investem nesse tipo de programa e que compartilharam com HSM
Management várias histórias de sucesso.
Por fim, quero ressaltar mais duas novidades que você encontra nesta edi-
ção. A primeira é a seção e websérie #OlhoMágico, que aborda o mundo
corporativo a partir da perspectiva de pessoas que não são “nativas” desse
universo. Rafa Brites, nossa primeira convidada, conta como sua trajetória
profissional, que inclui uma experiência de cinco anos como apresentadora
da Rede Globo, foi influenciada por conceitos que seu pai aprendia no traba-
lho e compartilhava em casa.
“O futuro da educação” é a outra estreia que você encontra por aqui. A par-
tir deste mês, HSM Management passa a ter acesso a conteúdos exclusivos
FOTO: ACERVO PESSOAL
19 Economia circular
80 confiança e redes sociais
Estudo aponta como comportamento
Executivos da HP contam os desafios enfrentados nas redes impacta nas negocições
pela indústria em relação ao lixo eletrônico
20 incertezas na china
81 mão na massa
Dificuldades geradas pela guerra comercial com E menos plaejamento. É o que um dos fundadores
os EUA impactam gigantes de tecnologia da Netflix recomenda a quem quer empreender
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83 níveis de consciência
EXTRA - C ONTEÚDO DIGITA L No espaço do equilíbrio, Wilma Bolsoni
aborda responsabilidade vibratória
67 notícias de bastidores
Newsletter The Making Of chega N O S S O S C O L U N I STAS
semanalmente ao seu e-mail
56 dario neto e marcel fukayama
68 #extracast: anticarreira Healing leadership
Podcast aborda alternativas para quem
deseja ampliar sua visão de carreira 76 Jorge forbes Soluções TerraDois
MONI CA HE R R E R O //
Como resume a estratégia e o cres- razão da crise. Nosso maior crescimento veio da
cimento da Stefanini nesses últi- América Latina, nos países de língua espanhola.
mos anos e o que vem pela frente? O plano continua sendo, cada vez mais, criar
um ecossistema melhor e ainda mais eficien-
Intensificamos o projeto de in- te na área de inovação, a partir de três linhas:
ternacionalização, que foi inicia- aquisição de empresas, iniciativas em startups e
do em 1996, com a estratégia de estímulo ao desenvolvimento de inovação den-
ser uma companhia global. Esta- tro da companhia.
mos hoje presentes em 41 países.
Nos últimos anos, nossa estratégia foi direcio- Depois de 27 anos na Stefanini,
nada a nos tornarmos uma empresa de inovação, sendo os últimos sete como CEO
com grande foco em transformação digital. En- Brasil, em uma empresa que va-
tão, cada vez mais saímos do perfil de só apoiar e loriza a diversidade, você sai com a
sustentar sistemas para ajudar a fazer a transfor- sensação de dever cumprido?
mação digital, a pensar em novos modelos de ne-
gócio e a gerar valor para os negócios dos nossos Deixo várias conquistas e realiza-
clientes usando a tecnologia. ções, seja nos resultados da empresa,
A maior estratégia agora é nos tornarmos lí- seja pelo crescimento das pessoas – e hoje gera-
deres em inovação, nessa transformação digital. mos mais de 13 mil empregos só no Brasil – ou do
Temos meta de crescimento, lógico, porque sem ambiente de trabalho, mas a sensação é sempre de
crescimento não se agrega valor, mas o maior de- que ainda há o que executar. Ainda bem, porque
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
safio é melhorar a rentabilidade da organização. uma empresa deve buscar a melhoria contínua,
Estamos sofrendo com as margens, principal- incessantemente. Mas, sim, deixo pronta para que
mente no Brasil, onde temos crescido pouco, em quem vier possa realizar um monte de coisas.
Acredito que o maior legado é a para não entrar na execução, ainda mais com
liderança baseada em confiança. toda a minha história nesta organização.
Para nós, o trabalho em equipe é es- Na nova carreira, tenho também o desafio
sencial. Em uma empresa focada em imenso de aumentar o número de mulheres em
inovação, a colaboração, sem dúvida, conselhos no Brasil, porque temos também de
tem de ser um dos pilares. E não há começar a conquistar esse espaço. Além de as-
colaboração se não existir confiança. sumir como membro efetivo do conselho da Ste-
Acredito que, para gerar confiança, o líder fanini em 2020 – em que temos uma das sócias
não pode só pregar, mas tem também de exe- e eu serei ali a primeira mulher independente –,
cutar. Considero que agir como falo é um im- quero participar de outros.
portante legado. Então, é uma nova carreira para mim e con-
Os valores são muito fortes aqui dentro e preci- sidero uma troca interessante de experiências.
sam estar em sintonia entre todas as pessoas. Em Tudo que é novo nos leva a estudar, a aprender.
um país como o nosso, onde se questiona uma Isso é maravilhoso, mas também dá um frio
série de valores, manter isso é um legado imen- na barriga.
so. Eu deixo isso, não só para a organização, mas
também para meus filhos, para minha família. Como é a Monica fora do cenário cor-
porativo?
Monica Herrero é uma mulher que Sou extremamente familiar.
gosta de desafios, certo? Quais de- Costumo dizer que “estou”
safios acredita que vai encontrar em várias posições, mas “sou”
como membro do conselho da Stefanini? uma coisa só: mãe. Dessa po-
sição não abro mão de jeito
Sim, até por isso estou indo para nenhum! Meu marido e meus fi-
um novo desafio. No conselho, lhos me deram o equilíbrio para
terei vários. É um ciclo profissio- ter conquistado tudo até agora.
nal diferente para mim. Vou trocar a Estar com eles é muito importante, faço parte
cadeira em que estava acostumada a executar da vida deles, assim como eles fazem parte da
para entrar em um processo de participação minha. Não é importante somente eu estar ao
estratégica, de construção, em que há muito lado dos meus filhos, mas eles também preci-
mais questionamentos. Preciso ter cuidado sam estar ao meu lado.
P
ebolinha, conhecido personagem de Na visão de Silvio Laban, professor de Mar-
cabelo espetado que troca o “r” pelo keting do Insper, é a consistência na escolha
“l”, sempre teve planos “infalíveis” de parceiros e produtos que garante o suces-
para roubar o Sansão, coelho de pe- so do amplo portfólio. “Há uma clara conexão
lúcia da Mônica. O curioso é que to- entre o produto e seu público-alvo”, diz. Para
dos terminavam, invariavelmente, com um olho Jaime Troiano, presidente da TroianoBran-
roxo, o dele, no caso. Para quem, como a repórter ding, “a marca Turma da Mônica possui uma
aqui, passou a infância mergulhada nas histórias visão de quais territórios tem autoridade para
da turma do bairro do Limoeiro, é fácil constatar ocupar e quais não tem. Essa distinção evita
que na realidade quem detinha, de fato, um plano que sua marca seja desgastada com uma ex-
infalível era Mauricio de Sousa, o nome por trás pansão que não faça sentido”, ensina.
da maior empresa de entretenimento do Brasil.
Responsável pela marca Turma da Mônica, ligada
a produtos diversos de licenciamento, incluindo
Desenhando metas
parques temáticos, filmes, espetáculos, games e “Não parei na primeira revistinha e não vou
itens de bens de consumo, além dos gibis, este parar agora. Meu negócio é seguir sempre em
ano Mauricio de Sousa celebra 60 anos da pri- frente.” Com essa vitalidade, Mauricio de Sousa,
meira tirinha de jornal que deu origem à turmi- 83 anos, continua dando expediente diário na
nha mais famosa do Brasil. empresa e participando das decisões. Foi assim
É justamente no licenciamento e na ces- com o recente sucesso Laços, primeiro filme live
são de direitos autorais que a empresa con- action da turminha, que levou mais de 2 milhões
centra mais de 80% de seu faturamento. À de pessoas ao cinema. O filme, que encabeça
frente desse departamento carro-chefe está uma trilogia, coprodução da MSP, Paris Entre-
ninguém menos do que a própria Mônica, ou tenimento, Paramount Pictures e Globo Filmes,
Mônica Sousa, diretora executiva da Mauricio era um sonho antigo de Mauricio e parte de uma
de Sousa Produções (MSP). “O segredo é nos estratégia para ampliar ainda mais o alcance da
associarmos a marcas boas, as quais confia- marca. “Quero continuar produzindo histori-
mos em dar a nossos filhos”, diz ela. Além do nhas, livros, revistas, desenhos animados e ago-
famoso extrato de tomate Elefante, a marca ra filmes”, diz ele, já chamado de o Walt Disney
estampa 4 mil produtos de segmentos diver- brasileiro, pai de 400 personagens.
sos entre alimentos, brinquedos, higiene, es- A empreitada, como todas as outras, exi-
colar, casa e decoração, produzidos por 150 giu planejamento na ponta do lápis. “Orga-
empresas parceiras. Uma vez assinado o con- nizamos nossas metas com um planejamento
trato, a equipe da MSP trabalha em conjunto, macro, indicando para onde todos devemos
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
personagens ainda usam avental?”, mexeu com Marvel e DC Comics evoluíram ao longo do tem-
Mônica. “Temos muitas personagens mulheres po: se antes o herói apenas precisava ser indes-
Um líder
equilibrado
e discreto
É ASSIM QUE SATYA NADELLA,
CEO DA MICROSOFT, É
DEFINIDO POR CONSULTOR
NA PLATAFORMA MEDIUM
Microsoft se comporta na ‘nuvem’, como em- o mecanismo de pesquisa da empresa, antes de as-
presa mais madura”, escreve Spencer na Me- sumir o Azure, a plataforma de aplicativos e servi-
dium, a plataforma de blogs. ços. E o resto é história”, escreve o autor.
Mudar comportamentos
para mudar a sociedade
AUTORAS RELATAM NA STANFORD SOCIAL INNOVATION REVIEW DUAS
HISTÓRIAS E TRÊS LIÇÕES APRENDIDAS PARA PROMOVER IMPACTO SOCIAL
Diante do desafio de lidar com tradições cul- que viviam. Mas o plano também não conseguiu
turais e resistência das populações atendidas, lí- atrair um número suficiente de mulheres, que
deres de dois projetos de impacto social na Índia se mostraram desconfortáveis com esse tipo de
descobriram que, antes de tornar a vida das pes- contato com um homem.
soas melhor, era preciso mudar a mentalidade e o Era preciso, portanto, inovar. O projeto dei-
comportamento delas. Em artigo na Stanford So- xou de enxergar as mulheres das áreas rurais
cial Innovation Review, Pritha Venkatachalam e apenas como beneficiárias passivas da iniciati-
Niloufer Memon, integrantes do The Bridgespan va e passou a recrutar e treinar algumas delas em
Group e coautoras do relatório “Bold philanthro- como utilizar smartphones.
py in India” (de 2018), descrevem e comentam Essas “saathis” (amigas, em hindi) foram es-
duas experiências e três lições aprendidas. caladas para percorrer comunidades vizinhas
e ensinar outras mulheres sobre as vantagens
amigas da internet práticas da utilização da internet e como fazer
isso no dia a dia.
Em 2015, a Tata Trusts e o Google junta- No início, as “saathis” tiveram dificuldade em
ram forças para lançar um programa chamado convencer outras mulheres a investir seu tempo
Internet Saathi, que tinha como objetivo pro- para fazer as aulas. A virada aconteceu a par-
mover a inclusão digital de mulheres da área tir do momento em que o projeto conseguiu en-
rural da Índia. volver algumas pioneiras, geralmente mulheres
A ideia de realizar treinamentos nos centros jovens, em cada uma das comunidades, que di-
comunitários locais, porém, esbarrou em um vulgaram os benefícios da internet e, assim, ti-
obstáculo cultural aparentemente instranspo- veram sucesso em influenciar o comportamento
nível: mulheres não podem viajar sozinhas, sem de suas vizinhas.
a companhia de um familiar masculino. Desse modo, o projeto cresceu rapidamente.
A organização do projeto adotou, então, uma Em abril deste ano, a iniciativa contabilizava
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
estratégia diferente. Foram contratados capa- 65 mil “saathis” engajadas, que já haviam aju-
citadores do sexo masculino para percorrer as dado mais de 24 milhões de mulheres na Índia a
comunidades e ensinar as mulheres no local em vencer a exclusão digital.
Acredite,
é preciso
sempre
pensar
no pior
TÉCNICA CONHECIDA COMO presa de tecnologia utilizou a técnica do premortem
“PREMORTEM” É DESTACADA PELA quando estava desenvolvendo um sistema de análi-
se avançada para um programa de aviação.
CONSULTORIA MCKINSEY COMO Antes de lançar o programa, o líder do projeto
FERRAMENTA DE ANÁLISE DE RISCO reuniu a equipe e pediu que todos imaginassem o
que poderia acontecer dali a alguns meses. Resul-
tado: a iniciativa era um fracasso.
Por que, no início de um projeto, as equipes O executivo orientou, então, que cada integrante
tendem a ignorar riscos e potenciais problemas? colocasse rapidamente no papel suas reflexões sobre
Excesso de confiança por parte das lideranças é a as razões de o projeto não ter dado certo e que com-
principal razão na maioria das vezes. Afinal, quan- partilhassem com os demais, de modo franco, ao
do o projeto começa a avançar, tudo parece no lugar menos um motivo de fracasso.
e as pessoas estão animadas e em sintonia quanto Após três rodadas de discussão, as principais
às expectativas em relação à iniciativa. armadilhas ficaram claras. As mais importantes
Para assegurar a identificação prévia de possí- estavam relacionadas a questões de ordem orga-
veis falhas, uma das metodologias mais eficazes nizacional e cultural. Por exemplo: a burocracia
à disposição é a do “premortem”. Trata-se de um interna e a resistência de alguns grupos que teriam
exercício em que os integrantes da equipe imagi- de aprender um novo sistema.
nam que o projeto, tal como planejado, fracassou. Uma vez que as potenciais vulnerabilidades foram
A partir dessa constatação, todos passam a rever identificadas, a equipe passou a discutir as medidas
o plano original a fim de antecipar potenciais amea- para reduzi-las e, como resultado, chegou-se a um
ças. Nessa abordagem, os aspectos psicológicos plano mais sólido e a um nível maior de consciência
saem de cena e o entusiasmo cego pelas ideias dão sobre os desafios a serem superados.
lugar ao esforço criativo de solução de problemas. Os estudos da McKinsey indicam que aplicar a
Na verdade, o que se observa são os integrantes da técnica do premortem reduz significativamente o
equipe competindo para ver quem consegue levan- excesso de confiança da equipe, com resultados
tar as questões mais preocupantes, e esses profis- superiores aos de outras metodologias de análise
sionais são admirados por sua capacidade de ver à de risco. O processo leva à identificação de uma
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
frente, em vez de serem deixados de lado. gama mais ampla de obstáculos e ajuda a construir
Artigo sobre o tema publicado recentemente no uma cultura em que as verdades, mesmo descon-
site da consultoria McKinsey relata que uma em- fortáveis, podem ser expostas.
Com a autoridade de quem foi pioneira em o acordo setorial que você quiser. Não podemos
recolher e reciclar lixo eletrônico, a HP alerta ir lá na casa do consumidor arrancar o computa-
que qualquer programa desse tipo só tem pos- dor dele”, acrescenta Raupp.
sibilidade de sucesso se contar com a partici- Mas como engajar as pessoas no movimento de
pação dos consumidores. No Brasil, a empresa economia circular? Paloma Cavalcanti, diretora
fechou acordo recentemente com a rede vare- de sustentabilidade da HP Brasil, defende, na
jista Kalunga para oferecer mais conveniência mesma reportagem, que o caminho é a educação
a quem quer dar um destino adequado a seus e a conscientização, a fim de mudar a cultura e o
cartuchos usados. comportamento das pessoas. O primeiro passo
“Um cara fundamental nessa cadeia é o consu- pode ser a separação do lixo do dia a dia para
midor. É um elo que, se estiver quebrado, impe- chegar ao descarte adequado de eletrônicos. “A
de que tudo aconteça. Então temos de dar conve- decisão de descartar o eletroeletrônico naque-
niência e infraestrutura ao consumidor para que le ponto de coleta depende do consumidor. Não
ele possa ser um agente ativo nessa cadeia cir- depende do fabricante. E o que a gente vê ainda
cular”, afirma Claudio Raupp, CEO da HP Bra- mundialmente é o nível de retorno baixo mesmo
sil em entrevista à revista multimídia Página22. em países desenvolvidos”, afirma.
O executivo explica que as iniciativas de eco- Uma vez que essa parceria entre empresas e
nomia circular devem buscar a eficiência e, para consumidores se consolide, as iniciativas de lo-
isso, não podem se limitar a ações pontuais. É gística reversa tendem a se tornar crescente-
preciso olhar para o “círculo inteiro”, começan- mente viáveis do ponto de vista econômico. “A
do pelo desenho do produto, que deve incluir o economia circular vai avançar invariavelmente
material apropriado, com características pró- para o modelo de economia de serviços e o com-
prias para reciclagem. Também precisam ser le- partilhamento de coisas. É o que a gente já vê
vadas em conta a forma de distribuir, vender, hoje em alguns setores. Então temos avançado
comunicar e fazer manutenção. muito em modelo de negócios de serviços. Hoje
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Tudo isso, sem perder de vista a responsabi- isso ocorre no B2B, para empresas, com as quais
lidade do consumidor. “Se o consumidor não temos contrato de impressão por serviço”, des-
puxar o gatilho, podemos colocar a estrutura ou taca Paloma Cavalcanti.
Incertezas rondam as
chinesas de tecnologia
ANÁLISE FEITA PELA REVISTA THE ECONOMIST APONTA DIFICULDADES
GERADAS PELA GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA
Os últimos meses têm sido árduos para as chinesas e representam uma oportunidade de au-
ações das mais valiosas empresas chinesas com mentar a independência tecnológica do país.
capital aberto. Em grande parte, em decorrência Ainda assim, lembra a reportagem, as empre-
da guerra comercial deflagrada pelo presidente sas chinesas de tecnologia não são invulnerá-
dos Estados Unidos, Donald Trump, que, entre veis. A Tencent tem enfrentado concorrência
outras medidas, restringiu a exportação de tec- inesperada de startups do país e a Alibaba ainda
nologia norte-americana para a Huawei, gigan- depende demais do e-commerce, que responde
te chinesa das telecomunicações. por 85% de sua receita.
Investidores temem que os efeitos negativos Ao mesmo tempo, é importante observar que
das disputas entre China e Estados Unidos atin- o setor de tecnologia é mais sensível às turbulên-
jam outras empresas chinesas de tecnologia – por cias geopolíticas do que outros mercados e que a
exemplo, tornando mais difícil o acesso a com- guerra comercial entre Estados Unidos e China
ponentes e softwares de última geração. Apesar não deve se encerrar em breve. E falta pouco para
disso, de acordo com reportagem recente da revis- terminar o prazo concedido à Huawei para adqui-
ta The Economist, o cenário é mais de incertezas rir componentes de empresas norte-americanas,
do que de ameaças significativas. sem perspectiva de que seja estendido.
Sinais positivos chegam com o aumento de re- Por fim, as potenciais ameaças às atuais gigantes
ceita. No segundo trimestre de 2019, as gigantes tecnológicas da China podem vir de dentro, não do
Alibaba, Tencent e JD.com registraram resulta- exterior. Por exemplo, pela concorrência das star-
dos acima do previsto por analistas de mercado. tups e pela redução do ritmo de crescimento da
A própria Huawei mostra que as retaliações economia. Também pode decorrer das respostas
norte-americanas não são capazes de derrubar que o país der à guerra comercial. Se a escolha for
as estrelas da tecnologia chinesa. Muitos de seus voltar-se exclusivamente ao mercado interno, as
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
funcionários se sentem motivados pelas disputas empresas poderão cair na armadilha de se afastar
com os norte-americanos, a partir da percepção de do mundo globalizado e das ideias que circulam
que as medidas de Trump comprovam as proezas fora das fronteiras chinesas.
Como o marketing tem sido, historicamente, re- artigos para casa, por exemplo, era necessário um
tratado pelas principais publicações internacio- trabalho de marketing mais intenso. A presença
nais de negócios e o que essa análise revela sobre a cada vez maior da televisão na vida das famílias
influência da área no mundo das empresas? Essa também estimulou o papel do marketing.
foi a questão que Shane Wang e Joseph Ryoo, da Ao analisar os subtópicos do marketing com
Ivey Business School, e Abhishek Borah, do In- maior influência sobre os negócios, o estudo en-
sead, se propuseram responder. Os resultados controu três temas presentes ao longo de déca-
foram divulgados em artigo no portal Knowledge. das nas publicações: comunicação, relação com
O estudo percorreu artigos publicados na consumidores e gestão de canais. Dess es, apenas
Harvard Business Review (HBR), na Sloan comunicação apresentou uma clara tendência de
Management Review (SMR) e na Management alta desde o início dos anos 2000.
Science (MS), desde suas primeiras edições – 94 Muito provavelmente o surgimento das mí-
anos de conteúdo no caso da HBR e cerca de 50 dias sociais despertou um interesse renovado
anos nos casos da SMR e MS. pela comunicação no âmbito do marketing, e
De modo geral, 8% de quase 32 mil artigos ava- essa tendência deve permanecer forte. O rela-
liados trataram de marketing. O tema aparece com cionamento com os consumidores, por sua vez,
especial destaque na HBR, com 16% dos artigos, passou a receber maior atenção a partir da dé-
e em quarto lugar no que diz respeito à influência cada de 1940 e se traduziu no desenvolvimento
sobre os negócios, atrás de gestão, comportamen- nos sistemas de CRM nos anos 1980.
to organizacional e finanças. Além disso, o total de Ao final, a conclusão do estudo é clara: em-
textos que podem ser classificados como “de mar- bora o interesse pelo marketing tenha demora-
keting” cresceu de maneira significativa nas três do um pouco mais para decolar, na comparação
publicações desde meados da década de 1980 – e com outras áreas, sua influência sobre o mundo
essa tendência começou a aparecer antes, ainda dos negócios cresceu de maneira substancial
nos anos de 1960, na HBR. ao longo do tempo. Essa tendência indica que o
O interesse e a influência crescentes do marke- marketing deve se tornar ainda mais importan-
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
ting podem estar relacionados ao fato de a gera- te. As empresas devem compreender que ofere-
ção do baby boom ter chegado ao mercado con- cer e gerenciar o valor para o consumidor será
sumidor. Com mais pessoas comprando carros e cada vez mais um imperativo.
elêmaco viveu sua infância distan- ambiente corporativo. Mentor foi responsável
T
te de seu pai Ulisses (ou Odisseu, não só pela educação do menino, mas também
em grego), rei de Ítaca, que havia por incutir valores, ajudar na formação do ca-
partido para a Guerra de Troia. ráter e repassar sua sabedoria nos desafios e
Anos se passaram e Telêmaco, nos momentos de tomadas de decisão.
ainda jovem, foi em busca do pai. Com a prática atraindo as empresas, criou-
Foi acompanhado do sábio e amigo de confian- -se um mercado de mentoria: cursos e treina-
ça da família, que cuidava do menino desde a mentos de formação, tecnologia de gestão de
partida do rei. Seu nome era Mentor. programas de mentoring, consultoria de im-
Está no poema épico Odisseia, atribuído plementação e serviços prestados por mento-
a Homero, a origem do mentoring, que vem res profissionais. Mas a questão é: quanto vale
ocupando espaço cada vez mais relevante no uma mentoria?
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
do por conta da transformação digital, com que novas propostas de mentoring estão sen-
o objetivo de os jovens levarem suas expe- do desenhadas. Tudo em prol do aprendizado.
mentor precisa escutar o que o mentorado Telêmaco e, sim, encorajava-o a fazer por
diz e também o que não diz. Com escuta ati- conta própria.
de públicos
específicos, como mento, já que os envolvidos acabam conhecendo
outras áreas, desafios e formas de trabalhar dife-
seus programas uma etapa de vida com mais tempo e mais calma.
#SOMOSANGA
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DOS S IÊ HS M
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Neurociência
aplicada aos
negócios
Não é de hoje que o cérebro exerce um fascínio sobre a espécie
NESTE DOSSIÊ humana. Cláudio Galeno, nascido na Grécia por volta do ano
129, além de filósofo, matemático e astrônomo, dedicou parte
32 Dos laboratórios de sua vida à anatomia médica, dissecando macacos na tenta-
para as empresas tiva de compreender o funcionamento do corpo humano. Foi
Galeno que, pela primeira vez, propôs que o corpo fosse con-
trolado pelo cérebro e que haveria uma distinção entre nervos
36 Neuromarketing sensoriais e motores.
e as respostas Conta a História que Leonardo da Vinci, também reconheci-
inconscientes do por seus estudos anatômicos, tinha conhecimento das ideias
de Galeno e, a partir de 1480, passou a utilizá-las como base para
avançar em uma série de descobertas no campo da neuroanatomia.
38 Neuroliderança Dos desenhos de Da Vinci aos investimentos de Elon Musk,
e os indicadores muitos séculos se passaram. Em julho, o empreendedor e CEO
fisiológicos da Tesla finalmente anunciou o objetivo da Neurolink, startup
fundada por ele em 2017: inserir fios mais finos que cabelos hu-
manos em nossas cabeças, para que possamos controlar com-
putadores e smartphones usando nossos pensamentos.
40 Neurociência Engana-se quem acha que esse seja um plano de Musk para
para todos um futuro longínquo: a Neurolink levantou US$ 150 milhões
e já está buscando aprovação da FDA, a agência regulatória
norte-americana para medicamentos e alimentos, para iniciar
46 Criatividade: o testes em humanos em 2020.
que nos dizem as Portanto, o futuro das neurociências é agora. E suas aplica-
neurociências? ções merecem um olhar atento para que empresas e profissio-
nais saibam como usar esses conhecimentos de maneiras que
nem Galeno e nem Da Vinci sequer pudessem imaginar.
52 Neurociência,
empreendedorismo
e impacto social
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Dos laboratórios
para as empresas
SE HOJE FALAMOS SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COM TANTA NATURALIDADE É PORQUE
TEMOS A MÍNIMA COMPREENSÃO DE COMO FUNCIONA O NOSSO SISTEMA NERVOSO, EM
ESPECIAL O CÉREBRO HUMANO. SEM AS DESCOBERTAS DA NEUROCIÊNCIA, ÁREA DE ESTUDO
RESPONSÁVEL POR INVESTIGAR ESSE SISTEMA, O WATSON DA IBM OU A SIRI DA APPLE
TALVEZ NEM EXISTISSEM. ACONTECE QUE TODO ESSE CONHECIMENTO É RELATIVAMENTE
NOVO, E COMPREENDER SUA ORIGEM É FUNDAMENTAL PARA QUE SE ENTENDA SUAS
APLICAÇÕES NO MUNDO DOS NEGÓCIOS | POR GABRIELLE TECO
iência sem consciência não passa extermínio em massa dos judeus, foi nesse pe-
“C
de ruína da alma.” Atribuída a ríodo que médicos nazistas lideraram dezenas
François Rabelais, importante es- de experimentos cruéis, expondo suas vítimas a
critor e médico francês do Renas- condições extremas apenas para observar como
centismo, a frase, quando foi pro- seus corpos reagiam.
ferida, ainda não tinha confrontado Dentre esses médicos estava Julius Hallervor-
seu pior exemplo na história: o nazismo. Calca- den, especialista em neuropatologia, que dedicou
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
do na ideia da supremacia racial ariana, o mo- sua carreira a compreender as causas das desor-
vimento partiu de um princípio pseudocientífico dens mentais. Sua coleção de cérebros humanos
para executar seu plano macabro, exterminando chegava a quase 700 órgãos, que ele encomen-
aqueles classificados como inferiores. Além do dava diretamente dos campos de concentração.
Sem contar os experimentos com prisioneiros mano sem procedimentos invasivos, ainda que
vivos que, de tão absurdos, nem vale a pena rela- tudo isso seja muito novo.
tar aqui. O fato é que, em nome da ciência, atro-
cidades foram cometidas ao longo da história e O homem que não tinha memória
até hoje cientistas sérios e éticos ainda sentem
os reflexos dessa imagem de médicos-monstros Toda vez que interagia com Henry Molaison,
elevada pelo nazismo. Brenda Milner precisava se apresentar. Ela já o
“Como vou estudar o cérebro humano em de- acompanhava havia anos, mas o ritual era im-
senvolvimento se ele está dentro de um útero ma- prescindível, pois o paciente não conseguia se
terno? É por isso que a maior parte da neurociên- lembrar da médica. Dela e de mais nada e nin-
cia é uma área indireta – ou seja, usamos métodos guém que ele conhecera após uma cirurgia feita
experimentais indiretos, como ultrassom, porque quando HM, como ficou conhecido na comuni-
você não quer ser invasivo, abrir a barriga da mu- dade científica, tinha apenas 27 anos. Na ten-
lher para examinar o cérebro do feto e estudar o tativa de curar suas crises epiléticas, que come-
que acontece lá”, explica Alysson Muotri, PhD em çaram após um traumatismo craniano que ele
genética pela Universidade de São Paulo (USP) e sofreu aos 9 anos, os médicos realizaram uma
professor na escola de medicina da University of
California em San Diego.
Muotri é provavelmente um dos cientistas
brasileiros com uma das carreiras internacio- avanços
nais mais notórias da atualidade. Recentemen-
te, seus minicérebros, estruturas tridimensio-
nais desenvolvidas a partir de células-tronco,
tecnológicos
foram parar no espaço. Em uma parceria com
a NASA, esses organoides, que simulam um es-
possibilitaram
tágio primário de desenvolvimento do cérebro
humano, foram enviados para uma missão es-
a evolução da
pacial para que se possa entender os efeitos da
microgravidade em nosso cérebro. neurociência, que
Diferentemente do que acontecia com os mé-
dicos nazistas, a tecnologia desenvolvida no la- sempre dependeu
boratório de Muotri mostra que, com os avanços
tecnológicos, já é possível estudar o cérebro hu- de estudos
indiretos para
compreender o
cérebro humano
ligadas a memória e ao nosso sistema motor. A economia clássica, por exemplo, que hiper-
“Os Estados Unidos pegaram todo o dinheiro valorizava a racionalidade para explicar nosso
que gastavam na Guerra Fria e resolveram in- processo de tomada de decisão, viu sua estrutura
Neuromarketing e as
respostas inconscientes
COMO OS CONSUMIDORES RESPONDEM AOS ESTÍMULOS DE MARKETING DA SUA EMPRESA?
PARA OS ESPECIALISTAS EM NEUROMARKETING, JÁ É POSSÍVEL MEDIR ESSE IMPACTO, SEM
NEM PERGUNTAR AO CLIENTE | POR GABRIELLE TECO
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
ara avaliar a nova fórmula de um e na textura, seria bem aceita pelo público da
P
tradicional hidratante de seu port- marca. E o que descobrimos a partir dos dados
fólio, uma grande empresa na- extraídos das duas técnicas foi surpreenden-
cional do segmento de beleza te”, explica Billy Nascimento, CEO da empresa
decidiu fazer um teste com con- Forebrain, que conduziu o teste.
sumidores. Chegando ao local, em No primeiro dia os voluntários testaram o pro-
vez de encontrarem formulários de papel ao duto, sem saber que marca estavam avaliando.
lado de amostras de produtos, os voluntários No segundo dia, repetiram o procedimento, mas
recrutados foram surpreendidos com um ce- dessa vez a marca foi previamente revelada. Com-
nário que mais parecia um laboratório do que parando os resultados das etapas sem marca e
uma empresa de pesquisa de marketing. com marca, foi encontrada uma diferença sig-
Para aplicar técnicas de eletrocardiografia, nificativa no estado de atenção dos volun-
que avalia a frequência cardíaca, e eletromio- tários, medido pela eletrocardiografia.
grafia facial, que capta a contração dos mús- Durante a avaliação da fragrância
culos da face, foram colocados eletrodos nos dos produtos, esses níveis fo-
participantes, que só então puderam começar ram maiores quando a marca
a avaliação dos produtos. “O objetivo da em- estava presente.
presa era analisar se a nova fórmula do produ- Esse maior engajamento
to, que sofreu uma leve alteração na fragrância resultou em uma diferença
Neuroliderança
e os indicadores
neurofisiológicos
O QUE AS ATIVIDADES ELÉTRICAS DO CÉREBRO
PODEM DIZER SOBRE O SEU ESTILO DE LIDERANÇA?
EU FUI INVESTIGAR | POR GABRIELLE TECO
P
reocupada com seu futuro profis Apesar de parecer uma situação comum em em
sional, Cecília convocou uma reu presas, essa história não é real. A líder em questão
nião com seu diretor e com sua era um papel representado por mim que, a convite
gerente, recém-promovida. Antes da Nortus, fui experimentar o Neurotraining Lab,
Cecília e a nova líder eram colegas de treinamento de liderança que utiliza como base co
área e atendiam os clientes da agência, nhecimentos neurocientíficos.
cada qual em seu segmento. Assustada com aque Uma semana antes do treinamento, recebi um
le convite formal e repentino, a nova líder preci case sobre o cenário da agência, detalhes sobre
sou se preparar para uma reunião que não seria como se deu a promoção da minha personagem e o
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
fácil: Cecília estava visivelmente frustrada com a histórico de Cecília na empresa. A proposta era que
promoção da colega, especialmente por ter mais eu me preparasse para uma reunião na qual seriam
tempo de casa e por não se sentir reconhecida. avaliadas cinco competências: gestão de emoções,
neurociência
para todos
DA GESTÃO DE PESSOAS, PASSANDO PELA ÁREA DE VENDAS, E CHEGANDO
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Neurocientistas
e especialistas
de mercado devem
trabalhar juntos para
que a neurociência Novartis: neurovendas para ampliar a
visão dos consultores técnicos
aplicada traga Como um consultor técnico da indústria far-
resultados para macêutica Novartis poderia ter mais sucesso
do que tantos outros que fazem visitas aos mé-
as empresas dicos, num encontro que geralmente não dura
mais que 15 minutos? Foi por meio da neuro-
ciência com foco em vendas que a equipe de
lhor posição da Sodexo nas Melhores Empresas treinamento da Novartis encontrou um cami-
para Trabalhar (GPTW)”, conclui a gerente de nho para se diferenciar.
desenvolvimento organizacional. “Nosso time de consultores têm o conheci-
Questionada sobre a dificuldade de se medir mento técnico e do negócio, e decidimos mos-
resultados em cases como o da Sodexo, Cozzo trar a eles a ciência que está por trás da jornada
dispara: “Muitas vezes há um excesso de cien- emocional na tomada de decisão do cliente”,
tificismo nesta área, em que muitos neurocien- conta Patrícia Faggion, gerente de treinamento
tistas acreditam que se você não souber como da empresa, responsável pela equipe da hema-
é a molécula da serotonina você não está ensi- tologia, formada por 27 consultores.
nando direito a neurociência. Mas há também A Novartis, que está entre as dez melhores em-
um outro lado, que é muito mais assustador: presas para trabalhar pelo GPTW e conta com
não basta ler meia dúzia de livros, montar um 2,5 mil colaboradores no Brasil, busca manei-
Power Point bonito, e sair por aí dizendo que ras diferenciadas de capacitação e entende que
é especialista no tema”. Isso porque, segundo o conhecimento sobre o processo emocional da
a especialista, usar os conhecimentos neuro- venda pode contribuir com a formação de seus
científicos para a resolução de problemas nas profissionais e reforçar ainda mais a missão de
empresas exige anos de estudo e especialização. melhorar e estender a vida dos pacientes.
“Há uma parcela de neurocientistas que são “O enfoque do treinamento, dado por Carla Tie-
da neurociência pura, que sabem tudo sobre o ppo, foi o de abordar aspectos da jornada emocio-
sistema nervoso e reações fisiológicas, porém nal, como a memória, a relação entre razão e emo-
com pouco conhecimento do mercado. Por sua ção, ou seja, como o cérebro funciona na tomada
vez, há pessoas que estão aprendendo sobre de decisão e, consequentemente, sua importância
neurociência para aplicar no mercado, porém no processo da venda”, detalha Faggion.
ou não são da neurociência aplicada ou não Durante a convenção de vendas, em julho últi-
têm acesso à aplicação – elas replicam aqueles mo, foi plantada a semente com um treinamento
conceitos. Isso porque é tudo muito novo e ain- de uma hora sobre neurociências, para ativar o
da estamos evoluindo. Acredito que, muito em conhecimento. No próximo ano, a força de vendas
breve, o caminho natural para quem trabalha terá mais treinamentos relacionados a comporta-
nessa área será investir em equipes multidisci- mentos que impactam positivamente o processo
plinares, como já fazemos por aqui”, comenta promocional das marcas, e o tema neurociências
Leandro Mattos, sócio da CogniSigns, empresa terá ainda mais espaço e profundidade.
que possui uma plataforma de diagnóstico de Um desafio do treinamento em si foi quebrar
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aí que entram as estratégias de desenvolvi- esquecer e, se você der muitos estímulos, ele fica
mento de memória procedural. confuso em relação ao que é importante.
Y
de 11 anos de idade. Moradora le em que viviam nossos ancestrais. Os seres
do zoológico de Taipé, em Tai- humanos são a única espécie, inclusive, capaz
wan, ela havia passado por uma de olhar para si mesma e criticar seus próprios
inseminação artificial em março comportamentos, mudar de rumo, preservar a si
de 2015. Um dos problemas que mesma e até conservar outras espécies. Pandas
torna os pandas-gigantes ameaçados provavelmente não serão extintos graças aos es-
de extinção é o fato de que eles não têm grande forços humanos.
apetite sexual. Existem casos, inclusive, de pes-
quisadores que tentaram usar Viagra em pandas a razão
(sem muito sucesso).
Algumas semanas depois da inseminação, O Homo sapiens não tem a velocidade de um
Yuan-Yuan começou a apresentar sinais de que leopardo, a força de um gorila, o olfato de um
estava grávida. Quando os cuidadores do zooló- lobo, a audição de uma gazela, os dentes e as
gico percebem sinais de gravidez em uma panda- garras de um urso, os chifres de um íbex, a vi-
-gigante, o animal é imediatamente levado a um são e a capacidade de voar de uma águia ou nada
espaço especial. Nesse novo lar, a panda recebe particularmente rápido como tubarões... O que,
mais comida, incluindo alimentos de melhor então, nos torna eficientes?
qualidade. O espaço é maior e mais confortável, A resposta está na ponta da língua de todos: “a
com ar-condicionado e cuidadores 24h à dispo- inteligência!”. Esta, no entanto, é uma resposta
sição da futura mãe. apenas parcialmente correta. O que permitiu à
Passaram-se algumas semanas e, após uma espécie humana chegar ao patamar atual foi sua
ultrassonografia, os funcionários do zoológico inteligência colaborativa, raciocínio abstrato e
descobriram que Yuan-Yuan não estava grávida. grande adaptabilidade.
Ela havia fingido os sintomas para comer mais e Um ser humano isoladamente não é capaz de
melhor, em um local mais confortável. solucionar os grandes problemas enfrentados
Pandas são fofos, é inegável. Mas é inegável, por nossa espécie. Mesmo grandes gênios da hu-
também, que pandas não têm ambições. Ofereça manidade tiveram a humildade de admitir isso.
um punhado de bambu e um espaço confortável, “Se eu enxerguei mais longe, foi por estar em pé
e um panda viverá o resto de sua vida sem con- sobre os ombros de gigantes”, nos disse Isaac
flitos, desejos, sonhos, metas ou qualquer preo- Newton, provavelmente uma das mais brilhan-
cupação. Com o ser humano a coisa é diferente. tes mentes humanas que já viveu.
Cerca de 70 mil anos atrás, a população total É coletivamente, colaborando, dividindo
de seres humanos no planeta era de aproxi- nossa inteligência com outros membros do
madamente 6 mil indivíduos. A tiragem desta grupo, aprendendo uns com os outros, passan-
edição da revista HSM Management é de 10 do esses aprendizados para que as novas ge-
mil exemplares. Ou seja, o número de pessoas rações (e cada vez mais pessoas) aprimorem e
que lerá estas palavras pode ser quase o dobro refinem aquilo que foi feito no passado — é por
do número total de seres humanos no planeta meio dessa fantástica capacidade de coopera-
7 mil décadas atrás. ção que a espécie humana encontra o ápice de
O Homo sapiens, que vivia exclusivamente no sua capacidade biológica.
leste da África, não se contentou com o que ti- Acontece que abelhas e cupins também vivem
nha. Seres humanos se alastraram pelo mundo. em sociedades altamente complexas, com in-
Hoje a população de Homo sapiens é mais de divíduos que colaboram dentro de grupos com
1 milhão de vezes maior do que há 70 mil anos. espantosa precisão. No entanto, não estão nem
Triplicou a própria expectativa de vida. Domou perto de conquistar o que o ser humano foi ca-
a natureza como nenhuma outra espécie chegou paz de fazer. Não é somente a cooperação que
sequer perto de fazer. nos coloca adiante de outras espécies na corrida
O Homo sapiens é a única espécie que conse- evolutiva. A inteligência humana, diferente de
guiu a façanha de, em um espaço curtíssimo de outras espécies, é capaz de realizar raciocínios
tempo, tornar-se o mamífero dominante do pla- abstratos incrivelmente complexos.
neta, vivendo em todos os biomas, utilizando a Quando você olha para estas linhas, leitor,
natureza em seu próprio favor e construindo um você está pensando na folha ou na tela concreta
que está à sua frente, sendo capturada por seus te chamada de córtex cerebral. Em específico,
sentidos. Mas você pode, agora, fugir do mundo o raciocínio abstrato está associado, em grande
concreto, construindo um mundo abstrato em medida, à evolução de um conjunto de estrutu-
sua mente. Você pode pensar em um urso polar. ras do córtex (ou estruturas corticais) que se lo-
Você pode, ainda, imaginar esse urso polar na calizam atrás de nossas testas. Essas estruturas
cor rosa. Você consegue imaginar um urso po- são chamadas de córtex pré-frontal.
lar rosa e alado, com grandes asas de morcego. Não quero que o leitor interprete isso com
Os seres humanos conseguem imaginar mundos base em um erro comum daqueles que não têm
abstratos, para além do mundo concreto que os grande familiaridade com as neurociências, que
sentidos capturam nas imediações do corpo. é a falácia localizacionista. A ideia de que o cé-
É essa capacidade de raciocínio abstrato que rebro tem “centros” localizados para funções
nos permite imaginar o futuro. É ela que nos complexas é equivocada (ex.: centro do amor
permite imaginar um mundo diferente deste em no cérebro, centro da raiva no cérebro). O cére-
que nós estamos vivendo e construir caminhos bro é uma rede integrada de sistemas altamente
para chegar lá. Daniel Gilbert, professor do de- complexos. Ocorre apenas que, para o sistema
partamento de psicologia da Harvard University, envolvido na mediação do que chamamos de
costuma dizer que “o ser humano é o único ani- raciocínio abstrato, o córtex pré-frontal é uma
mal que consegue aprender com seus erros antes peça-chave, e sua evolução foi fundamental.
de cometê-los”. Você não precisa experimentar Vale ressaltar, no entanto, que diversas outras
um bolo feito com farinha de trigo, fermento, estruturas também estão envolvidas nesse sis-
ovos, chocolate e fígado de peixe para saber que tema. Por exemplo, o hipocampo, localizado no
ele será horrível de se comer. Você imagina, e alocórtex. Falaremos dele daqui a pouco.
elimina essa possibilidade antes mesmo de ela Agora já podemos compreender dois ele-
virar um comportamento. mentos centrais da capacidade que os seres
Nossos ancestrais, na savana africana, imagi- humanos têm de imaginar, planejar e construir
naram um mundo fora de lá. Hoje, nós imagina- possibilidades diferentes para solucionar os
mos um mundo melhor do que este em que vive- problemas vividos no cotidiano, sejam grandes,
mos e, com base nessa imaginação, planejamos e sejam pequenos. Chamaremos essa capacidade
construímos caminhos para chegar lá. de “potencial de inovação” ou, simplesmente,
de “criatividade”.
O cérebro e nosso potencial de inovação O primeiro elemento contraria uma ideia
muito presente no senso comum, de que a
A capacidade humana de raciocínio abstrato criatividade floresce na solidão. É sedutora a
é em grande medida associada à evolução da imagem da pessoa criativa que, sozinha, na ca-
camada mais externa do cérebro, coletivamen- lada da noite, isolada de tudo e de todos, pro-
duz ideias que mudam o mundo. Acontece que
essa imagem é falsa. Mesmo Van Gogh, artista
Em roxo, o lobo
frontal humano,
onde reside
o córtex
pré-frontal
queremos ser efetivados. Quando conquistamos Pedro Calabrez é professor e escritor. Doutor em Ciências
uma promoção profissional, nos adaptamos e (PhD) em Psiquiatria e Psicologia Médica pelo Laboratório
queremos crescer ainda mais. Diferente dos pan- de Neurociências Clínicas da Unifesp. Suas palestras já
das, o ser humano se adapta ao que conquista, e foram assistidas por mais de 650 mil pessoas em mais de
nunca está satisfeito com o que tem, querendo 600 empresas, dentro e fora do Brasil. Seus vídeos somam
sempre mais. É por isso que saímos da savana dezenas de milhões de visualizações nas redes sociais.
africana para conquistar o mundo.
Neurociência,
empreendedorismo
e impacto social
AS TECNOLOGIAS SÃO DISTINTAS, MAS
O OBJETIVO É O MESMO: SOLUCIONAR A
QUESTÃO DO DIAGNÓSTICO DO AUTISMO
NO MUNDO. CONHEÇA A TISMOO E A
COGNISIGNS, EMPRESAS FUNDADAS
POR BRASILEIROS, QUE USAM SEUS
CONHECIMENTOS NEUROCIENTÍFICOS
PARA PROMOVEREM IMPACTO SOCIAL
| POR GABRIELLE TECO
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
NOSSAS REDES:
REVISTA_HSM
REVISTAHSMBRASIL
/COMPANY/REVISTA-HSM
// / //////
HEALING LEADERSHIP
DAR I O NE TO E M A R C E L F U K AYA M A //
Do Propósito ao Fractal
UMA ORGANIZAÇÃO DEVE SER FRACTAL DO MUNDO QUE ELA
QUER EMPREENDER, E SUA ENTREGA DE VALOR PRECISA SER
A TANGIBILIZAÇÃO DO SEU PROPÓSITO
omo organizar a logística agrícola ção da tecnologia por uma parte significativa das
C
usando menos máquinas e con- propriedades rurais brasileiras. Entre os princi-
sumindo menos combustível? pais responsáveis por essa transformação estão
Como usar os insumos de forma a as agritechs, ou agtechs – como são chamadas as
evitar desperdícios? Como o clima startups do setor –, que têm trabalhado na solu-
está impactando a produtividade e a ção de problemas dentro e fora da porteira.
eficiência das culturas? Criada em 2007, em Araçatuba (SP) por sete
Essas são algumas das perguntas que tiram o cientistas, a Solinftec é um exemplo da revolução
sono do profissional do campo e que até há bem que as novas tecnologias são capazes de trazer para
pouco tempo eram respondidas mais por expe- o agronegócio. A startup lançou a Alice, primeira
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riência do que pela análise efetiva de dados. Esse assistente virtual que leva a inteligência artificial a
cenário, porém, vem mudando de forma mais todas as áreas do campo. Mais do que responder às
acentuada nos últimos cinco anos, com a ado- dúvidas dos agricultores, a plataforma permitirá a
até 2050 a
população
mundial será
de 9 bilhões
de pessoas.
tecnologia e
novas práticas
de cultivo serão
indispensáveis
para alimentar
esse contingente
entrada em operação da primeira fazenda com ge- Em 2018, a startup chamou a atenção do fun-
renciamento assistido por inteligência artificial, já do de private equity americano TPG, investidor
em fase de testes. “A Alice adota um sistema virtual de empresas como Uber e Airbnb. Na época, Roel
baseado em redes neurais e deep learning, e está Collier, diretor para a América Latina, afirmou
sendo treinada para analisar grandes massas de da- que a simplicidade oferecida pelas soluções na
dos, sendo capaz de detectar padrões que escapam Solinftec para resolver problemas reais dos clien-
ao olho humano”, diz o CEO Rodrigo dos Santos. tes foi determinante para o aporte.
Uma das pioneiras no desenvolvimento de Segundo Francisco Jardim, sócio da SP Ven-
sistemas digitais de monitoramento para todo o tures, gestora de fundos especializada em agro,
processo produtivo, a Solinftec opera com senso- a Solinftec não é uma exceção entre as agritechs
res, telemetria, computador de bordo e softwares nacionais, pois a inovação de ponta mostra-se
que processam dados colhidos em campo, per- cada vez mais recorrente. “Visito os principais
mitindo aos produtores acompanhar em tempo ecossistemas de agro no mundo, o que fazemos
real cada etapa da produção com mais precisão. no Brasil não deixa a desejar a ninguém”, diz.
Para tanto, conta com uma rede de transmissão “A primeira safra de startups ligadas ao setor
de dados máquina a máquina, batizada Solinfnet, já abriga empresas em fase de consolidação.
capaz de operar em regiões remotas e de relevos Não perguntamos mais se o movimento vingou,
acidentados, com pouca ou nenhuma cobertura mas, sim, qual o tamanho desse universo, onde
de telefonia celular. Hoje, a agritech responde as agritechs poderão chegar?”
pelo monitoramento de mais de 20 mil equipa- Para Mariana Vasconcelos, cofundadora da
mentos agrícolas, interage com mais de 100 mil Agrosmart, com sede em Campinas, no inte-
usuários em dez países e cobre mais de 8 milhões rior de São Paulo, há um oceano azul a ser na-
de hectares – o equivalente a 11 milhões de cam- vegado, não só pela disposição do profissional
pos de futebol. “Garantimos um aumento míni- do campo em adotar novas tecnologias, mas
mo de 10% a 20% de eficiência na colheita, o que também por necessidade. O relatório “Recur-
representa um ganho operacional das máquinas sos mundiais: criando um futuro sustentável
de 1 a 2 horas por dia”, diz o CEO. para a alimentação”, da ONU, mostra que em
PARTICIPAÇÃO NO VOLUME DA
REGIÃO ESTADOS Nº DE AGRITECHS
REGIÃO (em %)
SUDESTE 738
São Paulo 590 80
Minas Gerais 99 13
Rio de Janeiro 41 6
Espírito Santo 8 1
SUL 261
Paraná 102 39
Rio Grande do Sul 89 34
Santa Catarina 70 27
CENTRO-OESTE 70
Goiás 22 31
Mato Grosso 18 26
Mato Grosso do Sul 17 24
Distrito Federal 13 19
NORDESTE 39
Bahia 12 31
Pernambuco 8 21
Ceará 7 15
Paraíba 4 10
Rio Grande do Norte 3 8
Piauí 2 5
Alagoas 2 5
Sergipe 1 3
NORTE 17
Pará 6 35
Amazonas 4 24
Tocantins 4 24
Rondônia 2 12
Roraima 1 6
Fonte: Radar Agtech 2019
Campo Grande 14
de US$ 4 milhões; e as fintechs do agro, que a
São Carlos 14 partir da análise de dados passarão a oferecer
Fonte: Radar Agtech 2019 crédito com menores riscos.
Corrida aérea
Com quatro vants (sigla de veículos aéreos A startup de São Carlos não está sozinha
não tripulados) sobrevoando o canavial e nessa corrida, pelo contrário. Estudo feito
aguardando ansiosamente a chegada do quin- pela consultoria PwC revela que o merca-
to, de maior porte, Rogério Nicola, gerente do global de drones pode chegar a US$ 127
de tecnologia agrícola da Usina Cofco, de São bilhões nos próximos dois anos, 26% desse
José do Rio Preto, a cerca de 500 km da ca- valor gerado pelo uso na agricultura. Desde
pital paulista, parece criança de tanta alegria. que foram definidas as regras para uso de
Os “brinquedos” que tanto despertam seu vants no País, em maio de 2017, o número
interesse consumiram um investimento de de fabricantes cresceu, assim como a oferta
R$ 1 milhão e há dois anos são responsáveis de serviços – pulverização, monitoramen-
pelo mapeamento do canavial, resultando em to, adubação de precisão, manejo de plan-
ganhos efetivos nas quatro fazendas da usina. tas daninhas, aplicação de insumos e elimi-
“A meta é mapear 170 mil hectares até 2020, nação de falhas no plantio.
o equivalente em ruas de cana a 28 voltas na Agrônomo formado pela Esalq e com qua-
terra”, diz Nicola. Segundo ele, o investimen- se duas décadas de experiência na área de
to é válido. Em 2019, a diminuição de perdas defensivos agrícolas, Luís Gustavo Scarpari
será de 1%, graças ao mapeamento, que apon- há um ano fundou a Scardrones, com foco no
tou irregularidades e gerou informações mais controle biológico das lavouras de cana-de-
assertivas para a tomada de decisão. “Se levar- -açúcar. Não fabrica vants, sua especialidade
mos em conta que mapeamos parte da planta- é o controle biológico de pragas. Solta coté-
ção, apenas 25 mil hectares de cana plantada, sias (vespinhas) na plantação, um trabalho
num total de 32,5 mil toneladas, a economia normalmente feito manualmente no cana-
de 1% equivale a R$ 2,2 milhões”, diz. “Um vial, de forma arriscada e com altos índices
volume bastante significativo”. de desperdício. “Desenvolvemos um sachê
Os vants usados pela Usina Cofco são fabri- oxibiodegradável que carrega 1.500 cotésias
cados em São Carlos, também no interior de por unidade e é solto no canavial na área de-
São Paulo, pela XMobots, uma das pioneiras no finida pelo cliente e em horários mais flexí-
segmento. Quando começou a operar em 2009 veis”, afirma Scarpari. “Além disso, o drone
tinha por foco a fabricação de drones – como consegue percorrer o canavial tombado, ina-
também são conhecidos – para a área ambien- cessível aos agricultores, e tem toda a opera-
tal. Em 2014, porém, enxergou o potencial do ção monitorada por mapa de vídeo.”
agronegócio ao acoplar a seus equipamentos A pulverização também é o foco da Arpac,
tecnologia capaz de substituir o trabalho de to- fabricante e prestadora de serviços gaúcha,
pografia de campo, de difícil realização e alto com sede em Porto Alegre. Há dois anos no
custo. “Em 2016, viabilizamos outras funções mercado, Eduardo Goerl, ex-piloto de aviação
aos vants para agricultura de precisão em cul- civil, trabalha com a pulverização de agentes
turas como cana-de-açúcar, silvicultura, laran- biológicos e químicos em áreas localizadas,
ja e café”, diz o sócio Giovani Amianti. “A cana o que garante economia e redução do im-
responde por 85% do nosso faturamento, que pacto ambiental. “O canavial tem em média
deverá alcançar R$ 15 milhões este ano.” Com 15% de área infestada”, diz. “Ao focarmos na
300 aeronaves em uso, e preços que variam de área delimitada pelo problema, geramos uma
R$ 80 mil a R$ 700 mil, dependendo do porte economia de produto próxima de 85% e uma
e das funcionalidades, a XMobots se prepara redução total em torno de 60% de custos, em
para expandir sua participação no mercado de comparação à aplicação em 100% da área de
agro brasileiro, hoje na casa dos 35%. A star- plantio, como acontece normalmente.”
tup acoplou câmeras multiespectrais em seus A startup, que foi acelerada pelo programa
vants, capazes de analisar a saúde da planta, AgroStari da Basf, conta com cinco equipes e
gerando relatórios fitossanitários. clientes do porte da Raizen.
Um “mundão” de oportunidades
Principais áreas de inovação via startups no agro mundial
de recebíveis pelas indústrias, distribuidores de Valtra), Bayer, CNH Industrial, Jacto, Nokia
insumos, cooperativas e tradings. “Contamos e Tim, entre outras, se juntaram para lançar
com mais de 1.000 agrônomos e mais de 50 ad- o ConectarAgro, solução de conectividade
vogados habilitados para avaliar as operações aberta com a meta de cobrir, até o fim do ano,
cadastradas na plataforma, que tem no milho e 5 milhões de hectares no campo, sendo 1 mi-
na soja 90% de suas transações.” lhão de hectares de pequenos e médios produ-
A Gira é a única empresa do País a ter acesso tores. Para Gregory Riordan, da CNH, resolver
aos dados de mais de 40 anos de pesquisa da a questão da conectividade é o próximo salto
Embrapa, o que lhe permite atuar como certi- de produtividade que a agricultura brasileira
ficadora na concessão de crédito. O próximo precisa dar.
passo será fornecer crédito direto, com um
volume inicial de R$ 100 milhões. “Desenvol- SOMAR PARA ACELERAR O CRESCIMENTO
vemos uma matriz de crédito que leva em con-
sideração o histórico de produtividade, custo Mais do que firmar parcerias entre si, as
de produção, logística e posicionamento da gigantes do mercado exercitam cada vez mais
propriedade rural”, diz Zambiasi. a aproximação com as startups. A corrida em
Para Daniel Trento, gerente de inovação da busca de parcerias sólidas deu-se mais forte-
Embrapa, trabalhar em parceria com as star- mente há dois anos, quando perceberam que
tups inovadoras, que trazem resultados efetivos em menos de uma década a concorrência não
para o campo, foi o desafio que a entidade abra- viria mais do próprio setor, mas de potências
çou há dois anos, quando lançou o Pontes para como Google e Amazon. A Monsanto, que em
a Inovação. “O objetivo é conectar as agritechs 2011 havia adquirido a Climate Corporation por
com investidores, para que tenham acesso a re- US$ 930 milhões, considerada a primeira gran-
cursos para acelerar seus negócios”, afirma. de transação envolvendo uma agritech, tratou
O cenário é tão promissor que grandes gru- de engordar o portfólio. Em 2018, contava com
pos vêm somando forças para garantir que a investimentos em 16 agritechs no mundo, entre
tecnologia chegue realmente ao campo e gere elas a brasileira TBit, especializada na análise
resultados. Recentemente, AGCO (Massey e de grãos, sementes, rações e fertilizantes.
Notícias de bastidores
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verdade que a correria do dia a dia ajudando-o a organizar seu processo de consu-
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concorrendo com grupos de WhatsApp, caixas de não está bloqueado ou indo direto para sua
e-mails corporativos lotadas e Netflix, o risco de caixa de spam.
a nossa querida revista ir parar na gaveta é alto. Sobre essa novidade, queremos saber a sua
Como a razão de existir de um veículo de comu- opinião: você recebe a The Making Of? Gosta?
nicação é sua audiência, resolvemos não aceitar Não é assinante ainda? Use o QR Code desta pá-
nem a hipótese de essas páginas virarem apoio gina para participar da nossa pesquisa.
de copo. E assim surgiu a The Making Of, uma
newsletter semanal escrita pela editora-executiva
Gabi Teco, que conta os bastidores das notícias de Gostou da novidade?
um jeito leve e descontraído. HSM Management quer
A TMO (para os íntimos) tem a intenção de a sua opinião.
manter o assinante conectado com a revista,
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
#EXTRAC AST
Anticarreira
COM DOIS CONVIDADOS ANTICARREIRISTAS, O SEGUNDO EPISÓDIO DO EXTRACAST
DISCUTE ALTERNATIVAS PARA QUEM DESEJA AMPLIAR A SUA “ESTRADA ESTREITA”
Segundo o dicionário, carreira quer dizer “estrada grandes empresas, investidor e mentor de start
estreita”. Talvez isso explique a adoção da palavra ups, entre outros papéis que ele desempenha em
no mundo corporativo. Afinal, por muito tempo, paralelo a sua função executiva. Nesse papo, que
trilhar uma carreira de sucesso significava se espe- aconteceu de maneira bem informal, foram tra-
cializar em uma área e, aos poucos, ascender nessa tadas questões complexas, tais como:
mesma vertical sendo cada vez mais reconhecido e • O profissional que toca várias inicia-
melhor remunerado por essa experiência. tivas pode ser rotulado como “desfoca-
Mas será que em um mundo cada vez mais do”? Como lidar com isso?
vulnerável, incerto, complexo e ambíguo, a vi- • Como se planejar para ter uma anticar-
são tradicional de carreira ainda se aplica? Ou a reira?
estrada deveria ser alargada e ganhar várias bi- • Qual o segredo para conseguir fazer
furcações? Joseph Teperman, sócio-fundador e tantas coisas ao mesmo tempo?
CEO da consultoria Inniti, acredita tanto nesse
segundo caminho que decidiu escrever um livro Para se juntar a essa conversa, basta capturar o
chamado Anticarreira. QR Code a seguir e ouvir o segundo episódio do
Com lançamento previsto para este ano, o livro eXtraCast.
foi usado como pano de fundo do segundo episó-
dio do eXtraCast, que contou ainda com mais um
convidado: Luis Delfim, diretor geral da Softys
que, na visão de Teperman, é um bom exemplo Ouça o eXtraCast
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
#OLHOMÁG IC O
Influenciadora de Jornadas
AOS 11 ANOS ELA JÁ SABIA O QUE ERA UMA META SMART. RAFA BRITES CONTA COMO O
RITUAL DE PLANEJAMENTO EM FAMÍLIA FOI DETERMINANTE EM SUA VIDA E EM SUA CARREIRA
#CONVERSASCOR A JOSAS
Feedback ascendente
TAMBÉM CONHECIDO COMO “UPWARD FEEDBACK”, O TEMA É ABORDADO
EM NOVO EPISÓDIO DA WEBSÉRIE #CONVERSASCORAJOSAS
Se receber feedback já é uma situação que te e preparado, é mais provável que o papo flua
gera ansiedade em boa parte dos profissionais, tranquilamente”, explica Ribeiro.
dar feedback pro chefe então, nem se fala. É ver- Quer saber mais? Confira abaixo o que você
dade que, dependendo da relação entre líder e vai encontrar neste novo episódio de #Conver-
liderado, essa conversa pode ser mais ou menos sasCorajosas e use o QR Code no fim da página
difícil. Então, será que tem como se preparar para ir direto para o vídeo.
para esse momento, de maneira que o resultado • Como estabelecer vínculos de qualidade que
seja positivo para todos os envolvidos? facilitam o upward feedback?
Para tratar desse tema, a editora-executiva da • Qual é a responsabilidade do colaborador?
revista HSM Management, Gabi Teco, convi- • Como se preparar para que o resultado da con-
dou o sócio da consultoria Corall, Marcelo Ribei- versa seja positivo?
ro, para um papo franco sobre a melhor forma de • O que a diversidade (geracional, de gênero, entre
conduzir essa conversa corajosa. outras) tem a ver com este tema?
Na opinião de Ribeiro, um dos principais • Por que é comum as pessoas ficarem nervosas e
pontos que deve ser observado é a qualidade angustiadas com esse papo?
do vínculo entre líder e liderado. Quanto maior o • Quais são as dicas para as empresas que desejam
vínculo, mais empática e sincera tende a ser essa estimular este tipo de conversas?
conversa. Outro aspecto bastante citado pelo es-
pecialista é a autorresponsabilização de quem
conduzirá o feedback. “Se algo nos incomoda e
queremos que a pessoa saiba, é preciso olhar pri- Assista ao segundo
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
“Tive uma criação dura, do tipo ‘se vira moleque’. filhos nunca tiveram mesada. O pai incentivava
Meu pai tinha uma boa condição financeira, mas os jovens a gerarem seus próprios recursos com
nunca me deu nada. Aliás, me deu sim: um empre- atividades que eles gostavam de fazer.
go de office-boy na empresa dele, quando eu era Deu certo. Théo, hoje com 20 anos, estuda
muito novo.” E foi assim que começou a carreira de e tem uma empresa de agenciamento de DJs.
João Kepler. Nascido em Macapá e criado em Be- Maria, 15 anos, é apaixonada por gastronomia
lém do Pará, o empreendedor aprendeu cedo que, e faz doces sob encomenda. E Davi, de 18 anos,
para ter suas coisas, precisava correr atrás. fundou sua primeira empresa aos 13 e já tem no
Aos 18 anos foi estudar nos Estados Unidos, currículo um “exit” – termo usado no mundo
onde teve a oportunidade de aprender mais so- do investimento quando um sócio ou investidor
bre informática, o que o ajudou a conquistar entrega sua parte da empresa em troca de di-
seu primeiro emprego ao retornar ao Brasil: nheiro. Atualmente, ele estuda nos EUA e vem
coordenador de CPD (Centro de Processamen- com frequência ao Brasil divulgar seu livro Em-
to de Dados) de um grupo empresarial em Ma- preender grande desde pequeno.
ceió, onde passou a viver. “Tenho muito orgulho dos meus filhos. Es-
Depois dessa experiência corporativa, Ke- cassez lá em casa só de dinheiro, porque amor e
pler decidiu empreender e montou uma con- diálogo nunca faltaram”, comenta Kepler. Com
sultoria de informática. E, desde então, não a comprovação de que seu modelo de criação
parou mais. Casou-se em Maceió, virou em- empreendedora é escalável, Kepler escreveu o
preendedor em série e pai de três filhos: Théo, livro Educando filhos para empreender e dedi-
Davi e Maria. ca parte de seu tempo à divulgação desta ideia.
Foi para pedir investimento para uma de suas Há anos Kepler mora em São Paulo e, além
empresas que Kepler viajou ao Vale do Silício. de investidor anjo, ele também é sócio da Bossa
“Levei um belo não, que mudou o curso da mi- Nova Investimentos, empresa de venture capital
nha vida. Além de aprender o que os investidores que possui centenas de startups em seu portifó-
buscavam em uma startup, notei que o mundo lio. “Tenho 50 anos e não desacelerei. Poderia
do venture capital (capital de risco) ainda era parar por conta do que já conquistei, mas me
bastante desconhecido por aqui”, relembra. movo pelo desafio de democratizar o acesso ao
Na volta ao Brasil, Kepler decidiu começar a capital no Brasil. Com mais dinheiro no ecos-
investir em sturtups com capital próprio. Moda- sistema, a gente gera mais renda, mais trabalho
lidade conhecida como “investimento anjo”, ele e essa é a contribuição que quero deixar para o
rodava o Brasil palestrando, conhecendo empre- meu País”, finaliza o empreendedor.
sas e empreendedores, e investindo em negócios
com alto potencial de crescimento.
IMAGEM: ACERVO PESSOAL
H
orgulhavam dos altos índices de bém de causar danos à marca.
satisfação que alcançavam com Há pouco tempo, uma reclamação grave de um
seus clientes. Esse comportamen- cliente costumava ficar restrita à empresa e, em
to era um forte indicador de re- casos mais graves, chegava ao diretor. Assim, o
compra e, naturalmente, definidor dano à reputação da empresa dependia de muitos
da fidelidade dos consumidores. telefonemas e e-mails, representando um grande
Na atualidade, os consumidores estão modifi- esforço do consumidor para reclamar. Nos dias
cando hábitos a uma velocidade muito superior às atuais, a repercussão de uma única experiência ne-
empresas, mesmo aquelas que se consideram atua- gativa do consumidor pode criar um estrago sem
lizadas quanto às estratégias de relacionamento. O precedentes nas vendas e na imagem da empresa.
que os satisfazia no passado não é, necessariamen- O fato é que as organizações possuíam basica-
te, um fator de sucesso para eles continuarem fiéis mente quatro maneiras de vender e prestar supor-
à empresa da qual sempre compraram. te aos clientes: presencial, site próprio, telefone
Uma das razões para essa mudança de compor- e e-mail. Nos dias de hoje, os canais de negócios
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
tamento é o vertiginoso crescimento das redes so- se multiplicaram, chegaram a dez e não param de
ciais, que empoderou os consumidores e acrescen- crescer. Se, por um lado, as equipes de marketing
tou um complicador para as empresas: os clientes gostaram dessa facilidade para contatar seus con-
ANTES AGORA
Canais de relacionamento Apenas quatro: presencial, Mais de dez, dentre eles: redes sociais, sites externos de
preferenciais telefone, site próprio reclamação, sites de compra, avaliação nos apps, chatbot,
e e-mail whatsapp, grupos em aplicativos, sites de defesa do
consumidor, presencial, telefone e e-mail
Foco do marketing Satisfação dos clientes Entender e modelar as experiências emocionais dos clientes
©2
J OR G E FO R BE S //
Estamos
desbussolados
A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA MUDOU NOSSAS
VIDAS E AINDA NÃO NOS ENCONTRAMOS /////////
Jorge Forbes é
psicanalista e
Estamos todos desbussolados, sem rumo, virados de cabe- psiquiatra, doutor
ça para baixo e agarrando no primeiro tronco dessa enxurrada em psicanálise e
para tentar nos salvar. Do nascimento à morte, passando por em medicina. Autor
todas as etapas da vida, como o amor, a família, o trabalho, a de vários livros,
saúde, o lazer, a educação, nada mais é como era antes. Nossos especialmente sobre
tempos pós-modernos – TerraDois, como costumo chamar – o tratamento das
põem em evidência que, à diferença de todos os animais, não mudanças subjetivas
temos um determinismo biológico que nos oriente com segu- na pós-modernidade,
rança inquebrantável. Não temos uma bússola segura, somos recebeu o Prêmio
todos GPS ambulantes. Jabuti em 2013.
Vejamos os animais, as abelhas, por exemplo. Abelhas exis- É criador e
tem há 80 milhões de anos e são sempre as mesmas, sempre fa- apresentador do
Programa TerraDois,
zendo tudo igual. Nesse tempo todo a colmeia continua sendo
da TV Cultura, eleito
composta por hexágonos perfeitos, nunca tendo surgido uma
o melhor programa
abelha Niemeyer que tenha resolvido inovar fazendo uma curva
da TV brasileira em
sensual no padrão tão exato de sua casa. E zebras, e pinguins,
2017 pela Associação
e onças, e porcos, e borboletas sabem desde o nascimento o
Paulista de Críticos de
que devem fazer de suas vidas. A espécie humana, não; por isso
Artes (APCA).
podemos falar em eras éticas, ou seja, épocas sucessivas que
se caracterizam por um determinado comportamento coletivo.
Vivemos uma abissal mudança ocasionada, em especial, pelo
surgimento da web na década de 1990. O laço social, pela pri-
meira vez em 2.800 anos, deixou de ser vertical, padronizado,
hierárquico, linear, passando a ser horizontal, múltiplo, flexível,
criativo. A primeira reação a essa flexibilização é de euforia, pela
liberdade de escolha, logo seguida de medo, pela mesmíssima
razão: a liberdade de escolha atemoriza por não estar amparada
em nenhuma garantia. Surgem então tentativas toscas de acal-
mar os medrosos, buscando fazer da ciência o que ela não é, a
saber, oráculo do destino, semelhante ao periquito do realejo.
Sob o prestigioso título de “neurociência” cria-se um am-
plo guarda-chuva sob o qual convivem práticas das mais con-
sequentes e fundamentais às mais duvidosas, capazes de en-
vergonhar o referido passarinho. E quando a isso se somam
neossacerdotes cheios de termos ingleses, aconselhadores do
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Longevidade
OS 5 HÁBITOS QUE VALEM 10
ANOS A MAIS DE VIDA, SEGUNDO
PESQUISADORES DE HARVARD
Q
uem não quer viver mais e melhor? 1. Não fumar – nunca, ou, pelo
Todo mundo, é claro. A recei- menos, parar o quanto antes para
ta que pode oferecer, ao menos, minimizar riscos.
mais dez anos de vida (ou até 12 2. Manter um peso saudável – o que
anos para os homens e 14 para as significa, na prática, um Índice
mulheres) é relativamente simples, de Massa Corporal (peso dividido
mas nem sempre fácil de ser adotada. pela altura ao quadrado) entre
Pesquisadores da Harvard University, nos Es- 18,5 e 25.
tados Unidos, analisaram prontuários de 123 3. Fazer exercícios – 30 minutos de
mil voluntários, com cerca de 34 anos de históri- atividade moderada ou 15 minutos
cos médicos. Os resultados foram publicados na de atividade vigorosa por dia.
revista especializada Circulation, da American 4. Moderação no consumo de
Heart Association, e podem ser aplicados à maior bebidas alcoólicas – não mais do
parte da população mundial. que uma taça de vinho de 150ml ao
O estudo identificou cinco hábitos, alguns ve- dia, no caso das mulheres, e duas
lhos conhecidos da maioria das pessoas, que têm taças, para os homens.
um impacto enorme sobre a longevidade. Os pes- 5. Alimentação variada e balanceada,
quisadores, porém, alertam que as pessoas, mui- com muitas frutas, muitos
tas vezes, ficam presas em um círculo de maus vegetais e grãos, e, ao mesmo
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
hábitos e acham que é tarde demais para mudar. tempo, pouca gordura saturada,
Mas, afinal, quais são esses comportamentos pouca carne vermelha e pouco
capazes de gerar benefícios tão significativos? açúcar.
Tecnologia, Educação
e o Futuro
ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA FAST COMPANY DESTACA AS TRANSFORMAÇÕES NO
MERCADO DE TRABALHO E QUESTIONA O PREPARO DO SISTEMA EDUCACIONAL
Professora de Psicologia da Western Michi- Claro que não. Muitas pessoas do tipo CAVE
gan University, Laura Methot é cofundadora da apresentam esse comportamento porque ele traz
consultoria I&D 101, que ajuda as empresas a vantagens, como não fazer parte do esforço da
promover a inclusão e a diversidade no local de mudança. Uma vez que entendemos o que motiva
trabalho. Ela também costuma ser procurada o comportamento delas, podemos adotar medidas
para palestras e entrevistas sobre outro tema para mexer com isso.
que afeta, e muito, o ambiente organizacional,
em especial em momento de transformação: Muitas vezes essas pessoas
as pessoas do tipo CAVE – sigla em inglês para
Citizens Against Virtually Everything, ou seja,
agem apenas nos bastidores...
cidadãos que são contra praticamente tudo. como lidar com esse comportamento?
“Profissionais assim podem ter uma influência Sugiro conversar, de forma proativa, com
tóxica, envenenando a atitude dos colegas e er- elas, especialmente aquelas que atuam na li-
guendo um muro de resistência à mudança. Por nha de frente e as que serão mais afetadas pela
isso, é preciso que as lideranças saibam neutralizar mudança. Também forme grupos de funcioná-
a negatividade deles”, diz a especialista em conver- rios para discutir a mudança. Será uma opor-
sa com a Rotman Management Magazine. tunidade para que os resistentes possam ser
influenciados positivamente por aqueles que
O que explica a negatividade estão abertos.
diante da mudança?
Você identificou comportamentos
Para muitas pessoas, mudança é algo a ser temi-
do. A boa notícia é que, com a gestão adequada, a
que os líderes podem adotar para
maioria acaba se engajando. obter reações mais positivas à mudança...
No entanto, mesmo em condições favorá- O mais importante é ser claro e firme em
veis, um pequeno grupo de profissionais vai relação às expectativas. As pessoas precisam
continuar resistindo, em geral por conta do saber que o comportamento negativo não vai
medo e da desconfiança. Costumam apresen- impedir que elas participem ativamente do
tar problemas de desempenho e temem perder processo de transformação. Ao mesmo tempo,
privilégios ou mesmo o emprego. ouça as preocupações delas, demonstre inte-
resse. Assim, você poderá descobrir a raiz do
As pesquisas indicam que esses problema e levar os resistentes a uma situa-
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Confiança que
se constrói
nas redes
sociais
ESTUDO PUBLICADO NO
PORTAL KNOWLEDGE, DO
INSEAD, APONTA
COMO O COMPORTAMENTO
EM REDES SOCIAIS
IMPACTA NEGOCIAÇÕES
O vínculo estabelecido nas redes socais, como universidade dos Estados Unidos, para parti-
Facebook, por exemplo, é suficiente para au- cipar de um jogo de investimento envolvendo
mento da confiança entre as pessoas envolvidas pequenas quantidades de dinheiro de verdade.
em uma negociação e influenciar o comporta- Ficou evidente que o nível de confiança e, conse-
mento delas. E mais: quanto mais próximo for quentemente, a disposição de não trapacear era
este vínculo, maior a tendência de cada um es- maior entre as pessoas que já estavam previa-
tar disposto a deixar de lado uma eventual falta mente conectadas pela rede social.
de cooperação. Por exemplo: quem compartilha Os autores do artigo – Horacio Falcão, pro-
fotos tende a ser mais condescendente e a dar fessor do Insead e especialista em negociações,
o benefício da dúvida do que quem apenas tem e Alena Komaromi, profissional do setor finan-
amigos em comum em determinada rede social. ceiro – explicam que a confiança, em um jogo
Estas são as principais conclusões de um es- como o que foi proposto pelos pesquisadores, é
tudo comentado em artigo recente no portal semelhante ao conceito de mutualismo. Signifi-
Knowledge, do Insead. A pesquisa, realizada por ca o reconhecimento, pelas partes envolvidas na
Ravi Bapna (University of Minnesota), Liangfei negociação, de que trabalhando juntas será mais
Qiu (University of Florida) e Sarah Rice (Texas fácil alcançar os objetivos específicos de cada
A&M University), indica que os vínculos sociais uma. Assim, a confiança pode ser construída à
estimulam as pessoas a apresentar seu melhor medida que as partes interagem e conhecem me-
comportamento durante as negociações. Afinal, lhor os respectivos padrões de comportamento,
se há alguma possibilidade de encontrar nova- assim como valores e intenções.
mente, no futuro, quem está sentado do outro Os autores destacam ainda que a existência de
lado da mesa, é natural que se esteja menos in- vínculos desenvolvidos nas redes sociais motiva
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clinado a fazer algo mal-intencionado. as pessoas a proteger sua reputação, pois querem
Os pesquisadores realizaram um experimen- continuar sendo vistas como alguém em quem se
to real, convidando 200 usuários de Facebook pode confiar e, portanto, com quem se pode nego-
que trabalhavam ou estudavam em uma grande ciar. E isso é recompensado no longo prazo.
irrelevante pode se tornar uma função primordial; ginários e partirem para a prática, talvez um dia
um erro pode acabar virando um recurso. possam construir algo real, mesmo que imperfeito.
“Os planos não fazem diferença, porque as ideias “Algo que seja interessante, que agrade as pessoas
acabam mudando e se chocam com o mundo real. e que funcione”, completa.
Roubo de dados
O QUE FAZER QUANDO SUAS INFORMAÇÕES SÃO ROUBADAS NO UNIVERSO DIGITAL
A crescente digitalização das atividades, dos ser- Mude todas as suas senhas, mesmo
viços e até mesmo das relações trouxe ao menos 02 aquelas que, aparentemente, ficaram
um risco para a vida de todos: qualquer pessoa tem imunes ao ataque. Elabore novas se-
atualmente uma grande quantidade de dados pes- nhas fortes, e nunca reutilize uma senha antiga.
soais circulando pelo universo virtual.
Em todo o mundo, milhões de usuários são ví- Contate todas as intuições financeiras
timas de ataques cibernéticos, diretamente ou por 03 com a qual mantém relacionamento, o
conta de fraudes praticadas contra as grandes or- que inclui bancos e operadoras de cartão
ganizações. A lista de empresas que já tiveram a de crédito, imediatamente. O tempo é um fator de-
segurança digital quebrada inclui Home Depot, cisivo para evitar que compras e outras operações
eBay, DropBox e Yahoo. Confira algumas medidas sejam realizadas. O melhor é falar com um aten-
indicadas por especialistas que podem ser adota- dente – somente o serviço eletrônico pode não bas-
das para reduzir danos: tar. Procure dar a dimensão correta do risco que
você corre, até para alertar a instituição para a pos-
Faça um levantamento do tipo de infor- sibilidade de movimentações estranhas.
01 mação que foi ou pode ter sido roubada,
tendo em mente que alguns dados são Revise seus procedimentos de segurança
mais importantes do que outros, principalmente 04 (como antivírus), pesquise ferramentas
do ponto de vista dos criminosos cibernéticos. que possam lhe ajudar a reforçar os cui-
As informações que, uma vez roubadas, repre- dados com seus dados e mantenha seus aplicativos
sentam o maior risco são os números de documen- e softwares atualizados.
tos pessoais (RG e CPF, em especial), o número e a
senha da conta bancária e dados de cartão de cré- Diante de qualquer indício de fraude,
dito, incluindo a senha. A senha para seus e-mails 05 registre a ocorrência na polícia. Isso é
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
também abre as portas para registros da sua vida importante tanto para que se abra inves-
que podem ser utilizados pelos criminosos, que, tigações quanto para alimentar as estatísticas que
não raramente, são capazes de “quebrar” sistemas podem servir à definição de ações e políticas de
de criptografia. prevenção.
WILMA BOLSO N I //
Em que nível de
consciência você
/////////
Wilma Bolsoni é
terapeuta formada
opera?
pela Barbara
Brennan School of
OBSERVANDO SEUS PENSAMENTOS, SUAS EMOÇÕES
Healing, Estados E SUAS AÇÕES É POSSÍVEL IDENTIFICAR SUA
Unidos, e professora
certificada pelo
ASSINATURA VIBRACIONAL E SUA INTERAÇÃO
HeartMath Institute, COM OS EVENTOS DO MUNDO
centro de pesquisas
reconhecido Para falar sobre níveis de consciência, precisamos ampliar
globalmente por sua a definição convencional de quem somos. Apesar de perce
atuação em fisiologia bermos uns aos outros como matéria, somos formados por
emocional, resiliência campos eletromagnéticos que vibram e pulsam formando
e gestão de estresse. uma sinfonia de vibrações que cria uma resultante, uma es
Ex-profissional de TI, pécie de assinatura vibracional.
ela recebe cada vez Essa resultante inclui a vibração do nosso corpo (influen
mais executivos e ciada pelo que comemos e bebemos, e por nosso estilo de
empreendedores em vida), das nossas emoções e também dos nossos pensamentos.
seu consultório, A maneira como vibramos ressoa com eventos externos que
o Ateliê da Luz.
passam a fazer parte de nossa experiência do dia a dia; assim,
criamos a nossa realidade vibracionalmente. Por exemplo, se
vibramos medo e fracasso, vamos experimentar sucessiva
mente eventos compatíveis com medo e fracasso até que mu
demos nossa vibração para alguma frequência mais elevada.
Dr. David Hawkins, médico psiquiatra americano, fez um
trabalho maravilhoso e pioneiro de medição e determinação
matemática dos níveis de consciência da humanidade.
Ele descobriu que 85% da humanidade vibram em um nível
abaixo do crítico em que o autoextermínio dos seres humanos
é possível, e que os 15% restantes fazem a compensação ge
rando uma resultante que torna viável a vida na Terra.
Segundo Hawkins, vibrações inferiores estão ligadas a emo
ções inferiores, como vergonha, culpa e medo, enquanto vi
brações superiores incluem alegria, coragem e amor.
O estado atual do mundo é o resultado direto da vibração
média em que a humanidade opera. Portanto, fome, escassez
e violência estão presentes no mundo porque estão presentes
dentro de nós, ou pelo menos na maior parte da humanidade.
Se queremos mudar o que vemos no mundo, precisamos
IMAGEM: ACERVO PESSOAL
A
o final dos dois anos de MBA na uma loucura”, conta – mas hoje, sete anos depois,
Stanford GSB (Graduate School of após nova rodada de investimentos de um fun-
Business), na Califórnia (EUA), o do americano, ele planeja aumentar o número
engenheiro mineiro André Penha de cidades alcançadas e lançar novos produtos.
tinha uma vontade enorme de vol- “Aprendi que é possível lidar com o desconforto
tar para o Brasil e fazer algo de im- se há uma visão. Mudar vidas, empresas ou mer-
pacto. Mesmo que esse “algo” parecesse diferente cados nunca será confortável”, comenta ele.
demais. “Aquele ambiente altamente inovador Igor Marchesini também voltou transformado
me mostrou que não podemos depender de con- da temporada de estudos fora. Hoje, fundador e
senso para tomar decisões”, conta. Com outro CEO da fintech de pagamentos móveis SumUp no
brasileiro que conheceu no curso, Penha fundou Brasil para pequenos empreendedores (a empre-
o QuintoAndar, startup que simplifica contratos sa é alemã mas tem atualmente aqui seu mercado
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
de locação de imóveis, eliminando a burocracia. mais promissor), ele largou uma carreira de alto
“Alugar é chato e queria mudar isso”, diz. O iní- potencial como consultor da Bain & Company para
cio foi difícil – “os investidores achavam a ideia empreender após ter sua visão de mundo alargada
pela experiência de estudo e de estar inserido em gínquo 2015. “Eu tinha alergia a empreender”,
uma comunidade global de conhecimento. “Éra- brinca, “mas queria ser uma líder melhor e ten-
mos incentivados a pensar soluções para proble- tar algo diferente na minha área. Nos dois anos
mas que nossos mercados enfrentavam e a assu- de curso, conheci muita gente, aprendi sobre os
mir um senso de responsabilidade pelo presente”, desafios dos ecossistemas de negócios e tive o
resume. Nubank, DogHeroe e iFood são outros insight para iniciar o Cubo”, conta.
exemplos de startups que se iniciaram com a volta Para esses brasileiros, o que mais valorizaram
de brasileiros da Stanford GSB. na experiência de estudar fora foram os apren-
Entre junho de 2018 e maio de 2019, outros 300 dizados que transcenderam as aulas de gestão.
brasileiros se inscreveram nos módulos de MBA “Desenvolvi skills como convencimento, empatia
da Stanford GSB. Esse interesse crescente aguçou e feedback que me ajudaram a criar uma nova
a curiosidade do reitor Jonathan Levin pelo Brasil, cultura de comportamento”, conta Erica. “Fazía-
e o trouxe até aqui em agosto. “Quis ver de perto mos dinâmicas e encontros informais que mos-
esse País que nos envia tantos talentos”, comenta. travam a importância de ouvir de verdade seu
A instituição recebe alunos de 60 países, a maio- interlocutor, o poder que se cria a partir dessa co-
ria com o desejo de ingressar em carreiras menos nexão”, reforça Marchesini. “Nossas turmas são
tradicionais, como os dois exemplos citados aqui. menores justamente para criar relacionamentos
“Há 20 anos recebíamos muitos alunos de bancos, mais imersivos, que não se rompem após o fim do
multinacionais e consultorias em busca de aper- curso. Ex-alunos continuam se apoiando mutua-
feiçoamento para retornar às suas atividades. Eles mente pela vida”, comenta Levin.
continuam vindo, mas em menor número. A maio- Como outros pontos-chave do programa desta-
ria está de olho em outras possibilidades”, diz. cam-se a relação próxima com a comunidade de
A matemática Erica Janini faz parte do grupo Vale do Silício, clima colaborativo e global com
dos que não buscavam uma nova carreira. Ao foco na busca por ideias que solucionem proble-
retornar, ela queria inovar dentro do Itaú, onde mas do mundo real. “Temos uma especial preocu-
ingressou ainda trainee há 14 anos. E então pação com o futuro e os redesenhos sociais. Nossa
criou o Cubo, plataforma que conecta startups, ideia é formar líderes que tragam contribuições
já fomentando a transformação digital no lon- para o mundo”, finaliza Levin.
LU CI A NO BU E N O //
Networking
e Comunidade
©1
EDWAR D TSE //
Os megaecossistemas
organizacionais da China
/////////
CRESCENDO A PARTIR DE SEUS NEGÓCIOS CENTRAIS
Edward Tse é ORIGINAIS, EMPRESAS COMO ALIBABA E TENCENT PASSARAM
fundador e CEO da
Gao Feng Advisory
A ATUAR EM UMA SÉRIE DE NOVOS SETORES
Company, empresa
de consultoria em As empresas chinesas mais valiosas hoje são tipicamente “megaecossistemas”
gestão e estratégia que operam redes de negócios que se apoiam mutuamente e suplementam as
com raízes na habilidades umas das outras. Gigantes da internet como Alibaba e Tencent, sem
China e atuação dúvida as empresas mais conhecidas da China, estão hoje entre as dez maiores
global. É também empresas públicas em capitalização de mercado.
autor do livro A noção de ecossistema de negócios não é nova. A Apple, uma das empre-
China’s Disruptors. sas mais valiosas do mundo, foi pioneira nesse sentido. Empresas chinesas,
porém, voltam-se hoje para fora para se aperfeiçoar ainda mais na construção
desse tipo de corporação.
Exemplos de primeira linha de megaecossistemas na China atual incluem Ali-
baba, Tencent e Xiaomi. A Alibaba começou como um pequeno marketplace onli-
ne B2B há quase 20 anos, saltou para o site de cliente para cliente Taobao e depois
para o site B2C Tmall. Para dar suporte a esses negócios, a Alibaba criou o Alipay,
de pagamentos online por celular, e então o usou como plataforma para ofere-
cer serviços de gestão financeira. Hoje, a Alibaba também se lançou a áreas que
incluem automobilidade, saúde pública, mídia, novo varejo, serviços de locação,
serviços de nuvem e logística inteligente.
A Xiaomi, mais jovem empresa da Fortune 500, é um ecossistema líder com uma
ampla gama de negócios. Ao se associar a uma centena de outras startups desde
2013, a Xiaomi foi capaz de agregar muitos outros produtos em sua plataforma de
internet das coisas (IoT), sem ter de produzi-las internamente. Hoje, oferece mais
de 300 produtos ligados a estilo de vida e está conectando mais de 170 milhões
de aparelhos. Seu negócio de smartphones está se tornando uma parte menor do
negócio, enquanto os serviços de internet estão crescendo. Nesse sentido, acres-
centou a seu portfólio apps como jogos online, e-books, streaming ao vivo, música
e vídeos, finanças na internet, serviços de nuvem e plataformas sociais automoti-
vas. Com uma gama dessas de produtos em seu portfólio, a Xiaomi deu o salto para
o novo varejo que foca interconectar sem obstáculos seus canais online e offline.
O fundador e líder da Xiaomi, Lei Jun, disse que o próximo movimento estra-
tégico seria construir um smartphone + IAoT (IA com IoT) antecipando a tecno-
logia 5G. Com essa estratégia, é provável que a Xiaomi estenda seu ecossistema e
aumente a variedade de seus aplicativos.
Quando as empresas chinesas percebem um mercado se abrindo, elas rapida-
mente dão o salto para capturar as oportunidades e tentar abreviar as lacunas em
habilidades por meio de ecossistemas de parcerias colaborativas. Em contraste,
a maioria das corporações estrangeiras tende a fazer o que sempre têm feito e a
evitar a “diversificação”. Empresas estrangeiras que operam na China cada vez
IMAGEM: MEITU.COM
I
magine fazer parte de uma equipe um contrassenso. Contraproducente, até. Mas
em que todo mundo se sente segu- é essa abertura ao novo e esse espírito desar-
ro para dar sugestões, falar sobre mado que cada vez mais pesquisas estão su-
suas preocupações, perguntar so- gerindo ser a solução para obter resultados
bre o que não sabe e trocar ideias excelentes no atual ambiente de negócios, em
sobre erros cometidos – inclusive os permanente transformação.
próprios –, sem medo de ser punido, repreendi- Incontáveis exemplos de sucesso em empre-
do ou humilhado. sas reconhecidas mostram que os tempos de
Para quem ainda acha que o caminho para tirania e autoritarismo estão perdendo terre-
a alta performance é exercer pressão máxima no para um espírito de aceitação e acolhimen-
por resultados, ameaçando punição, um am- to em equipe, por razões que qualquer gestor
biente como o descrito acima pode parecer entende: melhor performance e menor custo.
IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Claro, se seu time ainda opera em um cenário é cada vez mais raro
de negócios em que cada um faz seu trabalho
sem necessidade de diálogo com os outros (ou encontrar o que se
seja, não há grande interdependência entre co-
laboradores e/ou áreas) ou se não há incerteza
costumava chamar
no horizonte (ou seja, as respostas testadas e de equipe: um grupo
aprovadas continuam dando os resultados es-
perados), esqueça essas recomendações.
estável em busca
Mas a maioria de nós já foi afetada pela mu- de um objetivo
dança inevitável, frenética e complexa dos no-
vos tempos e das novas tecnologias – o tal mun- compartilhado. hoje
do VUCA sobre o qual HSM Management temos de colaborar
sempre fala. Nosso mundo já mudou e adaptar-
-se não é uma opção, mas um mandamento. com pessoas com todo
Primeiro porque os times não são mais como
antes. É cada vez mais raro encontrar aquilo que
tipo de diferenças,
se costumava chamar de equipe: um grupo está- em rede e com poder
vel de indivíduos em relações relativamente in-
terdependentes, agindo para alcançar um objeti-
distribuído
vo compartilhado. Em vez disso, o mais comum
é termos que colaborar com pessoas com todo Nessas condições, como formar,
tipo de diferenças (culturais, geográficas, tem-
manter e atuar em equipe?
porais, geracionais, educacionais, profissionais
e, em tempos de outsourcing, de vínculo com o A resposta mais sólida que as empresas têm
negócio). Não temos mais o luxo de poder traba- encontrado é “confiança”: é criar as condições
lhar com times estáveis e homogêneos. para que membros de equipes possam confiar
A própria definição de equipe implodiu. De uns nos outros para percorrerem juntos os ca-
um grupo com relações hierárquicas, vamos minhos que ninguém nunca trilhou, abertos a
nos movendo para redes cada vez mais hori- aprender com a tentativa e erro. Em outras pa-
zontais, inspiradas pelo Manifesto Ágil, derru- lavras: segurança psicológica. Usamos o termo
bando silos, redistribuindo poder e horizonta- segurança psicológica porque “confiança” pode
lizando relações. significar outra coisa, que Patrick Lencioni, o
Aceitamos a interdependência e a incerteza autor do best-seller The Five Dysfunctions of a
dos novos modelos e os riscos de operar no Team, chama de predição de comportamento.
desconhecido porque as respostas de costume Ou seja, porque José tem um histórico consis-
não dão os resultados de sempre. tente em um determinado comportamento, eu
Além disso, a concorrência pelos melhores confio que ele irá repetir seu desempenho pre-
talentos nunca foi tão acirrada. Quando os gresso. Aqui, neste texto, nos interessa outro
meios de produção se resumem a um com- possível significado da confiança, que o termo
putador de capacidade mediana e uma boa segurança psicológica define melhor: a crença
conexão à internet, não é mais preciso fazer de que eu posso me colocar vulnerável diante
parte de uma grande estrutura organizacional de outra pessoa, assumir minhas imperfeições
para obter ganhos e se ver realizado. A van- e ainda assim ser aceito.
tagem competitiva das grandes corporações Segurança psicológica seria então “uma
em atrair e reter talentos está cada vez menor. crença compartilhada pelos membros de uma
É preciso oferecer mais e mais recompensas equipe de que o time é seguro para correr ris-
para que um profissional talentoso se sujeite cos interpessoais, de que ninguém será punido
à tirania de chefes, à politicagem corporativa ou humilhado por revelar suas imperfeições,
e ao calvário de estruturas burocráticas. As ca- ideias, questões, preocupações ou erros”, de
deias de valor mais fluidas e porosas oferecem acordo com a definição de Amy Edmondson,
uma autonomia e uma flexibilidade tentadoras consultora, pesquisadora e professora da Har-
demais para serem desconsideradas. vard Business School, especialista no tema.
diz Brené Brown, pesquisadora americana que Mas uma outra atitude é possível. A segunda
se tornou uma celebridade após sua palestra forma de se mover no mundo, diz Deci, é pela mo-
no TED sobre o poder da vulnerabilidade. tivação autônoma, que por sua vez tem dois sabo-
“O oposto de pertencer, segundo as pesquisas, res. A primeira é o envolvimento prazeroso, típico
não é ser excluído”, diz Brown, “mas se encaixar, de atividades que dão satisfação imediata, como
ou seja, analisar a situação e se acomodar a ela.” brincar e praticar esportes, dançar ou montar
“O que eu deveria dizer ou fazer nesta situa- quebra-cabeças. Cada um tem suas preferências,
ção?”. “O que eu deveria evitar fazer ou dizer há quem sinta prazer genuíno em atividades que
nesta outra?”. Essas perguntas, diz Brown, outros consideram abomináveis. A outra motiva-
tão comuns em nossa maneira de agir, nos ção considerada autônoma são valores profunda-
distanciam de nós mesmos, porque orientam mente enraizados. Ou seja, quando alguém age de
nossas decisões pelos outros. “Pertencer exige certa forma porque aquilo alimenta algo que con-
pertencer antes a você mesmo. Pertencimento sidera importante. É comum esse tipo de motiva-
verdadeiro não requer que você mude quem ção no serviço religioso, no trabalho voluntário,
você é”, diz Brown. Ao contrário, para obter o em ONGs e entre servidores públicos. De novo,
benefício do pertencimento verdadeiro, aque- essas motivações são muito pessoais e variam de
le que realmente satisfaz, é preciso ser aceito pessoa para pessoa.
pelo que se é. “E isso implica vulnerabilidade.” A boa notícia, diz Deci, é que existem condições
que favorecem a motivação autônoma. Ou seja,
O que fazer então? dá para fazer com que membros de uma equipe
se movam pelo que gostam ou acreditam e que
Para Edward Deci, o sujeito que pesquisa ainda assim entreguem os resultados desejados.
motivação, há duas formas de se mover no Em nossa experiência, esse caminho passa por
mundo. A primeira é a motivação controlada, criar, praticar e sustentar novos acordos, que
quando nos movemos por alguma pressão ex- favoreçam relações baseadas em confiança. Só
terna, seja positiva, como uma recompensa, ou assim, interferindo na cultura organizacional, po-
negativa, como uma punição. Ou seja, quando de-se criar a segurança psicológica capaz de liber-
agimos de acordo com o que achamos que os tar de maneira sustentável ao longo do tempo os
outros querem de nós, tentando ao máximo potenciais individuais até hoje latentes.
evitar respostas que os outros possam achar
inadequadas – o que nos colocaria em posição
vulnerável diante do julgamento deles.
Mover-se pelo mundo dessa maneira, tão
dependente de tantas opiniões, tem deixado as
pessoas doentes, diz Deci. Ninguém consegue
sustentar esse nível de estresse por muito tem-
po e permanecer saudável.
Amy Edmondson elaborou a seguinte tabela Rodrigo Vergara e Markus Lothar Fourier são sócios-fun-
para compreendermos nossos comportamentos. dadores da RIA, empresa especializada em desenvolvimento
A última coluna foi incluída por nós, da RIA, de pessoas e equipes com base na segurança psicológica.
para mostrar o custo da atitude inadequada.
N
o mundo do futuro projetado cio da sociedade. Não é possível imaginar nesse
pela Singularity University (SU), mundo, portanto, crianças indo à escola – a es-
todos têm acesso à informação, a cola é que as segue para onde elas forem. Nesse
um ambiente saudável e a expe- contexto, professores e alunos estão sempre mu-
riências que podem construir inte- dando de posição.
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ligência, conhecimento e habilidades para todas O século 20, segundo os pesquisadores da SU,
as pessoas em todos os estágios de suas vidas, trouxe grandes progressos no sentido de melhorar
tanto para a realização pessoal como em benefí- o acesso à educação. Hoje, mais de 91% das crian-
©1
C A R L A T I EP P O B I L LY N AS C I ME N T O ÁUREA BAZZI
Ilumne / Educação Inédita Forebrain Albert Sabin
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FOTOS: 1. LAILSON DOS SANTOS E DEMAIS ACERVO PESSOAL
C L A UD I A SI QUEI R A E L I SA B E T E ST R I N A G I S E L L E MA G N O S S Ã O
Sidarta Ri Happy Albert Sabin
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IN ÊS C OZ Z O MO N I C A T O R Q U AT O PAT R I C I A FA G G I O N
Tai Consultoria Sodexo Novartis
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LEA N D R O M AT T OS A L MI R A R A Ú J O F R A N C I S C O J A R DI M
CogniSigns Basf SP Ventures
página 52 página 58 página 58
M A R C EL O R I B AS M A R I A N A VAS C O N C E L O S J O N AT H A N L E V I
Intergado Agrosmart Stanford University
página 58 página 58 página 84
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O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores.
AN GE L A M ACI E L //
SOBRE CAMINHOS
E ESCOLHAS
O QUE DÁ VIDA À NOSSA EXISTÊNCIA É O CONJUNTO DE
GRANDES E PEQUENAS DECISÕES QUE ESCOLHEMOS / ////////
Angela Maciel
TOMAR PARA CONSTRUIR A NOSSA HISTÓRIA PESSOAL é diretora de
Desenvolvimento
Minha mãe pintava telas e desenhava. Com muitos lápis e tubos de tin- da HSM.
tas de várias cores, ela ia fazendo traços até que ganhassem vida. Depois
de prontas, eu olhava admirada as imagens surgidas nas telas ou na pri-
meira página dos nossos cadernos.
Quando eu perguntava a ela como aquelas imagens aconteciam, ela dizia
que fazia escolhas. Só mais tarde eu entendi que os traços e as linhas de um
desenho ou de uma tela são como as escolhas para a nossa vida. O que dá vida
à nossa existência é o conjunto de grandes e pequenas decisões que escolhe-
mos tomar para construir nossa história pessoal.
Escolhas são um privilégio natural do ser humano. Nós sempre teremos es-
colhas a fazer diante das situações que se apresentam. Acontece que algumas
trazem consequências com as quais nem sempre queremos conviver.
O grande impasse é que toda escolha é uma perda. E isso, por si só, pode
acarretar conflitos, dúvidas, medo, indecisão.
No mundo V.U.C.A. (volátil, incerto, complexo e ambíguo, na sigla em in-
glês) em que vivemos, fazer escolhas adequadas se torna cada dia mais deter-
minante e fundamental para alcançar metas e propósitos, sejam profissionais
ou não. Assim como em um caminho desconhecido, seguir em frente, virar à
direita ou à esquerda pode nos levar a lugares indesejados.
Dada a importância central das escolhas para nossa vida, não seria óbvio que
nós tivéssemos todo cuidado com elas? Não seria importante aprimorar o pro-
cesso de escolher a fim de produzir os melhores efeitos possíveis a cada escolha?
Toda escolha pressupõe um certo grau de risco e um certo grau de incerteza.
Por isso, a emoção presente no ato de escolher é o medo. Um pouco mais ou
um pouco menos, dependendo da situação, mas sempre enfrentaremos me-
dos potenciais em qualquer escolha que fizermos.
O autoconhecimento e a ampliação da consciência são requisitos funda-
mentais para escolhas mais consistentes e, possivelmente, mais efetivas.
Aprender sobre si mesmo é tão ou mais importante do que aprender sobre
o contexto em que você atua.
Somos seres V.U.C.A. também! E precisamos compreender nossas incer-
tezas, complexidades e ambiguidades para então encontrar os caminhos que
nos levem ao propósito que fará de cada um de nós o melhor que podemos ser.
É de um autor anônimo a afirmativa: “No seu último dia na Terra, a pessoa
FOTO: DIVULGAÇÃO HSM
que você se tornou vai encontrar a pessoa que você poderia ter se tornado”.
Independentemente de quem você vai encontrar, você será o produto
de suas escolhas.
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Charlene Li Hugh Herr
Empreendedora e Eleito o líder da Era Biônica
influenciadora de líderes. pela Time. 11 4689.6666
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