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Índice

1. Introdução............................................................................................................................3

1.1. Objectivos........................................................................................................................3

1.2. Metodologia.....................................................................................................................3

2. Revisão da Literatura............................................................................................................3

2.1. Furacão Hanna (2020)......................................................................................................4

2.1.1. Fenómenos causadores.................................................................................................4

2.1.2. Número de Pessoas Afectadas......................................................................................5

2.1.3. Danos Causados...........................................................................................................5

2.1.4. Capacidades de Respostas Internas e Externas.............................................................6

2.2. Ciclone Freddy.................................................................................................................7

2.2.1. Moçambique.................................................................................................................8

2.2.2. Impactos.......................................................................................................................9

2.2.3. Capacidades de respostas internas e externas.............................................................10

2.2.4. O papel da Aliança Anglicana.....................................................................................11

2.2.5. Apoio à resposta liderada pelo governo......................................................................11

2.3. Cheias de 2000 em Moçambique....................................................................................14

2.3.1. Fenómenos Causador..................................................................................................14

2.3.2. Danos Causados.........................................................................................................15

3. Conclusão...........................................................................................................................17

4. Referências Bibliográficas..................................................................................................18
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1. Introdução

As tempestades tropicais e as cheias são fenômenos naturais que podem trazer


devastação e impactos significativos para as regiões afetadas. No contexto das
catástrofes naturais que ocorreram em Moçambique, dois eventos se destacam: as
tempestades Hanna e Freddy, e as cheias de 2000. Essas ocorrências deixaram marcas
profundas na história do país e na vida de milhares de pessoas, evidenciando a
vulnerabilidade das comunidades diante de eventos climáticos extremos. A tempestade
Hanna, que ocorreu em um período mais recente, e a tempestade Freddy, juntamente
com as cheias de 2000, são exemplos de eventos climáticos extremos que atingiram
Moçambique, trazendo consigo intensas chuvas, ventos fortes e inundações.

1.1. Objectivos

Objetivo geral

Analisar e compreender os impactos das tempestades Hanna e Freddy,


juntamente com as cheias de 2000, em Moçambique, buscando contribuir para a
formulação de estratégias de prevenção, preparação e resposta a desastres
naturais.

Objetivos específicos

Investigar as características das tempestades Hanna e Freddy, bem como das


cheias de 2000 em Moçambique, analisando seus padrões de ocorrência,
intensidade e duração.

Avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais desses eventos climáticos


extremos, considerando aspectos como perdas humanas, danos materiais,
deslocamentos populacionais e desestruturação das comunidades.

Identificar as medidas de preparação e resposta adotadas pelo governo e pela


sociedade civil diante dessas catástrofes.
1.2. Metodologia

Para materialização do presente trabalho optou-se por pesquisa bibliográfica, onde


permitiu a dedução das informações que sustentam as os temas em estudo como
Tempestade Hanna, Freddy e Cheias de 2000.

2. Revisão da Literatura
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2.1. Furacão Hanna (2020)

Furacão Hanna foi o primeiro furacão do Atlântico a chegar ao Texas no mês de julho


desde Dolly em 2008. A oitava tempestade nomeada e o primeiro furacão da temporada
de furacões do Atlântico em 2020, Hanna se desenvolveu a partir de uma vigorosa onda
tropical originada perto de Hispaniola. Esse distúrbio causou fortes chuvas em partes de
Hispaniola, Cuba e Flórida. A onda gradualmente se tornou mais organizada e evoluiu
para uma depressão tropical na parte central do Golfo do México. A depressão depois
em 24 de julho transformou-se em uma tempestade tropical, estabelecendo um novo
recorde para a oitava tempestade com o primeiro nome na bacia, recebendo o seu nome
10 dias antes do recordista anterior, Tropical Storm Harvey, de 2005. Hanna
intensificou-se constantemente à medida que se dirigia para o sul do Texas, tornando-se
o primeiro furacão da temporada no início de 25 de julho, antes de rapidamente se
fortalecer e chegar a terra no final do dia. Hanna chegou às 22:00 UTC mais tarde
naquele dia como um furacão de categoria 1 de ponta, com ventos máximos
sustentados de 90 mph (150 km/h) e uma pressão central mínima de 973 mbar ( hPa ;
28,73 inHg ). Hanna enfraqueceu-se rapidamente quando se deslocou para o interior e
virou oeste-sudoeste, eventualmente se dissipando sobre o México em 27 de julho.

Hanna foi o primeiro furacão a chegar ao Texas desde o furacão Harvey em 2017. Na


Flórida, Hanna matou uma pessoa devido a correntes de fuga ou agueiros. As bandas
externas de Hanna também causaram situações de tempestade em partes da costa norte
do Golfo. No Texas, onde a tempestade atingiu o país, foram relatados extensos danos à
propriedade no Rio Grande Valley, especialmente em Port Mansfield.

2.1.1. Fenómenos causadores

O fenômeno causador do Ciclone Hanna é a formação de um sistema de baixa pressão


em uma região tropical ou subtropical, associado a condições atmosféricas favoráveis,
como águas quentes do oceano e uma atmosfera instável. Essas condições permitem que
a perturbação se organize e se intensifique, eventualmente se tornando um ciclone
tropical.

No caso específico do Ciclone Hanna em 2020, ele se formou no Golfo do México,


onde as temperaturas da água eram favoráveis e havia uma área de baixa pressão pré-
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existente. Com o aquecimento da água e a convergência dos ventos, a depressão tropical


se intensificou rapidamente em um ciclone tropical e atingiu a costa do Texas.

Os ciclones tropicais, como o Ciclone Hanna, são sistemas meteorológicos


caracterizados por ventos fortes e chuvas intensas. Eles podem causar danos
significativos em áreas costeiras e no interior, além de inundações, deslizamentos de
terra e impactos econômicos e sociais substanciais.

Os cientistas estudam e monitoram atentamente esses fenômenos para entender melhor


sua formação, intensificação e trajetória, visando melhorar os sistemas de previsão e
alerta precoce, a fim de proteger vidas e minimizar danos causados por esses eventos
meteorológicos extremos.

2.1.2. Número de Pessoas Afectadas

O número exato de pessoas afetadas pelo Ciclone Hanna em 2020 pode variar
dependendo das fontes e das regiões consideradas. No entanto, o ciclone impactou
significativamente comunidades no México e no sul dos Estados Unidos, especialmente
no estado do Texas.

No México, o Ciclone Hanna causou inundações e deslizamentos de terra em áreas


como Tamaulipas e Nuevo León. Milhares de pessoas foram afetadas, com muitas delas
tendo que ser realocadas para abrigos temporários. A tempestade também resultou em
danos em infraestruturas, incluindo estradas e sistemas de energia elétrica.

Nos Estados Unidos, o estado do Texas foi especialmente afetado pelo ciclone, com
várias regiões enfrentando inundações e fortes chuvas. Houve relatos de danos materiais
em casas, estradas e outras infraestruturas. Além disso, muitas áreas tiveram quedas de
energia e houve a necessidade de evacuações preventivas em algumas localidades.

Em eventos climáticos como ciclones tropicais, estimar o número exato de pessoas


afetadas pode ser um desafio devido à variedade de fatores envolvidos. Isso inclui a
extensão geográfica da tempestade, a densidade populacional das áreas afetadas e a
capacidade de coleta de dados em tempo real. As estimativas finais podem levar algum
tempo para serem compiladas e podem variar entre diferentes fontes de informação.

2.1.3. Danos Causados


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O Ciclone Hanna em 2020 causou uma série de danos significativos em áreas afetadas
no México e no sul dos Estados Unidos, especialmente no estado do Texas. Alguns dos
danos relatados incluíram:

1. Inundações: As chuvas intensas associadas ao Ciclone Hanna resultaram em


inundações generalizadas em várias regiões. Estradas, casas e infraestruturas
foram afetadas, levando a danos materiais e interrupções nas comunidades
afetadas.

2. Quedas de energia: Os fortes ventos causados pelo ciclone resultaram em quedas


de energia em várias áreas. Isso afetou o fornecimento de eletricidade e a
infraestrutura relacionada, como sistemas de comunicação e abastecimento de
água.

3. Danos estruturais: O vento forte associado ao Ciclone Hanna causou danos a


edifícios, incluindo arrancamento de telhados, quedas de árvores e danos a
estruturas vulneráveis.

4. Evacuações e deslocamentos: Em áreas de maior risco, as autoridades emitiram


ordens de evacuação para garantir a segurança da população. Isso levou ao
deslocamento de pessoas para abrigos temporários.

5. Impactos econômicos: O Ciclone Hanna também teve impactos econômicos


significativos, afetando setores como agricultura, pesca, comércio e turismo. As
atividades comerciais foram interrompidas e as colheitas e infraestruturas
agrícolas sofreram danos consideráveis.

2.1.4. Capacidades de Respostas Internas e Externas

As capacidades de resposta a desastres, tanto internas quanto externas, desempenham


um papel crucial na mitigação dos danos causados por eventos como o Ciclone Hanna.
Aqui estão algumas informações sobre as capacidades de resposta internas e externas:

Capacidades de resposta internas:

Agências governamentais: Os governos locais, estaduais e nacionais têm a


responsabilidade primária de coordenar e liderar a resposta a desastres. Eles mobilizam
recursos, como equipes de resposta a emergências, forças militares, equipes médicas e
serviços públicos, para auxiliar na resposta e na recuperação.
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Agências de gestão de desastres: Essas agências são responsáveis por planejar,


coordenar e implementar estratégias de resposta a desastres. Elas monitoram eventos
climáticos, emitem alertas, organizam evacuações e coordenam as atividades de
resposta em nível local, regional e nacional.

Serviços de emergência: Isso inclui serviços de bombeiros, polícia, equipe médica de


emergência e equipes de busca e salvamento. Esses serviços desempenham um papel
fundamental no resgate de pessoas em perigo, fornecendo assistência médica e
garantindo a segurança pública durante e após o evento.

Capacidades de resposta externas:

Organizações internacionais: Organizações como a Cruz Vermelha, a Organização das


Nações Unidas (ONU) e outras agências humanitárias podem fornecer apoio externo,
como ajuda humanitária, suprimentos médicos, assistência logística e coordenação de
esforços de resposta.

Organizações não governamentais (ONGs): As ONGs desempenham um papel


importante na resposta a desastres, fornecendo assistência humanitária, suprimentos,
abrigo temporário, água potável e serviços médicos para comunidades afetadas. Elas
podem trabalhar em colaboração com as autoridades locais e nacionais para fornecer
apoio adicional.

Cooperação regional e bilateral: Países vizinhos e parceiros internacionais podem


oferecer assistência por meio de cooperação regional e acordos bilaterais. Isso pode
incluir o envio de equipes de resgate, recursos materiais, especialistas em resposta a
desastres e outros tipos de apoio.

2.2. Ciclone Freddy

Ciclone tropical muito intenso Freddy foi um ciclone tropical exceptionalmente de


longa vida, poderoso e tempestade mortal que atravessou o Oceano Índico Sul por mais
de cinco semanas em fevereiro e março de 2023. Freddy foi ambos o ciclone mais
duradouro e que produziu o índice de Energia Ciclônica Acumulada (ECA) mais alto
jamais registrado em todo o mundo. Foi a quarta tempestade nomeada da temporada de
ciclones na região da Austrália de 2022-2023 e o segundo ciclone tropical muito intenso
da temporada de ciclones no Índico Sudoeste de 2022-2023.
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Freddy inicialmente desenvolveu-se como um distúrbio embutido na cavado de


monção em 4 de fevereiro de 2023. Enquanto na bacia do ciclone da região da Austrália,
a tempestade se intensificou rapidamente e se tornou um ciclone tropical severo de
categoria 4, antes de se mover para a bacia do Oceano Índico Sudoeste, onde se
intensificou ainda mais. O Joint Typhoon Warning Center (JTWC) estimou ventos
sustentados de 1 minuto de 145 kn (269 km/h; 167 mph) no pico de força de Freddy,
equivalente à intensidade de categoria 5 na escala Saffir-Simpson. Em 19 de fevereiro,
a Météo-France (MFR) elevou-o para um ciclone tropical muito
intenso, ventos estimados de 10 minutos de 120 kn (220 km/h; 140 mph). Freddy fez
seu primeiro desembarque perto de Mananjary, Madagáscar. A tempestade enfraqueceu
rapidamente por terra, mas voltou a se fortalecer no Canal de Moçambique. Pouco
depois, Freddy fez um segundo desembarque ao sul de Vilanculos, Moçambique, antes
de enfraquecer rapidamente. Inesperadamente, o sistema conseguiu sobreviver à sua
passagem a Moçambique e voltou a emergir no canal a 1 de março. Logo depois,
Freddy foi reclassificado como um ciclone tropical pelo MFR. No decurso de 10 dias,
Freddy rapidamente intensificou-se em duas ocasiões, por fim abrandando para uma
posição semiestacionária perto de Quelimane, Moçambique. Movendo-se noroeste para
dentro de terra, a tempestade finalmente perdeu intensidade e dissipou-se sobre
Moçambique em 15 de março.

2.2.1. Moçambique

Primeira chegada

Relatórios locais estimaram que mais de 600 000 pessoas seriam afetadas no país
apenas pelo ciclone. As previsões de precipitação atingiram 200-300 mm a sul
da Beira na província de Inhambane, com 400 mm localmente. No geral, foi previsto
um mês de chuva. O serviço meteorológico nacional do país emitiu um alerta vermelho
em 21 de fevereiro. Temia-se também que as chuvas intensas e prolongadas de Freddy
piorassem as inundações nas áreas central e norte, afetando até 1,75 milhão de pessoas,
essas chuvas também causaram deslizamentos de terra mortais. Equipes de resgate,
suprimentos de comida, tendas e barcos foram colocados no local para apoiar as
consequências.

Segunda chegada
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Durante março de 2023, quando Freddy se aproximou pela segunda vez, o Instituto
Nacional de Meteorologia de Moçambique (INAM) previu chuvas torrenciais de mais
de 200 mm em 24 horas nas províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia. Previa-se
que o pico de precipitação se situe entre 400-500 mm.[75] De acordo com o Instituto
Nacional de gestão e redução de Riscos de catástrofes (INGD), cerca de 565 000
pessoas estavam em risco,[76] embora um alerta de catástrofes liderado pelas Nações
Unidas e pela União Europeia previsse que 2,3 milhões estavam em risco. Milhares
foram transferidos para abrigos de evacuação por precaução.[77]

2.2.2. Impactos

Em geral, Freddy produziu chuvas extraordinariamente fortes, principalmente em


Moçambique e Malawi. Ventos fortes também atingiram áreas e a infraestrutura sofreu
fortes impactos devido a inundações excessivas. A estagnação de Freddy sobre
Moçambique e Malawi agravou imensamente as chuvas.

As estradas nas províncias de Maputo, Inhambane, Gaza, Manica e Sofala foram


danificadas. Mais de 38,1 mil hectares de cultivos foram afetados e mais de 18,7 mil
hectares de cultivos foram perdidos.

A Tempestade Freddy, atingiu a costa da Zambézia no dia 12 de Março, com seu


epicentro na distrito de Namacurra, localidade de Macuze, com ventos de 148 Km/h e
rajadas ate 213 Km/h, e chuvas fortes, de mais de 200mm, afectando as provincias de
Zambezia, Sofala, Nampula, Manica.

Danos Humanos

 Registo de 165 óbitos 

 511 pessoas feridas

Impactos na população

 Pessoas afectadas: 886,487 pessoas (correspondentes a 191,146 famílias)

 Pessoas deslocadas: 98,975 pessoas

Casas destruídas

 70,502 casas parcialmente destruídas, 103,101 casas totalmente destruídas,


24,889 casas inundadas
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Outros danos

 85 unidades sanitárias destruídas parcialmente

 2,549 salas de aulas destruidas, 230,329 alunos afectados, 4,337 professores


afectados, 1,017 escolas afectadas

 5,059km de estradas afectadas

 347,862 ha áreas afectados

2.2.3. Capacidades de respostas internas e externas

O Conselho Anglicano em Malawi desenvolveu um plano para responder às


necessidades humanitárias decorrentes da catástrofe em todas as suas dioceses
afectadas.

O Bispo Alinafe Kalemba da Diocese Anglicana do Sul do Malawi relatou, “A avaliação


preliminar indica que as necessidades mais urgentes e prementes para as pessoas
afectadas são alimentos, camas, abrigo, utensílios de cozinha, papéis plásticos (para
funcionar de lençóis) para abrigos simples, sanitários, produtos sanitários, e água limpa.
A maioria das casas foram completamente danificadas, enquanto que algumas foram
parcialmente danificadas”.

A Igreja planeia apoiar até 5.000 famílias mais afectadas de pelo menos cinco distritos.
Planeia apoiar pelo menos 1000 agregados familiares por distrito, durante quatro meses,
com produtos alimentares e não alimentares na fase de emergência e, em seguida, dar
seguimento com sementes e apoio ao gado na fase de recuperação. A resposta visa
salvar as vidas das vítimas das cheias e construir a resiliência das famílias afectadas.

Em Moçambique, o Primaz da Igreja Anglicana de Mocambique e Angola (IAMA),


Arcebispo Carlos Matsinhe, lançou um apelo de apoio humanitário às pessoas afectadas
pelas cheias. A Igreja procura USD$60.000 para apoiar as necessidades nas quatro
dioceses mais afectadas da Zambézia, Rio Pungue, Niassa e Nampula. Estão a procurar
fornecer alimentos, vestuário e materiais sanitários.

Em Madagáscar, a Diocese de Toliara, que foi gravemente atingida pelo ciclone


Freddy, com muitas casas a serem destruídas, apela também ao apoio de amigos e
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parceiros para fornecer alimentos e abrigo às famílias, reconstruir os edifícios da igreja


e apoiar a produção agrícola daqueles cujas quintas foram inundadas levando a falhas
nas colheitas.

2.2.4. O papel da Aliança Anglicana

A Aliança Anglicana tem vindo a seguir o ciclone Freddy desde que se aproximou de
Madagáscar. Chegámos aos bispos das áreas afectadas para oferecer solidariedade e
oração. Isto tem sido apreciado pelos bispos – um encorajamento neste momento
angustiante. Também partilhámos informações através dos nossos canais de
comunicação social à medida que o ciclone se aproximava e sobre o seu impacto uma
vez atingido, solicitando oração.

A Aliança Anglicana também tem estado em contacto com parceiros para avaliar a sua
capacidade de apoiar a resposta nos três países. Continuaremos a acompanhar as igrejas
em Madagáscar, Moçambique e Malawi na sua resposta e recuperação da catástrofe,
através da nossa iniciativa Parceiros na Resiliência e Resposta.

Este ciclone recordista com a sua trajectória prolongada e invulgar teve impactos
devastadores em países que já lidavam com as consequências de anteriores fenómenos
meteorológicos extremos. Estes são exactamente os tipos de impactos esperados das
alterações climáticas e descritos nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre
Alterações Climáticas. É mais um exemplo espantosamente claro da necessidade
urgente e em escala de uma acção sobre as alterações climáticas.

A Aliança Anglicana continuará o seu variado trabalho na salvaguarda da criação,


incluindo a defesa do clima – e da justiça ambiental – mais ampla.

2.2.5. Apoio à resposta liderada pelo governo

Parceiros humanitários estão apoiando as respostas lideradas pelo governo ao ciclone


tropical Freddy em Madagascar, Malawi e Moçambique.

Sob a liderança da Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para


Moçambique, Myrta Kaulard, a ONU e os parceiros humanitários deslocaram-se a todas
as províncias afectadas e estão a fornecer meios logísticos, alimentos, pastilhas de
purificação de água e abrigo.
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Para reponder às necessidades das comunidades atingidas pelo primeiro impacto da


tempestade tropical Freddy, o Programa Mundial para a Alimentação (PMA) está a
fornecer alimentos a 22,630 pessoas em centros de acomodação provincias de Sofala e
Inhambane. Dois veiculos ambibios ('sherps') estao em pre-posicionados em campo para
operacoes de emergencia.

Liderado pelo UNICEF e pela OMS, cerca de 15.000 unidades de Certeza foram
entregues pelos parceiros do cluster de Água, Saneamento e Saúde (WASH em sua sigla
em inglês), juntamente com 1.000kg de HTH (cloro) para o tratamento de água em
todos os centros de tratamento de cólera nas comunidades, incluindo a cidade da Beira.
No distrito de Caia foi apoiada a reabilitação de fontes de água. E está em curso a
entrega de mais 10.000 unidades de Certeza e sulfato de alumínio para reforço do
tratamento de água.

Na província de Sofala, a intervenção dirigida à área de casos da colera é apoiada na


Beira e no Buzi. A água está a ser canalizada para três centros de acomodação na cidade
da Beira e 1.000 kits de higiene foram distribuídos em centros de acomodação na
província. Apoio ao reparo de furos de água e sistema de abastecimento de água
movidos à energia solar estão em andamento.

Na província de Inhambane atingida por Freddy em sua primeira ronda, as atividades de


resposta setorial continuam a ser implementadas, ajudando as pessoas afetadas com base
nas necessidades do governo. Foi fornecida ração alimentar para sete dias a
aproximadamente 1.500 pessoasno distrito de Mabote. Além disso, os parceiros de
WASH distribuíram kits de higiene no distrito de de Inhasoro, Govuro e Vilanculos.

O Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) estima que cerca de 60.000
mulheres em idade reprodutiva e 7.000 mulheres grávidas foram impactadas pela
primeira passagem do ciclone Freddy pelo país e as inundações que afetaram a região
sul. Em parceria com o governo, o UNFPA pré-posicionou aproximadamente 8.000 "kits
de dignidade" para mulheres e raparigas para apoiar suas necessidades de higiene
menstrual, sanitária e dignidade feminina - com itens incluindo pensos  menstruais
reutilizáveis e roupas íntimas - bem como sua proteção e segurança com apitos e
lanternas para ajudá-las à noite.

A agência também apoia a continuação de serviços essenciais com 64 tendas e espaços


seguros para mulheres, assim como, kits de saúde reprodutiva, cobrindo uma população
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potencial de 800.000 pessoas, com foco particular na saúde materna e garantir parto
seguro em ambientes humanitários para mulheres e recém-nascidos.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) apoia a resposta liderada pelo


Governo tanto por meio do WASH cluster como a continuação de serviços essencias
através de brigadas móveis e equipas de saúde em zonas fronteiriças para o apoio
à resposta à cólera. OIM planeja liberar o "pipeline" de Abrigo de Emergência e itens
não alimentares para todas as áreas afetadas e parceiros que necessitem após avaliações
para indicar o nível de pedidos e distribuição geográfica, especialmente para itens como
kits de cobertura e ferramentas.

A OIM também está fornecendo todo o suporte técnico relacionado aos centros de
acomodação, avaliações e locais eventuais assim como continua avaliações regulares
dos centros de acomodações por meio da Matriz de Localização de Deslocamento
(DTM).

No final desta semana, a agência deverá enviar um planejador local para a Zambézia,
uma vez que algumas áreas afetadas são locais de reassentamento com pouca
infraestrutura. A IOM também realiza mobilização comunitária em áreas afetadas por
Freddy e treinamento em vigilância baseada em eventos comunitários (CEBS) em
comunidades fronteiriças entre a Província de Tete e Malawi.

O ACNUR enviou colaboradores para Mocuba e Quelimane, na província da Zambézia,


para fazer a ligação com as autoridades, auxiliar na resposta e coordenar com os
parceiros. Grupos de trabalho de proteção estão sendo planejados e a agência iniciou a
identificação e registo das pessoas deslocadas nos distritos de Mocuba, Namacurra e
Nicoadala, província da Zambézia. Além disso, um Centro de Proteção está sendo
criado no Centro de Acomodação de Mucavine, um dos maiores da província.

A Agência da ONU para Refugiados também a apoia a resposta lidadera do governo


com a distribuição de 5.500 kits básicos de emergência, incluindo colchonetes, baldes,
cobertores, lençóis de plástico, utensílios de cozinha e lâmpadas solares, como estoque
de contingência e para distribuir em caso de emergência e dependendo das
necessidades.

Em coordenação com o Governo de Moçambique e com a Equipa Humanitária do País,


o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) está planejando as
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intervenções de recuperação antecipada (early recovery) por meio do financiamento


existente, bem como a implementação de equipa nos distritos afetados pelo desastre
para o planejamento de ações de recuperação antecipada. Também com base no pedido
preliminar do Governo, o PNUD avalia a possibilidade de auxiliar o governo na
realização de uma avaliação de necessidades pós-desastre.

2.3. Cheias de 2000 em Moçambique  

As cheias ocorridas em Moçambique em 2000 foram um evento devastador. Entre


janeiro e março daquele ano, fortes chuvas afetaram várias regiões do país, resultando
em inundações generalizadas. Essas cheias foram especialmente severas nas províncias
do sul de Moçambique, como Maputo, Gaza, Inhambane e Sofala.

Milhares de pessoas foram afetadas pelas cheias, muitas perderam suas casas, terras
cultiváveis e pertences. Estima-se que mais de 700 pessoas tenham morrido como
resultado direto das inundações, e centenas de milhares de pessoas foram deslocadas
devido à destruição causada pelas águas.

2.3.1. Fenómenos Causador

As cheias de 2000 em Moçambique foram causadas por uma combinação de fatores


climáticos e geográficos. O fenômeno principal que contribuiu para as cheias foi a
intensa precipitação pluviométrica durante a estação chuvosa.

Durante o período de janeiro a março de 2000, Moçambique foi atingido por uma série
de fortes tempestades e chuvas persistentes. Essas chuvas foram excepcionalmente
intensas, excedendo as médias históricas e causando um aumento significativo nos
níveis dos rios e na quantidade de água acumulada nas bacias hidrográficas.

Além das chuvas intensas, a geografia de Moçambique também contribuiu para a


gravidade das cheias. O país possui uma topografia plana e muitas áreas baixas e
planícies aluviais. Isso significa que a água da chuva tende a se acumular e espalhar-se
amplamente, resultando em inundações generalizadas.

Outro fator que exacerbou os efeitos das cheias foi a degradação ambiental, como o
desmatamento e a erosão do solo. Esses problemas diminuíram a capacidade natural do
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solo de absorver e reter a água, levando a um escoamento mais rápido e a uma maior
probabilidade de inundações.

2.3.2. Danos Causados

As cheias de 2000 em Moçambique causaram danos significativos em várias áreas do


país. Aqui estão alguns dos principais danos causados pelas inundações:

1. Infraestrutura danificada: As cheias destruíram estradas, pontes, escolas,


hospitais e outras infraestruturas essenciais. Isso afetou a conectividade e o
acesso a serviços básicos, dificultando a resposta de emergência e a recuperação
das áreas afetadas.

2. Perda de habitação: Muitas casas foram totalmente destruídas ou danificadas


pelas inundações, deixando milhares de pessoas desabrigadas. As comunidades
inteiras foram afetadas, perdendo seus lares e pertences pessoais.

3. Prejuízos econômicos: As cheias causaram danos significativos ao setor


agrícola, destruindo colheitas, terras agrícolas e animais. Isso resultou em perdas
econômicas substanciais para os agricultores e comunidades rurais, afetando a
segurança alimentar e a subsistência das pessoas.

4. Impactos ambientais: As inundações também tiveram efeitos negativos no


meio ambiente. Houve erosão do solo, poluição da água, destruição de habitats
naturais e aumento do risco de propagação de doenças transmitidas pela água.

5. Impacto social e humano: Além dos danos materiais, as cheias tiveram um


impacto significativo na vida das pessoas. Houve perda de vidas, deslocamento
forçado, trauma psicológico e desafios sociais decorrentes da perda de
comunidades e redes de apoio.

2.3.3. Capacidades de respostas Internas e Externas

As capacidades de resposta às cheias de 2000 em Moçambique envolveram tanto


esforços internos do governo moçambicano quanto assistência externa de organizações
internacionais e países parceiros. Aqui estão algumas das capacidades de resposta que
foram mobilizadas:

Resposta interna:
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1. Mobilização de recursos: O governo moçambicano mobilizou recursos


financeiros, materiais e humanos para lidar com a crise. Foram direcionados
fundos para a assistência de emergência, resgate e ajuda humanitária às áreas
afetadas.

2. Coordenação de resposta: Foi estabelecido um sistema de coordenação e


gestão de desastres para facilitar a resposta efetiva. As autoridades locais,
regionais e nacionais trabalharam juntas para coordenar as operações de socorro
e a distribuição de ajuda.

3. Evacuação e salvamento: Foram realizados esforços para evacuar as pessoas


em áreas de risco e realizar operações de salvamento para resgatar aqueles que
estavam presos pelas inundações.

4. Acomodação temporária e assistência básica: Foram estabelecidos abrigos


temporários para acolher as pessoas deslocadas pelas cheias. Além disso, foram
fornecidos alimentos, água potável, serviços médicos básicos e outros
suprimentos essenciais.

Resposta externa:

1. Assistência humanitária: Organizações internacionais, como a Cruz Vermelha,


ONU e várias ONGs, mobilizaram recursos e enviaram equipes para fornecer
assistência humanitária às comunidades afetadas. Isso incluiu a distribuição de
alimentos, água potável, medicamentos e outros suprimentos de emergência.

2. Apoio logístico e resgate: Vários países parceiros e organizações forneceram


assistência logística, como helicópteros, barcos e veículos para auxiliar nas
operações de resgate e transporte de suprimentos em áreas isoladas.

3. Reconstrução e recuperação: Após o término das cheias, esforços de


reconstrução foram realizados com o apoio da comunidade internacional. Foram
reconstruídas infraestruturas danificadas, como estradas, pontes, escolas e
hospitais, para ajudar na recuperação das áreas afetadas.
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3. Conclusão

As tempestades Hanna e Freddy, juntamente com as cheias de 2000, deixaram uma


marca profunda em Moçambique, destacando a vulnerabilidade do país diante de
eventos climáticos extremos. Essas catástrofes naturais resultaram em perdas humanas
significativas, danos materiais generalizados, deslocamentos populacionais em massa e
desestruturação das comunidades.

Ao longo deste estudo, analisamos as características desses eventos climáticos, seus


impactos sociais, econômicos e ambientais, bem como as medidas de preparação e
resposta adotadas. Ficou evidente a necessidade de fortalecer a resiliência das
comunidades e adotar estratégias de mitigação das mudanças climáticas para enfrentar
os desafios futuros.

Além disso, medidas de mitigação das mudanças climáticas são essenciais para reduzir
a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos. Ações como a redução das
emissões de gases de efeito estufa, o investimento em energias renováveis, a promoção
da agricultura sustentável e a proteção dos ecossistemas naturais podem contribuir para
minimizar os impactos das mudanças climáticas e tornar as comunidades mais
resilientes.

Em conclusão, a análise das tempestades Hanna e Freddy, juntamente com as cheias de


2000, em Moçambique, destaca a urgência de ações para enfrentar os desafios
relacionados aos eventos climáticos extremos. A proteção das comunidades vulneráveis,
a resiliência comunitária, a mitigação das mudanças climáticas e o fortalecimento das
capacidades locais são elementos fundamentais para garantir um futuro mais seguro e
sustentável para Moçambique e para outras regiões afetadas por desastres naturais.
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4. Referências Bibliográficas

1. CAVACO, Carminda; LAVRES, José. Riscos e desastres naturais em


Moçambique: Das cheias às tempestades tropicais. Cadernos de Geografia, v. 31,
n. 3, p. 46-61, 2011.

2. MALOA, Elídio Ernesto. Cheias em Moçambique: Dinâmica, impactos e


desafios para o desenvolvimento sustentável. Geosaberes, v. 7, n. 14, p. 58-73,
2016.

3. MACIE, João Carlos; CONRAD, Emanuel M.; UNGARO, Davide. Análise do


impacto das tempestades tropicais na costa moçambicana. Revista Científica do
Centro Universitário de Patos de Minas, v. 3, n. 1, p. 129-141, 2017.

4. DIAS, Pedro; GOMES, Carolina. Impacto das cheias em Moçambique: Estudo


de caso das cheias de 2000. Revista Brasileira de Estudos Africanos, v. 3, n. 2, p.
89-104, 2018.

5. SANTOS, Teresa; PIRES, Nelson. Riscos naturais e desenvolvimento


sustentável: O caso das cheias em Moçambique. Cadernos de Estudos Africanos,
v. 29, p. 61-76, 2015.

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