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23º Congresso Nacional de Transporte Aquaviário,

Construção Naval e Offshore


Rio de Janeiro, 25 a 29 de Outubro de 2010

Proposta de Metodologia para Análise de Sistemas Setoriais de Inovação:


Aplicações na Indústria de Construção Naval
Fernando Oliveira de Araujo (PUC-Rio/ IND e CEFET/RJ)
Paulo Roberto Tavares Dalcol (PUC-Rio/ IND)
Waldimir Pirró e Longo (UFF/ NEST)

Resumo:
Apesar de representar referencial analítico relevante para o desenvolvimento de políticas
industriais e tecnológicas, a Abordagem de Sistemas de Inovação é carente de procedimentos
metodológicos úteis à estruturação de investigações empíricas dedicadas à compreensão dos
determinantes à inovação, em fronteira previamente definida. O presente artigo, objetiva contribuir
para o estreitamento dessa lacuna teórica, dedicando-se ao desenvolvimento de uma metodologia
específica, intitulada IDIVIAR, para análise dos Sistemas Setoriais de Inovação. A referida
metodologia, baseada em fundamentação teórica que incorpora as contribuições dos principais
autores da área, pode ser aplicada em setores diversificados, sendo capaz de fornecer elementos
úteis à articulação dos atores envolvidos e elaboração de políticas públicas. Para fins de
exemplificação, a metodologia IDIVIAR é aplicada na indústria brasileira de construção naval,
setor que atravessa período de revitalização, impulsionada por investimentos de mais de US$50
bilhões da Transpetro no país, até 2012. Como resultado, observa-se que a metodologia é
recomendada para se analisar distintos Sistemas Setoriais de Inovação, sendo capaz de prover
diagnóstico de organizações, instituições e relacionamentos constituintes de segmentos industriais
particulares, com a finalidade de fomentar a sinergia entre esses entes.

estratégias corporativas e organização


1 – Introdução industrial, quanto – e, sobretudo – do interesse
de empresas desejosas de obter vantagens
As discussões acerca da relevância da competitivas frente aos concorrentes.
inovação para a prosperidade das firmas não Apesar de o empresariado valorizar,
são recentes (TIGRE, 1997). É, sobretudo, a prioritariamente, a inovação enquanto
partir das obras de Schumpeter (Teoria do resultado, em termos acadêmicos, também é
Desenvolvimento Econômico [Die Theorie der relevante que sejam investigados os
Wirschaftlichen Entwicklung], de 1911, e processos que contribuem para a inovação.
Ciclos Econômicos [Business Cycles], de A literatura descreve que, com maior
1939) que a expressão inovação ganha intensidade a partir de meados da década de
considerável proporção e passa a ser 1980, as bases sobre as quais o processo de
percebida, contemporaneamente, como um inovação estava calcado foram alteradas
dos principais vetores relacionados à substancialmente (FREEMAN, 1987; DOSI et
competitividade de setores industriais. alli, 1988; LUNDVALL, 1992). Até então,
Diante desse contexto, parece natural que percebia-se na linearidade de um modelo
o tema tenha se tornado alvo tanto da amadurecido pela prática dos produtores de
investigação científica de pesquisadores de tecnologia (Figura 1) o principal padrão a ser
áreas afetas à gestão de negócios, perseguido para a geração de inovações.

Marketing 
Pesquisa  Pesquisa  Desenvolvi‐ Prototipagem  Produção e 

Básica Aplicada mento e Avaliação Embalagem
Distribuição

Figura 1 – Estágios da inovação tecnológica sob o prisma dos produtores.


Fonte: NSF (1983)
1
O padrão supracitado se refere ao Modelo específica para análise dos Sistemas Setoriais
Linear de inovação, descrito primeiramente no de Inovação.
relatório “Science, the endless frontier”,
elaborado por Vanevar Bush (1945). De Quadro 1 – Fronteiras, abordagens e enfoques
acordo com a publicação “Science and dos Sistemas de Inovação
Engineering Indicators”, do National Science Fronteira
Tipos de
Enfoque
Abordagem
Foundation (1996), Bush utilizou essa
O foco nas fronteiras
construção linear como argumento para Regional –
geográficas de mais de
explicar e justificar a expansão do Supra-
um país (Mercosul, por
nacional
investimento do Governo Americano no apoio exemplo).
à pesquisa científica. O foco nas fronteiras
Nacional geográficas de um país
A simplicidade do Modelo Linear1 (Brasil, por exemplo).
contribuiu para sua rápida popularização entre O foco nas fronteiras
os desenvolvedores de políticas públicas, Geográfica Regional -
geográficas de uma
estabelecendo à época um novo paradigma região dentro de um
Subnacional
país (ex. Sudeste do
de política científica e tecnológica, adotado Brasil).
pela maioria dos países industrializados como O foco direcionado
padrão dominante de geração e difusão de para as fronteiras
inovações, até a década de 1980. geográficas de uma
Local
localidade (Sul
Como resposta à previsibilidade do modelo Fluminense, por
linear, modernamente, as abordagens exemplo).
associadas aos processos de geração e O foco em um dado
difusão de inovações na economia estão setor ou segmento
Setorial industrial. Não
baseadas nas interações sistêmicas entre os apresenta delimitação
múltiplos atores – específicos para cada setor geográfica definida.
– que compõem a dinâmica inovadora O foco em uma dada
(FREEMAN, 1982, 1987; KLINE, 1985; DOSI Técnica/ tecnologia. Não
Tecnológico
Tecnológica apresenta delimitação
et alli, 1988; LUNDVALL, 1992; EDQUIST, geográfica definida.
1997, 2001; CASSIOLATO, LASTRES & O foco em uma
ARROIO, 2005; MALERBA, 1999, 2002, 2003, empresa ou
2005). Corporativo organização. Não
apresenta delimitação
Dentre as perspectivas interativas, a geográfica definida.
Abordagem de Sistemas de Inovação se Fonte: Silvestre (2006)
destaca por buscar compreender o papel de
cada ator, individualmente e em relação aos A metodologia proposta foi desenvolvida a
demais, para a inovação. Além disso, partir de revisão da literatura, incluindo os
possibilita a segmentação dos processos de principais autores da área de Sistemas de
inovação em distintos níveis de análise Inovação. Cumpre destacar que a metodologia
(fronteiras dos sistemas de inovação - ora apresentada é parte de um estudo mais
discutido no tópico 2.1.3. da Fundamentação amplo, em andamento, dedicado à
Teórica), conforme ilustra o Quadro 1. compreensão da dinâmica dos sistemas
Apesar de indicar possibilidades de se setoriais de inovação.
analisar o processo de inovação através de Para fins de exemplificação, os
distintos níveis, a Abordagem dos Sistemas procedimentos metodológicos propostos serão
de Inovação é carente de procedimentos aplicados no estudo da indústria brasileira de
metodológicos úteis à estruturação de construção naval – setor que enfrentou forte
investigações empíricas dedicadas à crise, durante as décadas de 80 e 90, e que,
compreensão dos determinantes à inovação, sobretudo a partir de 1997, incentivado pela
em fronteira previamente definida. O presente Lei do Petróleo e por encomendas da
artigo, objetiva contribuir para o estreitamento Transpetro, tem obtido elevados índices de
dessa lacuna teórica, dedicando-se ao crescimento. Cumpre destacar que, apesar
desenvolvimento de uma metodologia desse trabalho aplicar a metodologia na
1
indústria de construção naval, seus
Segundo Sirilli (1998), o Modelo Linear baseia- procedimentos podem ser aplicados em
se em uma perspectiva hermética à firma (sistema distintos setores.
fechado), negligenciando as atividades externas ao Além do exposto, o presente trabalho
considerar a inovação tecnológica como um ato de apresenta-se como relevante na medida em
produção em detrimento a um processo social que se observa na literatura a escassez de
contínuo que envolve uma gama de atividades referenciais analíticos capazes de subsidiar as
inter-relacionadas. políticas públicas da área de inovação e

2
orientar firmas, investidores, associações É relevante destacar que esses conceitos
patronais, entre outros atores para articulação de dinamismo e complexidade foram
sistêmica entre estes entes. introduzidos inicialmente para teorização e
Em termos de estrutura, o artigo está aplicação em Sistemas Nacionais de Inovação,
subdividido em 4 seções, a saber: após essa mas também podem ser aplicados a Sistemas
breve introdução, a seção 2 discute a Setoriais, Regionais e Locais, de acordo com a
fundamentação teórica, com ênfase nos fronteira que se deseja investigar.
conceitos e características dos sistemas de Edquist (2001) e Marques & Abrunhosa
inovação, em especial, nos sistemas setoriais (2005) destacam mais dois pontos relevantes
de inovação. A seção 3 apresenta a acerca da abordagem sistêmica: o primeiro diz
Metodologia IDIVIAR, desenvolvida para respeito ao amplo consenso entre os
aplicação em Sistemas Setoriais de Inovação, estudiosos da inovação no sentido de
além de conter a discussão dos resultados da considerar a abordagem sistêmica como uma
aplicação da metodologia proposta na representação mais completa e apropriada da
Indústria Brasileira de Construção Naval. Na realidade; o segundo apresenta a referida
seção 4 são tecidas as considerações finais e abordagem como arcabouço teórico útil para
apresentadas sugestões de estudos futuros. guiar o decisor político (policy maker).
Particularmente, dado o esmero técnico e
2. Fundamentação Teórica seu caráter didático e meticuloso, adotar-se-á
a estrutura analítico-descritiva presente em
Edquist (2001) – devidamente complementada
2.1. Sistemas de inovação por aportes teóricos de outros autores –, como
De acordo com o Manual de Oslo (OECD, principal balizador à discussão da teoria sobre
2006), os canais e as redes de comunicação Sistemas de Inovação.
pelas quais as informações circulam, inserem-
se numa base social, política e cultural que, 2.1.1. Principais componentes dos sistemas
simultaneamente, guiam e restringem as de inovação: organizações, instituições e
atividades e capacitações inovadoras. Neste relacionamentos
contexto, a inovação é vista como um
Conforme observa Edquist (2001):
processo dinâmico em que o conhecimento é “In the 1997 chapter, I also criticized the SI
acumulado por meio do aprendizado e da [Systems of Innovation] approach in several
interação. respects, saying, for example, that some
Ainda conforme o Manual de Oslo, da concepts were used, in different and
OECD (2006), as abordagens sistêmicas da inconsistent ways, by the founding fathers of
the approach and sometimes this use was
inovação alteram o foco das políticas, characterized by unclarity and fuzziness. This
enfatizando a interação entre diversos atores, is true for the concept of ‘institution’ which is
e observam processos interativos na criação, used both in the sense of organizational
difusão e aplicação de conhecimentos. A actors (or players) and in the sense of
abordagem sistêmica ressalta a importância institutional rules (or rules of the game) by
das condições, regulações e políticas em que different authors” (EDQUIST, 2001: 3).
os mercados operam e também versam o Apesar da proposta de realizar uma revisão
papel dos governos em monitorar e buscar a de literatura, supostamente abrangendo a
harmonia fina dessa estrutura geral. diversidade apresentada na abordagem de SI,
No Quadro 2 encontram-se consolidados em Senker et alli (1999), pode-se observar a
os principais pontos de divergência controvérsia evidenciada por Edquist (2001):
“The main elements of the system are formal
observados entre as abordagens linear e institutions (organizations), informal
interativa. institutions (social and cultural values) and
production systems” (SENKER et alli, 1999:
Quadro 2 – Síntese comparativa entre as 2).
abordagens linear e interativa de inovação Embora se observe na literatura razoável
ABORDAGEM concordância que dois dos principais
DIMENSÕES LINEAR INTERATIVA componentes dos Sistemas de Inovação (SIs)
Perspectiva da Um ato de Um processo
são as organizações e as instituições, mesmo
Inovação produção social
Processo de Seqüencial e Não-Previsível entre autores consagrados o significado destes
Inovação Tecnocrático e Complexo termos apresenta sensíveis distinções:
Empresa + “[…] institutions for Nelson and Rosenberg
Lócus da Inovação Intrafirma Mercado + (1993: 5, 9-13) are basically different kinds of
C&T organizations […], while Lundvall (1992: 10)
Fator means the rules of the game when using the
Aprendizagem Desprivilegiada
Preponderante term institution. Hence, the term ‘institution’ is
used in at least two main senses in the

3
literature and these senses are often also com Edquist (2001), os processos de
confused in the literature – even by the aprendizagem (mercadológicos ou não) são
same author. The conceptual ambiguity and
fuzziness surrounding the term ‘institution’
constituídos por interações entre
has not been sorted out; it is an unresolved organizações, envolvendo troca de
issue” (EDQUIST, 1997: 24-26). conhecimentos e colaboração, não tão óbvios
Nesse sentido, julga-se relevante uma como uma transação comercial.
discussão conceitual orientada ao
entendimento dos conceitos adotados nesta 2.1.2. Funções dos sistemas de inovação
pesquisa sobre os principais componentes
Na visão de Edquist (2001), a literatura
dos Sistemas de Inovação, verificados na
cobre com bastante propriedade a distinção
literatura.
entre os componentes dos sistemas de
As organizações são estruturas formais
inovação e suas atividades, individualmente.
com propósitos explícitos, de criação
Por outro lado, o autor observa uma
consciente (EDQUIST & JOHNSON, 1997).
negligência da bibliografia em relação ao que
São os principais players ou atores de um
realmente acontece em um sistema.
sistema-alvo. Algumas organizações
Para Johnson (2001), premissa inerente à
importantes nos Sistemas de Inovação são as
perspectiva de sistemas é a noção de que
empresas (que podem ser fornecedores,
todos os componentes contribuem para o
clientes ou concorrentes), universidades,
objetivo do sistema – caso contrário, não
institutos de pesquisa e desenvolvimento,
seriam partes do sistema. A contribuição de
organizações de capital de risco, agências
um componente (ou um conjunto de
públicas de inovação, entre outras
componentes) para o objetivo do sistema é o
possibilidades.
que a autora denomina de função. Esse ponto
As instituições (ou normas ou aparatos
é particularmente importante para a
normativos) são compostas por hábitos,
metodologia proposta para estudos em
rotinas, tradições, práticas estabelecidas,
Sistemas Setoriais de Inovação.
regras ou leis que regulam as relações e as
Johnson (2001: 16-18) destaca que o
interações entre indivíduos, grupos e
conceito de função pode contribuir para os
organizações (EDQUIST & JOHNSON, 1997).
estudos sobre os Sistemas de Inovação de
Tratam-se das “regras do jogo”. Exemplos
várias de formas, à medida que:
importantes de aparatos normativos são as i. Fornece uma ferramenta para a fixação de
leis e regras sobre patentes que influenciam fronteiras do sistema – o que na visão da
as relações entre universidade e empresas. autora, representa um problema em algumas
Outro ponto importante a se considerar diz abordagens relacionadas aos Sistemas de
respeito ao fato de que apesar de constituídos Inovação. A análise do sistema de inovação
por organizações e instituições, os Sistemas deve, então, incluir todos os componentes
que influenciam uma ou mais das funções
de Inovação diferem substancialmente entre identificadas para o objeto de estudo. Isso
si. Segundo Edquist (2001), sobretudo se significa que as fronteiras não estão
comparados SIs aparentemente semelhantes definidas, a priori, ao setor, à nação, à região
mas em países diferentes2, observam-se ou à tecnologia, e que diferentes níveis de
diferenças acentuadas provenientes das análise podem ser combinados.
ii. Pode ser utilizada como uma ferramenta
distinções entre funcionalidades e objetivos
para descrever o estado atual de um
das organizações e instituições em cada sistema. Os mecanismos que, em uma
território. situação particular, induzem ou bloqueiam as
Após as exposições acerca dos principais funções podem ser identificados e,
componentes dos SIs, isoladamente, é possivelmente, estimulados e removidos,
relevante analisar como se dá o respectivamente (através da política e / ou
estratégias).
relacionamento (a relação ou a interação) iii. Pode ser útil quando se estuda a
entre os referidos componentes. dinâmica do sistema de inovação. Ou seja,
A interação entre diferentes organizações mapear o ‘padrão funcional’, ao longo do
é tida como essencial para a constituição do tempo, é um mecanismo contributivo para a
processo de aprendizagem, base para o compreensão da trajetória percorrida pelo
desenvolvimento de inovações. De acordo sistema. Assim, o conceito pode
proporcionar alguma estrutura analítica para
um processo que é muitas vezes difícil de
2 descrever e, dessa forma, contribuir para a
Por exemplo: Institutos de pesquisa e
compreensão de como os sistemas de
departamentos de pesquisa de empresas podem inovação emergem e se modificam.
constituir importantes organizações para um país, iv. Permite avaliar o desempenho de um
como o Japão, enquanto Universidades dedicadas à sistema de inovação, por exemplo, em
pesquisa são as principais organizações com esta termos de como este sistema tem apoiado o
finalidade na realidade dos Estados Unidos. desenvolvimento de uma nova indústria. Isto

4
pode ser feito através da análise da como variantes da abordagem geral dos SIs.
‘funcionalidade’ do sistema, identificando o Cumpre destacar que um sistema de inovação
quão bem as funções foram
desempenhadas, o que, naturalmente, exige
pode ser espacial ou setorialmente delimitado
uma definição do que significa (ou ambos) a depender do objeto de estudo
‘desempenhadas’ no caso particular de (EDQUIST, 2001).
interesse. Em termos espaciais, observam-se
v. Finalmente, centrando-se nas funções distintas oportunidades de realização de
dos atores, pode haver uma dissociação em estudos que podem privilegiar desde o aspecto
relação ao que ocorre no sistema de
inovação. Isto pode ser útil em estudos
mais abrangente e, muitas vezes, menos
comparativos, uma vez que reduz o risco de preciso relacionado às inovações (SNI) até se
se comparar a estrutura dos sistemas, em chegar a dimensões mais delimitadas,
vez de suas funcionalidades; dois sistemas específicas e particulares, como no caso dos
podem funcionar igualmente bem, embora Sistemas Regionais ou Locais de Inovação. A
suas estruturas sejam totalmente diferentes opção por um ou outro enfoque representa
(ou seja, funções podem ser
desempenhadas de muitas maneiras uma opção metodológica do pesquisador, que
distintas e por atores distintos). pode delinear as diretrizes de seu estudo
Naturalmente, o objetivo de um estudo pode desde uma perspectiva macro até se chegar à
ser, ao invés de se comparar a estrutura, micro (zoom out ↔ zoom in).
analisar a funcionalidade do sistema. O presente trabalho, tendo em vista o
vi. Pode ser utilizada como uma ferramenta
objetivo explicitado na introdução, dedicar-se-á
para descrever o estado atual de um
sistema. Os mecanismos que, em uma ao desenvolvimento de uma metodologia
situação particular, induzem ou bloqueiam específica para análise dos Sistemas Setoriais
as funções podem ser identificados e, de Inovação (SSIs).
possivelmente, estimulados e removidos,
respectivamente (através da política e / ou 2.2. Sistemas setoriais de inovação
estratégias).
Na visão de Edquist (2001), uma vez que A abordagem de SSI se apropria de uma
as inovações são fruto de multi-causalidades, visão multidimensional, integrada e dinâmica
um estudo empírico sobre as funções dos de setores a fim de analisar a inovação. Tem
sistemas de inovação é relevante para que se sua origem no conceito de indústria3 (ou
possa fazer uma distinção entre os setor), tradicionalmente utilizado na economia
determinantes centrais e periféricos à industrial, na medida em que considera que
inovação. Em paralelo, é importante notar que outros agentes devem ser analisados além das
diferentes determinantes não podem ser firmas. Esta abordagem dispensa maior ênfase
explicados de forma independente, uma vez ao conhecimento, à aprendizagem e aos
que podem se suportar ou reforçar, limites setoriais; enfoca as interações de não-
reciprocamente. mercado assim como as interações de
mercado, além de destacar o papel das
2.1.3. Fronteiras dos sistemas de inovação instituições (SILVESTRE & DALCOL, 2006).
Em termos conceituais, segundo Malerba
O estabelecimento das fronteiras nos
(2002), um Sistema Setorial de Inovação pode
Sistemas de Inovação não é fácil, nem sob a
ser entendido como:
perspectiva prática, nem sob o prisma teórico. “[…] a set of new and established products
Entretanto, este esforço é contributivo para for specific uses and the set of agents
um recorte metodológico mais preciso acerca carrying out market and non-market
dos elementos intrínsecos [sistema-alvo] e interactions for the creation, production and
extrínsecos [meio ambiente] ao sistema que sale of those products. A sectoral system has
a knowledge base, technologies, inputs and
se deseja investigar.
an existing, emergent and potential demand”
A despeito das confusões terminológicas, (MALERBA, 2002: 250).
ressalta-se que a discussão relacionada a Para Malerba, os principais atores que
Sistemas Nacionais de Inovação (SNI) é compõem um Sistema Setorial de Inovação
apenas uma dentre outras possibilidades de incluem:
abordagens de sistemas de inovação. ƒ Indivíduos (consumidores,
Em termos geográficos, as fronteiras dos empreendedores, cientistas);
sistemas de inovação podem ser ƒ Firmas (usuários, produtores e
supranacionais, nacionais ou subnacionais fornecedores de insumos);
(regionais ou locais) – e ao mesmo tempo
serem setoriais, inscritos nestas demarcações 3
Para Porter (1990) o estudo industrial (ou setorial)
geográficas, havendo várias combinações visa analisar o coletivo de empresas que fabricam o
possíveis. Assim, os sistemas de inovação mesmo produto ou produtos substitutos para os
nacional, regional e setorial podem ser vistos mesmos clientes.

5
ƒ Organizações não-empresariais setores tradicionais só são possíveis mediante
(universidades, institutos de pesquisa, um processo co-evolucionário que incorpora o
agentes financeiros, sindicatos e associações surgimento de um setor emergente (i.e.: [1.]
técnicas); internet + software + telecomunicações; [2.]
ƒ Departamentos de grandes organizações, biotecnologia + fármacos + novos materiais).
como: P&D ou departamento de produção; Para Mowery & Nelson (1999), este
ƒ Grupos de organizações (associações processo de co-evolução setorial envolve a
industriais). integração e fusão de conhecimentos
De acordo com Malerba (2002), cada um previamente separados, incorporação de
destes atores, individualmente, possui novas tecnologias e novas dinâmicas de
competências específicas de processamento relacionamento entre: firmas e consumidores;
e armazenamento de pacotes de firmas com diferentes especializações e
conhecimento, no âmbito de seu contexto competências, e; organizações não-mercantis
institucional intrínseco. Na visão do autor, e instituições que se desenvolveram em
diferentes agentes sabem fazer distintas setores previamente separados.
atividades de maneiras singulares. Assim, o Finalmente, na visão de Malerba
aprendizado, o conhecimento e o (1999, 2002, 2003, 2005), o conceito de
comportamento são entendidos como Sistema Setorial de Inovação ainda pode
enraizados na heterogeneidade destes atores, prover uma ferramenta útil em vários aspectos:
por sua experiência, competência, ƒ Para a análise descritiva de diferenças e
organização e desempenho diferenciados. similaridades na estrutura, organização e
Na abordagem de SSI, a inovação – fronteiras de determinado setor.
principal aspecto da análise – pode ser ƒ Para uma compreensão plena das
afetada por três fatores-chave (MALERBA, diferenças e similaridades nos trabalhos,
2003, 2005): dinâmicas e transformações dos setores;
ƒ Conhecimento e domínio tecnológico: os ƒ Para a identificação dos fatores que
conhecimentos básicos acerca das atividades afetam a inovação, o desempenho comercial e
de inovação e de produção diferem entre os a competitividade das firmas e países em
setores e afetam grandemente as atividades diferentes setores, e;
inovadoras, a organização e o comportamento ƒ Para o desenvolvimento de propostas de
das empresas e outros agentes dentro de um políticas públicas.
setor.
ƒ Atores e redes: um setor se consiste de O tópico 3, subseqüente, apresenta os
atores heterogêneos que são organizações e procedimentos metodológicos para análise dos
indivíduos. As organizações podem ser firmas Sistemas Setoriais de Inovação, além da
ou não-firmas. Cada um desses atores é discussão dos resultados da aplicação da
caracterizado por processos específicos de metodologia proposta na Indústria Brasileira de
aprendizagem, competência, crenças, Construção Naval.
objetivos e comportamento. As redes
representam mecanismos de interação, como 3. Proposta de metodologia para análise de
processos de comunicação, troca, sistemas setoriais de inovação
cooperação, competição e comando que
caracterizam os relacionamentos entre os Conforme sinalizado na introdução, a
diferentes atores, em relações literatura sobre Sistemas de Inovação carece
mercadológicas e/ ou não-mercadológicas; e, de uma metodologia capaz de analisar sua
ƒ Instituições: a cognição, as ações e as completude e possíveis disfunções, sendo
interações dos agentes são moldadas pelas aplicável em diferentes setores produtivos. A
referidas instituições, que incluem normas, presente pesquisa visa a contribuir para o
rotinas, hábitos comuns e leis. estreitamento dessa lacuna, apresentando
Breschi & Malerba (1997) afirmam que os proposta metodológica, desenvolvida a partir
três fatores-chave supracitados podem ser de revisão da literatura, englobando
influenciados pelas características básicas contribuições teóricas dos principais autores
dos regimes tecnológicos, definidas em da área.
termos do nível de condições de A metodologia é composta por 07 (sete)
oportunidade, uso das condições e etapas distintas. Para fins de caracterização,
acumulação das inovações e da base de foi denominada de I.D.I.V.I.A.R., sendo cada
conhecimento. uma das letras constituintes a representação
Bresnahan & Malerba (1999) ressaltam de uma etapa específica do passo a passo
importante fenômeno que ocorre no âmbito proposto, conforme Quadro 3.
dos SSIs: algumas transformações em

6
Quadro 3 – Etapas da Metodologia IDIVIAR melhorada) para a empresa (MANUAL DE
Etapa Sigla Descrição da Finalidade da Etapa OSLO, 2006: 24)
[IFS]: Identificação das fronteiras É importante considerar ainda que, apesar
1. I
setoriais do sistema-alvo estudado de a origem da indústria brasileira de
[DOSA]: Definição do objetivo do construção naval remontar o início do século
2. D
sistema-alvo estudado
[IOIC]: Identificação dos objetivos
XVI, é somente em 11 de agosto de 1846 que
individuais de cada organização e as operações relacionadas à construção naval
instituição constituinte do sistema- são percebidas como empreendimento formal,
3. I alvo, analisando o que ocorre através da iniciativa do Barão de Mauá ao
internamente em cada ator, em
termos de inovação e construção de
constituir o Estabelecimento de Fundição e
competências Estaleiros da Ponta d’Areia, situado no
[VEIR]: Verificação da existência e da município de Niterói, Estado do Rio de Janeiro
4. V intensidade do relacionamento entre (BNDES, 1997; LIMA & VELASCO, 1998;
atores do sistema-alvo evidenciado
PASIN, 2002; TELLES, 2004).
[IFCC]: Identificação dos fatores-
chave para o desenvolvimento de Após décadas de letargia, é somente a
5. I partir da segunda metade do século XX que a
inovações potencializadas ou inibidas
pelos relacionamentos entre atores construção naval brasileira recebe incentivos
[AvDE]: Avaliação dos determinantes apropriados ao seu desenvolvimento. A
(centrais e periféricos) e dos
6. A
(possíveis) entraves à inovação no proposta de industrialização brasileira
sistema-alvo definido materializava-se, em âmbito Federal, através
[RCI]: Desenvolvimento de do Plano de Metas proposto pelo Governo de
recomendações propositivas aos Juscelino Kubitschek (1956-1961), que previa
7. R atores setoriais para potencialização
de relacionamentos capazes de
um acelerado crescimento econômico a partir
contribuir para a inovação na indústria de estímulos direcionados a impulsionar o
setor industrial (LEITE, 2003; FAVARIN, 2008).
Para fins de exemplificação da O Plano de Metas de JK preconizava o
Metodologia IDIVIAR, a mesma será aplicada intenso envolvimento do setor público no
no estudo setorial da indústria brasileira de estímulo direto e indireto à realização de
construção naval. investimentos em infra-estrutura e na indústria
de bens de capital, com orientação à formação
3.1. Exemplo da aplicação da metodologia da base industrial brasileira e a substituição
IDIVIAR na indústria brasileira de das importações. No que toca à construção
construção naval naval, o referido Plano foi ampliado na gestão
do Presidente Costa e Silva, com
A indústria brasileira de construção naval, investimentos governamentais na ordem de
pujante entre as décadas de 1960 e 1970, US$4,3 bilhões, entre os anos de 1971 e 1979,
atravessou forte crise no início dos anos 80, e expectativa da produção de 765 navios,
que perdurou até o final da década seguinte. visando à regularidade das encomendas e
Considerando o longo período de estímulo à exportação de embarcações.
estagnação, é de se esperar que o setor de Os planos e incentivos do Governo Costa e
construção naval devesse fazer um esforço Silva surtiram efeito e fizeram com que, na
em inovação (em produto ou processo), seja década de 1970, o Brasil estivesse
absorvendo tecnologias inovadoras, seja posicionado entre os maiores construtores
desenvolvendo-as autonomamente. É navais do mundo, com a indústria empregando
oportuno lembrar que o Manual de Oslo diretamente cerca de 40.000 trabalhadores,
(2006) classifica: conforme ilustra a Figura 2 (LIMA &
[...] exigência mínima para que uma VELASCO, 1998; LACERDA, 2003; LEITE,
mudança nos produtos ou funções da
empresa seja considerada uma inovação é 2003).
que ela seja nova (ou significativamente

7
Figura 2 – Mão-de-obra diretamente empregada na indústria de construção naval entre 1960 e 1998.
Fonte: Adaptado de Pasin (2002)

Paradoxalmente, após período de notada pela Petrobras demandou contratação dos


prosperidade, entre o início da década de serviços de embarcações de apoio marítimo
1980 e o final da década de 1990, a indústria no início dos anos 2000, via licitações, as
brasileira de construção naval enfrentou um quais originaram encomendas aos estaleiros
período de queda vertiginosa dos níveis da nacionais.
produção, que a literatura associa a fatores O Programa de Modernização e Expansão
como (LIMA & VELASCO, 1998; PASSOS, da Frota (PROMEF) da Transpetro (empresa
2007; FAVARIN, 2008): de logística e transportes da Petrobras),
ƒ Crise do petróleo, em nível mundial; anunciado em 2005, prevê até 2012,
ƒ Concessão indiscriminada de subsídios investimentos de mais de US$50 bilhões para
por um longo período de tempo (mais de 20 compras, no Brasil, de: 42 navios de grande
anos), sem exigências de aumento de porte; 7 aliviadores; 146 embarcações de
produtividade que obrigasse o aumento da apoio offshore e; 40 navios sonda, até 2012
competitividade internacional da indústria; (PASSOS, 2007). As encomendas da
ƒ Dependência de encomendas do setor Transpetro requerem um nível de 65 % de
estatal (Petrobrás, Vale e Lloyd Brasileiro); nacionalização dos materiais empregados,
ƒ Longo período de instabilidade econômica buscando-se a competitividade internacional
e inflação elevada, o que afetou toda a dos fornecedores, aumentando seu poder de
indústria de bens de capital sob encomenda exportação (JUNQUEIRA, 2007).
e, em especial, a construção naval, que Em relação aos esforços pela retomada da
demanda dois anos, em média, por obra e indústria brasileira de construção naval,
administra centenas de fornecedores; Paletta (2006) afirma que:
ƒ Deficiências gerenciais nos segmentos “Esse fato significa uma mudança no modelo
financeiro e administrativo dos estaleiros; da indústria de grandes navios no Brasil,
gerando como conseqüências a
ƒ Não confiabilidade em relação ao modernização do setor, maior
cumprimento dos prazos contratuais de competitividade no mercado internacional,
entrega (destaca-se que dos 61 navios geração de 22 mil novos empregos e,
financiados no período 1985/94, apenas 15 principalmente, a reabertura de um grande
foram entregues rigorosamente dentro do mercado ávido para incorporar bens e
prazo contratual). serviços alinhados com sua cadeia
produtiva” (PALETTA, 2006: 1).
O início da revitalização da indústria de
Segundo Passos (2007), apesar de os
construção naval no Brasil se dá,
incentivos à revitalização da construção naval
prioritariamente, a partir do final dos anos 90,
serem relativamente recentes, já se pode
com a promulgação da Lei 9.478, de 06 de
observar resultados positivos, concernentes a
agosto de 1997, conhecida como a Lei do
esta nova política industrial, como: a
Petróleo, flexibilizou a exploração e produção
reativação da indústria de construção e
do petróleo brasileiro. Para Pasin (2002), a
reparação naval, com financiamento de R$4,6
referida Lei abriu o mercado de exploração e
bilhões pelo Programa de Fomento ao
refino do hidrocarboneto a novos players,
Desenvolvimento da Marinha Mercante;
acelerando a expansão da exploração de
reflexos nas indústrias metalúrgicas,
petróleo offshore. Associado a este fator, o
siderúrgicas e de navipeças, e; gradativa
desenvolvimento de novas tecnologias de
recuperação dos níveis de emprego no setor.
exploração de lâminas d’água ultra-profundas

8
Em relação ao último ponto, é importante retomada de incentivos (1998 a 2008), já é
observar que, segundo dados da SINAVAL superior ao período áureo da indústria de
(2007 e 2009), o patamar dos postos de construção naval brasileira, conforme ilustra o
trabalho gerados nesta última década de Figura 3.

Figura 3 – Mão-de-obra diretamente empregada na indústria de construção naval entre 1998 e 2008.
Fonte: SINAVAL (2007 e 2009)

Apesar dos inegáveis esforços feitos, a de ações de múltiplos atores, para a


partir de 1997, pelo Governo Brasileiro (e sustentabilidade do desenvolvimento do setor
suas empresas) para retomar o curso de em voga.
crescimento da indústria naval, através de Assim, em aderência à descrição da
políticas de desenvolvimento produtivo, metodologia IDIVIAR, a primeira fase para a
observam-se lacunas importantes a serem análise dos sistemas setoriais de inovação é a
preenchidas, sobretudo no que concerne à definição das fronteiras setoriais que
articulação sistêmica dos atores e esforços inscrevem o sistema-alvo. A Figura 4
orientados à inovação e competitividade esquematiza as referidas fronteiras no âmbito
industrial. da indústria brasileira de construção naval,
É relevante, portanto, que o processo de identificando os principais atores constituintes.
retomada da indústria de construção naval e É válido destacar que na referida figura as
os novos desafios em busca de ligações entre os atores são meramente
competitividade internacional, sejam ilustrativas, sendo um dos objetos da
estudados através de uma metodologia capaz investigação empírica.
de perceber o impacto sistêmico, proveniente

Figura 4 – Identificação esquemática das fronteiras setoriais do sistema-alvo estudado.


Fonte: Adaptado de Geels (2002)
Como se pode observar, se entendida de estaleiros que trabalha, sob encomenda, na
forma isolada, a construção naval montagem e/ ou no reparo de navios e
(Produtores) representa o conjunto de plataformas. No Estado do Rio de Janeiro são

9
16 os estaleiros (Aliança, Ilha, Enavi- misto). No Brasil, diretamente, o Ministério de
RENAVE, BrasFels, RioNave, STX Brasil, Ciência e Tecnologia (MCT), o Ministério de
Mauá, Superpesa, SDR, Cassinú, São Miguel, Desenvolvimento, Indústria e Comércio
UTC, Setal, CBD, Sermetal e MacLaren Oil) (MDIC), o Ministério de Minas e Energia
que desenvolvem os supracitados serviços, (MME), Ministério da Defesa e o Ministério da
abrangendo 51,26% do processamento Educação (MEC), além agências como FINEP
nacional da indústria (SINAVAL, 2010a). e BNDES, CAPES, CNPq, Agência Nacional
A perspectiva sistêmica demanda que as do Petróleo (ANP), Inmetro, INPI, Petrobras e
demais relações destes produtores com Transpetro, representam as principais
outros grupos de organizações e instituições organizações brasileiras que possuem
sejam investigadas. Assim, verifica-se que no participação direta no setor de construção
âmbito do setor estudado, os demais atores naval. Indiretamente, outros ministérios e
inscritos na fronteira setorial são: agências interferem no setor, como: Ministério
ƒ Usuários: tratam-se de armadores do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério do
públicos, privados ou Forças Armadas que Meio Ambiente (MMA), além de Fundações e
demandam as embarcações e/ ou plataformas Institutos como Fundacentro, FEEMA e
para o desenvolvimento de suas operações. A IBAMA, entre outras.
Transpetro, desde 2005, através de seu Identificada a fronteira setorial, passa-se à
PROMEF e, mais recentemente, a Marinha do descrição da segunda etapa do método
Brasil, com seu Programa de IDIVIAR com a definição do objetivo do
Reaparelhamento da Marinha (PRM), são os sistema-alvo estudado. Com essa finalidade,
principais usuários dos produtos adotar-se-á a perspectiva de Stopford (1997
desenvolvidos pelos estaleiros brasileiros. apud Queiroz, 2009) para a definição do
ƒ Fornecedores: representados por objetivo específico da indústria de construção
indústrias complementares, situadas à jusante naval (sistema-alvo), qual seja: prover os
na cadeia de suprimentos, como: navipeças, meios necessários para que os armadores
siderurgia, metalurgia, metal-mecânica e possam apresentar ao mercado a capacidade
serviços técnicos especializados. de transporte marítimo. A perspectiva de
ƒ Aparato Técnico-Financeiro: subsistema Stopford alinha-se às premissas do presente
composto por sociedades classificadoras estudo, ao considerar a relevância dos
(como: Lloyd Register; American Bureau produtores (estaleiros) no processo de
Shipping; Bureau Colombo; Bureau Veritas; desenvolvimento de produtos capazes de
Noësk Veritas; Germanischer Lloyd e Noble suprir as necessidades dos consumidores
Danton, responsáveis para a homologação do (armadores) no tocante à oferta transporte
projeto, pelas perícias, pela emissão dos marítimo.
laudos técnicos e verificação da conformidade No sentido de prover um exemplo da
da construção do navio); seguradoras (como: aplicação da metodologia IDIVIAR, optou-se
Lloyd Register; Instituto de Resseguros do por fazer a análise pormenorizada dos atores
Brasil (IRB); United Kingdon Protection and e relacionamentos que compõem o
Indemnity Club (UKP&I); respaldam o elevado subsistema de pesquisa & desenvolvimento
montante investido pelos armadores), e; (P&D). Nesse caso, para fins de
bancos ou grupos de investidores em capital exemplificação, serão considerados apenas
de risco. três atores: os estaleiros; organizações de
ƒ Organizações de Pesquisa e Qualificação pesquisa e formação profissional, e; governo e
Profissional: composta por universidades, agências.
escolas técnicas, institutos de pesquisa, Feita essa consideração, passa-se à etapa
sindicatos e associações profissionais que 03 da metodologia, sendo definidos os
desenvolvem estudos e pesquisas objetivos individuais de cada ator do sistema-
relacionadas à indústria de construção naval, alvo, analisando o que ocorre internamente,
além de serem agentes formadores de mão- em termos de inovação e construção de
de-obra especializada para atuação no setor. competências, destacando a contribuição
No Brasil são representadas, por exemplo, individual para a consecução do objetivo do
por: UFRJ, UFF, CEFET/RJ, SENAI, sistema-alvo.
SOBENA, SINAVAL e SYNDARMA. ƒ Governo e Agências: responsáveis pelo
ƒ Governo e Agências: representam os desenvolvimento e implementação das
Poderes Públicos Federal, Estadual e políticas públicas de desenvolvimento setorial
Municipal, com seus ministérios e secretarias A Figura 5 ilustra os principais atores públicos,
que emanam as políticas públicas industriais, em âmbito Federal, que impactam na indústria
operacionalizadas por suas agências, de construção naval.
autarquias e empresas públicas (ou de capital

10
Figura 5 – Representação dos principais entes governamentais, agências e fundos que apóiam a
indústria de construção naval.

Emanada diretamente pelo Governo Federal, políticos, técnicos, fiscais e não-fiscais, a


a Política de Desenvolvimento Produtivo saber:
(PDP) para a Indústria da Construção Naval
tem propiciado impactos positivos no referido
setor través de uma série de mecanismos
Ação Resultado
Promulgados o decreto nº. 6.704, de 19/12/2008, que trata da
desoneração do IPI para o fornecimento de materiais para a
Desoneração fiscal nos fornecimentos para a
construção naval, e a Lei nº. 11.774, de 17/09/2008, que trata da
construção naval
redução a zero das alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre
equipamentos destinados à CN.
Instituída a Lei nº. 11.786, de 25/09/08, complementada pela Lei
Criação do FGCN – Fundo Garantidor da nº. 12.058, de 13/10/09, com destinação de R$ 5 bilhões para
Construção Naval formação do patrimônio do Fundo. Retirada a cobrança de IR das
aplicações financeiras para manutenção do Fundo.
Assegura encomendas aos estaleiros brasileiros e recursos para
Programa de Aceleração do Crescimento – PAC financiamento da construção naval através do Fundo da Marinha
Mercante (FMM) e seus agentes.
Instituído pelo Governo Federal, através do Decreto n° 4.925, de
19 de dezembro de 2003, tem o objetivo de capacitar recursos
humanos para eventuais vagas em empresas privadas no mercado
PROMINP – Programa de Mobilização da de trabalho nacional, nas categorias profissionais e quantidades
Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural requeridas de níveis básico, médio, técnico de nível médio,
superior e inspetores para a implementação dos empreendimentos
do setor de petróleo e gás no Brasil previstos para o período de
2007 a 2011.
Plano Nacional de Qualificação do Governo Federal, através
PLANSEQ NAVAL – Plano Setorial de
Ministério do Trabalho e Emprego, com uso de recursos do FAT e
Qualificação Social e Profissional para a Indústria
utilização da mão-de-obra especializada de instituições federais,
Naval
como os CEFETs.
A Transpetro, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Centro de
Pesquisas da Petrobras, o CENPES, firmaram convênios da ordem
Programa de Capacitação Tecnológica para de R$ 32 milhões que garantiram investimentos na modernização
Apoio à Indústria Naval Brasileira tecnológica e capacitação profissional das empresas de
construção naval do país.

Quadro 4 – Mecanismos do governo para fomento à indústria brasileira de construção naval


Fonte: SINAVAL (2010b) e FINEP (2010)

ƒ Estaleiros: o principal elo da cadeia naval manufatura que garantam qualidade e


tem buscado a internalização de inovação para as firmas. A Figura 6 ilustra os
competências técnica, gerencial e tecnológica, estaleiros do Estado do RJ.
além de investimentos em infraestrutura de

11
Figura 6 – Representação dos produtores (estaleiros) do Estado do Rio de Janeiro.

Adicionalmente, os estaleiros, recursos humanos e qualificando


individualmente, ou através de cooperação fornecedores, de diversos níveis, para as boas
técnica com organizações como o SINAVAL, práticas internacionais do setor. Algumas
IBP e ONIP, têm criado programas de outras ações dos estaleiros estão descritas no
certificação profissional, especializando seus Quadro 5.

Quadro 5 – Mecanismos dos estaleiros para aquisição de competências e melhorias no setor


Ação Resultado
Formação da rede entre o SINAVAL e as associações dos
fornecedores ABIMAQ, ABINEE e ABITAM para aumento do
Desenvolvimento e qualificação de fornecedores
conteúdo local nos navios petroleiros em construção nos estaleiros
brasileiros.
A ONIP é responsável pela coordenação da Secretaria Técnica do
Desenvolvimento da norma ABNT/CB50 para o
Comitê Brasileiro (CB-50) para o desenvolvimento de trabalhos
estabelecimento de padrões de conformidade de
que visam à normalização de materiais, equipamentos e estruturas
materiais, equipamentos e estruturas offshore
do setor de petróleo e gás.
Por solicitação do SINAVAL ao Ministro Carlos Lupi, foi criada pela
Portaria nº. 64, de 30/01/2008, a Comissão Tripartite com
atribuições de elaborar diretrizes para a promoção da segurança e
Ênfase na saúde e segurança do trabalhador da saúde no setor, assim como para a correta contratação de
construção naval trabalhadores por prazo determinado e por obra certa.
Em fase de estruturação a Norma Regulamentadora de Segurança
e Saúde no Trabalho da Indústria Naval (NR-34), em aprovação no
Ministério do Trabalho.
Foram criados procedimentos para atividades especificas nos
Definição de procedimentos de trabalho
estaleiros, em reuniões semanais (em várias regiões do Brasil).
Fonte: SINAVAL (2010b)

ƒ Organizações de Pesquisa e Qualificação níveis de qualificação) e pelo desenvolvimento


Profissional: representa o grupo de de estudos e pesquisas acerca do setor de
organizações responsáveis pela preparação construção naval. A Figura 7 ilustra alguns dos
de recursos humanos (de diversos perfis e principais atores desse grupo.

Figura 7 – Representação de organizações de pesquisa e qualificação profissional.

12
Algumas das ações desses atores orientadas a indústria de construção naval estão descritas
à inovação e construção de competência para no Quadro 6.

Quadro 6 – Ações de Organizações de Pesquisa e Qualificação Profissional para apoio à indústria


brasileira de construção naval
Ação Resultado
Promove articulação de relevantes atores da indústria de construção
Constituição da Rede de Inovação para
naval como: a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA),
Competitividade da Indústria Naval e Offshore
a SINAVAL e o SYNDARMA.
Articulação de CENPES, COPPE/UFRJ, IPT, USP e Transpetro para
Constituição do CEENO – Centro de Excelência em
a constituição do CEENO visando à construção de referências-base
Engenharia Naval e Oceânica
para projetos cooperativos.
Cooperação Técnica entre os Programas de Pós- Desenvolvimento de tecnologia para a construção naval da UFRJ e
Graduação em Engenharia Naval e Oceânica da USP através de programas do Ministério de Ciência e Tecnologia.
COPPE/UFRJ (PENO) e USP (PNV)
Formação de mão-de-obra de alta qualificação para o
Oferta de cursos de Engenharia Naval na UFRJ
desenvolvimento de projetos da área naval.
Área de Concentração: Projeto de Sistemas Oceânicos
Linha de Pesquisa: Ferramentas Computacionais Evolutivas do
Objeto do Projeto
Desenvolvimento de estudos avançados em Linha de Pesquisa: Metodologia de Projeto Cooperativo entre
programa de pós-graduação em Engenharia Naval Membros de Equipe
e Oceânica da COPPE/UFRJ Linha de Pesquisa: Sistemas Especialistas e Otimização em Projeto
Assistido por Computador
Linha de Pesquisa: Análise da Indústria Marítima Brasileira
Linha de Pesquisa: Logística e Transporte Multimodal
Oferta de cursos de capacitação do SENAI orientados à qualificação
Qualificação de mão-de-obra técnica
de mão-de-obra de nível técnico.
Fonte: PENO/COPPE/UFRJ (2010); PNV/USP (2010); SINAVAL (2010b); SENAI (2008)

Dada a perspectiva exploratória do estudo, do sistema-alvo. Em termos analíticos, a


a verificação da existência e da intensidade referida verificação deverá ser feita por
do relacionamento entre atores do sistema- técnicas qualitativas de triangulação de dados,
alvo evidenciado, proposto na etapa 04, dar- que considerará: os objetivos da pesquisa; as
se-á por meio de entrevistas semi- evidências teóricas e a perspectiva empírica
estruturadas feitas com profissionais dos respondentes (Figura 8).
representativos das organizações integrantes

Figura 8 – A triangulação dos dados na investigação dos Sistemas Setoriais de Inovação.

Segundo Neves (1996) e Duarte (2009), a Assim, dada a singularidade dos atores, as
triangulação representa um processo perguntas devem ser específicas, visando –
metodológico relevante na pesquisa em alinhamento aos objetivos da pesquisa – a
qualitativa na medida em que: capturar as percepções dos respondentes
a. Permite a utilização de mais de uma fonte quanto ao seu papel na inovação do sistema e
de dados para, assim, reforçar a validade a contribuição dos demais atores para o
da fidedignidade da pesquisa. desenvolvimento do sistema setorial. As
b. Possibilita verificar a convergência de perguntas a serem realizadas para cada um
resultados a partir de diferentes dos atores estão ilustradas no Quadro 7.
perspectivas (validação convergente).

13
Quadro 7 – Indicações de perguntas a serem feitas para atores do Setor
Ator Perguntas Propostas
No âmbito dos produtores, a entrevista se baseará na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica
(PINTEC) do IBGE (2009), acrescida de investigações específicas sobre os relacionamentos entre os
estaleiros e os demais atores do sistema-alvo.
a. A empresa possui política específica para o desenvolvimento endógeno de inovações?
b. A geração interna de inovações de produto e/ ou processos é observada nos demais estaleiros da
indústria?
c. Como se dá a prática de aquisição externa de conhecimentos e tecnologias?
d. Quais os principais critérios utilizados pelos armadores para a contratação de estaleiros? Caso
reconheçam defasagem tecnológica, os armadores firmam contratos com estaleiros?
e. As empresas se utilizam de financiamentos para investimento em modernização da infraestrutura,
Produtores
qualificação gerencial e desenvolvimento tecnológico? Se sim, quais as naturezas do financiamento
(estaleiros)
(público ou privado)? Quais as garantias estabelecidas pelas empresas para o cumprimento das
condições de tomada de financiamento?
f. As empresas do setor desenvolvem ações cooperativas com outras empresas ou instituições públicas
orientadas à inovação?
g. Observam-se lacunas a serem preenchidas nas políticas públicas com a finalidade de contribuir para
a inovação na indústria de construção naval?
h. Como o setor avalia as ações e incentivos governamentais (Lei do Bem, Lei da Inovação...)?
i. O setor faz uso dos inventivos governamentais (Lei do Bem – incentivo fiscal [dedução de IR,
amortização acelerada...], Lei da Inovação [subvenção econômica, introdução de Doutores na empresa,
parceria com ICTs e universidades])?
a. Além dos programas evidenciados no Quadro 5, existem outras ações que podem beneficiar o setor?
b. Como a organização avalia os impactos das ações governamentais indicadas no Quadro 5?
c. Como a organização analisa o desempenho dos estaleiros face aos mecanismos criados em
Governo e benefício do setor?
Agências d. Qual a avaliação dos incentivos apropriados às ICTs para a geração de inovações?
e. Qual o resultado da aplicação da Lei do Bem no setor de construção naval?
f. Qual o resultado da aplicação da Lei de Inovação no setor de construção naval?
g. Qual a demanda por benefícios e subvenções oferecidos no setor de construção naval?
a. Existem cursos dedicados à formação/ qualificação de mão-de-obra técnica ou superior específica
para a indústria de construção naval?
b. Há áreas de pesquisa e desenvolvimento orientadas à inovação na indústria de construção naval?
c. Observam-se práticas de desenvolvimento colaborativo de pesquisas e/ ou consultorias, envolvendo
as instituições de pesquisa e qualificação profissional com os estaleiros?
d. Os estaleiros demandam a criação de cursos capazes de contribuir com a inovação para o setor? Em
que freqüência?
Organizações
e. Os estaleiros demandam a criação de consultorias, assessorias ou outros serviços técnicos capazes
de pesquisa e
de contribuir com a inovação para o setor? Em que freqüência?
qualificação
f. Os estaleiros reconhecem as organizações de pesquisa e qualificação profissional como apoiadores
profissional
ao desenvolvimento de suas inovações ou mesmo de suas operações?
g. As organizações de pesquisa e formação profissional possuem financiamento das agências federais?
h. Há incentivo à participação em redes colaborativas de pesquisa na área naval?
i. O governo oferece incentivos apropriados para a geração de inovações?
j. Qual o nível de relacionamento da sua organização e o setor naval?
k. Há relato de pesquisador formado nessa universidade apoiado pela Lei de Inovação para trabalhar
em empresa da construção naval?

A identificação dos principais fatores-chave A aplicação da metodologia IDIVIAR


para o desenvolvimento de inovações no representa uma contribuição para o estudo
setor e os relacionamentos que devem ser dos Sistemas de Inovação na medida em que
potencializados ou inibidos para essa se consiste em referencial analítico capaz de
finalidade, proposta da etapa 05, dar-se-á por subsidiar as políticas públicas da área de
meio de análise dos depoimentos obtidos com inovação, além de orientar firmas e demais
as entrevistas semi-estruturadas. atores constituintes desses sistemas para
Na sexta etapa, os dados coletados na maior articulação entre si.
etapa anterior serão analisados com a A metodologia é recomendada para se
finalidade de identificar os determinantes analisar a existência, de fato, de Sistemas
(centrais e periféricos) à inovação no sistema- Setoriais de Inovação, sendo capaz de prover
alvo. diagnóstico de organizações, instituições e
Na sétima etapa devem ser descritas, em relacionamentos constituintes de segmentos
forma de relatório técnico, as recomendações industriais particulares, com a finalidade de
aos atores setoriais para potencializar os fomentar a sinergia entre esses entes. Caso, a
relacionamentos capazes de contribuir para a partir da análise, seja constatada a
inovação na indústria. inexistência de um sistema setorial de
inovação ou tímida articulação entre os atores
4. Considerações finais e sugestões de constituintes do referido sistema, a
pesquisas futuras metodologia apresenta-se como contributiva
para indicar recomendações à sua efetivação.

14
Embora a metodologia tenha baixa brasileira de construção naval, observa-se que
complexidade, sua aplicação é demandante dependendo das características do país ou
de intenso esforço por parte do pesquisador, região em que o Sistema Setorial esteja
no sentido de levantar significativa quantidade inserido, não se deve desprezar a
de dados que devem ser tratados a partir de possibilidade de a metodologia contribuir para
processos de triangulação. Uma vez que os evidenciar relações entre sistemas definidos
procedimentos metodológicos são tecnicamente (setoriais) e sistemas definidos
primordialmente qualitativos, a adoção da geograficamente (locais). Ou seja, no tocante
triangulação contribui para que o pesquisador à indústria de construção naval, nota-se
não fique apoiado em um único ponto de superposição entre as questões técnicas e
vista, aumentando o grau de certeza na geográficas, uma vez que parte significativa da
análise das respostas obtidas. produção desse setor é desenvolvida na
Cumpre destacar que, apesar da região metropolitana do Rio de Janeiro.
possibilidade de adaptação para diferentes Como sugestões de pesquisas futuras, sugerem-
fronteiras, a metodologia IDIVIAR foi se dois estudos distintos: investigar a possível
desenvolvida, especificamente, para a análise correlação entre sistemas definidos tecnicamente e
de Sistemas Setoriais de Inovação, não sendo sistemas definidos geograficamente; além da
extrapolada para sistemas geograficamente aplicação da metodologia IDIVIAR outros em
situados ou outros sistemas técnicos. segmentos industriais para fins de refinamento da
Apesar dessa ressalva, a partir da proposta.
aplicação da metodologia IDIVIAR na indústria

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