Você está na página 1de 17

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS

CURSO DE PSICOLOGIA.

FERNANDA NAYARA DE ABREU

FICHAMENTO VOLUME I DO LIVRO PSICOTERAPIA E RELAÇÕES HUMANAS

VARGINHA

2022

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS


CURSO DE PSICOLOGIA

FERNANDA NAYARA DE ABREU


1
FICHAMENTO VOLUME I DO LIVRO PSICOTERAPIA E RELAÇÕES HUMANAS

Fichamento volume I do livro


psicoterapia e relações humanas.
supervisora: prof. dsc. giovanna
tereza abreu de oliveira

VARGINHA

2022

SUMÁRIO

2
CAPÍTULO I

UMA COLOCAÇÃO DO ASSUNTO...............................................................................4

ORIGEM DA NOÇÃO DE "NÃO-DIREÇÃO"..........................................................4 e 5.6.7

APARECIMENTO DA NOÇÃO DE "CLIENT-CENTERED"........................................7 e 8

PERSISTÊNCIA DA NOÇÃO DE "NÃO-DIREÇÃO"......................................................8

ALGUMAS DEFINIÇÕES SOBRE A IDEIA DE NÃO-DIREÇÃO ................................9

“TODO BOM TERAPEUTA É NÃO-DIRETIVO” .......................................................9 e 10

“A NÃO-DIREÇÃO NÃO EXISTE”..............................................................................10

CAPÍTULO II

A NOÇÃO-CHAVE............................................................................................................11

A TENDÊNCIA À ATUALIZAÇÃO .................................................................................11

A NOÇÃO DO “EU” ………………………………………………….……………….. 11

NOÇÃO DE LIBERDADE EXPERIENCIAL …………………………………………..12

A QUESTÃO DOS LIMITES ………………………………………………………….12

UMA CONCEPÇÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO……………………………

CAPÍTULO III

PROBLEMAS DO AUTOCONHECIMENTO……………………………………………….13

NOÇÃO DE LIBERDADE EXPERIENCIAL ………………………………………………14

A DINÂMICA DA PERSONALIDADE…………………………………………………….14

UMA PALAVRA E DUAS SIGNIFICAÇÕES……………………………………………….14

O CARÁTER INCONSCIENTE DA PSICODINÂMICA…………………………………...15

COMPREENSÃO IMPLÍCITA E COMPREENSÃO EXPLÍCITA DE SI……………………15.

Capítulo I

3
UMA COLOCAÇÃO DO ASSUNTO

Neste capítulo foi endereçado particularmente às pessoas que têm um certo conhecimento do
assunto, pois essas pessoas já têm a psicoterapia Rogeriana como estando firmada no
conceito de não direção, Mesmo ainda que a noção de não-direção mantenha inerente a este
sistema, não é mais representativa dele. Inicialmente, Rogers a nomeia de Psicologia Não-
Diretiva ou Aconselhamento Não-Diretivo. Posteriormente, passa a denominá-la de Terapia
Centrada no Cliente e, por último, Abordagem Centrada na Pessoa, que segundo ele, é a
denominação mais adequada à sua teoria.

Determina-se, portanto, um amoldamento, com a finalidade de introduzir os


desenvolvimentos recentes deste pensamento. Aí vem a necessidade de começar por uma
colocação do assunto.

De um ponto de vista da concepção não diretiva da terapia de Rogers, tem a finalidade de


auxiliar o sujeito a alcançar a independência, amadurecimento e integração, para que assim,
consiga resolver os problemas que possam aparecer no decorrer de sua vida

Rogers considera que são as percepções conscientes e aquelas que também são possíveis de
se tornarem conscientes, que são determinantes para um comportamento de um indivíduo
psicologicamente saudável, ou seja, mais comportamentos são determinados pelo próprio
indivíduo e mais consciente ele se torna ao ter essa autopercepção e se for necessário,
também aprimorá-los. Rogers possui um olhar reto ao que tange desenvolver a capacidade de
perceber o mundo, de uma forma que o um indivíduo perceba o mundo assim também como
o outro o vê, e compreender o significado psicológico que o mundo tem para esse indivíduo.

ORIGEM DA NOÇÃO DE "NÃO-DIREÇÃO"

Para falarmos a história desta noção foi preciso analisar a evolução desse terapeuta desde o
início de seus estudos, a época do primeiro impulso do movimento psicanalítico na América
(1920-1930). Foi um impulso extremamente robusto nas grandes cidades, esboço narrado
pelo próprio protagonista Rogers.

Mas a formação acadêmica dele no geral a grande parte se embasa nas teorias do filósofo
John Dewey, famoso, e conhecido do pragmatismo americano. Significa que a corrente

4
altamente abstrata de sua formação clínica foi equilibrada por uma corrente empírica
igualmente forte, e mesmo depois disso, como ele próprio o indica, sua inclinação natural o
levou muito cedo a voltar para a observação e os dados da experiência. Ai logo ele terminou
sua formação onde aceitou um cargo de diretor de uma clínica psicopedagógica por 12 anos
em Nova Iorque, à medida que sua experiência crescia, desenvolveu pontos de vista cada vez
mais diferentes daqueles que de certa forma tinham influência sobre sua formação de clínico.
Parando para refletir sobre o que observava, sem parar em seu trabalho, e discutindo suas
observações com o pessoal de sua clínica, acabou concluindo de que as teorias que lhe
haviam ensinado correspondiam muito pouco à realidade que se oferecia à sua observação,
logo teve a impressão, cada vez mais acentuada, de que as técnicas em que foi treinado
mostrou pouco eficaz e que, confuso na época, para qual direção poderia ir decidiu, então
deixar conduzir cada vez mais por suas próprias colocações e pelo que as pessoas ensinava a
ele, mesmos tendo ideias diferentes das dele, Rogers não se deu conta do grau elevado de
unidade e especificidade que seus pontos de vista tinham aos poucos adquirido. Assim,
jamais havia pensado em distinguir claramente das concepções correntes e psicanalíticas. Em
1940, quando lhe foi oferecida uma cadeira de psicologia clínica na Ohio State University
que tomou consciência da distância que separava suas práticas daquelas que, nos tempos
eram fortes. Neste novo meio, exercendo suas profissões, o “choque das ideias" revelou
claramente que seu trabalho de terapeuta era conduzido por um conjunto de princípios
pessoais. Contudo, nem ele, nem a equipe que se formou rapidamente à sua volta, foram
capazes de reconhecer imediatamente a natureza diferencial destes princípios. Por outro lado,
retrospectivamente, fácil de perceber que a sua natureza verdadeira, estava, de certa forma,
eclipsada por uma característica do comportamento de Rogers como terapeuta. Era claro e
destacado na análise de suas entrevistas, gravadas naquela época, era a ausência das diversas
formas de direção, perguntas, interpretações, conselhos. Geralmente reconhecidas na época
como constituindo o papel legítimo do terapeuta. Rogers admitiu, por outro lado, que seu
modo de interação não-diretivo não era eventual, mas representava valores que estimava
profundamente. Foi, sob uma dimensão de simples comportamento exterior, que se revelou o
caráter particular da abordagem de Rogers. Quando foi convidado a publicar sua teoria,
simplesmente deu nome de não-diretiva. É muito válido observar que o termo não-diretivo
não fez parte do título do primeiro livro que Rogers consagrou ao tema. Este nome foi, pois,
empregado e propagado principalmente por outros autores e ainda mais pelos críticos.

5
Rogers deixou claro no livro que não propõe técnicas especiais para que se estabeleça uma
relação de ajuda. Na perspectiva Rogeriana, o contato do profissional de ajuda deve consistir
num conjunto de concepções e atitudes relativas ao ser humano e não na aplicação de
conhecimentos ou habilidades; o terapeuta deve conduzir-se como pessoa e não como
especialista, atribuindo assim ao seu modo de relacionar-se como determinante no processo
de crescimento. Então posso perceber que ele deixa bem claro essa questão da empatia nas
falas de Rogers, o terapeuta precisa ter um olhar de empatia pelo cliente a sua frente, sem
técnicas prontas a seguir, é preciso olhar o mundo do outro da forma que ele enxerga esse
mundo.

Quando alguém se ocupa da formação de futuros terapeutas, está bem situado para perceber a
situação. Alguns dentre eles já têm muitos anos de experiência clínica por conta própria e
voltam para faculdade a fim de completar sua formação através dos estudos de doutorado ou
pós-doutorado, inicialmente é inegável que um vocábulo como não-direção tem aspecto de
um programa. Este termo é tão claro e simples, tão fácil de ser completado pela imaginação,
que não chega a despertar a curiosidade.

Trata-se antes de um choque, de certa forma, ideológico. Pois, a ideia de não-direção toca de
perto a estrutura dos hábitos mentais e sociais, das convicções, dos desejos confessados ou
não, da maioria de nós. Na verdade, o terapeuta Rogeriano "inativo” está intensamente
empenhado no processo da terapia, mas evita cuidadosamente perturbar o seu
desenvolvimento inerente, esforçando-se, ao mesmo tempo, por facilitá-lo. Nenhum terapeuta
precavido se aventuraria neste tipo de procedimento. As conclusões que se depreende deste
material gravado e publicado são confirmadas no polo que se observa durante a supervisão de
terapeutas estagiários. Estes revelam-se geralmente inconscientes da influência, às vezes
penetrante, que exercem sobre o cliente.

Aparentemente não se dão conta do fato de que uma simples sugestão, quando vem da boca
do especialista, tende a significar um conselho, até uma ordem, para o ser desamparado, de
que as questões do terapeuta representam sinais indicadores de seu itinerário mental, e de que
suas manifestações de desaprovação, aprovação, dúvida, são outros tantos sinais para esse
indivíduo ávido de conselhos e direções. Eis o que importa guardar sobre a relação entre
terapeuta e cliente. A relação de ajuda na ACP se diferencia de outras sobretudo pela
improvisação nos aspectos técnicos. Deste modo, nesta abordagem, a melhor forma de ajudar

6
o outro, é crer em seu potencial como pessoa, em sua condição de ser pensante, com
sentimentos e capacidades de procurar e direcionar sua própria necessidade de mudança.

Todos sabemos que a simples presença de uma pessoa é capaz de exercer um efeito sobre
outros indivíduos, independentemente de toda ação ou intenção por parte desta pessoa.

A primeira fase, que recebe o nome de “Psicoterapia Não -Diretiva”, refere-se ao período
compreendido entre os anos 1940 e 1950, nos quais Rogers está na Universidade de Ohio.
Antes desta fase, segundo, Rogers teria seguido uma orientação “eclética”. Esta fase
corresponde ao momento no qual o objetivo principal do terapeuta se voltava para o insight
do cliente (insight a nível muito mais intelectual e ainda não preocupado em ser vivencial).
Nesta fase, as atitudes do terapeuta são muito “tecnológicas havendo a primazia da técnica do
reflexo de sentimentos, além de uma postura de “neutralidade”, de permissividade e não
intervencionismo, além de uma postura de aceitação e clarificação do comportamento do
cliente e certas restrições ao atendimento; é uma fase de grande intelectualismo, o que
restringe o atendimento a pessoas com razoável capacidade intelectiva e analítica. É nesta
atmosfera de permissividade que surgem as mais contundentes críticas direcionadas ao papel
pouco ativo que o terapeuta exerceria, o que levou a uma série de mal entendidos e de mitos
sobre a figura do terapeuta que não fala em terapia. Na realidade, seu esforço era uma
tentativa de desarticular a conotação de autoridade relacionada ao terapeuta.

Basicamente não direção é um método não estruturante de processo de aprendizagem, pelo


qual o professor não interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno.

Aparecimento da noção de "client-centered"

Foi com base em muita dedicação por parte de Rogers e da Equipe que se chega a esse termo,
centrado no Cliente, as entrevistas eram gravadas e assistidas novamente por Rogers e sua
equipe, no início muita das vezes a equipe chegava à conclusão de que durante os seus
trabalhos de ajustamento desta nova abordagem, Rogers e sua equipe fizeram uma curiosa
descoberta que deveria conduzir a uma mudança acentuada em sua óptica. Verificou-se, com
efeito, que alguns dentre os membros da equipe, ao praticarem a Psicoterapia de uma maneira
praticamente idêntica à de Rogers, não obtinham os mesmos resultados. Ao contrário,

7
geralmente chegavam apenas a indispor o cliente ou a afastá-lo. Como essas entrevistas
tinham sido gravadas, foram analisadas e discutidas pelo grupo.

Após muita persistência, Roger através de seus anos de estudos e experiencias desenvolveu a
terapia centrada no cliente, que visa através das atitudes facilitadoras, segundo a qual o
psicoterapeuta deve apresentar três condições para que ocorra o crescimento do cliente:
empatia, aceitação positiva incondicional e congruência. Através da empatia, o psicoterapeuta
busca perceber e compreender o mundo do cliente na perspectiva dele.

Ou seja, Rogers coloca a pessoa como o ponto central de sua própria história. O paciente tem
liberdade para fazer as suas próprias reflexões e chegar a conclusões únicas. Ou seja, esta
abordagem incentiva a autonomia no processo de busca pela verdade.

Persistência da noção de "não-direção"

Para definir o estado atual da terapia Rogeriana, não basta chamar a atenção sobre o fato de
que a não-direção não é a sua ideia fundamental, é que a noção de centrado-no-cliente veio
substituí-la como um “rótulo”. Estes fatos foram publicados há mais de dez anos, portanto,
não são novos. O que temos de tratar aqui é de evidenciar o curioso desnível que parece
existir entre o conhecimento e a compreensão desta terapia. Este fato parece inegável e é
observado mesmo nos meios profissionais americanos.

A representação da vivência pode se dar em diferentes graus, de acordo com os símbolos, que
são particulares a cada subjetividade. Assim, há uma variância em relação à experiência
imediata, de acordo com a construção pessoal dos conceitos. Nesse sentido, a simbolização
ou representação correta é a que seja passível de comprovação. Então, a percepção é
atravessada por uma ideia e um fator externo, enquanto a consciência pode estar imersa
puramente em fatores internos. Então, é possível a sub acepção ao passo que uma experiência
pode ser percebida diretamente pela consciência e outras apenas em níveis neurológicos
básicos

8
Algumas definições sobre a ideia de não-direção

NÃO-DIREÇAO E "LAISSEZ-FAIRE"

Nos debates entre terapeutas, ou nas exposições de casos, tivesse frequentemente dizer que
com certos sujeitos, ou em certos momentos, não há nada de melhor a fazer do que se mostrar
estritamente não-diretivo”, o que significaria, sem dúvida, que o indivíduo se mostra
intratável. e podemos ver que a noção de não-direção, que está na base das opiniões deste
gênero, é a do "laissez-faire” . Não tem como deixar de perguntar

perguntar se quem mantém estas opiniões está ciente de que o comportamento do cliente
durante a entrevista é amplamente determinado pelo comportamento do terapeuta. Além
disso, aquilo que ele qualifica de "intratável” é, talvez, o único fundamento sobre o qual
poderá edificar-se a autodeterminação, que é a finalidade da terapia. Do ponto de vista
externo, não-direção e "laissez-faire”, sem dúvida, se assemelham. Mas na sua intenção e na
sua especificidade, os dois termos quase nada têm em comum. A não-direção, tal como ela é
entendida pelo Rogeriano, está inspirada numa atitude incondicionalmente positiva, enquanto
que o "laissez-faire” reduz-se essencialmente à indiferença, e até à uma tolerância próxima do
desprezo.

“Todo Bom Terapeuta É Não-Diretivo”

Nenhum dos terapeutas com quem tive ocasião de conversar se declarou partidário da ideia
de direção. Qualquer que fosse seu método ou sua escola, ele se declarava contrário à idéia de
dirigir o cliente ou paciente. Em verdade, parecia repudiar esta ideia como mais ou menos
absurda.

Percebo que não é necessário insistir sobre o fato de que a noção de não-direção, tal como é
entendida na afirmação “todo bom terapeuta é não-diretivo” é bem diferente da refletida no
pensamento de Rogers. No seu pensamento e na sua prática da não-direção refere-se,
essencialmente, à abstração dos juízos de valor. Não a ausência da função de julgar. Toda

9
atividade coerente exige o uso constante desta função. Por outro lado, perceber é julgar se
não a qualidade, pelo menos a existência de algo ou de um acontecimento dado.

“A Não-Direção Não Existe”

É verdade que, num certo sentido, a não-direção não existe. Na realidade, convém distinguir
entre "não dar diretivas” e "não ter direção”, ou mais simplesmente, entre diretivas e direção.

Mas percebo que a forma de atuar do psicoterapeuta da ACP é na verdade uma forma
cuidadosa, meticulosa e criteriosa de atuar no sentido de facilitar e promover a Tendência
Atualizante para que esta atue em favor deste cliente. Não se trata então de deixar de atuar ou
de não haver direção, mas de atuar de uma forma sutil e delicada que poderá ser mais efetiva
e significativa ao cliente do que qualquer outra. É, de certa forma, um modo revolucionário e
difícil de interagir com o outro, pois normalmente e naturalmente, no contato, busca-se uma
posição de maior poder, opinando para demonstrar sabedoria e razão. Abrir mão da razão, do
poder e do controle não é fácil, e só é possível quando se coloca o interesse do outro acima de
tudo, acima do interesse natural de ter a razão. Pois esse psicoterapeuta acredita que todo ser
humano tem em potencial uma força natural de solução e desenvolvimento capaz de produzir
os melhores resultados sob medida a este ser, e que não pode ser encontrada externamente.
Além do mais, todos devem ter o direito de fazer as próprias apostas na vida, pois, no final
das contas, ninguém vai querer pagar pelos riscos dos outros.

Capítulo II

A Noção-Chave

Tendo afastado as noções desatualizadas que impedem uma compreensão correta da


Psicoterapia Rogeriana, podemos entrar na essência do tema.

O ser humano tem a capacidade, latente ou manifesta, de compreender-se a si mesmo e de


resolver seus problemas de modo suficiente para alcançar a satisfação e eficácia necessárias
10
ao funcionamento adequado, acrescentemos que ele tem igualmente uma tendência para
exercer esta capacidade. Enquanto potenciais, esta capacidade e esta tendência são inerentes a
todo homem a menos que este tenha lesões ou conflitos estruturais que não lhe permitam
defender-se nas condições ordinárias da vida. Esta capacidade é, pois, entendida como
integrante de sua bagagem natural, e não é o produto de alguma educação ou aprendizagem
particular, especializada. Contudo, a atualização eficaz desta potencialidade não é automática.

I - A tendência à atualização

Esta definição, reduzida à sua expressão mais simples, requer uma certa delimitação.
Primeiramente, o termo "enriquecimento deve ser entendido no sentido mais geral,
envolvendo tudo aquilo que favorece o desenvolvimento integral do indivíduo pelo
crescimento de tudo o que possui e de tudo o que é, de sua importância, seu saber, seu poder,
sua felicidade, seus talentos, seu prazer, suas posses e tudo aquilo que aumenta a satisfação
que ele obtém disso. Além disso, este termo deve ser entendido no sentido fenomenológico,
portanto subjetivo. O que a tendência atualizante procura atingir é aquilo que o sujeito
percebe como valorizador ou enriquecedor, não necessariamente o que é objetiva ou
intrinsecamente enriquecedor.

II - A noção do "eu"

Da Mesma Forma Que A Tendência À Atualização, A Noção Do “Eu” Tem Um Papel


Fundamental Na Síntese Teórica De Rogers. Uma Representa A Ideia Mestra De Sua Teoria
Da Terapia E A Outra É O "Pivô" De Sua Teoria Da Personalidade. 43 Uma Definição
Completa E Estrita Do "Eu” (Assim Como Dos Termos: "Noção”, Ou "Estrutura” Do Eu)
Para As Exigências Desta Introdução, Podemos Formular Esta Definição Da Seguinte Forma:

11
A Noção Do “Eu” É Uma Estrutura Perceptual, Isto É, Um Conjunto Organizado E Mutável
De Percepções Relativas Ao Próprio Indivíduo. Como Exemplo Destas Percepções Temos:
As Características, Atributos, Qualidades e Defeitos, Capacidades E Limites, Valores e
Relações Que O Indivíduo Reconhece Como Descritivos De Si Mesmo E Que Percebe Como
Constituindo Sua Identidade

III - Noção de liberdade experiencial

A ideia de liberdade, em suas relações com a Psicoterapia ou com a educação, parece


representar uma dificuldade imprevista para um bom número de pessoas. Toda teoria que
insiste na importância da liberdade do cliente ou da criança corre o risco de se ver repudiada,
porque "carece de realismo no que diz respeito à natureza humana” . Parece, com efeito, que
existe uma tendência a compreender esta noção como significando que o indivíduo, e em
particular a criança, deve ter o direito de exprimir todos seus impulsos, onde e quando queira,
e que nenhuma ordem ou autoridade deve regular sua conduta. Tal concepção da educação,
da terapia e das relações humanas em geral não deixaria, certamente, de ter consequências
desagradáveis, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Porém, esta é uma concepção
praticamente física da liberdade.

IV — A questão dos limites

Para que se compreenda melhor a noção de liberdade experiencial, vejamos rapidamente a


questão dos limites que é, evidentemente, inseparável dela. Recordemos que a liberdade de
que aqui se trata, relaciona-se essencialmente à expressão mental e à expressão verbal dos
dados da experiência, não necessariamente à expressão física, por meio de ações. Seria
necessário dizer que esta última não pode ser tolerada senão na medida em que ela não é
nociva, nem ao indivíduo, nem aos outros? Aqueles que se ocupam da educação (não, neste

12
caso, do tratamento) do indivíduo, em qualquer nível de seu desenvolvimento, concordam
geralmente a respeito da necessidade da liberdade experiencial.

Uma concepção do desenvolvimento humano

Vejamos a hipótese central da teoria do desenvolvimento humano, tal como ela é concebida
aqui. Quando a tendência atualizante pode se exercer sob condições favoráveis, isto é, sem
entraves psicológicos graves, o indivíduo se desenvolverá, não estaremos nos afastando de
nosso tema ao introduzir concepções tão gerais! Não, porque uma teoria da personalidade,
isto é, do desenvolvimento humano, constitui a base de toda Psicoterapia, ainda que está
sentido da maturidade. Sua percepção de si mesmo e de seu ambiente e o comportamento que
se articula de acordo com estas percepções, se modifica constantemente num sentido de uma
diferenciação e de uma autonomia crescentes, típicas do progresso em direção à idade adulta.

Capitulo III

Problemas Do Autoconhecimento

Para Rogers, Self é o autoconceito que a pessoa tem de si mesma, que é baseada em
experiências passadas, estímulos presentes e expectativas futuras. Self é o contínuo processo
de reconhecimento.

No que se refere ao indivíduo que teve a boa sorte de poder desenvolver-se em condições
favoráveis, a hipótese que acaba de ser enunciada não parece colocar grandes problemas.
Mas, quando se trata de indivíduos cujo desenvolvimento se efetuou em condições menos
favoráveis ou altamente prejudiciais, esta concepção positiva do desenvolvimento, e, em
consequência, do tratamento, parece duvidosa, pelo menos à primeira vista

III - Noção de liberdade experiencial

13
Quando o indivíduo se sente ameaçado ao expressar a sua própria experiência, dá-se um
processo de “obstrução” dessa experiência. A proibição de expressar, então, transforma-se em
uma auto proibição de representar na consciência. Uma criança, por exemplo, cuja mãe
rejeita sistematicamente o toque físico, introjeta esse comportamento e, aos poucos, “sente”
que também não gosta do toque físico. A liberdade experiencial refere-se à liberdade que o
indivíduo precisa para verificar de maneira correta as suas próprias experiências e representá-
las adequadamente na consciência. A avaliação do gostar ou não gostar deve ser dela mesma
e não com referência a pessoas significativas.

A dinâmica da personalidade

Dizer que o indivíduo é capaz de se entender e de resolver seus conflitos internos, não é
ignorar a natureza da psicodinâmica? Esta é uma questão que se coloca de início a quem quer
que empreenda o estudo da abordagem Rogeriana e que deve ser esclarecida antes que se
venha a adotá-la.

Uma palavra e duas significações

A palavra "psicodinâmica” é uma destas palavras não raras no vocabulário de uma ciência
jovem, que se aplica a duas noções aproximadas, mas não idênticas. De um lado, a palavra
designa uma realidade psíquica, um conjunto de forças internas, na maioria inconscientes,
que exercem um papel importante na determinação do comportamento. Por outro lado, refere-
se a um sistema de abstrações relacionado com estas forças.

Quando uma palavra, ou qualquer outro símbolo, tem dois significados, é inevitável que se
produzam erros de comunicação.

O caráter inconsciente da psicodinâmica

14
Como reconciliar a afirmação da capacidade do indivíduo com a tese do caráter inconsciente
da psicodinâmica? Observemos que esta tese não é especificamente Rogeriana. Todavia,
como a noção da inconsciência da psicodinâmica conquistou seu lugar em psicologia geral e
até mesmo em linguagem corrente, é importante ter em consideração toda a discussão, de que
tipo de inconsciência se trata. A Psicodinâmica compreende o trabalho como um produto da
relação entre o homem e a organização do trabalho, sendo um dos principais pilares para a
construção da vida psíquica e da subjetividade do indivíduo, podendo ser fonte de prazer, mas
também de sofrimento. A intenção que inspira esta prática é, indubitavelmente, a que
representa uma homenagem involuntária talvez, contudo real, às terapias que visam
essencialmente ao desenvolvimento da autodeterminação. No entanto, a excelência. Da
intenção não poderia, nos parece, compensar a falta de autenticidade do procedimento.

Compreensão implícita e compreensão explícita de si

Certas formas de compreensão de si impõem a atenção sobre elas enquanto que outras
são tão implícitas que parecem inexistentes. Na sua forma natural, de certo modo
orgânica, o conhecimento de si está intrinsecamente ligado à vida e é difícil distingui-lo
dela. Mesmo quando é adquirida por meio de um processo especial, tal como a
Psicoterapia do tipo Rogeriano, esta compreensão de si quase não comporta relevo
intelectual. Ao contrário, aquela que resulta de leituras ou de terapias interpretativas
toma geralmente uma forma articulada, verbal. Aqueles que a possuem tendem
geralmente a falar de si mesmos de maneira objetiva e desligada, como se fala dos
objetos que lhe são exteriores ou à maneira do especialista e na linguagem deste.

15
16
17

Você também pode gostar